Papers by Simon Schwartzman
Projeto Historia Revista Do Programa De Estudos Pos Graduados De Historia E Issn 2176 2767 Issn 0102 4442, Mar 24, 2014
Esta pesquisa trata dos imigrantes andaluzes, atraidos pelo oferecimento de passagens custeadas p... more Esta pesquisa trata dos imigrantes andaluzes, atraidos pelo oferecimento de passagens custeadas pelo governo de Sao Paulo, destinados ao trabalho nas fazendas de cafe do interior paulista. A imigracao realizada por meio de passagens gratuitas foi altamente dependente da atividade de recrutamento, que era proibida pela legislacao espanhola. Quando, em 1910, a emigracao subsidiada para o Brasil foi proibida pelo governo espanhol, o embarque dos trabalhadores continuou a ser realizado a partir do porto ingles de Gibraltar, fora de sua jurisdicao. Este trabalho procura mostrar como os cafeicultores paulistas, empenhados em manter ativo o fluxo de bracos para a lavoura em quantidade suficiente para garantir um excedente que permitisse uma negociacao favoravel aos seus interesses, estiveram diretamente envolvidos com as agencias encarregadas da atracao e transporte oceânico de imigrantes mesmo quando a realizacao desta atividade implicou na transgressao das leis que a proibiam. A particip...
Apresentação ao Fórum da Educação Superior da Academia Brasileira de Ciências e Sociedade Brasileira para o Avanço da Ciência, 27 de fevereiro , 2024
Conhecer a história é essencial para compreender o sistema de educação superior que temos hoje, n... more Conhecer a história é essencial para compreender o sistema de educação superior que temos hoje, não somente para recuperar valores e experiências passadas que possam servir de ensinamentos, mas sobretudo para entender as concepções e instituições com as quais convivemos muitas vezes sem nos darmos conta de onde vieram, e que poderiam ser diferentes, como de fato são em muitas outras partes do mundo. Com o pouco tempo que me é dado, me pareceu oportuno interpretar esta história à luz de alguns conceitos centrais do campo de estudos sobre educação superior, que aqui estou chamando de “teoria” à falta de melhor termo.
Academia Brasileira de Ciências,, 2008
Grupo de estudo formado por
Ernst Wolfgang Hamburger
Fernando Galembeck
Joao Lucas Marques ... more Grupo de estudo formado por
Ernst Wolfgang Hamburger
Fernando Galembeck
Joao Lucas Marques Barbosa
Keti Tenenblat (Coordenadora)
Luiz Davidovich (membro da diretoria da ABC) Paulo Sergio Lacerda Beirão
Simon Schwartzman
A universalização desejada do ensino fundamental, alcançada através de um esforço de vários governos, e que se constituiu portanto em uma verdadeira política de Estado, foi acompanhada de uma deterioração crescente desse nível de ensino, levando a uma situação que prejudica o desenvolvimento do Pais, corrói a democracia, e gera um grande número de jovens com péssima formação e com alternativas limitadas de inserção na sociedade brasileira.
Na preparação deste documento, a Academia Brasileira de Ciências consultou a literatura espe- cializada, solicitou a colaboração de especialistas, e identificou alguns dos principais diagnósti- cos e possíveis problemas que precisam ser enfrentados.
em “Esta tal de classe média - Simpósio BVPS, https://blogbvps.com/2023/09/27/simposio-essa-tal-classe-media-i/
Revista Rumos do Desenvolvmento (entrevista), 1989
Até que ponto o senhor diria que, em comparação com as anteriores, a nova Constituição Federal co... more Até que ponto o senhor diria que, em comparação com as anteriores, a nova Constituição Federal constitui um real avanço no aperfeiçoamento da organização do Estado, no Brasil? Schwartzman-Esta Constituição assemelha-se um pouco a uma colcha de retalhos. Em alguns aspectos, é um avanço; em outros, nem tanto. É avanço, por exemplo, na área de certos direitos sociais, que podem contribuir para corrigir um pouco as grandes desigualdades sociais que existem no país.
Estudos Avançados, 2022
RESUMO Este artigo apresenta uma visão panorâmica do sistema brasileiro de pesquisa acadêmica e p... more RESUMO Este artigo apresenta uma visão panorâmica do sistema brasileiro de pesquisa acadêmica e pós-graduação, baseado em dados provenientes de diversas fontes nacionais e internacionais. A primeira seção mostra as origens do sistema a partir sobretudo da década de 1970, como resultado das reformas do ensino superior e do sistema de ciência e tecnologia. As duas seções seguintes apresentam as dimensões do sistema de pesquisa e de pós-graduação, respectivamente. A quarta seção apresenta dados sobre a população de estudantes de pós-graduação no Brasil, em termos de renda familiar e ocupação. A quinta seção trata do financiamento, e a última, da qualidade. A análise indica que o sistema se expandiu sobretudo como resposta às demandas por titulação de professores da rede pública de educação superior, criando o maior sistema de pós-graduação e pesquisa acadêmica da América Latina, mas de qualidade média sofrível. A conclusão é que pós-graduação e pesquisa, ainda tenham alguma superposiçã...
O Estado de São Paulo, 2004
Caderno CRH, 2015
Este artigo analisa a expansão do ensino superior nos países chamados BRICS. A aspiração crescent... more Este artigo analisa a expansão do ensino superior nos países chamados BRICS. A aspiração crescente pelo ensino superior obriga os governos a gerir os custos de funcionamento desse sistema. As respostas de cada país variam com sua história, cultura e regime político. Todos eles enfrentam problemas semelhantes, como escassez de recursos e o poder político de atores do sistema de ensino superior e fora dele. Cinco dilemas se apresentam aos países: 1) expansão, igualdade de acesso e diversificação das matrículas, taxas de participação, o número e os tipos de instituições; 2) limitações financeiras; 3) regulação do ensino superior privado; 4) como fazer com que as instituições de ensino superior prestem mais contas a seus alunos, funcionários e à sociedade como um todo; e 5) qualidade e relevância social da aprendizagem e pesquisa em instituições de ensino superior. Utilizando dados e evidências das pesquisas mais recentes, o artigo mostra respostas comuns, com algumas exceções em cada caso: diversificação institucional; políticas de ação afirmativa; crescimento das matrículas nas ciências sociais, humanidades, profissões sociais e Educação; pouco sucesso nas políticas de internacionalização.
Conferência sobre Intelectuais na América Latina, Woodrow Wilson Center, Washington, D.C, 1987
Estudos sobre intelectuais, independentemente da definição que se dê a este termo, tendem a traba... more Estudos sobre intelectuais, independentemente da definição que se dê a este termo, tendem a trabalhar mais ou menos simultaneamente sobre dois planos, o do condicionamento social e o do conteúdo específico do produto do trabalho intelectual. A melhor tradição da sociologia do conhecimento consiste, efetivamente, em tratar de entender o condicionamento social em que a produção intelectual se dá, para, em um segundo momento, examinar em que medida este condicionamento explica/condiciona/ determina/influencia o conhecimento ou produto que emerge. Um marco analítico para o estudo dos intelectuais requer, assim, uma conceituação mínima a respeito destas três coisas: quem são os intelectuais, quais seus condicionamentos sociais, e que coisas produzem. Ainda que este exercício classificatório já tenha sido feito incontáveis vezes, vale a pena tentá-lo novamente, no contexto de uma perspectiva comparada para o estudo de intelectuais na América Latina.
Simon Schwartzman, Ed, A Via Democrática. Rio de Janeiro, Elsevier, 2014
Este livro é resultado do seminário internacional realizado nas instalações do Instituto de Polít... more Este livro é resultado do seminário internacional realizado nas instalações do Instituto de Política Econômica/Casa das Garças, no Rio de Janeiro, sobre o “Consenso Democrático para o Desenvolvimento”, no dia 15 de maio de 2013, como parte de um projeto mais amplo desenvolvido pelo Instituto de Estudos do Trabalho e Sociedade (IETS) em colaboração com o Centre for Development and Enterprise, da África do Sul, e com o Legatum Institute, de Londres. Reúne os quatro trabalhos apresentados no evento – sobre democracia e desenvolvimento econômico, democracia e desenvolvimento social, democracia e inovação e democracia e corrupção que foram posteriormente revistos pelos autores a partir dos comentários recebidos e traduzidos do original em inglês. Esses capítulos são precedidos de uma versão atualizada de “Democracia e governabilidade”, publicado originalmente em América Latina: Desafios da democracia e do desenvolvimento. Governabilidade, globalização e políticas econômicas para além da crise (Instituto Fernando Henrique Cardoso e Elsevier Editora, 2009), organizado por Fernando Henrique Cardoso e Alejandro Foxley.
Ciência e Cultura, 1980
A questão do relacionamento entre as diversas formas de pesquisa cientIfica tende a ser colocada ... more A questão do relacionamento entre as diversas formas de pesquisa cientIfica tende a ser colocada usualmente de fonna abstrata, como oposição entre dois modelos alternativos de entender e justificar o trabalho científico. O primeiro modelo privilegia a pesquisa academica, como aquela mais capaz de levar ao desenvolvimento intelecfual e à criatividade dos cientistas. o que conduziria 'ao desenvolvimento da pesquisa aplicada como subproduto; O segundo privilegia a pesquisa aplicada, vendo nela a forma d(: vincular o trabalho cIentifico com as necessidades econômícas e sociais, e entendendo 3 pesquisa mais acadêmica como simples investimen'to necessário ao melhor encaminhamento dos trabalhos aplicados,
A confrontaç:J:o abstraIa entre estes dois modelos tende a ignorar a realidade com a qual trabalham os cientistas, que é sempre o resultado de uma combinaçã"o enlre demandas, expectativas e aspirações nem sempre coincidentes ou convergentes. Cientistas são chamados a fazer pesquisas academicas, a dar aulas em cursos de graduaçâó e pôs-graduação, se preocupam em contribuir para atividades socialmente relevantes, zelam por suas carreiras profissionaiS, c buscam trabalhos que lhes dêem rendimentos satisfatórioS. Nem loda~ estas ativid"des sa-o necessariamente convergentes: dar aulas tira tempo de pesquisa, a pesquisa acadêmica pode favo recer o reconhecimento profissional do cientista (e, por conseguinte, sua carreira a longo prazo) mas afastá-lo de trabalhos socialmente mais relevantes e melhor remunerados, e assim por diante ,
Interciencia, 1992
A análise fria dos dados mostra que a estrutura criada no Brasil para apoio à pesquisa científic'... more A análise fria dos dados mostra que a estrutura criada no Brasil para apoio à pesquisa científic'a e tecnológica a partir dos anos 70 continua relativamente intacta, apesar de algumas deformações óbvias, como parecem ser a excessiva concentração de recursos para bolsas de estudo por parte do CNPq, em um período de poucas contratações, e a redução do papel da FINEP no apoio institucional à manutenção regular dos centros de pesquisa, ou o grande número de professores trabalhando em regime de dedicação exclusiva à pesquisa sem titulação acadêmica adequada. Uma vez estabilizada a economia, o problema que se colocará para o futuro será não somente o de corrigir estas distorções, mas principalmente o de avaliar até que ponto a qualidade e o sentido do trabalho de pesquisa que vem sendo realizado no país é adequado ao que ocorre no mundo de hoje, e às condições de participação brasileira no atual contexto internacional. :B uma discussão extremamente difícil, que se tornará mais factível, no entanto, na medida em que os recursos básicos para o funcionamiento do metabolismo basal da comunidade científica brasileira continuem a existir.
O Estado de São Paulo, 1979
Impasses da autonomia. ' , ' unwersztana S IMON SCHWARTZMAN A questão da oulmlom ia 1l71h'crsttdr... more Impasses da autonomia. ' , ' unwersztana S IMON SCHWARTZMAN A questão da oulmlom ia 1l71h'crsttdrla f'sltl na ordt'nI do d i a. Em .tua fOT' mo alua I, tola.te marlifesta, princi pal mente. no projeto dl' Irolls/arlllação dos unll'I"Tsidadcs Icdf'rais em " O U-tarqul<!.t c.tpcC'!ols'•, qut!. se aprovado, faria com Que as IIl1lvcrsldodes delzossem de ser rcpartlçõu ptlblfcoa. • , que os professores drl.ra.tum de ser f il7lclondrfos e q ue hou vesse liberda de pa• ra c:z:perlf1ll!nioção. rorl .... ande. dlJerenclnçdO e (''1'10-/tvld nde. Nada melho r. apaTentemente. Ou sertl $0 a aparéncla? O Joio ~ q ut', mal 10n('0110, n Idéia das autarqui as t'em •encon/ro lido Lodo t ipo de Tl'.tl&tSnclo J t' Oposições. A esta all ll ra , ~ rozotiue l.!lupoT q UE' o proJelo entrou e"~ banho-marIo, porprQZo Indefinido. Mas o l1.taunlO nl10 esl d marIo. P Importante, f! pode ser que. t:e nti/ando-o, .. lc 1'011 .. o rt',~plrar 1~lI f raquedme"l o da~ lIn ! 1•('"Idades que nao l'OIlSP. Ruluem arcar co m Stll!
Daedalus, 2000
WHEN It comes to social issues, Brazil has a terrible reputation. The official statistics are bad... more WHEN It comes to social issues, Brazil has a terrible reputation. The official statistics are bad enough, and the images conveyed by the international press are arresting children wandering and being killed in the streets or working in sweatshops; urban dwellers crowded in shanty towns, landless peasants clamoring for agrarian reform; Indians decimated by loggers, gold seekers, and ruthless land lords; dozens killed every day in the cities by armed gangs or the police; and high income inequality, dramatized by portraits of elegant apartments in Ipanema facing the favelas in the hills. None of these images is false, but their meaning and interpretation are not obvious.
Instituto Universitário de Pesquisas do Rio de Janeiro (IUPERJ), Documento de Trabalho, 1981
A própria idéia mais original de " Universidade" atesta, desde o princípio, sua conotação polític... more A própria idéia mais original de " Universidade" atesta, desde o princípio, sua conotação política. Estabelecidas antes da transição das sociedades medie vais para a época renascentista, as primeiras universidades européias eram, acima de tudo, corporações de estudantes e professores que buscavam conseguir , muitas vezes a duras p~ nas, o direito ao trabalho intelectual independente, a auton~ mia administrativa e mesmo o direito a foro especial para seus membros, em relação às autoridades eclesiásticas e pOlíticas de então.
"Ciências Sociais: Ensino e Pessquisa na Graduação," edited by Elina G. da Fonte Pessanha e Glaucia Villas Bôas. Rio de Janeiro: J.c. Editora., 1995
Durante o primeiro semestre de 1991 o Núcleo de Pesquisas sobre Ensino Superior da Universidade d... more Durante o primeiro semestre de 1991 o Núcleo de Pesquisas sobre Ensino Superior da Universidade de São Paulo entrevistou cerca de três mil pessoas, entre ex-alunos e alunos de graduação e pós-graduação da USP, com o objetivo de conhecer suas trajetórias universitárias e educacionais. Este trabalho tem por objetivo apresentar, de forma sumária, os principais resultados relacionados para o curso de Ciências Sociais
IBGE, Relatório Anual, apresentação, 1996
Instituições que produzem estatísticas básicas e informações geográficas são o espelho de seus pa... more Instituições que produzem estatísticas básicas e informações geográficas são o espelho de seus países, não somente pelos dados e informações que produzem e disseminam, como também pelo que estes dados expressam em termos do que preocupa estas sociedades, e do elas gostariam de ser. A maneira pela qual estas instituições funcionam, seus acertos e desacertos, as críticas e o apoio de recebem, também são reflexos deste espelho, indicações da capacidade que têm os países de se organizar para conhecer sua própria realidade, e utilizar estes conhecimentos para buscar novos caminhos.
Capítulo 6 de Ciência, Universidade e Ideologia: A Política do Conhecimento, Rio de Janeiro, Zahar, 1980, 127-142. Inclui partes originais e partes pubicadas previamente no Jornal do Brasil, 1980
A questão da liberdade acadêmica é, em grande parte, a questão da conquista de um espaço social a... more A questão da liberdade acadêmica é, em grande parte, a questão da conquista de um espaço social aberto em que a atividade acadêmica e intelectual possa desenvolver-se. A primeira tarefa em relação à busca desse espaço é separar o problema da organização e fortalecimento da atividade acadêmica e científica da questão tão freqüentemente discutida e abusada da suposta "neutralidade" vs. "engajamento" da atividade científica e intelectual. O problema não é saber se a atividade científica pode ou deve ser neutra ou participante - uma questão difícil e que varia, inclusive, conforme a área de conhecimento - mas sim que espécie de conclusões podem ser extraídas dessa discussão para a prática da atividade acadêmica, científica e universitária.
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Papers by Simon Schwartzman
Ernst Wolfgang Hamburger
Fernando Galembeck
Joao Lucas Marques Barbosa
Keti Tenenblat (Coordenadora)
Luiz Davidovich (membro da diretoria da ABC) Paulo Sergio Lacerda Beirão
Simon Schwartzman
A universalização desejada do ensino fundamental, alcançada através de um esforço de vários governos, e que se constituiu portanto em uma verdadeira política de Estado, foi acompanhada de uma deterioração crescente desse nível de ensino, levando a uma situação que prejudica o desenvolvimento do Pais, corrói a democracia, e gera um grande número de jovens com péssima formação e com alternativas limitadas de inserção na sociedade brasileira.
Na preparação deste documento, a Academia Brasileira de Ciências consultou a literatura espe- cializada, solicitou a colaboração de especialistas, e identificou alguns dos principais diagnósti- cos e possíveis problemas que precisam ser enfrentados.
A confrontaç:J:o abstraIa entre estes dois modelos tende a ignorar a realidade com a qual trabalham os cientistas, que é sempre o resultado de uma combinaçã"o enlre demandas, expectativas e aspirações nem sempre coincidentes ou convergentes. Cientistas são chamados a fazer pesquisas academicas, a dar aulas em cursos de graduaçâó e pôs-graduação, se preocupam em contribuir para atividades socialmente relevantes, zelam por suas carreiras profissionaiS, c buscam trabalhos que lhes dêem rendimentos satisfatórioS. Nem loda~ estas ativid"des sa-o necessariamente convergentes: dar aulas tira tempo de pesquisa, a pesquisa acadêmica pode favo recer o reconhecimento profissional do cientista (e, por conseguinte, sua carreira a longo prazo) mas afastá-lo de trabalhos socialmente mais relevantes e melhor remunerados, e assim por diante ,
Ernst Wolfgang Hamburger
Fernando Galembeck
Joao Lucas Marques Barbosa
Keti Tenenblat (Coordenadora)
Luiz Davidovich (membro da diretoria da ABC) Paulo Sergio Lacerda Beirão
Simon Schwartzman
A universalização desejada do ensino fundamental, alcançada através de um esforço de vários governos, e que se constituiu portanto em uma verdadeira política de Estado, foi acompanhada de uma deterioração crescente desse nível de ensino, levando a uma situação que prejudica o desenvolvimento do Pais, corrói a democracia, e gera um grande número de jovens com péssima formação e com alternativas limitadas de inserção na sociedade brasileira.
Na preparação deste documento, a Academia Brasileira de Ciências consultou a literatura espe- cializada, solicitou a colaboração de especialistas, e identificou alguns dos principais diagnósti- cos e possíveis problemas que precisam ser enfrentados.
A confrontaç:J:o abstraIa entre estes dois modelos tende a ignorar a realidade com a qual trabalham os cientistas, que é sempre o resultado de uma combinaçã"o enlre demandas, expectativas e aspirações nem sempre coincidentes ou convergentes. Cientistas são chamados a fazer pesquisas academicas, a dar aulas em cursos de graduaçâó e pôs-graduação, se preocupam em contribuir para atividades socialmente relevantes, zelam por suas carreiras profissionaiS, c buscam trabalhos que lhes dêem rendimentos satisfatórioS. Nem loda~ estas ativid"des sa-o necessariamente convergentes: dar aulas tira tempo de pesquisa, a pesquisa acadêmica pode favo recer o reconhecimento profissional do cientista (e, por conseguinte, sua carreira a longo prazo) mas afastá-lo de trabalhos socialmente mais relevantes e melhor remunerados, e assim por diante ,
As comemorações dos 50 anos do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico, CNPq, em 2001, foram marcadas por um grande esforço de buscar novos horizontes para a pesquisa brasileira. Com a criação dos Fundos Setoriais, o Ministério de Ciência e Tecnologia trabalha para duplicar os investimentos brasileiros nesta área; o programa “Institutos do Milênio” pretende colocar um conjunto de instituições e programas em um novo patamar de funcionamento, em níveis de qualidade internacional; e a Conferência Nacional de Ciência e Tecnologia, organizada pelo Ministério de Ciência e Tecnologia e pela Academia Brasileira de Ciências em setembro de 2001 buscou aprofundar esta procura de novo horizonte de diretrizes e estratégias para a ciência e tecnologia do país, a partir da mobilização de todos.
Foi assim que, ao surgir a oportunidade de contribuir com um trabalho específico para as comemorações do cinqüentenário do CNPq2 , pareceu mais interessante, ao invés de escrever mais uma história, tentar olhar o presente de um ângulo novo buscando entender melhor alguns aspectos da experiência brasileira, que pudessem ajudar nesta busca de novos e melhores caminhos. O tema que escolhemos foi o do relacionamento entre a maneira pela qual a atividade científica está organizada, por um lado, e sua eficácia, por outro - sua capacidade de contribuir de forma efetiva para políticas públicas de interesse para a sociedade. Esta questão se parece, mas não é idêntica ao antigo tema e antigas polêmicas sobre pesquisa pura vs. pesquisa aplicada que desde sempre acompanharam a ciência brasileira ao longo de sua história. Por um lado, estão os que sempre criticaram a ciência brasileira por ser demasiado acadêmica, desligada e despreocupada com os problemas e necessidades mais urgentes; por outro, os que preferem mostrar como os temas dos pesquisadores brasileiros, assim como a maior parte dos recursos governamentais, sempre estiveram voltados para os setores aplicados, e apontam a falta de um espaço adequado para o fortalecimento da ciência básica e acadêmica como a principal debilidade de nosso sistema. Os dados, como veremos mais adiante, não deixam dúvida sobre a enorme preponderância do lado aplicado na ciência e tecnologia brasileiras; e no entanto, pareceria que todo este esforço não está produzindo os resultados práticos que seriam de se esperar. Mas, será que isto é efetivamente assim?
Para explorar este tema, decidimos examinar com alguma profundidade alguns setores da pesquisa científica e tecnológica brasileira, em áreas aonde a interseção entre a pesquisa e o interesse social fossem mais visíveis e marcados. Marília Coutinho e Rodrigo Luiz Medeiros da Silva escolheram como tema as pesquisas e inovações em ciências agrárias e ambientais, que possuem uma grande área de superposição; Paulo dos Santos Rodrigues trabalhou com a área de saúde, concentrando sua atenção nas atividades do Instituto de Tecnologia em Fármacos da Fundação Oswaldo Cruz, que trabalha na zona turbulenta das pesquisas, conflitos e disputas relacionados com a produção e comercialização de fármacos, especialmente para o combate ao HIV; Maria Helena Magalhães Castro, finalmente, tomou a si duas áreas aplicadas das ciências sociais, a do trabalho e a da educação. A Simon Schwartzman coube tentar achar o fio da meada que pudesse juntar tudo isto.
Science and technology in Brazil: a new policy for a global world,
by Simon Schwartzman, Eduardo Krieger, Fernando Galembeck, Eduardo Augusto Guimaraes and Carlos Osmar Bertero
Comments on "Science and Technology in Brazil", by Michael Gibbons
Science & technology in the new world order, by Georges Femé
United States science and technology policy: the effects of a changing international environment, by Eugene B. Skolnikoff
United States science and technology policy: issues for the nineties, by Lewis M. I!ranscomb
Performance. specialization and international integration of science in Brazil:
changes and comparisons with other Latin American countries and Israel, by Thomas Schott
discutidos, y en la parte II se presentan estudios de casos nacionales. El trabajo de investigación ha sido financiado por la Fundación Ford con la cooperación de la Red Interamericana de Academias de Ciencias (IANAS). La edición en español, patrocinada por el IESALC-UNESCO, constituye la primera presentación de esa obra. (Hernan Chaimovitch)
A motivação principal desta publicação é, pois histórica. E, quando se emprega o termo, não estamos olhando para o passado, mas sim para o futuro. A história é a síntese da ciência e das atividades do ho-
To co nao que idica que perderno co cendesa papel da um versiade, tanto de que da repra sen.
O momento histórico é crítico, e a situação da Universidade é de crise. Urge, por conseguinte, uma radiografia de corpo inteiro da instituição. O princípio básico que presidiu à organização da coletânea aqui publicada foi o de proporcionar os elementos essenciais para se entender a Universidade não como simples entidade reprodutora do saber, mas como o principal centro da produção científica no país.
Preparação dos manuscritos e tradução para o português: Micheline Christophe.
Apresentação de Hernan Chaimovitch
Shelton, H. Davis, Victims of the Miracle: Development and the Indians of Brazil, Cambridge University Press, 1977.
Martin T. Katzman, Cities and Frontiers in Brazil, Regional Dimensions of Economic Development, Harvard University Press 1977.
Wayne A. Selcher, Brazil's Multilateral Relations: Between First and Third Worlds. Boulder, Colorado: Westview Press, 1978.
Flávio Rabelo Versiani and José Roberto Mendonça de Barros, eds., Formação Econômica do Brasil: A Experiência da Industrialização. São Paulo Editora Saraiva (serie ANPEC de leituras de Economia), 1977.
Coordenadores do projeto: Bernardo Sorj e Eugenio Tironi.
Equipe Executiva: Sergio Fausto, Patricio Meller, Simon Schwartzman, Bernardo Sorj, Eugenio Tironi y Eduardo Valenzuela.
sos públicos para a educação superior e o financiamento à pesquisa vêm
se reduzindo. Essa situação se agravou ainda mais a partir de 2019 com a baixa prioridade dada pelo governo de Jair Bolsonaro às universidades e às ci- ências em geral, que se manifesta em diversas iniciativas para cortar os recursos para pesquisa, limitar os investimentos nas ciências sociais e interferir de diversas maneiras nas instituições federais de cultura, educação superior e de pesquisa (Escobar, 2021; Knobel; Leal, 2019). A crise fiscal criada pela epidemia do Co- ronavírus torna esse quadro ainda mais preocupante, porque a previsão para os próximos anos é de compressão ainda maior de recursos, e nenhuma expectativa de uma consideração mais equilibrada e racional, por parte deste governo fede- ral, em relação às necessidades e prioridades da educação superior e da pesquisa no país.