Síntese de Nano Fios de Oxido de Cobre
Síntese de Nano Fios de Oxido de Cobre
Síntese de Nano Fios de Oxido de Cobre
e Fabricação de Nanodispositivos
Março de 2008
"Os princípios da física, pelo que eu posso perceber, não falam contra a possibilidade
de manipular as coisas, átomo por átomo. Não seria uma violação da lei; é algo que,
teoricamente, pode ser feito, mas que, na prática, nunca foi levado a cabo porque somos
grandes demais”.
Richard Feynman
2
Agradecimentos
Durante esses dois anos, muitos são aqueles que merecem minha gratidão. Recebem o
meu agradecimento, tanto pelo apoio em meu trabalho e crescimento como pesquisador
quanto pelo apoio durante meu crescimento pessoal e durante as dificuldades que
apareceram.
Gostaria de agradecer ao professor Rodrigo Gribel que, para mim, antes de ter sido
meu orientador, foi um grande amigo que adquiri nessa caminhada. Obrigado pelas boas
discussões em relação ao trabalho e pelos conselhos que me foram dados.
Aos meus “irmãozões” Camilla, Daniel Bretas e Ive, um enorme obrigado por todo
apoio, conselhos, conversas e a diversão gerada durante todo o tempo de convivência.
Não sei o que seria dessa jornada sem vocês.
Gostaria de agradecer aos grandes mestres Luiz Orlando, Sérgio de Oliveira e André
Ferlauto, pelos ensinamentos que foram essenciais em minha formação. Ao Léo
Campos que também foi alguém que me ensinou muito, e juntos aprendemos a
desbravar um pouco do desconhecido (o Deby e o Loyd).
Dedico um agradecimento todo especial à minha mãe, devido ao apoio e por ter sido a
torcedora n° 1 pelo meu sucesso. Agradeço também a todo o resto da minha família,
pai, irmã, avós, tios e primos.
3
No mais, se me esqueci de você, que está lendo este texto, apenas lhe digo:
– OBRIGADO!!!
4
Resumo
5
Abstract
Based on the experience acquired during the growth studies, a novel architecture for
the manufacture of a interconnected arranje of nanowires was developed. Such
architecture takes advantage of the fact that the nanowires grow perpendicular to the
supporting Cu layer. Thus, by oxidizing two nearby Cu contact pads, the resulting CuO
nanowires can bridge the contacts forming an array (or network) of sensing elements.
We present results of the electrical characterization of devices based on this architecture
for CO2 monitoring.
We present here initial results on the fabrication of field effect transistors based on
isolated CuO nanowires. Metal contacts were made by electron beam and optical
lithography. We demonstrate that variations in the gate electric field result in changes in
the conductivity of isolated nanowires. The observed dependence indicates that the
nanowires behave as a p-type doped material. From such measurements, we could also
determine the nanowire carrier concentration and mobility.
6
Sumário
Agradecimentos ................................................................................................................ 3
Resumo ............................................................................................................................. 5
Abstract............................................................................................................................. 6
1– Introdução.................................................................................................................... 9
7
3.7 – Sistema de medida com atmosfera controlada .................................................. 37
Referências ................................................................................................................. 39
4 – Crescimento de nanofios de CuO ............................................................................. 41
8
1– Introdução
9
1.2 – Óxido de Cobre
Dentre os materiais, os óxidos de metais são tidos como os mais versáteis, devido a
suas propriedades e funcionalidades diversas. O óxido de cobre II (CuO) é
um semicondutor do tipo-p de “gap” indireto na região do infra-vermelho, de 1.2 eV
[10], por isso se apresenta na cor preta. Possui estrutura cristalina monoclínica, com
parâmetros de rede a = 4.684 Å, b = 3.425 Å, c = 5.129 Å e β = 99.47º. Uma imagem da
estrutura cristalina pode ser observada na figura 1.1.
Uma motivação para o trabalho com esse material, além das propriedades acima
mencionadas, é o fato desse material ser muito pouco explorado na literatura, na forma
de nanofios. Suas propriedades elétricas ainda não foram estudadas, através de
transistores de efeito de campo. Os mecanismos de crescimento ainda não são bem
entendidos. Esses assuntos serão tratados no decorrer desta dissertação.
Nos capítulos que seguem apresento um pouco da teoria por trás dos transistores de
efeito de campo produzidos a partir de nanofios isolados, os aspectos básicos das
técnicas experimentais utilizadas durante a realização deste trabalho e em seguida
10
apresento os resultados e conclusões obitidos com os trabalhos de crescimento dos
nanofios e a produção de transistores de efeito de campo, seguido de sua caracterização
elétrica.
Referências
11
[9] Huang, Y; Duan, XF; Cui, Y, et al. LOGIC GATES AND COMPUTATION
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Fonte: PHYSICAL REVIEW B, Volume: 52, Número: 3, Pág.: 1433-1436, Ano:
1995
[11] Reitz, JB; Solomon, EI. PROPYLENE OXIDATION ON COPPER OXIDE
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CHEMICAL SOCIETY, Volume: 120, Número: 44, Pág.: 11467-11478, Ano:
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TECHNOLOGY B, Volume: 24, Número: 2, Pág.: 940-944, Ano: 2006
[14] Hsieh, CT; Chen, JM; Lin, HH, et al. FIELD EMISSION FROM VARIOUS
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83, Número: 16, Pág.: 3383-3385, Ano: 2003
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LETTERS, Volume: 89, Número: 13, Artigo número: 133125, Ano: 2006
[16] MacDonald, AH. SUPERCONDUCTIVITY - COPPER OXIDES GET
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Ano: 2001
[17] Wu, MK; Ashburn, JR; Torng, CJ, et al. SUPERCONDUCTIVITY AT 93-K IN
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PRESSURE. Fonte: PHYSICAL REVIEW LETTERS, Volume: 58, Número: 9,
Pág.: 908-910, Ano: 1987
12
2 – Transistores de efeito de campo
*
Acrônimo de Metal-Oxide-Semiconductor Field-Effect Transistor, ou transistor de efeito de campo de
metal-óxido-semicondutor.
13
Fig. 2. 1 – Esquema de um transistor MOSFET de canal tipo-n típico.
ε ox A
Cox = (2.2),
t ox
onde ε ox é a permissividade dielétrica do óxido de silício (material isolante), que tem
À medida que a carga (tensão aplicada) no metal cresce, mais e mais elétrons são
atraídos para a superfície do semicondutor. Depois que praticamente todos os dopantes
na proximidade do óxido foram negativamente ionizados, os novos elétrons atraídos
†
Metal-Oxide-Semiconductor
14
para a interface estarão na banda de condução (elétrons livres), formando a chamada
camada de inversão (figura 2.2(c)). Ela recebe este nome porque houve a inversão do
tipo de portadores livres. Antes estes eram buracos, agora são elétrons. A tensão que
corresponde ao inicio da formação da camada de inversão é chamada de tensão de
limiar, ou “threshold”, Vth . Depois que a tensão de limiar foi atingida, incrementos na
15
Fig. 2. 2 – Esquema de bandas de um capacitor MOS onde é apresentado o comportamento do
mesmo em função da tensão de porta.
- Região linear: quando VG > Vth e VSD < VG − Vth , onde VSD é a tensão entre a fonte e
o dreno.
O transistor é ligado, e o canal que é criado permite o fluxo de corrente entre o dreno e
fonte (figura 2.3(b)). O MOSFET opera como um resistor, controlado pela tensão na
porta. A corrente do dreno para a fonte é [3],
µCox ⎛ 1 ⎞
I SD = 2 ⎜VG − Vth − VSD ⎟VSD , (2.4)
L ⎝ 2 ⎠
onde µ é a mobilidade do portador e L é o comprimento do canal.
O transistor fica ligado, e o canal que é criado permite o fluxo de corrente entre o
dreno e a fonte. Como a tensão de dreno é maior do que a tensão na porta, uma parte do
canal é desligada. A criação dessa região é chamada de pinçamento, ou “pinch-off”
16
(figuras 2.3(c)). Neste momento, um incremento de VSD provoca dois efeitos opostos: 1)
a camada de inversão na região próxima ao dreno desaparece, diminuindo a capacidade
de conduzir corrente entre fonte e dreno; e 2) o campo elétrico entre fonte e dreno
aumenta, incrementando a força que empurra os elétrons da fonte para o dreno. O
resultado é o equilíbrio entre estes dois processos antagônicos (figura 2.3(d)). A
corrente de dreno é agora relativamente independente da tensão de dreno (em uma
primeira aproximação) e é controlada somente pela tensão da porta de tal forma que [3],
µCox
I SD = 2
(VG − Vth )2 . (2.5)
L
17
Fig. 2. 4 – Curvas I SD × VSD e I SD × VG de um MOSFET de canal tipo-n comercial, modelo
2N7000 [5].
18
elaborada, a mesma traz a vantagem de o campo elétrico ser concentrado sobre o
nanofio e permitir a utilização de camadas mais finas de óxido.
19
relação à VG = 0 (figura 2.8(a)). Temos, então, uma diminuição da largura da região de
depleção na barreira. Com uma região de depleção mais fina, quando a tensão entre
fonte e dreno é diferente de zero, os buracos conseguem transpor a barreira (efeito de
tunelamento) e atravessam o canal (figura 2.8(c)).
Quando aplicamos uma tensão positiva ( VG > 0 , figura 2.8(d)), as bandas de valência
Para um nanofio de tipo-n os efeitos discutidos nos últimos parágrafos são contrários.
Fig. 2. 8 – Esquema da estrutura de bandas de um canal conectado por dois contatos metálicos nas
extremidades. Na figura, é apresentado como as bandas, de condução e valência, se deslocam a
partir de uma tensão de porta aplicada sobre o canal.
[5],
µC ox ⎛ 1 ⎞
I SD = 2 ⎜VG − Vth − VSD ⎟VSD (2.6)
L ⎝ 2 ⎠
onde Vth é a tensão limiar, ou seja, tensão de porta que minimiza a condução, L
20
Diferenciando a equação (2.6) em relação à tensão na porta temos então a
transcondutância,
∂I SD µC ox
gm = = 2 VSD (2.7)
∂VG L
Conhecendo então a transcondutância, podemos calcular a mobilidade‡ elétrica do
portador no transistor, que pode ser visto como um fator de qualidade do transistor,
g m L2
µ= (2.8)
C oxVSD
A carga total Q com o canal fechado, na tensão limiar ( Vth ) é dado por
- A densidade de carga é assumida como alta, de forma que o nanofio possa ser
considerado como metálico;
‡
Essa mobilidade não é igual a mobilidade calculada em um experimento de efeito Hall.
21
Para x = t R >> 1 temos que
( )
cosh −1 ( x ) = ln x + x 2 − 1 ≈ ln (2 x ) (2.11)
Logo,
C ox 2πε 0 ε r
= (2.12)
L ln (2 t R )
É muito comum o uso do óxido de silício como camada isolante, sendo assim temos
ε r = 3,9 , mas esse valor seria correto para o problema do cilindro envolvido
completamente por um dielétrico. Para o sistema real (cilindro sobre a camada de óxido)
costuma-se usar uma constante dielétrica efetiva empírica. No caso do silício temos
ε r ,eff = 2,5 [9,10] e ε r ,eff = 1,95 [11].
Referências
22
[4] Streetman, BG. SOLID STATE ELECTRONIC DEVICES. Quarta edição.
Englewood Cliffs: Prentice-Hall, 1995.
[5] Datasheet. 2N7000/2N7002/NDF7000A/NDS7002A N-Channel Enhancement
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[6] Cui, Y; Duan, XF; Hu, JT, et al. DOPING AND ELECTRICAL TRANSPORT
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[7] Wunnicke, O. GATE CAPACITANCE OF BACK-GATED NANOWIRE
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Volume: 89, Número: 8, Artigo número: 083102, Ano: 2006
[8] Ramo, S; Whinnery, JR e T. Van Duzer. FIELDS AND WAVES IN
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1994.
[9] Martel, R; Schmidt, T; Shea, HR, et al. SINGLE- AND MULTI-WALL
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[10] Lee, YH; Yoo, JM; Park, DH, et al. CO-DOPED TIO2 NANOWIRE
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2005
[11] Vashaee, D; Shakouri, A; Goldberger, J, et al. ELECTROSTATICS OF
NANOWIRE TRANSISTORS WITH TRIANGULAR CROSS SECTIONS.
Fonte: JOURNAL OF APPLIED PHYSICS, Volume: 99, Número: 5, Artigo
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[12] Kasap, SO. PRINCIPLES OF ELECTRONIC MATERIALS AND DEVICES.
Segunda edição. Boston: McGraw-Hill, 2002
[13] Liu, F; Bao, M; Wang, KL, et al. ONE-DIMENSIONAL TRANSPORT OF
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[14] Goldberger, J; Sirbuly, DJ; Law, M, et al. ZNO NANOWIRE TRANSISTORS.
Fonte: JOURNAL OF PHYSICAL CHEMISTRY B, Volume: 109, Número: 1,
Pág.: 9-14, Ano: 2005
23
3 – Técnicas Experimentais
A seguir, apresentamos uma breve discussão a respeito das técnicas utilizadas neste
trabalho. Algumas das técnicas foram utilizadas para caracterização, e outras para a
fabricação dos transistores de efeito de campo e sensores.
Pode-se dizer que quando um feixe de elétrons incide sobre uma amostra, ocorrem
diversas interações que a princípio podem-se classificar como espalhamento elástico e
inelástico dos elétrons com os átomos que compõem o material (figura 3.1).
24
contínuo de fótons, elétrons Auger e fótons característicos responsáveis por informação
da composição química e estrutura das ligações atômicas dos materiais.
25
diferença de potencial que pode variar de 0,5 a 40 kV, essa fonte promove e controla a
aceleração desses elétrons. A parte com tensão positiva, em relação ao filamento do
microscópio (eletrodo positivo), atrai fortemente os elétrons gerados, resultando em
uma aceleração na direção do eletrodo positivo.
26
Em especial, a difração raios X foi a técnica utilizada nesse trabalho para identificação
do tipo de material de que compunha a estrutura dos nanofios.
Fig. 3. 3 – Interferência entre raios a nível planar, gerada pela diferença de caminho.
27
Fig. 3. 4 – Arranjo experimental utilizado para a difração de raios X.
Em alguns casos, mesmo que a condição de Bragg seja satisfeita, podem não ocorrer
picos de difração. Isso acontece porque a intensidade de um feixe de raios X difratado é
r
()
proporcional ao quadrado do fator de estrutura F h de uma célula unitária, definido
por [4]:
( ) ∫ ρ (rr) exp[2πi(rr ⋅ h )drr]
r r
Fh = (3.2)
célula
Para experimentos de difração de raios X são usados, basicamente, dois tipos de fonte:
- o tubo de raios X, onde se faz incidir um feixe de elétrons sobre um alvo metálico
com energia suficiente para retirar elétrons das camadas mais internas dos átomos. A
radiação produzida por um tubo de raios X consiste da radiação característica, devido à
reocupação das vacâncias por elétrons de camadas superiores, e um “contínuo de
freqüência” devido ao processo de desaceleração do feixe de elétrons incidente
(“bremsstrahlung”).
28
Foram feitas medidas utilizando o tubo de raios X no Laboratório de Cristalografia do
Departamento de Física. O comprimento de onda do feixe é o do Cu Kα1, λ = 1,54 Ǻ.
Também foram utilizadas as instalações do LNLS para medidas de difração. Isso porque
as amostras continham pouco material de forma que uma medida realizada no
equipamento do departamento de física não conseguiria resolver os mesmos picos que
no LNLS. O comprimento de onda do feixe foi fixado em λ = 1,549 Ǻ.
Fig. 3. 5 – Gráfico do espectro Raman de uma molécula de CO2. Nela são apresentados os picos
Stokes e anti-Stokes [5].
29
onde (Eespalhado, kespalhado), (Eincidente, kincidente), (Efônon, qfônon) são as energias e
momentos do fóton incidente, fóton espalhado e fônon, respectivamente. O sinal (-) se
aplica ao processo onde um fônon é criado (chamado processo Stokes) e o sinal (+) se
aplica ao processo onde um fônon é destruído (chamado processo anti-Stokes).
Esse tipo de processo é largamente utilizado na indústria eletrônica, que ao longo dos
anos, desenvolveu e aprimorou os processos de litografia para o desenvolvimento de
dispositivos eletrônicos em lâminas de silício.
30
ultra-som por 5 minutos. A seqüência de solventes é: tri-cloro-etileno, acetona, álcool
isopropílico. Depois da limpeza, as amostras são secas com nitrogênio seco;
Na figura 3.6 é apresentado um esquema do processo descrito acima. Para esse caso, o
fotoresiste é positivo, e foi feito a deposição de um determinado filme.
31
A fotoalinhadora é um equipamento que permite o posicionamento do padrão a ser
transferido da máscara em relação à amostra. Isso é feito com o auxilio de um
microscópio acoplado ao sistema. Depois de posicionado a máscara na posição correta,
o equipamento provê a exposição da amostra por luz ultravioleta.
A litografia eletrônica tem por base a mesma idéia do processo de litografia ótica. A
diferença é que no processo de litografia por feixe eletrônico, como o próprio nome já
diz, utiliza-se um feixe de elétrons focalizado que interage com o polímero. Esse
processo fornece uma melhor resolução do padrão a ser desenhado, já que o
comprimento de onda dos elétrons é menor que o comprimento de onda da luz, podendo
assim construir padrões da ordem de dezenas de nanômetros, enquanto na litografia
ótica se produzem padrões da ordem de poucos mícrons ou sub-mícrons.
32
- Remoção do PMMA, feita colocando-se as amostras em um béquer contendo
acetona.
A deposição de filmes finos foi muito utilizada nesse trabalho. Depois de selecionar as
regiões dos contatos elétricos nos nanofios, através de processos de litografia, fazemos a
deposição de filmes finos de metais. Filmes finos também foram utilizados na
fabricação dos sensores, onde são necessárias regiões metálicas sobre o substrato
isolante. Utilizamos duas técnicas de deposição: evaporação térmica e evaporação por
“sputtering”.
33
3.5.1 – Deposição por evaporação
- metais refratários não podem ser evaporados devido ao seu alto ponto de fusão;
Este processo ocorre em uma câmara com gás inerte (Argônio) sob baixa pressão (~1
Torr). O material a ser depositado é instalado e eletricamente conectado a uma placa
34
metálica. A amostra é colocada em outra placa metálica próxima. O espaçamento entre
os eletrodos é aproximadamente 15cm. O gás é ionizado por uma fonte de alta tensão
aplicada nas placas. Os íons do plasma assim formado são acelerados pelo campo
elétrico e colidem com o material, arrancando átomos que se depositam sobre a amostra.
Um esquema do sistema de evaporação por “sputtering” é apresentado na figura 3.9.
- permite uma deposição uniforme sobre grandes áreas pela utilização de alvos de
diâmetro grande;
As desvantagens são:
35
- alto custo do equipamento;
- Uma delas consiste em fazer um contato somente encostando uma ponta metálica
sobre o contato da amostra (figura 3.10). Isto é feito com o auxilio de uma estação de
prova e micro-manipuladores. Os micro-manipuladores contêm uma ponta metálica que
pode ser conectada aos aparelhos de medida. O mesmo ainda provê o traslado da ponta
nas três direções (XYZ). Assim, visualizando o contato na amostra, através de um
microscópio ótico na estação de prova, posicionamos a ponta metálica até que a mesma
se encoste no contato.
36
- A outra forma consiste em soldar fios de ouro na amostra. A outra ponta do fio é
soldada em uma base que permite fazer a conexão com os equipamentos de medida.
São utilizados fios de ouro para conectar os contatos da amostra à base. Esses fios são
colados no contato com uma “wire bonder” (Kulicke and Soffa Industries, Inc. – figura
3.11). Este equipamento produz uma pequena bolinha de ouro na ponta do fio e a cola
no contato da amostra por meio de um pulso de ultra-som. Assim, o fio fica aderido ao
contato, e sua outra extremidade pode ser colada com tinta prata nos conectores da base.
Em geral, a amostra é aquecida entre 100 e 150°C para facilitar o processo de adesão.
Fig. 3. 11 – À esquerda vemos uma foto da “wire bonder” instalada na Sala Limpa do
Departamento de Física. À direita vemos uma imagem de microscopia ótica de um fio de ouro
colado no contato.
Para a realização dos trabalhos com sensores em nosso laboratorio, foi necessário
montar uma infra-estrutura que possibilitasse a realização das medidas elétricas
variando-se a atmosfera. Durante o período de mestrado montei todo o sistema de
medida, construindo o forno da câmara de medida (com ajuda do técnico Sérgio),
fazendo os programas de automatização das medidas e controle do fluxo dos gases (em
LabView). Um esquema do sistema para teste com vapores de solventes é apresentado
na figura 3.12(a). Na figura 3.12(b) mostramos a modificação para a medida com gases,
e na figura 3.12(c) temos uma foto do sistema montado por mim no Laboratório de
Nanomateriais.
O sistema de medida utilizado foi montado por mim e consiste basicamente dos
seguintes elementos:
- uma câmara, que é um pequeno forno tubular onde se cria a atmosfera adequada ao
experimento. A temperatura no interior é regulada por um controlador de temperatura;
37
- o sistema de controle de fluxo de gás, dois MFC´s (Mass Flow Controller,
controladores de fluxo) controlados por uma unidade de controle ligada ao computador;
38
determinado fluxo do gás que é usado como referência (em nosso caso, nitrogênio
seco).
Durante a medida, o fluxo de gás total dentro da câmara é mantido sempre constante
pelo programa de medida. A resistência do dispositivo é medida por um eletrômetro
Keithley modelo 6517A também controlado pelo programa. Na figura 3.13 é
apresentada uma imagem do programa feito em LabView.
Referências
[1] Goldstein, JI; Newbury, DE; Echlin, P; Joy, DC; Fiori, C e Lifshin, E.
SCANNING ELECTRON MICROSCOPY AND X-RAY MICROANALYSIS:
39
A TEXT FOR BIOLOGISTS, MATERIALS SCIENTISTS, AND
GEOLOGISTS. New York ; London: Plenum Press, 1981
[2] Maliska, AM. APOSTILA DE MICROSCOPIA ELETRÔNICA DE
VARREDURA E MICROANÁLISE. Universidade Federal Santa Catarina.
[3] Bleicher, L e Sasaki, JM. APOSTILA DE INTRODUÇÃO Á DIFRAÇÃO DE
RAIOS X EM CRISTAIS. Universidade Federal do Ceará.
[4] Speziali, NL. APOSTILA DE DIFRAÇÃO DE RAIOS X. Universidade Federal
de Minas Gerais.
[5] Jorio, A; Dantas, MSS e Pimenta, MA. APOSTILA DE ESPECTROSCOPIA
RAMAN. Universidade Federal de Minas Gerais.
[6] Maciel, IO. MANIPULAÇÃO DE NANOTUBOS DE CARBONO DE
PAREDE ÚNICA PARA CONSTRUÇÃO DE DISPOSITIVOS
NANOESTRUTURADOS. Dissertação de Mestrado, Março de 2005.
Universidade Federal de Minas Gerais.
[7] Jaeger, RC. INTRODUCTION TO MICROELECTRONIC FABRICATION. 2.
ed. Upper Saddle River, N. J.: Prentice Hall, c2002.
40
4 – Crescimento de nanofios de CuO
4.1 - Introdução
A limpeza dos substratos é realizada sempre da mesma forma: as peças de cobre são
colocadas em um béquer contendo ácido clorídrico (HCl 37%) e lavadas ao ultra-som
por 1 minuto. Esse procedimento é feito para retirar a camada de óxido nativo da
superfície do cobre. Depois de mergulhadas no ácido, as amostras são enxaguadas com
água destilada, sendo também submetidas ao banho de ultra-som. A secagem das
amostras é feita soprando as amostras com nitrogênio seco.
41
Após o procedimento de limpeza, as amostras são colocadas sobre um cadinho de
quartzo. Esse cadinho então é inserido dentro do forno tubular, ficando posicionado no
centro do mesmo.
O forno tubular consiste de um tubo de quartzo envolto por uma resistência elétrica,
responsável pelo aquecimento da região interna do tubo (até 1000°C), e ambos, tubo e
resistência, estão isolados termicamente em relação ao ambiente com cerâmica
refratária. Um esquema do forno é apresentado na figura 4.1.
42
totalmente aderida à superfície do cobre, ela se quebra e solta do substrato sempre que o
forno esfria.
Fig. 4. 2 – Foto de duas amostras que foram submetidas ao processo de oxidação. A amostra da
direita apresenta ainda a camada de óxido (região escura) sobre ela, mas pode-se ver parte do
substrato de cobre (região alaranjada). Na amostra da esquerda temos o filme ainda intacto sobre o
substrato.
Na seção anterior mencionamos que utilizamos dois tipos de substratos, placas e fios
de cobre. A razão para isto é que, nas placas de cobre, pode-se observar os nanofios
crescidos de uma vista superior. Já o fio de cobre foi utilizado para se fazer imagens
laterais e observar o diâmetro e o comprimento dos nanofios. E acreditamos que o
mecanismo de crescimento seja o mesmo para os dois tipos de substratos.
43
Fig. 4. 3 – Imagens de MEV da superfície do substrato de cobre oxidado em várias temperaturas
por 3 horas.
O que se pode observar através das imagens da figura 4.3 é que existe uma janela de
temperatura onde ocorre o crescimento. Entre 400°C e 700°C (figura 4.3 (b), (c) (d) e
(e)) pode-se observar a existência de nanofios. Em 300°C (figura 4.3(a)) não se observa
a ocorrência de nanofios, e a 800°C (figura 4.3(f)) também não se observa nanofios.
Podemos também observar que os nanofios crescem em forma de agulha, e que existe
uma dependência do tamanho, diâmetro e comprimento com a temperatura.
Na figura 4.4 apresentamos as imagens de MEV feitas nos fio de cobre. Estas
passaram pelo mesmo processo que as placas de cobre.
44
Fig. 4. 4 – Imagens de MEV da lateral do fio de cobre oxidado em várias temperaturas.
300
Diâmetro Médio (nm)
250
200
150
100
50
0
400 500 600 700
o
Temperatura ( C)
45
4.3.3 – Série de tempo: placa de cobre
46
O que se pode observar nas figuras 4.6 e 4.7, é um nítido aumento da densidade de
nanofios sobre a camada de óxido, e um aumento do comprimento em função do
aumento do tempo de oxidação. Um aumento da densidade significa um aumento da
área superficial total, o que teoricamente aumentaria a eficiência de um dispositivo em
que esse parâmetro seja importante, como no caso de um sensor de gás.
Agora veremos o estudo de tempo nas amostras de fio de cobre. Estas passaram pelo
mesmo processo que as placas de cobre na série de tempo. Devido à diferença de
tamanho dos fios para as amostras crescidas a 400°C (figura 4.8), foram feitas imagens
com magnificação apenas de 5000 vezes, já para as amostras crescidas a 600°C (figura
4.9), forma feitas imagens com magnificação de 1000 vezes.
Fig. 4. 8 – Imagens de MEV da lateral do fio de cobre oxidado à temperatura de 400°C, variando o
tempo de permanência da amostra nesta temperatura.
47
Fig. 4. 9 – Imagens de MEV da lateral do fio de cobre oxidado à temperatura de 600°C, variando o
tempo de permanência da amostra nesta temperatura.
Com base nas imagens obtidas do fio de cobre oxidado, verificamos que o
comprimento dos fios aumenta em função do tempo de exposição à temperatura de
400°C (figura 4.8). Nota-se também que nas imagens de 10h e 18h (figuras 4.8(e) e
4.8(f)) não há muita variação no comprimento médio dos fios. Esse resultado pode ser
verificado na figura 4.10, onde é apresentado um gráfico do comprimento médio dos
nanofios de óxido de cobre em função do tempo. No gráfico, vê-se que o comprimento
dos fios aumenta com o aumento do tempo, variando de 1 a 5,5 µm para a temperatura
de 400°C. Quanto ao diâmetro, não se nota uma grande varição do mesmo em função do
tempo.
Comprimento Médio (µm)
0
0 200 400 600 800 1000 1200
Tempo (min.)
48
Ainda se observa também, na figura 4.10, um comportamento assintótico do
comprimento médio do fio em relação ao tempo de permanência do forno. Isso sugere
que, com o passar do tempo, existe uma espécie de saturação do crescimento.
Tempo (min.)
Fig. 4. 11 – Medida do comprimento médio dos nanofios em função do tempo de exposição da
amostra a uma temperatura de 600°C.
Na figura 4.12 está apresentado o padrão de difração de raios X das cascas de óxido
(camada de óxido + nanofios, como apresentado na figura 4.13) medidas no
equipamento do Departamento de Física. Essa é uma amostra representativa, os
49
parâmetros de crescimento são: temperatura de 600°C e tempo de 10 horas. A varredura
foi realizada variando o ângulo 2θ de 33 até 80°. Nessa região se concentram todos os
picos mais relevantes dos três possíveis materiais que poderiam ser encontrados, Cu,
Cu2O e CuO.
20000 β
α α - CuO
Intensidade (u.a.) β - Cu2O
15000
10000
α
αβ
α α β
5000 β
α α α αβ
30 35 40 45 50 55 60 65 70 75 80 85
2θ (graus)
Fig. 4. 12 – Difratograma da casca de óxido de cobre contendo os nanofios. Difração realizada no
Departamento de Física.
No difratograma podemos ver, além do CuO, picos de outra fase de óxido que contém
menos oxigênio (Cu2O). Como o Cu2O contém menos oxigênio, o mesmo deve estar
concentrado na interface entre o substrato (cobre) e o CuO. Assim, supomos que o Cu2O
faça a interface entre o cobre metálico e a camada de CuO que sustenta os nanofios
(figura 4.13).
Fig. 4. 13 – Nanofios crescidos por oxidação térmica. Na figura pode-se ver a casca que se solta do
substrato de cobre depois do processo de crescimento. Pode-se ver a camada de óxido que sustenta
os nanofios de CuO. A fase Cu2O está concentrada na parte inferior da cascafazendo a interface
com o cobre metálico.
50
Como supomos que os nanofios crescem sustentados sobre uma camada de mesmo
material, essa camada mascara a informação de difração vinda dos nanofios. Para
eliminar a informação da camada de óxido foi feita uma difração de raios X dos
nanofios isolados. Os nanofios foram isolados em uma fita adesiva, de forma que não
ficasse vestígio da camada de óxido que cresce durante a oxidação do cobre, e sobre a
qual nascem os nanofios. Essa medida foi realizada no Laboratório Nacional de Luz
Síncroton (LNLS).
O motivo da realização dessa medida no LNLS foi devido à razão sinal/ruído ser
muito maior. A amostra continha muito pouco material, de forma que uma medida
realizada no equipamento do departamento de física não conseguiria resolver os
mesmos picos que no LNLS.
Na difração de raios X dos fios isolados (figura 4.14), todos os picos que sugiram no
difratograma estão relacionados à fase de óxido de cobre, CuO. Sendo assim, o que se
pode obter desse resultado é que a composição química dos nanofios é a do CuO, como
esperado.
(-111)
2500
(002)
(111)
Intensidade (u.a.)
1000 (-202)
(113) (004)
(-113)
(220) (-222)
500
30 35 40 45 50 55 60 65 70 75 80 85
2θ (graus)
Fig. 4. 14 – Difratograma dos nanofios isolados na fita adesiva. Difração realizada no LNLS. Todos
o picos são de CuO, e os índices dos planos difratados estão indicados.
Nas duas amostras de temperaturas onde não ocorreu o crescimento (300 e 800oC)
também foram feitas medidas de difração de raios X. A medida foi realizada na amostra
inteira, ou seja, contendo o substrato de cobre. A 300oC (figura 4.15), o que se pode
notar é a presença do cobre do substrato (os três picos mais intensos) e a presença
também de Cu2O (os outros dois picos intensos). A fase de CuO não é evidenciada
51
nessa temperatura. Isso sugere que a camada de óxido é fina, de forma que a luz de raio
X possa ainda fornecer informação do substrato.
2500 +
+ +
+ Cu
Intensidade (u.a.)
2000
* Cu2O
1500 # CuO
1000
* #
500 *
# *
0
30 40 50 60 70 80
2θ (graus)
Fig. 4. 15– Difração de raios x da amostra oxidada à 300oC por três horas em forno aberto para
atmosfera.
Já em 800oC (figura 4.15), o que se pode notar é que não há presença de picos
relacionados ao cobre. Esse fato pode estar relacionado com o fato de a camada de
óxido ser tão espessa enterrando o cobre. A grande maioria dos picos mostrados no
difratograma estão relacionados com a fase CuO. Podemos ver ainda picos de Cu2O,
que está na interface entre o CuO e o cobre.
3000
#
2500 #
Intensidade (u.a.)
2000 * Cu2O
# CuO
#
1500
*
1000
# *
#
500 # # # #*
*
0
30 40 50 60 70 80
2θ (graus)
Fig. 4. 16 – Difração de raios x da amostra oxidada à 800oC por três horas em forno aberto para
atmosfera.
52
4.4.2 – Espectroscopia Raman
O CuO possui uma estrutura monoclínica com duas moléculas por célula primitiva.
Essa estrutura apresenta três modos ativos em Raman (Ag + 2Bg) [8]. As freqüências
dos modos ativos em Raman são: Ag, = 298 cm-1, B1g = 345 cm-1 e B2g = 630cm-1.
1,6
-1
Ag - 298 cm
Intensidade (u.a.)
1,2
-1
B1g - 345 cm -1
B2g - 630 cm
0,8
CuO - nanofio
0,4
CuO - pó
0,0
250 300 350 400 450 500 550 600 650 700
-1
Deslocamento Raman (cm )
Fig. 4. 17 – Espectros Raman de um nanofio isolado e de um pó comercial de CuO para
comparação. O espectro foi obtido utilizando-se um laser de energia 1,92 eV (vermelho) e potência
de 2,5 mW. O espectro do nanofio foi tratado de forma a retirar a informação que veio do
substrato. Isso foi feito com o espectro do substrato sem nanofios.
53
ressonância, já é bastante conhecido em materiais com “gap” direto. O CuO possui gap
indireto. Apesar de este ser um resultado interessante, ele também foi observado no pó
de CuO, assim, por causa disto, e pelo fato de não ser o foco desse trabalho, o resultado
foi apenas apresentado aqui.
300
250 2.54eV
Intensidade (u.a.)
200
150 2.41eV
100 2.18eV
50
1.92eV
0
-50
0 200 400 600 800 1000 1200
-1
Deslocamento Raman (cm )
Fig. 4. 18 – Espectro Raman em um nanofio isolado variando a energia do laser. Potência de 2,5
mW.
54
Fig. 4. 19 – Imagens de microscopia eletrônica de transmissão de um nanofio de CuO. As imagens
são do mesmo nanofio com magnificações difrentes.
4.5 – Discussões
55
Cu
Cu2O
CuO
CuO-NW
Fig. 4. 20 – Esquema do crescimento dos nanofios de CuO sobre o substrato de cobre. O cobre
oxida em uma fase de óxido com menos oxigênio (Cu2O), essa fase também sofre oxidação
formando uma camada de CuO de onde nascem os nanofios.
300
Diâmetro Médio (nm)
250
200
150
100
50
O crescimento de filmes de óxido de cobre foi muito estudado por diversos grupos nas
décadas de 50 e 60. Estas observações mostraram que o crescimento se dá através de
uma lei parabólica [10,11]:
56
h2 = k ⋅ t (4.2)
onde h é a espessura do filme de óxido, k é uma constante e t é o tempo. Ou seja, o
quadrado da espessura do filme de óxido é diretamente proporcional ao tempo
decorrido. Essa teoria foi descrita por Wagner [12]. A cinética parabólica diz que a taxa
de crescimento é controlada pelo transporte devido a um gradiente de uma força motriz
que é inversamente proporcional ao aumento da espessura.
o
600 C
o
400 C
10
Tempo (min.)
Fig. 4. 22 – Gráfico com o comparativo das duas séries de crescimento variando o tempo de
processo nas temperaturas de 400 e 600°C. Foram colocados também no gráfico os ajustes da
equação h = k ⋅ t . O eixo y está em escala log para facilitar a visualização dos dois dados.
Como pode ser verificado, a lei parabólica pôde ser aplicada ao crescimento dos
nanofios. Os valores da taxa (constante k ) estão apresentados na tabela 1. Podemos
perceber que a taxa varia duas ordens de grandeza. A cinética de crescimento é muito
maior em 600°C do que em 400°C.
57
Conseguimos determinar de forma fenomenológica funções que podem descrever a
relação entre as dimensões dos nanofios e os parâmetros de crescimento estudados aqui.
Associamos uma lei parabólica ao crescimento dos nanofios, mas ela não possui a
mesma força motriz que e a lei parabólica, que rege o crescimento da camada de óxido
(neste caso, a força motriz é o gradiente de potencial químico). O que supomos a
respeito do crescimento e iremos discutir mais na próxima seção é que a razão para o
crescimento dos nanofios é o acúmulo de tensão na camada de óxido.
Para finalizar esta discussão, mostramos na figura 4.23 outros dados de tempo obtidos
para uma amostra crescida a 500º C junto com os dados já mostrados. Fizemos um
ajuste parabólico com esses dados e podemos ver que, além do diâmetro médio crescer
linearmente com a temperatura, o comprimento médio também parece crescer
linearmente com a temperatura para um determinado tempo específico. Ou seja, o
nanofio aumenta como um todo com o aumento da temperatura.
Fig. 4. 23 – Gráfico em função do tempo para crescimentos nas temperaturas de 400, 500 e 600º C.
Também é apresentato, no gráfico, os ajustes da equação h = k ⋅ t para cada temperatura.
Podemos ver que, além da relação parabólica com o tempo o comprimento médio, há uma relação
linear com a temperatura, para cada tempo.
Nos anos 50, muitos grupos de pesquisa, em seus trabalhos a respeito do processo de
oxidação do cobre, observaram o surgimento de pequenos fios, que foram chamados de
“whiskers”, na superfície da camada de óxido [10,16]. A justificativa para o surgimento
58
dos “whiskers” sobre a camada de óxido estaria ligada às tensões geradas na estrutura
cristalina durante os processos de oxidação. O crescimento dos “whiskers” ocorreria
devido ao um processo de extrusão do excesso de óxido, que provoca forças
compressivas na rede cristalina.
59
Para temperaturas maiores que 800°C, os átomos na estrutura têm grande liberdade
para se movimentarem pelo material, e a camada de óxido cresce muito rapidamente.
Isto faz com que as tensões acabem sendo absorvidas durante o crescimento da camada
de óxido. Outra conseqüência dessa liberdade dos átomos, já mencionada, é o
crescimento rápido da camada de óxido. Esse fato pode ser obsevado no difatrograma
da amostra crescida a 800oC (figura 4.16), onde a camada de óxido é tão espessa, que
não se vê sinal do substrato e também quase nenhum sinal da camada de Cu2O.
60
camada de óxido aumenta, diminuindo a quantidade de íons que chegam, e diminuindo,
consequentemente, as tensões na estrutura e a velocidade de crescimento dos nanofios.
Assim, a diminuição da taxa de crescimento dos nanofios que observamos no gráfico da
figura 4.22, pode ser entendido.
Referências
61
[7] Gu, G; Zheng, B; Han, WQ, et al. TUNGSTEN OXIDE NANOWIRES ON
TUNGSTEN SUBSTRATES. Fonte: NANO LETTERS, Volume: 2, Número: 8,
Pág.: 849-851, Ano: 2002
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Fonte: SOLID STATE COMMUNICATIONS, Volume: 70, Número: 1, Pág.:
11-14, Ano: 1989
[9] Fan, HM; Zou, BS; Liu, YL, et al. SIZE EFFECT ON THE ELECTRON-
PHONON COUPLING IN CUO NANOCRYSTALS. Fonte:
NANOTECHNOLOGY, Volume: 17, Número: 4, Pág.: 1099-1103, Ano: 2006
[10] Sartell, JA; Stokes, RJ; Bendel, SH, et al. ROLE OF OXIDE PLASTICITY IN
THE OXIDATION MECHANISM OF PURE COPPER. Fonte:
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METALLURGICAL ENGINEERS, Volume: 215, Número: 3, Pág.: 420-424,
Ano: 1959
[11] Ali, SI; Wood, GC. INFLUENCE OF CRYSTALLOGRAPHIC
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Volume: 8, Número: 6, Pág.: 413-422, Ano: 1968
[12] Atkinson, A. TRANSPORT PROCESSES DURING THE GROWTH OF
OXIDE-FILMS AT ELEVATED-TEMPERATURE. Fonte: REVIEWS OF
MODERN PHYSICS, Volume: 57, Número: 2 Pág.: 437-470, Ano: 1985.
[13] Komatsu, M; Mori, H. IN SITU HVEM STUDY ON COPPER OXIDATION
USING AN IMPROVED ENVIRONMENTAL CELL. Fonte: JOURNAL OF
ELECTRON MICROSCOPY, Volume: 54, Número: 2, Pág.: 99-107, Ano: 2005
[14] Cheng, CL; Ma, YR; Chou, MH, et al. DIRECT OBSERVATION OF SHORT-
CIRCUIT DIFFUSION DURING THE FORMATION OF A SINGLE CUPRIC
OXIDE NANOWIRE. Fonte: NANOTECHNOLOGY, Volume: 18, Número:
24, Artigo número: 245604, Ano: 2007
[15] Liu, YL; Liao, L; Li, JC, et al. FROM COPPER NANOCRYSTALLINE TO
CUO NANONEEDLE ARRAY: SYNTHESIS, GROWTH MECHANISM,
AND PROPERTIES. Fonte: JOURNAL OF PHYSICAL CHEMISTRY C,
Volume: 111, Número: 13, Pág.: 5050-5056, Ano: 2007
[16] Gulbransen, EA; Copan, TP; Andrew, KF. OXIDATION OF COPPER
BETWEEN 250-DEGREES-C AND 450-DEGREES-C AND THE GROWTH
62
OF CUO WHISKERS. Fonte: JOURNAL OF THE ELECTROCHEMICAL
SOCIETY, Volume: 108, Número: 2, Pág.: 119-123, Ano: 1961
[17] Zhu, Y; Mimura, K; Isshiki, M. INFLUENCE OF OXIDE GRAIN
MORPHOLOGY ON FORMATION OF THE CUO SCALE DURING
OXIDATION OF COPPER AT 600-1000 DEGREES C. Fonte: CORROSION
SCIENCE, Volume: 47, Número: 2, Pág.: 537-544, Ano: 2005
63
5 - Arranjo de nanofios interconectados
64
5.1 – Fabricação do arranjo de nanofios interconectados
Fig. 5. 1 – Nanofios de óxido de cobre crescidos na superfície de uma pequena bolinha de cobre. O
que se pode observar é que os nanofios crescem perpendicularmente à superfície da camada de
óxido que os sustentam.
Sobre o filme de ouro é feita uma deposição eletroquímica de cobre. Essa deposição é
feita mergulhando o substrato de silício, contendo o filme de ouro, em uma solução de
sulfato de cobre diluído em água (CuSO4 50% em H2O). Com esse sistema temos uma
célula eletroquímica. O filme de ouro se comporta como cátodo, onde se deposita um
filme de cobre (figura 5.2c). Um eletrodo de cobre é utilizado como ânodo. Este é
responsável por fornecer íons Cu2+ e manter a solução em equilíbrio iônico.
65
Fig. 5. 2 - Esquema de fabricação do sensor a base de nanofios de óxido de cobre. (a) Substrato de
silício contendo uma camada isolante, (b) um filme de ouro é depositado que serve de catodo para a
deposição eletroquímica de cobre (c). (d) A amostra com cobre depositado foi levada ao forno para
o processo de oxidação térmica, que é o processo utilizado para crescer os nanofios, e (e) assim
temos os dois contatos são conectados pelos nanofios.
Foram feitas imagens de microscopia eletrônica para verificar se houve a ligação dos
nanofios entre os dois contatos de ouro. A figura 5.3 mostra uma imagem de uma
amostra submetida a todo o processo.
Fig. 5. 3 - Imagens de microscopia eletrônica do sensor mostrando o detalhe da ligação entre alguns
nanofios e os contatos.
Podemos ver que existem alguns nanofios que saem de um contato e chegam no outro
contato. O transporte elétrico é feito através destes nanofios, que fazem a ponte entre os
dois contatos.
66
5.2 – Testes de sensibilidade à atmosferas de CO2
5.2.1 – Resultados
Realizamos uma medida de teste em um sensor utilizando CO2 como gás de teste.
Inicialmente, limpamos a câmara com um fluxo de 1000 sccm§ de gás nitrogênio,
mantendo o forno em uma temperatura de 300°C, esse procedimento foi feito com a
amostra já dentro da câmara. Depois da limpeza da câmara, iniciamos a medida elétrica.
Os pulsos de CO2 misturados com N2 (em concentrações que variaram de 1 a 5%)
duraram 5 minutos. Entre cada pulso o CO2 era cortado, passando apenas N2, esperando
que a medida voltasse a condição inicial.
§
Sccm é o acrônimo de “standart centimeter cubic per minute” ou centímetro cúbico por minuto.
67
Fig. 5. 4 – Medida do sensor de gás a base de nanofios de CuO, na arquitetura auto-formada. O gás
de teste foi o CO2, inserido na câmara misturado ao fluxo de N2, em proporções de 5, 2,5 e 1%. As
setas indicam o momento em que o CO2 é misturado no N2.
5.2.3 – Discussões
A medida realizada com o sensor a base de nanofios de CuO mostrou que esse
material tem sua resistência alterada devido a presença de CO2. Podemos verificar uma
variação de 3,5% em relação à resistência inicial, quando colocamos uma atmosfera
com 5% de CO2 misturada em N2. Para concentrações de 2,5 e 1%, o sensor apresentou
uma variação na resistência de 1 e 0,5%, respectivamente.
A interação do CO2 com a superfície do óxido de cobre não é bem entendida. Para o
etanol [1] entende-se que a condutividade diminui pelo fato de o etanol reagir com o
oxigênio na superfície do CuO e retirar o excesso de oxigênio. Existe um trabalho que
menciona a sensibilidade do óxido de cobre à CO2 [7], mas o mesmo não discute
nenhum mecanismo de interação. Vê-se também muitos trabalhos utilizando o CuO
como sensor em heterojunções com outros óxidos [8,9], mas nesses casos o processo de
interação ocorre preferencialmente na heterojunção, sendo o mecanismo de interação no
CuO não explicado.
68
Referências
69
[9] Nakamura, Y; Zhuang, HX; Kishimoto, A, et al. ENHANCED CO AND CO2
GAS SENSITIVITY OF THE CUO/ZNO HETEROCONTACT MADE BY
QUENCHED CUO CERAMICS. Fonte: JOURNAL OF THE ELECTROCHEMICAL
SOCIETY, Volume: 145, Número: 2, Pág.: 632-638, Ano: 1998
70
6 – Aplicações dos nanofios de CuO
O primeiro dispositivo feito com nanofios de CuO isolados foi fabricado usando o
processo de litografia eletrônica e técnicas de produção de filmes finos. Esse dispositivo
consistia apenas de dois contatos elétricos feitos nas extremidades do nanofio de forma
a se poder medir a condutividade elétrica através do mesmo.
71
Para depositar os fios sobre o substrato, foi feita uma solução de nanofios dispersos
em álcool isopropílico. Essa dispersão é feita colocando um pequeno pedaço da amostra
de óxido contendo os nanofios dentro de um recipiente contendo álcool isopropílico
(figura 6.2(a)). Em seguida, o recipiente é levado a um banho de ultra-som onde, devido
à vibração, os nanofios se desprendem ficando dispersos (figura 6.2(b)). De posse da
solução, goteja-se a mesma sobre o substrato (figura 6.2(c)) e ao secar, os nanofios
ficam depositados (figura 6.2 (d)). Depois da deposição dos nanofios, limpa-se a
amostra dos resíduos de álcool mergulhando-a em um béquer contendo acetona, depois
em um béquer com álcool isopropílico (sem usar o ultra-som) e secando com nitrogênio
seco.
Após a deposição dos nanofios, é feita uma busca em todas as áreas marcadas da
amostra. Esta busca pode ser feita através de microscopia eletrônica de varredura,
microscopia de força atômica ou até por microscopia ótica. No nosso caso, utilizamos a
microscopia eletrônica.
Quando um nanofio é localizado, é feita uma imagem daquela área de forma que, na
imagem, apareçam tanto os nanofios como as marcas de mapeamento. Essas imagens
são utilizadas para indicar a posição exata do nanofio em relação à máscara de
mapeamento. A imagem de microscopia é inserida no programa utilizado para desenhar
os padrões de litografia (DesignCad), redimensionada e superposta com o desenho da
72
máscara de mapeamento. Dessa forma, pode-se desenhar o nanofio na posição correta
em relação às marcas de mapeamento (figura 6.2).
73
simples e rápida de se fabricar dispositivos. Contudo, apesar da simplicidade, a mesma
possui desvantagem, ficamos limitados a pegar nanofios com centenas de nanômetros,
já que os nanofios com diâmetro menor que 100nm são muito difíceis de serem vistos
através de um microscópio ótico.
74
Fig. 6. 5 – O substrato com os nanofios depositados (a) é coberto com um filme de fotoresiste (b).
Os nanofios ainda podem ser vistos através do fotoresiste. Quando um nanofio é então localizado,
faz-se uma exposição do substrato com luz UV usando uma máscara em uma das pontas do nanofio
(c), depois se faz na outra ponta (d).
6.2 – Resultados
No primeiro dispositivo, feito apenas com litografia por feixe de elétrons (figura 5.6),
foram depositados os contatos de Ti / Au** (10 / 100nm). Nesse dispositivo, medimos
apenas a condução elétrica através do nanofio, utilizando um eletrômetro Keithley
6517A. Foram feitas curvas I x V variando-se a tensão entre os contatos ligados ao
nanofio de -1V até 1V (figura 6.7(a)). Foram feitas medidas também entre contatos
abertos e curto-circuitados (figura 6.7(b) e 6.7(c), respectivamente). As medidas foram
realizadas em temperatura ambiente.
**
O titânio serve como camada de aderência para o filme de ouro. Mas o mesmo também é responsável
pela natureza do contato (barreira Schottky).
75
onde G é a condutância (inverso da resistência, dado pela inclinação da curva
I × V ), σ é a condutividade, A é a área da seção transversal do nanofio e l é o
comprimento do fio. Com base na informação obtida pela curva I × V , e medindo o
comprimento (~ 4,4 µm) e diâmetro (~ 140 nm) do nanofio, pela relação encontramos
uma condutividade de σ = 2,07 ⋅ 10 −5 S / cm .
Fig. 6. 6 – Imagem de microscopia eletrônica dos contatos feitos em um nanofio de CuO com
litografia por feixe de elétrons.
Fig. 6. 7 – Curvas I x V feitas no nanofio contatado (a), entre dois contatos curto-circuitados (b) e
entre dois contatos abertos.
Utilizando um substrato com uma camada de óxido mais fina, pudemos então avaliar
o efeito do campo elétrico na condutividade elétrica dos nanofios (transistor de efeito de
76
campo na arquitetura “back-gate”, ver figura 2.4 no capítulo 2). Para essas medidas
utilizamos outros equipamentos. Para as curvas I x V no nanofio, ou seja, entre a fonte e
o dreno do transistor, utilizamos uma unidade de medida de alta tensão Keithley 237, e
para aplicar a tensão entre a porta e o dreno, utilizamos uma fonte de tensão
programável Keithley 230. As medidas foram realizadas em temperatura ambiente.
Foram feitos dois tipos de medida elétrica: na primeira, são feitas curvas de corrente
em função da tensão aplicada entre a fonte e o dreno com a tensão aplicada na porta
fixa; na segunda, para uma determinada tensão aplicada entre a fonte e o dreno,
medimos a variação da corrente pelo nanofio (entre fonte e dreno) em função da tensão
de porta plicada. Os resultados das medidas I SD × VSD e I SD × VG , bem como imagens de
- Transistor 1:
A figura 6.8 mostra o contato elétrico feito no nanofio, e os resultados das medidas
elétricas são apresentados na figura 6.9.
††
O cromo serve como camada de aderência para o filme de ouro. Mas o mesmo também é responsável
pela natureza do contato (barreira Schottky).
77
Fig. 6. 8 – Imagem de microscopia eletrônica de um nanofio de CuO contatado. Contatos feitos
através de litografia ótica.
Fig. 6. 9 – À esquerda, curva ISD X VSD em função da tensão de porta aplicada. Note que a
condutividade é maior para uma tensão de porta negativa, sugerindo um comportamento de canal
tipo p. À direita, curva ISD X VG para uma tensão de 5V entre a fonte e o dreno.
- Transistor 2:
A figura 6.10 mostra o contato elétrico feito no nanofio, e os resultados das medidas
elétricas são apresentados na figura 6.10.
78
Fig. 6. 11 – À esquerda, curva ISD X VSD em função da tensão de porta aplicada. À direita, curva
ISD X VG para uma tensão de 10V entre a fonte e o dreno.
- Transistor 3
Os resultados das medidas elétricas são apresentados na figura 6.10. Não temos
imagens de microscopia eletrônica desse dispositivo.
Fig. 6. 12 – À esquerda, curva ISD X VSD em função da tensão de porta aplicada. À direita, curva
ISD X VG para uma tensão de 10V entre a fonte e o dreno.
79
Comprimento Condutividade
Diâmetro (nm)
(µm) (S/cm)
- transistor 1 10 420 1,02 x 10-3
- transistor 2 15 250 4,24 x 10-5
- transistor 3* 12 300 1,74 x 10-4
Tabela 6. 1 – Valores do comprimento e largura do nanofio e a condutividade dos dois transistores
medidos. * Não foi feita a imagem de microscopia eletrônica neste transistor, os valores de
comprimento e largura foram estimados baseado nos tamanhos que encontramos para os
transistores fabricados por litografia ótica.
A partir dos dados fornecidos pelas medidas elétricas podemos calcular a razão
ILigado/IDesligado. Outras propriedades também foram calculadas aplicando o modelo
proposto no capítulo 2, como a transcondutância (gm, equação 2.7), a mobilidade (µ,
equação 2.8) e a densidade de portadores (no, equação 2.9), e são apresentada na tabela
6.2.
Uma outra geometria que tentamos também fabricar foi a “top-gate” (figura 2.5).
Depois que os contatos eletricos nas pontas do nanofio são feitos, a amostra é preparada
para um novo processo de litografia. No meio do nanofio é feito o terceiro contato.
Neste contato, depositamos uma camada isolante de óxido de silício (depositado por
“sputtering”) e depois o filme metálico de cromo e ouro. Na figura 6.13 está uma foto
de microscopia ótica de um desses dispositivos.
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Fig. 6. 13 – Imagem de microscopia ótica de um dispositivo na arquiterura de “top-gate”. (a)
imagem com um aumento de 5x e em (b) com um aumento de 50x mostrando o contato no nanofio.
Mesmo sem êxito de medidas, vemos que essa arquitetura também é factível de ser
produzida em nosso laboratório. A mesma teria a vantagem de aumentar a eficiência do
efeito de campo sobre a condução elétrica do nanofio [1].
6.3 - Discussões
As medidas dos três transistores (gráficos da esquerda nas figuras 6.9, 6.11 e 6.12),
variando a tensão de porta, mostram uma condutância maior para uma tensão de porta
negativa (VG = -20V) e uma condutância menor com uma tensão positiva (VG = +20V).
Observando os gráficos da direita nas figuras 6.9, 6.11 e 6.12 vemos que, para uma
tensão fonte-dreno fixa, a corrente fonte-dreno diminui com o aumento da tensão de
porta até um momento que ela estabiliza. Este comportamento se refere ao de um
transistor de canal tipo-p. Nesse caso, acredita-se que a condução no CuO seja feita pelo
excesso de íons de oxigênio ou por vacâncias de íons de cobre [4].
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Condutividade (S/cm)
- dispositivo feito com
2,07 x 10-5
litografia eletrônica
- transistor 1 1,02 x 10-3
- transistor 2 4,24 x 10-5
- transistor 3 1,74 x 10-4
- transistor de nanofibra [2] 3 x 10-4
- CuO “bulk” [3] 5,56 x 10-3
Tabela 6. 3 – Comparativo entre os valores de todos os dispositivos fabricados e alguns valores
fornecidos na literatura.
Fig. 6. 14 – Resultados obtidos por Wu et al [2]. (a) Curva ISD x VSD em função da tensão de porta
aplicada, no detalhe, o esquema do dispositivo e uma imagem de microscopia eletrônica do
contato.(b) Aumento de uma região da curva ISD x VSD em função da tensão de porta aplicada, no
detalhe, curva ISD x VG.
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medidas de efeito Seebeck [4]. Essa baixa concentração explica a baixa condutividade
verificada nas medidas elétricas e o fraco efeito de campo. A título de comparação,
temos que a ordem de grandeza da densidade de portadores do silício intrínseco é 1010
por cm3, e uma situação de alta dopagem temos uma densidade de portadores maior que
1017 por cm3.
Referências
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Conclusão
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pequena variação de condutividade devido ao efeito do campo elétrico (razão
ILigado/IDesligado entre 1 e 20), baixa mobilidade dos buracos (da ordem de 10-3 - 10-4
cm2/V·s). O trabalho rendeu uma experiência muito grande na parte de processamento e
também da fabricação dos dispositivos. Os problemas encontrados, e em alguns casos
superados, forneceram um grande conhecimento para continuarmos a trabalhar nesse
rumo.
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