Artigo Aerossolterapia

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Parente AAAI, Maia PN .

Aerossolterapia

Artigo revisão

Aerossolterapia
Aerossolterapia
Ana Alice A. I. Parente1,2, Paula N. Maia2

RESUMO
As doenças do trato respiratório têm uma elevada prevalência em nosso meio. A via inalatória é a preferida para a administra-
ção da terapia. Vários dispositivos, com diferentes características, estão disponíveis no mercado. Esta revisão teve o objetivo
de descrever os tipos de dispositivos, suas vantagens e desvantagens, e indicações de uso conforme cada faixa etária, além
de abordar alguns aspectos técnicos relevantes para a obtenção de melhores resultados com a terapia inalatória.
Evidências científicas enfatizam novas formas de administração de medicação inalatória. Nebulizadores convencionais apre-
sentam numerosos inconvenientes. Aerossóis com espaçadores/aerocâmaras permitem melhora na deposição pulmonar,
resultando, principalmente em pacientes sem coordenação adequada, em uma melhor relação custo-benefício do que ou-
tros métodos tradicionalmente utilizados. Naqueles que conseguem gerar altos fluxos inspiratórios, os inaladores de pó seco
podem ser utilizados.

Descritores: Nebulizadores e vaporizadores/normas; Nebulizadores e vaporizadores/utilização; Doenças respiratórias/epi-


demiologia.

ABSTRACT
The prevalence of respiratory diseases is high in Brazil. Inhalation is the preferred route of delivery for therapy. Various inha-
lation devices, with different characteristics, are available. The objective of this review was to describe those devices, their
advantages, disadvantages, and indications for each age group, as well as to address certain relevant technical aspects of
obtaining optimal results with inhalation therapy.
New means of delivering inhaled therapy have been described. Conventional nebulizers have a number of disadvantages.
Aerosol inhalation via spacers or holding chambers seems to be another method, resulting, specifically in patients without
adequate coordination, in a relative superior cost-benefit relationship in comparison with traditional methods. In patients
who can generate high inspiratory flow rates, dry power inhalers can be used.

Keywords: Nebulizers and vaporizers/standards; Nebulizers and vaporizers/utilization; Respiratory tract diseases/epidemio-
logy.

1. Faculdade de Medicina, Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro – UNIRIO – Rio de Janeiro (RJ) Brasil
2. Serviço de Pneumologia, Instituto de Puericultura e Pediatria Martagão Gesteira, Universidade Federal do Rio de Janeiro – IPPMG-UFRJ – Rio de Janeiro
(RJ) Brasil.
Não há qualquer conflito de interesse entre os autores.

Endereço para correspondência: Ana Alice I. Parente. Av. Meriti, 2056 , Vila da Penha, CEP: 21211-006, Rio de Janeiro, RJ, Brasil. Tel: 55 21 3351-7939.
E-mail: aaliceparente@terra.com.br.

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INTRODUÇÃO zido o “cigarro para asma”, que continha substâncias


O trato respiratório representa uma opção ideal para anticolinérgicas, ficando disponível para uso por quase
a administração de medicamentos. As vias aéreas são fa- 200 anos. Os primeiros nebulizadores foram somente
cilmente acessíveis por meio de inalação nasal ou oral e desenvolvidos na década de 30, apesar de várias tenta-
têm grande extensão, incluindo a superfície alveolar, o tivas anteriores (10,13). Em 1954, a filha de um executi-
que permite a dispersão das drogas. Como muitas dessas vo sugeriu a seu pai que fabricasse um spray para asma
não cruzam a barreira alvéolo-capilar, consegue-se utili- semelhante aos utilizados para cabelos. Dessa forma,
zar doses mais altas do que seria possível pela adminis- surgiu o primeiro aerossol dosimetrado (11). Somente
tração oral para doenças das vias aéreas. Por outro lado, na década de 70, o primeiro corticosteroide inalatório
a deposição alveolar de medicamentos permite uma rá- foi desenvolvido. Até então, o uso desse tipo de inala-
pida absorção pela circulação pulmonar, reduzindo a ab- dores era restrito aos broncodilatadores (10).
sorção pelo trato intestinal e a inativação hepática (1,2). No final da década de 70, Freigang, um pediatra
Dentre as afecções do trato respiratório, destaca- canadense, desenvolveu um dispositivo, denominado
-se a asma, doença inflamatória crônica que apresenta aerocâmara, com o objetivo de facilitar a utilização, em
mortalidade baixa porém com elevada morbidade. No crianças, de medicamentos na forma de spray (14).
Brasil, conforme dados recentes, a asma representa a Na década de 80, surgiram os primeiros inalado-
terceira causa de hospitalizações entre crianças e adul- res de pó seco. Desde então, foram desenvolvidos os
tos. A meta principal do seu tratamento é o controle dos dispositivos com múltiplas doses, com mais de um
sintomas e a prevenção das exacerbações (3,4). medicamento por inalação e com contadores de dose,
A via inalatória é a preferida para a administração da sempre dependentes do esforço inspiratório. Recente-
terapia na asma. Sua utilização objetiva propicia o máxi- mente, novas tentativas têm sido realizadas, visando
mo efeito do medicamento na doença pulmonar, com aperfeiçoar o uso dos dispositivos, assim como a utili-
concomitante redução de efeitos colaterais em outros zação da via inalatória em outras terapias (1,10).
órgãos. Atualmente, os β2-agonistas inalatórios de curta
duração representam a terapia de escolha para o alívio PRINCÍPIOS DA AEROSSOLTERAPIA
dos sintomas de broncoespasmo, e os corticosteroides A administração de fármacos diretamente no tra-
inalatórios são os principais medicamentos utilizados no to respiratório para o tratamento de doenças pulmo-
tratamento de manutenção (5-7). nares parece uma escolha lógica; porém, deve-se estar
A deposição pulmonar de uma droga depende atento ao fato de que a deposição pulmonar distal de
do tipo de dispositivo inalatório utilizado. Sempre que uma substância está relacionada não somente à sua
possível, deve-se usar apenas um tipo de dispositivo, adequada distribuição, como também à capacidade
avaliando-se seu custo e durabilidade. A preferência do de se sobrepor ao mecanismo ciliar do sistema respi-
paciente ou de seu responsável deve ser levada em con- ratório (13).
sideração, uma vez que representa um fator importante O aerossol pode ser definido como partículas
na adesão do paciente ao tratamento (3,8). que permanecem suspensas no ar por um tempo re-
Consensos nacionais e internacionais para o ma- lativamente longo devido a sua lenta deposição, por
nejo da asma já estão disponíveis desde a década de conta da gravidade. A velocidade da deposição está
90, sendo periodicamente reavaliados, de acordo com relacionada ao tamanho e à densidade de cada partí-
novas informações disponíveis (3,5-7,9). Apesar da exis- cula. Como as partículas inaladas são frequentemen-
tência dessas orientações, diversos estudos no Brasil e te irregulares quanto à forma e à densidade, duas
em outros países demonstram uma variabilidade muito informações são importantes: o diâmetro médio da
grande em relação ao nível de conhecimento e à ado- massa aerossolizada e o desvio-padrão geométrico,
ção das diretrizes (10,11). que reflete a distribuição dos tamanhos das partí-
Atualmente, além do tratamento da asma, a admi- culas. Na prática, quase todos os dispositivos geram
nistração de medicamentos inalatórios tem sido utilizada aerossóis polidispersos; porém, quanto menor o des-
na fibrose cística, no diabetes e na displasia broncopulmo- vio-padrão geométrico, maior será a proporção de
nar. Também tem sido uma perspectiva no tratamento do partículas geradas ao redor do diâmetro médio de
câncer e no uso de vacinas e agentes bioterroristas (12). massa (11,15).
A presente revisão acerca dos conhecimentos atu- O tamanho ideal da partícula, para sua deposição
ais sobre técnicas inalatórias teve como objetivo con- nas vias aéreas inferiores, está situado entre 1 e 5 μm
tribuir para o aprimoramento da qualidade da atenção de diâmetro. A essas partículas dá-se o nome de “partí-
prestada a pacientes com doenças respiratórias. culas respiráveis”. A eficiência de um medicamento ina-
latório está, pois, relacionada à sua proporção de par-
HISTÓRICO tículas respiráveis, conhecida como fração respirável.
Medicamentos na forma de aerossóis têm sido Partículas de aerossol maiores que 5 μm são, ge-
utilizados por centenas de anos no tratamento de do- ralmente, incapazes de ultrapassar as curvas da faringe
enças do trato respiratório. No século XIX, foi introdu- posterior e as cordas vocais, provocando o fenômeno

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de impactação inercial — também dependente do flu- Os nebulizadores ultrassônicos promovem a ge-


xo inspiratório. As partículas de diâmetro de 1-5 μm, ração de aerossóis por meio da vibração de cristais.
que comumente alcançam com sucesso os pulmões, Alguns aparelhos apresentam grande volume residual,
depositam-se por sedimentação. Aí reside a explicação promovendo perda de medicação. Além disso, o calor
da orientação aos pacientes para “prender a respiração gerado pode desnaturar as proteínas presentes em al-
por, no mínimo, 10 segundos” após a inalação de um gumas medicações. Outro inconveniente é o fato de
aerossol. Quanto mais tempo a partícula permanece como algumas substâncias são disponíveis apenas na
na via aérea, maior a chance de ocorrer sua sedimenta- forma de suspensões (e não de soluções) para a nebuli-
ção. As partículas menores que 1 μm são transportadas zação e, com a vibração dos cristais, poderia haver uma
por difusão, depositam-se muito lentamente e podem deposição das partículas com redução da medicação
ser exaladas antes do seu contato com o epitélio respi- disponível na forma aerossolizada (11,13).
ratório (10,13,15). Cuidados adicionais devem ser tomados quanto
à limpeza dos dispositivos, tanto em nível hospitalar
GERAÇÃO DE AEROSSÓIS quanto em nível domiciliar, de modo a se evitar uma
Existem vários dispositivos geradores de aeros- fonte potencial, já demonstrada, de transmissão de in-
sóis, e a escolha do mais adequado depende da análise fecções (19).
de vários aspectos, incluindo a melhor relação custo- Atualmente, a administração de aerossóis acopla-
-benefício, bem como fatores relacionados ao paciente dos a espaçadores na crise de asma deve ser avaliada
e aos medicamentos. Sempre que possível, está indica- nos serviços médicos. Sempre que possível, em crian-
do usar apenas um tipo de dispositivo, visando facilitar ças, recomenda-se o uso dessa forma de terapia inala-
a compreensão e a adesão do paciente. Independente tória (5,20).
do dispositivo, é de fundamental importância a veri-
ficação da técnica e a reorientação periódica do uso Aerossóis dosimetrados
correto do medicamento (3). Os inaladores pressurizados de dose medida re-
presentaram um inegável avanço no tratamento das
Nebulizadores doenças respiratórias. São dispositivos portáteis e
Os nebulizadores são dispositivos utilizados para compactos, cuja vantagem é dispensar o preparo da
a administração de partículas aerossolizadas, gradual- medicação com uma redução significativa do tempo
mente, através de dois mecanismos principais: nebuli- de administração do tratamento (21).
zação a jato ou nebulização ultrassônica. Com o intuito Inicialmente, o propelente mais utilizado era o
de aumentar o grau de deposição do medicamento clorofluorcarbono (CFC), mas seu emprego foi restrin-
pulmonar, os nebulizadores têm sido aperfeiçoados, gido, a partir de 1987, com a assinatura do Protocolo
originando dispositivos como nebulizadores com de- de Montreal, por sua participação na diminuição da
sempenho melhorado pela respiração, inaladores de camada de ozônio. Em 1995, dois tipos de hidrofluoral-
partículas otimizadas e nebulizadores ativados pela cano (HFA 134a e HFA 227ea) foram reconhecidos pela
respiração (16). União Europeia. No ano seguinte, a Food and Drug Ad-
No nebulizador a jato, é utilizada a passagem de ministration (FDA), órgão regulador norte-americano,
corrente de gás comprimido com o intuito de gerar aprovou o uso do HFA 134a em inaladores. Em 1997,
partículas o suficientemente pequenas para serem o Protocolo de Kyoto salientou que o hidrofluoralca-
inaladas. Geralmente, é utilizado um fluxo de 6-8 L/ no representava um dos seis gases responsáveis pelo
min, em 5-10 min para um volume total de, aproxima- efeito estufa. Entretanto, parece corresponder a uma
damente, 4 ml de solução. O soro fisiológico a 0,9% é fração mínima se comparado aos gases emitidos nos
o diluente indicado na maioria das situações. Em ge- EUA. Assim, a transição do uso do CFC para o HFA vem
ral, a medicação é nebulizada nos primeiros minutos ocorrendo progressivamente, tendo sido decretada a
(11,13,15-17). Nas crises de asma moderadas e graves, proibição de fabricação de inaladores com CFC pelo
o oxigênio deve ser utilizado. Em gestantes, pacientes FDA a partir de 2008 (21,22). Estudos com HFA como
com doenças cardiovasculares e crianças, recomenda- propelente demonstram algumas vantagens: duração
-se a manutenção da SaO2 ≥ 95% (3). Embora a admi- mais longa do jato, o que reduz a impactação inercial
nistração de aerossóis pela peça bucal seja mais efi- e promove maior deposição pulmonar; e aumento da
ciente do que por meio de uma máscara, essa pode ser temperatura do spray, reduzindo o efeito cold freon,
utilizada em menores de 5 anos de idade, objetivando responsável por imprimir uma desagradável sensação
uma efetiva deposição pulmonar. A máscara deve ser de resfriamento abrupto das vias aéreas, com a inter-
de tamanho adequado e estar firmemente ajustada à rupção involuntária da inspiração, em certas ocasiões,
face da criança. Praticamente nenhuma medicação é durante o uso do inalador (21).
depositada na via aérea com a criança chorando. O ide- Antes do uso, o dispositivo deve ser agitado, com
al é que a criança permaneça acordada para receber o o objetivo de dispersar o propelente e manter a droga
tratamento (18). em suspensão. Vale lembrar que a pressão dentro do

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reservatório depende bastante da temperatura am- Dolovich et al. (26) descreveram vantagens e des-
biente. Dessa forma, em climas frios, o jato pode sofrer vantagens de cada método, incluindo nebulizadores
prejuízo, com um aumento na deposição do medica- a jato, nebulizadores ultrassônicos, inaladores dosi-
mento na orofaringe (11). Além disso, o paciente ou metrados — com ou sem espaçador/aerocâmara — e
seu responsável deve ser informado de que o número inaladores de pó seco. Em relação ao uso de bronco-
de doses corresponde ao informado pelo fabricante, dilatador nas unidades de emergência pediátrica, os
podendo, ao término do medicamento, ainda restar autores enfatizaram que tanto o nebulizador quanto
apenas propelente no frasco. A recomendação atual o espaçador/aerocâmara podem ser considerados dis-
do FDA é que os futuros aerossóis dosimetrados te- positivos eficazes.
nham um contador de doses (11,23). Ensaios clínicos randomizados têm sido avalia-
Os espaçadores foram desenvolvidos com o ob- dos por especialistas da Cochrane Library com o ob-
jetivo de se evitar possíveis erros na técnica de admi- jetivo de serem medidos os efeitos dos espaçadores/
nistração de um aerossol dosimetrado em pacientes aerocâmaras em comparação àqueles dos nebuliza-
com dificuldades de coordenação entre a atuação do dores para o fornecimento de β2-agonistas em crises
inalador e a inspiração (3,12). Os espaçadores são tu- de asma. Os revisores concluíram que, além da eficá-
bos interpostos entre o aerossol e a boca do paciente, cia mostrar-se extremamente semelhante, o uso do
podendo ser industrializados ou artesanais. As aerocâ- aerossol dosimetrado associado ao uso de espaça-
maras são dispositivos industrializados, possuindo um dor/aerocâmara demonstrou outros benefícios, como
mecanismo valvular que impede o paciente de expi- a diminuição no tempo gasto na unidade de emer-
rar dentro do aparelho. Tanto os espaçadores quanto gência, melhora significativa na oxigenação e menos
as aerocâmaras reduzem a deposição de partículas na efeitos colaterais (27).
orofaringe, contribuindo para uma maior proporção Ainda existe uma grande variabilidade da dose
de partículas respiráveis inaladas (5). Com base no vo- utilizada, em diferentes estudos, nas medicações com
lume corrente, recomenda-se um volume dos disposi- β2-agonistas por aerossol, em comparação com essa
tivos de 250-500 ml para crianças até 3 anos, e de 500- medicação por nebulização em indivíduos com asma,
1.000 ml para as de idade superior (13). sendo recomendada a dose de 500 μg (para adultos) e
A adição de máscaras faciais permite que esses 1 jato/2 kg — com o máximo de 10 jatos (para crianças)
dispositivos sejam utilizados por crianças desde o — nas diretrizes nacionais (3,18,28).
seu nascimento. Nesses casos, o paciente deve ter a Nos países em desenvolvimento, torna-se essen-
máscara bem acoplada a sua face e, após o disparo cial a utilização de dispositivos de baixo custo, alta efe-
do aerossol, respirar em seu volume corrente por, em tividade e que possam ser adaptados a todos os aeros-
média, 20 segundos. O número exato de respirações sóis disponíveis. Os espaçadores artesanais (garrafas
necessárias para a inalação do medicamento depen- plásticas ou frascos de soro) parecem atuar de forma
de do tamanho do dispositivo, do volume corrente satisfatória e com menor custo para o paciente, mes-
da criança e da quantidade de espaço morto entre a mo em lactentes (17,24,29-31).
boca do paciente e a válvula. Em lactentes, recomen-
da-se a retirada da válvula da aerocâmara, no caso de Inaladores de pó seco
haver dúvida sobre o quão grande é sua resistência, A droga para aspiração é apresentada em pó, den-
de modo a não prejudicar a inalação do medicamen- tro de cápsulas, ou diretamente em dispositivos, como,
to. O uso de máscara é recomendado até a idade de 4 por exemplo, Diskus ou Turbuhaler. São pequenos e
anos, quando, em geral, apenas a peça bucal do dis- portáteis, e a maioria dos dispositivos contém medido-
positivo pode ser usada. A partir dessa idade, depen- res de dose, mas dependem de inspiração rápida e in-
dendo da compreensão do paciente, pode-se indicar tensa. No caso de fluxo inspiratório insuficiente, pode
a inalação em seu volume corrente (como descrito ocorrer uma elevada deposição do medicamento na
anteriormente) ou a inspiração profunda, seguida de boca e na faringe do paciente. Geralmente são utiliza-
pausa respiratória, de, no mínimo, 10 s. Sempre que dos de forma adequada a partir dos 5 anos de idade
for necessária uma nova dose, manter o intervalo mí- (8,13,26).
nimo de 30 s (8,11,18,24). Apesar de todas essas evidências, ainda é limitado
Vários materiais têm sido usados na confecção o conhecimento sobre a técnica inalatória em nosso
de espaçadores e aerocâmaras. No caso da utilização meio (32-34).
de plásticos, recomenda-se lavar o dispositivo com Dois estudos no Canadá avaliaram as dificuldades
detergente, permitindo a secagem natural como for- para a implantação do uso de aerossol dosimetrado
ma de reduzir a aderência do medicamento ao frasco com espaçador nas emergências pediátricas. Como
por conta da atração eletrostática. Outra medida, de principais barreiras, foram identificadas dúvidas na se-
maior custo, seria a administração de jatos do medi- gurança do método, por parte da equipe de saúde; a
camento dentro do espaçador ou aerocâmara antes possibilidade de esterilização de um espaçador; o cus-
de seu uso (11,25). to para a emergência pediátrica; expectativas dos res-

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ponsáveis de que o paciente fosse ser tratado por meio dispositivos e da técnica correta de utilização cons-
de nebulizador; a falta de um médico coordenando titui, segundo vários autores, o primeiro passo para
todo o processo; e a possível sobrecarga de trabalho sua implantação. Os aerossóis com espaçadores ou
para a enfermagem (35,36). aerocâmaras representam a nova forma de atuação na
medicina de emergência. Segundo os estudos citados,
CONSIDERAÇÕES FINAIS esses promovem uma redução no tempo despendido
As evidências científicas apontam para a neces- na unidade e nos gastos, com a mesma efetividade e
sidade de mudanças na forma de administração de maior satisfação para o paciente, para a família e para
medicações inalatórias. O conhecimento de novos a equipe de saúde.

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