Administracao Rural
Administracao Rural
Administracao Rural
FORMAO
TCNICA
Administrao Rural
ISBN: 978-85-7664-081-3
Inclui bibliografia.
CDU: 631
Sumrio
Tema 1: Teorias Administrativas 8
Tpico 2: Planejamento2 6
1: Planejamento na produo 2 7
2: Planejamento em finanas2 9
3: Planejamento da comercializao3 0
Tpico 3: Organizao 3 2
Tpico 4: Direo3 5
Tpico 5: Controle 3 9
Tpico 1: Doao8 4
Tpico 2: Testamento 8 5
Tpico 1: Cooperativismo 9 3
Encerramento 104
Gabarito 108
Introduo
Unidade Curricular
6
O contedo foi organizado em temas e tpicos relevantes para sua atuao profissional.
Certifique-se de estud-los com ateno e, se preciso, conte com o apoio do tutor a distncia
desta unidade curricular.
Bom aprendizado!
Fonte: Shutterstock
Informao extra
O primeira fase, de 1780 a 1860, foi a revoluo do carvo, como principal fonte
de energia, e do ferro, como principal matria-prima; a segunda fase, de 1860 a
1914, foi a revoluo da eletricidade e dos derivados do petrleo, como as novas
fontes de energia, e do ao, como a nova matria-prima.
Administrao Rural
Ao final desse perodo, o mundo j no era mais o mesmo. A moderna administrao surgiu
em resposta a duas consequncias provocadas pela Revoluo Industrial:
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a) crescimento acelerado e desorganizado das empresas, que passaram a exigir uma
administrao cientfica capaz de substituir o empirismo e a improvisao;
b) necessidade de maior eficincia e produtividade das empresas para fazer face intensa
concorrncia e competio no mercado.
Empirismo
At 1789 Artesanal
A nfase nas tarefas uma abordagem microscpica, feita no nvel do operrio, e no no nvel
da empresa. como se os operrios fossem engrenagens de uma mquina da qual se busca o
mximo de eficincia. Essa viso, conhecida como mecanicista, props a diviso do trabalho
enfatizando tempos e mtodos a fim de assegurar seus objetivos de mxima produo a
mnimo custo, seguindo os princpios da seleo cientfica do trabalhador, do tempo-padro,
do trabalho em conjunto, da superviso e da nfase na eficincia.
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Taylor focou, principalmente, na produtividade e na eficincia das tarefas,
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g desenvolvendo quatro princpios: do planejamento, do preparo, do controle e da
execuo. Acesse o AVA e saiba mais sobre os princpios propostos por ele.
Apesar das decorrncias negativas para a massa trabalhadora que as propostas de Taylor
acarretaram, no se pode deixar de admitir que elas representaram um enorme avano
para o processo de produo em massa. A nfase nas tarefas, no nvel do operrio, uma
viso limitada, pois considera algumas poucas variveis, mas representa o primeiro enfoque
administrativo da realidade empresarial. o primeiro passo da Teoria da Administrao.
Comeou-se a observar que a eficincia da empresa era muito mais do que a soma da
eficincia dos seus trabalhadores. Acreditava-se, ento, que ela deveria ser alcanada por
meio da adequao dos meios (rgos e cargos) aos fins que se desejavam alcanar.
Trs abordagens nasceram com essa viso sobre a estrutura organizacional: a Teoria Clssica
de Fayol, a Teoria da Burocracia de Weber e a Teoria Estruturalista.
Teoria Clssica
controlar: garantir que tudo corra de acordo com as regras estabelecidas e as ordens dadas;
Comentrio do autor
d Essa teoria considera a obsesso pelo comando, a empresa como sistema fechado
e a manipulao dos trabalhadores. Assim como na Administrao Cientfica, os
princpios utilizados buscavam explorar ao mximo os trabalhadores.
Teoria da Burocracia
Burocracia
comum ouvirmos o termo burocracia, hoje, como sinnimo de processos e documentos, mas,
para Weber, burocracia uma organizao baseada em regras e procedimentos regulares, com
diviso de tarefas, na qual cada indivduo possui suas especialidade e responsabilidade.
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Entre as caractersticas das sociedades burocrticas (as grandes empresas, os Estados
modernos, os exrcitos), encontramos:
14 normas impessoais racionalmente definidas;
justia na lei;
meritocracia.
A burocracia, segundo Weber, traria diversas vantagens, como a racionalidade na busca pelos
meios mais eficientes para atingir as metas da organizao e a preciso com que cada cargo
seria definido, proporcionando o conhecimento exato de cada responsabilidade. Alm disso, as
atividades organizadas em rotinas e realizadas metodicamente as tornariam previsveis, o que
levaria confiabilidade entre as pessoas, evitando assim o atrito entre elas (CHIAVENATO, 2009).
Estrutura o conjunto formal de dois ou mais elementos que se mantm mesmo com a
alterao de uma das partes ou das relaes. Uma mesma estrutura poderia ser encontrada
em diferentes reas, por isso, compreender as estruturas fundamentais em alguns campos de
atividade permitiria o reconhecimento dessas mesmas estruturas em outros campos.
Comentrio do autor
Pense em uma cadeira. Ela composta, basicamente, pelos ps, pelo assento e
pelo encosto, certo? Essa a estrutura fundamental de uma cadeira. Mesmo que
d a forma de cada parte e a relao entre elas mudem de uma cadeira para outra,
a estrutura continua a mesma. A Teoria das Estruturas pensa mais ou menos
assim: cada elemento tem uma funo dentro do todo, e a definio desses
elementos e de suas relaes que representa a estrutura.
De acordo com Chiavenato (2009), outra Teoria da Administrao, que surgiu em meados do
sculo XX (1932), foi a Teoria das Relaes Humanas TRH. Embora seus primeiros indcios
sejam do perodo de Taylor, ela s ganhou importncia com a crise econmica mundial
de 1929. A TRH nasceu como uma resposta ao completo desprezo aos aspectos humanos
da Abordagem Clssica e foi bastante influenciada pela psicologia, uma cincia humana
emergente na poca.
A grande impulsora da TRH foi a experincia de Hawthorne, realizada pelo Conselho Nacional
de Pesquisas na fbrica de Hawthorne, da Western Electric Company. O comandante da
experincia foi o cientista social australiano Elton Mayo, que, para muitos, o principal
representante da TRH. A experincia foi dividida em quatro fases, e suas principais concluses
foram: a enorme relevncia da integrao social para a produtividade e a importncia dos
grupos sociais e do contedo do cargo. Assim, a principal contribuio da Teoria das Relaes
Humana foi a agregao de novos conceitos, como: motivao, liderana e comunicao.
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Teoria Comportamental
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Sua nfase no comportamento humano levava em considerao o contexto organizacional de
forma mais ampla, abrangendo a influncia desse comportamento em toda a organizao e
16 as perspectivas das pessoas. Como caractersticas dessa teoria, temos:
a nfase nas pessoas;
Informao extra
Antes dessa fase, j havia uma preocupao com a tecnologia, mas ela estava voltada,
principalmente, para a tarefa individual de cada operrio, com resultados concretos e imediatos.
Com a evoluo tecnolgica, como o surgimento da computao, as empresas passaram a
moldar a sua estrutura e a condicionar o seu funcionamento para um novo cenrio.
Teoria da Contingncia
Tudo relativo; tudo depende. Essa a viso da Teoria da Contingncia, ou Teoria Contingencial,
que enfatiza que no h nada de absoluto nas organizaes. A ideia de contingncia vem da viso
de que algo pode ser incerto ou eventual, pode acontecer ou no. Ou seja, independentemente
de seguir todas as normas, as regras e os processos estabelecidos, um resultado pode no
ocorrer conforme o esperado, pois depende de variveis internas e externas.
A Teoria da Contingncia refora que existe uma relao entre as condies do ambiente e as
tcnicas administrativas, compreendendo a organizao como um sistema aberto ela afeta o
ambiente, mas tambm afetada por ele. Isso nos leva quinta fase das teorias administrativas.
Como vimos na fase anterior, verificou-se que apenas o estudo das variveis internas no
era capaz de proporcionar uma compreenso mais ampla da estrutura e do comportamento
organizacionais. Por isso, tornou-se necessrio o estudo das variveis externas, situadas fora
dos limites da empresa e que influenciam profundamente os seus aspectos estruturais e
comportamentais.
As relaes de interao entre empresas e seus ambientes passaram a explicar com mais
profundidade certos aspectos da estrutura organizacional e dos processos operacionais
utilizados pelas empresas. Assim, com a nfase no ambiente, as empresas comearam a
observar que as suas caractersticas estruturais dependiam das caractersticas ambientais
que as circundariam.
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Comentrio do autor
18
d Note que cada uma das teorias administrativas que vimos aqui surgiu como uma
resposta aos problemas empresariais mais relevantes de sua poca. Em sua
opinio, quais delas se aplicam aos dias de hoje?
PDCA a sigla em ingls para plan, do, check, act, que significam,
respectivamente, planejar, executar, verificar e agir.
Mtodo
Mtodo a unio de duas palavras gregas: meta + hodos, e significa caminho para a meta. Logo,
o Mtodo PDCA pode ser visto como um caminho para se atingirem as metas (CAMPOS, 2004).
Identificao do problema
Anlise de fenmeno
Padronizao Plano de ao
Verificao Execuo
Essas quatro fases contribuem para a identificao dos problemas e as tomadas de decises.
Por isso, importante saber que:
Note que, em meio s quatro fases do ciclo PDCA, temos vrias etapas, como definio do
problema, anlises do fenmeno e do processo, estabelecimento do plano de ao, ao,
verificao, padronizao e concluso. Por isso, importante que voc busque ferramentas
para trabalhar cada tipo de problema. Alm disso, para girar o ciclo PDCA, imprescindvel ter
viso futura dos processos (MARSHALL JUNIOR, 2006) o que se espera do processo?
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Leitura complementar
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c Na biblioteca do AVA, voc encontra um texto com informaes extras sobre o
Mtodo PDCA. Acesse e confira!
Atividade de aprendizagem
1) Quais so os princpios que baseiam a Teoria Clssica de Fayol?
(()Fundada por Weber, a Teoria Clssica traz em seu bojo a mxima produo com o
mnimo custo.
(()A TRH surgiu como uma resposta esperada ao completo desprezo dos aspectos
humanos pela Abordagem Clssica e foi bastante influenciada pela psicologia, uma cincia
humana emergente na poca.
3) Dentre as teorias que se desenvolveram ao longo do sculo XX, quem foram os dois
grandes pioneiros no mundo da administrao?
5) Cite, resumidamente, as fases do PDCA e ressalte pelo menos uma vantagem em se adotar
esse ciclo.
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Administrao Rural
02
Funes Administrativas
Tema 2: Funes Administrativas
Empresas rurais mais bem administradas obtm melhores resultados econmicos. Isso significa
que uma melhor prtica das funes administrativas (planejamento, organizao, direo e
controle) pelos produtores rurais pode contribuir positivamente para melhorar o resultado
econmico de suas empresas. No entanto, apesar de as boas tcnicas de gerenciamento
estarem relacionadas ao sucesso econmico das empresas rurais, a maioria dos produtores
rurais no Brasil ainda no adota, de maneira formal e eficiente, vrias prticas administrativas
que poderiam proporcionar maior competitividade aos seus negcios.
Neste tema, vamos detalhar como funciona o processo administrativo em empresas rurais
para que voc possa aprimorar ainda mais sua atuao profissional. Ao final deste estudo, 23
voc dever ser capaz de:
conhecer as funes e as reas da administrao rural;
1 Autores que sustentam as ideias do primeiro pargrafo: PHILLIPS & PETERSON, 1999; MILLER et al., 1998; CANZIANI, 2001;
MEIRA, 1996; DALMAZO & ALBERTONI, 1991.
Administrao Rural
Planejamento
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O planejamento um trabalho de preparao para qualquer empreendimento que segue
roteiro e mtodos determinados procurando antever as consequncias de uma ao. Um
projeto elaborado lista os principais objetivos como, por exemplo, aumentar o bem-estar das
famlias envolvidas com o negcio ou conquistar o reconhecimento do mercado como empresa
produtora de alimentos saudveis. Contempla, tambm, o cumprimento de metas, como ter o
lucro da empresa aumentado em R$ 500 mil nos prximos quatro anos ou ter todas as pessoas
envolvidas com o negcio recebendo pelo menos dois salrios-mnimos por ms a partir do ano
seguinte. Para atingir os objetivos e as metas, o planejamento deve apresentar os passos que
devero ser seguidos.
Organizao
Direo
A direo compreende o ato de comandar, gerir ou dirigir a empresa. Ela engloba, entre
outras coisas, o ato de supervisionar o uso de todos os recursos da empresa a fim de cumprir
a execuo das aes planejadas, motivar os trabalhadores, executar em si as tarefas e as
operaes planejadas, realizar compras e vendas etc.
Controle
As funes administrativas ocorrem em toda empresa, que pode ser dividida em quatro reas:
produo: est diretamente relacionada s atividades que a empresa realiza e aos fatores
de produo que utiliza. Na rea de produo, administram-se questes fsicas, de volume
ou quantidade (total ou unitria), como o uso de insumos e outros fatores de produo
(horas/mquina, homens/dia, hectares/ano, litros/hectare, entre outros), e a gerao de
produtos ou servios (sacas/ano, litros/ms, toneladas/hectare, hospedagens/semana,
entre outros);
Oferta
Demanda
Comentrio do autor
Mais adiante, vamos discutir cada uma dessas funes administrativas detalhando suas aes
em cada uma das quatro reas de uma empresa, mas, antes, conhea uma matriz que poder
auxili-lo a identificar oportunidades de melhorias nas atividades administrativas.
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Funes/reas Recursos
Produo Finanas Comercializao
Administrativas Humanos
1. Planejamento estratgico
2. Planejamento operacional
3. Organizao estratgica
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Funes/reas Recursos
Produo Finanas Comercializao
Administrativas Humanos
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4. Organizao operacional
5. Direo estratgica
6. Direo operacional
7. Controle estratgico
8. Controle operacional
A ideia que voc utilize a matriz para analisar cada um dos 32 quadrantes em branco. A
partir dela, possvel ter uma administrao mais eficaz, pois fica mais fcil identificar:
a) algumas atividades administrativas que no esto (mas deveriam estar) sendo realizadas
pelo produtor rural;
b) atividades administrativas que esto sendo realizadas de forma ineficiente e precisam ser
corrigidas;
Tpico 2: Planejamento
De alguma forma, grande parte dos empresrios faz planejamento, mas, no dia a dia,
acabamos utilizando prticas de planejamento sem mesmo perceber. O simples ato de
pensar para decidir j pode ser considerado um ato de planejamento, basta que voc tenha
se questionado em algum momento sobre: o que fazer, como fazer, quando, quanto, para
quem, por que e onde.
Apesar de ser uma fase muito importante para a tomada de ao, poucas pessoas tm o
costume de registrar o planejamento, por exemplo, em um documento. Entre os fatores que
contribuem para o baixo uso do planejamento escrito no setor agropecurio do pas, esto:
c) desobrigao formal dos produtores rurais de prestar contas a terceiros sobre suas
decises estratgicas e operacionais, principalmente devido existncia predominante de
firmas de propriedade ou gerncia individual no meio rural.
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O ideal que processo de planejamento seja formalizado (por escrito) ou, pelo menos, praticado
ou discutido, cotidianamente, pelo tomador de decises com os demais membros da famlia,
os funcionrios e outros colaboradores. Essa conversa sobre o processo de planejamento
particularmente importante quando h envolvimento da mo de obra familiar no processo
produtivo, pois ajuda significativamente na motivao e no engajamento dos familiares e dos
funcionrios nas atividades da empresa, visando o seu sucesso no curto prazo e, tambm, no
longo prazo quando da sucesso patrimonial ou da mudana de comando na empresa.
1. Planejamento na produo
Normalmente, questionamentos do tipo o que fazer? se relacionam s decises estratgicas,
e questionamentos do tipo como fazer?, s decises de ordem operacional. Por exemplo,
quando algum est decidindo se plantar soja ou milho na prxima safra, est realizando
um planejamento estratgico, mas, se est decidindo se ir plantar a variedade A ou a B ou se
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usar X ou Y quilos de fertilizantes, est realizando um planejamento operacional. Vejamos,
no quadro a seguir, algumas atividades do planejamento na produo
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Planejamento estratgico da produo
Outro ponto a ser considerado a incerteza com o futuro. As incertezas com relao aos
preos de mercado dos produtos, disponibilidade de crdito para as diferentes atividades,
entre outras, reforam a importncia de um planejamento eficiente da produo.
Comentrio do autor
2. Planejamento em finanas
A rea de finanas envolve todas as questes vinculadas s receitas, s despesas de custeio,
s despesas de investimentos, aos financiamentos, entre outras. Assim, planejar as finanas
inclui, por exemplo, projetar o fluxo de caixa da empresa, identificando as provveis entradas
e sadas de recursos financeiros ao longo do horizonte de tempo planejado.
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Administrao Rural
O planejamento operacional das finanas importante pelo alto valor do capital de giro
necessrio para a produo, levando a uma maior frequncia de operaes de compras de
30 insumos e vendas da produo. Nesse caso, um bom plano financeiro de curto prazo seria
mais til para um produtor de leite ou de hortalias do que para um produtor de eucalipto ou
de cana-de-acar, por exemplo.
Projetar o fluxo de caixa das atividades e da empresa (incluindo gastos familiares), especificando
as origens (fontes) e as aplicaes (usos) dos recursos financeiros.
3. Planejamento da comercializao
Tanto em nvel estratgico como em nvel operacional, o grau de importncia atribudo ao
planejamento da comercializao est relacionado ao nmero de clientes e fornecedores da
empresa. Quanto maior o nmero de canais de comercializao utilizados, maior a frequncia
de venda da produo e de compra de insumos. Alm disso, mais canais tambm implicam na
especificidade, em termos de diferenciao de marca e qualidade da produo comercializada,
e no processo de formao dos preos no mercado.
Do mesmo modo em que nos demais planos, seu prazo ser definido pelo tipo de atividade.
Um plano comercial de curto prazo mais indicado para atividades com mudanas constantes,
como um produtor de bezerros que vende seu rebanho em leiles, nos quais os preos variam
a cada lote vendido.
Estimar preos futuros de mdio e longo prazos para insumos e produtos, e definir canais de
comercializao.
planos de seleo;
Tanto em nvel estratgico como em nvel operacional, esse tipo de planejamento muito
importante, pois o que define o nmero de trabalhadores (fixos e temporrios) da empresa,
a participao da mo de obra nos custos de produo e a importncia dos servios manuais
na eficincia dos sistemas produtivos. Confira em detalhe algumas das atividades relacionadas
a esse planejamento.
Estabelecer para a mo de obra as aes necessrias para a execuo dos planos de produo.
Por outro lado, o planejamento da rea de recursos humanos poder exigir menor ateno do
gestor em empresas com baixa demanda de mo de obra ou que no exijam trabalho muito
especializado, como, por exemplo, a criao extensiva de bovinos ou de reflorestamento.
Administrao Rural
Tpico 3: Organizao
32 A organizao abrange as atividades ou as aes administrativas realizadas para se estruturarem
e agruparem adequadamente os recursos fsicos, financeiros, mercadolgicos e humanos da
empresa. Por exemplo, na organizao da produo, a correta disposio dos campos e das
benfeitorias, normalmente, estabelecida aps a deciso do que produzir e de como faz-
lo, mas antecede o incio propriamente dito do processo produtivo e, consequentemente, o
controle desse processo.
alocao espacial das atividades levando-se em conta a capacidade de uso do
solo, a disposio eficiente das benfeitorias e dos melhoramentos fundirios, o
arranjo racional e eficiente em almoxarifado e depsitos de insumos agrcolas e
veterinrios, entre outros.
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%
de despesas que permita o agrupamento ou a separao de gastos ou de uma
organizao gerencial que permita o monitoramento de contas-correntes em
bancos, ou a apurao individual dos resultados econmicos das atividades
desenvolvidas, entre outras.
Administrao Rural
Praticamente, todos os produtores desejam possuir empresas bem organizadas. A organizao
fsica a mais aparente e, por isso, tem recebido, nas ltimas dcadas, maior ateno dos
34 empresrios rurais. Nas empresas agropecurias, esse tipo de organizao exige longo tempo
e altos investimentos para se materializar, mas, ao final, proporcionam alm de ganhos na
eficincia produtiva, melhorias de imagem (status) ao empresrio rural.
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Por fim, a organizao da mo de obra tem sido importante para aumentar a eficincia e re-
duzir os custos desse fator de produo no sentido de evitar o retrabalho, elevar a motivao
das pessoas e reduzir o custo de aes trabalhistas.
Tpico 4: Direo
A direo compreende o ato de comandar, gerir ou dirigir uma empresa. A direo envolve
alm de processos racionais de gesto, tambm desejos, convices, gostos e interesses pes-
soais dos dirigentes. Cabe aos dirigentes exercer a liderana na empresa, motivar sua equipe
de trabalho e tomar decises.
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A liderana situacional nas empresas agropecurias pode ser exercida por meio de comporta-
mentos variados dos dirigentes, quais sejam:
Administrao Rural
Comportamento Ocorre quando as decises so compartilhadas aps discusso e
36 Democrtico anlise conjunta do problema pelo dirigente e pelo subordinado.
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Administrao Rural
Direo estratgica da comercializao
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Executar a estratgia de compra de insumos e venda da produo.
Motivar os trabalhadores.
Comentrio do autor
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Controle de
estoques e de
Registros de uso de fatores inerentes a cada atividade da empresa.
bens de capitais
democrtico
Administrao Rural
Controle de Registros que monitoram o caixa, as contas bancrias e o saldo de
Controle de
clientes e Registros do histrico de transaes.
fornecedores
Por fim, vrios outros controles podem ser relevantes para a empresa, como dados meteoro-
lgicos, histrico de preos de produtos, insumos e indexadores.
Nas atividades de controle, uma importante distino deve ser feita entre o controle das
transaes financeiras (fluxo de caixa) e o controle econmico da empresa. Este ltimo
mais complexo, envolvendo valores no monetrios, como, por exemplo, a depreciao e
os juros sobre o capital fixo no lado dos custos, o crescimento e a engorda de um animal e a
valorizao da terra no lado da renda.
Depreciao
uma reserva contbil destinada a gerar fundos para a substituio do capital investido em bens
produtivos de longa durao.
Juros
Dica
Tanto em nvel estratgico como em nvel operacional, o sistema de controle deve ser mais
detalhado na empresa rural quanto maiores forem:
o nmero ou a complexidade das atividades produtivas;
a) ao custo elevado para se implantar sistemas formais e eficientes de controle pelo fato de
seus trabalhadores, geralmente, possurem baixo grau de educao formal;
A atitude negativa por parte de produtores e/ou profissionais da assistncia tcnica para o
uso de tcnicas de gesto nas empresas agropecurias deve-se, principalmente, ao seguinte
41
motivo: presena de certo ceticismo, por parte dos produtores e at dos tcnicos, quanto
necessidade e eficcia de se usarem tcnicas de gesto nas empresas rurais.
Por outro lado, essa atitude negativa pode estar vinculada a uma relao mais direta, ou
de maior relevncia, como a aleatoriedade do clima ou as constantes mudanas na poltica
econmica, j que essas variveis impactam diretamente no resultado econmico da
propriedade rural.
Outros aspectos tambm dificultam a gesto das empresas rurais, tais como:
Natureza familiar
A natureza familiar predominante na empresa agropecuria lhe confere uma forma prpria de
gesto, que muitas vezes contraria o objetivo da maximizao de lucros estabelecido pela Teoria
Neoclssica.
Administrao Rural
Diferentes percepes
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H importantes e significativas diferenas na opinio e na percepo de tcnicos e produtores
sobre a melhor forma de gerenciar as empresas agropecurias.
Formalizao de critrios
Formas de gerenciamento
Desafios no planejamento
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Mercado
Desafios da organizao
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Fonte: Shutterstock
Administrao Rural
Com relao s limitaes que dificultam a organizao da empresa agropecuria, os resulta-
dos indicam que:
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na organizao da infraestrutura e do pessoal na empresa agropecuria, h uma
tendncia dos produtores em superdimensionar a disponibilidade desses fatores
de produo visando a uma reduo dos riscos operacionais inerentes produo.
Portanto, nas recomendaes sobre a organizao fsica e a de pessoal, devem
ser considerados os ganhos e as perdas dessa prtica no resultado econmico da
empresa;
Desafios da direo
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Ainda dentro dos resultados da pesquisa de Canziani (2011), temos os seguintes aspectos que
dificultam a direo na empresa agropecuria:
Desafios do controle
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Administrao Rural
h uma atitude favorvel de produtores e tcnicos para se aperfeioar o sistema de
controle da empresa agropecuria, mas, por outro lado, existe um reconhecimento
46 dos produtores sobre as dificuldades de implant-los e utiliz-los gerencialmente.
Dessa forma, h de se desenvolverem futuras pesquisas orientadas para o
desenvolvimento de sistemas de controle mais especficos para cada um dos
diferentes sistemas de produo
Para refletir
Alm das prprias limitaes que j possam existir, a administrao rural tambm pode se
deparar com os seguintes pontos:
preocupao histrica dos produtores com a rpida e permanente adoo de novas
tecnologias visando obteno de vantagem competitiva da empresa relativamente aos
demais produtores atuantes no mercado;
baixa tradio dos produtores rurais em divulgar a terceiros informaes sobre sua real
situao econmica, financeira e patrimonial;
baixa tradio dos produtores rurais do pas em contratar servios regulares de assessoria
em outras reas que no aquelas relacionadas aos aspectos tecnolgicos (que, por muito
tempo, foram vinculadas de forma compulsria ao sistema de crdito rural);
alto custo para se modificar, no curto e no mdio prazo, a estrutura vigente nas propriedades
rurais, gerando certa inrcia ou repetio de suas estratgias ao longo do tempo;
maior custo dos servios de uma assistncia agropecuria mais abrangente, que incluam,
alm da parte tecnolgica, outras questes contbeis, econmicas e administrativas.
Atividade de aprendizagem
1. Entre as dificuldades mais relevantes para a no adoo dos sistemas de gesto/
administrao da empresa rural, assinale a alternativa correta:
b) Organizar todas as atividades agrcolas e pecurias da empresa rural para que sejam
eficientes e com lucros crescentes.
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c) Compreender o ato de comandar, dirigir e gerir a empresa.
Administrao Rural
03
Modelos de Gesto
Rural
Tema 3: Modelos de Gesto Rural
Neste terceiro tema da unidade curricular Administrao Rural, analisaremos informaes
sobre contexto de mudana nas organizaes, bem como modelos e estratgias das empresas
rurais para que voc, ao final deste tema, desenvolva as seguintes competncias:
compreender as fases da empresa rural;
compreender como as fases da empresa rural fazem com que ela adote diferentes
estratgias.
Toda empresa passa por processos de mudanas, e isso bastante natural. Essas mudanas
podem ser quantitativas (crescimento ou diminuio de estruturas, mas o nvel de complexidade
da organizao se mantm o mesmo) ou qualitativas (mudanas de estruturas e organizao).
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Fonte: Shutterstock
Administrao Rural
Por que essas mudanas ocorrem? H momentos na vida das empresas em que o crescimento
das estruturas existentes no mais suficiente para responder aos estmulos e s demandas
50 dos meios externo e interno.
Para atender a esse objetivo, o texto traz uma caracterizao das fases de desenvolvimento
das empresas do meio rural, bem como das crises pelas quais passam essas empresas nos
processos de transio. Apresentamos, aqui, a descrio de trs fases:
1. Fase Pioneira;
2. Fase de Diferenciao;
3. Fase de Integrao.
1: Fase Pioneira
Enquanto a empresa pequena e a produo domstica, o produtor sozinho, com a famlia
ou com um pequeno grupo de colaboradores, responsvel pela produo. Ele conhece
profundamente seu negcio suas lavouras, seus equipamentos, todos os seus animais e
acompanha o desenvolvimento da produo diretamente no dia a dia.
A pessoa fundadora, tambm chamada pioneira, quem traz a viso para o grupo.
Reconhecido como quem conhece o negcio, costuma informar diretamente os demais sobre
os rumos que deseja dar empresa. Os valores e os princpios que orientam as aes da
Pioneiro
Todos sabem tudo o que acontece na empresa. A interao com o mercado tambm
direta a venda tambm realizada diretamente pelo proprietrio. A nfase est no mbito
econmico: o desafio manter o negcio vivel, garantindo a sua sobrevivncia.
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Fonte: Shutterstock
Administrao Rural
A fase de incio de uma empresa um processo que envolve grandes desafios uma luta
vibrante colocar uma empresa no mundo. Demanda muito esforo, mas tambm traz muita
52 satisfao para quem dela participa. Quem inicia o empreendimento ao lado do pioneiro
sente orgulho da iniciativa e forte vnculo com o que est sendo construdo. Mesmo diante das
dificuldades, a conexo direta com a produo e a venda traz uma forte ligao com a razo
de ser da empresa, o que gera entusiasmo e satisfao nas pessoas ao redor da empresa.
Vemos isso ocorrer mesmo em empresas grandes, com centenas de colaboradores, que
ainda esto na Fase Pioneira. Nessa fase, o pioneiro, normalmente, escolhe as pessoas para
trabalhar com ele de acordo com critrios subjetivos: pela confiana que inspiram, pela
afinidade de ideias e de temperamentos, pela disposio para o trabalho etc. Normalmente,
o prprio pioneiro quem ensina aos demais as tarefas da empresa e, tambm por isso,
reconhecido pelo grupo como autoridade. As relaes entre as pessoas so prximas, pois
todos se conhecem.
Fonte: Shutterstock
O proprietrio conhece cada uma das pessoas que com ele trabalha, bem como suas famlias.
Com frequncia existe certo paternalismo entre o fundador e os demais: ele ajuda diretamente
os colaboradores em suas necessidades familiares, apoiando os estudos do filho de um,
comprando o enxoval de outro, batizando outro, ajudando na compra de uma televiso etc.
As relaes entre proprietrio e colaboradores, muitas vezes, so quase familiares, e, no
raro, os vnculos trabalhistas no so formais. Diante de resultados satisfatrios de produo,
comum ter recompensas distribudas de maneira tambm informal.
Comentrio do autor
53
Nessa fase, possvel que o prprio papel da liderana pioneira seja questionado
d por aqueles que esto mais prximos: seu empirismo e seu modo improvisado e
intuitivo de resolver os problemas talvez j no sejam suficientes para responder
s demandas crescentes da empresa. A organizao vive tenses e conflitos.
A Fase Pioneira encontra seus limites; a crise que se instala exige transformao. Essa crise
especialmente dolorosa para o pioneiro. Intimamente vinculado com a iniciativa, comum
sentir a crise como se fosse em seu prprio corpo e, no raro, adoecer nesse momento.
preciso enfrentar a situao e ir a busca de mudanas no modo de lidar com a empresa. Inicia-
se, ento, o desafio da profissionalizao.
2: Fase de Diferenciao
A crise da Fase Pioneira leva busca pela competncia organizacional.
Administrao Rural
com mais nveis hierrquicos. Vai-se fazendo uma diferenciao de cargos e funes, com
chefias; pessoas se tornam responsveis pelo trabalho de outras e o proprietrio j no
54 lida diretamente com todos os colaboradores. preciso criar regras e procedimentos para
que todos trabalhem de modo mais organizado. A empresa se ocupa de organizar os seus
processos e gerenciar suas atividades.
Fonte: Shutterstock
possvel que diferentes pessoas cuidem de diferentes etapas do processo produtivo ou que
algumas pessoas faam as atividades e outros realizem o controle do trabalho dos primeiros.
Torna-se necessrio garantir a comunicao entre elas. Como consequncia, aumenta o
volume de papis utilizados na prtica diria: registros, controles, comunicaes internas.
A Fase de Diferenciao caracteriza-se pelo grande movimento voltado para dentro da empresa
com a inteno de organiz-la. H a preocupao com a padronizao dos trabalhos e surgem as
rotinas na empresa e a identificao de responsveis para cada atividade. Desejam-se otimizar
o uso de recursos e o tempo das pessoas; busca-se aprimorar a produo e reduzir perdas.
Caso a empresa seja familiar, pode acontecer que cada membro da famlia queira assumir
uma rea ou um departamento especfico da empresa, ou que o proprietrio e seus principais
lderes busquem se capacitar em assuntos tcnicos orientados administrao, ao marketing,
s vendas e gesto.
As pessoas se dedicam de tal modo s questes internas que pode ocorrer um distanciamento
das necessidades e dos desejos do mercado. A profissionalizao torna as relaes mais
impessoais e os processos de trabalho se distanciam dos valores e dos princpios dos
fundadores.
3: Fase de Integrao
Na crise da Fase de Diferenciao, os lderes sentem que preciso resgatar a alma, a razo
pela qual a empresa foi criada. preciso reconectar cada colaborador misso da empresa e
reavivar as relaes em torno da iniciativa. Do mesmo modo, percebe-se que cada colaborador
ou grupo de colaboradores deve ser capaz de lidar de forma mais autnoma com os desafios
de sua responsabilidade para tornar a gesto mais leve, gil e dinmica. Para dar continuidade
a todo esse processo, tem-se a Fase de Integrao.
Integrao
Administrao Rural
Para garantir a autonomia dos grupos, os lderes se preocupam em criar viso e valores
compartilhados com todos. Com isso, busca-se dinamizar os processos, mantendo uma
56 integrao entre as reas.
Como exemplo de prtica adotada, toda uma equipe responsvel por determinado cultivo
participa de cursos sobre o tema. Alm disso, a empresa abre polticas de incentivo para quem
deseja estudar.
Fonte: Shutterstock
A empresa se reconhece como parte de uma rede interdependente de organizaes nas reas
de negcio em que participa, pela qual influenciada e sobre a qual exerce influncia. Nessa
fase, a empresa intensifica suas aes nessa rede.
Ela se une a outras organizaes para realizar aes conjuntas de interesse mtuo: lutam
por melhores preos de compra e de venda, compartilham recursos, constroem benfeitorias
comuns, e estabelecem relaes construtivas com outros parceiros: os vizinhos, os fornece-
dores, as associaes, os servios pblicos, as cooperativas e outros.
Intensifica sua atuao em associaes de carter comercial, trabalhista, por reconhecer que
a ao entre pares sinrgica, isto , a atuao de um grupo integrado mais eficaz que a
soma das aes individuais.
Pode, ainda, apoiar uma ou mais associaes de cunho assistencial, seja por meio de doao
financeira ou de produtos, ou abrindo a propriedade rural para aes recreativas e educativas.
possvel que exista alguma relao entre os objetivos e as estratgias comumente adotadas
pelos empresrios rurais em seus processos de planejamento e o estgio ou a fase do ciclo de
vida em que se encontram as empresas e/ou os empresrios em um determinado momento.
Acompanhe a correlao:
Administrao Rural
Na definio de estratgias, existem algumas filosofias que orientam o planejamento. Conhe-
a algumas dessas propostas.
58
Filosofia da satisfao
Filosofia da otimizao
Filosofia da adaptao
Por esse motivo, comum, por exemplo, que o planejamento operacional da produo em
algumas empresas agropecurias seja baseado na filosofia da otimizao. Isso normalmente
ocorre quando a obteno de altos ndices de produtividade fundamental para o sucesso
das empresas agropecurias, como aquelas que produzem gros, carne de frango ou outras
commodities.
59
Fonte: Shutterstock
Quanto ao estgio ou fase do ciclo de vida, possvel que uma empresa em fase de declnio
ou velhice, provavelmente, considere em seus objetivos questes de sobrevivncia ou
manuteno e, para tanto, adote estratgias baseadas na filosofia da satisfao ou na filosofia
da adaptao com postura passiva ou adaptativa.
Administrao Rural
J outra empresa agropecuria em fase de crescimento, provavelmente, ter objetivos de
crescimento ou desenvolvimento e estratgias baseadas na filosofia da otimizao ou na
60 filosofia da adaptao com postura antecipatria.
Nesse contexto delicado, quais tipos de decises uma empresa agropecuria pode tomar?
Confira alguns exemplos.
Decises gerais
paralisar investimentos;
abandonar as atividades com alto risco de produo e de mercado ou que exijam grandes gastos
operacionais;
adotar postura extrativista na tentativa de reduzir criteriosamente despesas de custeio das suas
atividades;
arrendar parte das terras a terceiros, adiar novos investimentos, entre outras.
Decises gerais
Decises gerais
Administrao Rural
Tpico 5: Objetivos de Desenvolvimento
62 Os objetivos, neste caso, ocorrem em situaes em que h forte predominncia dos pontos
fortes da empresa e de oportunidades no ambiente. Acompanhe os exemplos a seguir.
Decises gerais
Atividade de aprendizagem
a) Adota uma postura passiva: espera os acontecimentos para, ento, depois tomar uma
deciso no setor de produo.
b) Adota uma postura antecipatria: observa o mercado em sua volta, valoriza seus pontos
fortes e antecipa os acontecimentos aproveitando as oportunidades.
c) Adota uma postura de sobrevivncia: reduz ao mximo seus gastos, mesmo que isso a
leve a uma baixa produtividade, e arrenda parte de seus ativos a terceiros.
a) Fique estacionada e com possibilidade de ser extinta ou incorporada por outra empresa
que tenha postura de desenvolvimento.
63
Administrao Rural
04
Gesto de cadeia de
valor
Tema 4: Gesto de Cadeia de Valor
Neste tema, vamos analisar informaes sobre a base conceitual de Cadeia de Valor e os
modelos utilizados no mercado, e explorar os conceitos de oferta e demanda para que voc,
ao final deste estudo, desenvolva as seguintes competncias:
ser capaz de identificar uma Cadeia de Valor;
65
Fonte: Shutterstock
Diferenciao
Ao ou efeito de ser diferente; utilizar formas diferentes nas atividades a serem executadas pela
empresa rural.
Administrao Rural
A Cadeia de Valor de uma empresa est inserida em um conjunto de atividades, definido
como Sistema de Valor, caracterizado pelo inter-relacionamento entre as Cadeias de Valor de
66 fornecedores, empresas, canais de distribuio e compradores (ou clientes).
Uma empresa lucrativa se o valor que ela cria excede os custos envolvidos na produo do
produto/servio.
1. Atividades primrias
Alm do mais, explorar as ligaes entre atividades requer informao ou fluxos de informao
que permitam a otimizao e a coordenao de toda a cadeia. Nesse caso, sistemas de
informao que propiciem a integrao de atividades tornam-se vitais para a empresa.
Coordenar de maneira eficiente esses elos, geralmente, reduz custos ou permite a diferenciao
da empresa. Assim como existem ligaes entre as atividades de valor de uma empresa,
tambm h ligaes entre estas e as dos fornecedores e compradores.
Administrao Rural
3. Como integrar essa gesto de cadeia ao setor agronmico?
Uso dos fatores primrios de produo: Recurso natural, Trabalho, Capital fsico e financeiro, Recurso empresarial
Compra de insumos (Sementes, fertilizantes, defensivos agrcolas, combustveis, energia, peas e acessrios,
embalagens, produtos qumicos, etc), pagamento de impostos, taxas e contribuies, entre outros.
$ $ $ $
Consumidor final
gro gro Fbricas de derivados Outras
Cooperativas
esmagamento indstrias
Produtor $ $ (Mercado Interno) $ $
Cerealistas
Rural Atacadistas
Tradings
farelo, leo e Varejistas
outros derivados $
Soja em
gro
(Mercado Externo)
$
$ $ $ $
Remunerao aos fatores primrios de produo. Aluguis ou arrendamento, salrios, juros, lucros.
A seguir, veja mais alguns exemplos de como cadeias diferentes podem estar relacionadas
entre si.
Raes
Na formulao das raes, a principal fonte de energia no Brasil o milho, mas outros cereais
tambm so utilizados, como sorgo, arroz, triticale, trigo, triguilho, milheto, entre outros.
Protena
Como fonte de protena, destaca-se o farelo de soja, e, como ingrediente fibroso, o farelo de
trigo. As raes, normalmente, so adquiridas pelos avicultores de empresas integradoras, e, no
caso dos produtores de leite, de fbricas de raes independentes.
Farelos
Ingredientes minerais
Na venda de mquinas agrcolas no Brasil, estima-se que cerca de 50% sejam faturadas
(emisso da nota fiscal) diretamente pela indstria, 40% sejam faturadas pelos distribuidores
e apenas 10%, por estabelecimentos varejistas.
Administrao Rural
70
Fonte: Shutterstock
a) financiamento;
Quase sempre os revendedores de implementos agrcolas trabalham com vrios tipos e marcas
de equipamentos. Dentre os implementos e os equipamentos agrcolas, destacam-se: os de
preparo do solo, aplicao de fertilizantes, irrigao, tratamento e inoculao de sementes,
semeaduras, transplante e plantio, cultivo e poda, aplicao de defensivos e equipamentos
para colheita e beneficiamento da produo.
Fonte: Shutterstock
71
Administrao Rural
Uma forma comum de venda de fertilizantes ao produtor quando
a misturadora repassa o fertilizante para uma empresa (receptora)
72
Repasse e esta realiza uma operao casada com o produtor, ou seja, troca o
fertilizante pela produo futura (venda antecipada ou escambo).
Revenda Venda por meio de revenda (60% das vendas na regio Sudeste).
1. Soja
No caso da soja, a tecnologia utilizada pelos agricultores normalmente de ponta e relativa-
mente homognea. Esse produto, geralmente, cultivado em mdias e grandes propriedades
rurais, e sua explorao totalmente mecanizada.
Tradings
2. Milho
A produo de milho no Brasil se caracteriza por uma significativa dualidade tecnolgica em
termos de utilizao da tecnologia disponvel, com as colheitas variando em muito altas e
muito baixas produtividades. No pas, o milho plantado em duas safras (vero e safrinha) e
cultivado por mnis, pequenos, mdios e grandes produtores.
73
Fonte: Shutterstock
Administrao Rural
J o comrcio do milho bastante pulverizado, mas, no Brasil, o principal destino (utilizao)
desse produto a alimentao animal (principalmente por frangos e sunos).
74
No pas, o mercado de milho regional, em sua maior parte, durante a poca da safra, pois
caro o seu transporte entre regies, mas h regies exportadoras (ex.: Paran e Gois) que
praticam preos menores e regies importadoras (ex.: So Paulo e Santa Catarina), onde os
preos so mais altos. No mercado brasileiro de milho, comum haver interferncias do
governo, ora voltadas ao apoio da produo, ora voltadas garantia de abastecimento. Tanto
para a soja como para o milho, h o mercado de balco e o mercado de lotes, com significativa
diferena de preos entre eles.
3. Leite
A produo de leite no Brasil extremamente diversa. So muitos os sistemas de produo
existentes no pas, com significativas variaes entre regies e produtores em termos de
alimentao, manejo e gentica do rebanho.
4. Frango
A produo de frango bastante homognea em termos de tecnologia. Nesse setor, a inds-
tria que define o pacote tecnolgico, pois a maior parte da produo integrada. O ambiente
de produo feito quase sempre em condies controladas de temperatura e umidade.
Trata-se de um produto verstil e base para mais de 600 produtos nas indstrias
alimentcia, qumica, de bebidas, entre outras. No segmento consumidor, o
milho se destaca com trs tipos de demanda: a alimentao animal, a indstria
de moagem a seco e a indstria de moagem mida.
Administrao Rural
Do total de milho disponvel no mercado interno, um tero consumido pelos prprios pro-
dutores rurais em nvel de fazenda (autoconsumo), incluindo-se nesse montante as relaes
76 entre produtores de sunos e aves em sistema de integrao. Outros 27,2% so comerciali-
zados pelos produtores por meio de cooperativas; 5,92%, por meio de cerealistas e 26,0%,
diretamente dos produtores indstria.
Fonte: Shutterstock
Parte da industrializao do milho gera insumos industriais que vo para outras indstrias
compor uma ampla gama de produtos. Esse segundo processamento do milho consome um
volume de 6,2% da oferta interna. Outros 2,3% (em equivalente milho) chegam ao varejo para
consumo humano quase sempre na forma de produtos processados.
maiores incentivos produo de leite em regies mais distantes dos grandes centros
consumidores;
reduo dos preos do leite UHT ao consumidor final pelas maiores concorrncia e presso
dos supermercados;
Administrao Rural
Tpico 7: Formao de Preo
78 Na elaborao de projetos agropecurios, preciso estimar preos para responder funda-
mentalmente seguinte questo: por quanto possvel vender?
Essa estimativa no tarefa fcil, pois, nos mercados agrcolas, grande a variabilidade dos
preos, uma vez que as curvas de oferta e demanda sofrem pequenas variaes na quantidade
ofertada ou demandada, provocando variaes proporcionalmente maiores nos preos de
mercado.
Fonte: Shutterstock
Alm disso, fatores aleatrios, como o clima, que afetam a produo em termos de qualidade
e quantidade so comuns no setor rural, resultando em constantes choques de oferta e,
portanto, em variabilidade de preos.
Preo
Oferta
P
Demanda
Demanda
Q Q Quantidade
Por exemplo, deslocamentos da oferta para a esquerda causados por reduo da produo
devido a problemas climticos aumentam os preos.
Por outro lado, deslocamentos da demanda para a esquerda causados, por exemplo, por
reduo no preo de produtos substitutos ou devido diminuio de renda dos consumidores
reduzem os preos, e vice-versa.
Atividade de aprendizagem
1. Dentre as atividades primrias, excetua-se:
a) Logstica.
b) Marketing. 79
c) Aquisio.
d) Servios.
2. Sobre Cadeia de Valor, marque (V) para verdadeiro e (F) para falso:
Administrao Rural
(()Segundo Porter, uma companhia obtm vantagem competitiva se desempenha suas
atividades de uma forma mais barata ou melhor que seus competidores.
80
(()A no identificao e o monitoramento das variveis que afetam os mercados
agropecurios (oferta e demanda) so cruciais para a compreenso do preo, tanto de
seus comportamentos passado e presente como para a inferncia sobre o seu provvel
comportamento futuro.
3. Qual das alternativas abaixo melhor representa a essncia do conceito de Cadeia de Valor?
d) Uma das ideias mais marcantes relativas ao conceito Cadeia de Valor que ela uma
coleo de atividades independentes.
Patrimnio
Significa herana paterna, conjunto de bens de um indivduo, uma famlia, uma entidade ou um
Estado.
Essa atitude extremamente importante para se evitar conflito entre os herdeiros (por vezes,
parentes muito prximos, tais como irmos), o que pode resultar na desvalorizao ou,
mesmo, na perda do patrimnio.
Tal planejamento, quando bem feito e com a participao direta dos integrantes do ncleo
familiar, pode realmente funcionar como um futuro instrumento de pacificao e de
manuteno das condies econmicas mais favorveis, tendo em vista a sucesso patrimonial
ocorrida (por fora da morte do proprietrio original).
Normalmente, a famlia participativa tende a aceitar muito bem, no futuro, as decises regis-
tradas pelo proprietrio que agora falece.
As principais vantagens poderiam ser alinhadas por meio das seguintes aes:
b) transferir, para os herdeiros, uma situao mais bem planejada e mais protegida;
Quais seriam os meios jurdicos colocados disposio de quem pretender fazer o seu prprio
planejamento sucessrio? So eles:
a) doao;
b) testamento;
Administrao Rural
Tpico 1: Doao
84 Pode o empresrio ou proprietrio rural assim como qualquer cidado que pretenda
planejar sua sucesso doar seus bens para futuros herdeiros, preservando, no entanto, para
si mesmo o direito de continuar a usar, gozar e administrar o patrimnio por meio do instituto
conhecido por usufruto, previsto, no Cdigo Civil, nos artigos 1.390 a 1.411.
1) tem direito posse, ao uso e administrao dos frutos oriundos dos bens;
2) tem direito a perceber os frutos e a cobrar as respectivas dvidas, com aplicao, do valor
recebido, de imediato, em ttulos da mesma natureza ou em ttulos da dvida pblica
federal, com clusula de atualizao monetria segundo ndices oficiais regularmente
estabelecidos;
4) pertencente das crias dos animais, deduzidas quantas bastem para inteirar as cabeas
de gado existentes ao comear o usufruto.
Pode o doador (proprietrio), enfim, praticar todos os atos relativos ao patrimnio, porm, ele
no pode praticar atos de alienao do bem, pois no mais detm a plena propriedade.
Fonte: Shutterstock
Por sua vez, o herdeiro s ter direito propriedade quando for extinto o usufruto do doador
(que pode ser institudo por certo perodo) ou mediante a sua morte.
Doao exemplo
Doao de pai para filho, casado sob o regime da comunho parcial em que no se comunicam
as doaes , sem descendentes, com clusula de o patrimnio retornar ao doador em caso
de bito do donatrio.
Caso o filho morra, herdaro a nora e o sogro (concorrncia entre cnjuge e ascendente), mas,
se houver a mencionada previso, os bens estaro excludos da sucesso do donatrio, pois
como se a doao no tivesse existido.
Caso se cuide de doao a favor de pessoas casadas ou que vivam em unio estvel com
relaes patrimoniais regidas pelas normas que no as da separao total de bens , muito
importante que conste, expressamente, do respectivo contrato de doao que a liberalidade
se d com exclusividade, a favor de apenas um dos cnjuges/companheiros. Se assim no for,
a consequncia ser (como previsto no art. 551 do Cdigo Civil) que a doao subsistir na
totalidade em caso de falecimento de um deles em favor do outro donatrio.
85
Comentrio do autor
d Lembrando que a doao pode ser anulada em casos especficos previstos em lei.
Tpico 2: Testamento
Como antes mencionado, qualquer pessoa pode fazer um testamento e deixar registrada a
forma pela qual seus bens sero destinados aps sua morte. Lembrando que aqueles que tm
herdeiros necessrios podem destinar (e a quem desejarem) apenas metade do respectivo
patrimnio.
1 Art. 1.857. Toda pessoa capaz pode dispor, por testamento, da totalidade dos seus bens, ou de parte deles,
para depois de sua morte. 1 A legtima dos herdeiros necessrios no poder ser includa no testamento. [...] A
doao instrumento de grande valia para o planejamento sucessrio, sobretudo diante da possibilidade de se
estipular o retorno dos bens ao patrimnio do doador em caso de o donatrio falecer antes do prprio testador.
Administrao Rural
Primeiramente, importante anotar que, caso algum escreva um testamento que supere
a metade de seus bens, o Poder Judicirio reduzir a cota at que se retorne quela metade
86 mencionada (os 50%).
Fonte: Shutterstock
Assim, por testamento, a parte disponvel do patrimnio pode ser deixada para quem o
testador quiser.
Ainda por meio de testamento, poder o testador, na hiptese de sucesso legtima, deixar
definidos quais bens comporo cada uma das partes a serem entregues aos herdeiros. Se
essa definio prvia estiver interligada observncia das habilidades especficas de cada
herdeiro, muito provavelmente a melhor consequncia ser a de se garantirem a preservao
do patrimnio e a vocao especial de cada um dos bens.
Testamento exemplo
Por exemplo, o pai que, em testamento, deixa a propriedade rural para os dois filhos que com
ele sempre trabalharam. Para estes, ele pode deixar bens relativos lida agrria (de pecuria
ou de agricultura). J para os outros, ele pode deixar bens que no necessitem de cuidados
to especficos.
Informao extra
O por lei, cabe aos herdeiros necessrios (a parte chamada legtima dos herdeiros
necessrios), ele dever consignar, expressamente, as razes pelas quais ele
quer praticar tais atos (que so restritivos de direitos), isto , dever ter uma
justa causa para querer faz-lo.
Pelo testamento, enfim, possvel definir muito bem como se processar a sucesso do tes-
tador, at para o caso de haver algum descendente falecido antes dele, quando ento poder
deixar consignado o modo pelo qual devero ser feitas a diviso e a administrao do patri-
mnio por aqueles que recebem a herana em nome do outro herdeiro, pr-morto.
Pessoa jurdica
Termo utilizado pela cincia jurdica para designar uma entidade que pode ser detentora de
direitos e obrigaes e qual se atribui personalidade jurdica.
Essa distribuio de cotas e/ou aes poder se dar por doao ou por compra. No primeiro
caso, deve-se verificar o limite do que pode dispor o doador (como j visto, metade de seu
patrimnio quando tiver herdeiros necessrios).
87
Fonte: Shutterstock
Administrao Rural
Na segunda situao, caso se trate de venda e compra de pai para filho, devero com isso
concordar os demais filhos no agraciados pela doao, bem como dever concordar o
88 cnjuge do filho em questo.
Lembrando que essa ao possvel uma vez que, por meio dos acordos de quotistas/
acionistas, pode-se prever a forma como essa venda se dar.
Urbanizao mundial
61%
56%
53% 51%
47% 49%
44%
39%
Urbano
Rural
2000 2010 2020 2030
A produtividade agrcola era baixa as unidades produtivas, em sua maioria, eram pequenas
e pouco mecanizadas. O plantio e a colheita eram realizados com a mo de obra familiar, e,
em anos de safra cheia, no havia para quem vender. O Brasil exportava apenas caf, cacau e
acar. O alimento se perdia ou era aproveitado na engorda de sunos.
Nessa transio, a grande produo de gros, acar e fibras deixou a pequena propriedade
para ser realizada por empreendedores e suas empresas agrcolas profissionalizadas, apoiadas
por modernos e sofisticados equipamentos que substituem a mo de obra, cada vez mais
escassa em funo do xodo rural. Compare a diferena entre as populaes rural e urbana.
100% 91%
80%
64%
60%
40%
20% 36%
9% Urbano
0% Rural
1950
1955
1960
1965
1970
1975
1980
1985
1990
1995
2000
2005
2010
2015
2020
2025
2030
Legenda: Projeo de Propulao brasileira rual e urbana. Em 2030 a taxa de urbanizao da populao brasileira ser de 91%
A importao de soja, por exemplo, teve incio com pequenas quantidades em 1991, mas,
atualmente (2013), aproxima-se de 70 milhes de toneladas, mais da metade de toda a soja
comercializada no globo. A tendncia de, a cada ano, importar mais, pois 50% dos mais de
1,3 bilho de chineses ainda vivem no campo e, certamente, boa parte desse contingente
tambm migrar para a cidade, demandando alimentos que no mais produziro.
89
Fenmenos como o da China ocorrem no mundo todo, porque as condies de vida para
quem mora no mbito rural no so as mais atraentes.
Malthus, no sculo XVIII (1789), previu mortes por fome e inanio, pois, segundo ele, a
populao cresceria mais rapidamente do que a produo de alimentos. O que o estudioso
no previu foi a capacidade dos agricultores de aumentarem a produtividade.
De acordo com a Organizao das Naes Unidas para Alimentao e Agricultura FAO, a
taxa de expanso da fronteira agrcola tende a aumentar. Nos prximos 30 anos, os pases
Administrao Rural
desenvolvidos necessitaro de um incremento extra de 120 milhes de hectares para a
produo agrcola. Isso significa um aumento global da ordem de 12,5%. Por todo o planeta,
90 existe uma grande quantidade de reas agrcolas no utilizadas ou mal utilizadas que podem
ser incorporadas para gerar produo de alimentos.
A produtividade do campo continuar crescendo, assim como o custo para produzir os alimentos.
Em milhes de
estabelecimentos Em milhes de ha
Leitura complementar
No AVA voc encontra um texto complementar detalhando como deve ser feita
c a avaliao de uma propriedade rural e apresentando uma alternativa que
tambm auxilia nessa avaliao, o Inventrio Rural. Acesse e confira! Tratase de
um contedo relevante para sua atuao profissional.
(()O interessante seria todo proprietrio realizar em vida a diviso de seus bens para,
com isso, evitar conflito entre os familiares.
(()A doao dos bens a forma mais onerosa para os familiares na partilha do patrimnio.
(()A constituio jurdica permite limitar os poderes dos herdeiros para uma eventual
futura venda do imvel.
a) A venda do imvel s pode ser realizada pelo arrendatrio, pois ele quem faz usufruto
do imvel.
a) 15% a 18%.
b) 25% a 35%.
c) 35% a 65%.
Associativismo Cooperativismo
Tpico 1: Cooperativismo
Em seus primrdios, no sculo XVIII, o cooperativismo pretendia constituir uma alternativa
poltica e econmica ao capitalismo, eliminando o patro e o intermedirio, concedendo ao
trabalhador a propriedade de seus instrumentos de trabalho e a participao nos resultados
de seu prprio desempenho.
Administrao Rural
94
Fonte: Shutterstock
Reformadores sociais, socialistas utpicos ou socialistas cristos como Robert Owen e Charles
Fourier criaram cooperativas de produo. Louis Blanc fundou o que chamou de oficinas sociais
ao agrupar trabalhadores do mesmo ofcio. Destacam-se, como tericos de cooperativismo,
Beatrice Potter Webb, Luigi Luzzatti e Charles Gide, que chegou a propor a repblica cooperativa.
Custo de produo
a soma dos valores gastos na compra dos insumos e no pagamento de servios e dos custos
fixos de uma empresa.
Ser considerada como cooperativa, seja qual for a constituio legal, toda associao
de pessoas que tenha por fim a melhoria econmica e social de seus membros pela
explorao de uma empresa baseada na ajuda mnima e que observa os Princpios
de Rochdale.
Mas o que so esses Princpios de Rochdale? Esses princpios envolvem os seguintes conceitos:
4. autonomia e independncia;
6. intercooperao;
Administrao Rural
aproveitamento de sobras eventuais aos cooperados, que podem ser destinadas ao
desenvolvimento da cooperativa, aos servios comuns e aos associados, proporcionalmente
96 a suas operaes;
Cooperado
Uma cooperativa uma sociedade cujo capital formado pelos associados e tem a finalidade
de somar esforos para atingir objetivos comuns que beneficiem a todos. H muitos tipos de
cooperativas.
Cooperativa de produo
Cooperativa de consumo
Compra bens de consumo e revende a seus associados a preos mais baratos que os do mercado.
Cooperativa de crdito
Cooperativa de servios
Presta servios, como transporte de carga, abastecimento de gua, distribuio de energia eltrica etc.
Comentrio do autor
Robert Owen, fabricante ingls do final do sculo XVIII e incio do XIX, foi o primeiro a tentar
organizar uma empresa destinada a beneficiar os empregados e os consumidores no mundo
Para que voc possa entender a diferena entre os conceitos de associao e cooperativa,
consulte o quadro a seguir:
Associao Cooperativa
Forma de gesto Cada associado tem direito a Cada associado tem direito a um
um voto. voto.
Administrao Rural
Associao Cooperativa
98
Definida em assembleia-geral Definida em assembleia-geral ou
ou mediante interveno mediante processo judicial. Neste
Dissoluo judicial realizada por caso, nomeado um liquidante.
representante do Ministrio
Pblico.
Capital social
Bens que podem ser empregados em alguma atividade econmica por indivduos ou empresas e
compem o valor econmico do contrato de uma empresa e a diviso entre os scios.
admitir como associados pessoas jurdicas de natureza mercantil (exceto o previsto na Lei
n 5.764/71), fundaes, corporaes e outras sociedades civis;
Administrao Rural
As cooperativas agropecurias tm um papel importante na melhoria da distribuio de renda
na zona rural, uma vez que podem promover a agregao de valor aos produtos agrcolas e
100 aumentar o poder de barganha do produtor rural em mercados relativamente imperfeitos.
Tal situao se explica pelo fato de que, de um lado, a agricultura como setor primrio da
economia caracteriza-se por interagir com mercados fortemente oligopolizados (como o caso
dos insumos, do processamento das matrias-primas e da distribuio dos produtos acabados
at o mercado consumidor). Do outro lado, os agricultores participam de um mercado cuja
estrutura bastante atomizada e bem competitiva, colocando-os como meros tomadores de
preos, tanto no momento da compra de insumos como na venda de seus produtos.
Schneider (1984) afirma que o cooperativismo deve praticar, de maneira autntica, os valores
e os princpios cooperativos, principalmente elevando as condies materiais de vida pela
melhoria da renda dos seus associados.
Em algumas regies do Estado de So Paulo, anlises estatsticas comprovam que, para cada
10% de aumento na proporo de cooperados, h um provvel aumento mdio de 2,5% na
renda dos produtores rurais da regio.
Onde h a presena das cooperativas, h, tambm, melhores preos para os produtos agrcolas
e valores mais baixos nos insumos demandados pelos produtores rurais essas diferenas
podem ser significativas e beneficiam toda a comunidade rural (BIALOSKORSKI NETO, 1998b).
Fonte: Shutterstock
Segundo Michels (2000), para que uma cooperativa tenha, de fato, condies de oferecer
vantagens aos associados, necessrio que ela apresente trs caractersticas:
101
Quais so as vantagens de se associar a uma cooperativa? Segundo Zuurbier (1997), que
analisa os motivos que levam um produtor a se associar, podemos destacar:
e) os motivos ideolgicos: o produtor individual pode entrar em uma cooperativa por motivos
ideolgicos devido sua crena no fato de que a solidariedade entre produtores pode
ajudar a todos e aumentar o bem-estar comum.
Administrao Rural
Economia de escala
102 aquela que organiza o processo produtivo de maneira a se alcanar a mxima otimizao
dos fatores produtivos envolvidos no processo, procurando como resultados baixo custo de
produo e incremento de lucros.
o interesse social est ligado aos servios que os associados e suas respectivas famlias
recebem da cooperativa;
o interesse poltico leva a disputas internas pelo poder, como tambm representatividade
da cooperativa e de seus associados perante a comunidade.
Administrar esses interesses uma tarefa difcil e complicada, e muitas empresas dessa
categoria esto perdendo espao para seus concorrentes por no conseguirem equilibr-los
satisfatoriamente (ANTONIALLI, 2000).
Rodrigues (1997) entende que as cooperativas, com suas caractersticas peculiares, compem
o nico setor da economia cuja doutrina tem sua nfase no equilbrio entre o econmico e
o social, o qual se instala como o seu primeiro desafio adiante da globalizao, pois exige
eficincia e competitividade.
Com as presses impostas pelo novo ambiente, seja pelo mercado, seja
pela ao regulatria do Estado, o cooperativismo foi desafiado a adaptar-
se urgentemente antes que perdesse sua importncia efetiva como sistema
econmico de produo e/ou de prestao de servios.
Nesse sentido, Rocha (1999) acredita que as cooperativas, para atenderem s condies do
mercado, impem aos seus associados condies de produo cada vez mais distantes dos
princpios desse tipo de organizao.
103
Fonte: Shutterstock
A solidariedade (coeso entre os cooperados e a cooperativa) encontra limites cada vez mais
difceis de serem transpostos. A complexidade dos novos grupos cooperativos que esto se
formando dificulta a participao dos associados, afastando-os gradualmente das atividades
e das decises estratgicas. medida que a pirmide se eleva, o risco de se perder o contato
com a base tambm cresce.
Meireles (1981) analisa os problemas do cooperativismo pelo modelo terico proposto por
Henri Desroche, que distingue quatro grupos de pessoas na cooperativa e suas formas de
ruptura: os cooperados, os dirigentes, os gerentes profissionais e os empregados.
Cooperados
Administrao Rural
Dirigentes
104
Os dirigentes podem ter pretenso a mandatos nos rgos de representao mxima do
cooperativismo ou buscar notabilidade local (solidariedade poltica).
Gerentes profissionais
Os gerentes profissionais mantm vnculos com a sua classe tecnocrtica e defendem a ideologia
predominante de sua escola de formao (solidariedade tecnocrtica).
Empregados
Em grande parte, os processos de ruptura se originam pela falta de informaes, que tem
contribudo para a baixa participao dos associados nas assembleias-gerais. Cruz Filho
(1995), pesquisando a importncia da informao como fator de estmulo participao do
cooperado no processo decisrio, concluiu que tal iniciativa nessas reunies ordinrias e
extraordinrias apresentou ndices menores que 10% e que, nas decises mais importantes,
em que os associados deveriam ser consultados, 50% declararam no terem sido consultados.
Encerramento
Nesta unidade, voc pde aprender sobre os principais conceitos e desafios da administrao
rural, bem como suas configuraes nos diferentes setores de atuao. importante no parar
por aqui e continuar a investigar a respeito do tema e, principalmente, manter-se atualizado,
pois os nmeros apresentados mudam a cada ano. Utilize bem os novos conhecimentos
adquiridos.
Referncias bibliogrficas
complementares
ANTONIALLI, L. M. Modelo de gesto e estratgias: o caso de duas cooperativas de leite e caf
de Minas Gerais. Tese (Doutorado em Administrao). Faculdade de Economia, Administrao
e Contabilidade. Universidade de So Paulo. So Paulo: FEA/USP, 2000.
CAMPOS, V. F. Gerenciamento da rotina do trabalho do dia a dia. Belo Horizonte: INDG TecS,
2004.
CRUZ FILHO, H. Informao contbil como fator de estmulo participao na cooperativa. Viosa-
MG: UFV, 1995.
DALLARI, Jos Milton. Desempenho da cadeia produtiva do leite no Brasil: A viso dos
supermercados. II Congresso de Pecuria de Leite 4. Simpsio sobre sustentabilidade de
Leite no Brasil. Foz do Iguau: Paran. Dez, 2002.
Administrao Rural
DERLI, D.; FRANCISCO, G.; JOS, R. C. Administrao rural: manual do instrutor. Curitiba: SENAR/
PR, 1995.
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__________. Produtor na administrao rural: nvel superior. Curitiba: SENAR/PR, 1996.
MEIRA, J. L. Sucesso econmico e perfil estrategista empreendedor de produtores rurais: o caso Nilo
Coelho. Dissertao (Mestrado em Administrao). Universidade Federal de Lavras. Lavras:
ESAL, 1996. 76 p.
MILLER, A.; BOEHLJE, M.; DOBBINS, C. Positioning the farm business. West Lafayette: Purdue
University, 1998. 37 p.
PHILLIPS, J. C.; PETERSON, H. C. Strategic planning and firm performance: a proposed theorical
model for small agribusiness firms. East Lansing: Michigan State University, 1999. 15 p.
107
Administrao Rural
Gabarito
108
Tema 1
Atividade de aprendizagem
Questo 1: C
Questo 2: V, F, V, F
Questo 3: A
Questo 4: 6 - 3 - 2 - 5 - 1 - 7 - 4
Questo 5: Planejamento, direo, controle e avaliao
Tema 2
Atividade de aprendizagem
Questo 1: B
Questo 2: C
Questo 3: B
Questo 4: C
Tema 3
Atividade de aprendizagem
Questo 1: B
Questo 2: A
Questo 3: D
Tema 4
Atividade de aprendizagem
Questo 1: C
Questo 2: F, V, V, V, F
Questo 3: A
Tema 5
Atividade de aprendizagem
Questo 1: F, V, F, F, V
Questo 2: B
Questo 3: C
Questo 4: A
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