EIA - Revista de Estudos Ibero-americanos
https://doi.org/10.15448/1980-864X.2024.1.45106A lusofonia é um conceito pós-colonial, não podendo ser encarado em associação com qualquer tipo de ‘portugalidade’, termo cunhado durante o Estado Novo e alinhado com o slogan “Portugal do Minho a Timor”, então vigente. A lusofonia ficaria, desde logo, amputada se correspondesse apenas aos falantes de português espalhados pelo mundo e não consubstanciasse um lugar simbólico e cultural, extravasando essa correspondência semântica de proximidade que lhe esteve na origem, num mundo cada vez mais globalizado, que se inscreve no presente. Desvia-se, assim, da ideia da existência de uma língua única e de um ideário sem os quais não haveria promessa de continuidade entre Portugal e as suas então províncias ultramarinas. Por não se tratar de um assunto encerrado, o passado colonial pode revelar-se problemático. O conceito de lusofonia encerra, assim, algumas clivagens, não tendo sido por acaso que o acordo de formalização da CPLP (1996) tenha deixado de fora a palavra, não devido a uma mera coincidência, mas por remeter etimologicamente para uma centralidade portuguesa. E, mesmo que se afirme que já tudo foi escrito sobre a lusofonia, faltando apenas colocá-la em prática, ela não é consensual, havendo vários equívocos que têm que ser dirimidos para que se assuma na sua dinâmica pós-colonial. Este artigo propõe observar o percurso da lusofonia através da publicação de notícias nos média online lusófonos, que permita vislumbrar o alinhamento do que vai sendo publicado em relação com as políticas desenvolvidas por alguns países membros da CPLP, principalmente em Angola. Como metodologia, foi utilizada uma amostragem não probabilística, tendo o processo sido desenvolvido por acessibilidade ou conveniência. A recolha de dados foi feita através de documentação indireta, em que na pesquisa se utilizaram as notícias dos média lusófonos que estavam disponíveis online.