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NESTE CAPÍTULO, VOCÊ IRÁ

APRENDER
● Os conceitos de organização, tanto como empresa quanto como
função administrativa;
● A diferenciar as diferentes estruturas das organizações;
● O conceito e a prática da construção da estrutura organizacional;
● Os diversos tipos de organizações e os aspectos formais e informais
envolvidos.

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Processo Administrativo
Maximiano (2006, p. 12) destaca que “Administração é o processo de to-
mar decisões sobre objetivos e utilização de recursos. O processo admi-
nistrativo abrange cinco tipos de funções: planejamento, organização, li-
derança, execução e controle”. No caso do conteúdo desse material, op-
tamos pela linha teórica que, segundo o mesmo autor, agrupa liderança e
execução em uma mesma função, direção.

Quadro 1: Processo Administrativo

Planejamento É o processo de definir objetivos, atividades


e recursos.

Organização É o processo de definir o trabalho a ser


realizado e as responsabilidades pela
realização; é também o processo de dis-
tribuir os recursos disponíveis segundo
algum critério.

Direção É o processo de realizar atividades e utili-


zar recursos para atingir os objetivos. O
processo de execução envolve outros pro-
cessos, especialmente o processo de dire-
ção, para acionar os recursos que realizam
as atividades e os objetivos.
Controle É o processo de assegurar a realização
dos objetivos e de identificar a necessi-
dade de modificá-los.

Fonte: Maximiano (2000)

Neste tema abordaremos os conceitos de organização, tanto como empre-


sa quanto como função administrativa. Destacaremos as diferentes estru-

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turas das organizações, e o conceito e a prática da construção da estrutura
organizacional, que por si só resulta em diversos tipos de organizações e é
fortemente influenciada pelos aspectos formais e informais constituídos.

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Organização
“É difícil enxergar as organizações. Podemos ver os sinais ex-
ternos, como altos edifícios, uma estação de computador ou
um funcionário educado, mas a organização como um todo é
vaga e abstrata e pode estar espalhada em diversas localida-
des, até mesmo ao redor do mundo. Sabemos que as organi-
zações estão ali porque elas afetam a todos, todos os dias. Na
verdade, elas são tão comuns que as tomamos por algo que
sempre esteve ali. Mal percebemos que nascemos num hospi-
tal, somos registrados em um cartório, estudamos em escolas
e universidades, crescemos com alimentos produzidos em fa-
zendas corporativas, somos assistidos por médicos integrantes
de uma equipe, compramos uma casa construída por uma
construtora e vendida por imobiliária, pegamos dinheiro em-
prestado de um banco, recorremos à polícia e aos bombeiros
quando estamos com problemas, usamos empresas de trans-
portes para fazer mudança de casa, recebemos benefícios de
órgãos do governo. A maioria de nós passa muitas horas tra-
balhando numa organização de um tipo ou de outro.” Daft
(2014, p. 12)

Toda a empresa caracteriza-se, em princípio, por um padrão de tarefas


inter-relacionadas que são essenciais ao seu funcionamento adequado.
Essa organização identificável consiste em uma rede ou cadeia relativa-
mente estável de interligações entre pessoas e o trabalho que realiza a
empresa.

Segundo Maximiano (2010) "uma organização é uma combinação de es-


forços individuais que tem por finalidade realizar propósitos coletivos. Por
meio de uma organização torna-se possível perseguir e alcançar objetivos
que seriam inatingíveis para uma pessoa. Uma grande empresa ou uma

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pequena oficina, um laboratório ou o corpo de bombeiros, um hospital ou
uma escola são todos exemplos de organizações."

Quando abordamos sob a ótica da Administração, podemos ter pelo me-


nos dois tipos de definição da palavra Organização. A organização como
sinônimo de empresa ou a organização como função administrativa.

A organização como sinônimo de empresa


Segundo Chiavenato (2014, p.271), as organizações fazem parte da soci-
edade e necessariamente têm objetivos específicos. Sendo assim, é im-
portante compreender por que elas existem, por exemplo para Coelho
(2004) as organizações existem, pois todos precisamos de bens e serviços
para viver e são as organizações as responsáveis por produzir esses bens
e serviços. Portanto as organizações existem para atender às necessida-
des e desejos da sociedade e do mercado.

Srour (1998) diz que podem ser definidas como coletividade especializada
na produção de um determinado bem ou serviço. Elas combinam agentes
sociais e recursos e se convertem em instrumentos de economia de esfor-
ço em que ações cooperativas se dão de forma ordenada.

Podemos dizer que organizar consiste em (Cury, 1994):

 dividir o trabalho, o poder e as responsabilidades de forma delibera-


damente planejada para favorecer a realização de fins específicos;

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 instituir um ou mais centros de poder que controlam os esforços
concentrados de todos os participantes de uma unidade de trabalho
e os dirigem até seus fins.

Assim, afirmamos que a organização deve ser intencionalmente construída


e reconstruída a fim de realizar seus planos para atingir objetivos específi-
cos.

A organização como função administrativa


Já a organização como função administrativa, faz referência ao ato de or-
ganizar e estruturar processos e recursos para o atingimento das metas e
melhoria da produtividade.

Maximiano (2010) comenta que “Organizar é o processo de dispor qual-


quer conjunto de recursos em uma estrutura que facilite a realização de
planos”. Algumas das decisões envolvidas com o processo de organização
referem-se a definir a divisão do trabalho, atribuir as responsabilidades às
pessoas e determinar os mecanismos de comunicação e de coordenação.

Figura 1 – principais etapas ou decisões do processo de organização

Fonte: adaptado de Maximiano (2010)

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Organização enquanto processo gerencial significa a ação de organizar a
empresa, principalmente estruturando e integrando os recursos e as áreas
responsáveis pelo trabalho que deve ser executado. “[...] a organização é
um sistema planejado de esforço cooperativo no qual cada participante
tem um papel definido a desempenhar e deveres e tarefas a executar”.
(CURY, 2000). Consiste em dispor dos recursos em uma estrutura que vi-
abilize a realização dos objetivos, alocando, arrumando, distribuindo tare-
fas e responsabilidades entre os membros da organização. Significa ade-
quar a estrutura da organização aos objetivos propostos, isso porque obje-
tivos distintos requerem adaptações diferentes.

Quadro 1 - algumas definições de organizações que refletem diferentes perspectivas teóricas

Organização, organon em grego, quer dizer “ferramenta ou instrumento” (MORGAN, 1996, p. 24).

“Duas ou mais pessoas trabalhando juntas e de modo estruturado para alcançar um objetivo especí-
fico ou um conjunto de objetivos” (STONER; FREEMAN, 1985, p. 4).

As organizações são identificadas como possuindo quatro elementos principais: “pessoas, divisão do
trabalho, limites de atuação e objetivos” (SILVA, 2013, p. 43).

“[...] é uma ferramenta que as pessoas usam para coordenar suas ações e obter alguma coisa que
desejam ou valorizam” (JONES, 2010, p. 7).

As organizações, de qualquer tipo, grandes ou pequenas, públicas ou privadas, possuem algumas


características em comum: são “entidades sociais”; são “orientadas por metas”; são “projetadas como
sistemas de atividade deliberadamente estruturadas e coordenadas”; são “ligadas ao ambiente ex-
terno” (DAFT, 2014, p. 12).

Organização é muito mais do que somente organogramas e um conjunto de cargos gerenciais e po-
de ser pensada como “uma casa a ser habitada por seres humanos” ou um “complexo sistema de
comunicações e inter-relações existentes num grupamento humano”. A organização pode ser consi-

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derada, portanto, como um “sistema de papéis” que proporciona aos membros deste sistema tomar
decisões (SIMON, 1965, p. 17).

Uma organização é “um sistema de atividades pessoais ou forças conscientemente coordenadas”


(BARNARD, 1938, apud CARAVANTES, 1998, p. 26).

“Uma organização é um grupo humano, composto por especialistas que trabalham em conjunto em
uma atividade comum” (DRUCKER, 1994, apud CARAVANTES, 1998, p. 27).

Organização é um “subsistema estrutural e material” e um “subsistema simbólico”. O primeiro está


relacionado à função produção e segundo às representações individuais, sendo o poder a forma
utilizada para mediar as relações entre estes dois subsistemas e com isso gerar o que o autor chama
de “ordem organizacional” (CHANLAT, 1996, p. 40).

A definição de organização está condicionada primeiramente à existência de uma “meta específica”,


o que diferencia este sistema de outros sistemas sociais. Entretanto, para ser definida como um sis-
tema social, uma organização deve possuir uma “estrutura descritível”, em duas dimensões: a “cultu-
ral e institucional” como “padrão de valores” do sistema; e os “papéis” dos grupos e indivíduos no
funcionamento da organização (PARSONS, 1967, p. 44).

Sandroni (1994, p. 248) define uma organização como um “Conjunto de relações de ordem estrutural
(direção, planejamento, operação e controle) [...] Consiste num sistema por meio do qual os desem-
penhos pessoais são operacionalizados e coordenados.”

Uma organização é uma “estrutura social racionalmente organizada”, também definida como uma
organização formal ou burocrática (MERTON, 1967. p. 57).

Organizações são “constructos sociais” em que são importantes as instalações físicas, as relações
interpessoais, a natureza humana e as relações externas. O autor ressalta a importância da cultura
(valores, crenças e regras de conduta) na organização, o que a caracteriza como “organismo vivo”,
“contextualizado”, “sistêmico”, “complexo” e como “seres que aprendem” (PAGLIUSO; CARDOSO;
SPIEGEL, 2010, p. 27).

Fonte: SCHULTZ, 2016

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Definir a organização pela qual a empresa funciona é desafiador, pois é
um elemento que precisa ser constantemente adequado às mudanças or-
ganizacionais (CHIAVENATO, 2014).

A organização é dinâmica, principalmente quando são considerados os


seus aspectos informais provenientes da caracterização das pessoas que
fazem parte de seu conjunto. Deve ser delineada considerando as funções
de administração como um instrumento para facilitar o alcance dos objeti-
vos estabelecidos. O resultado desse processo chama-se estrutura organi-
zacional.

É importante destacar a diferença entre Organização e Estrutura Organi-


zacional. A primeira é a união de pessoas, ideias, ideologias, e recursos
para atingir objetivos. A segunda trata da forma como essa organização
será racionalizada, seus métodos e estruturação para agir.

Estrutura organizacional
A estrutura organizacional pode ser entendida como o desenho interno da
organização, ou a representação formal dos seus níveis hierárquicos,
compostos por setores, departamentos, áreas e funções. Ela determina a
atribuição dos cargos, as relações de subordinação e os fluxos de trabalho
que acontecem internamente.

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A estrutura organizacional define como é feita a gestão das suas ativida-
des e a comunicação entre seus setores, visando atingir seus objetivos es-
tratégicos.

Desta maneira, podemos inferir que organização também consiste em:

 Dividir o trabalho, determinando as atividades específicas necessá-


rias em prol do atingimento dos objetivos – podendo chamar de es-
pecialização;

 Agrupar e ajustar as atividades em uma estrutura lógica, facilitando a


execução das atividades cotidianas – podendo chamar de departa-
mentalização;

 Organizar pessoas e funções – colocar a pessoa certa na atividade


certa, organizando cargos, atividades e diminuindo a desmotivação
da equipe.

A estrutura das organizações


Segundo Drucker (1994), existem vários fatores internos que influenciam a
natureza da estrutura organizacional. Entre eles, incluem-se:

 a natureza dos objetivos estabelecidos para a empresa e seus fun-


cionários;

 as atividades operantes exigidas para realizar esses objetivos;

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 a sequência de passos necessários para proporcionar aos funcioná-
rios e clientes os produtos ou serviços que desejam ou de que ne-
cessitam;

 as funções administrativas a desempenhar;

 as limitações da habilidade de cada pessoa na empresa, além das


limitações tecnológicas;

 as necessidades sociais dos executivos e funcionários da empresa,


além das limitações tecnológicas;

 as necessidades sociais dos executivos e funcionários da empresa e


o tamanho da organização.

Estes aspectos influenciam no processo de organização: a especialização


do trabalho; a amplitude de controle; a cadeia de comando; a unidade de
comando; a autoridade; a responsabilidade e a centralização (ROBBINS,
DECENZO e WOLTER, 2014, p.110-118).

Tipos de organizações
As organizações podem ser divididas em tipos conforme compilação de
diversos autores consultados.
 Organização funcional – divide tarefas entre blocos de trabalho chama-
dos departamentos. A escolha das tarefas que serão atribuídas aos de-

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partamentos baseia-se nos critérios de departamentalização. As princi-
pais funções de qualquer organização destes tipos são:

o Fabricar – Produção;

o Vender – Marketing;

o Pagar e receber – Finanças;

o Distribuir – Logística;

o Contratar pessoas – Recursos Humanos.

 Organização territorial – atribui a cada unidade de trabalho um território


ou pedaço do mapa. Normalmente utilizado quando os clientes ou fon-
tes de recursos estão dispersos em diversas localidades geográficas.

 Organização por produto ou serviço – pode ser utilizado em indústrias,


para estruturar linhas de produção, ou comerciais, para especializar o
processo de fornecimento de serviços, por exemplo.

 Organização por cliente – é apropriado quando a organização atende a


diferentes tipos de clientes, com necessidades muito distintas, ou quan-
do os clientes são iguais, mas tem necessidades diferentes.

 Organização por projetos – projetos são atividades temporárias, que


tem um objetivo de fornecer um produto ou serviço singular, para aten-
der a uma encomenda. Para realizar projetos, é preciso criar organiza-
ções temporárias, que são alojadas dentro da estrutura funcional per-
manente. Uma organização temporária, criada para realizar um projeto,
é chamada organização de projeto.

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 Organização por processos – consiste em administrar as funções per-
manentes da organização como elos de uma corrente – ou processos
interligados – e não como departamentos isolados uns dos outros. O
resultado é uma estrutura horizontal, em lugar de estrutura vertical cria-
da pela cadeia de comando.

 Unidades de Negócios – à medida que as organizações crescem, suas


áreas de atuações tendem a se diversificar, fazendo aumentar a neces-
sidade de descentralizar as atividades e autoridade. Quando isto ocor-
re, algumas organizações adotam o modelo das unidades de negócios,
ou unidades estratégicas de negócios.

Como percebido, muitas são as opções de tipos de organizações. O impor-


tante neste ponto é que fique claro que a estrutura organizacional concei-
tual seja, como dito anteriormente, deliberadamente construída, e recons-
truída tantas vezes quanto necessário, para facilitar a compreensão das
relações interno-externas e tendo em vista essencialmente a realização de
seus planos e o alcance dos objetivos ou metas propostos para a empre-
sa. A estrutura é função desses fins e o relacionamento das pessoas tam-
bém tem influência e impacto direto nessa construção, seja formal ou in-
formalmente.

Organizações formais e informais


As organizações ainda podem ser classificadas em formais ou informais.
Uma organização formal é, segundo Chiavenato (2014), “uma forma de

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agrupamento social que é estabelecido de uma maneira deliberada ou
proposital para alcançar um objetivo específico. [...] É caracterizada princi-
palmente pelas regras, regulamentos e estrutura hierárquica que ordenam
as relações entre seus membros”.

Segundo Oliveira (2002), a estrutura formal é representada pelo organo-


grama da empresa.

A estrutura informal, de acordo com esse mesmo autor, é a rede de rela-


ções sociais e pessoais não estabelecida ou requerida pela estrutura for-
mal. Ela surge da interação social entre as pessoas, ou seja, desenvolve-
se espontaneamente quando as pessoas se reúnem. Portanto, apresenta
relações que usualmente não aparecem no organograma.

Concluindo, organizar compreende atribuir responsabilidades às pessoas e


atividades aos órgãos ou departamentos, por mais que algumas vezes te-
nhamos fatores não controláveis em nosso processo.

Devemos ter claro que a organização deve vir do planejamento e o plane-


jamento deve abranger toda a organização para tornar-se viável.

Sem planejamento não é possível definir bem uma organização, e uma


empresa organizada de forma indevida, inviabiliza o melhor planejamento
de todos.

Percebam que encerramos essa função do processo administrativo vincu-


lando a mesma com as demais, pois a forma como o gestor vai alocar as
pessoas dentro de uma organização, de forma que o potencial de cada um
seja aproveitado da melhor maneira possível, fazendo a divisão de cargos,

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setores e tarefas, em diferentes níveis de hierarquia, sempre levando em
conta o estilo da empresa, seu ramo de atuação e, também, os objetivos
do empregado e do empregador é o tema da próxima função Direção.

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REFERÊNCIAS
CHIAVENATO, I. Introdução à teoria geral da administração. São Pau-
lo: McGraw-Hill, 2014.

COELHO, Fábio Ulhoa. Manual de direito comercial. São Paulo: Saraiva,


2004.
CURY, Antonio. Organização e métodos: uma visão holística. São Pau-
lo: Atlas, 2000.

DAFT, Richard L. Organizações: teoria e projetos. 11. ed. São Paulo:


Cengage Learning, 2014.

DRUCKER, P. F. A sociedade pós-capitalista. São Paulo: Pioneira,


1994.

MAXIMIANO, A. C. A. Teoria geral da administração: da evolução ur-


bana à revolução digital. São Paulo: Atlas, 2010.

OLIVEIRA, D. P. R. Sistemas, organizações e métodos: uma aborda-


gem gerencial. 13. ed. São Paulo: Atlas, 2002.

SCHULTZ, Glauco. Introdução à gestão de organizações. SE-


AD/UFRGS. – Porto Alegre: Editora da UFRGS, 2016.

SROUR, Robert Henry. Poder, cultura e ética nas organizações. Rio de


Janeiro: Campus, 1998.

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