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Monografia - Eficiencia Volumeterica em Motores 4 Tempos

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MODELO DE PREVISÃO DA EFICIÊNCIA VOLUMÉTRICA EM MOTORES DE COMBUSTÃO ...

229

MODELO DE PREVISÃO DA EFICIÊNCIA


VOLUMÉTRICA EM MOTORES DE COMBUSTÃO
INTERNA, MOVIDOS A GASOLINA E ÁLCOOL
Sérgio Yuri Ribeiro
José Antônio da Silva
Felipe Soto Pau
Departamento de Ciências Térmicas e dos Fluidos (DCTEF), Universidade Federal
São João del Rei (UFSJ), Praça Frei Orlando, 170, Centro, CEP 36307-352,
São João del Rei, MG, Brasil, e-mails: sergioyuri@gmail.com, jant@ufsj.edu.br, soto@ufsj.edu.br

Antônio Moreira dos Santos


Núcleo de Engenharia Térmica e Fluidos, Departamento de Engenharia Mecânica,
Escola de Engenharia de São Carlos, Universidade São Paulo,
Av. Trabalhador São-carlense, 400, CEP 13566-590, São Carlos, SP, Brasil, e-mail: asantos@sc.usp.br

Este trabalho, além de estudar, analisar e comparar propostas de modelos matemáticos que buscam prever a eficiência
volumétrica em motores de combustão interna, utiliza recursos da modelagem computacional para simular os resultados
com a variação de alguns parâmetros de entrada. A partir dos modelos foram observadas as características funcionais
e analisada algumas variáveis dos motores, como: Pressão versus Volume, Eficiência Volumétrica versus Índice de
Mach Modificado, Liberação de Calor, Pressão versus Ângulo de Girabrequim e Eficiência Volumétrica versus Relação
Pressão de Admissão e Exaustão. Com esses resultados pôde-se realizar comparações com os dados obtidos experimentalmente
e verificar o desvio encontrado entre o modelo e os resultados ensaiados.
Palavras-chave: motor de combustão interna, eficiência volumétrica, modelagem computacional.

Introdução A eficiência volumétrica é influenciada por diversos


Uma das principais características da sociedade moderna fatores. Por isso, é conveniente estudar a influência de
é o desenvolvimento de produtos melhores e mais eficientes, cada um deles em função do regime de funcionamento
e que emitem baixos índices de poluição sonora e atmosférica. do motor.
Sendo assim, os centros de pesquisa automobilísticos têm
investido fortemente em pesquisas que visam ao desenvol- Eficiência Volumétrica e Fatores Influentes
vimento de carros que atendam a essas características e que A eficiência volumétrica (ηv ) representa uma medida
sejam competitivos no mercado globalizado. da eficiência do sistema de bombeamento do ar. É definida
Como parte integrante do automóvel, o motor é um como a massa de mistura fresca que passa no cilindro,
dos principais objetos de estudo, sendo este o responsável em um curso de aspiração, dividida pela massa dessa mistura
pela transformação da energia química presente nos que encheria o espaço correspondente ao deslocamento
combustíveis em energia mecânica, que permite o do pistão, na densidade de admissão (Taylor, 1988). A
deslocamento do veículo. eficiência volumétrica é um dos parâmetros mais usados
Significativa melhora no desempenho do motor, redução na caracterização e controle de um motor de combustão
da emissão de poluentes e sistemas de controle mais eficientes interna de quatro tempos.
podem ser conseguidos por meios computacionais, utilizando É desejável que se obtenha o máximo de eficiência
ferramentas de simulação. Não é possível o desenvolvimento volumétrica em um motor, visto que a quantidade de
de novos motores sem o uso dessas ferramentas de modelagem. combustível que pode ser queimada e a potência produzida
Configurações ineficientes de motor podem ser eliminadas para um dado deslocamento são maximizadas (Ferguson,
com uma previsão por meio da simulação, reduzindo assim 1986).
custos desnecessários da fase de experimentação. Neste trabalho São vários os fatores que influenciam a eficiência
essas ferramentas foram utilizadas para prever o compor- volumétrica, dentre eles a velocidade do pistão, as pressões
tamento da eficiência volumétrica de motores de combustão de admissão e exaustão, a taxa de compressão do motor,
interna de quatro tempos. a transferência de calor, a geometria do sistema de admissão

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230 RIBEIRO ET AL.

e a exaustão, e outras variáveis de operação do motor no interior do cilindro é mais elevada. Quando o pistão
(Heywood, 1988). Segundo Silva (2004), a disposição inicia o curso de admissão, retorna para o cilindro os gases
do coletor de admissão também pode influenciar fortemente que foram para o coletor de admissão e parte da última
o desempenho da eficiência volumétrica e, por consequência, fração dos gases de exaustão. Esse total de gases que retorna
o motor. ao cilindro é denominado gás residual.
O conhecimento de alguns parâmetros não disponíveis A mistura fresca só começa a entrar no cilindro pouco
usualmente nas condições normais de operação do motor depois do fechamento da válvula de exaustão, pois
é necessário para os modelos físicos da eficiência inicialmente acontece expansão da massa de gás residual
volumétrica. Ferguson (1986) apresenta modelos de com consequente queda de pressão.
simulação computacional em FORTRAN que calcula as Usando a equação da energia aplicada a um volume
perdas de calor do motor, as propriedades termodinâmicas de controle que compreende cabeçote, parede do bloco,
dos gases de combustão, o enchimento e o esvaziamento anéis e topo do pistão, chega-se à equação para a
do cilindro, que ajudam nos cálculos da eficiência determinação da eficiência volumétrica teórica ( η v t).
volumétrica de um motor de quatro tempos. Conhecendo-se o diagrama de abertura e fechamento
das válvulas de admissão e escape, a taxa de compressão
Metodologia Utilizada (r), a pressão de exaustão (Pexaust) e admissão (Pind) e a
A Figura 1 mostra o esquema de abertura e fecha- densidade da mistura (ρind), podemos avaliar a eficiência
mento das válvulas para um melhor entendimento desses volumétrica para rotação zero do motor com a Equação
processos. (1) (Ferguson, 1986).
Nos motores de quatro tempos a válvula de admissão O calor transferido no cilindro ( Q ) precisa ser
é aberta antes de o pistão alcançar o PMS (Ponto Morto determinado através de um equacionamento, pois sua
Superior). Assim, a mistura passa a ser admitida para dentro medição na prática se mostra muito difícil. Para isso fez-
do cilindro. A válvula de admissão só é fechada alguns se uso de um algoritmo desenvolvido em MATLAB que
graus depois de o pistão passar pelo PMI (Ponto Morto usa as Equações (2) e (7) fornecido por Ferguson (1986),
Inferior), já no curso de compressão. A válvula de exaustão demonstradas abaixo, para a determinação do calor
é aberta ainda no curso de expansão, alguns graus antes transferido e pressão no interior do cilindro para determinado
do pistão atingir o PMI. Em seguida, o pistão sobe no deslocamento dθ do virabrequim.
curso de exaustão descarregando os gases da combustão Na Equação (1) nota-se claramente a influência
através do coletor de escape. negativa da relação de pressão de exaustão e admissão,
A válvula de exaustão só é fechada alguns graus aquecimento da mistura e fração de gases residuais.
depois de o pistão atingir o PMS. Assim, existe um espaço
angular onde as válvulas de admissão e de exaustão
ηvt =
(cosθ ava − cosθ fva )

1 ⎛ Pexaust ⎞⎡
⎜ −1 ⎢
encontram-se abertas simultaneamente (região listrada 2 γ (r − 1) ⎜⎝ Pind ⎠⎣
na Figura 1). Esse espaço angular é conhecido como (1)
cruzamento de válvulas.
⎞⎡ r − 1
Quando a válvula de admissão é aberta, parte dos 1⎟⎟⎢1 + (1 − cosθava )⎤⎥ − ⎛⎜⎜ γ −1⎞⎟⎟ Q − Tres mres
gases vai para o coletor de admissão, visto que a pressão ⎠⎣ 2 ⎦ ⎝ γ ⎠ PindVd Tind ρindVd

VA VE
PMS
PMS
AVA FVE PMS – Ponto morto superior
PMI – Ponto morto inferior
AVA – Abertura da válvula de admissão
FVA – Fechamento da válvula de admissão
AVE – Abertura da válvula de exaustão
FVE – Fechamento da válvula de exaustão
FVA AVE PMI VA – Válvula de admissão
VE – Válvula de exaustão
PMI

Admissão Exaustão Cruzamento de válvulas

Figura 1 Diagrama mostrando a abertura e o fechamento das válvulas de admissão e exaustão


no ciclo de um motor de combustão interna de quatro tempos.

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MODELO DE PREVISÃO DA EFICIÊNCIA VOLUMÉTRICA EM MOTORES DE COMBUSTÃO ... 231

Para determinar o calor perdido ( Ql ) pelas paredes O volume na câmara de combustão pode ser
do cilindro do motor, tem-se: relacionado pela seguinte equação:
~ ~ ⎡ r −1
dQl ~
( )(
~ ~~ ~
= h 1 + β V P V − Tw ) (2) V = ⎢1 + (1 − cos θ )⎤⎥ / r (8)
dθ ⎣ 2 ⎦
~
em que h representa o coeficiente convectivo de trans- A pressão é calculada através da equação diferencial
ferência de calor adimensionalizado, β a área superficial abaixo:
~
da câmara de combustão e Tw a temperatura superficial ~ ~ ~ ~
dP P dV Q dx
das paredes da câmara de combustão. = −γ ~ + (γ − 1) ~ (9)
dθ V dθ V dθ
Sendo na equação adimensionalizada:
em que:
~ Q
Ql = in (3) ~ P
P=
P1V1 P1 (10)

~ V
~ T V = (11)
T = (4) V1
T1
~ Q
Q = in (12)
~ hT (A − 4V0 / b ) P1V1
h = 1 0 (5)
P1V1ω
Análise dos Resultados
4V1
β= Com essas equações foram criados alguns algoritmos
b(A0 − 4V0 / b ) (6)
que permitem fazer a simulação do funcionamento do
motor, principalmente com relação ao comportamento
De posse do calor perdido ( Ql ) e do calor liberado
da eficiência volumétrica.
pelo combustível ( Qin ), pode-se facilmente determinar
Um dos algoritmos forneceu os gráficos da Figura
o calor transferido em todo o processo pela integração
2 quando testado com os dados de um motor com as
da Equação (7): ~ ~
seguintes características: r = 10 ; γ = 1,4 ; Q = 20 ; h = 20 ;
~
dQ = Qin dx − dQl (7) β = 1,5 ; Tw = 1,2 .

5 90
(a) (b)
80
4
70
3 60
50
Q~

P~

2
40
1 30
20
0
10
–1 0
–180 –90 0 90 180 –180 –90 0 90 180
Ângulo (q) Ângulo (q)

1,1
(c)
1
0,9
0,8
0,7
V~

0,6
0,5
0,4
0,3
0,2
0,1
–180 –90 0 90 180
Ângulo (q)

Figura 2 (a) Calor perdido adimensional em função do ângulo θ. .(b) Pressão adimensional em função do ângulo θ.
(c) Volume adimensional da câmara de combustão em função do ângulo θ.

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232 RIBEIRO ET AL.

As curvas abrangem valores que vão do início da Pe / Pi − 1


ηv = 1 −
compressão até o fim da expansão (meio ciclo). Na Figura γ (r − 1) (13)
2 tem-se o comportamento do calor, da pressão e do volume
da câmara de combustão (adimensionais), em função do Foi desenvolvido um algoritmo que possibilita
ângulo do virabrequim. verificar o comportamento da eficiência volumétrica teórica
Analisando o comportamento da curva na Figura em função dessa relação de pressão.
2(a) percebe-se grande aumento do calor perdido a partir Como pode ser visto na Figura 4, foram geradas
do momento em que o pistão se aproxima do PMS. A três curvas variando as taxas de compressão. Em r = 8 e
declinação na parte anterior a zero grau se explica pelo r = 10 são as curvas para os motores movidos a gasolina
fato de acontecer transferência de calor entre as paredes e r = 12 para motores movidos a álcool. Se a pressão de
do cilindro, cabeça do pistão, para a mistura ar-combustível. admissão é maior que a pressão de exaustão, o motor é
Na Figura 2(b) o comportamento pode ser explicado dito sobrealimentado, razões Pi / Pe > 1. Ao ocorrer o
pelo aumento significativo da pressão à medida que a mistura cruzamento de válvulas, parte da mistura fresca vinda
está sendo comprimida. Próximo ao PMS a pressão atinge da válvula de admissão sai pela válvula de exaustão, o
o seu ponto máximo, em virtude da explosão da mistura que contribui para a lavagem do cilindro. Isso pode acabar
ar-combustível. Em seguida ocorre queda da pressão em favorecendo um aumento da eficiência volumétrica, pois,
razão da expansão dos gases e consequente realização de certa forma, empurra os gases residuais da exaustão
de trabalho. para fora do cilindro. Por outro lado há gasto a mais de
Na análise da Figura 2(c) nota-se que o volume é combustível.
mínimo na câmara de combustão para ângulo de virabrequim Da análise da Figura 4, fica claro que motores com
zero (PMS) e máximo para ângulo de 180° (PMI). menores taxas de compressão apresentam menores
Foi possível, a partir da integração numérica das eficiências volumétricas até Pi = Pe. Quando Pi > Pe , esse
equações diferenciais da pressão e calor perdido, relacionar efeito se inverte (caso dos motores sobrealimentados).
pressão e volume na câmara de combustão. Tem-se na Foi possível também analisar a correlação eficiência
Figura 3 essa representação que é uma boa aproximação volumétrica e fração residual dos gases de combustão, como
de um motor ciclo Otto. pode ser visto pela Equação (14) dada por Ferguson (1986):
O diagrama pressão-volume plotado foi obtido a
r (1 − f )υ i
partir de um valor arbitrário de calor liberado. No modelo ηv =
ciclo Otto a combustão é tão rápida que o pistão dificilmente (r − 1)υ1 (14)
se move, considerando assim que a combustão ocorre a A fração residual dos gases é dada pela seguinte
volume constante. equação:
Para a eficiência volumétrica teórica serão analisados
os efeitos da pressão de admissão e exaustão, fração residual 1 T 4 Pe
f = (15)
dos gases de combustão e velocidade média do pistão. r Te P 4
A Equação (13), apresentada por Ferguson (1986),
mostra a relação de dependência entre a eficiência A Figura 5 mostra o resultado obtido da simulação
realizada através do algoritmo desenvolvido que permite
volumétrica teórica e a relação Pi / Pe (pressão de admissão
variar a taxa de compressão, relação Pi / Pe, mostrando a
e pressão de exaustão).
influência de cada um.

90

80

70

60
Pressão (P/P1)

50

40

30

20

10

0
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11
Volume (V/V2)

Figura 3 Diagrama pressão × volume do motor ciclo Otto.

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MODELO DE PREVISÃO DA EFICIÊNCIA VOLUMÉTRICA EM MOTORES DE COMBUSTÃO ... 233

1,2
1,15
1,1

Eficiencia volumétrica, nv (%)


1,05
1
0,95
0,9
0,85
0,8 r
0,75
12
0,7
0,65 10
0,6
0,55 8

0 0,1 0,2 0,3 0,4 0,5 0,6 0,7 0,8 0,9 1 1,1 1,2 1,3 1,4 1,5 1,6 1,7
Pressão de admissão por pressão de exaustão (Pi/Pe)

Figura 4 Eficiência volumétrica teórica × relação Pi/Pe.

1,2
Eficiencia volumétrica, nv (%)

1,15
1,1
1,05
1
0,95
0,9 r
0,85 12
0,8 10
0,75
0,7 8
0,65
0,6
0 0,1 0,2 0,3 0,4 0,5 0,6 0,7 0,8 0,9 1 1,1 1,2 1,3 1,4 1,5 1,6 1,7
Pressão de admissão por pressão de exaustão (Pi/Pe)

0,12
0,11 8
Fração residual, f (%)

0,1
0,09 10
0,08
0,07 12
0,06 r
0,05
0,04
0,03
0,02
0,01
0
0 0,1 0,2 0,3 0,4 0,5 0,6 0,7 0,8 0,9 1 1,1 1,2 1,3 1,4 1,5 1,6 1,7
Pressão de admissão por pressão de exaustão (Pi/Pe)

Figura 5 Fração residual dos gases de exaustão e eficiência volumétrica teórica × relação Pi/Pe.

Verifica-se que, à medida que aumenta a razão relação dos gases, em um motor movido a álcool (taxa de
Pi/Pe , diminui a fração residual e aumenta a eficiência compressão = 12).
volumétrica, em virtude da reversão do processo. Isso Foram feitas algumas iterações para computar a fração
para valores da relação relação Pi/Pe menores que 1. A residual a partir de um caso específico de motor com os
fração residual diminui para taxas de compressão maiores, seguintes parâmetros: Pe = 1,05 bar; M = 29,98; γ = 1,4;
como pode ser visto no gráfico inferior da Figura 5. Para Ti = 300 K; e q = 600 cal/g.
razão de pressão maior que 1 a eficiência volumétrica Para motores em diferentes rotações, a eficiência
aumenta em virtude de uma compressão nos gases residuais volumétrica pode ser calculada com a seguinte equação
causada pela carga que entra no cilindro. apresentada por Ferguson (1986):
O comportamento pode ser melhor entendido por
meio da Figura 6, que mostra a eficiência volumétrica mi A c fva A* ρ c 2 ⎛ 2/γ (γ + 1) / γ ⎞
ηv = = i i ∫ ⎜P − P* ⎟ dθ (16)
sendo prejudicada à medida que aumenta a fração residual ρ i Vd ωVd ava Ai ρi ci γ −1⎝ * ⎠

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1,2

Eficiencia volumetrica, nv (%)


1

0,95

0,9

0,85
0,55

0,5
0 0,01 0,02 0,03 0,04 0,05 0,06 0,07 0,08
Fração residual dos gases (%)

Figura 6 Eficiência volumétrica teórica × fração residual dos gases do motor movido a álcool.

O índice de Mach modificado é definido por Taylor Um algoritmo que fornece a curva eficiência
(1985) como sendo dado pela Equação (17): volumétrica × índice de Mach para os motores de maior
interesse foi programado. A Figura 8 representa a curva
π 2
b Up gerada, porém não consegue prever a eficiência volumétrica
Z= 4 (17) para índices de Mach pequenos, pois a solução dessa
Ai c i
equação tem comportamento assintótico.
Esse índice de Mach modificado (Z) relaciona o Através da técnica de ajuste de curvas pode-se chegar
diâmetro do cilindro com o diâmetro do pé da válvula, e a uma equação que consiga prever o comportamento da
ainda a velocidade média do pistão com a velocidade sônica eficiência volumétrica para toda faixa de Z, para deter-
nas condições do escoamento. minadas condições de funcionamento do motor. A curva
A Equação (16) pode assumir nova forma quando teórica da Figura (8) foi acoplada aos valores obtidos de
se leva em consideração a inexistência de fluxo reverso dados experimentais da Figura (9).
e o limite de fluxo blocado. O ajuste de curva proposto demonstrou grande grau
Rearranjando a Equação (16) com a Equação (17) de proximidade, com R2 igual a 0,99. A função escolhida
e considerando que γ = 11,4, tem-se: para ajustar à curva foi um polinômio de quarto grau.
Assim, tem-se uma equação que prevê a eficiência
⎛θ − θ ava ⎞ 1
= 0,58⎜ ⎟ volumétrica para toda faixa de Z, sob determinadas
fva
ev ⎜ π ⎟Z (18)
⎝ ⎠ condições de funcionamento do motor, dada por:
Utilizando as Equações (17) e (18) juntamente com ηv = – 0,2396Z4 + 1,0791Z3 –
as condições operacionais e dados geométricos do motor (19)
– 1,7767Z2 + 0,9066Z + 0,7164
analisado pode-se avaliar a eficiência volumétrica conforme
a Figura 7 apresentada por Ferguson (1986). Com esses resultados pode-se realizar comparações
Quando os valores de Z são superiores a 0,6, o motor com os dados obtidos experimentalmente e verificar o
entra na faixa em que a eficiência volumétrica cai. desvio encontrado entre o modelo e os resultados ensaiados.

0,9

0,8

0,75/Z
0,7
ev

0,6

0,5

0,4
0,5 0,5 0,5
Z
Figura 7 Eficiência volumétrica × índice de Mach modificado.

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MODELO DE PREVISÃO DA EFICIÊNCIA VOLUMÉTRICA EM MOTORES DE COMBUSTÃO ... 235

0,9

0,8

0,7

ev
0,6

0,5

0,4 0,6 0,8 1 1,2 1,4 1,6


Z
Figura 8 Eficiência volumétrica x índice de Mach modificado, motor com as características:
Di cilindro = 80 mm, curso do pistão = 89 mm, Di da válvula de entrada = 41 mm, Ti = 339 K.

Z
0,1 0,2 0,3 0,4 0,5 0,6 0,7
1

0,8

0,6
Velocidade do pistão (pé/min)
ev

Símbolos 480 960 1200 2040


0,4 Faixa de rpm
Grande 400 800 1000 1700
Médio 600 1200 1500 2550
Pequeno 960 1920 2400 4080
0,2

0
0 500 1000 1500 2000 2500
Velocidade do pistão (pé/min)
Figura 9 Eficiência volumétrica x índice de Mach de um motor operando nas seguintes
condições: r = 5,74, Pi = 0,95 bar, Pe = 1,08 bar; Ti = 339 K (Taylor, 1988).

0,90

0,85

0,80

0,75

0,70

0,65
ηv

0,60

0,55
4 3 2
y = –0,2396x + 1,079x – 1,7767x + 0,9086x + 0,7164
0,50 2
R = 0,9912
0,45

0,40
0 0,2 0,4 0,6 0,8 1 1,2 1,4 1,6 1,8
Z
Figura 10 Ajuste de curva para um modelo que prevê a eficiência volumétrica em relação ao índice de Mach.

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236 RIBEIRO ET AL.

Conclusões Referências Bibliográficas


Os resultados mostraram-se bastante satisfatórios,
FERGUSON, C. R. Internal combustion engines: applied
uma vez que são similares à literatura da área.
thermosciences. New York: J. Wiley & Sons, 1986.
Com o estudo realizado consegue-se avaliar quanto
cada fator pode influenciar a eficiência volumétrica que HEYWOOD, J. B. Introduction to internal combustion
repercute diretamente no desempenho do motor. Sendo engines. New York: McGraw-Hill, 1988.
assim, poderá servir de subsídios para futuras pesquisas SILVA, J. A. Estudo dos processos de admissão e exaustão
que visem comparar esse importante parâmetro de utilizando ensaio experimental e simulação de um motor
funcionamento do motor à combustão interna. A partir de combustão interna a etanol aspirado e turbo alimentado.
daí propõem-se ações que possam representar melhora 2004. Tese (Doutorado) – Escola de Engenharia de São
do funcionamento do motor não só sobre o ponto de vista Carlos, USP, São Carlos.
da energia, mas também do ponto de vista de emissão TAYLOR, C. F. Análise dos motores de combustão interna.
de poluentes. São Paulo: Editora Edgard Blucher, 1988. v. 1.
TAYLOR, C. F. The internal combustion engine in theory
Agradecimentos and practice. Cambridge: MIT Press, 1985.
Os autores agradecem à FAPEMIG pelo auxílio
financeiro que possibilitou a realização deste trabalho.

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