terça-feira, 25 de março de 2025

Drops – Moana 2

 

Crítica – Moana 2

Review – Moana 2
O primeiro Moana: Um Mar de Aventuras (2016) era uma aventura bacana, carregada por personagens carismáticas, boas canções e uma reviravolta final que ressignificava muito do que tínhamos visto até então. Este Moana 2, por outro lado, soa como uma continuação burocrática, pensada apenas para capitalizar em cima do sucesso do primeiro filme.

Mar adentro

Na trama, Moana (voz de Auli’i Cravalho) se torna a exploradora de sua vila e é incumbida de encontrar uma ilha mítica que teria sido escondida pelo deus Nalo (voz de Tofiga Fepulea'i). Essa ilha seria capaz de apontar as rotas para todos os povos que vivem no mar e unir as populações. Para alcançar a ilha, Moana mais uma vez busca a ajuda do semideus Maui (voz de Dwayne “The Rock” Johnson).

segunda-feira, 24 de março de 2025

Crítica – Ruptura: 2ª Temporada

 

Análise Crítica – Ruptura: 2ª Temporada

Review – Ruptura: 2ª Temporada
Depois de três anos da excelente primeira temporada, Ruptura finalmente volta para seu segundo ano com uma trama que amplia os conflitos de seus personagens e aprofunda a mitologia de seu universo, explorando mais o passado da Lumon e do processo de ruptura.

Trabalho interno

Depois dos eventos do fim do primeiro ano Mark (Adam Scott) volta a trabalhar refinando macrodados na Lumon. Seu interno não sabe como voltou para lá nem o que aconteceu no mundo exterior depois que conseguiram visitá-lo, mas sabe que sua esposa ainda está viva em algum lugar na empresa e tenta encontrá-la com a ajuda dos colegas Irv (John Turturro), Dylan (Zach Cherry) e Helly (Britt Lower), por quem está apaixonado. A saída deles também impacta no modo como a Lumon lida com os funcionários que passaram por ruptura, anunciando mudanças que supostamente vão melhorar a qualidade de vida deles.

sexta-feira, 21 de março de 2025

Crítica – Entre Montanhas

 

Análise Crítica – Entre Montanhas

Review – Entre Montanhas
Estrelado por Miles Teller e Anya Taylor-Joy, Entre Montanhas é mais uma daquelas produções de streaming que parece ter sido pensada por algum algoritmo. Pega elementos de diferentes gêneros que atraem segmentos distintos da audiência, combina eles em um pacote que parece feito para maximizar o alcance de público e justificar o orçamento, mas o resultado final não passa de uma colcha de retalhos sem alma.

Romance à distância

Na trama, o atirador de elite Levi (Miles Teller) recebe a missão de vigiar uma misteriosa fenda entre montanhas. Seu predecessor não te dá muitas informações além de que da fenda saem seres bizarros chamados de “homens ocos” cujo avanço deve ser contido. Do outro lado da fenda a atiradora Drasa (Anya Taylor-Joy), também vigia o local. Apesar da comunicação entre os atiradores ser proibida, a solidão leva os dois a interagirem e começam a se aproximar. Além de se apaixonarem, eles também decidem desvendar o mistério da fenda.

quinta-feira, 20 de março de 2025

Crítica – Guns of Fury

 

Análise Crítica – Guns of Fury

Review – Guns of Fury
A mistura entre os tiroteios explosivos da franquia Metal Slug e mecânicas de metroidvania me atraíram de imediato para Guns of Fury, produzido pela Gelato Games, responsável por Goblin Sword. É uma mescla que não lembro de ter visto, mesmo num cenário de produções indie com um fluxo constante de metroidvanias.

Andando e atirando

A narrativa se passa em um futuro próximo no qual um cientista criou uma nova forma de energia limpa que pode resolver a crise energética e climática que toma o planeta. Dois dias depois do anúncio da nova tecnologia o cientista é sequestrado por um grupo que deseja usar sua célula de energia para criar uma nova super-arma e o soldado Vincent é despachado para investigar e resgatar o cientista.

quarta-feira, 19 de março de 2025

Crítica – Sem Chão

 

Análise Crítica – Sem Chão

Review – Sem Chão
Feito por pessoas tanto da Palestina quanto de Israel, Sem Chão se debruça especificamente sobre a situação da região de Masafer Yatta na Cisjordânia cujas vilas são constantemente destruídas por tropas israelenses sob a justificativa de que a área é um local de treino para as forças armadas israelenses.

Terra de ninguém

É um documentário feito sobre e na urgência da situação, com imagens sendo captadas no momento que as tropas chegam para remover as pessoas, derrubar as casas com resultados muitas vezes trágicos de moradores desarmados que protestam a situação sendo baleados pelas tropas. As imagens, muitas vezes tremidas, muitas vezes distantes ou não devidamente enquadradas são um reflexo dessa urgência e comunicam sobre as condições sob as quais o filme foi realizado.

terça-feira, 18 de março de 2025

Crítica – Milton Bituca Nascimento

Análise Crítica – Milton Bituca Nascimento

Review – Milton Bituca Nascimento
Fui assistir Milton Bituca Nascimento achando que seria um documentário sobre os bastidores de sua última turnê. Não deixa de ser sobre isso, mas a produção aproveita o gancho de ser uma turnê de despedida do músico para refletir sobre seu legado artístico, sobre o que torna Milton um artista tão diferenciado e as inspirações de sua arte. O resultado é um mergulho mais abrangente e compreensivo da arte de seu objeto do que se ele se limitasse a apenas acompanhar bastidores da turnê, ainda que seja um documentário bem típico em sua estrutura.

Caçador de mim

Narrado por Fernanda Montenegro, o filme analisa a trajetória do cantor e seu impacto, mostrando como ela repercute tanto no Brasil quanto no resto do mundo. Há uma qualidade poética no texto da narração que tenta dar conta da força sensorial e emotiva da força de Milton, mas o texto é também bastante didático em explicar os aspectos mais técnicos e musicológicos do que torna sua música tão diferenciada. Nesse sentido, a narração de Fernanda Montenegro consegue dar a medida da capacidade expressiva da arte de Milton, de sua complexidade e de fazer a audiência entender como é feita essa música.

segunda-feira, 17 de março de 2025

Crítica – The Electric State

 

Análise Crítica – The Electric State

Review – The Electric State
Segunda colaboração dos irmãos Russo com a Netflix depois do insosso Agente Oculto (2022), este The Electric State consegue ser ainda mais derivativo e menos memorável do que a primeira colaboração entre os irmãos e a plataforma de streaming. É uma narrativa sobre uma distopia na qual as pessoas passam boa parte do tempo em mundos virtuais, presas em sua própria nostalgia e um adolescente precisa enfrentar o líder da corporação maligna que controla tudo. Se isso lhe pareceu familiar é porque essa é a mesma trama de Jogador Número 1 (2018) e The Electric State é basicamente uma versão piorada desse filme que já não era grande coisa para começo de conversa.

Futuro Mecânico

A trama, que adapta um romance escrito por Simon Stalenhag, se passa em uma versão alternativa da década de noventa na qual a humanidade criou robôs conscientes. Esses robôs se rebelaram iniciando uma guerra que foi vencida quando o inventor Ethan Skate (Stanley Tucci) criou um dispositivo que permitia que as pessoas controlassem drones robóticos remotamente, igualando a batalha. Anos depois do fim do conflito Michelle (Millie Bobby Brown) é uma órfã que vive em um lar adotivo hostil até o dia em que recebe a visita de um estranho robô que diz ter a mente do irmão que Michelle acreditava estar morto. Agora ela parte ao lado do robô para reencontrar o irmão.

sexta-feira, 14 de março de 2025

Crítica – Invencível: 3ª Temporada

 

Análise Crítica – Invencível: 3ª Temporada

Review – Invencível: 3ª Temporada
Depois de uma segunda temporada equivocadamente dividida em duas partes, Invencível retorna para sua terceira temporada no formato habitual de um episódio por semana e sem a desnecessária divisão que mais prejudicou do que ajudou a temporada anterior. Esse terceiro ano é talvez o mais intenso da série até aqui, testando as convicções e lealdades dos personagens ao limite.

Guerra interna

Lidando com as consequências da batalha contra Angstrom Levy, Mark pondera se a violência que cometeu o aproxima do genocídio cometido por seu pai e se ele corre o risco de se tornar igual a ele. Ao mesmo tempo ele avalia a possibilidade de uma relação com Eve e sua parceria com o implacável Cecil por discordar dos métodos dele.

quarta-feira, 12 de março de 2025

Crítica – Código Preto

 

Análise Crítica – Código Preto

Review – Código Preto
Nos últimos anos o diretor Steven Soderbergh se entregou a vários experimentos no audiovisual, desde experimentações com modos de filmar, realizando filmes com celulares como Distúrbio (2018) e High Flying Bird (2019). Experimentou com formatos narrativos como na série Mosaic (2018) e também experimentou com formas de distribuição em diferentes produções para streaming como A Lavanderia (2019), Let Them All Talk (2020) ou Nem um Passo em Falso (2021). Ele deixou de lado o experimentalismo dois anos atrás com o fraco Magic Mike: A Última Dança (2023). Código Preto, por sua vez, segue essa fase menos experimental do realizador e entrega o melhor trabalho de Soderbergh em muito tempo.

Espião contra espião

A trama é protagonizada pelo agente de inteligência George (Michael Fassbender) que recebe a informação de que cinco de seus colegas podem ter roubado uma poderosa arma digital, um desses colegas é sua esposa, Kathryn (Cate Blanchett). Agora George precisa descobrir quem se apoderou da arma e onde sua lealdade, com a missão ou com seu casamento, reside.

Crítica – Amizade

 

Análise Crítica – Amizade

Review – Amizade
Dirigido por Cao Guimarães, o documentário Amizade funciona como um filme-ensaio mesclando imagens de arquivo e narrações para construir um senso de que acompanhamos o fluxo de consciência do realizador enquanto ele reflete sobre amizade e conexões afetivas.

Alma que mora em dois corpos

O ponto de partida do filme é a mudança do diretor para o Uruguai e durante a viagem ele capta imagens de um dos amigos que o ajuda na mudança. Em seu novo lar ele examina imagens antigas, registradas em diferentes mídias, para refletir sobre o papel da amizade em sua vida. A narração do diretor ajuda a dar unidade a esses fragmentos de memória plasmados em imagem nos mostrando essas cenas de interação entre ele e as pessoas próximas para refletir como essas conexões e afetos são importantes em sua vida. Sem a narração essas imagens bastante pessoais e descontextualizadas, que provavelmente não significariam nada para alguém que não está inserido nesse círculo de amizade.

terça-feira, 11 de março de 2025

Crítica – O Melhor Amigo

 

Análise Crítica – O Melhor Amigo

Review – O Melhor Amigo
Dirigido por Allan Deberton, do ótimo Pacarrete (2019), O Melhor Amigo é uma comédia romântica musical com um inesperado clima de nostalgia. É uma trama sobre encontros e desencontros amorosos que se vale dos números musicais para fins de humor e criar um clima de excentricidade.

Romance difuso

A narrativa acompanha Lucas (Vinícius Teixeira) que vai sozinho em uma viagem de férias para a praia de Canoa Quebrada depois de uma crise com o namorado, Martin (Léo Bahia). Lá ele reencontra um antigo colega de faculdade, Felipe (Gabriel Fuentes), que trabalha como guia no local. Os dois se reconectam, trazendo desejos antigos à tona.

segunda-feira, 10 de março de 2025

Crítica – Máquina do Tempo

 

Análise Crítica – Máquina do Tempo

Review – Máquina do Tempo
Misturar a estrutura de um filme found footage com uma trama de viagem no tempo não é exatamente novo, Projeto Almanaque (2015) já tinha feito isso. A produção britânica Máquina do Tempo adiciona ficção histórica à mistura para dar sabor próprio a essa bricolagem de gênero.

Futuro imperfeito

A trama se passa na Inglaterra em 1941 e é toda contada por meio de rolos de filme feitos pelas irmãs Thomasina “Thom” Hanbury (Emma Appleton) e Martha “Mars” Hanbury (Stefanie Martini). As duas criam Lola, um aparato que permite acessar transmissões de rádio e televisão de qualquer ponto no tempo. Com o experimento elas tem contato com informações do futuro, se encantando com a arte da década de 90 como a música de David Bowie ou os filmes de Stanley Kubrick. Elas também tem acesso ao que acontece durante a Segunda Guerra Mundial e como os bombardeios nazistas afetam a ilha. Assim, as duas irmãs decidem colocar seu invento à disposição do governo britânico, ajudando a coletar inteligência de ações futuras dos nazistas.

sexta-feira, 7 de março de 2025

Crítica – Autoconfiança

 

Análise Crítica – Autoconfiança

Review – Autoconfiança
Dirigido e estrelado pelo ator Jake Johnson, Autoconfiança parte de uma premissa inusitada para tentar refletir sobre solidão e conexões humanas. A trama é protagonizada por Tommy (Jake Johnson), um homem que se isolou depois do término de um longo relacionamento. Um dia ele é abordado pelo ator Andy Samberg (interpretando a si mesmo) na rua e é convidado a participar de um estranho reality show da deep web: ele precisa sobreviver por 30 dias sendo caçado por outros participantes, se conseguir receberá um milhão de dólares. Tommy decide aceitar se apoiando na regra de que ninguém pode tentar matá-lo se ele estiver próximo de outra pessoa, uma norma feita para evitar que não participantes se firam, mas isso não é tão fácil como ele pensa.

A presa menos perigosa

Todo o começo com Tommy sendo levado por Samberg em uma limusine até o galpão em que dois nórdicos excêntricos lhe explicam as regras dá a entender que tudo será uma aventura aloprada, mas a verdade é que a trama carece desse senso de maluquice que os primeiros minutos imprimem na narrativa. Eu entendo que a prioridade de Johnson é esse lado mais introspectivo, de ruminar sobre conexões interpessoais, mas para que a mudança de atitude de Tommy tenha credibilidade precisamos sentir que ele está nessa situação de vida ou morte que o obriga a repensar suas prioridades.

quinta-feira, 6 de março de 2025

Crítica – Paradise

 

Análise Crítica – Paradise

Review – Paradise
A divulgação da série Paradise, nova série do Disney+, não me atraiu muito. Produzida pelo mesmo responsável por This is Us, tudo fazia parecer que seria mais uma série investigativa com suspense e intriga ao acompanhar um agente do serviço secreto que precisa investigar o assassinato do presidente dos Estados Unidos com quem ele tinha uma desavença pessoal. A impressão é que era mais um suspense sobre os bastidores do poder, mas o final do primeiro episódio traz uma reviravolta que insere a narrativa em uma ficção científica distópica e aí tudo se torna mais interessante. Aviso que o texto contem SPOILERS da série.

Paraíso perdido

O agente Xavier Collins (Sterling K. Brown) está há anos cuidando da segurança do presidente Cal Bradford (James Marsden) quando ele é assassinado. Xavier guardava um rancor do presidente por algo do passado, mas ainda assim precisa desvendar o crime. Anos atrás, ao proteger o presidente de um atentado, Xavier ganhou a confiança do presidente e se tornou um dos poucos a saber de uma catástrofe iminente que poderia destruir o planeta.

segunda-feira, 3 de março de 2025

Conheçam os vencedores do Oscar 2025

 

Conheçam os vencedores do Oscar 2025

A cerimônia do Oscar foi realizada ontem, dois de março, e foi uma noite histórica para o Brasil, com Ainda Estou Aqui vencendo como melhor filme internacional, levando o primeiro Oscar para o cinema brasileiro. Infelizmente Fernanda Torres não levou o prêmio de melhor atriz, que ficou com Mikey Madison de Anora. O filme de Sean Baker, por sinal, foi o maior vencedor da noite, com cinco prêmios e Baker se tornou a primeira pessoa a vencer quatro Oscars numa mesma noite com o mesmo filme. Apesar de treze indicações Emilia Perez levou apenas dois prêmios, com o filme perdendo força durante a campanha por conta de declarações problemáticas de pessoas envolvidas com o filme. Confiram abaixo a lista completa dos indicados e dos vencedores.

quinta-feira, 27 de fevereiro de 2025

Crítica – Mickey 17

 

Análise Crítica – Mickey 17


Review – Mickey 17
Há um senso comum de que distopias falam sobre o futuro, alertas de possibilidades trágicas ou horrendas para a humanidade. A verdade, no entanto, é que distopias são sobre o agora, sobre algo que já está acontecendo em nosso mundo. Pensei muito nisso enquanto assistia Mickey 17, novo filme de Bong Joon Ho depois de seu excelente Parasita (2019).

Mão de obra descartável

A narrativa acompanha Mickey (Robert Pattinson), um trabalhador a bordo da espaçonave destinada a colonizar o remoto planeta gelado Niflheim. Mickey, porém difere de outros trabalhadores do local por um Descartável. Sua função é realizar trabalhos com claro risco de morte porque se ele morrer pode ser clonado novamente carregando as mesmas memórias de seu antecessor. Depois de sobreviver a uma queda que o mataria, Mickey retorna ao seu quarto para descobrir que um novo Mickey foi feito por acreditarem que ele estaria morto.

Crítica – O Macaco

 

Análise Crítica – O Macaco

Review – O Macaco
Dirigido por Osgood Perkins, responsável por Longlegs: Vínculo Mortal (2024), este O Macaco adapta o conto homônimo de Stephen King. Ele usa seu brinquedo amaldiçoado para falar de nosso medo da morte e como se deixar paralisar por isso nos impede de viver. Apesar desse tema ele não é uma produção que almeja ser um terror mais “cabeça”, muito pelo contrário. A intenção parece ser um pastiche de horror B setentista ou oitentista nos moldes de Maligno (2021), de James Wan, embora não seja tão bem sucedido.

Brinquedo assassino

A trama acompanha Hal (Christian Convery, de Sweet Tooth). Na infância ele e o irmão gêmeo Bill (Christian Convery) mexem nas coisas do pai que os abandonou e encontram um misterioso macaco de brinquedo que ele trouxe de uma viagem. Depois de dar corda no brinquedo para que o macaco toque seu tambor, alguém próximo a eles sempre morre no que parece ser algum acidente bizarro. Depois de várias tragédias eles decidem se livrar do boneco. Vários anos se passam e já adulto Hal (Theo James) tenta se reconectar com o filho, Petey (Colin O’Brien) levando ele para uma viagem a um parque de diversões. Os planos mudam quando Hal recebe a notícia da morte da tia que os criou e lá acaba mais uma vez reencontrando o macaco e toda a morte que vem junto com ele.

Crítica – Um Completo Desconhecido

 

Análise Crítica – Um Completo Desconhecido

Review – Um Completo Desconhecido
Um dos melhores filmes biográficos que já assisti é Não Estou Lá (2007), de Todd Haynes. É uma biografia do cantor Bob Dylan que não o cita nominalmente e não usa sua música, mas trás vários segmentos em que atores e atrizes diferentes interpretam personagens que representam as diferentes fases da carreira e da vida de Dylan. É uma obra abrangente, que nos faz entender as multidões que Dylan continha em si e tudo o que o movia. Por isso não fiquei interessando quando soube desde Um Completo Desconhecido, já que dificilmente ele estaria no mesmo patamar que o filme de Haynes.

Registro mimético

A trama segue Bob Dylan (Timothee Chalamet) desde sua chegada a Nova Iorque em 1961 até o lançamento de Like a Rolling Stone no qual ele se distancia de boa parte de seus padrinhos artísticos da música folk. É uma biografia que mais está interessada em narrar os eventos da trajetória do cantor do que realizar qualquer tipo de estudo de personagem ou chegar a um entendimento maior de quem é Dylan e o que movia a construção de sua arte, se limitando a dizer que Dylan não gostava de ficar estagnado.

quarta-feira, 26 de fevereiro de 2025

Crítica – A Ordem

 

Análise Crítica – A Ordem

Review – A Ordem
Olhar para o passado pode nos permitir analisar o presente. É isso que A Ordem faz ao contar a história real da investigação do FBI que desbaratou um grupo neonazista que estava acumulando fundos para tentar fomentar um golpe de estado na década de 80. Por mais que seja uma trama sobre eventos que aconteceram há quarenta anos, o filme não deixa também de pensar em como isso impacta na contemporaneidade.

Guerras secretas

A trama se passa em 1983 e acompanha o agente do FBI Terry Husk (Jude Law), que é enviado para reestruturar um escritório do FBI no interior de Idaho. É aparentemente um posto vazio, sem muita ação, algo que Husk deseja para poder ter a chance de se reconectar com a esposa e a filha. As coisas, no entanto, não continuarão tranquilas. Um policial local, Jamie (Tye Sheridan), avisa Husk de suas suspeitas de que a onda de assaltos a banco e roubos de carro forte que assolam a região podem estar conectadas a grupos neonazistas que estão acumulando recursos para planejar alguma grande ação.

terça-feira, 25 de fevereiro de 2025

Crítica – Better Man: A História de Robbie Williams

 

Análise Crítica – Better Man: A História de Robbie Williams

Review – Better Man: A História de Robbie Williams
Conheço muito pouco da trajetória do cantor Robbie Williams, então não estava particularmente curioso para este Better Man: A História de Robbie Williams. Como foi feito com a participação direta do cantor, que inclusive interpreta a si mesmo, temi que fosse aquele tipo de biografia chapa branca que existe só para divulgar as músicas do artista e foge de polêmicas como I Wanna Dance With Somebody: A História de Whitney Houston (2022). Felizmente não é esse o caso e o filme abraça as contradições e problemas de seu protagonista com uma autoanálise bem consciente que me remeteu a Rocketman (2019).

Trajetória selvagem

A trama segue a trajetória de Robbie desde sua infância, passando pelo início da fama com a boy band Take That, sua carreira solo e seus problemas pessoais com drogas, além da relação complicada que tem com o pai. Robbie interpreta a si mesmo, mas não está exatamente em cena, já que ao invés do corpo do cantor temos um macaco antropomórfico. A ideia de colocar Williams como macaco é uma tentativa de ilustrar a insegurança e senso de deslocamento do artista, que sempre se viu como um pária, alguém que não pertencia ao lugar onde estava, inseguro do próprio valor e se vendo como uma criatura mais primitiva.

segunda-feira, 24 de fevereiro de 2025

Crítica – Nickel Boys

 

Análise Crítica – Nickel Boys

Review – Nickel Boys
De certa forma Nickel Boys se conecta bastante a outro filme indicado ao Oscar esse ano, o documentário Sugarcane: Sombras de um Colégio Interno (2024). Os dois falam de instituições de ensino cujo objetivo deveria ser reformar ou integrar seus internos, mas que serviram apenas de instrumento de opressão e genocídio contra membros de minorias, indígenas em Sugarcane e negros aqui. São dois filmes que lembram como os Estados Unidos tratam essas minorias como cidadãos de segunda classe cujas vidas não importam.

Olhar em perspectiva

A trama adapta o romance homônimo de Colson Whitehead e se passa na Flórida da década de 1960. Elwood (Ethan Herisse) é um promissor jovem negro que está a caminho de um programa de estudos avançados. Na viagem ele pega carona com um desconhecido que é parado pela polícia e descobre que o carro é roubado. Preso como cúmplice Elwood é enviado para o Reformatório Nickel onde conhece Turner (Brandon Wilson). Os dois se tornam amigos e tentam sobreviver à crueldade do local, no qual castigos físicos e torturas são elementos do cotidiano. O reformatório foi baseado na Escola Dozier que operou por mais de um século na Flórida com um amplo histórico de abuso.

sexta-feira, 21 de fevereiro de 2025

Crítica – O Brutalista

 

Análise Crítica – O Brutalista

Review – O Brutalista
No documentário O Apocalipse de um Cineasta (1991), que narra a produção atribulada de Apocalypse Now (1979), há uma cena em que o cineasta Francis Ford Coppola diz que a pior coisa que um filme pode ser é pretensioso, ter altas pretensões para si e não alcançar esse patamar alto que o cineasta imaginou. Pensei muito nessa fala enquanto assistia a O Brutalista, novo filme de Brady Corbet (de A Infância de um Líder e Vox Lux: O Preço da Fama), já que é um filme que estabelece pretensões altíssimas para si, mas o resultado é bem menos complexo ou esperto do que o filme pensa ser, algo que já acontecia em seus dois trabalhos anteriores.

Grandeza nos pequenos começos

A narrativa é centrada em Laszlo Toth (Adrien Brody), arquiteto húngaro que chega aos Estados Unidos no final da década de 1940. De início Laszlo vai morar com o primo Attila (Alessandro Nivola), trabalhando em sua empresa de móveis, mas logo o trabalho do arquiteto desperta a atenção do ricaço Lee Van Buren (Guy Pearce), que decide contratar Laszlo para desenhar um prédio que ele fará em homenagem a sua falecida mãe. É uma obra nababesca que irá mudar a paisagem da cidade e Laszlo aceita o desafio. O problema é que Van Buren é um homem melindroso, que muda de opinião e vontade frequentemente, obrigando o protagonista a navegar pelos humores de seu patrono.

quinta-feira, 20 de fevereiro de 2025

Crítica – Vinagre de Maçã

 

Análise Crítica – Vinagre de Maçã

Review – Vinagre de Maçã
Depois de Inventando Anna (2022) a Netflix traz outra minissérie baseada em uma influencer trambiqueira neste Vinagre de Maçã. A essa altura é bem possível que isso vire um subgênero em si considerando que histórias de influencers que ganharam notoriedade mentindo existem a rodo e que essas histórias são sintomas do nosso zeitgeist no qual aparentar ser ou fazer algo é mais importante do efetivamente ser ou fazer aquilo que se clama.

Charlatanismo tóxico

A narrativa conta a história real de Belle Gibson (Kaitlyn Dever), uma influencer que se tornou famosa ao criar uma marca de produtos naturais dizendo que essa mudança de alimentação a fez se curar de um câncer no cérebro. Só tem um problema nessa história, Belle não tem nem nunca teve câncer. Em paralelo acompanhamos a história da também influencer Milla Blake (Alycia Debnam-Carey, de Identidades em Jogo), que tinha um tumor no braço, mas diz ter se curado com base em uma dieta de sucos e enemas de café. Diferente de Belle, Milla (que provavelmente foi baseada na figura real de Jessica Ainscough) tem realmente câncer e é a história dela e de como ela se tornou famosa na internet na qual Belle se baseia para criar toda a sua ficção.

quarta-feira, 19 de fevereiro de 2025

Drops – Flow

 

Análise Crítica– Flow

Review – Flow
Produção da Letônia, a animação Flow conta a história de um gato que fica preso em um pequeno barco com outros animais depois de uma enchente. A trama é toda contada sem diálogos, acompanhando o gato e seus companheiros animais enquanto eles tentam encontrar um meio de sobreviver à enchente.

Instinto de sobrevivência

Toda feita no software de código aberto Blender, a animação mostra como é possível fazer algo visualmente marcante com poucas ferramentas. Os animais se movem de maneira bastante coerente com o modo que imaginamos que gatos, cães ou lêmures reagiriam uns aos outros e diante das situações que a narrativa os coloca. A direção de arte remete a pinturas feitas em aquarela por conta do esquema de cores e o modo como a luz e os movimentos se comportam e fazem os modelos 3D dos animais parecerem desenhos feitos à mão.

terça-feira, 18 de fevereiro de 2025

Crítica – Capitão América: Admirável Mundo Novo

 

Análise Crítica – Capitão América: Admirável Mundo Novo

Review – Capitão América: Admirável Mundo Novo
O primeiro trailer de Capitão América: Admirável Mundo Novo me deixou empolgado por conta seu clima de intriga e espionagem que remetia a produções como Capitão América e o Soldado Invernal (2014) e a série Falcão e o Soldado Invernal (2021), algumas das melhores produções da Marvel. Por outro lado, o filme teve uma produção atribulada, com elementos modificados no meio do processo, várias ondas de refilmagens que removiam ou adicionavam elementos, o que implicava no risco do resultado ser uma bagunça semi incoerente.

Repercussões atrasadas

Na trama, o general Ross (Harrison Ford, substituindo o falecido William Hurt) se torna presidente dos Estados Unidos e chama Sam (Anthony Mackie), que assumiu o manto de Capitão América, para reconstruir os Vingadores. Ross está em meio a uma negociação internacional pela divisão dos recursos contidos no corpo do Celestial no meio do oceano, já que dele pode ser extraído um novo elemento chamado adamantium. O tratado é ameaçado quando Samuel Sterns (Tim Blake Nelson) foge da prisão na qual foi confinado desde o incidente envolvendo o Hulk e o Abominável para se vingar de Ross.

segunda-feira, 17 de fevereiro de 2025

Rapsódias Revisitadas – Bye Bye Brasil

 

Análise – Bye Bye Brasil

Resenha Crítica – Bye Bye Brasil
Dirigido por Cacá Diegues e lançado em 1979, já próximo ao final da ditadura militar brasileira, Bye Bye Brasil é uma reflexão sobre esse período da história do país e das consequências dele em nossa sociedade. É um filme sobre conhecer o Brasil, suas transformações, imposições, sonhos e distopias. Em ver como é possível construir um país em meio a tudo que aconteceu, acontece e, de certa forma, continua a acontecer mesmo nos dias de hoje.

Turnê itinerante

A narrativa acompanha uma trupe de artistas ambulantes que viaja pelo interior do Brasil, a Caravana Rolidei. Ela é liderada pelo Lorde Cigano (José Wilker) e composta pela dançarina Salomé (Betty Faria) e pelo homem forte Andorinha (Príncipe Nabor). Eventualmente o sanfoneiro Ciço (Fábio Jr.) e sua esposa grávida Dasdô (Zaira Zambelli) se juntam à trupe. Conforme viajam o grupo tem dificuldade de conseguir público para seus shows, já que mesmo os menores rincões agora tem ao menos uma televisão que serve de entretenimento para o público e os distrai do circo. Cigano, no entanto, adquire esperança de um novo lugar ao ouvir sobre Altamira no Pará, onde a rodovia transamazônica está sendo construída e que se tornou um lugar de grande oportunidade.