Apostila de Acionamento
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Máquinas
Apresentação da Disciplina Acionamentos Elétricos
Prezados Estudantes
Objetivos
Compreender o princípio de funcionamento do motor de indução trifásico.
Conhecer os principais tipos de motores elétricos.
Conhecer as principais características de motores elétricos.
Identificar e conhecer as ligações dos terminais dos motores de indução trifásicos.
INTRODUÇÃO
Motores elétricos
Tipos de motores
O motor elétrico tem como objetivo transformar a energia elétrica em mecânica
(giro do seu eixo). Características como custo reduzido, simplicidade de construção,
facilidade de transporte, limpeza, alto rendimento e fácil adaptação as cargas dos mais
diversos tipos, fazem com que o motor elétrico seja o mais utilizado dentre todos os tipos
de motores existentes.
Ha muitos tipos de motores, mas podemos classificá-los em dois grandes grupos:
corrente contínua e corrente alternada. Os motores de corrente contínua (CC) são motores
de custo elevado, requerem alimentação especial, que pode ser uma fonte de corrente
contínua ou utilização de dispositivos capazes de converter a corrente alternada em
corrente contínua (retificadores a tiritares). Necessitam de um programa constante de
manutenção por causa do “afixamento” (comutação) de suas escovas. Como vantagens
desse motor, podemos citar: alto torque em relação as pequenas dimensões do motor,
controle de grande flexibilidade e precisão, devido a elevada gama de valores de ajuste
de velocidade. O uso desse tipo de motor e restrito a casos especiais em que tais
exigências compensam o elevado custo da instalação.
Devido ao baixo custo dos motores de corrente alternada e o desenvolvimento
da eletrônica industrial, que tornou possível o controle em corrente alternada, hoje, os
motores CC são considerados obsoletos, e destinados a aplicações muito especificas.
Assim, os motores CA são os mais utilizados em aplicações industriais. O motor
CA tem uma série de vantagens sobre o motor CC:
Baixa manutenção.
Ausência de escovas comutadoras.
Ausência de faiscamento.
Baixo ruído elétrico.
Custo inferior.
Velocidade de rotação superior.
Grande disponibilidade de fornecedores de motores CA em relação ao motor CC,
o que facilita a sua aquisição.
Não necessitam de circuitos especiais para alimentação, uma vez que a
distribuição de energia elétrica e feita normalmente em corrente alternada.
Dentre os motores de corrente alternada, destacam-se os motores síncronos e os
motores assincronos.
O motor síncrono funciona com velocidade fixa. Geralmente, este tipo de motor e
utilizado em sistemas de grandes potencias ou quando a aplicação exige velocidade
constante. Para sistemas de baixa potência, este tipo de motor não e muito utilizado, pois
apresenta alto custo em tamanhos menores. Entretanto, os motores síncronos, como
trabalham com fatores de potência reguláveis, podem ajudar a reduzir os custos de energia
elétrica e melhorar o rendimento do sistema de energia, corrigindo o fator de potência na
rede elétrica onde estão instalados.
O motor assíncrono, também chamado de motor de indução, e utilizado na grande
maioria das máquinas e equipamentos encontrados na prática. E, sem dúvida, o mais
utilizado devido a sua simplicidade, robustez e baixo custo. Sua velocidade sofre ligeiras
variações em função da variação da carga mecânica aplicada ao eixo. No entanto, o
desenvolvimento dos inversores de frequência, facilitou o controle de velocidade e torque
desses motores.
Dentre os motores de indução, daremos ênfase aos motores de indução trifásicos
(MIT). Existem os motores de indução monofásicos que são utilizados para cargas que
necessitam de motores de pequena potência, como por exemplo, ventiladores, geladeiras,
furadeiras de bancada etc. Motores trifásicos são motores próprios para serem ligados aos
sistemas elétricos de três fases e são os motores de emprego mais amplo na indústria.
Oferecem melhores condições de operação do que os motores monofásicos porque não
necessitam de auxílio na partida, dão rendimento mais elevado e são encontrados em
potencias maiores.
Partes Constituintes
As partes constituintes do motor elétrico são localizadas em dois setores dele: o estator
(parte fixa) e o rotor (parte girante). O espaço entre o estator e o rotor é chamado de
entreferro. A Figura 2 ilustra o motor elétrico e na sequência são apresentados os
componentes e sua descrição.
Estator
Carcaça (1) - é a estrutura suporte do conjunto; de construção robusta em ferro
fundido, aço ou alumínio injetado, resistente à corrosão e com aletas.
Núcleo de chapas (2) - as chapas são de aço magnético, tratadas termicamente
para reduzir ao mínimo as perdas no ferro.
Enrolamento trifásico (8) - três conjuntos iguais de bobinas, uma para cada fase,
formando um sistema trifásico ligado à rede trifásica de alimentação.
Rotor
Eixo (7) - transmite a potência mecânica desenvolvida pelo motor. É tratado
termicamente para evitar problemas como empenamento e fadiga.
Núcleo de chapas (3) - as chapas possuem as mesmas características das chapas
do estator.
Barras e anéis de curto-circuito (12) - são de alumínio injetado sob pressão numa
única peça.
Outras partes do motor de indução trifásico: tampa (4), ventilador (5), tampa defletora
(6), caixa de ligação (9), terminais (10) e rolamentos (11).
Figura 3 - Ligação das bobinas do estator para produção do campo magnético girante
Fonte: CTISM, adaptado de Capelli, 2008
Outras características
Além das características vistas, existem outras, não menos importantes, tais como:
classe de isolação, regime de serviço, tipo de lubrificante, entre outras, que não serão
vistas neste caderno. A Figura 4 ilustra a placa de um motor com todas suas
características.
Fusíveis
Os fusíveis são dispositivos usados com o objetivo de limitar a corrente de um
circuito, proporcionando sua interrupção em casos de curtos-circuitos ou sobrecargas de
longa duração. O curto-circuito é uma ligação, praticamente sem resistência, entre
condutores sob tensão ou, pode ser também, uma ligação intencional ou acidental entre
dois pontos de um sistema ou equipamento elétrico, ou de um componente, através de
uma impedância desprezível. Nessas condições, através de uma resistência transitória
desprezível, a corrente assume um valor muitas vezes maior do que a corrente de
operação; assim sendo, o equipamento e parte da instalação poderão sofrer um esforço
térmico (corrente suportável de curta duração) ou eletrodinâmico (corrente nominal de
impulso) excessivos.
Sua atuação deve-se a fusão de um elemento pelo efeito Joule, provocado pela
súbita elevação de corrente em determinado circuito. O elemento fusível tem
propriedades físicas tais que o seu ponto de fusão é inferior ao ponto de fusão do cobre.
Este último é o material mais utilizado em condutores de aplicação geral.
Tipos de Fusíveis
Figura 7 – Tipos de fusível
Fonte: Disponível em:
http://joinville.ifsc.edu.br/~mtaques/Comandos%20Industriais/Apostila_ComandosIndustriais
_Teoria_ProfMauricioTaques_Vmar%C3%A7o2016.pdf
Disjuntores
Construção de disjuntores
Figura 11 - Pressostato
Relés
Figura 12 - Relés
Relé de Tempo
AC4: é para manobras pesadas, como acionar o motor de indução em plena carga,
Bloco Auxiliares
São um dispositivo que tem dois ou mais contatos elétricos que quando estão
fechados permitem a passagem da corrente elétrica , alimentando o circuito no qual está
inserido. Quando abertos, interrompem a passagem da corrente elétrica, desenergizando
o circuito.
O Bloco de Contato é acionado através de um contator, uma botoeira, uma chave seletora,
disjuntor motor,etc., são independentes e de encaixe rápido permitindo ao usuário montar
a configuração de contatos que necessitar com várias combinações.
Relé Térmico ou de Sobrecarga
Tipos de partida
A partida dos motores trifásicos de indução (MIT) devera, sempre que possível, ser direta,
por meio de contatores. E a maneira mais simples e barata de se partir um MIT. Porém,
há casos em que a corrente de partida do motor e elevada, tendo as seguintes
consequências prejudiciais:
• Queda de tensão elevada no sistema de alimentação da rede. Isso provoca
perturbações em equipamentos instalados no sistema.
• Elevação no custo de instalação, uma vez que o sistema de proteção e controle (cabos,
contatores etc.) deverá ser superdimensionado.
• Imposição da concessionaria de energia elétrica, que limita a queda de tensão da rede.
Caso o sistema de partida direta não seja possível, geralmente para motores
com potência maior que 5 cv para 127 V/220 V ou 7,5 cv para 220 V/380 V,
pode-se optar por um sistema de partida indireta, a fim de reduzir a corrente
de partida.
Tipos de Partidas
Simbologia gráfica
Até o presente momento mostrou-se a presença de diversos dispositivos que
podem ser partes constituintes de um circuito de comando elétrico. Em um comando, para
saber como estes dispositivos são ligados entre si é necessário consultar um
desenho chamado de esquema elétrico. No desenho elétrico cada um dos elementos é
representado através de um símbolo. A simbologia é padronizada através das normas
ABNT, DIN, IEC, etc.
Na figura 20 apresentam-se alguns símbolos referentes aos componentes estudados nos
parágrafos anteriores.
Figura 20 - Simbologia em comandos elétricos
Figura 21 – Partida Direta com contato de selo diagrama principal ou de potência (a) e
diagrama auxiliar ou de comando (b).
Fonte: CTISM, adaptado dos autores
Nesse diagrama, ao ser acionado o botão de comando liga (B1), seu contato NA
se fecha, energizando a bobina do contator C1. Uma vez energizada a bobina de C1, seus
contatos são fechados tanto no circuito de forca, quanto no circuito de comando. Assim,
podemos desacoimar B1, visto que a corrente elétrica que alimenta a bobina fluirá através
do contato NA (13, 14) de C1, agora fechado. O contato NA (13, 14) de C1 realiza a
função de selo ou retenção, uma vez que o mesmo mante a bobina energizada após o
estacionamento (abertura) do botão B1. Nessas condições, o motor parte e permanece
ligado até que seja acionado o botão desliga (B0). Quando isso acontece, e interrompido
o percurso da corrente que fluía pelo contato de C1 e, em consequência disso, a
alimentação do motor e interrompida até sua paralisação.
Com a finalidade de proteger o motor contra sobrecargas, foi utilizado um relé de
sobrecarga ou relé térmico (e4). Caso haja, em algum instante, uma sobrecarga em
qualquer uma das fases do motor no circuito principal, o relé térmico aciona no circuito
de comando o seu contato NF (95, 96), fazendo-o abrir, desenergizado assim a bobina do
contator C1.
O contato de selo é sempre ligado em paralelo com o contato de fechamento do
botão que energiza a bobina do contator. Sua finalidade é de manter a corrente circulando
pela bobina do contator mesmo após o operador ter retirado o dedo do botão.
Nesse tipo de partida, a corrente de pico (Ip) pode variar de 4 a 12 vezes a corrente
nominal do motor, sendo a forma mais simples de partir um motor. Comumente, a
vantagem principal e o custo, pois não e necessário nenhum outro dispositivo de suporte
que auxilie a suavizar as amplitudes de corrente durante a partida.
Ha inúmeras desvantagens com relação a outros métodos de partida, como por
exemplo, um transiente de corrente e torque durante a partida. A corrente variando de 4
a 12 vezes a nominal obriga o projetista do sistema elétrico a superdimensionar o sistema
de alimentação, os disjuntores e os fusíveis. Dependendo dos valores de pico de corrente,
a tensão do sistema pode sofrer quedas. O transiente de torque faz com que os
componentes mecânicos associados ao eixo do motor sofram desgaste prematuro. A
situação piora à medida que a potência elétrica do motor aumenta.
Métodos alternativos que suavizam a partida direta podem ser obtidos com
contatores e temporizadores (partida estrela-triangulo), autotransformadores ou sistemas
eletrônicos como os soft-starters e inversores de frequência.
Partida direta com reversão (mudança de sentido de rotação)
Na aula anterior, vimos que, para se obter a mudança de sentido de rotação de
motores trifásicos, basta inverterem entre si duas fases quaisquer que alimentam o motor.
Isso as vezes e necessário para que uma máquina ou equipamento complete o seu ciclo
de funcionamento. Podemos citar como exemplos portões de garagem, plataformas
elevatórias de automóveis, tornos mecânicos etc. A Figura 22 ilustra os diagramas de
forca e de comando de um sistema de partida direta com reversão lenta.
Para realização da reversão são utilizados dois contatores (C1 e C2) e dois botões
puladores NA (B1 e B2), além de um pulsado NF (B0), que e o botão desliga geral. Assim,
no diagrama de comando, pressionando o botão B1, e energizada a bobina do contator
C1, através do contato NF de C2. O contato NF de C1 (21, 22) abre, bloqueando a bobina
C2 (intertravamento elétrico) e o contato NA de C1 (13, 14) faz o selo da bobina C1. No
circuito de forca, C1 fecha os contatos NA de potência, alimentando os terminais do
motor, fazendo-o partir e permanecer ligado em um determinado sentido de giro.
Figura 22: Partida direta com reversão lenta com contato de selo: diagrama principal (a)
e diagrama de comando (b)
Fonte: CTISM, adaptado dos autores
A chave compensadora pode ser usada para partida de motores sob carga, onde a
chave estrela-triangulo e inadequada. Com ela, podemos reduzir a corrente de partida,
evitando sobrecarga na rede de alimentação, deixando, porém, o motor com um
conjugado suficiente para a partida e aceleração.
A tensão na chave compensadora e reduzida por meio de um autotransformador
trifásico que possui geralmente taps de 50 %, 65 % e 80 % da tensão nominal. Na Figura
25, são ilustrados os diagramas principal e de comando para partida com chave
compensadora.