Unidade Na Pluralidade

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UNIDADE NA PLURALIDADE

(Efésios 4:1-6)
1. “ Como prisioneiro no Senhor, rogo-lhes que vivam de maneira digna da
vocação que receberam.
2. Sejam completamente humildes e dóceis, e sejam pacientes, suportando uns
aos outros com amor.
3. Façam todo o esforço para conservar a unidade do Espírito pelo vínculo
da paz.
4. Há um só corpo e um só Espírito, assim como a esperança para a qual
vocês foram chamados é uma só;
5. há um só Senhor, uma só fé, um só batismo,
6. um só Deus e Pai de todos, que é sobre todos, por meio de todos e em
todos”.

INTRODUÇÃO

Hoje nós estamos encerrando mais um congresso da juventude. Quem veio a todos os
dias sabe que temos vivido momentos incríveis na presença de Deus! Na sexta feira nós
ouvimos o pastor Hugo falar que o perdão é uma condição inegociável para aqueles
que querem experimentar verdadeiramente a comunhão. No sábado, nós aprendemos
com o pastor André Myshilim que precisamos cultivar a unidade, pois a missão que
Jesus nos deu é um trabalho que exige muitas mãos. Hoje de manhã, o pastor Walter
Júnior nos encorajou a superar os muros que separam as gerações.
(LER O TEXTO)
Neste ano nós mudamos um pouco a nossa dinâmica! Ao invés de fazer um congresso
para jovens e outro para adolescentes, nós fizemos a opção por trabalharmos juntos!
E fizemos isso para vivermos mais intensamente os desafios da unidade. É justamente
por isso que a expressão “ATÉ SERMOS UM” foi escolhida como o tema do nosso
congresso! E antes que você pense ou diga alguma coisa, nós sabemos o quão distante
ainda estamos disso. Eu reconheço que ainda existem divisões entre nós. Eu sei que
existem feridas abertas no coração de alguns. Mas eu também acredito que Deus
tem poder para restaurar os relacionamentos destruídos. Logo, “Até sermos um” não
é uma frase que expressa plenamente o nosso presente, mas fala muito sobre uma
experiência que nós queremos viver! É por isso que para te encorajar perseguir esse
alvo juntamente com a gente, eu gostaria de concluir esse congresso dizendo três
verdades sobre a unidade que Deus espera de nós. No entanto, antes de apresentar
para vocês os princípios que se encontram por detrás deste texto que nós lemos tantas
vezes nesse congresso, é preciso levantar algumas curiosidades que observamos ainda
no primeiro versículo.

CONTEXTO

1- “Como prisioneiro no Senhor, rogo-lhes que vivam de maneira digna da


vocação que receberam”
As primeiras palavras deste texto revelam as condições no qual Paulo se encontrava
quando escreveu essa carta. Isso porque utiliza o termo “prisioneiro no Senhor” com
duplo sentido. Com uma única expressão ele declara que estava aprisionado por Cristo
e em Cristo. No momento em que escreve esta carta Paulo encontrava-se em prisão
domiciliar em Roma por pregar o evangelho. Acredito que enquanto refletia e
formulava suas palavras para os efésios, o seu coração era tomado pela solidão, pela
angústia e pelo medo da morte. Entretanto, aqui nós vemos que mesmo em condições
totalmente desagradáveis, ele permaneceu fiel ao seu compromisso com Cristo. O
seu corpo estava confinado há um espaço, mas o seu espírito estava aprisionado a
Cristo por amor. E isso se torna muito nítido quando nós observamos as palavras
pacificadoras que ele direciona aos seus irmãos (aplicação: Só de ler o primeiro
versículo, nós já aprendemos com Paulo que os filhos de Deus são caracterizados pelas
suas palavras pacificadoras, pela luta pela paz independentemente das circunstâncias
que estão submetidos). A igreja de Éfeso passava por delicados problemas internos.
Os historiadores dizem que a cidade era uma espécie de “rua do Saara ou rua da
Alfândega” do mundo antigo. Era o centro das principais rotas comerciais do Império
Romano, logo um grande caldeirão cultural! E como você já sabe que grandes
diferenças são acompanhadas de grandes confusões, Paulo escreveu sua carta aos
efésios com o objetivo de conter as tensões entre judeus e gentios que estavam
ameaçando a unidade da igreja. (Essas brigas não são de hoje...) É por isso que ele
inicia seu texto dizendo: “ vivam de maneira digna da vocação que receberam”. Mas o
que isso significa?

a- “ vivam de maneira digna da vocação que receberam”.


Para a gente entender o que está sendo dito aqui, nós precisamos voltar as páginas da
bíblia até o Gênesis. Quando o texto nos informa que todos nós estávamos no paraíso
em plena comunhão com Deus e a sua criação. No entanto, o livro também nos diz
que em determinado momento o pecado entrou no mundo! E já expulsos do paraíso,
vivendo num deserto, nossa harmonia foi quebrada! O capítulo 4 de Gênesis diz Caim
mata Abel. E nesse momento a plena comunhão dá lugar a um estado de caos na
relação entre Deus e sua criação e entre os homens e os seus irmãos. No princípio
nós estávamos em unidade, agora que o pecado entrou no mundo, todos nós estamos
em conflito, em hostilidade. Estamos em guerra! (Adão/orgulho e vaidade/Caim
mata Abel). E essa relação de maldade entre Caim e Abel vai se estender nas páginas
das escrituras. A maldade de Caim e o sangue de Abel alcançam Ismael e Izaque,
chega a Jacó e Esaú, José e seus irmãos. A hostilidade inaugurada pelo pecado de
Caim e Abel não caracteriza apenas a primeira família mundo, mas entra para a
identidade dos humanos. Encontra-se entre Judeus e gentios; Gregos e Troianos.
Católicos e Protestantes; Senhores e escravos; Judeus e nazistas, Hutus e tutsis,
petistas e conservadores, pessoas como eu e você! Contudo, se o pecado entrou no
mundo por Adão e em Caim morremos literalmente, Jesus veio ao mundo para nos
encher de vida! Por isso vivam de uma maneira digna da vocação que receberam.
Em Ef 1:5 está escrito que através do sangue derramado naquela cruz, Deus, mesmo
sabendo do Caim que mora em nós, nos adotou e nos chamou de filho. E é por isso
que nós devemos viver um estilo de vida esteja em acordo daquilo que se espera de
um Filho de Deus. “uma vida digna da vocação que recebemos” é uma vida que
sinaliza a chegada do Reino de Deus. Que rompe com os padrões da velha sociedade
decaída e mostra para o mundo uma nova forma de viver. (aplicação em dualidade/
Gandhi). A partir disto, olhando para o texto que nós lemos, eu observo alguns
apontamentos importantes sobre a verdadeira unidade que Deus requer de nós:

1- A UNIDADE É UMA BUSCA PESSOAL (v.2-3)


Paulo cita algumas qualidades que caracterizam a vida daqueles que foram
adotados por Deus: ele fala da mansidão (e cabe aqui ressaltar o comentário de John
Sttot quando o mesmo diz que a mansidão não é sinônimo de fraqueza, mas é a
suavidade dos fortes), a longaminidade (ou seja, a habilidade de aguentar alguém
com paciência), a tolerância mútua (suportando uns aos outros - Brincar). Todas as
virtudes que Paulo cita, compete justamente a nós colocá-las em prática (é possível
tolerar ... /brincar sobre a tolerância). Mas o que me impressiona é a forma no
qual ele inicia e termina sua fala. Em primeiro lugar ele fala sobre a humildade.
Esses dias eu ouvi nas aulas do mestrado que a palavra “humildade” na cultura da
Grécia Antiga era algo a ser repugnado. Até porque tinha uma conotação de
servidão. Remetia a uma condição de escravidão, tendo um significado
extremamente negativo. Todavia, a humildade é condição inegociável para aqueles
que querem viver uma vida digna da vocação que receberam! A palavra diz: Deus
resiste aos soberbos, mas dá graças aos humildes (tg4:6)/ Bem aventurado os humildes
porque deles é o reino dos céus. Em último lugar ele fala de amor. A bíblia é muito
clara quando diz que a nossa relação com Deus é medida pela forma no qual nós
nos relacionamos com o nosso próximo. 1 jo 4:20 diz “Se alguém diz: Eu amo a
Deus, e odeia a seu irmão, é mentiroso. Pois quem não ama a seu irmão, ao qual viu,
não pode amar a Deus, a quem não viu”. (Aplicação - Não se iluda! Não existe
nenhuma possibilidade de amar a Deus e desprezar o próximo... Como disse o
poeta, é preciso amar as pessoas como se não houvesse amanhã).
A humildade é a condição que possibilita o crescimento da unidade. O amor é o elo que
nos permite ser um. Precisamos aprender a seguir os caminhos de Jesus. Aquele que
foi humilde e manso de coração. “Todo menino quer ser homem. Todo homem quer
ser rei. Todo rei quer ser deus. Mas somente Deus quis ser menino”.

2- A UNIDADE É UM ESPELHO DA COMUNHÃO QUE EXISTE NA


PESSOA DE DEUS (3-6).
Deus criou o homem a sua imagem e semelhança. E todos nós aqui sabemos que
Deus é uma comunidade em perfeita harmonia. É por isso que nós chamamos essa
comunidade de trindade, pois acreditamos que a bíblia só admite um Deus que
é um com o Espírito Santo e com Jesus. Eu sei que isso realmente da um nó na
nossa cabeça. No entanto, existe uma ilustração a respeito disso que eu
particularmente me encanto. Os cristãos ortodoxos comparam a comunhão da
santíssima trindade com uma roda de ciranda em uma brincadeira de crianças!
Eles dizem que a trindade baila e dança por todo universo e toda a eternidade.
E dizem também que a trindade abre espaço para que a gente venha a
participar dessa dança que eles chamam de pericorese. E Jesus está orando por
isso! Jo 17:20 “Minha oração não é apenas por eles. Rogo também por aqueles que
crerão em mim, por meio da mensagem deles, para que todos sejam um, Pai, como
tu estás em mim e eu em ti. Que eles também estejam em nós, para que o mundo
creia que tu me enviaste” Em meio ao nossa maldade. Consciente do Caim que
mora em nós, o filho de Deus se esvaziou da sua glória, mergulhou no universo
para buscar a você e a mim e nos levar para junto da unidade entre o pai o
filho e o Espírito, para nos levar para essa brincadeira de roda. Essa experiência
é extraordinária. Deus se faz homem para que o homem possa ser feito um com
Deus e um com o outro. Deus criou o homem a sua imagem e semelhança e
como Deus é uma comunidade ele não poderia criar nada além de outra
comunidade. É por isso que nós não fomos chamados simplesmente para
sobreviver e sim para conviver. (APLICAÇÃO)

3- A UNIDADE É ENRRIQUECIDA PELA DIVERSIDADE DOS NOSSOS


DONS E TALENTOS
Até aqui Paulo mostra que Deus é o pai de todos, age por meio de todos e está em
todos. Mas a partir do versículo 7 Paulo vira a chave! Ao invés de falar sobre
unidade, ele começa a falar sobre a diversidade da igreja. É por isso que ele diz
“uns para apóstolos, outros para ministros...”. Embora haja um só corpo, uma só fé
e uma só família, esta unidade não é e nem pode ser uniforme, sem vida e sem cor.
“efésios 3:10 diz que pela igreja a multiforme sabedoria de Deus é conhecida
pelos principados e potestades”. (aplicação 1 – crítica a igrejas controladoras)
Fomos chamados para unidade! Não fomos chamados para ser soldadinhos de
chumbo padronizados (aplicação 2- crítica pessoal, congresso). É a diversidade
da igreja que alimenta e enriquece a sua unidade, não somente pela
multiplicidade de personalidades, culturas e temperamentos de cada um, mas,
sobretudo pelos dons que Cristo distribuiu para o nosso próprio
enriquecimento.
4- A UNIDADE PRECISA SER PRESERVADA
Para finalizar esta mensagem, eu gostaria apenas de frisar o apelo que se encontra no
versículo 3: “Lutem/ Façam todo o esforço para conservar a unidade do Espírito
pelo vínculo da paz. Paulo aqui é muito sutil! Ele não nos manda construir a
unidade, mas sim conservar. Até porque ele sabe, que a unidade é um mistério de
Deus que só Espírito Santo pode promover. Só Deus pode reconciliar (ex). Quem faz
essa obra é o Espírito! Por isso o pedido e o apelo final que eu deixo a igreja é esse:
façam todo o esforço para conservar a unidade do Espírito pelo vínculo da paz .
Não vivam como os filhos de Caim: inveja, rancores, ofensas, competições e
agressões. Um novo tempo chegou! Como diz 2 co 5:19: “Deus estava em Cristo
reconciliando consigo mesmo o mundo, não levando em conta as nossas
transgressões, e nas nossas mãos entregou a mensagem da reconciliação”.

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