Autismo

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AUTISMO E O TRATAMENTO COM HOMEOPATIA

LUCIANO PEREIRA DA SILVA SANTOS

Graduação em Psicologia pela Universidade Mogi das Cruzes (2014); Especialista em Saúde
Mental e Atenção Psicossocial pela Universidade Estácio de Sá (2019).

RESUMO

O presente estudo tem o foco de tratar pessoas que sofrem com o TEA
(Transtorno do Espectro Autista) e para ser tratado com medicamentos
naturais, principalmente, homeopáticos. Assim, este trabalho tem como objetivo
de propor um processo interventivo por meio de medicamentos homeopáticos
que são naturais e não provocam reações no organismo como os
medicamentos alopáticos. Realizou – se uma pesquisa bibliográfica
considerando as contribuições de autores como Klein (1981), Freud (1920),
Smitis (2010), Neto (2006) e Eliete (2013), entre outros, procurando enfatizar a
importância desta forma de tratamento para que auxilie o desenvolvimento
cognitivo e a aprendizagem infantil. Sendo um transtorno que acomete as
crianças, adolescentes e adultos em todas as fases desenvolvimentos dos
indivíduos, tornando o tratamento um ponto importante do desenvolvimento.
Conclui – se que após a utilização dos medicamentos homeopáticos, as
crianças, adolescentes e adultos aumentaram o seu desenvolvimento escolar e
a sua interação social.
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Palavras-chave: Autismo; homeopatia; medicamentos naturais.

INTRODUÇÃO

O autismo é um tema desafiador e ao mesmo tempo encantador porque


cada sujeito que possuí o transtorno do espectro autista (TEA) é diferente um
do outro, sendo um dos processos de intervenção mais complexos de ser
tratado durante o processo terapêutico por conta da enorme complexidade e
dificuldades encontradas durante a interação e a construção de vínculo
(Montagner ,2007). Além disso, o seu diagnóstico é complicado pelo fato de
ter poucos recursos de tratamento no Brasil e alguns profissionais não estarem
capacitados para lidar com tal fenômeno que afeta as pessoas a cada dia no
mundo. Assim me motivou para encontrar meios de tratamento para o autismo
e superar a cada barreira encontrada durante o processo de diagnóstico e os
métodos de intervenção.
Durante o processo de atendimento de cada autista na ONG AMAFV
(Associação das Mães se Autistas de Ferraz de Vasconcelos, eu pude
observar as suas dificuldades de desenvolvimento em todas as áreas do
desenvolvimento infantil. Com isso, A inserção dos medicamentos psiquiátricos
não fazia um efeito positivo para os autistas, pois na maioria das vezes, eles
estavam apáticos, desatentos, babando e sem condições de efetuar atividades
para o desenvolvimento das áreas comprometidas por conta do TEA. Portanto,
alguns estudo sobre o uso da homeopatia para tratar os autistas com o objetivo
de desenvolver todas as áreas de desenvolvimento para que eles tenham a
oportunidade de atingir o seu potencial, a possibilidade de ser independente na
sua vida e viver em sociedade.
O presente trabalho iniciará com um resgate histórico, definição, causas
do autismo, bem como, abordará sobre a forma de tratamento homeopático.
Em suma, a introdução apresenta e delimita a dúvida investigativa da
dificuldade de tratamento em pessoas com autismo, desenvolver um
tratamento homeopático em pessoas com autismo para desenvolvimento nas
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áreas de comprometimento e esta pesquisa foi desenvolvida sobe a


problemática dos efeitos medicamentosos da psiquiatria.

AUTISMO – CONCEITO HISTÓRICO, DEFINIÇÃO E CAUSAS.

O termo Autismo foi descrito pela primeira vez pelo psiquiatra Eugen
Bleuer em 1907, quando descrevia sobre os sintomas da esquizofrenia que se
caracterizava pela a perda da realidade e isolamento social, assim definindo o
termo autismo, sendo a palavra autos, que significa em si mesmo (LISBÔA,
2015).
Outro autor que acompanhou o pensamento de Bleuer foi Leo Kanner
que descreveu em seu artigo “Autistic Disturbance of Affective Contact”
(Distúrbio Autístico do Contato Afetivo) em um grupo de 11 crianças em 1943,
relatando os comportamentos como: apego das rotinas no dia-a-dia,
isolamento, preferência por objetos, alterações da linguagem e ecolalia
imediata e tardia. Sendo que em 1944, Kanner cunhou esses sintomas com o
nome de “Autismo Precoce Infantil” (Sato, 2008).
Conforme Vila (2009), o pediatra austríaco Hans Asperger definiu um
grupo de crianças com distúrbios sociais parecidas com o Autismo. Apenas a
linguagem e a inteligência estavam preservadas e descreveu como “psicopatia
autística infantil”.
Todos esses autores tiveram um papel importante para o
desenvolvimento deste conceito que chamamos de autismo e que atualmente é
conhecido como Transtorno do Espectro Autista (TEA), sendo definido por
inúmeras características que envolvem três partes do desenvolvimento do ser
humano que é o comportamento ( birra, movimentos repetitivos com as mãos e
pés, balançar o corpo, olhar para o teto, sem medo do perigo, sensibilidade
corporal e auditiva, a comunicação e a interação social. Assim, muitos
profissionais relatavam que era o Transtorno Global do Desenvolvimento
(TGD), pois comprometia todas as áreas do desenvolvimento do indivíduo.
Um dos fatores importantes do autismo é compreender as suas
necessidades de desenvolvimento que surgem em cada fase do seu
desenvolvimento, pois os atrasos no desenvolvimento de cada sujeito impedem
o crescimento cognitivo, limitando as suas habilidades sociais, sensoriais,
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cognitivas e linguísticas. Assim, as dificuldades em diversos setores do


desenvolvimento são conhecidas como “multifatorial”, tendo vários pontos de
incidência e que pode se manifestar antes dos três anos de idade e se
enquadrando em qualquer subtipo do autismo (Sousa, 2015).

Atualmente no Brasil, é possível diagnosticar o autismo com os testes


psicológicos como processo de validação do Autismo Infantil, que citarei mais
abaixo, mesmo ainda o Brasil ter inúmeras dificuldades de ter profissionais
capacitados para este tipo trabalho e a maioria dos testes psicológicos que são
utilizados como bases do diagnóstico do Autismo Infantil são versão atualizada
dos Estados Unidos e traduzidas, não tendo testes brasileiros com tanta
precisão como os testes americanos. Sendo assim, os testes psicológicos mais
usados no Brasil são: a Escala de Avaliação de Traços Autistas (ATA)
(Assumpção et al.,1999), Inventário de Comportamentos Autistas (ICA)
(Martelo et al.,2005), Social Comunnication Questionnarie (SCQ) (Rutter et al.,
2003), Childhood Autism Rating Scale (CARS) (Schopler, et al., 1980) e entre
outros. Estes testes são alguns dos testes mais utilizados por profissionais
brasileiros para identificar o Autismo Infantil (Sato, 2008).

Segundo Sato (2008), os instrumentos citados acima, serve apenas para


esclarecer, orientar, auxiliar no processo investigativo para o diagnóstico dos
sujeitos que apresentam ter essas características autistas. Assim, o processo
de avaliação diagnostica é um ponto crucial para se definir os processos
terapêuticos dos indivíduos acometidos por este transtorno neurológico.

Vale ressaltar a descrição do DSM V sobre o Transtorno do Espectro


Autista que informa os critérios e os níveis, além da CID F84.

A VISÃO PSICANÁLITICA DO AUTISMO

Conforme Ribeiro 2018 cita a teoria de Margaret Mahler que defende a


hipótese que a psicoses infantis são distorções do desenvolvimento normais
infantis do ego e a relação mãe – filho, assim os processos intrapsíquicos
sujeitos aos processos psicóticos patológicos precoces, sendo um dos fatores
para impedir o desenvolvimento normal da criança na relação com a mãe, ou
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seja, a impossibilidade do bebê tomar essa mãe como objeto simbólico tornou
possível a incapacidade dos processos de maternagem e a identificação da
mãe como o seu objeto e sendo assim a ausência ou falta de um objeto como
referência boa prejudicou o desenvolvimento normal da criança e deixando
essa ruptura da simbiose entre a relação mãe e bebê.

Mahler (1989, pg. 08 – 45), descreve três fases distintas do


desenvolvimento infantil normal:

Fase Autística Normal: esta fase se inicia do nascimento até segundo


mês de vida, implicando em uma barreira de proteção contra estímulos
externos inatos que não responde aos estímulos excessivos, além disso sendo
um estado de momento de desorientação alucinatória primária, pois a sua
satisfação das suas necessidades depende da sua própria esfera autística
onipotente, ou seja, a sua mãe tem o papel de integrando e a junção total do
Ego, Id, Self, e o mundo objetal.

Fase Simbólica Normal: estende se do terceiro mês de vida até ao


primeiro ano de vida, onde surge o processo de fusão entre a mãe e o bebê,
pois se misturam o eu e o não eu se diferenciando do exterior. O bebê começa
a compreender que para saciar a sua fome, surge algo do exterior de sua mãe,
tendo a mãe como um anteparo e sendo o ego auxiliar do bebê.

Processo de Separação – individualização: se inicia no primeiro ano


de vida até o terceiro ano de vida e tem a função do desenvolvimento do ego e
ao desenvolvimento das relações objetais. Mahler considera como um segundo
nascimento, pois se rompe a membrana simbiótica que envolve a mãe-bebê,
assim a criança tem a possibilidade de desenvolver a sua autonomia e inicia a
ter o desejo e o prazer do seu Ego que representa o seu Self.

Outro estudo importante é de Gonçalves (2006) que relata sobre Donald


Meltzer que publicou em 1975 com o título “Exploração do Autismo” e informa
que o autismo se define como uma estrutura caracterizada por um estado de
desmentalização, sendo uma dissociação ocasionada pela função egóica da
atenção, aonde o Self da criança se desmantela, se desorganiza, assim a sua
capacidade sensoriais como ouvir, falar, ver, tocar e etc. Além disso, o autista
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sofreria com a dificuldade de diferenciar as suas próprias fantasias se


mantendo em um processo interno dentro das próprias fantasias elaboradas
pelo o seu ego e as quatros áreas de fantasias são: região interna e externa do
self e dentro e fora dos objetos. Com isso, a criança se funde com os próprios
objetos e marca a fase da personalidade pós-autista, ou seja, não se tem a
constituição de um espaço interno.

Por isso que o ambiente onde a criança autista esteja inserida se torna
primordial para que as pessoas ou seus familiares possam oferecer este
suporte de constituição interna e lhe servindo como um ego auxiliar para que a
criança não efetue o processo de fusão das suas próprias fantasias e dos seus
objetos de desejos.

Outro autor importante é Rosenfeld (2009) que descreve sobre a fusão


patológica de pacientes psicóticos que durante todo o seu processo de
desenvolvimento ocorre uma fusão patológica entre o ego que se funde a sua
pulsão de morte e com a pulsão de vida, sendo que os impulsos agressivos
prevalecem no sujeito, assim ele toma posse dos objetos internalizados de
forma onipotente que prejudica o seu ego que se torna destrutivo, ou seja, o
sujeito autista fica imbuído dentro deste objeto que não consegue flutuar para
os sentimentos amorosos, assim o seu mundo interno é parte do seu
narcisismo onipotente que impede a aproximação dos objetos amorosos e uma
forma de defesa é agredir o objeto amoroso para se defender, ou seja, o cuspir,
gritar, morder, ferir de alguma coisa todo o seu processo interno que está
fundido e distorcido da realidade. Assim, a criança autista vive em constante
êxtase desses processos da fusão patológica e impede os objetos externos
que são valiosos e amorosos agir no seu mundo interno.

De acordo com Winnicott (2000), o autismo é derivado da relação mãe-


bebê, pois esta mãe não foi suficientemente boa para suportar as
necessidades do seu filho, assim a falta de cuidado, acolhimento, de trato
materno ocasionou o déficit emocional, sendo que alguns casos que
apresentavam comprometimentos cerebrais não resolvia a questão do
“problema autismo”.
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Este autor enfatiza que as questões emocionais nesse relacionamento


mãe – filho é primordial para o desenvolvimento do indivíduo e na construção
do seu self. Ele continua afirmando que o autismo “não é uma doença”, pois
não se encontra uma resposta para o autismo infantil nas causas físicas,
genéticas, bioquímicas e endócrinas. Com isso, destaca que é uma
perturbação na interação dos fatores dos ambientais e individuais que estão
relacionados no primeiro estágio do crescimento infantil.

Para Winnicott (1990), o ambiente favorável para o desenvolvimento


infantil é o corpo materno que possibilita toda a possibilidade de construção da
personalidade e o toque materno forma o ego corporal do filho. Com a falta
deste processo amoroso ocorre uma ruptura entre a simbiose mãe e filho
tornando o toque insuportável trazendo na memória o distanciamento entre
ambos, tornando inexistente a relação mãe e filho, assim o autismo seria uma
tentativa de despertar a reparação desta relação mal elaborada que ocorreu
em algum momento do desenvolvimento do feto até depois do nascimento.

Contudo, Barros Rocha (1991) comenta que Klein (1955) destaca que
esta estrutura arcaica das emoções infantil afeta a construção da
personalidade do sujeito, causando a dependência excessiva, necessidade de
ser guiado e acompanhado de uma desconfiança irracional, pois o indivíduo
não enxerga a possibilidade de viver no mundo sem a presença materna. Com
isso, o indivíduo portador do autismo fica á deriva sem desenvolver o processo
criativo e sem ter entendimento da necessidade de se desenvolver e construir a
sua personalidade através das suas próprias escolhas e experiências.

Seguindo a mesma autora, o autismo é um processo de representação


mental e que seu estado de fantasia inconsciente representa uma imago
distorcida de forma fantasiosa, onde o sujeito imergi dentro de si para instalar
objetos reais dentro do seu próprio ego e sendo lançado no seu mundo
externo. Assim, o autista pode sentir que os pais estejam dentro do seu corpo,
com isto, “os pais internos” se amam, vivem em harmonia, desse modo o
mundo interno brota de forma vivida, as sensações e esses objetos internos
evocam o afeto e a possibilidade de se reestruturar com sentimentos bons ou
ruins.
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Freud (1920) afirma que:

Ver as origens das projeções como um


modo particular de lidar com as excitações
internas que produzem um aumento
excessivamente grande desprazer. Há uma
tendência para tratá-las como se elas
estivessem agindo não a partir de dentro e
sim a partir de fora, de modo que possa ser
possível pôr o escudo contra os estímulos
em operação como uma defesa contra eles
e desempenha o papel dos processos
patológicos.

Seguindo este pensamento, as pessoas com o TEA sofrem este


processo que reflete nas suas interações sociais, prejudicando a sua
sociabilidade e expressão de afeto, toque, comunicação e estereotipias
(movimentos repetitivos/ ansiosos). Além disso, são parte desta psicose
comportamentos agressivos direcionados principalmente para a mãe. Todos
esses comportamentos surgem da estrutura citada acima como “projeção” que
é a forma de projetar o desprazer no mundo externo com toda a sua força para
se aliviar no seu próprio interior.

Brauer (2000) cita que Lacan usou o termo “Colagem” para definir
pessoas como psicóticas, autistas e deficientes que apresentam a aparência de
paralisada, estática ou imóvel que se refere à relação entre criança e mãe, pois
a sua ligação é muito forte, indiferenciada e de dependência de ambos. Com
isso, o desenvolvimento dessas pessoas estaria comprometido e para se
alcançar o desenvolvimento seria necessário, caso for possível, “descolar” e
retornar ao seu desenvolvimento, ou seja, para obter a elevação e que sua
mãe seja capaz de lhe dar com suas próprias emoções sem despejar na
criança e a criança não seria o objeto que foi aportado pela mãe.

A mãe tem que provar repetidamente que suporta o medo da criança


relacionado com a sua perca, o abandono e a ausência para que a criança seja
confortada com as experiências dessas emoções e que aprenda com o
desaparecimento temporário dela para combater esses medos e ocorre a
introjeção da mãe como objeto real para efetuar a sublimação, assim poderá
corresponder com a sua realidade e eliminando as suas ansiedades que foram
projetadas no mundo externo. Já o sujeito com autismo se isola em si mesmo
se perdendo nas suas próprias excitações internas até conseguir alcançar os
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meios para se desenvolver e isso ocorre quando tem o suporte da mãe (KLEIN,
1981).

Bowlby (1982) aponta que o fato do apego é uma tendência dos seres
humanos de estabelecer fortes laços afetivos e que isso surge com a
necessidade de segurança e proteção com um valor de sobrevivência e para
isso os pais são idealizados como um ponto de apoio afetivo para que as
crianças retornem para essas figuras afetivas de apoio e segurança, que assim
define a evolução do desenvolvimento infantil, carregando esses modelos de
relação durante toda a sua vida. Além disso, essas figuras afetivas são elos de
confiança para as crianças se desenvolvem por si só, tendo a capacidade de
se ajudar como ser merecedor de ajuda nos momentos de dificuldades. Assim,
a mãe tem que dar a liberdade do filho de se lançar ao mundo para se
desenvolver e superar as suas frustações cotidianas sem estar dependentes
dos pais e livres para fazer as suas próprias escolhas.

HOMEOPATIA

Segundo Neto (2006), Hipócrates (460-350 A.C.), o pai da medicina, foi


professor em Cós. Era um talentoso observador da natureza que ficou famoso
pelo os seus aforismos, sentenças breves que transmitem seus conselhos
médicos. Provavelmente, o Corpus hipocraticus não foi escrito só por uma
pessoa, mas por um grupo de alunos do grande médico que lançou as bases
da medicina ocidental. Além disso, ele teorizou que a cura que a cura a
provocada pela lei dos semelhantes ou a lei dos contrários.
Para o pai da Medicina, a função do médico deveria ser a de ajudar a vis
medicatrix naturae, ou seja, a força natural de cura. Seus tratamentos
baseavam-se em orientações comportamentais, higiênicas e dietéticas.
Hipócrates concluiu que existem três maneiras de se tratar:
 “contraria contariis curentur” (sejam os contrários curados pelos
contrários) -base da Alopatia.
 “similia similibus curentur” (sejam os semelhantes curados pelos
semelhantes) - base da Homeopatia.
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 “vis medicatrix naturae” – força de cura natural, a defesa do organismo.


Seguindo o mesmo autor, Paracelso aceitava a Força vital conforme o
ensinamento de Hipócrates, mas ao contrário deste, não se limitava a aguardar
a reação do organismo, buscava meios de estimular a força vital. Com sua
doutrina das assinaturas, Paracelso administrava substâncias que tivessem
características (cor, forma, odor e sabor) semelhantes aos sintomas e órgãos
afetados dos doentes. Por exemplo: a flor da Eufrásia é semelhante a íris,
portanto era recomendada para doenças dos olhos. A cor amarela da
açafroeira a tornava indicada para tratar a icterícia (coloração amarelada da
pele e mucosas).
Hahnemann nasceu em Meissen a 10 de Abril de 1755, tendo-se
formado em medicina no ano de 1779, profissão que exerceu durante vários
anos (DIAS, 2013).
Deste modo, Hahnemann determina exaustivamente o maior número de
sintomas decorrentes da intoxicação provocada pela administração continuada
duma dada substância (DIAS, 2013).
Contudo, o autor Alves (2004) cita:

O conjunto de sinais e sintomas obtido é designado por Patogenesia da Substância. Após inúmeras
experimentações, publicou em 1810, o “Organon da Ciência Médica Racional”, que a partir de 1819, data da 2ª
edição, recebeu o título de “Organon da Arte de Curar”. Considera-se este, como sendo o livro basilar de todo o
corpo teórico homeopático. Até ao ano de 1839 publicou a “Matéria Médica Pura” e o “Tratado de Moléstias
Crónicas” e revela o início dos seus escritos com a frase: “Substâncias que provocam uma espécie de febre,
podem curar a febre” (ALVES, 2013).

Desta maneira, Alves (2004) comenta que a homeopatia fundamenta –


se em um experimento de natureza cientifica que se vale de experimentação
de substâncias em doses ponderais e não letais com registros minuciosos dos
efeitos medicamentosos que foram obtidos por meio de observações clínicas.
Através disso, surgi o nascimento das matérias médicas que são atualmente
um procedimento orientador do terapeuta homeopata para as suas indicações
medicamentos durante os atendimentos dos seus clientes.
Com o mesmo autor, a homeopatia tem vários métodos e formas de
utilização para se conseguir um resultado no sujeito, ou seja, as escolas
dominantes desses métodos de aplicação são: Unicismo, Complexismo e
Pluralismo. E cada escola tem o seu procedimento próprio, mas todas são
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derivadas da Escola puramente Hahnemanniana que possui conceitos básicos


e princípios da Medicina Ortodoxa. Além disso, os três os grandes princípios da
doutrina homeopática são: Similitude, Globalidade e Infinitesimalidade.
Hahnemann, após ter descoberto que a quina, que destrói a febre,
percebeu no indivíduo é, o princípio normalmente referido como “Similia
Similibus Curantur”, ou seja, os semelhantes são curados pelos semelhantes,
informando a todos que uma substância que provoca determinado sintoma no
sujeito é, pode curar os mesmo sintomas que esta substância provoca em um
organismo doente com doses ponderais. Assim, tratando com diluições
homeopáticas que retira a toxidade do corpo são e estimula as ações
reacionais de autocura do organismo.
Os pilares deste modelo de acordo com Hahnemann são:
 As experimentações no homem são;
 A utilização da Lei da Semelhança para a cura;
 A dose mínima;
 O remédio único.
A autora Fagundes (2012) comenta uma frase sobre o autor Edward
Bach que mostra a forma do propósito de cura para harmonizar o ser humano,
“Saúde é a perfeita harmonia entre a alma, a mente e o corpo”.
Fagundes (2013) comenta que a arte de curar está na percepção do
homeopata em perceber as frequências certas que são frequências naturais do
nosso sistema emocional e do pensamento para obter o equilíbrio e a harmonia
do sujeito.

Os medicamentos homeopáticos possuem um padrão energético ou


vibratório, cuja influência se repercute na força vital do organismo promovendo
a sua cura, ou seja, a homeopatia trabalha em quatro níveis que são: nível
energético, nível mental, nível físico e nível de generalidades, pois é útil no
processo de repertorização.
Os medicamentos homeopáticos são substâncias capazes de provocar no
homem sadio sintomas ou quadro artificial de doença chamado de
patogenesia. Uma determinada substância se converte em medicamento que
potencialmente homeopático quando dispuser de patogenesia com descrições
minuciosas dos seus efeitos durante a sua aplicação no homem sadio ou no
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doente, sendo que apresenta similitude com a doença do paciente e que se


interaja na semelhança dos sintomas para que possa ser efetuado o processo
de cura e sendo o medicamento uma forma de apresentação e o remédio
traduz a ação e os efeitos no corpo do sujeito.

MODELOS DE HERING NA INDICAÇÃO DE MEDICAMENTOS


HOMEOPÁTICOS

Rîndasu (21014), Hering também é célebre por ter chamado a atenção


da comunidade homeopática para uma segunda lei de cura (a primeira sendo
similia similibus curantur), precisamente conhecida como “lei de Hering”. Assim
se o simillimum for encontrado, qualquer dose será suficiente para a cura,
desde que inexistam barreiras diatésicas. Se estas existirem terá de ser
cuidadosamente investigadas a fim de serem debeladas, nomeadamente por
intermédio de antídotos e nosódios, sem que se olvide, como exaustivamente
temos vindo a referir, as leis da similitude.
De acordo com a mesma autora, a dificuldade do simillimum perfeito ser
encontrado, Hering enunciou uma regra segundo a qual são suficientes três
sintomas bem indicativos, para que se estabeleça a escolha de um bom
medicamento, como são suficientes três pés para que um banco esteja
equilibrado.

Ainda nesta perspectiva, as famosas e de conhecimento obrigatório às


três leis de Hering:

1° - o processo de cura progride de dentro – psiquismo, órgãos vitais –


para fora – partes externas, tal como a pele – das partes internas para as
externas.

2° - os sintomas desaparecem na ordem inversa do seu aparecimento


cronológico.

3° - a cura progride do alto para baixo, das partes superiores para as


inferiores.
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A teoria de Hering tem um vasto campo de aplicação nos casos agudos


e pressupõe que o homeopata isole os sintomas característicos em número de
três, levando-os ao repertório, que confirmará o seu grau.

Conforme a mesma autora, nos casos crónicos, podem ministrar-se altas


diluições – ex.: 30CH; 200 CH; 1000 CH e 10.000 CH –, aguardando-se que o
efeito do remédio termine para eventual repetição ou então, uma diluição média
de modo contínuo, aumentando se progressivamente a potência ou a dose.

Então, Fagundes (2013) expõe as regras e modo de utilização das


potências para cada caso e a necessidade de cada paciente:

1- Potências Baixas – estimulam o órgão para o restabelecimento do seu


funcionamento.
2- Potências Médias – equilibram o órgão para se obter um bom
funcionamento.
3- Potências Altas - freia a atividade do órgão que está com mau ou um
excesso no seu funcionamento.

Além disso, a TRI – UNA trabalha no sujeito as seguintes formas de


aplicação de medicamentos:

1- Simillimum miasmático, ou

Simillimum Constitucional, ou

Simillimum Patogenético

ALTERNANDO COM O

2- Remédio Sindrômico, ou

Remédio da fase aguda, ou

Remédio Drenador

ALTERNANDO COM O

3– Nosódio ou Organoterápico

Simillimum miasmático, ou Simillimum Constitucional, ou


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Simillimum Patogenético

Remédio Sindrômico, ou Nosódio ou Organoterápico


Remédio da fase aguda, ou
Remédio Drenador

Já Smitis (2010) com a Therapy CEASE (Complete Elimination of


Autistic Sprectrum Expression) informa que o autismo é causado por um
processo de intoxicação efetuado por vacinas, ambiente em que o sujeito vive,
alimentação, medicamentos tomados durante a gravides e após o nascimento,
traumas emocionais e condições do nascimento, sendo inúmeras substâncias
que potencializadas a intoxicação do organismo gerando a criança autista. Mas
o seu foco principal é a desintoxicação do organismo, assim usando potências
de doses semanais a partir da 30 CH até 200.000 CH para forçar a eliminação
das toxinas, ou seja, causa as reações corporais provocando o organismo
eliminar as toxinas existentes e provocadoras de sintomas autistas.
Durante todo o processo de aplicação da Therapy CEASE foi
comprovado que mais de crianças autistas conseguiram sair do espectro
autista e melhorar as suas habilidades cognitivas e muitas das crianças além
do êxito do protocolo utilizado se mantiveram com as melhoras causadas por
este tratamento.

CONCLUSÃO

O presente estudo visa inserir nos portadores de TEA (Transtorno do


Espectro Autista) a indicação de medicamentos homeopáticos, pois os modelos
de tratamento atuais fazem a aplicação de medicamentos alopáticos como:
Sertralina, Ritalina, Rispiridon ou Risperidona, Memantina e entre outros.

Portanto, o procedimento adotado na homeopatia para inserir os


medicamentos homeopáticos nas pessoas acometidas com TEA, foi a mistura
dos protocolos das técnicas Therapy CEASE, Inspiring Homeopathy e Tri - una,
sendo processos que cobrem muitos sintomas, tendo o foco da alternância das
medicações até encontrar o simillimum do indivíduo e também nas indicações
homeopáticas dos medicamentos terem a opção de indicar os medicamentos
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organoterápicos, ou seja, outros procedimentos até poderia ser indicado, mas


esta técnica é a mais adequada para estes casos.

Conclui – se que após a utilização dos medicamentos homeopáticos, os


portadores de TEA conseguiu aprimorar o seu desenvolvimento escolar,
melhoras cognitivas e a sua interação social, ou seja, esta medicações
homeopáticas foram inseridas em 40 autistas que são atendidos na ONG
Associação das Mães de Autistas de Ferraz de Vasconcelos, com a permissão
e autorização dos pais de diretoria da ONG.

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