VES e Outros Instrumentos
VES e Outros Instrumentos
VES e Outros Instrumentos
Saúde do Idoso na
Atenção Primária à Saúde
O
Saúde do Idoso
Agosto de 2014
Oficina 9 - Saúde do Idoso na Atenção Primária à Saúde
Márcia Huçulak
Superintendente de Atenção à Saúde
Márcia Huçulak
Maria Cristina Tanaka Arai
Coordenação do APSUS
Elaboração
Este caderno é um dos resultados de um planejamento
estratégico que iniciou em 2011 com a participação da equipe
da Coordenação Estadual de Saúde do Idoso e colaboradores.
Oficina 9 - Saúde do Idoso na Atenção Primária à Saúde
PRIMEIRO DIA
HORÁRIO ATIVIDADES TEMAS
13h30 – 14h00 Abertura
14h00 – 15h00 Trabalho em grupos A avaliação dos produtos do período de dispersão
15h00 – 15h15 Intervalo
15h15 – 16h00 Plenário Relato das atividades dos grupos
16h00 – 17h30 Exposição A Saúde do Idoso na APS
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SEGUNDO DIA
08h00 – 08h15 Saudação
08h15 – 10h15 Exposição A avaliação multidimensional do idoso e a estratificação de risco
10h15 – 12h00 Trabalho em grupos Estudo de caso
12h00 – 12h30 Plenário Relato das atividades dos grupos
12h30 – 13h30 Almoço
13h30 – 14h30 Exposição A atenção ao idoso na APS: o plano de cuidados
14h30 – 15h00 Exposição A atenção ao idoso na APS: a programação local
15h00 – 16h30 Trabalho em grupos Estudo de caso
16h30 – 17h30 Plenário Relato das atividades dos grupos
TERCEIRO DIA
08h00 – 08h15 Saudação
08h15 – 10h00 Painel Experiências exitosas relativas à saúde do idoso na APS
10h00 – 11h00 Trabalho em grupos As estratégias para o desenvolvimento dos produtos da oficina
11h00 – 12h00 Plenário Relato das atividades dos grupos
Avaliação
12h00 – 12h30 Plenário
Encerramento
Objetivo: avaliar os produtos do período de dispersão • 40 = produto desenvolvido acima de 70% das
macrorregiões;
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REGIÃO:
MUNICÍPIOS DA REGIÃO
(Coluna 2)
PRODUTOS
(Coluna 1)
Identificação e estratificação
de risco dos cidadãos com
transtorno mental e dependên-
cia de álcool e/ou substâncias
psicoativas residentes no
território de responsabilidade
de cada equipe de APS
TOTAL DE PONTOS
6
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4.3 Exposição: a saúde do idoso na APS O número de idosos em nosso país aumentou de 3
milhões, em 1960, para mais de 21 milhões em 2010.
Objetivo: Da mesma forma, no Paraná, o envelhecimento
• Compreender os dados demográficos e epidemio- populacional é uma realidade. O Censo 20101 mos-
lógicos relacionados à população idosa do estado trou que indivíduos com idades de 60 anos e mais
do Paraná; já compunham 11,2% da população geral, com um
• Compreender aspectos relevantes relacionados contingente de 1.170.955 idosos, dos quais 54,1% do
ao envelhecimento e aos fundamentos que norteiam sexo feminino. Naquele ano, a expectativa de vida ao
a saúde do idoso como capacidade funcional, auto- nascer era de 75,2 anos, sendo de 71,9 anos para
nomia, independência, comorbidades, fragilidade, homens e 78,6 anos para mulheres. Já aqueles que
autocuidado, participação da família no cuidado e o completavam 60 anos tinham ainda a expectativa de
papel idoso na comunidade; viver por mais 21,4 anos (homens, 20 anos; e mu-
• Compreender a competência da APS na atenção lheres, 22,8 anos)2. Para cada grupo de 100 jovens
ao idoso. com idades de até 15 anos, havia 49 idosos1. Para
2012, a Pesquisa Nacional por Amostra de Domi-
4.3.1 Texto de apoio cílios (PNAD 2012)3 estimou que a população idosa
do Paraná fosse de 1.384.000 idosos, representan-
A SAÚDE DO IDOSO NA APS* do 12,93% da população total do estado, informação
O envelhecimento pode ser definido como um pro- que demonstra a magnitude e a velocidade do enve-
cesso dinâmico e progressivo no qual há modifica- lhecimento populacional paranaense.
ções morfológicas, funcionais, bioquímicas e psi- Além do aumento do número de idosos na população,
cológicas que determinam a perda da capacidade temos vivido mudanças significativas no panorama
de adaptação do indivíduo ao meio ambiente, oca- epidemiológico, com predominância das doenças
sionando maior vulnerabilidade e ocorrência mais crônico-degenerativas sobre as doenças infeccio-
frequente de doenças, que terminam por levá-lo à sas que ainda subsistem, somando-se às questões
morte. São considerados idosos indivíduos com ida- relacionadas à violência. Entre idosos paranaenses,
des a partir de 60 anos nos países em desenvolvi- em 2012, as principais causas de internação foram
mento e de 65 anos em países desenvolvidos. O limi- as doenças do aparelho circulatório, seguidas pelas
te de 60 anos foi adotado no Brasil e é o considerado doenças do aparelho respiratório, neoplasias e do-
no Estatuto do Idoso e nas políticas brasileiras rela- enças do aparelho digestivo. As causas externas fo-
cionadas ao envelhecimento. ram a quinta causa mais frequente de internações4.
O processo de envelhecimento populacional vem Quanto aos óbitos, as causas mais frequentes em
se dando de forma acelerada em todo o mundo. 2012 foram as doenças cardiovasculares, seguidas
No Brasil, teve início na década de 1960, a partir do pelas neoplasias, doenças do aparelho respiratório
declínio das taxas de fecundidade e de mortalidade. e doenças endócrinas5.
O envelhecimento populacional tem trazido impor- A ocorrência de múltiplas doenças crônicas simul-
tante carga aos sistemas de saúde, pois os idosos taneamente (pluripatologia) é muito frequente e im-
consomem mais e mais caros medicamentos e pro- plica no envolvimento de diversos profissionais e na
cedimentos, suas internações são mais frequentes utilização de vários medicamentos (polifarmácia),
e costumam ser mais prolongadas. Estima-se que facilitando a ocorrência de iatrogenias, que são in-
esse segmento etário seja responsável por 35 a 40% tervenções inadequadas realizadas por profissionais
dos custos totais de saúde. No Paraná, em 2013, os da saúde por desconhecimento das particularidades
idosos foram responsáveis por 26,5% das interna- do processo de envelhecimento, causadoras de pre-
ções hospitalares, o que correspondeu a 34,3% dos juízo à saúde.
custos totais com este tipo de procedimento6. As doenças podem se manifestar de maneira atípica
A população idosa é heterogênea e tem característi- e há condições que, por serem tão comuns na po-
cas e necessidades de cuidados particulares. Diver- pulação idosa, foram denominadas de Gigantes da
sas são as modificações que ocorrem no organismo Geriatria: Instabilidade Postural e Quedas, Incon-
que envelhece e elas necessitam ser conhecidas tinência (urinária e fecal), Incapacidade Cognitiva
para que se possam diferenciar as alterações nor- (demencia, delirium, depressão e doença mental),
mais do envelhecimento (senescência) daquelas as- Imobilidade e Úlceras de Pressão e Iatrogenia. Vir-
sociadas ao envelhecimento patológico (senilidade). tualmente, qualquer agravo à saúde do idoso pode
O desconhecimento dessas particularidades pode se manifestar como ou determinar o surgimento de
induzir tanto tratamentos fúteis, por se considera- uma ou mais dessas grandes síndromes geriátricas.
rem aspectos próprios do envelhecimento como in- Essas condições são multifatoriais, associam-se
dicadores de doenças, como também negligências, à perda da independência e da autonomia e têm
por se considerarem sinais e sintomas importantes manejo complexo. A família é outro elemento fun-
como normais em idosos. damental para o bem-estar biopsicosocial do idoso
A saúde do idoso resulta da interação multidimen- e sua ausência (Insuficiência Familiar) é capaz de
sional entre saúde física, saúde mental (aspectos desencadear ou perpetuar a perda de autonomia e
cognitivos e emocionais), autonomia, integração so- de independência do idoso. A capacidade comunica-
cial, suporte familiar e independência econômica. tiva (que depende da integridade de visão, audição
Para aqueles que envelhecem, muito mais do que e motricidade orofacial) é outro dos determinantes
apenas a ausência de doenças, a qualidade de vida da funcionalidade global. Assim, atualmente, suge-
reflete a manutenção da autonomia, ou seja, da ca- re-se que a Insuficiência Familiar e a Incapacidade
pacidade de determinação e execução dos próprios Comunicativa sejam incorporadas às grandes sín-
desígnios. O comprometimento de qualquer uma dromes geriátricas7.
das dimensões citadas pode afetar a capacidade Fragilidade, incapacidade e dependência são con-
funcional (capacidade de manter-se independente e ceitos fundamentais em saúde do idoso. A fragili-
autônomo) do idoso, que passa a ser o paradigma da dade pode ser definida como a redução da reserva
saúde geriátrica. homeostática e/ou da capacidade de adaptação do
indivíduo às agressões biopsicossociais, com maior
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vulnerabilidade a desfechos indesejáveis como de- áreas. No campo da saúde, cabe garantir o envelhe-
clínio funcional, incapacidade, dependência, neces- cimento ativo, com qualidade de vida, independência
sidade de institucionalização e morte. Resulta do e autonomia, prevenindo ou postergando ao máximo
acúmulo progressivo de deficiências nos sistemas o surgimento das incapacidades e da dependência,
fisiológicos, suficientes para o desenvolvimento de o que implica na necessidade urgente de reconheci-
condições crônicas de saúde preditoras de declínio mento precoce da fragilidade e na adoção de inter-
funcional (risco de fragilização) ou de declínio fun- venções que possam preveni-la ou revertê-la. Para
cional estabelecido (dependência funcional). A fra- isso, a atenção primária em saúde assume papel
gilidade deve ser identificada precocemente para crítico, pois, sendo a frente da atenção à saúde, pela
que sejam possíveis a prevenção da incapacidade e a proximidade e pela acessibilidade, oferece ao idoso
promoção da qualidade de vida no envelhecimento. a possibilidade de contatos regulares e do cuidado
A dependência ou incapacidade funcional é a difi- contínuo e prolongado de que ele necessita. Sob o
culdade para a realização de tarefas essenciais para enfoque dos ciclos de vida, a APS se apresenta tam-
uma vida independente, incluindo as atividades de bém como cenário fundamental para a implemen-
autocuidado e as domiciliares, com necessidade da tação de ações que, desde etapas precoces da vida,
ajuda de outra pessoa. contribuam para o envelhecimento saudável e ativo.
Outro conceito que vem sendo a cada dia mais valo- Há que se garantir que a APS seja acessível e adap-
rizado na atenção geriátrica é a sarcopenia, que se tada às necessidades de saúde dessa população, o
refere à redução da massa e força muscular asso- que será possível através da capacitação e do trei-
ciada ao envelhecimento. Foco de inúmeras pesqui- namento das equipes de saúde para o atendimento
sas na atualidade, é tida como uma das principais integral dos idosos considerando as peculiaridades
causas de fragilidade e se associa à incapacidade e de sua saúde; da adaptação dos procedimentos ad-
ao aumento da morbidade e da mortalidade. ministrativos às suas necessidades, o que envolve a
Ainda, pelas próprias características da faixa etária, possibilidade da presença de baixos níveis educacio-
no envelhecimento são mais comuns as doenças nais e declínio cognitivo; e da facilitação do acesso fí-
terminais e a necessidade do paliativismo. sico, atendendo àqueles que apresentem limitações
Do exposto fica claro que os sistemas de saúde de mobilidade ou déficits auditivos e visuais8.
terão, cada vez mais, que atender a um usuário di- A Atenção Primária é a coordenadora e ordenadora
ferente: mais idoso, com fisiologia, apresentação do cuidado em todos os ciclos de vida. No idoso, ela
clínica e patologias particulares, que passa mais assume um papel extremamente relevante na es-
tempo enfermo, com comorbidades, polimedicado, tratificação de risco e, consequentemente, no reco-
com grande potencial de incapacitar-se diante de nhecimento daquele que necessita de atenção dife-
um problema de saúde e com maiores necessidades renciada. Cabe a ela a desmistificação de tudo aquilo
de serviços de reabilitação e cuidados paliativos. que é atribuído ao envelhecimento por si, de forma
Embora o envelhecimento populacional indique o a garantir que os problemas de saúde da pessoa
sucesso de políticas públicas de saúde, econômicas idosa, particularmente as incapacidades, não sejam
e sociais, ele traz inúmeros desafios para todas as atribuídos a “problemas da idade”. Além disso, os
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profissionais da Atenção Primária à Saúde devem A maioria dos idosos apresenta doenças ou condi-
ser proativos na identificação dos riscos e na imple- ções crônicas de saúde, mas nem por isso é incapaz
mentação das estratégias necessárias para a manu- de gerir suas vidas e desempenhar suas atividades
tenção e/ou recuperação da saúde da pessoa idosa. e papéis sociais. Um idoso é considerado saudável
A implantação da Rede da Pessoa Idosa foi definida quando é capaz de funcionar sozinho, de forma in-
no Plano Estadual de Saúde, como uma das redes dependente e autônoma, mesmo sendo portador de
prioritárias no Paraná. Considerando a necessidade doenças. Assim, saúde pode ser definida como uma
de preparar as equipes da atenção primária para a medida da capacidade de realização das aspirações
promoção do envelhecimento ativo e saudável e a e da satisfação de necessidades e não simplesmen-
adoção da estratificação de risco para a organização te como a ausência de doenças. A funcionalidade
da atenção ao idoso, iniciamos, neste 9º Módulo do global ou capacidade funcional, definida como a
APSUS, o processo de capacitação de nossas equi- capacidade de gerir a própria vida (autonomia) ou
pes com foco na identificação do idoso vulnerável, a cuidar de si mesmo (independência), é a base do
fim de garantir o cuidado de que ele necessita. conceito de saúde para o idoso, devendo ser o ponto
de partida para qualquer avaliação7, 9.
5. ROTEIRO DAS ATIVIDADES:
A independência e a autonomia nas atividades de
SEGUNDO DIA
vida diária estão intimamente relacionadas ao fun-
cionamento integrado e harmonioso das seguintes
5.1 Saudação
grandes funções ou domínios 7, 9:
• Cognição: é a capacidade mental de compreender e
Objetivos:
resolver adequadamente os problemas do cotidiano.
• Saudar os participantes;
• Humor/Comportamento: é a motivação necessá-
• Pactuar os compromissos com os participantes.
ria para a realização das atividades e/ou participa-
ção social. Inclui também o comportamento do indi-
5.2 Exposição: a avaliação multidimensional do
víduo, que é afetado pelas outras funções mentais,
idoso e a estratificação de risco.
como sensopercepção, pensamento e consciência.
multidimensional do idoso, os critérios e a metodo- mento e de manipulação do meio. Por sua vez, a mo-
logia para a estratificação de risco do idoso. bilidade depende de quatro subdomínios funcionais:
as capacidades aeróbica e muscular (massa e fun-
5.2.1 Texto de apoio ção), o alcance/preensão/pinça (membros superio-
res) e a marcha/postura/transferência. A continência
A AVALIAÇÃO MULTIDIMENSIONAL DO IDOSO** esfincteriana é também considerada um subdomí-
A avaliação multidimensional do idoso é o processo nio da mobilidade, pois a sua ausência (incontinência
diagnóstico utilizado para avaliar sua saúde. esfincteriana) é capaz de interferir na mobilidade e
restringir a participação social do indivíduo.
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FIGURA 1:
INTEGRALIDADE DA SAÚDE DO IDOSO E A AVALIAÇÃO MULTIDIMENSIONAL
FUNCIONALIDADE GLOBAL
Funcionalidade Global
Atividades de Vida Diária (AVD avançadas, instrumentais e básicas)
Funcionais
Sistemas
HUMOR/
COGNIÇÃO MOBILIDADE COMUNICAÇÃO
COMPORTAMENTO
Subsistemas Funcionais
Alcance Postura Capacidade Produção/
Continência
Pressão Marcha Aeróbica/ Visão Audição Motricidade
esfincteriana
Pinça Transferência Muscular orofacial
Fala Mastigação
Voz Deglutição
Sistema Sistema
Sistema Órgãos dos
Sono Músculo- Gênito-
Nervoso Sentidos
Esquelético Urinário Saúde
Sistemas Fisiológicos
Bucal
Nutrição
Sistema
Sistema Digestivo
Cardiovascular
Sistema
Respiratório
Reguladores
Sistemas
Avaliação Avaliação
Ambiente
Sócio-familiar do cuidador
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Excelente 0
Muito boa 0
2. AUTOPERCEPÇÃO DA SAÚDE
Em geral, comparando com outras pessoas Boa 0
de sua idade, você diria que sua saúde é:
Regular 1
Ruim 1
Incapaz de
Média
Nenhuma Pouca Muita fazer*
(alguma)
3. LIMITAÇÃO FÍSICA dificuldade dificuldade dificuldade* (Não conse-
dificuldade
Em média, quanta dificulda- gue fazer)
de você tem para fazer as
a. Curvar-se, agachar ou ajoelhar-se? ( ) ( ) ( ) ( )* ( )*
seguintes atividades físicas:
b. Levantar ou carregar objetos com peso aproximado de 5 kg? ( ) ( ) ( ) ( )* ( )*
Pontuação:
1 Ponto para cada resposta c. Elevar ou estender os braços acima do nível do ombro? ( ) ( ) ( ) ( )* ( )*
“muita dificuldade*” ou
d. Escrever ou manusear e segurar pequenos objetos? ( ) ( ) ( ) ( )* ( )*
“incapaz de fazer*” nas
questões 3a até 3f conside- e. Andar 400 metros (aproximadamente quatro quarteirões)? ( ) ( ) ( ) ( )* ( )*
rar no máximo 2 pontos.
f. Fazer serviço doméstico pesado como esfregar o chão
( ) ( ) ( ) ( )* ( )*
ou limpar janelas?
( ) NÃO
( ) NÃO FAÇO COMPRAS (Isso acontece por causa de sua saúde?) ( ) SIM* ( ) NÃO
b. Lidar com dinheiro (como controlar suas despesas , gastos ou pagar contas)?
( ) SIM (Você recebe ajuda para lidar com dinheiro?) ( ) SIM* ( ) NÃO
( ) NÃO
4. INCAPACIDADES
Por causa de sua saúde ou ( ) NÃO LIDO COM DINHEIRO (Isso acontece por causa de sua saúde?) ( ) SIM* ( ) NÃO
condição física, você tem
c. Atravessar o quarto andando ou caminhar pela sala?
alguma dificuldade para:
( ) SIM (Você recebe ajuda para andar?) ( ) SIM* ( ) NÃO
Pontuação:
Considerar 4 pontos para ( ) NÃO
uma ou mais respostas
( ) NÃO ANDO (Isso acontece por causa de sua saúde?) ( ) SIM* ( ) NÃO
“sim*”. Nas questões 4a
até 4e, considerar no máxi- d. Realizar tarefas domésticas leves (como lavar pratos, arrumar a casa ou fazer limpeza leve)?
mo 4 pontos.
( ) SIM (Você recebe ajuda para tarefas domésticas leves?) ( ) SIM* ( ) NÃO
( ) NÃO
( ) NÃO FAÇO TAREFAS DOMÉSTICAS LEVES (Isso acontece por causa de sua saúde?) ( ) SIM* ( ) NÃO
( ) SIM (Você recebe ajuda para tomar banho de chuveiro ou banheira?) ( ) SIM* ( ) NÃO
( ) NÃO
( ) NÃO TOMO BANHO DE CHUVEIRO OU BANHEIRA (Isso acontece por causa de sua saúde?) ( ) SIM* ( ) NÃO
MAIA F.O.M. et al. Adaptação transcultural do Vulnerable Elders Survey-13 (VES-13): contribuição para a identificação de idosos vulneráveis. Rev
Esc Enferm USP, v.46 (Esp), p.116-22, 2012.
LUZ L.L. et al. Primeira etapa da adaptação transcultural do instrumento The Vulnerable Elders Survey (VES-13) para o português. Cad. Saúde
Pública, n.29, p.621-628, 2013.
SALIBA, D, et al. The vulnerable elders survey: a tool for identifying vulnerable older people in the community. J. Am. Geriatr. Soc., New York, v.
49, p.1691-1699, 2001.
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5.2.3 Manual de aplicação e interpretação do • Em geral, comparando com outras pessoas de sua
VES-13 **** idade, você diria que sua saúde é excelente, muito
boa, boa, regular ou ruim?
A aplicação de qualquer questionário padronizado A pergunta poderá ser explicada da seguinte forma:
exige que o entrevistador esteja bem treinado para • Comparado com outras pessoas da sua idade,
passar segurança ao usuário e garantir a fidedig- como é sua saúde?
nidade das respostas. Assim, os quatro itens e as • Comparado com outras pessoas da mesma idade
13 perguntas do VES-13 devem ser abordados da que o(a) Sr.(a), como acha que sua saúde está? Exce-
seguinte forma: lente, muito boa, boa, regular ou ruim?
• O(a) Sr.(a) diria que sua saúde é excelente, muito
ITEM 1: IDADE boa, boa, regular ou ruim?
Como perguntar: Se a pessoa idosa continuar com dificuldade para
O avaliador deverá perguntar para a pessoa idosa responder, o avaliador pode fragmentar a pergunta,
da seguinte forma: sem induzir a nenhuma resposta, utilizando o se-
• Quantos anos completos o(a) Sr.(a) tem? guinte critério:
• Qual é a sua idade? • Se o idoso responder que sua saúde está mais ou
Como pontuar: menos, o avaliador pode perguntar se é “mais para
• Se o idoso tem de 60 a 74 anos, pontuar zero; mais” ou “mais para menos”. Se o idoso responder
• Se o idoso tem de 75 a 84 anos, pontuar com “mais para mais”, o avaliador, então, pergunta ape-
um ponto; nas se está boa, muito boa ou excelente.
• Se o idoso tem 85 anos ou mais, pontuar com Como pontuar:
três pontos. • Pontuar apenas se a resposta for REGULAR OU
O que está sendo avaliado: RUIM com um ponto para ambas as respostas.
• A idade é o principal fator de risco para o desen- O que está sendo avaliado:
volvimento de incapacidades e óbito. Idosos com 85 • Avalia a autopercepção da saúde, que representa
anos ou mais são considerados vulneráveis somen- um bom indicador de morbimortalidade em idosos.
te pela faixa etária, pois as alterações associadas
com o envelhecimento por si só estão associadas à ITEM 3: LIMITAÇÃO FÍSICA
maior vulnerabilidade.
Letra A
ITEM 2: AUTOPERCEPÇÃO DA SAÚDE Como perguntar:
Como perguntar: • Em média, quanta dificuldade você tem para se
O avaliador deverá perguntar para a pessoa idosa da curvar, agachar ou ajoelhar?
seguinte forma: A pergunta poderá ser explicada da seguinte forma:
• Quanta dificuldade você tem para se curvar, aga-
char ou ajoelhar?
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Como pontuar: • O(a) Sr.(a) tem dificuldade para realizar tarefas do-
• Só pontuar se o idoso responder “muita dificulda- mésticas mais pesadas, como lavar roupas, limpar o
de” ou “incapaz de fazer” (um ponto). As demais res- chão, limpar o banheiro, etc.?
postas não são pontuadas. Como pontuar:
O que está sendo avaliado: • Só pontuar se o idoso responder “muita dificul-
• A mobilidade referente aos membros superiores: dade” ou “incapaz de fazer” (um ponto). As demais
capacidade de pinça, fundamental para a manipula- respostas não são pontuadas. Não deve haver pon-
ção de objetos pequenos. tuação caso a limitação relatada pelo paciente seja
consequência de problemas na cognição, humor
Letra E ou comunicação.
Como perguntar: O que está sendo avaliado:
• Em média, quanta dificuldade você tem para andar • A força e a resistência muscular, além da capaci-
400 metros (aproximadamente quatro quarteirões)? dade aeróbica.
A pergunta poderá ser explicada da seguinte forma:
• Quanta dificuldade o(a) Sr.(a) tem para caminhar ITEM 4: INCAPACIDADES
400 metros? Este item é fundamental para a avaliação da presen-
• O(a) Sr.(a) tem dificuldade para caminhar várias ça de DECLÍNIO FUNCIONAL, principalmente nas
ruas ou andar quatro quarteirões? atividades de vida diária instrumentais. O entrevis-
Como pontuar: tador deve sempre confirmar as respostas com al-
• Só pontuar se o idoso responder “muita dificulda- gum familiar ou acompanhante que conviva com o
de” ou “incapaz de fazer” (um ponto). As demais res- paciente. A ênfase maior é avaliar se houve declínio
postas não são pontuadas. na realização daquela atividade, ou seja, se o pacien-
O que está sendo avaliado: te conseguia fazer a atividade anteriormente e agora
• A mobilidade referente aos membros inferiores não consegue mais.
(marcha e capacidade aeróbica).
Letra A
Letra F Como perguntar:
Como perguntar: • Por causa de sua saúde ou condição física, você
• Em média, quanta dificuldade você tem para fazer tem dificuldade para fazer compras de itens pessoais,
serviço doméstico pesado, como esfregar o chão ou como produtos de higiene pessoal ou medicamentos?
limpar janelas? A pergunta poderá ser explicada da seguinte forma:
A pergunta poderá ser explicada da seguinte forma: • O(a) Sr.(a) tem dificuldade para fazer compras
• Quanta dificuldade o(a) Sr.(a) tem para realizar tra- de alimentos ou de produtos de higiene pessoal
balho de casa pesado, como esfregar pisos ou lim- ou medicamentos?
par janelas? • O(a) Sr.(a) recebe ajuda de alguém para fazer es-
sas compras?
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Inicialmentem o VES-13 classifica os idosos em dois manejo clínico adequado das doenças, conforme
grupos: Vulneráveis (VES-13 ≥ 3) e Não Vulneráveis estabelecido nas guidelines de doenças específicas,
(VES-13 <3). No entanto, ficou demonstrado que o considerando as particularidades da saúde da popu-
de cada ponto no VES-13 aumenta o risco de mor- É o idoso capaz de gerenciar sua vida de forma in-
te e de declínio funcional em 1,37 vezes (IC 1,25 a dependente e autônoma, mas que, todavia, encon-
1,50)14. Com base nessa observação, adotamos para tra-se em um estado dinâmico entre senescência
além do grupo dos idosos robustos (VES-13 ≤ 2), dois funcionais (declínio funcional iminente), mas sem
subgrupos de idosos vulneráveis: três a seis pontos dependência funcional. Apresenta uma ou mais con-
(risco moderado ou em risco de fragilização) e sete dições crônicas de saúde preditoras de desfechos
ou mais pontos (risco elevado ou frágil), conforme adversos, como: evidências de sarcopenia (redução
e/ou subtratadas, reabilitação, prevenção secundá- abrangência dos diferentes territórios de saúde,
ria e primária. é importante informar que a aplicação do instru-
mento, aliada à avaliação das demais dimensões
Idoso frágil: VES 13 ≥ 7 da saúde dos idosos, deverá ocorrer periodica-
É o idoso com declínio funcional estabelecido e in- mente na APS, visando a identificação do esta-
capaz de gerenciar sua vida em virtude da presen- do de risco ou de fragilidade do idoso e a adoção
ça de incapacidades únicas ou múltiplas. O foco de ações preventivas, curativas ou reabilitadoras
das intervenções é a recuperação da autonomia e pertinentes em cada caso com a maior brevida-
da independência do indivíduo. de possível, a fim de oferecer a esses indivíduos a
É importante ressaltar que o grau de fragilidade oportunidade de manutenção da sua funcionalida-
não é estático, pois pode ter piora ou melhora ao de e qualidade de vida pelo maior tempo possível.
longo do tempo. Embora tenhamos como obje- Para isso, conforme sugere o prof. Edgar Nunes
tivo, neste momento, a identificação dos idosos de Moraes, poderá ser utilizado registro em gráfi-
frágeis ou em risco de fragilização nas áreas de co, conforme apresentado na Figura 2.
FIGURA 2
GRÁFICO PARA ACOMPANHAMENTO DO GRAU DE FRAGILIDADE DO IDOSO.
10
2014 2015 2016 2017 2018 2019 2020
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5.3 Estudo de caso: a estratificação de risco do idoso complexo B. O caso piorou progressivamente, até que
surgiram alucinações visuais e ideias delirantes (ilu-
Objetivo: possibilitar aos participantes o exercício da sões de roubo, traição do marido, etc.). Procurou aju-
estratificação de risco e da aplicação do Protocolo de da psiquiátrica do posto de saúde, onde o médico ini-
Identificação do Idoso Vulnerável (VES-13). ciou um tratamento com Haldol ® + Akineton ®, com
melhora do quadro de alucinações. Nega desânimo,
5.3.1 Atividade em grupo: orientação falta de interesse ou tristeza. A filha relata também
dificuldade para caminhar e ocorrência de cinco que-
• Retornar aos grupos, eleger um coordenador e das no último ano e afirma que, por isso, a mãe passa
um relator. a maior parte do tempo deitada ou sentada, necessi-
• Ler os textos de apoio – “O instrumento para ras- tando, atualmente, de ajuda para se movimentar.
treio do idoso vulnerável” e “A estratificação de risco Tem passado de hipertensão arterial (há 14 anos) e
para a saúde do idoso”. diabetes mellitus (há 20 anos). Dispneia aos esforços
• Ler os casos A e B. habituais. Tontura frequente, sem caráter rotatório,
• Estratificar o risco dos casos A e B aplicando o de longa data, atribuída à “labirintite”. Constipação
VES-13. antiga, 4/4 dias, fezes ressecadas. Não consegue
• Relatar em plenário a atividade. Cada relator terá controlar a urina, usando fraldas há três meses.
no máximo cinco minutos para apresentação. Utiliza prótese dentária há mais de 20 anos, sem
nenhum acompanhamento odontológico. Faz uso re-
5.3.2 Caso A gular de Nifedipina (Adalat R ®) 20 mg duas vezes
ao dia; Hidroclorotiazida (Clorana ®): 50 mg pela ma-
Trata-se de M. R. S., 82 anos, viúva, branca, bai- nhã; Cinarizina (Strugeron ®): 75 mg uma vez ao dia;
xa escolaridade (dois anos), residente na área de Amitriptilina (Tryptanol®): 50 mg à noite; Haldol ®
abrangência da Unidade de Saúde Santa Terezinha. (5mg/noite); Akineton ® 2mg duas vezes ao dia; Gli-
A família procurou o centro de saúde afirmando que benclamida (Daonil®) 5 mg duas vezes ao dia; Diclo-
a “saúde da mãe estava muito mal” e relatando um fenaco 50 mg esporadicamente, para dor no joelho;
histórico de esquecimento de cerca de quatro anos. e Diazepam 10 mg à noite para insônia. Atualmen-
No início, os familiares perceberam dificuldade para te, não realiza mais nenhuma atividade doméstica e
lembrar nomes, recados e notaram que a idosa es- precisa de ajuda para todos os cuidados, exceto para
tava repetitiva, contando os mesmos casos e fazendo se alimentar.
as mesmas perguntas várias vezes. O agente comu- Nega histórico pessoal ou familiar de fratura osteo-
nitário percebeu que o “esquecimento” fez com que porótica ou por fragilidade, bem como de alcoolismo
ela deixasse de fazer várias atividades do cotidiano, ou tabagismo.
como sair sozinha, cuidar da casa e fazer compras no A idosa tem duas filhas casadas, que trabalham o dia
mercado, pois já não reconhecia o dinheiro. O qua- todo. O filho mora em outra cidade e mantém pou-
dro foi considerado “normal da idade” e foi prescrito co contato. É cuidada por uma doméstica, respon-
Ginko biloba 80 mg duas vezes ao dia e vitaminas do sável pelos afazeres da casa (limpar, cozinhar, lavar
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Oficina 9 - Saúde do Idoso na Atenção Primária à Saúde
e passar), sem nenhuma experiência com idosos. serviços necessários acima do raio de alcance de
A renda familiar não é suficiente para a contratação suas mãos.
de um cuidador qualificado. As filhas estão pensan- Apesar dos esforços para administrar a aposentado-
do em institucionalização pela dificuldade com o cui- ria do marido, D. M. V. não estava mais conseguindo
dado diário, mas o filho é contra e argumenta que as oferecer os almoços de domingo, então o filho que
suas irmãs deveriam se revezar nos cuidados. mora fora passou a contribuir com ajuda financei-
ra. Feliz, reorganizou o orçamento familiar e voltou a
5.3.1 Caso B reunir a família nos finais de semana.
Nega incontinências e esquecimento. Usa óculos
D. M. V., 82 anos, branca, casada, baixa escolarida- que foram renovados recentemente e ouve bem.
de (três anos), residente na área de abrangência da Tem peso adequado e estável e tem mantido níveis
Unidade Santa Terezinha. Mora com o marido de 87 pressóricos e glicêmicos adequados.
anos, que se encontra acamado e totalmente depen-
dente devido a sequelas de AVC. Sente-se satisfeita 5.4 Exposição: a programação local para a saúde
por ter boa saúde e ser capaz de cuidar do marido do idoso
e da casa. Sofre de diabetes mellitus e hipertensão
arterial e faz uso de Enalapril 10mg duas vezes ao Objetivo: compreender os parâmetros assistências
dia e de Metformina 850 mg pela manhã. É cuidado- para a saúde do idoso na APS de acordo com a es-
sa no preparo das refeições, seguindo as orientações tratificação de risco.
dietéticas fornecidas pela equipe de saúde. Três ne-
tas adolescentes se revezam no cuidado do avô para 5.4.1 Texto de apoio: a programação local para a
que ela possa frequentar as atividades do grupo de saúde do idoso******
idosos duas vezes na semana e as sessões da Aca-
demia da Saúde três vezes na semana. Caminha dia- A programação local para a Saúde do Idoso tem
riamente cerca de 2 quilômetros, pois vai andando a como objetivo principal a melhoria do atendimento
esses encontros. prestado a essa população em determinado territó-
Desde que teve uma queda, há cinco meses, por es- rio, com foco na pessoa, em sua família e na comuni-
corregar no piso molhado enquanto lavava as calça- dade, a fim de garantir que as pessoas envelheçam
das, suas duas filhas passaram a ajudá-la nos finais usufruindo do maior grau possível de autonomia, in-
de semana com as tarefas domésticas mais pesa- dependência e qualidade de vida.
das, como lavar vidros e calçadas, e a acompanhá-la A programação fundamenta-se nos princípios e
nas compras mensais no supermercado. Mesmo nas orientações apresentados na 6ª Oficina do
assim, a Sra. D. insiste em participar de todas as APSUS – Programação da Atenção Primária em Saú-
tarefas, pois considera ter pouca dificuldade para o de e, neste momento, abordará apenas as necessi-
desempenho de qualquer uma delas. Concordou em dades em termos de recursos humanos, ficando
não mais subir em escadas, deixando para as filhas
****** Proposta elaborada pela equipe da Divisão de Saúde do Idoso/SESA-PR
e consultores.
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Oficina 9 - Saúde do Idoso na Atenção Primária à Saúde
para momento futuro de capacitação demais ações da mesma autora13 do aumento linear do risco com
como apoio diagnóstico e vacinação. o aumento da pontuação no VES-13. Na literatu-
O parâmetro populacional foi definido com base nas ra nacional e internacional há diversos estudos de
informações demográficas disponíveis no DATASUS, prevalência e incidência de fragilidade utilizando di-
que na data da busca referiam-se ao ano de 201216. ferentes instrumentos de rastreio, com resultados
Para a definição dos parâmetros de fragilidade uti- variáveis dependendo da população estudada e do
lizados, tomamos como base o estudo de Maia13, instrumento usado. Assumimos, para a nossa popu-
que encontrou 38,1% de vulnerabilidade física com a lação idosa, os percentuais de 25% para idosos em
aplicação do VES-13 em uma amostra de idosos do risco de fragilização e 15% para idosos frágeis. Es-
Município de São Paulo em 2001. Por aproximação, timamos, empiricamente, que entre os 15% de ido-
atribuímos o percentual de 60% para idosos de baixo sos frágeis, 3% estejam restritos ao domicílio e, para
risco ou robustos e de 40% para os vulneráveis. estes, devem ser programadas visitas domiciliares.
Entre os vulneráveis, adotamos os estratos “em ris- Essa proposta poderá ser modificada no futuro, a
co de fragilização” e “frágeis” a partir da observação partir do estudo da realidade do nosso território.
PREENCHIMENTO:
Data: Responsável:
Programação:
Equipe APS ( ) Município ( ) Região ( ) Macrorregião ( )
(marcar com “x”)
No de equipes de APS:
Equipe: Município:
Região: Macrorregião:
População total:
Idosos
*
Referência: DATASUS/IBGE, em 07/07/2014. População 2012
25
26
ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE
ATIVIDADE META PROGRAMADA
ACOMPANHAMENTO DO USUÁRIO
Aplicar o instrumento VES-13 100% dos idosos cadastrados da área de abrangência ACS 100% Idosos Aplicação VES-13 3 meses
100% dos idosos frágeis da área de abrangencia da UBS realizam 1ª Médico 12% Idosos frágeis Consulta médica 1 ano
Realizar 1ª consulta para idosos frágeis para
consulta médica e de enfermagem para confirmação da estratificação e
avaliação multidimensional (VES-13 ≥ 7)
avaliação multidimensional da saúde (na mesma data) Enfermeiro 12% Idosos frágeis Consulta enfermagem 1 ano
100% dos idosos robustos cadastrados realizam duas consultas subse- Médico 60% Idoso robustos Consulta médica 1 ano
Realizar consultas de acompanhamento
quentes de acompanhamento na mesma data, sendo:
para todos os idosos robustos cadastrados
• 1 consulta médica (após a 1a consulta)
(VES-13 ≤2)
• 1 consulta de enfermagem Enfermeiro 60% Idosos robustos Consulta enfermagem 1 ano
100% dos idosos em risco de fragilização cadastrados realizam quatro Médico 25% Idosos em risco de fragilização Consulta médica 1 ano
Realizar consultas de acompanhamento para
consultas subsequentes de acompanhamento na mesma data, sendo:
todos os idosos em risco de fragilização
• 2 consultas médicas (após a 1a consulta)
cadastrados (VES -13: 3 a 6)
• 2 consultas de enfermagem Enfermeiro 25% Idosos em risco de fragilização Consulta enfermagem 1 ano
ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE
ACOMPANHAMENTO DO USUÁRIO
100% dos idosos frágeis dependentes impossibilitados Médico 3% Idosos frágeis Consulta de acompanhamento 1 ano
de comparecer à UBS, incluindo os residentes nas ins-
Oficina 9 - Saúde do Idoso na Atenção Primária à Saúde
tituições de longa permanência localizados no território Enfermeiro 3% Idosos frágeis Consulta de acompanhamento 1 ano
da UBS, recebem visitas domiciliares, sendo:
Realizar visita domiciliar
• 3 visitas médicas
• 3 visitas de enfermagem ACS 3% Idosos frágeis Consulta de acompanhamento 1 ano
• 6 visitas do técnico de enfermagem
• 12 visitas do agente comunitário de saúde Técnico de enfermagem 3% Idosos frágeis Consulta de acompanhamento 1 ano
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28
DIMENSIONAMENTO DA NECESSIDADE DE SAÚDE NA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE
CARGA HORÁRIA NECESSÁRIA
CONSOLIDADO DAS ATIVIDADES PROGRAMADAS – ANO
(Para as atividades programadas – ano)
Risco de ATIVIDADES
Geral Frágil Robusto Minutos Horas Ano Mês Semana
fragilização
5.5 Estudo de caso: a programação local para a enfermagem e sete ACS), uma equipe de saúde bu-
Saúde do Idoso cal (com um cirurgião dentista e um auxiliar de saú-
de bucal), e com os seguintes servidores de apoio
Objetivo: possibiltar aos participantes o exercício da administrativo: um auxiliar de serviços gerais, uma
programação local para a saúde da população idosa. recepcionista e um vigia. A unidade funciona das 7 às
18h, ininterruptamente, e todos os profissionais têm
5.5.1 Atividade em grupo: orientação jornada de trabalho de 40 horas semanais. O conse-
lho local é atuante, reúne-se mensalmente, e avalia
• Retornar aos grupos e eleger um coordenador e o desempenho da equipe. A Unidade foi construída
um relator. recentemente com recursos do Ministério da Saúde.
• Ler o texto de apoio – “A programação local para a Segundo dados do cadastro familiar e do SIAB, vive
saúde do idoso”. nesse território uma população de 3 mil habitantes,
• Ler o estudo de caso – “A programação local para a num total de mil domicílios. Após levantamento lo-
Saúde do Idoso na Unidade de APS Santa Terezinha”. cal, a equipe de saúde identificou que, no território,
• Elaborar a programação local para a equipe de o relevo é plano, com poucas ruas pavimentadas, é
saúde da APS, utilizando a planilha de programação desprovido de rede pluvial e tem consequentes ala-
apresentada no texto de apoio. gamentos. O bairro é servido por duas linhas de ôni-
• Responder às seguintes questões: bus, uma ligando bairro a bairro e a outra ligando o
• Quantas horas semanais por profissional e bairro ao centro. A maioria dos domicílios é de alve-
para a equipe serão consumidas para aten- naria, tem acesso a energia elétrica, 80% têm água
der a saúde do idoso? tratada, apenas 50% têm rede de esgoto sanitário e a
• Qual o percentual de comprometimento da coleta de lixo ocorre duas vezes por semana. Há uma
carga horária semanal do profissional com a escola pública de primeiro grau e um campinho onde
saúde do idoso? as crianças costumam jogar bola.
• Relatar em plenário as atividades. Cada relator Segundo dados do cadastro familiar e do SIAB, 51%
terá no máximo cinco minutos para apresentação. da população é feminina e 49% é masculina. A po-
pulação dessa área é constituída por 3% de crianças
5.5.2 Caso C – a programação local para a saúde do menores de um ano; 7% de crianças de um a quatro
idoso na unidade de aps santa terezinha. anos; 12% na faixa etária de cinco a nove anos; 8%
de dez a 14 anos; 11% de 15 a 19 anos; 52% de 20 a
A Unidade de APS Santa Terezinha situa-se geogra- 59 anos; e 7% de maiores de 60 anos. Aproximada-
ficamente na periferia do município de São Lucas, mente 250 famílias vivem com uma renda per capita
no bairro Coqueiral, distando-se do centro da cidade inferior a R$ 70, 150 chefes de família são analfa-
aproximadamente 10 quilômetros. betos, 30% das famílias apresentam risco social,
Possui uma equipe de saúde da família (contando econômico e cultural, e 10% da população têm plano
com um médico, um enfermeiro, dois técnicos de de saúde.
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Oficina 9 - Saúde do Idoso na Atenção Primária à Saúde
5.6 Exposição: plano de cuidados em saúde do idoso predisponentes ou fatores de risco até as compli-
cações e incapacidades resultantes do tratamento
Objetivo: possibilitar aos participantes a compreen- inadequado da doença. As intervenções clínicas po-
são dos fundamentos necessários para a elaboração dem prevenir, curar, controlar, reabilitar ou confortar,
de um plano de cuidado para a saúde da pessoa idosa. dependendo do paciente. As intervenções propostas
podem ser classificadas em ações preventivas/pro-
5.6.1 Texto de apoio: o plano de cuidados em saúde mocionais, curativas/paliativas ou reabilitadoras15:
do idoso******* ACÕES PREVENTIVAS E/OU PROMOCIONAIS: con-
sistem na implementação de cuidados antecipa-
O Plano de Cuidados é a estratégia utilizada para tórios, capazes de modificar a história natural das
a organização do cuidado, no qual se define clara- doenças e evitar futuros declínios da saúde. A pro-
mente quais são os problemas de saúde do pacien- moção da saúde ou produção de saúde é o conjunto
te (O QUÊ?), as intervenções mais apropriadas para de medidas destinadas a desenvolver uma saú-
a melhoria da sua saúde (COMO?), as justificativas de ótima, promover a qualidade de vida e reduzir
para as mudanças (POR QUÊ?), quais profissionais a vulnerabilidade e os riscos à saúde relacionados
(QUEM?) e equipamentos de saúde (ONDE?) neces- aos seus determinantes e condicionantes – modos
sários para a implementação das intervenções. No de viver, condições de trabalho, habitação, ambien-
idoso frágil, todas essas perguntas são complexas te, educação, lazer, cultura, acesso a bens e servi-
e multifatoriais e devem ser respondidas por uma ços essenciais. As medidas preventivas podem ser
equipe multidisciplinar, capaz de pensar de forma classificadas em prevenção primária, secundária,
interdisciplinar, considerando as melhores evidên- terciária e quaternária15.
cias científicas e as preferências do paciente e de Prevenção primária: tem o objetivo de evitar o de-
sua família. Assim, o plano de cuidados deve conter senvolvimento de doenças. São elas: modificações
todas as informações essenciais para o planejamen- no estilo de vida (cessação do tabagismo, atividade
to e a implementação das ações necessárias para física), imunizações e intervenções farmacológicas
a manutenção ou recuperação da saúde do idoso e (por exemplo, a aspirina para prevenção de doen-
somente será possível após a realização da avalia- ça cardiovascular).
ção multidimensional pelos profissionais de nível Prevenção secundária: tem o objetivo de detec-
superior na atenção primária, sendo a aplicação do tar precocemente e tratar doenças assintomáticas.
VES-13 a primeira fase do processo, que permitirá a Exemplos: rastreamento de câncer, hipertensão, os-
identificação dos idosos vulneráveis, que serão prio- teoporose, aneurisma de aorta abdominal e de alte-
rizados para o atendimento15. rações da visão e audição.
O Plano de Cuidados deve incluir todas as interven- Prevenção terciária: tem o objetivo de identificar
ções capazes de melhorar a saúde do indivíduo. Des- condições crônicas estabelecidas a fim de preve-
sa forma, deverá atuar nas diversas fases da história nir novos eventos ou declínio funcional. Exemplos:
natural do processo de fragilização, desde os fatores identificação de problemas cognitivos, distúrbios da
marcha e do equilíbrio e incontinência urinária.
******* Texto elaborado por Amélia Cristina Dalazuana Souza Rosa
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Oficina 9 - Saúde do Idoso na Atenção Primária à Saúde
Prevenção quaternária: detecção de indivíduos em fatores ambientais (ambiente físico, social e de atitu-
risco de tratamento excessivo para protegê-los de des nas quais o indivíduo vive e conduz a sua vida) e
novas intervenções médicas inapropriadas e suge- pelos fatores pessoais (estilo de vida de um indivíduo).
rir-lhes alternativas eticamente aceitáveis. É a pre- Dessa forma, a reabilitação abrangente atua nas se-
venção da iatrogenia. guintes dimensões da funcionalidade: mobilidade,
As intervenções preventivas utilizam quatro tipos de comunicação, nutrição e saúde bucal (reabilitação
abordagem: aconselhamento ou mudança de esti- física); cognição, humor, estado mental, sono e la-
lo de vida, rastreamento, quimioprevenção (uso de zer (reabilitação cognitiva-comportamental); supor-
drogas que, comprovadamente, reduzem o risco de te social e familiar (reabilitação sociofamiliar); e no
doenças e/ou suas complicações) e imunização15. ambiente físico no qual o indivíduo está inserido (re-
AÇÕES CURATIVAS E/OU PALIATIVAS: ações curati- abilitação ambiental). Essa multiplicidade de ações
vas são aquelas direcionadas a problemas específi- exige a participação integrada de medicina, enfer-
cos identificados na consulta médica. A ênfase deve magem, fisioterapia, terapia ocupacional, psicologia,
estar no diagnóstico correto dos problemas crônicos serviço social, nutrição, farmácia, odontologia, den-
de saúde e na prescrição correta das intervenções tre outros, dependendo de cada caso, e pressupõe a
farmacológicas. Deve-se estar atento ao risco de ia- identificação de objetivos e a organização de ações
trogenia medicamentosa, considerada a maior sín- praticadas dentro de um cronograma viável para as
drome geriátrica, principalmente nos idosos frágeis necessidades do paciente e a realidade do serviço.
usuários de polifarmácia. Por sua vez, as ações pa- A qualidade do trabalho, a obtenção de resultados e
liativas reservam-se àquelas situações em que não o tempo dispendido para sua efetivação são reflexo
há possibilidade de cura ou modificação da história do nível de comunicação entre seus membros. Essa
natural da doença. Nesses casos, o cuidado paliativo comunicação diz respeito não só aos aspectos liga-
tem como objetivo a melhora da qualidade de vida dos ao paciente e sua evolução, mas também aos
dos pacientes e familiares diante de doenças que avanços tecnológicos de cada área, novas técnicas e
ameaçam continuamente a vida. O foco da interven- estratégias de abordagem e tratamento15.
ção não é somente o alívio impecável da dor, mas do Outro aspecto fundamental do Plano de Cuidados é
conjunto de todos os sintomas de natureza física, a fase de implementação, que depende da rede de
emocional, espiritual e social15. atenção à saúde existente. A continuidade ou coorde-
AÇÕES REABILITADORAS: é o conjunto de procedi- nação do cuidado é particularmente importante no
mentos aplicados aos portadores de incapacidades idoso frágil, que, muitas vezes, utiliza vários serviços
(deficiências, limitação de atividades ou restrição da e profissionais de forma desarticulada e fragmenta-
participação) com o objetivo de manter ou restau- da, aumentando o custo do tratamento e o risco de
rar a funcionalidade (funções do corpo, atividades iatrogenia. Nessa perspectiva da linha de cuidado,
e participação), maximizando sua independência e é fundamental a existência de uma equipe de refe-
autonomia. As ações reabilitadoras são direcionadas rência para o paciente e sua família, cujo papel é o
ao indivíduo e aos fatores contextuais envolvidos no seguimento longitudinal e a ordenação do cuidado15.
comprometimento funcional, representados pelos
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Oficina 9 - Saúde do Idoso na Atenção Primária à Saúde
Com a identificação dos idosos vulneráveis e a pro- 6.3.1 Atividade em grupo: orientação
gramação para atenção à suas necessidades, pro-
postas deste módulo do APSUS, iniciamos o cami- • Retornar aos grupos, eleger um coordenador e
nho rumo à construção da Rede de Atenção à Saúde um relator.
do Idoso no Estado do Paraná, que deverá contar • Elaborar um cronograma para a replicação das
com equipes multidisciplinares capacitadas para o oficinas para compartilhamentos com as equipes
atendimento geriátrico-gerontológico, articular-se da APS.
aos serviços da área social, de transporte, secundá- • Desenvolver estratégias para a realização dos pro-
rios, terciários e demais redes de atenção à saúde já dutos da oficina pelas equipes da APS:
atuantes no estado, tendo a atenção primária como • Identificação e estratificação de risco dos
ordenadora do processo. idosos residentes no território de responsa-
bilidade de cada equipe de APS;
idoso na APS
• Os produtos deverão ser desenvolvidos até o final
do idoso na APS.
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e as Unidades da Federação – 2010. Rio de da Pessoa Idosa. Versão especial para o XXX
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