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História dos Meios de Comunicação

Slides de apresentação visual sintética usada como material didático nas aulas da disciplina História dos Meios de Comunicação ministrada na UFF no semestre letivo de 2020.2

História dos Meios de Comunicação 2020.2 Prof. Pedro Aguiar aula 0 – Apresentação da disciplina e programa de curso Ementa O papel dos meios de comunicação nos processos de modernização e na "pós-modernidade". Demandas de informação e comunicação em diferentes épocas e os desenvolvimentos tecnológicos correspondentes. Tipificações dos meios de comunicação. A emergência do conceito de "mídia" e suas funções: informação, entretenimento, serviços e crítica. Formas de controle sobre a mídia e sua participação nas mudanças sociais, culturais, políticas e econômicas. História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 Objetivos Situar e discutir os processos sociais, culturais, políticos, econômicos e tecnológicos de transformação dos meios de comunicação desde o início da Era Moderna. Compreender as interrelações entre os diferentes meios, com ênfase nos desafios proporcionados pelas tecnologias digitais a partir de seus impactos sociotécnicos. História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 Programa • • • • • • • • 1. Comunicação na Antiguidade: a escrita, a oratória, o papel 2. Comunicação na Idade Média: o códice, o livro, a igreja 3. Comunicação na Modernidade e Colônia: a imprensa, o jornal 4. Comunicação na Revolução Industrial: o trem, o poste e a foto 5. Comunicação na Belle Époque: lâmpada, cinema e telefone 6. Comunicação na Era dos Extremos: rádio, propaganda, massa 7. Comunicação na Era Atômica: a TV, o satélite, as indústrias 8. Comunicação na Virada do Capital: o computador, o videogame, o neoliberalismo • 9. Comunicação na Era Digital (anos 90): a internet, o celular, a globalização • 10. (anos 2000): o blog, as mídias sociais, o digital • 11. (anos 2010): o smartphone, a nuvem, a convergência História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 Dinâmica • ambiente virtual de aprendizagem (AVA): Google Classroom • atividades assíncronas: a toda semana será postado um “pacote” de material didático digital contendo: • um áudio expositivo em MP3 (tipo podcast) • uma apresentação de slides ilustrativa (Power Point) • uma playlist correspondente à época (Spotify) • um texto em PDF • + nuvem do tempo (PNG) • atividades sincrônicas: atendimento virtual por videoconferência no horário regular da aula (sextas às 14h) História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 Nuvem do Tempo na vertical, navegação diacrônica (ao longo do tempo) na horizontal, navegação sincrônica (mesma época, contexto histórico) História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 Avaliação • nota 1 (40% da média final): seminário sobre um meio de comunicação seguindo roteiro de estudo dirigido • em grupo • para apresentar no meio do semestre: 26 de março • temas predeterminados • nota 2 (50% da média final): trabalho ensaístico-monográfico de tema transversal à história da comunicação, respondendo a questões predeterminadas • em grupo de no mínimo 3 (NÃO individual) • para entregar ao final do semestre: 30 de abril • tema transversal predeterminado • nota 3 (10% da média final): participação nas atividades História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 Normas disciplinares • plágio nos trabalhos = nota zero na média da disciplina • se possível, câmeras ligadas e microfones desligados • claro, isso não significa que não é para interagir • perguntas e participação são sempre bem-vindas! • professor quer ver caras e reações, não bolinhas coloridas • no fórum do Classroom, a manifestação é livre! • a qualquer dia, a qualquer hora • respondo assim que puder • e lá podem falar entre vocês também, não só comigo História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 qualquer dúvida: pedroaguiar@id.uff.br agradecimentos à @bylulikibudi por ter gentilmente autorizado o uso de sua arte (da série “Once Appon a Time”) no material da disciplina História dos Meios de Comunicação na UFF. História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 História dos Meios de Comunicação 2020.2 Prof. Pedro Aguiar aula 1 – A Comunicação na Pré-História Pré-História (“Idade da Pedra”) • o mundo ao redor do ser humano: realidade percebida, sentidos, afetos e cognição (diferente do instinto) • a percepção e a cognição do mundo: sentir, entender, simbolizar, representar, lembrar • cinco sentidos fisiológicos: • visão • audição • tato • olfato • paladar • memória (mnēmē): curto/longo prazos, mnemotécnicas • “distinção natureza x cultura”: fato ou construção? História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 Pré-História: O início da comunicação humana • capacidade de representação: criar algo “como se fosse” outra coisa, e entendê-lo não como a coisa em si, mas como algo que remete à ideia da coisa • representar/simbolizar é dar sentido às coisas • representação e significação: a necessidade de expressar o real e compartilhar sentidos, afetos e cognição. Meios de expressão disponíveis: pinturas rupestres, sons de percussão (ossos, pedras, cabaças), sinais de fumaça, chifres para soprar • surgimento da linguagem como código: compartilhamento da convenção de associação entre símbolos (significante) e ideias (significado) • linguagens humanas: facial, gestual, oral onomatopeica História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 Pré-História: O início da comunicação humana • representação sonora/auditiva: uso de objetos com ação humana (batida ou sopro) para causar som audível a distância • chifres e ossos (animais e humanos) • vegetais (cabaças, cocos) • tambores (troncos ocos, pele animal, couro animal) • tantã (África) • cambariçu (América) • representação imagética/visual: figuras, imagens, desenhos • pintura rupestre (nas paredes das cavernas) • uso de pigmentos naturais (plantas, sementes, minerais, sangue e outros fluidos orgânicos - lula) • superfície lítica (pedra, rocha, minerais) História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 Pré-História: O início da comunicação humana • imagens complexas: • várias das pinturas nas cavernas têm características que só depois serão associadas a meios de comunicação: • composição (só incluir na imagem os elementos relevantes à narrativa) • perspectiva (algumas figuras maiores em primeiro plano, outras menores para indicar distância) • representação de movimento (mesma figura em diferentes posições) História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 Pré-História: O início da comunicação humana • comunicação interpessoal: interação entre indivíduos de um mesmo grupo • imediatez espaço-temporal: era preciso estar no mesmo lugar e na mesma hora para se comunicar • comunicação imediata: exige presença, simultaneidade no tempo e no espaço • depende do código previamente compartilhado • gestual, expressão facial, ruídos/grunhidos, onomatopeias (imitação/mīmēsis) • comunicação social: interação entre indivíduos de grupos diferentes • pode independer do código compartilhado (p.ex.: gestos “universais” de riso, expressões de dor, tristeza) História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 Pré-História: A comunicação verbal • língua: • código estruturado que usa sons para representar ideias • usa as particularidades do aparelho fonador humano: articulação entre sons vogais e sons consoantes, pregas vocais, glote, músculo da língua, articulação dos lábios, cavidades bucal e nasal (palato, mucosa, dentes) • cada unidade de som identificável é chamada de fonema • um conjunto de fonemas isolável e atribuído de significado é chamado de palavra • as palavras, numa língua, têm funções específicas, e são classificadas de acordo com elas (classe gramatical e função sintática) História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 Pré-História: A comunicação verbal • começo da linguagem verbal: telencéfalo desenvolvido, aparelho fonador articulado • características das línguas: fonética (vogais, consoantes, tom), sintaxe e gramática (normas, classes, funções sintáticas, casos, construções frasais), léxico (vocabulário, repertório) • famílias linguísticas se espalham: nilóticas, afro-asiáticas (semíticas), nigero-congolesas, sino-tibetanas, austro-asiáticas, dravídicas, indoeuropeias (arianas, iranianas, helênicas, eslavas, germânicas, célticas, latinas) • revolução agrícola no neolítico: passagem do nomadismo ao sedentarismo cria necessidade de comunicação mediada História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 Pré-História: A comunicação verbal • A partir da linguagem verbal, a cooperação humana se torna uma tecnologia social permanente. • Arqueólogos e antropólogos conseguem identificar quando grupos extintos já usavam linguagem verbal, mesmo sem escrita, por causa de certas marcas de cooperação que deixaram: construções, túmulos, intervenções na natureza, guerra, obras que exigiram continuidade de uma geração para outra... • Só com a abstração da linguagem verbal, que grunhidos e gestos não conseguem representar, é possível cooperar sem a necessidade da simultaneidade espaço-temporal. História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 História dos Meios de Comunicação 2020.2 Para a próxima aula: • • • • • • Ouvir áudio de Antiguidade Olhar a segunda fileira da Nuvem do Tempo Ouvir a playlist de Antiguidade (papiro e pergaminho) Ler textos correspondentes Ver infográficos sobre escrita e alfabeto Assistir aos vídeos sugeridos Até semana que vem! História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 História dos Meios de Comunicação 2020.2 Prof. Pedro Aguiar aula 2 – A Comunicação na Antiguidade: a escrita, a oratória, o viés História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 Comunicação na Antiguidade • contexto histórico • revolução agrícola; sedentarismo; pecuária e criação • surgimento do Estado como forma de organização social • surgimento das religiões (institucionalização das crenças e mística) • advento da filosofia (interpretação racional da realidade observada) • surgimento da escrita (representação gráfica convencional da língua, como código verbal) • comunicação intimamente ligada ao comércio e aos transportes: para comunicar era preciso levar o suporte de um lugar a outro; comerciantes viajavam e levavam notícias e anúncios de mercadorias História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 Comunicação na Antiguidade • início dos sistemas de comunicação organizados: • correios • iniciados na Pérsia (tchapar khaneh ou angareion: séc. VI a.C.), usados também no Egito, na China (dinastia Chou, séc.VI a.C.), na Índia (dinastia Máuria, séc.IV a.C.) e em Roma (séc. I d.C.) • romanos montaram o cursus publicus (ou cursus vehicularis), adaptados dos correios persas e dos hemeredromi gregos • esquemas de entrega de mensagens com revezamento de mensageiros a pé ou a cavalo (anabasii) • uso privado de reis, sacerdotes e da aristocracia • monumentos • função de comunicação pública e “publicidade” • construídos por ou para reis, sacerdotes etc. • heliografia: reflexo da luz do sol em espelhos História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 Comunicação na Antiguidade • Outras culturas que tiveram mensageiros (a pé ou montados em animais) em épocas antigas (variadas, nas “antiguidades” correspondentes a cada lugar, antes da expansão global da modernidade): • África: melektegna (Etiópia, até séc. XIX) • América: chasqui (Império Inca, até séc. XVI), iciuhcatitilanti, paynal/paynani e tameme (Império Asteca, até séc. XVI); maias • Ásia: hikyaku (Japão, sécs. XII a XIX), daak (Índia, até séc. XIX), örtöö ou yam (Império Mongol, séc. XIII) • Oriente Médio: barid e furaniq (Califado Islâmico, sécs. VII a IX), ulaḳ ḥükmi (Império Otomano, sécs. XV a XIX) História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 Comunicação na Antiguidade • passagem da cultura oral à cultura escrita: • início do registro escrito das narrativas, das ideias e das normas sociais (leis, proibições, impostos) • várias formas de escrita (ordem crescente de abstração): • hieroglifos – egípcio, maia, asteca (náhuatl) • ideogramas – cuneiforme, chinês, japonês (kanji) • silabário – japonês (katakana, hiragana), coreano • alfassilabário/abugida – devanagári, gueês/etíope • alfabeto – fenício, grego, romano/latino, cirílico • consonantário/abjad – aramaico, hebraico, árabe • menos mudanças no conteúdo, mais estabilidade • alfabetização como parte da educação • rejeição inicial por parte de oradores, filósofos e poetas: “vai destruir a memória”, “emburrecer as pessoas” História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 Suportes da Escrita na Antiguidade • pedra: abundante no Mediterrâneo e Oriente Médio, primeiro suporte • Egito: estelas, pedras formatadas para a escrita hieroglífica • tabuletas de argila/barro/cerâmica: usada na Mesopotâmia e na área do Mediterrâneo; uso único, não reaproveitável • papiro: fibras vegetais da planta aquática Cyperus papyrus, nativa das margens do rio Nilo, no Egito; suporte flexível mas de uso único • o Egito foi o maior exportador e fornecedor de papiro para as sociedades mediterrâneas ao longo da Antiguidade • pergaminho: pele de animal, normalmente carneiro (mas também cabras, cervos e veados) e placenta de bezerros abortados (velino); usado até muito recentemente para confeccionar diplomas universitários • suporte flexível e reaproveitável (quando raspado): palimpsesto • os rolos de pergaminho eram chamados em latim de “volumen”; daí o termo “volume” pra designar livro em partes (grego: karthés) História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 Krapina _ História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 Difusão da Escrita Alfabética • c.1900-1700 a.C.: alfabeto sinaítico: origem na Península do Sinai (Egito) • c.1800 a.C.: escrita minoica (Linear A): origem na ilha de Creta (Grécia) • silabário: cada letra representava uma sílaba inteira • c.1450 a.C.: escrita micênica (Linear B): origem no Peloponeso (Grécia) • alfassilabário: algumas letras eram uma sílaba e outras eram fonemas • c.1200 a.C.: alfabeto fenício: origem na Fenícia (atuais Líbano e Síria) • consonantário: cada letra representava somente consoantes • c.800 a.C.: alfabeto grego: origem na Grécia continental • alfabeto propriamente dito, com consoantes e vogais • c.700 a.C.: alfabeto etrusco: origem na Etrúria (atual Toscana, Itália) • c.700 a.C.: alfabeto latino (romano): origem no Lácio (região de Roma) História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 Difusão da Escrita Alfabética • Todos os alfabetos mediterrâneos na Antiguidade eram usados sem minúsculas, sem pontuação e sem acentos. • O alfabeto grego da Eubeia (Negroponte) foi um dos primeiros a adotar um sistema de pontuação • por volta de 200 a.C., o grego antigo já era escrito com pontuação • As escritas cuneiforme, hieroglífica e fenícia não tinham separação (espaço) entre as palavras. • O alfabeto latino só começa a usar espaçamento em 600 d.C. • Os alfabetos sinaítico, fenício, minoico e micênico eram escritos da direita para a esquerda (como o árabe e o hebraico). No início, o grego também. Mas, após 500 a.C., o grego começa a ser escrito da esquerda para a direita – e os seus descendentes, etrusco e latino, mantêm a direção. • O alfabeto fenício também é ancestral de outros consonantários semitas, como o aramaico, o hebraico e o árabe. História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 Suportes da Escrita na Antiguidade Clássica • pergaminho: pele de animal, normalmente carneiro (mas também cabras, cervos e veados); usado até recentemente para diplomas universitários • suporte flexível e reaproveitável (quando raspado): palimpsesto • os rolos de pergaminho eram chamados em latim de “volumen”; daí o termo “volume” pra designar livro em partes • papel: inventado na China no século II a.C.; difusão só mais tarde, via rota da seda e Oriente Médio; feito de pasta de celulose solidificada • primeiro, usado para a “encadernação” em códices (latim: codex; séc. I d.C.), antecessores do livro, em estrutura de folhas soltas ou sanfonadas (de papel, papiro ou lascas finas de madeira) • só mais tarde, a partir da Idade Média, encadernado como livro • tabuletas de cera: feitas com camadas de cera aplicadas sobre madeira, escritas com estiletes; usadas na Grécia e em Roma; após aquecidas, eram “apagadas” e reaproveitáveis (em latim: tabella; escrivães: tabellarii) História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 Viés da Comunicação (Harold Innis, 1951) • viés temporal: meios pesados, feitos para durar, porém difíceis de transportar pelo espaço físico; privilegiam o tempo em detrimento do espaço: duram muito, mas ficam num mesmo lugar (pedra, barro, minerais) • colunas, obeliscos, estelas, tabuletas, estátuas • típicos de cidades-estados e reinos menores • viés espacial: meios leves, feitos para serem transportados para longe, porém perecíveis e facilmente adulteráveis ou destrutíveis (frágeis, volúveis); privilegiam o espaço em detrimento do tempo: espalham-se rapidamente, mas duram pouco • pergaminho (couro animal), papiro (vegetal), códices • típicos de impérios expansionistas História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 Monopólios do Conhecimento (Harold Innis, 1947) • em cada época, certas instituições constituem monopólios ou oligopólios sobre as técnicas de produção e disseminação de conhecimento, controlando o acesso, o aprendizado, a reprodução e os materiais necessários para executá-las: • na Mesopotâmia, a argila, o estilete, escrita cuineiforme • no Egito, o papiro, o pincel, escrita hieroglífica • na Grécia e em Roma, o gesso e a cera, escrita alfabética • Innis (2011, p.70-71) acreditava que esses monopólios só poderiam ser quebrados pelo uso da força organizada por parte dos governados, em geral quando são enfraquecidos por mudanças tecnológicas que começam de fora para dentro História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 Monopólios do Conhecimento (Harold Innis, 1947) • Exemplos de monopólios do conhecimento: • escribas como membros da classe dominante na Mesopotâmia, no Egito, na Assíria • aprendizado de ler e escrever restrito a sacerdotes • bibliotecas de templos e de palácios reais, que estocavam rolos de papiros (depois, pergaminhos) • correios privados História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 Bibliotecas da Antiguidade destruídas • Biblioteca da Babilônia em 539 a.C., quando o persa Ciro invadiu • Biblioteca do Palácio de Xianyang em 206 a.C., destruída por ordem do líder rebelde Xiang Yu, na China • Biblioteca de Cartago em 146 a.C., na destruição por romanos e númidas • Biblioteca de Alexandria: • incêndio provocado por Júlio César em 48 a.C. • biblioteca do Serapeu, 392 d.C., por ordem do bispo cristão Teófilo • Biblioteca do Templo de Salomão em 70 d.C., destruído pelos romanos • Biblioteca de Antioquia em 364 d.C., pelo imperador Joviano (cristão) • Biblioteca de Ctesífone em 637, pelos árabes muçulmanos • Biblioteca de Aláqueme II de Córdoba em 976, por fundamentalistas islâmicos • Biblioteca de Tenotchitlán em 1532, incendiada pelos espanhóis cristãos. • Códices maias de Iucatã em 1562, queimados pelos espanhóis cristãos. • Jamais saberemos quais conhecimentos as civilizações antigas já tinham e foram perdidos nessas destruições. História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 Comunicação na Antiguidade Clássica (gregos e romanos, costa norte do Mediterrâneo, c. 700 a.C. a 476 d.C.; costa sul, fenícios e cartaginenses até 146 a.C.) • rejeição à cultura escrita: • Sócrates (no final do diálogo “Fedro”, de Platão) • crença de que o registro material iria enfraquecer a capacidade humana de cognição, memória e abstração (soa familiar essa crítica?) • o logos, a ideia grega de razão, era associado à palavra falada • método dialético de Sócrates: educação pelo diálogo e debate • educação generalizada para a elite masculina: • alfabetização, ensino por diálogo, compilação, reprodução intergeracional de conhecimentos • pederastia (Atenas, Tebas, Creta, Esparta também) História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 Homero História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 Homero poesia oral quadro: “Odisseu na corte de Alcínoo”, de Francesco Hayez (1816) História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 quadro: “Leitura de Homero”, de Maurice Alma-Tadema (1885) História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 Comunicação na Antiguidade Clássica • espaços públicos de comunicação: debates orais para deliberação nas instâncias de representação • instituições instrumentais da democracia clássica • a ágora grega: • demos, homens livres e proprietários (classe dominante) • mulheres, crianças e escravos excluídos • divisão conceitual entre ágora (praça) e oikos (casa), entre público e privado, entre política e economia (ainda vale?) • o fórum romano: • patrícios (classe dominante) • só no século XX, esse tipo de espaço será chamado de “esfera pública” (termo usado em 1961 pelo alemão Jürgen Habermas, nascido em 1929) História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 Péricles História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 Fidípides História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 Comunicação na Antiguidade Clássica: a oratória • técnicas da língua (linguagem verbal): • oratória (a arte de falar em público): dicção (pronúncia dos sons), prosódia (entonação e melodia da fala), eloquência (argumentos) • dialética (interação por conversa – método de Sócrates) x sofisma • retórica (comunicação persuasiva) • Aristóteles (384-322 a.C.) teorizou sobre a “técnica de convencer falando”: ethos, logos e pathos • clareza, correção, estilo, ritmo, elegância, adequação • proêmio (introdução), narração, argumento, demonstração, interrogação, refutação, epílogo • princípios usados até hoje no jornalismo, na publicidade, no direito e na política – quem são os sofistas das mídias sociais? • a retórica é a bisavó da comunicação: ramo da filosofia que precedeu as reflexões e os estudos sobre a arte da fala e as técnicas de persuasão (como um campo do conhecimento) História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 Catilina Cícero História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 Caio Graco História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 Acta Diurna (Roma, c.130 a.C. até 222 d.C.) • primeiro “jornal” da civilização europeia: • expunha “atos do dia”: decisões de governo, do senado romano, nomeações , normas sociais, acidentes, mortes e nascimentos: todos os fatos que fossem dignos de publicare et propagare • exposta em público nas paredes dos prédios (Fórum) • texto gravado em pedra ou em liga de metal • lida em voz alta por subrostrani para os analfabetos (que ficavam abaixo do Rostrum, o palanque para discursos) • desde 130 a.C. era feita sobre fatos comuns, mas em 59 a.C. o cônsul Júlio César mandou incluir a ata do senado na Acta Diurna • foi publicada até 222 d.C. (reinado de Alexandre Severo) • 313 d.C.: o cristianismo deixa de ser ilegal no império romano • 380 d.C.: o cristianismo se torna a religião oficial de Roma • 476 d.C.: queda do Império Romano do Ocidente, fim da Antiguidade Clássica História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 História dos Meios de Comunicação 2020.2 Para a próxima aula: • • • • • • Ouvir áudio de Idade Média Olhar a terceira fileira da Nuvem do Tempo Ouça a playlist de Idade Média (livro) Ver infográficos sobre escrita e alfabeto Assistir aos vídeos sugeridos Ler texto correspondente Até semana que vem! História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 História dos Meios de Comunicação 2020.2 Prof. Pedro Aguiar aula 3 – A Comunicação na Idade Média História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 Idade Média: invenção do papel e impressão na Ásia • papel: originalmente, feito de seda (teia do bicho-da-seda); • c.105 d.C., fabricado com celulose vegetal • primeiros periódicos na China: • Di Bao / Dǐbào (séc. III d.C.) – “Notícias do Palácio”, escrito em lascas de bambu com notícias das províncias • Kaiyuan Za Bao (713) – “Notícias Diversas”, “Boletim da Corte”; publicava os atos oficiais do governo imperial • Ta Kung Pao / Dàgōng Bào (908-1935) - às vezes traduzido como “Gazeta de Pequim”; proto-jornal oficial (na Coreia houve um proto-jornal mais tarde, Jobo, no século XVI) • tipos móveis de madeira: China, 1041 • cada bloco era um ideograma do alfabeto chinês História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 Jornal na Coreia Jobo (“notícias da manhã”) Publicado pelo menos desde 1557 até 1577. É mencionado na crônica “Silok” (Anais da Dinastia Joseon). Impresso com blocos de madeira sobre papel. Só existem 5 edições guardadas, todas datadas do ano de 1577. História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 Idade Média: do pergaminho ao livro • pergaminho feito de pele animal: usava-se couro de veado, bode ou carneiro (vellum, tosão ou “velocino”) enrolado • grego: χάρτης (chártes, daí “carta”) • latim: volumen (plural: volumina) • como era caro, era reaproveitado várias vezes para textos diferentes; papiros e pergaminhos raspados e reescritos por cima eram chamados de palimpsestos • códice (latim: codex; séc. I d.C.) é uma coleção de folhas de pergaminho, papiro ou lascas finas de madeira, encadernadas ou sanfonadas • livro é a versão encadernada e de papel do códice (séc. XIV) História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 Idade Média: a cultura escrita árabe e muçulmana • islamismo é “religião do livro” (Alcorão): mais ainda que o judaísmo e o cristianismo, o Islã se baseia na palavra escrita, no registro gráfico das revelações divinas e das leis. Portanto, ser alfabetizado no mundo medieval muçulmano era mais comum que entre os cristãos. • a caligrafia é considerada uma arte nobre nas sociedades islâmicas • Levam o papel da China para o Oriente Médio (e, de lá, para a Europa) • copistas árabes e muçulmanos traduziram obras clássicas (gregas e romanas) para o árabe e difundiram pelo Califado Islâmico, de c.700 d.C. até as Cruzadas (c.1100-1300) • Casa da Sabedoria (Bayt al-Ḥikmah) em Bagdá: escola de tradução e cópia de livros gregos, persas e indianos: filosofia, ciência e poesia • Averróis (Ibn Rushd): viveu na Espanha sob mouros; traduziu e publicou as obras de Aristóteles e de outros gregos • livros de Chinguetti (Mauritânia): alguns dos mais antigos do mundo • inventam o zero (inexistente em algarismos romanos) História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 Idade Média: O Monopólio da Comunicação • desurbanização da Europa: população sai das cidades e vai para o campo, que são privatizados como “feudos”, domina- dos por uma nobreza restrita (os senhores feudais) • fim da alfabetização generalizada: maioria da população adulta analfabeta (inclusive nobres) até a industrialização • monopólio eclesiástico sobre o livro: na Europa Medieval, só a Igreja Católica pode produzir, copiar e guardar livros • monges copistas (ex. Irlanda) • bibliotecas dos mosteiros guardam acesso aos livros • produziam iluminuras: ilustrações História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 Idade Média: O Monopólio da Comunicação • monges copistas: enclausurados em mosteiros, faziam o trabalho de copiar manualmente os primeiros livros: • livros religiosos, Bíblia, evangelhos, doutrinas católicas • livros clássicos de autores gregos e romanos • livros de crônicas de reis e relatos de batalhas • cada livro era encomendado e pago ao receber (caríssimo!) • o trabalho levava meses ou até anos, dependendo da complexidade • não havia a ideia de “autoria” nem cópia fiel: monges faziam alterações, intervenções e comentários enquanto copiavam • ilustravam os livros com iluminuras: ilustrações coloridas com pigmentos minerais ou vegetais e laminadas a ouro História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 Idade Média: a comunicação oral e cantada • Trovadores e arautos cumpriam função de comunicadores • trova: gênero de canção que é ao mesmo tempo diversão e informação; relatava eventos e notícias • menestréis, bardos e jograis: cronistas do cotidiano (a ideia de “bobo da corte” é moderna) • arautos e pregoeiros: precursores do jornalismo e da publicidade; os arautos gritavam notícias nos vilarejos; os pregoeiros anunciavam produtos para vender • a feira medieval se torna o novo espaço público, como a ágora grega e o fórum romano tinham sido na Antiguidade • local de trocas, negócios e intercâmbio de notícias • o comércio da Liga Hanseática e das guildas dá origem às “gazetas” e “newsletters” História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 Idade Média: a comunicação escrita • Pouca comunicação escrita, restrita a uma elite (geralmente, eclesiástica e, mais tarde, mercantil) • Mensageiros privados levavam cartas escritas, lidas por secretários (o nome vem de secretus: aqueles que guardam os segredos dos reis, papas e nobres), que frequentemente eram clérigos (padres, bispos, freis ou monges) • No século XV, essas redes privadas de correspondência levarão às primeiras “newsletters” (cartas de notícias), “foglio a mano” e “avvisi”, considerados os primórdios do jornalismo História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 Idade Média: a comunicação escrita • As letras minúsculas só apareceram na França em 778 d.C. (Alcuíno de York), durante o reinado da dinastia carolíngia (família de Carlos Magno). • Novos alfabetos surgem na Europa medieval: em 862, os missionários cristãos Cirilo e Metódio, de Tessalônica, criam o alfabeto glagolítico para evangelizar os povos eslavos da Morávia, já que as línguas eslavas têm vários sons não contemplados pelos alfabetos grego e latino. • Nos Bálcãs, no ano de 893, é criado o alfabeto cirílico, batizado em homenagem a São Cirilo, que já tinha morrido, e adotado pelas igrejas eslavas; após o Grande Cisma de 1054, as línguas das igrejas ortodoxas usam só o cirílico (e grego), enquanto os católicos ficam com o latino. • Enquanto na Europa a cultura escrita retraía, na América já havia povos que desenvolviam a escrita, como os olmecas (sul do México), os maias (entre sul do México, Belize e Guatemala) e os astecas (centro do México). História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 Correios e mensageiros na Europa medieval • O Império Mongol monta o yam ou örtöo, um sistema de mensageiros imperiais do cã (khan) por volta do ano 1215; como o império abrangia da China até a Rússia, incluindo o norte da Índia e o Oriente Médio, algumas partes da Europa eram alcançadas (especialmente no Leste Europeu). • Na Alemanha medieval, o Metzgerpost (correio dos açougueiros) era um antepassado dos tropeiros, que conduziam rebanhos de gado para vender nos burgos e, junto com eles, também levavam mensagens. • Mais para o final da Idade Média, as corporações de ofícios (ou guildas) começaram a montar esquemas próprios de trocas de cartas por mensageiros particulares entre os principais burgos (cidades medievais), o que vai ser essencial para o nascimento do jornalismo na Idade Moderna. • Liga Hanseática: mensageiros montados (1274) • Em 1290, a família Tasso (em alemão, Taxis) monta na Itália o primeiro correio comercial, a Compagnia dei Corrieri, entre Milão e Veneza. História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 História dos Meios de Comunicação 2020.2 Para a próxima aula: • • • • • • Ouvir áudio de Idade Moderna Olhar a quarta fileira da Nuvem do Tempo Ouvir a playlist de Idade Moderna (prensa) Ler textos correspondentes Ver infográficos sobre livro e vida monástica Assistir aos vídeos sugeridos Até semana que vem! História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 História dos Meios de Comunicação 2020.2 Prof. Pedro Aguiar aula 4 – A Comunicação na Idade Moderna e na Colônia História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 Idade Moderna (séc. XV a séc. XVIII – 1453-1789) • Idade Moderna: período de 1453 a 1789 na periodização histórica do cânone historiográfico eurocêntrico (“tradicional” ou “ocidental”) • modernidade como episteme (forma de pensar): “o paradigma geral dos saberes” [científicos], o método que organiza as correntes filosóficas, as ideologias, com certos hábitos/vícios de raciocínio e certos “pressupostos” abstratos, como, por exemplo: • universalidade das leis da natureza e das leis humanas (direito) • tempo linear x tempo circular • paradigma da acumulação/inovação x paradigma da renovação • modernidade como projeto civilizatório/civilizacional, de implantar uma certa ordem político-econômica e cultural específica (inclusive sobre sociedades e terras fora de sua região original), com tais pressupostos • ligado à longa ascensão da burguesia europeia como classe dominante; cultural e geograficamente delimitado, nada universal História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 Correios na Europa no início da Idade Moderna • As redes de mensageiros particulares dos comerciantes são o mais próximo que a Europa tinha de sistemas postais • lembremos que havia sistemas regulares de mensageiros nos impérios da Ásia e da África (esp. Pérsia, China, Califado Islâmico) • No final do séc. XV, as monarquias europeias começam a montar correios reais (ou seja, estatais) sob a guarda da coroa, ou gerindo diretamente ou indiretamente por meio de concessionários privados (não são públicos!): • Roma/Estados Papais (Igreja), 1460: correio papal, família Tasso • França, 1477: rei Luís XI cria correio real; 1672: monopólio estatal • Áustria, 1490: arq. Maximiliano I; filial da Tasso (Thurn und Taxis) • Alemanha, 1497: imp. Maximiliano I: outra filial Tasso/Taxis • Espanha, 1506: rainha Joana, Correo Mayor, mais filial Tasso/Taxis • América Hispânica, 1514: Correo Mayor de Indias (México e Peru) • Reino Unido, 1516: rei Henrique VIII cria o cargo de “mestre postal” • Portugal, 1520: rei D. Manuel I cria o ofício de correio-mor História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 Idade Moderna: invenção da prensa móvel na Europa • prensa móvel na Europa: junta os tipos móveis da China, o papel dos árabes e o prelo de vinho e faz a prensa móvel • Johan Gutenberg (de Mogúncia, atual Alemanha, mas inventou a primeira prensa móvel em Estrasburgo) • primeiros trabalhos impressos: poema alemão Sybillenbuch, calendário, gramática em latim de Élio Donato (Æelius Donatus) • impressão da Bíblia de 42 linhas (Bíblia de Gutenberg) • outros impressores se seguiram, primeiro alemães e depois italianos, holandeses e ingleses • tinta também vinha da China (exemplo: nanquim) • incunábulos: termo pelo qual são designados os primeiros livros impressos e encadernados a mão (praticamente todos desde 1450 até o final do século XVI) História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 Idade Moderna: revolução da cultura impressa • início da cultura impressa: o livro fica muito mais barato de produzir; preços caem, livros se multiplicam, burgueses compram, bibliotecas aumentam; autores antigos são resgatados, impressos e difundidos • livros, jornais, panfletos, cartazes e cartas de baralho • 1500: 27 mil obras x 500 exemplares por obra = 13.500.000 livros • em poucas décadas (1450-1500), disseminam-se dois novos tipos de manufaturas na Europa ligadas à impressão: • as oficinas tipográficas • as manufaturas de papel (moinhos de papel) • Ajuda a disseminar a Bíblia impressa (leitura e interpretação), criando ambiente intelectual (sociocultural) para a Reforma Protestante • Censura religiosa (católica): Index Librorum Prohibitorum (1529) – “Lista de Livros Proibidos” – só que esse próprio Index era um livro! História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 Idade Moderna: revolução da cultura impressa • Do séc. XIV ao XV: crescimento da cultura escrita. Documentos de registros de propriedades; crônicas; diários; histórias de famílias... • Ajuda a uniformizar as línguas nacionais (vernáculos) • Nova relação com a memória: registro de muito mais fatos e atos sociais. • Redistribuição do acesso à memória coletiva e suas interpretações. • Novas profissões (impressor/tipógrafo, escritor, editor, revisor, carteiro) • A impressão por tipos móveis criou novo ambiente inesperado: o público (McLuhan, 1972 [1962], p.14). • Com o crescimento urbano, surge o teatro comercial (Shakespeare, Marlowe, Ben Jonson, Lope de Vega, Calderón de la Barca, Molière) • Sátiras ao poder estabelecido: reis, nobres, bispos, papas, burgueses. • Mikhail Bakhtin (1987 [1965]) sobre Rabelais e o grotesco História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 Idade Moderna: primeiros livros impressos Alguns dos primeiros livros impressos do séc. XVI mencionam o Brasil: • Quarta Carta de Américo Vespúcio (1505): relata viagem pelo litoral nordeste e sudeste do Brasil, de Pernambuco até São Paulo, com descrições dos índios tupinambás em Cabo Frio e na baía de Guanabara; • A Utopia (1516): ficção ensaística de Thomas Morus; embora não haja comprovação documentada, sabe-se que o autor leu os relatos de Vespúcio e pode ter se inspirado na descrição dos tupinambás de Cabo Frio para criar sua sociedade utópica; • livros de religiosos franceses que estiveram no Rio na França Antártica: • As Singularidades da França Antártica (1557): de André Thevet (católico) • História de uma Viagem feita à Terra do Brasil (1578): de Jean de Léry (protestante) História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 Idade Moderna: primeiras folhas com notícias • primeiras gazetas: folhas com notícias no norte da Itália, região dos primeiros bancos, primeiras repúblicas (Veneza, Gênova, Florença, Milão, Turim); sem periodicidade regular, mas em geral apareciam uma vez por semana; eram lidas na missa de domingo para os analfabetos. • início da circulação dos fogli d’avvisi em 1536 • inicialmente, eram manuscritas; depois, passaram a ser impressas • em 1563, o preço de “uma gazeta” (moeda de 0,1 lira) foi instituído para a leitura pública dessas folhas; daí passou a ser usado o nome da moeda como referência às folhas noticiosas • primeiros anúncios impressos: cartazes com ofertas de mercadorias e lojas/barracas; anúncios com notas nas gazetas • primeiros cartões de visitas para empresas e vendedores História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 Idade Moderna: primeiras folhas com notícias • primeiras newsletters: folhas manuscritas de notícias privadas (não são publicações porque não são públicas) • são cartas pagas por encomenda e enviadas a assinantes • personalização/adequação dos conteúdos a interesses dos leitores • mencionavam “assuntos secretos” (exclusividade) • autores (menanti ou gazzettieri): pequeno-burgueses ou clérigos • sem regularidade temporal (periodicidade) • avvisi: norte da Itália, bacia do rio Pó • mercadores, em Veneza • cúria romana (governo da Igreja), em Roma • casa bancária Médici, em Florença • Zeitungen (newsletters): Alemanha/França/Países Baixos, bacia do Reno • casa bancária Fugger, em Augsburgo (hoje Alemanha) História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 Nascimento da imprensa periódica (jornais) • c.1605: os primeiros jornais (“corantos”) aparecem no Sacro Império Romano-Germânico (atual Alemanha) e Países Baixos (Holanda e Bélgica) • 1 folha de papel dobrada ao meio = 4 páginas • sem imagens; tinta preta sobre papel branco • sem manchetes nem títulos ou colunas • a imprensa periódica se espalha pela Europa em menos de meio século (1600-1650); primeiro, alcança a zona do Mediterrâneo (Itália, França, Espanha, Portugal); depois, as Ilhas Britânicas e o Leste Europeu (Polônia, Hungria, Rússia, países bálticos) • só uma minoria alfabetizada consegue ler jornais, mas as notícias são transmitidas em voz alta para os analfabetos História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 Relation aller Fürnemmen und gedenckwürdigen Historien • • • • • Estrasburgo 1605-1659 semanal Johann Carolus notícias de outros países europeus • tipo gótico História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 Avisa Relation oder Zeitung • • • • • Volfembutel 1609-1632 semanal Lucas Schulte notícias de outros países europeus • tipo gótico História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 Courante uyt Italien, Duytslandt, &c. • • • • Amsterdã 1618-1672 semanal Caspar van Hilten & Joris Veseler • notícias de outros países europeus • texto em duas colunas justificadas e com indentação de parágrafo • tipo gótico História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 La Gazette de France • • • • • Paris 1631-1915 semanal Théophraste Renaudot notícias da França e de outros países europeus • texto em uma coluna justificada e com indentação de parágrafo • tipo romano História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 Gazeta da Restauração • • • • • Lisboa 1641-1645 mensal Manuel de Galhegos notícias de Portugal e outros países europeus • texto em uma coluna justificada e com indentação de parágrafo • tipo romano História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 Einkommende Zeitungen • • • • • Leipzig 1650-1659 (-1963) diário (primeiro) Timotheus Ritzsch notícias da Alemanha e outros países europeus • texto em uma coluna justificada e sem indentação de parágrafo • tipo gótico História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 Data do primeiro jornal publicado no atual território de cada país. História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 A Imprensa Colonial na América Latina • Primeira prensa no continente: Cidade do México, 1539 • depois, outras foram instaladas na Guatemala, Equador, Cuba, Santo Domingo (atual Rep. Dominicana), Chile ao longo dos sécs. XVII-XVIII • nas colônias portuguesas na América (isto é, o Brasil), foi proibida como todas as outras manufaturas • houve uma tentativa em 1747 no Rio de Janeiro, logo apreendida • controle das coroas, dos govs. coloniais e da Igreja (inclusive Inquisição) • sujeita à censura eclesiástica e à punição (confisco, prisão, degredo) se desagradasse as autoridades coloniais (vice-reis, governadores, capitães-gerais) • jesuítas tiveram um papel fortíssimo na difusão da imprensa e da alfabetização na América Colonial • Comunicação oral convive com a escrita nos domínios coloniais: pregoeiros (pregoneros, town criers), tropeiros (muares) e sinos de igreja História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 A Imprensa da Crise do Sistema Colonial gazetas coloniais História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 Século XVII na Europa: consolidação da imprensa • Jornais começam a ser vistos como “veículos de civilização”, mais do que simplesmente “de informação”. • França, 1631 : cardeal Richelieu estimula criação de jornal oficioso: a Gazette, de Théophraste Renaudot; ordenava quais notícias publicar • Holanda, Guerra dos 80 Anos (1568-1648): mais de 7.000 panfletos difundem a “lenda negra espanhola”: despotismo, fanatismo e obscurantismo na Espanha de Felipe II; sociedade holandesa já era de maioria letrada • França, 1661-1683: Jean-Baptiste Colbert, ministro de Luís XIV, encomenda reportagens, livros, poemas, músicas, peças, pinturas, esculturas, para criar uma imagem positiva do rei • Finalmente tem início a publicidade profissionalizada, com anúncios publicados nas páginas dos jornais. História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 1690: Primeiro trabalho acadêmico sobre jornalismo • De Relationibus Novellis ou “Sobre os Relatos Jornalísticos” • Tobias Peucer (Alemanha/Sacro Império) • Compara a narrativa dos jornais com a narrativa da História • Ainda não havia a noção de “jornalismo”, embora já existisse a prática; o que havia era as ideias de notícias e de imprensa. • Afirma ser necessário separar “as coisas dignas de crédito” dos “rumores infundados que se fazem correr”. • Observa que jornais publicam “coisas de pouca importância” para “satisfazer a curiosidade do povo”. História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 Século XVIII: cafés, espaços privados da esfera pública • No século XVIII, especialmente em Londres e Paris (mas também em outras capitais europeias), os cafés se tornam espaços onde homens da burguesia urbana vão se informar, consumir e trocar notícias • essa comunicação é acompanhada do consumo de produtos de origem colonial: chá (Índia), café (O. Médio), açúcar (Pernambuco e Caribe) e tabaco (Caribe e sul das Treze Colônias) • Jürgen Habermas identifica nisso um processo de privatização da esfera pública (substituindo a praça pública, ágora e fórum) • Um dos cafés, o Lloyd’s, começa publicando listas de navios chegados e zarpados (com as respectivas cargas e passageiros) e dá origem à Lloyd’s List, atualmente a agência de notícias mais antiga do mundo (1734) • O mesmo hábito se repete na América do Norte, especialmente em Boston e Nova York História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 Século XVIII: jornais polemistas e políticos • Na Inglaterra (e no resto da Grã-Bretanha), no século XVIII (desde o fim da lei de alvará prévio, em 1694), os jornais impressos assumem um caráter explicitamente político, defendendo algum dos dois partidos (Whig e Tory) e criticando abertamente os adversários, a ponto de atacar reputações – inclusive recorrendo a boatos e mentiras • 1702: o Daily Courant é o primeiro jornal inglês a sair todo dia • surge, com o filósofo político John Milton, no livro Aeropagitica, a noção de “liberdade de imprensa” • 1785: fundado o histórico jornal The Times (existente até hoje) • primeira revista: Gentleman’s Magazine, fundada por Edward Cave (1731) • Com a cobertura das sessões do parlamento britânico, surge a figura do repórter e começa a reportagem • A imprensa se torna o “lugar” de debates públicos: a nova esfera pública História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 A comunicação e as ideias modernas (burguesas) • Pensadores burgueses são os primeiros a desenvolver a ideia de liberdade de imprensa: o princípio de que os editores de jornais devem ser livres para escrever o que quiserem, tratar de qualquer assunto e sustentar a opinião que bem entenderem – mesmo que sejam responsabilizados por elas a posteriori. Essa ideia rejeita a legitimidade da censura, que sempre foi algo visto como normal pelo poder (pelo menos desde a Antiguidade). • John Milton: Aeropagítica (Inglaterra, 1644): primeiro a falar disso • Também são ideias burguesas as que garantem direitos à privacidade e à inviolabilidade da correspondência (até a Idade Moderna, os correios abriam as cartas numa boa para ver o que estava escrito, e não havia nada que proibisse essa prática – na França, havia o cabinet noir, um setor do governo que tinha exatamente essa função) • Só com o Iluminismo é que essas ideias serão organizadas como uma corrente filosófica e, mais tarde, irão derivar na ideologia do liberalismo História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 Jornalismo como produto da modernidade • Houve “pré-modernidade” e há quem defenda que exista uma “pósmodernidade”. A maioria dos valores, hábitos e ordens sociais que temos hoje é moderna. É possível ir desmontando esses valores, hábitos e ordens em favor de outros que sejam não-modernos, seja pré- ou pós- (o que, no fundo, dá no mesmo). • O pós-modernismo “joga fora o bebê com a água do banho”. • A imprensa (e o jornalismo), por ser algo criado pela burguesia mercantil europeia para satisfazer a demandas de informação dessa mesma classe, é inerentemente um produto da modernidade. E, por isso mesmo, o jornalismo como profissão se forma dentro desses pressupostos da modernidade, como a aceitação do fato, da representação objetiva da natureza (ou “realidade objetiva”), da igualdade e da linearidade. • Não faz sentido jornalismo nem pré- nem pós- moderno. História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 História dos Meios de Comunicação 2020.2 Para a próxima aula: • • • • • • Ouvir áudio de Revolução Industrial Olhar a sexta fileira da Nuvem do Tempo Ouvir a playlist de Século XIX (o trem, o poste e a foto) Ler PDF com textos correspondentes Ver infográficos sobre origens da imprensa Assistir aos vídeos sugeridos Até semana que vem! História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 História dos Meios de Comunicação 2020.2 Prof. Pedro Aguiar aula 5 – A Comunicação na Revolução Industrial: o trem, o poste e a foto História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 Idade Contemporânea (1789 até hoje) • Contexto: a Revolução Francesa (1789-1815) marca a tomada do poder pela burguesia em um grande reino europeu, contra o “antigo regime” (absolutismo). Aquela ascensão que vinha desde o fim da Idade Média agora chega a um ponto crucial – e violento. • A política de Napoleão Bonaparte (1º cônsul, depois imperador) foi expandir o projeto burguês-liberal (liberalismo econômico, democracia constitucional, código napoleônico no direito/jurídico) para outros países da Europa (inclusive Portugal), usando a força militar. • A Inglaterra, primeiro reino europeu onde a burguesia tomou o poder (primeiro 1649, provisoriamente, e depois em 1688, definitivamente), tentava impedir que o mesmo processo acontecesse nos outros países. • Como consequência, a Europa viveu 25 anos de guerra e as colônias europeias na América foram conquistando independência (c.1791-1825). História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 Revolução Industrial (c.1760-c.1870) • Na filosofia, começa a hegemonia do Iluminismo, a epistemologia da classe burguesa europeia: retoma os paradigmas do humanismo e confere à razão humana uma posição central em todo pensamento (racionalismo); • A 1ª manifestação do Iluminismo na ideologia é o liberalismo (tanto na política quanto na economia política) • defesa da ciência e da razão (que permitiam ascensão burguesa) contra tradições místicas (que justificavam o absolutismo) • No início do século XIX surgem duas novas correntes filosóficas, ambas tributárias (descendentes) do Iluminismo: • o positivismo propõe objetividade absoluta para ciências sociais, baseado na afirmação positiva de leis universais; chega ao estatuto de “culto à ciência”, defendendo uma “religião da humanidade” em que os “santos” são filósofos, cientistas e poetas; • o socialismo propõe reformar a sociedade e corrigir injustiças da modernidade, mas sem abrir mão dos pressupostos iluministas; desdobra-se depois em socialismo utópico e socialismo científico História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 quadro: “O Gabinete de Leitura”, de Johann Peter Hasenclever (1843) História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 Revolução Industrial (c.1760-c.1870) • A revolução industrial muda tudo porque, pela primeira vez na história, a espécie humana consegue modificar o seu ambiente (na produção e na transformação do espaço e de matérias-primas) numa velocidade e numa escala além do que a natureza é capaz de se regenerar. • vapor como força-motriz: pela primeira vez na história humana, a força física utilizada na produção é de origem artificial, não natural (humana, animal, vento, água corrente); com ela, diversas invenções seriam possibilitadas – tendo a padronização como vetor principal • urbanização exponencial: cidades crescem à custa do campo; multidões urbanas dão início à sociedade de massas -> comunicação de massa • operariado: formação de uma nova classe social, composta por antigos camponeses migrados pelas cidades e empregados em fábricas, vendendo sua força de trabalho História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 Revolução Industrial (c.1760-c.1870) • Com os motores a vapor, aparecem inúmeras invenções – a ciência começa a se profissionalizar. • até anos 1760s, havia poucos pedidos de patentes. A partir dessa década, multiplicaram-se, passando a cerca de 60 por ano – muitos relacionados a invenções de aparelhos de comunicação. • registrar uma patente era motivo de orgulho (pessoal e nacional). Retórica da “conquista da natureza”. • para-raios – Benjamin Franklin (América do Norte, 1752) • motor a vapor – James Watt (Inglaterra, 1776) • pilha elétrica/bateria – Alessandro Volta (Itália, 1790) • indução eletromagnética – Michael Faraday (Inglaterra, 1831) • transmissão elétrica – Carl F. Gauss (1833, Alemanha) • As revoluções da produção, dos transportes e das comunicações se fortaleciam mutuamente. O processo de industrialização era contínuo e longo, trazendo novas potências (promessas) e impotências (ameaças). História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 James Watt História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 motor a vapor de Watt História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 Idade Contemporânea (1789-1890) Três tecnologias divisoras de águas na comunicação: • ferrovia: pela primeira vez na história humana, o transporte vence distâncias maiores do que a tração animal é capaz de fazer, num tempo menor que a percepção humana concebia; • telégrafo elétrico: pela primeira vez na história humana, a mensagem se separa do suporte: o que viaja são os impulsos elétricos, codificados numa ponta e decodificados na outra (Flichy, 1993; Carey, 1997); • fotografia: pela primeira vez na história humana, representa-ções visuais da realidade são produzidas de forma automática • Todas as três invenções conduzem à instantaneidade e recondicionam a sociedade industrial em relação ao tempo (linear e exato) História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 Ferrovia e trem como meio de comunicação • O trem, “cavalo de ferro”, movido a vapor, permite cobrir distâncias num tempo até então inimaginável. Uma carroça numa estrada de terra batida fazia 50 km em 8 horas. Um trem numa estrada de ferro (ou ferrovia) fazia os mesmos 50 km em 1 hora. • carros puxados em trilhos existiam desde ao menos 600 a.C., Grécia • primeiro trem movido a vapor: 1804, Richard Trevithick (Inglaterra) • primeiro trem no Brasil: 1854, “A Baronesa”, Mauá (Magé, RJ) • Trens levam cartas, jornais, pessoas, permitem a ligação entre regiões de um país num intervalo de tempo curto para a tomada de decisões. • permitiram a comunicação rápida entre metrópoles e suas colônias • função integradora e “civilizadora”; turismo: “conhecer o mundo” • Até essa época, a expressão “meios de comunicação” designava meios de transporte (assim aparece em Marx e outros autores). Vias de comunicação eram rios, estradas e ferrovias, além de linhas de navegação. História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 Ano de introdução da ferrovia em cada país da Europa (1830-1917) História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 Difusão da ferrovia pelo mundo O mapa mostra o ano de inauguração da primeira estrada de ferro operacional e aberta ao público no atual território de cada país (excluindo as ferrovias de uso particular ou industrial). História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 A Baronesa (1854) História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 Fotografia como meio de comunicação • Técnica de representação de imagens por impressão de luz (phōtós + gráphō) por meio de reação fotoquímica (moléculas reagem à luz) • primeiro processo: emulsão com nitrato de prata (boa parte dela extraída de Potosí, na Bolívia) e clara de ovo (albumina) sobre papel • Usava pólvora para detonar a luz de lampejo (flash). • No início, só registrava informação de luz (claro/escuro), não de cor • Herança de Alhazém (Al-Haytham), séc. X: “camera obscura” • França, 1827: Joseph Nicéphore Niépce produz a primeira heliografia (impressão com luz do sol) • seu jovem sócio, Louis Daguerre (1839), fez as primeiras imagens fotográficas propriamente ditas, chamadas de “daguerreótipos” • Isidore Niépce (filho de Nicéphore) e Daguerre vendem a patente ao Estado francês, que a libera ao público • James Clerk Maxwell (Escócia, 1861): primeira fotografia em 3 cores História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 Alhazém (Pérsia medieval) camera obscura História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 Joseph Nièpce (França, 1765-1833) tirou a primeira foto, em 1826, com longa exposição e sal de prata História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 Louis Daguerre (França, 1787-1851) criou o daguerreótipo, a primeira “máquina” fotográfica (1837) História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 Daguerre Nièpce História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 Fotografia como meio de comunicação • Fotografia gera mudança na representação do real: automática (mas não natural!), sem intervenção aparente do ser humano (só que tem) • Com a representação natural da fotografia, não interessa mais à pintura fazer a representação realista, fidedigna, da paisagem e dos personagens. Nascem as primeiras vanguardas não-realistas pós-renascimento, como os pré-rafaelitas (1848) e o impressionismo (1874). • Primeiros daguerreótipos vendidos como souvenirs de monumentos, paisagens célebres/exóticas e construções históricas (hoje conhecidos como “lugares turísticos”) • Indústria do retrato: o que antes era privilégio de ricos (ser retratado, ter o rosto e a aparência registrados para a posteridade) fica acessível às classes médias e, eventualmente, aos pobres (especialmente urbanos; não tanto rurais); surge o lambe-lambe, retratista itinerante História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 “Sem tempo, irmão!” História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 Telégrafo como meio de comunicação • telégrafo óptico ou semáforo: torres com pás giratórias; cada posição indicava uma letra diferente num código previamente compartilhado • criado pelo francês Claude Chappe em 1791 (em plena revolução) • usado a partir de 1793 pelo governo revolucionário da França para transmitir informações militares (outros países estavam invadindo o território francês para derrotar a revolução francesa) • telégrafo elétrico: transmite impulsos elétricos por fios de cobre envoltos em cabos de borracha/látex/guta-percha (resina da Ásia) • pela primeira vez na história, a mensagem é separada do suporte • teve dois inventores simultâneos: Charles Wheatstone (Inglaterra) e Samuel Morse (EUA); os dois criaram modelos no mesmo ano: 1837 • o telégrafo aéreo era conduzido por fios esticados no alto de postes • o telégrafo submarino era ligado por cabos depositados no fundo do mar, ligando países, ilhas e continentes inteiros a partir de 1851 História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 Telégrafo óptico (Claude Chappe, França, 1790) torres com pás móveis formavam sinais visuais História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 Nicolas-Antoine Taunay “Largo da Carioca em 1816” (1816) História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 Richard Bate (1808) História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 Pieter Godfred Bertichen (1856) História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 Pieter Godfred Bertichen (1856) História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 Rota do telégrafo óptico no Rio de Janeiro (1809-1857) História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 A revolução do telégrafo elétrico • Comunicação em tempo real pela primeira vez na história: cada mensagem levava pouco minutos para chegar ao destino: informação sem atraso • mensagem de telégrafo elétrico = telegrama • “Antes da disseminação da eletricidade, o tempo era uma coisa local, mutável, pessoal” (Bodanis, 2008, p.33). Cada cidade era “um mundo separado”. O telégrafo elétrico interligou o mundo, acelerou o tempo: era visto como integrador da humanidade. Derrubou a “tirania da distância”. Foi a “internet vitoriana” (da rainha Vitória do Reino Unido, 1837-1901): relações pessoais se mantiveram e/ou começaram por telegramas. • Os cabos de telegrafia seguiam traçados preexistentes (ferrovias, estradas, canais e rotas marítimas), reforçando concentração. O telégrafo estimulava o comércio e a imprensa. Ligou mercados nacionais aos internacionais (e coloniais e imperiais). Foi fundamental para jornais e para as agências de notícias. Era o cruzamento do transporte com os meios de comunicação. História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 Charles Wheatstone (RU, 1802-1875) criou o primeiro telégrafo com William Cooke Samuel Morse (EUA, 1791-1872) desenvolveu código adotado em escala internacional História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 Expansão global do telégrafo elétrico O mapa mostra o ano de inauguração da primeira linha de telégrafo elétrico operacional e aberta ao público no atual território de cada país (excluindo as linhas de uso particular ou experimental). História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 Copacabana, atual Posto 6 ponto de emersão do cabo telegráfico submarino (1874) História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 Victor Meirelles “Estudo para panorama do Rio de Janeiro” (1885) História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 Guilherme Schüch Barão de Capanema História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 Agências de notícias e o telégrafo elétrico • As agências de notícias (ou agências noticiosas) são empresas fornecedoras de notícias e outros materiais para o jornalismo (no início, só texto; depois, passaram a enviar também fotos, áudio, vídeo, infográficos). Elas servem para abastecer os jornais com notícias e informações que eles não conseguem obter por conta própria. • As agências surgem exatamente nesse período, como resposta à demanda da industrialização do jornalismo, aproveitando as inovações tecnológicas que iam surgindo, especialmente o telégrafo elétrico. Por décadas, serão conhecidas também como “agências telegráficas”. • A primeira delas é a Agence Havas, fundada em Paris por Charles-Louis Havas em 1835, ex-banqueiro falido após a derrota de Napoleão. • Em Londres, o alemão Paul Julius Reuter funda a Reuters em 1851. Em Nova York, cinco jornais fundam a Associated Press em 1846. História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 Charles-Louis Havas História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 Fundadores de agências de notícias Paul Julius Reuter Bernhard Wolff (Israel Beer Josaphat) História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 Penny press: a imprensa barata e popular • No início do século XIX, são introduzidas na Europa as prensas a vapor, que aceleram em muito a impressão de jornais (só chegam ao Brasil pós-1850) • Jornais ficam mais baratos de se produzir, daí podem ser vendidos a preços mais baixos e, portanto, consumidos por grandes quantidades de pessoas. • Atraindo muitos leitores, viram veículos vantajosos para anúncios publicitários – feitos por burgueses, donos de empresas privadas – e, depois, pequenos anúncios pessoais, classificados por categorias; • Nasce o modelo de negócios da imprensa comercial: jornais diários, de grande circulação (massa), sustentados por anúncios, assinatura e venda avulsa • primeira agência de publicidade: Palmer (EUA, 1841) • penny press é a imprensa de massas do século XIX na Inglaterra e nos EUA: penny = centavo; para vender mais, recorre a escândalos e sensacionalismo • Populariza entre trabalhadores (esp. operários) o hábito de ler jornal, que vira um meio de comunicação para as massas urbanas História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 rotativa Marinoni História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 Folhetim: entretenimento e moral para as massas • Histórias de ficção publicadas em capítulos ou trechos, em geral na parte inferior da primeira página dos jornais diários. O termo tem origem no Journal des Débats, um importante periódico intelectual francês. • estimulavam o consumo permanente dos jornais como um produto, não só de informação, mas também de diversão/entretenimento; • ajudaram a alavancar vendas de jornais em vias de industrialização; • consolidaram o romantismo como movimento literário; • geralmente, eram histórias românticas (no sentido literário e no sentido temático) em torno de jovens apaixonados, famílias, ascensão social e desgraças; • antecessores das novelas (rádio e TV) e das séries de TV/streaming • Os folhetins foram essenciais para a formação do público leitor e para a profissionalização dos escritores, que puderam viver da renda da literatura. História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 Folhetim: entretenimento e moral para as massas • O formato permitiu um diálogo inédito entre autor e público: a narrativa romântica reflete muito os costumes da época, já que o autor escrevia o que o público queria ler e podia acompanhar as repercussões dos capítulos publicados no jornal. Se algo fosse mal recebido, alterava-se a narrativa. • Os folhetins eram direcionados particularmente às mulheres. As histórias continham prescrições morais sobre como elas deveriam se comportar na sociedade. Personagens que seguiam a moral e a etiqueta recomendadas tinham finais felizes; as que se desviavam da norma eram punidas com infelicidade e morte. • Por isso, a narrativa romântica é uma das melhores fontes para se estudar o pensamento da sociedade burguesa no século XIX, e isso está diretamente vinculado ao formato dos folhetins. História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 crédito: Atlas FGV/Bernardo Joffily https://atlas.fgv.br/brasil-500-anos História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 História dos Meios de Comunicação 2020.2 Para ver mais: • https://photo-museum.org/isidore-niepce-daguerre • http://brasilianafotografica.bn.br • https://atlantic-cable.com História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 História dos Meios de Comunicação 2020.2 Para a próxima aula: • • • • • • Ouvir áudio de Belle Époque (1895-1918) Olhar a sétima fileira da Nuvem do Tempo Ouvir a playlist de Belle Époque (1895-1918) Ler PDF com textos correspondentes Ver infográficos sobre cinema e telefone Assistir aos vídeos sugeridos Até semana que vem! História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 História dos Meios de Comunicação 2020.2 Prof. Pedro Aguiar aula 6 – A Comunicação na Belle Époque (1870-1918) História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 Idade Contemporânea: Séculos XIX/XX (1870-1918) • segunda revolução industrial: nova mudança paradigmática da produção, baseada na força da eletricidade, que é aplicada à maior parte dos inventos produtivos e de comunicação da virada do século XIX para o XX. • indústria de patentes: as invenções passam a ter registro oficial e reconhecimento jurídico com valor comercial; briga de Graham Bell x Elisha Gray, Tesla x Edison, Tesla x Marconi: inventores-empresários • educação básica universal: na maior parte dos países – inclusive nos EUA –, o ensino público passa a ser generalizado e obrigatório para crianças e adolescentes, com currículo padronizado nacionalmente. • imperialismo europeu e norte-americano: ocupava África, Ásia e Caribe à força (militarmente) e enviava mercadorias – inclusive bens culturais. Com o imperialismo, a mídia dos EUA e Europa alcança o mundo quase todo. História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 Segunda revolução industrial (c.1876-1901) • Profissionalização da ciência e o nascimento das empresas multinacionais (sediadas na Europa ou nos EUA e atuantes em vários países, especialmente da América Latina, da Ásia e da África). • Surgem os departamentos de pesquisa & desenvolvimento (P&D) • Produtividade da indústria: eficiência como valor quantitativo • Frederick Taylor e a disciplina da “administração científica”: • treinamento, controle e participação nos lucros e resultados • Henry Ford e a linha de montagem para o carro “Ford modelo T” • “Você pode ter o carro da cor que quiser, desde que seja preto” • aceleração, padronização e massificação da produção e do consumo • esses princípios, depois, serão aplicados à cultura e à mídia • O automóvel e a ideologia do indivíduo: o carro é a epítome do poder de cada homem de decidir seus caminhos e seu destino (liberalismo na veia). • Transporte usado para distribuição de mídia e para publicidade História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 Idade Contemporânea: Séculos XIX/XX (1870-1918) • invenção do telefone (1876, EUA): Alexander Graham Bell utiliza impulsos elétricos conduzidos por fios metálicos para captar e reproduzir sons a distância em membranas sensíveis, que vibram; acústica + eletricidade • invenção do fonógrafo (1877, EUA): Thomas Edison (que, antes, já inventara a lâmpada elétrica incandescente a vácuo em bulbo de vidro) aplica a técnica de gravação de vibrações sonoras em superfície maleável a um aparelho que consegue reproduzir o som gravado • invenção do cinema (1895, França): irmãos Auguste e Louis Lumière aplicam a luz à fotografia e à rotação para fazer a projeção de sequências de fotogramas, gerando a ilusão de movimento: o cinematógrafo é o marco inicial do cinema • todos esses são inventores que viram empresários História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 Graham Bell (1847-1922) Escócia/EUA telefone detector de metais hidroavião fundador da Bell Company e da AT&T (atual dona da Warner) História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 Thomas Edison (1847-1931) EUA lâmpada incandescente fonógrafo microfone mimeógrafo fundador da Edison General Electric Company (lâmpadas GE) precursora da RCA e da NBC (The Voice, Will & Grace, This Is Us...) História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 Nikola Tesla (1856-1943) Sérvia corrente alternada (AC) distribuição de eletricidade História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 irmãos Lumiére Auguste (1862-1954) Louis (1864-1948) França cinematógrafo fundadores da Autochromes Lumière (hoje Ilford Photo) História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 Guglielmo Marconi (1874-1937) Itália telégrafo sem fios ou radiotelégrafo (rádio) fundador da Marconi Wireless (hoje BAE Systems) História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 Invenção do rádio (telégrafo sem fios) • Cada país reivindica seu inventor do rádio (como Santos Dumont x Irmãos Wright, ou Edison x Tesla). Para os italianos, foi Guglielmo Marconi; para os alemães, foi Heinrich Hertz; para os russos, foi Alyeksandr Popov; para os britânicos, foi Oliver Lodge. Para os brasileiros, foi o padre gaúcho Roberto Landell de Moura. • • • • • • 1865: James Maxwell (Reino Unido) - teorizou a existência de ondas eletromagnéticas, cuja irradiação poderia ser manipulada (produzida, transmitida e detectada/recebida). 1888: Heinrich Rudolph Hertz (Alemanha) - descreveu as ondas eletromagnéticas, por isso batizadas como ondas hertzianas, e concebeu os mecanismos de transmissão e recepção. 1899: Édouard Branly (França) - inventou o coesor, aparelho necessário para detectar sinais emitidos por ondas eletromagnéticas 1894: Oliver Lodge (Reino Unido) - demonstrou publicamente a recepção de ondas eletromagnéticas com um aparelho coesor, mas não som, numa distância de 55 metros. 1894-1900: Roberto Landell de Moura (Brasil) - primeira transmissão pública de som por meio de ondas eletromagnéticas, realizada em São Paulo, num trecho de 8km entre a Avenida Paulista e o Alto de Santana. 1895: Guglielmo Marconi (Itália) - criou um sistema radiotelegráfico de transmissão a longa distância, com antena monopolar e transmissor aterrado. História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 redação de jornal nos EUA no dia 15/4/1912 (naufrágio do Titanic) História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 Telefonia: revolução na comunicação interpessoal • Em 1876, Alexander Graham Bell patenteou o telefone, disputando patente com Elisha Gray e venceu – tornando-se seu sócio na Bell/AT&T. • O telefone reconfigurou e acelerou processos em diferentes áreas: comércio, consumo de cultura, delegacias de polícia, bancos, imprensa... • Em 20 anos, expandiu-se pelas elites cosmopolitas, primeiro dentro de cada país (chegou ao Brasil logo em 1877, com D. Pedro II) e depois internacionalmente (entre os países). • Entretenimento x necessidade: em 1880, a revista Scientific American já sugeria que o telefone reorganizaria a sociedade e pouparia deslocamentos físicos das pessoas. • Só nos anos 1950 é que o telefone seria um aparelho doméstico comum nas residências da classe média. Mas só se massificou no século XXI. História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 Registros sonoros e musicais • É desta época a maior parte dos registros sonoros mais antigos preservados até hoje (alguns poucos são de antes, meados do século XIX). • a gravação mais antiga de voz humana é uma de voz feminina cantando a cantiga francesa “Au Clair de la Lune” (1860), gravada pelo tipógrafo Édouard-Léon de Martinville (“fonautógrafo”) • Vários ritmos dessa época foram gravados e, por isso, ficaram famosos e ainda são conhecidos: • EUA: ragtime (1895), blues (1912) jazz (1915); danças: foxtrot (1914), charleston (1923) • Europa: can-can (França, c.1890), polca (Boêmia, c.1840), fado (Portugal, c.1840), burlesco (Europa Central, c.1900) • Mundo hispânico: tango (Argentina, c.1900), milonga (Argentina, c.1880), zarzuela (Espanha, c.1870), havaneira (Cuba, c.1860) • Brasil: samba (c.1910), forró (c.1910), maxixe (c.1910) História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 Teatro musical • Diversas manifestações de teatro musical (ou comédia musical, embora nem todas as peças fossem engraçadas) aparecem e se espalham pela Belle Époque. Cada contexto nacional tem estilos e nuances diferentes, mas alguns que podem ser destacados são: • opereta (Itália, c.1860) – óperas cômicas e mais curtas • cabaré (França, c.1880) – casas de espetáculos de música, dança e variedades; mais famosos: Moulin Rouge, Folies Bergère e Bataclan • vaudeville (França, c.1890) – teatro de variedades e melodrama • burlesco, show de horrores – teatro Grand Guignol (1897-1962) • zarzuela (Espanha, c.1870) – fez sucesso na América Latina • teatro de revista (Brasil, c.1880-1940) – vaudeville brasileiro • West End (Inglaterra, c.1880) – especialmente peças musicais de William Gilbert & Arthur Sullivan • Broadway (EUA, c.1890) – nome de uma avenida em Nova York onde se instalaram vários dos maiores teatros; passou a ser metonímia para um estilo próprio de teatro musical jazzístico História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 Celebridades: personalidades como produto cultural • As artes cênicas, no nascimento da mídia, fornecem as primeiras celebridades (esse termo é recente, do final do séc. XX; antes, eram chamadas de “olimpianos”, “jet-setters”, “colunáveis”). • Celebridades são personalidades cujas imagens são vendidas como produto cultural de massa, seja por terem talentos artísticos, serem ricas ou ligadas a poderosos ou, mais recentemente, apenas por aparecerem. • Além de seus próprios domínios de atuação (teatro, música, cinema etc.), as celebridades são “aproveitadas” e reproduzidas em outros meios de comunicação e produtos culturais: revistas, jornais, depois rádio, TV... • Em muitos casos, as celebridades são mulheres, cujos corpo, aparência e estilo são associados a outras mercadorias e produtos vendidos. • A atriz de teatro Sarah Bernhardt e a dançarina Isadora Duncan são dois exemplos de primeiras celebridades da mídia industrial. História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 Sarah Bernhardt História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 Isadora Duncan História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 Cinema: quadros que se mexem (moving pictures) • Tecnicamente, a cinematografia é a ilusão de óptica que sugere percepção de movimento por meio da sequência de fotografias estáticas projetadas • Bem como a fotografia, a imagem no cinema nasce só com informação de luz, não de cor (escala de cinzas ou “preto e branco”) nem som (“mudo”) • A sonorização sincrônica com o filme só é viabilizada em 1927 • A colorização é testada a partir de 1902 em vários processos (aditivo, subtrativo, Kinemacolor e Technicolor, patenteados) • Só no final dos anos 30 começam a sair longas coloridos: Branca de Neve (1937), Robin Hood (1938), O Mágico de Oz (1939), ...E o vento levou (1939) • Filmes em P&B continuaram comuns até o final dos anos 1960 • No Brasil, primeira filmagem é na entrada da baía de Guanabara (1897), entre Rio e Niterói, feita pelo bicheiro José Roberto da Cunha Salles História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 Cinema: nova interface para narrativas populares • Os primeiros filmes são “cenas” do cotidiano, sem atuação nem encenação (em francês, mise-en-scène): situações na rua, em fábricas, em estações de trem, no campo e etnografias (povos distantes ou isolados) • Já em 1896, na França, é feito o primeiro filme de ficção, La Fée aux Choux (“A Fada dos Repolhos”), da diretora-atriz-roteirista Alice Guy-Blaché • O cinema adapta linguagens de artes cênicas anteriores, como o teatro, a ópera, o circo e os vários gêneros de teatro musical recém-mencionados. • A possibilidade de diferentes enquadramentos (“planos”) no cinema, com imagem aproximada dos atores (“plano fechado”) é um diferencial para a atuação em cena – e novidade para o público • Assim como no teatro, há filmes com histórias escritas diretamente para o cinema (roteiro original) e outros adaptados de histórias conhecidas da literatura, do teatro, de mitos e do folclore (roteiro adaptado) História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 A busca por uma linguagem narrativa audiovisual • Várias experimentações de linguagem são feitas nas primeiras décadas até se chegar ao padrão do “cinema narrativo clássico” (ou industrial) • Na França, Georges Meliès experimenta com efeitos visuais de corte e cenografia, transições (fade), profundidade de campo e jogos de espelhos • Na Rússia revolucionária (depois, URSS), Dziga Vertov e Serguei Eisenstein criam filmes narrativos poéticos (analogia com lírico e épico), com rimas visuais, metáforas e personagens coletivos • Nos EUA, D. W. Griffith (famoso pelo racismo e apoio à Ku Klux Klan) cria vários dos cânones cinematográficos com “O Nascimento de uma Nação” (Birth of a Nation, 1915) • No Brasil, Francisco Serrador (SP) encena crimes famosos; Luiz de Barros, Antônio Campos e Vittorio Capellaro adaptam obras literárias nacionais como longas: Inocência (1915), O Guarani (1916), Iracema (1918) História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 Theda Bara História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 Theda Bara História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 Alla Nazimova História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 Louise Brooks História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 Lillian Gish História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 Cinejornais: jornalismo por imagens em movimento • Além dos filmes de ficção e documentários, o cinema também serviu para o jornalismo: nos anos 1910, foram criados os primeiros cinejornais: eram filmetes (curtos, de poucos minutos) trazendo imagens de eventos, acontecimentos e personagens do noticiário recente. • Obviamente, todo o tempo de filmagem, processamento, cópia e distribuição das películas dos cinejornais fazia com que as imagens chegassem ao público várias semanas ou até meses depois dos momentos registrados. Mesmo assim, eram vistos com curiosidade e ansiedade pelos espectadores. • No exterior, os principais foram Pathé (1908-1956), Paramount News (19271957), Fox Movietone (1928-1963), Hearst Metrotone News (1914-1967), The March of Time (1935-1951) e Universal Newsreel (1929-1967) • No Brasil, foram Cine Jornal Brasileiro (1938-1979, da AN), Cinédia Jornal (1934-1944), Atualidades Atlântida (1942-1986) e Canal 100 (1959-1986) História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 Literaturas de massa: quadrinhos e romances baratos • Na Belle Époque, a produção industrial de literatura se acelera. Surgem romances impressos em papel-jornal e vendidos em bancas e quiosques. Ambientados em países e continentes ocupados sob o imperialismo, em cenários que os europeus e norte-americanos consideravam “exóticos”, ou com temas fantásticos e misteriosos para fisgar atenção do público: • • • • livros de aventuras de Karl May, H. Rider Haggard (As Minas do Rei Salomão, Reino Unido, 1885); faroeste, Johnston McCulley (Zorro, 1919) surge o gênero “terror”: Drácula (Bram Stoker, Reino Unido, 1897), O Fantasma da Ópera (Gaston Leroux, França, 1910), revistinhas de contos penny dreadful; gênero crime/detetives: Arthur Conan Doyle (Sherlock Holmes) gênero ficção científica: Júlio Verne (França), H. G. Wells (R. Unido) • Aparecem as histórias em quadrinhos (HQ), aproveitando a sofisticação da produção gráfica (mais fácil reproduzir desenhos a cores do que antes) • • • formatos: tirinhas em jornais; revistas em quadrinhos (gibi); e, mais tarde, graphic novels (biográficas, religiosas, românticas) Primeira tirinha em quadrinhos: Yellow Kid (EUA, 1895) Os Sobrinhos do Capitão (Katzenjammer Kids) (EUA, 1897): primeiros quadrinhos a usar balões como recurso gráfico de falas História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 Idade Contemporânea: Séculos XIX/XX (1870-1918) • cultura da comunicação telefônica: a partir das primeiras décadas do século XX, começa uma mudança cultural, especialmente nas cidades, em que pessoas passam a se comunicar por meio de ligações telefônicas, sem necessidade de deslocamento físico para conversar ou mandar recados • cultura da imagem: somando-se à fotografia, o cinema e o cartazismo trazem um repertório visual “realista” para as sociedades urbanas • além de filmes de ficção, as salas de cinema exibem cinejornais e documentários, mostrando imagens do cotidiano ao grande público • jornais começam a publicar fotografias (em preto e branco) • mas já há revistas impressas a cores • a partir daí, há registros visuais e sonoros da história • primeiras celebridades produzidas pela mídia • O esporte ganha espaço nas mídias e, por isto, se profissionaliza. A música também, como mercadoria. Lazer e comércio se tornam inseparáveis. História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 Colunas Morris: Superfície visível para publicidade (com cartazes) Parte do mobiliário urbano 6,25 m de altura Rotativas (por eletricidade) e acesas à noite Típicas da Belle Époque parisiense, imitada em outras cidades do mundo Antecessoras da mídia OOH (tipo ClearChannel) História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 A Eclética: Primeira agência de publicidade do Brasil. Fundada em São Paulo por João Castaldi e Jocelyn Benaton (1914) Criou campanhas para Ford, Texaco, Kolinos, Palmolive, Lux (sabonete), Eucalol, Gillette, aveia Quacker, biscoitos Aymoré e guaraná Antarctica Veiculava principalmente em jornais (O Estado de S.Paulo) e revistas (O Malho, Fon-Fon, Caretas, A Cigarra) Inaugurou a cobrança da bonificação paga pelos veículos História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 Imprensa, eletrificada, agora é industrial • Na imprensa, a queda dos custos de impressão (com as rotativas elétricas) barateava o preço final do jornal, o que ajudava a ampliar sua penetração e sua cotidianização. Por outro lado, crescia a exigência de simplificação da linguagem, visando a um público maior. • o jornalismo já era sustentado pela publicidade; • as publicações já mostravam mais foco nos negócios, no comércio do que no estímulo à politização da opinião pública; • composição por linotipo (máquina que fundia os tipos na hora) • Informação e entretenimento se misturam de vez: acidentes, crimes, escândalos, sexo, epidemias, palavras cruzadas e esportes estimulavam o interesse do público pelos jornais (vendidos na rua por crianças pobres). • Nos EUA, o “jornalismo investigativo” expôs corruptos e magnatas • Imprensa concentrada nas mãos de poucos grupos (oligopólios): lordes Northcliffe e Beaverbrook (Reino Unido), Pulitzer (EUA), Hearst (EUA) História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 Largo do Machado, 1914 História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 Comissão Rondon: Série de expedições militares, pagas pelo Estado, que instalam postes e cabos telegráficos ligando Goiás e São Paulo à Amazônia, cruzando o Mato Grosso até a atual cidade de Porto Velho (então Santo Antônio), na beira do rio Madeira (1890-1913) História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 Santo Antônio - MT (atual Porto Velho - RO) História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 História dos Meios de Comunicação 2020.2 Para a próxima aula: • • • • • • Ouvir áudio de Era dos Extremos (1918-1945) Olhar a oitava fileira da Nuvem do Tempo Ouvir a playlist da era do rádio (1918-1945) Ler PDF com textos correspondentes Ver infográficos sobre rádio Assistir aos vídeos sugeridos Até semana que vem! História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 História dos Meios de Comunicação 2020.2 Prof. Pedro Aguiar aula 7 – A Comunicação na Era dos Extremos (1918-1945) História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 Comunicação na Era dos Extremos (1918-1945) • rádio: uso das ondas eletromagnéticas (hertzianas) para a propagação de sons (voz humana, música, ruídos); primeiro meio a ter “ao vivo” e portabilidade; primeiro meio de comunicação de massa • padre Roberto Landell de Moura (Brasil, 1892-1894) • Guiglelmo Marconi (Itália/França/Inglaterra, 1899) • fascismo: ideologia extremista de direita, financiada por empresários e por parte da imprensa e da mídia (rádio e cinema), criada na Itália em 1919 e que chega ao poder em apenas três anos (1922); depois Portugal (1926), Hungria (1932), Alemanha (1933), Espanha (1936), Romênia (1940) • socialismo real: pela primeira vez, há socialismo implantado na prática (até 1945, em só dois países: Rússia/URSS e Mongólia) • crise do capitalismo e do liberalismo: superprodução gera queda de preços e quebradeira de empresas privadas a partir de 1929, até a Segunda Guerra História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 Cinema vira indústria: surge Hollywood, polo produtor • O cinema se transforma em indústria: surgem os grandes estúdios e as produtoras, o star-system (“olimpianos” ou celebridades, astros do cinema) e a cidade de Hollywood, na Califórnia, supera Paris e vira o grande centro da produção cinematográfica comercial (porque lá chove muito pouco e, por isso, é mais fácil de filmar cenas em áreas externas – barateia custos). • Também surge o showbiz (de show business), o nome que se dá em inglês para o que a Escola de Frankfurt chamou de indústria cultural: o conjunto de setores de negócios baseados nas diversões, nas artes e na comunicação • imprensa e indústria editorial (jornais, revistas, livros, álbuns) • teatro musical (Broadway, West End, teatro de revista etc.) • cinema (adaptando e criando filmes-veículos para os outros) • música e indústria fonográfica (gravadoras, cantores, bandas, selos) • rádio (em associação estreita com gravadoras, cinema e teatro) • e, mais tarde, a televisão ou TV História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 Josephine Baker História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 Josephine Baker História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 Comunicação na Era dos Extremos (1918-1945) • A aviação comercial cresce a partir da década de 20, transportando pessoas e cargas, o que aumenta o alcance das publicações impressas e dos produtos de cultura e mídia (livros, filmes, discos, gravações). • Balões dirigíveis (como o zepelim – LZ 127 Graf Zeppelin) eram equivalentes aéreos dos transatlânticos; duraram até a guerra (1940) • anos 1900-1910: fizeram experimentos de radiotelecomunicações • usaram radiotelegrafia para se comunicar com terra (como navios) • na Segunda Guerra, praticaram guerra eletrônica e interceptação de sinais de rádio • Companhias aéreas criadas nesse período: KLM (1919), Avianca (1919), Aeroflot (1923), British Airways (1924), American Airlines (1926), United Airlines (1926), Lufthansa (1926), Iberia (1927), JAT (1927), LAN - atual LATAM (1929), Air France (1933), Turkish (1933), South African Airways (1934), Continental Airlines (1934), TAAG Angola (1938), TAP (1945) História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 Rádio: mídia de massas na sala de casa • De início, o rádio foi concebido para ser usado como um telégrafo sem fios, transmitindo impulsos eletromagnéticos a distância, e não som. • Mas, quando ficou claro que seria possível transmitir a voz humana, de maneira inteligível, a grandes distâncias e em simultâneo, os potenciais de comunicação foram exponenciados. Não seria mais preciso depender de decodificadores técnicos (por ex., aparelho de telégrafo) para a recepção. • Em 1915, David Sarnoff (funcionário de Marconi) concebeu que o rádio podia ser uma “pequena caixa de música”. Pensava que os intervalos entre as músicas poderiam ter “anúncios audíveis” nos tons apropriados a cada programa. A ideia foi rejeitada. Sarnoff então associou-se à GE de Edison para fundar a RCA, que vendeu milhares de aparelhos de rádio e tornou-se poderosa. • A tecnologia de rádio, desde o início, permite a comunicação em mão dupla. Seria possível que os aparelhos nas casas das pessoas fossem para ouvir e também transmitir. Mas não era interessante para a indústria fabricante: os aparelhos vendidos ao público foram fabricados apenas como receptores. História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 Rádio: mídia de massas na sala de casa • Apesar de o cinema e o jornal já serem meios de comunicação de massa desde a Belle Époque, o rádio comercial nasce nos anos 20 (pós-Primeira Guerra) como meio de comunicação de massa por excelência. • Não é preciso pagar para ouvir, depois de comprar o aparelho receptor. • A sustentação do rádio se dá pela publicidade: técnicas do impresso são adaptadas para o meio sonoro – aos poucos, nascem os jingles • O rádio nasce local, mas logo incorpora tecnologias de transmissão a longas distâncias, como ondas curtas, ondas longas e ondas tropicais. • Enquanto o cinema é mudo (até fim dos anos 1920), o rádio é a única maneira de conhecer a voz das pessoas famosas: os dois se complementam (imagem e som) em mídias diferentes. O rádio trouxe música para o cotidiano e trilha sonora para as relações amorosas. História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 Rádio: mídia de massas na sala de casa • No início, a publicidade no rádio era inaceitável. Nos EUA, chegou a ser proibida. Eram vetadas menções a preços e até às cores de pacotes ou localizações de lojas. Os primeiros anúncios tinham um tom mais educativo do que comercial. • Aos poucos, publicidades e patrocínios começaram a ser aceitos, pois bancavam os custos do rádio. Em 1922, nos EUA, é veiculado o primeiro comercial, “disfarçado”. Começou-se a pagar a músicos, locutores e técnicos, que antes trabalhavam de graça. A profissionalização exigia qualificação. • Com a publicidade no rádio, empresas alcançam clientes em países inteiros, não mais só nas cidades em que operam. Um executivo da Westinghouse disse: “Graças ao rádio, os comerciantes norte-americanos têm a chave da porta da casa dos ouvintes dos EUA”. • Frank Arnold, diretor da NBC, chamou o rádio de “a quarta dimensão da propaganda”. História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 Rádio: experimentações de linguagens com som • Os conteúdos sonoros do rádio foram sendo criados aos poucos: discursos de autoridades e políticos/ativistas/militantes, música, humor e jornalismo. • Músicas passam a ser feitas para tocar no rádio, padronizando tempo e estética (cantadas, mais curtas, mais sincopadas, mais estridentes). • muitos estilos musicais (clássica, erudita, ritmos tradicionais) não eram bem captados pelo rádio nas primeiras décadas • daí se diz que a música pop é bem “radiofônica” • A fala dos apresentadores, atores, jornalistas, vai desenvolvendo uma linguagem própria para o meio (ritmo, prosódia, pronúncia), diferente da oralidade imediata, e por sua vez influencia a língua coloquial. • “A Guerra dos Mundos” (EUA, 1938): radiodrama de Orson Welles que adaptou o livro de ficção científica de H. G. Wells como se fosse noticiário, misturando linguagens e gerando pânico na população de parte dos EUA História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 Orson Welles História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 Rádio no Brasil: o início • Após os experimentos de Landell de Moura, só volta a ter rádio no Brasil com o radiotelégrafo das empresas estrangeiras (Marconi, RCA e outras) • Em 1919, é fundada em Recife a Rádio Clube de Pernambuco, primeira emissora de rádio do país. • Em 1922, é feita a primeira demonstração “oficial” de rádio, na Exposição do Centenário da Independência, no Rio (do Corcovado para a Urca). • pela Westinghouse, a pedido da RGT (Repartição Geral dos Telégrafos) • Em 1923, Roquette-Pinto funda a Rádio Sociedade do Rio de Janeiro. • As “rádio-clubes” e “rádio-sociedades” pretendiam funcionar à base de “financiamento coletivo” por parte dos próprios ouvintes, mas na prática poucos associados pagavam em dia. O rádio brasileiro só começou a se tornar financeiramente sustentável com ajuda do Estado e com publicidade, em meados dos anos 1920. História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 Rádio no Brasil: a “era de ouro” • Principais emissoras: Rádio Nacional (1936, estatizada em 1940), Rádio Mayrink Veiga (1926-1965), Rádio Tupi (1935), Rádio Educadora Paulista/Gazeta (1924-1943), Rádio Record (1928), Rádio Sociedade (19231936, depois Rádio MEC), Rádio Transmissora (1936-1944, depois Globo) • Radialistas criaram programas de variedades e de auditório, adaptando a linguagem do teatro (especialmente teatro de revista; show de calouros e vedetes). Entre eles, destacam-se César Ladeira, César de Alencar, Ademar Casé, Lamartine Babo, Ary Barroso • Cantores populares fizeram carreira no rádio: Carmen Miranda, Francisco Alves, Orlando Silva, Sílvio Caldas, Lupicínio Rodrigues, Vicente Celestino, Aracy de Almeida, Isaurinha Garcia, Dircinha Batista, Emilinha Borba, Marlene • Radionovelas: “A Predestinada” (1941), “Em Busca da Felicidade” (1942) • Publicitários criaram jingles marcantes: Pão Bragança, Rum Creosotado História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 Emilinha & Marlene História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 Luiz Gonzaga História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 Rádio, modernismo e fascismo • Depois do gramofone e do telefone, as casas passam a ter aparelho de rádio. O número de objetos do cotidiano aumentava, ficando familiar. • Aldous Huxley: “A produção em massa é admirável quando aplicada a objetos materiais, mas não é tão boa quando aplicada às questões do espírito” (apud WU, Tim. 2012, p.21). • Vanguardas modernistas tentavam aproximar a arte das massas. Projetos distintos apareceram nisso, desde o movimento antropofágico de Oswald de Andrade, Tarsila do Amaral, Raul Bopp e Pagu, até a “Escola da Anta” de Plínio Salgado – que derivou em uma corrente política afim ao fascismo. • Modernistas fundaram revistas culturais, escreveram artigos na imprensa geral e usaram os meios de comunicação disponíveis para divulgar seus manifestos e suas propostas estéticas. • ...e os fascistas, depois, fizeram o mesmo. História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 crédito: Atlas FGV/Bernardo Joffily https://atlas.fgv.br/brasil-500-anos História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 Plínio Salgado História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 As mídias do integralismo, o fascismo jeca • A Ação Integralista Brasileira (nome do partido fascista de Plínio Salgado) montou diversos veículos de comunicação para difundir sua ideologia. Antes mesmo da AIB, Plínio já tinha editado o jornal A Razão (1931-1932), que traduzia e republicava artigos de Mussolini e jornalistas nazistas. • O jornal Acção (1936-1938) foi o principal veículo da AIB. Tinha sede em SP e circulação diária. Havia também os jornais A Offensiva, O Integralista e Monitor Integralista, entre outros. Eles cooperavam na rede Sigma Jornais Reunidos, que trocava textos e fotos. A linha era fascista e anticomunista. • A revista Anauê era de agitação, mais ilustrada e voltada aos jovens. • A revista Hierarquia (na grafia da época, Hierarchia) trazia artigos doutrinários e de comentários sobre a política nacional e internacional. • Os integralistas não chegaram a ter rádio, mas algumas emissoras simpáticas ao movimento transmitiam discursos dos líderes da AIB. História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 Miguel Reale História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 crédito: Atlas FGV/Bernardo Joffily https://atlas.fgv.br/brasil-500-anos História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 O Globo, 1925 História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 A comunicação dos governos de Getúlio Vargas • Nos três períodos de governo de Getúlio Vargas (1930-1934: provisório; 1934-1937: constitucional; 1937-1945: ditadura do Estado Novo), os meios de comunicação foram usados para disseminar a visão oficial dos fatos e fazer propaganda em favor do presidente. • O principal estrategista de comunicação de Getúlio foi o jornalista sergipano Lourival Fontes (que seria próximo de empresários de mídia até os anos 60), um simpatizante do integralismo e do fascismo. • Em 1935, foi criado o programa de rádio oficial Programa Nacional, depois renomeado como Hora do Brasil (1938), atual A Voz do Brasil (1962). • Em 1937, foi criada a Agência Nacional, agência de notícias oficial. • Na virada de 1939 para 1940, foi criado o DIP (Departamento de Imprensa e Propaganda), que reunia toda a estrutura de mídia oficial – e a censura. História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 Lourival Fontes Getúlio Vargas História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 O nazi-fascismo e os meios de comunicação • Benito Mussolini (1883-1945) era jornalista de carreira e tinha editado jornais do Partido Socialista Italiano, com o qual rompeu na 1ª Guerra. • Usou o rádio para transmitir seus discursos, cheios de dramaticidade e retórica aristotélica (persuasão, ritmo, pathos) • Fundou a Cinecittà, polo cinematográfico italiano em Roma • Adolf Hitler (1889-1945) era pintor frustrado. Fazia desenhos sob encomenda, incluindo marcas e distintivos. Talvez hoje fosse considerado designer gráfico. • Seu ministro da Propaganda (diríamos hoje marqueteiro) era Josef Goebbels, professor de literatura e articulista de jornais. Ele editou o jornal do partido nazista, Der Angriff, depois Das Reich (1927-1945). • Ao chegarem ao poder (1933), os nazistas confiscaram jornais, rádios e agências de notícias – inclusive dos empresários apoiadores • Lançaram o Volksempfänger, receptor de frequências pré-definidas de rádio, distribuído de graça para a população • O cinema nazista destacou-se com a cineasta Leni Riefenstahl, diretora de “O Triunfo da Vontade” História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 Benito Mussolini História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 Josef Goebbels História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 Goebbels História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 Leni Riefenstahl História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 Leni Riefenstahl História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 Goebbels Leni Hitler História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 Meios de comunicação entre socialistas e democratas • Não foram só fascistas que usaram o rádio, o cinema e a imprensa com fins políticos. Governantes democratas e socialistas também criaram, financiaram e falaram nos meios de comunicação antes e durante a guerra. • Na URSS, o secretário-geral Stalin (1879-1953) estimulou o cinema de Eisenstein (até 1945) e a música de Prokofiev, Khatchaturian e Shostakovitch, além dos jornais Pravda e Izvestia, e da agência TASS • O principal assessor de Stalin para comunicação e cultura foi Andrei Jdanov, que concebeu a estética do realismo socialista • No Reino Unido, o primeiro-ministro Winston Churchill (1874-1965) usou o rádio para fazer discursos e tentou controlar a BBC • Nos EUA, o presidente Franklin Roosevelt (1882-1945) criou o programa de rádio Fireside Chats (“Papo ao pé da lareira”) de 1933 a 1944, em que usava um estilo intimista para falar com os ouvintes, como numa conversa. História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 Stalin História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 Winston Churchill História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 Franklin Roosevelt História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 Teletipo: o sucessor do telégrafo • O telégrafo elétrico parecido com o de Wheatsone & Cooke, com o código Morse (depois suplantado pelo código Baudot, francês), continuou em uso por quase 80 anos, até a década de 1920. • Nessa época, o telégrafo começou a ser substituído pelo teletipo: um receptor de telégrafo integrado com máquina de escrever • vantagem: não precisava mais decodificar os pontos e traços • podia ser reproduzido em outro teletipo por meio da fita perfurada • adotado como padrão pelas agências de notícias e por governos, diplomatas, forças armadas, além de jornais e rádios • O principal fornecedor de teletipos foi a empresa alemã Hellschreiber – mesmo quando começou a Segunda Guerra contra a Alemanha • outros: Creed & Co. (Reino Unido), Morkrum (EUA), Olivetti (Itália) História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 teletipo, anos 40 agência EFE (Espanha) História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 A influência norte-americana na mídia brasileira • RCA já operava no Brasil (como Companhia Radiotelegraphica Brasileira) desde 1919; United Press, desde 1916; Associated Press, desde 1919 • Standard Oil patrocina o Repórter Esso, boletim noticioso do rádio (1941 até 1968 no rádio; depois na TV de 1952 a 1970) • também teve versões em Argentina, Chile, Colômbia, Costa Rica, Cuba, Honduras, Nicarágua, Panamá, Peru, Porto Rico, República Dominicana, Uruguai e Venezuela • Walt Disney vem ao Rio em 1941 (faz “Alô, Amigos!”); Orson Welles vem ao Rio em 1942 (começa “It’s all true”, inconcluso) • Carmen Miranda é convidada para cantar e atuar em filmes em Hollywood • Mais empresas dos EUA abrem filiais no Brasil, anunciando produtos • Nos anos 40, Pompeu de Souza e Samuel Wainer trabalham nos EUA e trazem influências para reformar a imprensa brasileira na década seguinte História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 Nelson Rockefeller coordenador OCIAA propaganda dos EUA na América Latina (1940-1944) dono da ESSO “Política de Boa Vizinhança” História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 Walt Disney em Copacabana História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 Walt Disney Millôr Fernandes História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 Lourival Fontes Orson Welles História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 previsão sobre o futuro do jornal na televisão, anos 30 História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 História dos Meios de Comunicação 2020.2 Para a próxima aula: • • • • • • Ouvir áudio de Era Espacial e Guerra Fria (1945-1975) Olhar a nona fileira da Nuvem do Tempo Ouvir as três playlists (1945-1956, 1956-1968 e 1968-1975) Ler PDF com textos correspondentes Ver infográficos sobre televisão Assistir aos vídeos sugeridos Até semana que vem! História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 História dos Meios de Comunicação 2020.2 Prof. Pedro Aguiar aula 8 – A Comunicação na Era Espacial e na Guerra Fria (1945-1975) História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 Comunicação na Era Espacial e Guerra Fria (1945-1975) • Guerra Fria: conflito geopolítico entre bloco capitalista, liderado pelos EUA, e bloco socialista, liderado pela URSS (diplomático diretamente entre as duas superpotências e armado indiretamente entre os países periféricos); dura de 1945 até 1989 • a chamada “Cortina de Ferro” era a linha divisória na Europa, entre Europa Ocidental (capitalista) e Leste Europeu (socialista) • o ponto mais concreto dessa Cortina de Ferro foi o Muro de Berlim • houve bloqueio de comunicações entre leste e oeste, mas também muitas iniciativas de propaganda e contrapropaganda ideológica de um lado para o outro, especialmente pelo rádio e por agências • A competição tecnológica e armamentista entre EUA e URSS é marcada pela corrida espacial, que dá início à Era Espacial: período em que o ser humano alcança o espaço, especialmente para instalar satélites artificiais de telecomunicações e espionagem • Surge o conceito de “telecomunicações”: comunicação a distância História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 Comunicação na Era Espacial e Guerra Fria (1945-1975) • A televisão é inventada nos anos 30 na URSS e Alemanha; até o fim da 2ª Guerra, transmitida em caráter experimental no Reino Unido, nos EUA, na URSS e no Japão; só começa a ter emissoras e transmissão permanente no final da década de 1940 (restrita aos EUA e a alguns países da Europa) • anos 50: espalha-se rapidamente pela América Latina (México, Brasil e Cuba), Europa Ocidental, União Soviética, Japão • anos 60 e 70: África, resto da Ásia, Caribe e Oceania • na Europa, predomina o modelo da televisão pública (estatal) • na América, predomina a televisão comercial (com publicidade) • a TV começa em “preto e branco” (como o cinema) e ao vivo; • programação gravada em película; o video tape chega nos anos 60 • até anos 80, só havia TV aberta; só depois vem TV por assinatura • satélites: objetos artificiais postos em órbita e usados para refletir ondas eletromagnéticas e facilitar telecomunicações: telefonia, rádio, TV e sinais fechados (uso estratégico, diplomático e militar); amplia alcance de sinais História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 1957 Sputnik (URSS) primeiro satélite artificial História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 Cultura de massas segmentada em grupos urbanos • Nos anos 50, começa o rock’n’roll, gênero musical com várias influências afro-americanas e europeias, que logo gera uma variedade de subgêneros • 50s: rockabilly (brilhantina), rock’n’rollers (primeiros roqueiros) • 60s: mods, surf music, folk rock • 70s: rock progressivo, heavy metal, glam, punk • o rock cria público cativo (fandom), bandas produzidas e produtos de mídia em série (discos, filmes, shows e primeiros videoclipes) • Outros ritmos populares na época são o jazz, o swing e o big band (EUA) • nascem a hit parade (parada de sucessos), a rádio “top 40”, o gênero “adulto contemporâneo” e a música de elevador • No Brasil, entre o fim dos anos 50 e o início dos 60, surge a bossa nova, ritmo das elites urbanas de Rio e Salvador, adaptado do samba com influências do jazz norte-americano, europeu e caribenho • a bossa nova é o primeiro grande produto cultural de exportação brasileiro; na mesma época, desponta o sucesso do futebol do país História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 Tipos de discos de vinil: LP (long play) 30 cm de diâmetro 7 músicas cada lado duplo: “álbum” EP (extended play) 25 cm de diâmetro 3 músicas cada lado compacto (single) 18 cm de diâmetro 2 músicas cada lado medida de rotações: 78 rotações (RPM) 45 rotações (RPM) 33 1/3 rotações (RPM) História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 Contracultura fagocitada pela indústria cultural • Os anos 50, 60 e 70 veem nascer vários movimentos que contestam o modo de vida e de consumo nas sociedades industriais urbanas (esp. “ocidental”) e criam novos estilos, modas, gêneros musicais e estéticos: • beatniks (EUA, 50s) • hippies (EUA, Europa Ocidental, Austrália, 60s/70s) • Tropicália (Brasil, 60s/70s) • reggae e rastafarianismo (Jamaica/UK/África, 30s até hoje) • Por mais paradoxal que seja, vários dos produtos culturais criados por esses movimentos acabam, eles mesmos, incorporados e vendidos pela mesma indústria cultural da ordem capitalista que tanto criticavam • seus livros, discos e filmes alimentam a sociedade de consumo • Na América Latina, o triunfo da Revolução Cubana (1959), o guevarismo e a curta experiência chilena (1970-1973) ensejam uma contracultura particular, com os cantautores, cinemas novos e realismo mágico História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 Primeiros anos da televisão no mundo • 1939: TV apresentada publicamente na Feira Mundial de Nova York • 1941 (EUA): transmissões televisivas passaram a ter horários específicos • Na virada dos anos 40 para 50, a fabricação e a compra de aparelhos de TV saltam de 178 mil para 20 milhões. Vira aparelho doméstico, produto de consumo de massa. • Empresas privadas de TV nasceram ligadas a empresas de rádio e jornais. Empresas públicas foram criadas por governos ou parlamentos (Estado). • As ações das emissoras disparavam no mercado financeiro. • Durante a Guerra Fria, as mídias (principalmente o rádio) se prestavam à propaganda ideológica. • Em 1950, a TV passa a usar a medição de audiência também (IBOPE). História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 Três principais redes de TV nos Estados Unidos (50-90) CBS - Columbia Broadcasting System ABC - American Broadcasting Company NBC - National Broadcasting Company História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 Televisão, a “caixa mágica” – ou rádio com imagens • A TV reconfigurava hábitos culturais. Ela rapidamente assumiu seu potencial de entretenimento. Todo um público de baixa renda adquiria um novo lazer. Profissionais iam do rádio para a TV. O público do cinema diminuía. A solução das produtoras de filmes: contratos de exibição de filmes em TV, a partir de 1950. • Nos EUA, a publicidade sustentava e mandava nas emissoras. • No Reino Unido, houve debates sobre o “problema do rebaixamento do nível das mensagens”. A coroação da rainha Elizabete II em 1953 foi “reformatada” para a TV e assistida por 20 milhões de pessoas no mundo, transmitida pela BBC via satélite. • A TV pública japonesa NHK descobriu, por meio de pesquisa de mercado de 1960, que um japonês adulto gastava em média, por dia, 3h11min vendo TV. Crianças, um pouco mais (“tempo de tela”) • Em meados dos anos 1960, cerca de 90 países já tinham um crescente consumo de TV: 750 milhões de pessoas. História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 Padrões tecnológicos de TV analógica (1950s-2010s) História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 Introdução da TV em cores História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 Grupos empresariais de mídia no Brasil • Empresas de imprensa (jornais e revistas), de rádio, de cinema e de outros setores da economia (portos, café, química, farmacêuticas etc.) abriram emissoras de TV e concorreram por audiência desde os anos 50. Algumas: • Diários Associados (Assis Chateaubriand); existe até hoje, porém menor • Emissoras Reunidas (Paulo Machado de Carvalho); desde os anos 50; embrião das atuais Jovem Pan (ainda na família) e Record (Edir Macedo) • Organizações Victor Costa (Victor Costa); comprada pela Globo em 1967 • Excelsior e PanAir (Mário Wallace Simonsen); falido pela ditadura • Grupo Bandeirantes (João Jorge Saad e Johnny Saad), desde os anos 30; originalmente ligada ao político paulista Ademar de Barros • Grupo Sílvio Santos e SBT (Sílvio Santos), desde os anos 70 • Bloch Editores e Rede Manchete (Adolpho Bloch); dos anos 50 aos 90 • Grupo Globo (Roberto Marinho e filhos); desde os anos 20 (jornal) • Dos anos 70 em diante, a liderança em audiência e em receita publicitária passou a ser exercida pela TV Globo, por meio da Rede Globo História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 Assis Chateaubriand História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 Dutra Plínio Chatô JK História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 Televisão: a filha do teatro com o rádio • Assim como o rádio experimentou linguagens nas suas primeiras décadas, também a TV foi adaptando gêneros e formatos para montar sua programação, até definir o que seria o modelo de linguagem televisiva. • Vários dos gêneros de TV foram adaptados do próprio rádio, só que com inúmeras influências do teatro (especialmente para a atuação e direção) • radiojornais -> telejornais (com influência dos cinejornais) • transmissões esportivas (acrescentando imagens) • programas de auditório (já eram feitos em teatros) • radionovelas -> telenovelas (ou só novelas) • rádio-séries -> seriados (hoje chamados de “séries”) • Além da produção própria, a TV também escolheu exibir conteúdos de produção externa, trazidos de outras mídias (em geral, de conglomerados) • filmes de longa-metragem (ficção e documentários) • desenhos animados • videoclipes (anos 70 em diante) História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 Heron Domingues História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 Televisão: informa ou deforma? • A TV influenciou fortemente a criação do conceito de “aldeia global”, por McLuhan (1964). Essa ideia, antes da internet, enfatizava como o mundo se tornaria menor, com a humanidade compartilhando cultura e valores por meio da mídia de massa (especialmente programas de TV exportados). • Argumento de crítica à TV: ela não equilibra entretenimento com educação e informação, mesmo sendo uma concessão pública. • Argumento em defesa da TV: sua vocação é entreter, e não educar. • Surgiram TVs educativas em vários países, geralmente públicas. • Hoje, nos perguntamos sobre os possíveis efeitos nocivos da TV e da Internet sobre as pessoas (principalmente as crianças e os jovens). História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 Walter George Durst autor de novelas Walter Forster ator Walter Clark executivo de TV Walter Avancini diretor dedenovelas História dos Meios Comunicação . GCO 00243 A infância da televisão • Nos anos 50 e 60, a TV era praticamente toda feita ao vivo, inclusive a publicidade e a teledramaturgia, ensaiados de antemão (como no teatro) • muitos erros, gafes, bloopers e improvisação • os poucos conteúdos pré-gravados eram filmados em película • é por isso que há poucas imagens da programação dessa época • muito material não sobreviveu, inclusive porque houve incêndios • Só com a chegada do video tape (fita de vídeo), no final dos anos 60, é que programas e anúncios começam a ser gravados e distribuídos • o video tape transforma o telejornalismo e a teledramaturgia • emissoras passam a comprar muito mais conteúdo estrangeiro • entrada em massa de seriados dos EUA (pejorativo: “enlatados”) • A grade de programação (regular e repetida ao longo da semana) só foi criada mais para o final dos anos 50, e adotada aos poucos, criando hábitos de audiência e de previsibilidade para inserções publicitárias. História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 A comunicação da ditadura militar brasileira (1964-85) • Os militares que tomaram o poder à força em 1964 instauraram uma ditadura que prendeu, torturou e matou pessoas, ignorando as leis ou mudando-as como queriam (“atos institucionais”: não eram decretos nem MPs, nunca existiram na constituição; aberração jurídica autoritária). • de 1968 a 1978 (vigência do AI-5) houve censura prévia à imprensa e também à mídia de entretenimento (novelas, músicas, filmes) • Muitas das vítimas da ditadura eram jornalistas e outros profissionais de comunicação, como músicos, atores, autores de novelas e cineastas. • A ditadura militar instalou infraestrutura de telecomunicações (antenas, satélites, emissoras) e investiu em propaganda ideológica (para defender as ações do governo, como obras públicas e campanhas de alfabetização, mas também de terrorismo de Estado contra esquerda e guerrilhas). • Além disso, empresas privadas também produziam publicidade que exaltava a ditadura e valores ideológicos de direita e do capitalismo. História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 enciclopédia Retrato do Brasil (1984), fascículo 34, p. 199-204 História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 enciclopédia Retrato do Brasil (1984), fascículo 34, p. 199-204 História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 Modernização da imprensa e da publicidade • Um pouco antes de começar a ditadura, os jornais brasileiros adotaram práticas para modernizar seu funcionamento, criando regras, funções e cargos para produzir jornais como numa fábrica, de modo mais racional, mais padronizado, mais previsível e menos sujeito ao improviso. • A reforma gráfica do Jornal do Brasil, no Rio (1958-1961), foi o principal marco desse processo de modernização. • Vários jornais e revistas elaboraram manuais de redação para padronizar os formatos e o estilo de seus textos • Processo parecido aconteceu com a publicidade, quando agências brasileiras começaram a crescer (concorrendo com as agências estrangeiras) e grandes empresas montaram departamentos de marketing • Durante a ditadura, nos anos 70 e 80, também houve um forte aumento do número de assessorias de imprensa (dentro das empresas e também terceirizadas), para mediar a relação das organizações com a imprensa. História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 Chatô Bloch História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 Lacerda História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 Nasce o império da Rede Globo (com ajuda da ditadura) • Roberto Marinho já tinha saltado do jornal para o rádio em 1944, ao comprar a Rádio Transmissora do RJ e transformá-la em Rádio Globo • Em 1957, ganhou concessão do governo federal para canal de TV no Rio e levou oito anos até comprar os equipamentos e terrenos para estúdios • Fez acordo com um conglomerado de mídia dos EUA, o grupo Time-Life (das duas revistas de referência), para obter dólares de investimentos (o que era proibido pela legislação brasileira) como joint-venture • Time-Life mandou Joe Wallach para dar “assistência técnica” • A ditadura militar instalou antenas de retransmissão pelo país, criou a Embratel (1965) e entrou no consórcio Intelsat (pagava para usar satélites) • Com a infraestrutura de telecomunicações instalada, a TV Globo pôde montar uma rede de alcance nacional, com 5 emissoras próprias e mais dezenas de emissoras afiliadas, que entrou no ar em 26 de abril de 1965 História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 Cid Moreira História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 Sérgio Chapelin História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 Chacrinha Sílvio Santos (Abelardo Barbosa) (Senor Abravanel) História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 crédito: Atlas FGV/Bernardo Joffily https://atlas.fgv.br/brasil-500-anos História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 Rede Globo: ascensão e hegemonia na TV brasileira • O crescimento vertiginoso da Rede Globo nos anos 70, ajudado pela ditadura, se deu à custa do declínio da TV Tupi e dos Diários Associados • Assis Chateaubriand morreu em 1968 (mesmo dia de Luther King) • deixou grupo de herança para executivos (condomínio associado), que sucumbiu para a concorrência em TV, rádio, revista e jornais • em 1981, a ditadura tirou concessões da Tupi e deu a dois outros empresários de mídia: Adolpho Bloch (Manchete) e Sílvio Santos • A ditadura também fez por onde para afundar a TV Excélsior, do empresário Mario Wallace Simonsen, que não tinha apoiado o golpe 64 • Várias afiliadas da Rede Globo pertencem a empresários e/ou políticos com forte poder regional, como os Sarney (TV Mirante, MA), os Collor (TV Gazeta, AL), os Magalhães (Rede Bahia, BA), os Câmara (GJC, GO), os Zahran (MT e MS), os Cunha Pereira (RPC, PR) e os Sirotsky (RBS, RS) História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 crédito: Atlas FGV/Bernardo Joffily https://atlas.fgv.br/brasil-500-anos História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 1950-1965 Predomínio da TV Tupi modelos do rádio e teatro 1965-1980 Concorrência Tupi/Globo telejornalismo e telenovelas 1980-2009 Predomínio da TV Globo segmentação por assinatura 2009-hoje Concorrência Globo/Record adesão ao streaming crédito: jornal O Tempo, BH, 2007 História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 História dos Meios de Comunicação 2020.2 Para a próxima aula: • • • • • • Ouvir áudio de Virada do Capital (1975-1989) Olhar a décima fileira da Nuvem do Tempo Ouvir a playlist de Virada do Capital (1975-1989) Ler PDF com textos correspondentes Ver infográficos sobre computador e videogame Assistir aos vídeos sugeridos Até semana que vem! História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 História dos Meios de Comunicação 2020.2 Prof. Pedro Aguiar aula 9 – A Comunicação na Virada do Capital (1975-1995) A Comunicação na Virada do Capital (1975-1989) • financeirização: capital financeiro assume protagonismo no capitalismo, deslocando a indústria e atividades produtivas (agricultura, extrativismo) • fim do lastro padrão-ouro do dólar (1971) • câmbio flutuante, moeda fiduciária (virtual) • começa a cultura yuppie: (de YUP, young urban professionals), o antecessor do tipo sociológico “coxinha” ou “farialimer” • informatização: de tecnologia restrita a universidades, militares e grandes empresas até uso doméstico generalizado • “um computador em cada casa” (Bill Gates) • integração das indústrias culturais: parte da reestruturação do capital • conteúdo transmídia: “leia o livro, veja o filme, ouça o disco” • colecione o álbum, compre o brinquedo, leia a revistinha, assista ao desenho ou seriado na TV • início do blockbuster como estratégia de produção • nasce o pop. História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 O início da computação (ou “informática”) • Primeiros computadores eram gigantescas máquinas de calcular (cômputo = conta, cálculo; computar = calcular), como calculadoras ou caixas registradoras criadas para fazer cálculos mais complexos • Principais empresas fabricantes eram Burroughs (do pai do beatnik William S. Burroughs) e International Business Machines (IBM) • A demanda por essas máquinas vinha de todas as organizações (empresas ou setor público) que tivessem de processar grandes quantidades de dados, até então organizadas em tabelas, planilhas, fichas e cadastros em papel ou cartões perfurados. • órgãos públicos de previdência social sempre foram alguns dos maiores usuários de sistemas de computação; receita também • A IBM teria vendido “computadores” para os nazistas administrarem seus campos de concentração, bem como serviços de assistência técnica. História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 O início da computação (ou “informática”) • 1944: Colossus de Alan Turing decifra o ENIGMA (criptografia nazista) • Entre 1944 e 1946, o exército dos EUA solicita o desenvolvimento dos primeiros “computadores” (Mark 1 e ENIAC), para medir trajetórias balísticas (contexto: fim da Segunda Guerra e início da Guerra Fria). • Em 1945, surge o conceito de hipertexto (por Vannevar Bush): textos que remetem a outros textos (ou documentos) – origem da ideia de link. • EUA, 1946: é criada a RAND (Research and Development Corporation), para fazer pesquisas sobre análise de sistemas, aplicadas ao militarismo. • Reino Unido, 1951: a empresa Ferranti começa a vender os primeiros computadores comerciais (para bancos e grandes empresas). A IBM (EUA), que fazia calculadoras, faz o mesmo em 1952, com 1º programa instalado. • O físico Gordon Teal (EUA) substitui o germânio pelo silício (ou sílex, matéria da areia) como material do chip (processador de computação). História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 Colossus Mark 1 História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 ENIAC (EUA, 1945) História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 ENIAC (EUA, 1945) História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 ENIAC (EUA, 1945) História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 O início da computação (ou “informática”) • EUA, anos 40: Norbert Wiener ministra cursos sobre cibernética (arte ou ciência do controle de informações, nome que ele criou a partir do grego antigo kybernetes, arte do governo, controle ou pilotagem). • Claude Shannon (um dos criadores da Teoria Matemática da Comunicação, ou Teoria da Informação - trabalhou para a Bell Systems, laboratório de pesquisas da AT&T, com criptografia) assistia aos cursos de Wiener. • EUA: 1964: Gordon Moore (fundador da Intel) e sua “Lei de Moore”: a cada 18 meses, dobra a capacidade de processamento dos computadores. Anos 60 foram a década da “compressão digital”: o chip de silício e a miniaturização dos computadores (das válvulas aos transístores). • Em 1963, surge o conceito de hiperlink (elaborado por Ted Nelson), adaptado da lógica da remissão de verbetes nas enciclopédias. História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 As primeiras redes de computadores • EUA, 1955: o governo contrata engenheiros do MIT para criarem o SAGE (Semi-Automatic Ground Environment), com base tecnológica da IBM, criando “diálogos” entre computadores, por pacotes de informação. • EUA, 1958: O Pentágono cria a ARPA (Agência de Projetos de Pesquisa Avançados), para o sistema de defesa, já no contexto da Guerra Fria, como resposta ao Sputnik soviético. • Em 1972, rebatizada de DARPA (Agência de Projetos de Pesquisa Avançados em Defesa), para “ciência da informação tecnológica” • Em 1969, a ARPA cria a ARPAnet, uma rede de computadores do sistema de defesa dos EUA baseada na comutação de pacotes de informação: em vez de ligar circuitos em série, como na telefonia, transmitia dados • Ideia de acentramento: numa possível “guerra termodinâmica”, o inimigo não deve poder destruir nem tomar o controle das informações nos computadores norte-americanos. História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 A interconexão do mundo • No final dos anos 60, Marshall McLuhan difunde a ideia de “aldeia global” e dos meios de comunicação como extensões do corpo humano • Nos anos 70, surgem expressões como “sociedade da mobilidade” e “sociedade da informação” (Daniel Bell). • O Telex (sucessor do teletipo) se difunde: rede privada de comunicação ao alcance das empresas. • O fax começa nos anos 60, se espalha nos 70 e chega ao auge nos anos 80. • Surgem os protocolos TCP/IP (Transfer Control Protocol e Internet Protocol), para a troca de informações na rede (e-mails). • Entre 1973 e 1980, a campanha dos países periféricos pela NOMIC (Nova Ordem Mundial da Informação e da Comunicação) mobilizou a ONU, a UNESCO, governos e pesquisadores, e sofreu forte oposição da mídia História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 Informatização das empresas e dos lares • Até fim dos anos 70, computadores são equipamentos usados nos locais de trabalho, nas empresas, bancos, setor financeiro e centros de pesquisa • Em 1977, é lançado o PC (computador pessoal), microcomputador pensado para ser um aparelho doméstico como a TV, o rádio e a vitrola • Nos anos 80 (nos EUA, Europa Ocidental e Japão), o PC ou “micro” se torna comum nas casas das classes médias e altas • No Brasil e América Latina, isso só acontece nos anos 90 • Os computadores domésticos trazem hábitos antes restritos a empresas e certos profissionais: processar, editar e imprimir textos (antes era a mão); processar gráficos (primeiro, rudimentares; depois, até fotos); tabular grandes quantidades de dados; jogar jogos eletrônicos para PC (Tetris) • Primeiros PCs tinham teclado, monitor (às vezes, TV velha), impressora e drive de fita cassete; nem todos tinham mouse ainda, nem disco rígido História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 Steve Jobs História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 Bill Gates História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 Do somente-texto às primeiras interfaces gráficas • No início, as telas dos computadores só mostravam caracteres (letras, algarismos, sinais de pontuação). Tudo era texto, inclusive para compor gráficos (Bannermania). • Sistema operacional mais comum: MS-DOS, da Microsoft (disk operating system), baseado em comandos de texto que deviam ser digitados numa linha de comando reciclável (e, portanto, decorados pelos usuários) • acordo entre Microsoft e IBM fez o DOS já vir instalado nos PCs • Um laboratório de pesquisas da Xerox (em Palo Alto, na Califórnia) cria o “indicador de posição X-Y para um sistema de exibição” (mouse). • Na segunda metade dos anos 80 se espalham as interfaces gráficas de usuários (GUI), pensadas para facilitar o uso para consumidores leigos • O Amiga, da Commodore, foi um dos primeiros PCs a vir com GUI • Em 1984, a Apple lança o Macintosh, primeiro a fazer sucesso • Em 1985, a Microsoft lança o sistema operacional gráfico Windows História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 Dos jogos de PC aos consoles de videogame • Após os jogos programados para computadores, a próxima geração de jogos eletrônicos é produzida para consoles próprios com controles de movimento (joysticks) e que tinham jogos embutidos na memória, com seletor, ou dependiam de cartuchos, e que podiam ser conectados à TV • Telstar (Coleco) 1ª geração • Intellivision (Mattel) 2ª geração • Atari 2600 ou Atari VCS, Video Computer System (Atari) 2ª geração • O arcade (fliperama) era na rua; o videogame traz para dentro de casa • Grande entrada de empresas japonesas e europeias no mercado: • Atari (Japão) • Nintendo (Japão) • Sega (Japão) • No Brasil, até meados dos anos 90, videogame era “brinquedo de rico”; fliperamas (anos 70/80) e lan houses (anos 90/2000) são espaços de acesso a jogos em PCs ou consoles, em shoppings, bares e periferias História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 Intellivision História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 Atari História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 Consumo de massa de aparelhos de mídia • Os anos 70 tiveram muitas invenções de aparelhos de comunicação e consumo de mídia para uso doméstico. No início, eram muito caros e só comprados por pessoas de alto poder aquisitivo (ou aficionados por tecnologia: os primeiros geeks). • aparelhos de som (toca-discos, toca-fitas, rádio e amplificador) • gravadores de som (fita cassete) e microfones • projetores de slides • videocassetes (gravadores e reprodutores de vídeo doméstico) • câmeras filmadoras portáteis (Super8 - filme, Betacam, VHS) • toca-fitas portáteis • Nos anos 80, esses aparelhos espalham-se pelos países subdesenvolvidos para as classes médias, e aí se forma um mercado de massa para o consumo desses conteúdos: fitas VHS, LPs (depois CDs), cartuchos... • abrem as videolocadoras nas grandes cidades • começa cultura do remix: faz-se em casa o que só se fazia na mídia História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 projetor de slides aparelho que projeta fotografias positivas em película transparente disposta em moldura plástica História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 Sony início no Japão em 1946 (pós-guerra) como fabricante de rádios e gravadores de som (em fita) diversificou-se para fabricar toca-fitas, toca-CDs e portáteis videocassete, videogames e TV principais produtos: walkman e discman História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 Betamax VHS História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 Guerra nas Estrelas: aposta certeira de George Lucas • Filmes de ficção científica já eram um gênero consolidado nos anos 70, mas frequentemente tinham efeitos visuais de baixa qualidade (Flash Gordon, Buck Rogers, Barbarella, Planeta dos Macacos) ou eram dedicados a especulações filosóficas sobre o futuro (2001, Solyaris) • O cineasta independente George Lucas concebeu Guerra nas Estrelas como um filme que não apenas contasse uma história de aventura envolvente, mas investisse em efeitos visuais (combinando maquetes, maquiagem, trucagem em pós-produção e efeitos computadorizados) • Após receber várias negativas, a 20th Century Fox concordou em distribuir e custear o filme, deixando para Lucas os direitos sobre merchandising • O filme gerou mais dinheiro com produtos derivados do que com bilheteria, lançando um novo modelo de negócios para a indústria • Star Wars gerou um universo transmidiático, incluindo programas de TV, quadrinhos, brinquedos, jogos de tabuleiro e videogames História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 Veja o filme, ouça o disco, leia o livro, jogue o jogo... • O sucesso de Star Wars foi um dos primeiros exemplos de uma mudança de estratégia nas indústrias culturais no final dos anos 70 e início dos 80, quando produtos culturais para diferentes mídias começaram a ser lançados de forma articulada e combinada. • Passou a ser comum que um mesmo universo de histórias e personagens ganhasse forma ao mesmo tempo em filmes para o cinema, discos de música, desenhos animados para TV, seriados para TV, revistas em quadrinhos, livros originais ou adaptados (“novelização”), jogos (de tabuleiro ou videogame) e brinquedos. • A articulação dessas mercadorias culturais é chamada de merchandising em inglês (diferente do significado em português, que é a inserção de mensagens publicitárias dentro de teledramaturgia e entretenimento). • Mais tarde, já no século XXI, esse tipo de produção articulada passou a ser chamado transmídia (conteúdos complementares em mídias diferentes). História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 Informatização das redações e das agências • O equipamento principal nas redações de veículos jornalísticos e nas agências de publicidade, até os anos 80, era a máquina de escrever • máquina de escrever é linear (se errou, não apaga) • é como se fosse um teclado com uma impressora juntos • No início dos anos 80 (países ricos) e final dos 80 (Brasil), as empresas de comunicação começam a adotar computadores para escrever, diagramar e arquivar procedimentos • o computador permite escrever de forma não-linear (separa o teclado da impressora) • permite rascunho (inclusive gráfico) e prova de impressão • reduz o desperdício (de papel, de tempo) e agiliza a produção • Para se comunicar com o resto do mundo e receber textos de agências de notícias, desde 1960 usavam o Telex (um tipo específico de teletipo) • barulho alto de uso contínuo – ficavam isolados nas redações História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 História dos Meios de Comunicação 2020.2 Para a próxima aula: • • • • • • Ouvir áudio de Era Digital (anos 90) Olhar a décima-primeira fileira da Nuvem do Tempo Ouvir a playlist de Era Digital (1989-1995) e (1995-2001) Ler PDF com textos correspondentes Ver infográficos sobre internet Assistir aos vídeos sugeridos Até semana que vem! História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 História dos Meios de Comunicação 2020.2 Prof. Pedro Aguiar aula 10 – A Comunicação na Era Digital (anos 90 até 2009) História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 Idade Contemporânea – Era Digital (1995 em diante) • derrubada do muro de Berlim (1989), fim da União Soviética (1991) e do “socialismo real” • multipolaridade: blocos econômicos regionais (UE, Mercosul, ASEAN, ECOWAS, NAFTA), entidades multilaterais (ONU, OMC) • unipolaridade militar: Iugoslávia, Iraque, Afeganistão • hegemonia neoliberal • “pensamento único”: consenso forjado sobre democracia liberal representativa (burguesa), livre mercado, austeridade, desregulação, meritocracia, tecnocracia, ideologia da “eficácia” e do “esforço individual” • desencoraja crítica e posições antissistêmicas (revolucionárias) • contestações pós-modernas se tornam mainstream (dominantes): contra regras, contra definições, contra classificações • “identidade cultural” permite múltiplos pertencimentos simultâneos História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 Bill Clinton Fernando Henrique Cardoso História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 Idade Contemporânea – Era Digital (1995 em diante) • PC como aparelho doméstico (anos 80 aos 90) • multimídia (placa de som, microfone, processamento de áudio e de vídeo – tudo isso era comprado à parte; não vinha junto do PC) • computador de mesa (desktop) predomina • abertura da internet comercial: Bill Clinton, 30/4/1995 (fim da NSFnet) • decisão de Estado, nos EUA e no Brasil, de comercializar a rede que até 1995 era de uso restrito a pesquisadores e ativistas • web como principal interface gráfica da Internet • início da “cibercultura”: cultura das relações mediadas pelas redes • chat e mensageiros instantâneos para comunicação interpessoal • pessoas escondem-se por trás de avatares e nicknames • digitalização de tudo: economia (trabalho, serviços), cultura e política • educação era uma das últimas trincheiras? talvez até 2020 História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 A Internet no início, “quando era só mato” (1995-2004) • acesso discado: modem ligado à linha telefônica de fixo (cobrado por pulso) • exceções: cabos de rede a servidores, redes locais (LAN) e linha dedicada • BBS (Bulletin Board Systems) eram “clubes virtuais” para assinantes • usuários eram universidades, cientistas, militares, engenheiros e ONGs • Para cada função da internet era necessário usar um programa diferente: • correio eletrônico (e-mail) • bate-papo/conversa (IRC) • newsgroups (Usenet) • troca de arquivos (FTP) • interface somente-texto (sem imagens, sem áudio, tipologias todas iguais) • padrão ASCII era o mais comum • atualmente, é o Unicode História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 A Internet no início, “quando era só mato” (1995-2004) • Ausência de regulação: não havia ainda legislações específicas sobre crimes digitais (chamados de “cibernéticos”), direitos autorais na rede, limites e responsabilidades de liberdade de expressão • Marco Civil da Internet (Brasil, 2014) • o que hoje é a “deep web” nos anos 90 era simplesmente a web • havia discurso de ódio, pornografia infantil, tutorial de coquetel Molotov, mas também livre troca de música, filmes e conhecimento • Uso indiscriminado de nicknames, avatares e outros mecanismos para ocultar/camuflar identidade • desconfiança muito menor do que atualmente • o que incentivou o uso de nomes reais foram as mídias sociais (2000) • Todos esses traços foram denominados como “cibercultura”: uma cultura própria da interação na internet e em outras redes digitais. História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 A world wide web: máscara colorida da Internet • Web não é a mesma coisa que internet! • a WWW (world wide web = teia mundial) é uma interface gráfica para a internet, do mesmo jeito que o Windows é uma interface gráfica para o DOS • funciona como uma “máscara” ou um painel visual para organizar e acessar os comandos de uma forma mais amigável e intuitiva • foi programada em 1989-1991 por Tim Berners-Lee (UK/CERN) em HTML (uma linguagem de programação específica para hipertexto) • estrutura-se com links (atalhos ou enlaces) entre documentos .htm e incorporação de diferentes mídias (texto, foto, vídeo, som) no mesmo documento • A internet já existia desde os anos 80 com interfaces somente-texto • Como a maior parte dos usuários leigos só conheceu a internet já com a web, muita gente confundiu e tomou os dois termos como sinônimos História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 A guerra dos browsers (1995-1997) • Período de concorrência acirrada entre os dois programas navegadores web mais populares: o Netscape Navigator e o Internet Explorer (da Microsoft) • Netscape Navigator – Netscape Inc. (Marc Andreessen) • lançado em 1994; descontinuado em 2004 • baixável de graça (licença gratuita para usuários não-comerciais) • mais leve: programado em C, baseado no Mosaic (1º navegador) • Internet Explorer – Microsoft (Bill Gates) • lançado em 1995, junto com o Windows 95 (campanha global) • baixável de graça e instalado nos novos PCs com Windows • mais pesado, com suporte e várias linguagens (Java etc.) e cookies • Ao final, a estratégia de distribuição comercial da Microsoft (embutir o IE já instalado no próprio Windows) e o marketing capcioso (confundir “Internet” com Internet Explorer) garantiram seu predomínio... até surgir o Firefox. História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 A mídia profissional entra na Internet • Os jornais, revistas, emissoras de TV e rádio entraram na web assim que ela foi lançada comercialmente – mas não sabiam direito o que fazer com ela • havia a noção de que era importante “ter presença online”, mas isso no início funcionava mais como um cartão de visitas do que um real aproveitamento da nova mídia para publicar seus conteúdos • receio do “canibalismo”: temor de que a mídia digital iria roubar audiência da mídia analógica entre veículos de uma mesma empresa • muitos jornais, no início, só reproduziam o que já era feito no papel • confiança no modelo de financiamento por publicidade, como rádio e TV, sem paywall (restrição a pagantes) e com muitos pop-ups • Outras empresas de ramos diferentes (bancos, comércio de varejo, companhias aéreas) também abriram websites cedo, mas já usavam para vender seus serviços desde o início História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 Portais: a lógica do conteúdo centralizado • Um portal web é um tipo específico de website que tenta ser a porta de entrada do usuário na internet: o objetivo é fazer o usuário só navegar nas páginas hospedadas no próprio servidor do portal (que, geralmente, também era provedor de acesso); ideia de “jardins murados” • portal tem notícias, entretenimento, esportes, serviços, webmail, chat, jogos, receitas, comércio eletrônico • principais portais no mundo: AOL, Yahoo! • principais portais no Brasil: UOL, ZAZ/Terra, BOL, iG, Globo.com • A economia política dos portais se baseava na centralização e terceirização da produção de conteúdo por parte dos provedores-portais • modelo gerou imensa demanda por pequenas empresas produtoras de conteúdo (o termo start-up só apareceu 20 anos depois), que captavam investimentos financeiros, levando à bolha da internet • em 2000-2001, a bolha estourou e esse mercado se desmantelou História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 Web 2.0: o próprio cliente faz a mercadoria • Depois do estouro da bolha, a lógica de produção centralizada de conteúdo hipersegmentado, que caracterizava os portais, acabou. • Ela foi substituída pela lógica do conteúdo gerado pelo usuário em plataformas colaborativas. Isso caracteriza o que se chamou de Web 2.0. É nesse novo modelo que são criados: • os blogs (c.2000) • as publicações wiki (mais famosa: Wikipedia, 2001) • as mídias sociais (Friendster, 2003; MySpace, 2003; Orkut, 2004) • a web semântica (em que os próprios usuários classificam, categorizam - com tags - e dão sentido aos conteúdos postados) • Com isso, as empresas economizaram dinheiro, delegaram aos próprios clientes a produção da mercadoria (internet self-service) e, acima de tudo, criaram uma dinâmica de mercado em que o usuário produz (meta)dados o tempo todo. Esse imenso volume de dados (big data) é depois vendido. História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 Wikipedia (inglês) em julho de 2001 História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 Idade Contemporânea – Era Digital (1995 em diante) • globalização econômica/comercial • aumento exponencial dos fluxos comerciais e migratórios • barateamento do transporte de carga (contêiner) e do transporte aéreo (de serviço de luxo a serviço de massas) • acompanhado da globalização cultural e da informação • músicas e filmes passam a ter lançamento global simultâneo • ocidentalização da cultura ou cultura global? • Jihad x McMundo (Benjamin Barber, 1995) • o pop megalomaníaco de Michael Jackson e Madonna, boy bands, metal farofa, riot grrrrl, clubber, Goa trance – e nasce o “alternativo”/indie • “nerd” e ”geek”: de marginalizados ao mainstream • etnocentrismo: “world music”, “filme estrangeiro” • estética pasteurizada, tecidos sintéticos, corpos moldados, depilados e “retocados”, penteados homogêneos História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 A livre troca cultural ou o que a indústria diz “pirataria” • Pela primeira vez na história da mídia, consumidores tiveram a possibilidade de compartilhar diretamente, em larga escala, cópias lógicas de produtos culturais (especialmente música, num primeiro momento, e depois filmes, a partir da banda larga, além de livros, quadrinhos e textos em PDF) • finalmente, não era mais necessário comprar as mídias físicas (livros, CDs, LPs, fitas cassete, fitas VHS, DVDs, laserdiscs, blu-ray) • as indústrias culturais usam o Estado (legislação) para perseguir e coibir a livre troca • Começou com o Napster (1999), que inaugurou a ideia do compartilhamento P2P (peer to peer, ou par a par, entre iguais); baixava um arquivo de cada vez • se a conexão caísse, o download era perdido e recomeçava do zero • Depois veio o sistema de torrent, que permitia fluxo descontínuo e nãolinear dos downloads (vários clientes: Kazaa, eMule, µTorrent) • O termo “pirataria” tem conotação pejorativa. É vocabulário corporativo. História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 História dos Meios de Comunicação 2020.2 Para a última aula: • • • • • • Ouvir áudio de Era Digital (anos 2010) Olhar a última fileira da Nuvem do Tempo Ouvir a playlist de Era Digital (2009-2020) Ler PDF com textos correspondentes Ver infográficos sobre internet Assistir aos vídeos sugeridos Até a aula que vem, na outra semana! Tá acabando, finalmente! História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 História dos Meios de Comunicação 2020.2 Prof. Pedro Aguiar aula 11 – A Comunicação na Era Digital (século XXI) História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 A Comunicação na Era Digital (século XXI) • Estouro da bolha (2000/2001): queda brusca das ações das companhias de conteúdo e tecnologia digital, demissões coletivas, retração do setor e mudança geral de estratégia: • agora, quem faz o conteúdo é o próprio usuário (CGU) • Convergência Digital: processo histórico tecnológico, econômico e jurídico, semelhante à Revolução Industrial, em que mídia, informática e telecomunicações não são mais separados • multimídia: mesmo meio, conteúdos de várias linguagens • multiplataforma: mesmo conteúdo em vários meios • transmídia: mesma narrativa, meios diferentes com conteúdos que se complementam (Star Wars, Marvel+MCU) • Internet das Coisas: integração de objetos do cotidiano, aparelhos e máquinas ao funcionamento em rede • assistentes pessoais: Alexa/Echo, Siri/HomePod, Google Home História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 Do 1G ao 5G: padrões digitais de tráfego de dados • 5G: padrão tecnológico de tráfego de dados, “quinta geração” de padrões, definidos pelas próprias empresas do setor e pela UIT; será a base técnica para implantar a Internet das Coisas. • 1G (primeira geração): analógico, usava sinal de rádio para telefonia celular • 2G (segunda geração): primeiro a ser digital, GSM, permitiu SMS e dados • 3G (terceira geração): permitiu banda larga móvel (no celular e tablet) • 4G (quarta geração): permitiu a HDTV, jogos multijogador online e videoconferências em grande escala (Skype, Meet, Zoom, Jitsi) • Disputa geopolítica EUA x China para definição dos padrões tecnológicos: empresas norte-americanas (Qualcomm, Cisco), asiáticas (Samsung, LG) e europeias (Ericsson, Nokia) contra empresas estatais chinesa Huawei e Datang; alegação de potencial espionagem de dados • ...e vem por aí o 6G. História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 A roda da tecnologia gira cada vez mais rápido • Velocidade de inovação tecnológica aceleradíssima: • lançamento do iPhone (2007): vendeu 4 milhões de unidades em 6 meses; iPhone 3GS (2009) vendeu 1 milhão só no 1º fim de semana • a partir do iPhone 4, o consumo global é simultâneo ao lançamento • A obsolescência programada se torna um projeto das indústrias de bens de consumo, particularmente os aparelhos eletrônicos e de comunicação. • Aparelhos são fabricados com materiais que quebram facilmente ou deixam de funcionar após um tempo estimável, para estimular o consumo constante e a troca por modelos com ligeiras alterações. • Serviços, websites e aplicativos são efêmeros e duram pouco – quem hoje ainda usa Snapchat, de 2014? História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 Dados sobre dados - os seus dados • Metadados: são “dados sobre dados”, isto é, dados que não dizem respeito ao conteúdo em si, mas sim à transação de conteúdo que circula nas plataformas digitais. Por exemplo: • (geo)localização de quem consumiu/acessou/visualizou/baixou • informações sobre o dispositivo e o sistema operacional do usuário • com isso, informações de idade, renda, gênero, língua, cultura • por qual link chegou até o conteúdo (o que revela outros hábitos) • horário de acesso, tempo de permanência, velocidade de visualização • fontes de conteúdo preferidas (quais empresas, quais estilos...) • Big Data: é o conjunto de grandes massas de dados circulando nas redes e sendo processado; é medido em unidades acima de terabytes, como petabytes, exabytes, zetabytes, iotabytes. Grande parte dos dados de big data é de metadados. História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 Deixe o seu arquivo aqui conosco, pode confiar. • Computação na nuvem: reforço da lógica de redes digitais, que levou à criação da internet, com serviços de hospedagem de arquivos em vários servidores remotos, fazendo cópias de segurança e facilitando a descarga (download) para usuário. “Software como serviço”: pagamentos eternos. • Até meados da década de 2010, o hábito de consumo de comunicação e cultura das pessoas era adquirir um exemplar ou uma cópia física ou lógica (arquivo) do produto que estivessem consumindo: • livros, jornais, LP, fita cassete, fita VHS, CD, DVD, blu-ray, cartuchos • streaming troca isso pelo Netflix, Disney+, Spotify, Steam... • Na lógica de consumo de mídia na convergência digital, o usuário paga para ter acesso, não mais possuir uma cópia. • Poder das empresas de mídia reforçado: põem e tiram conteúdo que quiserem, na hora em que quiserem, sem consulta • “Acesso” é noção passiva de comunicação: recepção, sem emissão História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 Mudanças do digital na cultura de massa (o pop) • A “cauda longa” dá mais visibilidade para artistas independentes, que interagem com fãs e montam séquitos (fandom) pelas mídias sociais. Até os anos 2000, o termo indie queria dizer independente (em relação às grandes gravadoras e à indústria fonográfica e da grande mídia); hoje, tudo quer ser indie, já que mainstream ganhou conotação pejorativa. • O que fez a indústria? Criou selos e subsidiárias no segmento indie • Parece haver menor intermediação das indústrias culturais, só que não: contratos de produção e de distribuição ainda estão nas mãos das grandes empresas do setor (produzir ficou mais fácil, mas distribuir, não!) • Netflix faz co-produção com produtoras pelo mundo (inclusive Brasil) e planeja lançamentos de acordo com análise de dados • no streaming de áudio: acordos Spotify + gravadoras; JayZ lançou o Tidal para fortalecer os artistas, mas não abalou o mainstream • Pandemia de covid-19: fim dos mega concertos? contratos de patrocínio e publicidade; media out of home (outdoors, cartazes, pontos de ônibus) História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 Mídias sociais: captura e comércio de dados • Embora no Brasil o termo “rede social” tenha sido consagrado para essas plataformas digitais de relacionamentos, essa expressão já existia antes e, como conceito da sociologia, precede a internet (toda rede de relações numa sociedade é uma rede social). O termo mídia social, portanto, é mais adequado para descrevê-las. • Cada plataforma de mídia social incorpora uma lógica e uma linguagem, normalmente inspiradas por meios de comunicação antecessores. • O antigo Orkut† e o Facebook resgatam a ideia dos anuários e cadernos escolares, em que colegas assinavam e deixavam recados; • O Twitter simula o feed de notícias do telégrafo, com mensagens curtas (limitação de toques) e em ordem cronológica inversa (o mais recente no alto, o mais antigo para baixo); • O Instagram reproduz e estimula a estética publicitária, sendo muito favorável para anunciar produtos e pessoas da mesma forma; • O TikTok lembra esquetes curtas e desconexas do teatro de revista. História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 Democratização do acesso à internet • Só com a telefonia móvel (celular) é que o telefone se universalizou no Brasil, mais de 120 anos depois de começar no país (1877). • Operadoras de telefonia queriam cobrar tarifas diferentes para cada tipo de acesso (texto, vídeo, áudio, ligações, etc.). Contra isso, ativistas digitais levantaram o princípio da neutralidade de rede, que prevaleceu na lei brasileira: o Marco Civil da Internet (2014). • Planos de dados são caros, mas dão acesso gratuito a Whatsapp, Facebook e YouTube (no Brasil). De 2010 em diante, smartphone ascende como forma principal de acesso à web (mas não internet em geral). • O preconceito do termo "orkutização": entrada da classe trabalhadora nas mídias sociais; um convívio online vencendo a barreira do apartheid social. • “Acesso” é uma noção passiva do uso: comunicação tb produz conteúdo. História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 Mídias sociais: implicações políticas • Em 2011, o Facebook é usado para organizar protestos por democracia na chamada “Primavera Árabe”: parecia que a profecia da internet como utopia das liberdades estava se concretizando. • No Brasil, em 2013, Facebook e Whatsapp são usados para organizar manifestações das “jornadas de junho” (ou “revolta do vinagre”), quando desperta a extrema-direita brasileira; em 2015 e 2016, são contra Dilma. • ...mas aí veio 2016, com a eleição de Donald Trump, reforçada pela disseminação geral de fake news via Facebook, YouTube e Twitter. • engajamento gera publicidade a despeito da veracidade do discurso • Em 2018, estoura o escândalo da Cambridge Analytica, que trouxe à tona o modo como dados de usuários eram usados para manipulação política da opinião pública (nos EUA, na Europa e também no Brasil). História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 Computar é calcular: ensinando as máquinas a pensar • Algoritmos: códigos de programação usados para automatizar procedimentos, especialmente com a capacidade de seleção de conteúdos e de reação a estímulos de dados • no jornalismo: edição algorítmica • na publicidade: publicidade algorítmica (microdirecionamento) • problemas: como é programado por seres humanos, reproduzem ideologias e preconceitos em vez de serem neutros • Inteligência artificial: capacidade de processamento de dados sensível aos estímulos de dados, usando algoritmos e reconhe-cimento de sinais naturais (imagem, voz, facial). Manifesta-se, entre outras, nas seguintes aplicações: • Aprendizagem maquínica (machine learning) • Processamento de linguagem natural (NLP) • Reconhecimento facial História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 História dos Meios de Comunicação . GCO 00243 História dos Meios de Comunicação 2020.2 Espero que vocês tenham gostado! • Continuo disponível para dúvidas, papos e do que mais precisarem. • Trabalhos estarão corrigidos e notas lançadas até o dia 20/5 Até semana semestre que vem! História dos Meios de Comunicação . GCO 00243