
Os filmes-catástrofe normalmente se estruturam em volta de uma família ou um grupo de pessoas aparentemente comuns envolvidos em alguma situação de grande calamidade. O grande problema é que por focar nas cenas de destruição os personagens ficam sempre em segundo plano, recebendo um tratamento unidimensional, esvaziando a narrativa de significado. Felizmente este é um erro que
O Impossível não comete, baseado na história real de uma família que sobreviveu ao tsunami que atingiu a costa da Tailândia no início de 2004.
Com isso, não quero dizer que não há espaço para as cenas de destruição e efeitos especiais. A cena da chegada da onda gigante é muito bem construída, começando com tremores, lufadas de vento, para então os personagens notarem o tsunami vindo na direção do hotel. Os efeitos especiais conseguem de maneira bastante eficiente retratar a devastação rápida e violenta causada pelo tsunami e os cenários retratam bem o caos do pós-desastre.
Mas como eu disse, o foco é mesmo nos personagens e sua luta pela sobrevivência e os atores são absolutamente competentes em retratar sua dor, medo e fragilidade. A dor da personagem Maria (Naomi Watts) é sentida a cada passo, a cada obstáculo duramente superado ao lado de Lucas, seu filho mais velho. É claro, há o mérito também da maquiagem que torna palatável os graves ferimentos da personagem, mas é na atuação de Watts que reside nossa apreensão por seu destino. Ewan McGregor também é bastante eficiente na pele de Henry, o marido, em especial na cena em que se desespera telefonar para um parente e contar que se separou da esposa na catástrofe. É apenas lamentável que a veterana atriz Geraldine Chaplin que entra em cena para dar uma dessas “lições de vida cifradas” no melhor estilo Sr Miyagi, diz umas duas frases para os dois filhos menores de Henry e depois some por completo.