Para Pensar A Educação Infantil em Tempos de Retrocessos
Para Pensar A Educação Infantil em Tempos de Retrocessos
Para Pensar A Educação Infantil em Tempos de Retrocessos
Para pensar a
educação infantil
em tempos de
retrocessos:
lutamos pela educação infantil
Simone Santos de Albuquerque
Jane Felipe
Luciana Vellinho Corso
Organizadoras
Reitor
Rui Vicente Oppermann
Vice-Reitora e Pró-Reitora
de Coordenação Acadêmica
Jane Fraga Tutikian
EDITORA DA UFRGS
Diretor
Alex Niche Teixeira
Conselho Editorial
Álvaro Roberto Crespo Merlo
Augusto Jaeger Jr.
Carlos Pérez Bergmann
José Vicente Tavares dos Santos
Marcelo Antonio Conterato
Marcia Ivana Lima e Silva
Maria Stephanou
Regina Zilberman
Tânia Denise Miskinis Salgado
Temístocles Cezar
Alex Niche Teixeira, presidente
Série Ensino, Aprendizagem e Tecnologias
Para pensar a
educação infantil
em tempos de
retrocessos:
lutamos pela educação infantil
Simone Santos de Albuquerque
Jane Felipe
Luciana Vellinho Corso
Organizadoras
© dos autores
1ª edição: 2017
Direitos reservados desta edição:
Universidade Federal do Rio Grande do Sul
Coordenação da Série:
Laura Wunsch, Gabriela Trindade Perry, Tanara Forte Furtado e Marcello Ferreira
Revisão textual:
Simone Santos de Albuquerque, Jane Felipe e Luciana Vellinho Corso
Capa: Ely Petry
Projeto gráfico: Editora da UFRGS
Editoração eletrônica: Gustavo Demarchi
P221 Para pensar a educação infantil em tempos de retrocessos: lutamos pela educa-
ção infantil [recurso eletrônico] / organizadoras Simone Santos de Albu-
querque, Jane Felipe [e] Luciana Velhinho Corso ; coordenado pela SEAD/
UFRGS . – dados eletrônicos. – Porto Alegre: Editora da UFRGS, 2017.
306 p. ; pdf
(Série Ensino, Aprendizagem e Tecnologias)
1. Educação. 2. Educação infantil. I. Albuquerque, Simone Santos de. II. Fe-
lipe, Jane. III. Corso, Luciana Velhinho. IV. Universidade Federal do Rio
Grande do Sul. Secretaria de Educação a Distância. V. Série.
CDU 373.2
CIP-Brasil. Dados Internacionais de Catalogação na Publicação.
(Jaqueline Trombin– Bibliotecária responsável CRB10/979)
ISBN 978-85-386-0373-3
Sumário
AGRADECIMENTOS ...................................................................................7
PREFÁCIO .....................................................................................................9
APRESENTAÇÃO ......................................................................................11
Capítulo 1
DOS ENIGMAS DA INFÂNCIA: QUANDO A TRANSEXUALIDADE
TENSIONA OS SCRIPTS DE GÊNERO ...................................................19
Jaime Eduardo Zanette, Jane Felipe
Capítulo 2
EU QUERO PALMAS, E NÃO PALMADAS: DA INFÂNCIA
DESEJADA À VIOLÊNCIA SENTIDA .....................................................39
Lutero Marcos de Oliveira, Susana Rangel Vieira da Cunha
Capítulo 3
ESTAR JUNTO COM OS BEBÊS: OS TEMPOS QUE CONSTROEM
CONHECIMENTOS, SABERES E HISTÓRIAS ......................................57
Jaqueline Cadore Loboruk, Maria Carmen Silveira Barbosa
Capítulo 4
O BRINCAR HEURÍSTICO: UMA POTENTE ABORDAGEM PARA
DESCOBERTA DO MUNDO .....................................................................77
Darciana da Silva Meirelles, Maria da Graça Souza Horn
Capítulo 5
O QUE TEM NA ALIMENTAÇÃO DO BEBÊ? ........................................93
Greice Ben Stivanin, Simone Santos de Albuquerque
Capítulo 6
“DESEMPAREDAR” NA EDUCAÇÃO INFANTIL: O QUE DIZEM A
LITERATURA E OS DOCUMENTOS CURRICULARES NACIONAIS
SOBRE O USO DAS ÁREAS EXTERNAS ............................................111
Gisele Rodrigues Soares, Maria Luiza Rodrigues Flores
Capítulo 7
QUANDO AS CRIANÇAS DE TRÊS ANOS SÃO OUVIDAS SOBRE A
CASA DE BRINCAR NO PÁTIO ............................................................129
Ana Lúcia Würfel, Leni Vieira Dornelles
Capítulo 8
FALAM AS CRIANÇAS: PROBLEMATIZANDO OS ESPAÇOS EXTERNOS
DA EDUCAÇÃO INFANTIL NO ENSINO FUNDAMENTAL .........................149
Rosely Valéria da Silva Costa, Susana Rangel Vieira da Cunha
Capítulo 9
O INTOCÁVEL AO ALCANCE DAS CRIANÇAS: VIVÊNCIAS NO
PÁTIO ESCOLAR .....................................................................................167
Lusaqueli Wanner, Rosemary Modernel Madeira
Capítulo 10
FAZ DE CONTA E PROTAGONISMO DAS CRIANÇAS ....................189
Cristina de Vargas, Gabriel de Andrade Junqueira Filho
Capítulo 11
REGISTRO E DOCUMENTAÇÃO PEDAGÓGICA NA EDUCAÇÃO
INFANTIL .................................................................................................209
Liliane Ceron, Gabriel de Andrade Junqueira Filho
Capítulo 12
AVALIAÇÃO DAS CRIANÇAS PEQUENAS: UM OLHAR SOBRE
OS DOCUMENTOS DE AVALIAÇÃO NA PRÉ-ESCOLA ................225
Daiane Monique Pagani Lopes, Gabriel de Andrade Junqueira Filho
Capítulo 13
POLÍTICAS DE EDUCAÇÃO INFANTIL E OS DESAFIOS À GARANTIA
DO DIREITO .............................................................................................245
Mariane Vieira Gonçalves, Maria Luiza Rodrigues Flores
Capítulo 14
FORMAÇÃO INICIAL E VALORIZAÇÃO DAS PROFESSORAS NA
EDUCAÇÃO INFANTIL ..........................................................................263
Adriana Flério Esteves Pinto, Maria Luiza Rodrigues Flores
Capítulo 15
QUALIDADE DA OFERTA DE EDUCAÇÃO INFANTIL: O QUE DIZEM
OS DOCUMENTOS NACIONAIS? .......................................................281
Claudéria dos Santos, Maria Luiza Rodrigues Flores
Valdete Côco
Doutora em Educação
Professora da Universidade Federal do Espírito Santo
Coordenadora do Grupo de Pesquisa Formação e Atuação de Educadores (GRUFAE)
Coordenadora do GT07: Educação de crianças de 0 a 6 anos, da Associação Nacional
de Pós Graduação e Pesquisa em Educação (ANPEd) (2016-2017).
APRESENTAÇÃO 11
......
“Não tenho tempo para esperar a hora, tem que ser aqui,
tem que ser agora...”,
(O bebê, grupo musical Palavra Cantada)
DEDICATÓRIA
RESUMO
1 Este artigo é parte do trabalho de conclusão de curso produzido no Curso de Especialização em Docência na Edu-
cação Infantil oferecido pela Faculdade de Educação da UFRGS em parceria com o MEC (2ª Edição), intitulado “Dos
enigmas da infância: transexualidade e tensionamentos dos scripts de gênero’, sob orientação da Profª. Drª. Jane Felipe.
20
...... a norma de gênero em uma vertente binária se instala, vigiando e regulando os
corpos infantis. Assim, as redes de (in)formação aparecem como uma proposta
que envolve a ampliação de conhecimento das famílias e educadoras/es que atuam
diretamente com as crianças, possibilitando práticas de valorização da diversidade
e de liberdade de expressão para as infâncias.
Palavras-chave: Infâncias. Transexualidade. Scripts de gênero. Educação Infantil.
Menino que se sente menina? Menina que se sente menino? Estes sujeitos
estão em corpos errados? Como a escola trabalha com essas questões? Como
foi a infância de sujeitos adultos que vivem/viveram nessa condição?
Valendo-se do pressuposto apontado por Jorge Larrosa (2011), Maria
Isabel Edelweiss Bujes (2002) e Jane Felipe, Bianca Salazar Guizzo e Dinah
Quesada Beck (2013) de que o conceito de infância é algo que nos escapa,
resolvemos operar com tais concepções juntamente com as teorizações sobre a
transexualidade, em especial quando esta se manifesta desde a mais tenra idade.
Dessa forma, valemo-nos do termo enigma2 baseados no sentido etimo-
lógico de tal palavra que sustenta a perspectiva de Larrosa (2011). Assim,
acreditamos que discutir infância e transexualidade é transitar por conceitos
contingentes, provisórios, obscuros e escorregadios, que tencionam a concep-
ção enigmática da(s) infância(s) oportunizando um exercício investigativo em
constante movimento, que se propõe a analisar a complexidade dos sujeitos.
Tal trabalho se propõe a trazer para nossa agenda de reflexões no campo
da educação infantil uma temática que em geral é ignorada, pouco conhecida
ou ainda tratada com repressão: a construção dos scritps de gênero e, dentro
desse complexo movimento, a transexualidade e suas manifestações na infância
(FELIPE; GUIZZO, 2016).
Resolvemos então, investir em uma pesquisa que pudesse compreender
um pouco mais acerca de tais conceitos, especialmente no que se refere àquelas
2 Palavra que deriva do Latim aenigma, do Grego aínigma de ainíssensthai: “Falar em sentidos ocultos”, de ainos, “dito,
conto, discurso”. Etimologicamente, a palavra teve origem na década de 1620, a partir do latim aenigmaticus e do grego
ainigmatikós. A palavra enigmático tem como base o vocábulo enigma, que, segundo Aurélio Buarque de Holanda Fer-
reira, (2010) significa “jogo de espírito em que se propõe a decifração de uma coisa que é descrita em termos obscuros, ambíguos” e
no sentido figurado, refere-se à “frase obscura / coisa difícil de definir, de conhecer a fundo, de compreender”.
crianças que fogem às normas binárias estabelecidas pela cultura. Cabe lembrar 21
......
que os estudos de gênero têm trazido à discussão do quanto somos sujeitos de
identidades múltiplas, fazendo-se necessária a investigação profunda das situa-
ções que nos interpelam. Portanto, as questões principais de pesquisa aqui co-
locadas são as seguintes: quais são as situações que estão em jogo na Educação
Infantil quando o assunto é a constituição de gênero e sexualidade das crianças?
Em que medida a transexualidade pode-se manifestar na infância e de que
forma ela pode ser compreendida ou confundida com as posições de sujeito
propostas para o masculino ou feminino?
Acreditamos ser pertinente uma análise mais profunda sobre essas crian-
ças que não correspondem às normas preestabelecidas em relação às expec-
tativas de gênero. Afinal, vivemos ainda atravessados por vários discursos – o
discurso científico, em especial o discurso médico, o discurso psicológico, o
discurso jurídico, o discurso religioso (cristão, ocidental, branco). Tais discur-
sos, cada um à sua maneira, veiculam concepções normalizantes, pautados mui-
tas vezes em concepções distintas sobre o masculino e o feminino. Desses dois
corpos, produzem-se, com base na biologia, os gêneros masculino e feminino,
conforme as concepções sociais, históricas e culturais.
Sendo assim, buscamos aprofundar os conceitos dos Estudos Queer e da
transexualidade para perceber a (in)existência de uma identidade de infância
trans3, ressaltando a importância dessas imbricações para a formação docente.
4 Felipe (2012, 2013, 2016) considera que a tentativa de definir as chamadas identidades sexuais na infância é, no
mínimo, precipitada. Contudo, cabe-nos observar e refletir sobre os scripts de gênero que são produzidos, reiterados
e impostos em suas mais diversas manifestações, desde a mais tenra idade. A autora tem chamado atenção para o fato
do quanto as identidades (ou scripts) de gênero são, muitas vezes, confundidas com as identidades (ou scripts) sexuais.
5 Sobre essa ideia de sentir-se, o termo cisgênero ou cis tem sido usado para denominar os sujeitos que se identificam
com o gênero que lhes foi atribuído desde o nascimento (JESUS, 2012).
seus desejos, pensamentos e expectativas não coincidem com as imposições da 25
......
cultura, levam os sujeitos a transformarem ou readequarem seus corpos como
consequência desse “sentir-se”. No entanto, como observa Reidel (2013, p. 22):
gênero transexual, e sim, a forma com que a pessoa se identifica. Por isso, alguns
transexuais optam por não se submeter à cirurgia. Todavia, há uma grande discus-
são política em torno da cirurgia, especialmente quando diz respeito ao aspecto
da (des)patologização e de movimentos em prol dos direitos humanos que garan-
tam a mudança dos documentos de identidades dos cidadãos e das cidadãs trans.
De acordo com Bento (2008), os indivíduos que vivem a experiência
transexual são considerados doentes mentais pela medicina, mesmo sem ter
nenhuma alteração cromossomática ou de qualquer outro tipo. Dessa forma,
aquele sujeito que ousa cruzar a fronteira, relativizando as normas, é colocado
à margem da sociedade e categorizado no plano da anormalidade, onde seu
corpo é visto como abjeto (BUTLER, 1999; BENTO, 2008). Para Butler, a
abjeção diz respeito àqueles corpos cujas vidas não são consideradas “vidas”
que valham a pena.
Sobre o direito à identidade legal de gênero, encontramos outro embate
que, de acordo com Bento (2010), se desmembra em dois blocos: o do reco-
nhecimento e o da autorização. Para a pesquisadora, o legislador que patologiza
a transexualidade defende maiores exigências para que o/a trans tenha direitos,
enquanto para o que compreende a transexualidade no campo das identidades
de gênero e dos direitos humanos, defende a diminuição dos obstáculos para a
tão sonhada identidade legal.
Frente a todos esses aspectos apontados, a experiência transexual se con-
figura clamando pela garantia de seus direitos, necessitando de olhares sensíveis
e ações militantes.
6 Reidel (2013) explica que o processo cirúrgico de transexuais femininas consiste na produção da vagina e na execu-
ção de cirurgias plásticas para a construção dos pequenos e grandes lábios. Enquanto para os transexuais masculinos,
a cirurgia consiste na histerectomia (remoção do aparelho sexual), mastectomia (retirada dos seios) e a construção
do pênis. Ainda hoje a cirurgia mais complexa é a construção peniana, pois as técnicas cirúrgicas ainda são precárias.
METODOLOGIA: (RE)ELABORANDO ROTAS PARA PERCORRER 27
......
CAMINHOS
7 A solicitação dos entrevistados em revelar seu próprio nome fez com que revisássemos os critérios propostos no
Termo de Consentimento Livre Esclarecido. Sendo assim, juntos optamos por excluir a seguinte informação: “Da
segurança de que nenhuma pessoa será identificada e que se manterá o anonimato dos/as participantes”.
28
...... É importante destacar que a pesquisa é apenas um recorte de algumas
narrativas de homens e mulheres trans, com as quais procuramos dialogar e
entender suas experiências, sem, no entanto, generalizar ou fazer juízo de valor.
A partir do que expressaram ao longo das entrevistas, procuramos mostrar a
“contingência das evidências e a complexidade das operações” (LARROSA,
2011, p.82) de construção da infância dos participantes desta pesquisa.
Como pesquisadores preocupados em demonstrar a complexidade das in-
fâncias, utilizamos, nesta análise, as considerações de Marcello (2015), agregan-
do aqui o conceito de infância-esquecimento. Buscamos compreender, a partir
do relato das memórias de nossos depoentes, a complexidade das experiências
vividas na infância, em especial na escola. Dessa mesma forma, valemo-nos da
concepção de infância-viagem, quando nos vamos transformando através da
travessia de idas e vindas, de achados e perdidos, ou seja, das transformações que
vão ocorrendo ao longo dos caminhos investigativos.
Marina: [...] Uma coisa que eu me lembro também é que sempre que a minha mãe saía comigo na rua,
as pessoas perguntavam se eu era menino ou menina, pois eu tinha os traços femininos desde a infância.
Até eu ficava me perguntando: “mas por que as pessoas ficam perguntando se eu sou menino ou menina?”.
E eu sempre tive essa coisa muito forte assim.
(Entrevista em: 17/11/2015)
29
......
Nani: [...] Durante a minha infância, na verdade, não aparecia pra mim a transexualidade
dessa forma assim. A transexualidade começou... eu comecei a entender o que era isso na minha
adolescência.
8 Utilizaremos aqui o termo demarcar-desestabilizar os scripts de gênero, por entendemos que na medida em que o/a
trans expressa um gosto ou comportamento tido como sendo do gênero diferente ao seu sexo biológico, ele/ela está
demarcando um script de masculinidade e/ou feminilidade e ao mesmo tempo desestabilizando as normas propostas
para cada gênero.
compatíveis com as referências socialmente admitidas para masculinidade e 31
......
para feminilidade, o que repercute significativamente no processo performati-
vo dos sujeitos trans.
Eduardo: Quando eu tava com 5 anos, minha mãe fez um bolo e queria botar uma bonequinha. Só
que eu tentei uma opção de pedir um pato, porque daí é mais fácil, do que pedir um bonequinho
no meu bolo. Que seria da cor do bonequinho, e o pato por sinal, ele era verde. Ao invés de ser rosa
como seria a bonequinha, meu bolo acabou sendo verde, com um patinho. Eu me senti mais feliz!
(Entrevista em 27/02/2016)
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(Mestrado) - Programa de Pós-Graduação em Educação, Universidade Federal do Rio Grande do
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......
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algumas cenas. Bagoas: Revista de Estudos Gays, v.6, n.7, jan./jun. 2012.
SILVA, Alexsander Lima da; OLIVEIRA, Adélia Augusta Souto de. Transexualização em narrativas
de histórias de vida sobre a infância. Estudos e Pesquisas em Psicologia, Rio de Janeiro, v.15,
n.2, p. 484-508, 2015.
38
...... SILVA, Jackson Ronie Sá da. “Homossexuais são...”: revisitando livros de medicina, psicologia e
educação a partir da perspectiva queer. Tese (Doutorado) - Programa de Pós-Graduação em Educa-
ção, Universidade do Vale do Rio dos Sinos, São Leopoldo, 2012.
WEEKS, Jeffrey. O corpo e a sexualidade. In: LOURO, Guacira Lopes (org.). O corpo educado:
pedagogias da sexualidade. Belo Horizonte: Autêntica, 1999. p. 35–82.
Capítulo 2 39
......
RESUMO
INTRODUÇÃO
2 O Proinfância é um programa do Governo federal criado em 2007, cujo objetivo principal é prestar assistência
financeira, em caráter suplementar, ao Distrito Federal e aos municípios para a construção e aquisição de equipa-
mentos e mobiliário para creches e pré-escolas públicas. Abrange cinco dimensões: projeto arquitetônico padrão,
financiamento de obras, aquisição de mobiliários e equipamentos, assessoramento técnico-pedagógico e custeio de
novas matrículas. As proinfâncias são divididas em tipo A, B e C. A escola onde a pesquisa foi realizada é do tipo C,
tendo a capacidade em atender de 60 a 120 crianças. Fonte: FLORES, M. L. Rodrigues; ALBUQUERQUE, S. Santos
de (org.). Implementação do Proinfância no Rio Grande do Sul: perspectivas políticas e pedagógicas. Porto Alegre:
EDIPUC-RS, 2015. 322 p.
48
...... e pesquisador: O bairro é muito grande, suas ruas parecem não ter fim; as casas
que ficam mais afastadas das vias principais apresentam um aspecto de cons-
trução não acabada, com tijolos à vista, sem reboco, construídas pelos próprios
moradores, algumas ainda sem saneamento adequado. Existe um arroio que
cruza o bairro; em vários pontos é aparente o depósito de lixo, o que o leva a
exalar um odor forte. Algumas ruas ainda não foram registradas, tampouco as
moradias, não existindo no mapa oficial o nome ou número das casas. As in-
vasões de áreas verdes são flagrantes, como também o tráfico, roubos e depre-
dações de espaços comerciais e públicos. A escola tem três anos de existência
(inaugurada em 2013) e cinco ocorrências policiais por arrombamento, depre-
dação e furto. É rotineiro ouvir sirenes policiais e pessoas comentando nas ruas
ou no ônibus fatos que dão conta da violência na região.
Em alguns pontos do bairro, é inviável a locomoção, não só pela questão do
perigo iminente, mas pelo crescimento e construção desordenada das moradias.
Há muitos animais domésticos soltos pelo bairro: cães, gatos, galinhas, cavalos.
Quando chove muito, ocorrem enchentes, e boa parte das famílias necessita sair
das residências; algumas perdem seus móveis e roupas, indo para abrigos ofere-
cidos pela prefeitura. Existem poucas praças e parques; as existentes estão com
brinquedos destruídos ou sem condição de uso. O mato toma conta desses es-
paços, e a limpeza demora para ser realizada. A descrição do bairro acima, diante
do tema estudado, corresponde ao olhar das pesquisadoras Abramovay, Cunha e
Calaf (2009, p. 21), quando dizem que:
CONSIDERAÇÕES
REFERÊNCIAS
ABRAMOVAY, Miriam; CUNHA, Anna Lúcia; CALAF, Priscila Pinto. Revelando tramas, desco-
brindo segredos: violência e convivência nas escolas. Brasília: Rede de Informação Tecnológica Lati-
no-Americana – RITLA, Secretaria de Estado de Educação do Distrito Federal – SEEDF, 2009. 496 p.
BRASIL. Lei n. 8.069, de 13 de julho de 1990. Dispõe sobre Estatuto da Criança e do Adoles-
cente (1990). Estatuto da criança e do adolescente: Lei n. 8.242, de 12 de outubro de 1991. 7. ed.
Brasília: Câmara dos Deputados, Coordenação de Publicações, 2010.
BRASIL. Ministério da Educação. Práticas Cotidianas na Educação Infantil: ba- ses para a
reflexão sobre as orientações curriculares. Projeto de Cooperação Técnica MEC/ Universidade Fe-
deral do Rio Grande do Sul para Construção de Orientações Curriculares para a Educação Infantil.
Brasília: MEC/Secretaria de Educação Básica/ UFRGS, 2009c. Disponível em: <http://portal.mec.
gov.br/dmdocuments/relat_seb_ praticas_cotidianas.pdf>. Acesso em: dez. 2015
CHAUÍ, Marilena. Janela da alma, espelho do mundo. In: NOVAES, Adauto et al. O olhar. São
Paulo: Companhia das Letras, 1988.
CHESNAIS, Jean C. A Violência no Brasil: causas e recomendações políticas para sua prevenção.
Ciência Saúde Coletiva, n. 4, p. 53-69, 1999.
CUNHA, Vieira da Susana R. Meninas nas tramas da cultura visual. In: BUSSOLETTI, Denise M.;
MEIRA, Mirela. Infâncias em passagens. Pelotas: UFPel, 2010. 132 p.
SCHUTZ, Liene M. Martins. Os bairros de Novo Hamburgo. Novo Hamburgo: L.M.M. Schutz,
2001. 196 p.
TONUCCI, Francesco. Frato: 40 anos com olhos de criança. Tradução de Maria Carmen Silveira
Barbosa. Porto Alegre: Artmed, 2008.
Capítulo 3 57
......
RESUMO
1 Este artigo é parte do trabalho de conclusão de curso produzido no Curso de Especialização em Docência na
Educação Infantil oferecido pela Faculdade de Educação da UFRGS em parceria com o MEC (2ª Edição), intitulado
“Experiências educativas no berçário: as narrativas visuais como construção do conhecimento para estar com os bebês”, sob orientação
da Prof.ª Dr.ª Maria Carmen Silveira Barbosa.
58
...... DAS DÚVIDAS AO ENCANTAMENTO - A PRIMEIRA
EXPERIÊNCIA AO ESTAR COM BEBÊS
2 A escola, localizada na periferia de Porto Alegre, autorizou a realização da pesquisa em questão e do uso de imagens,
de acordo com o termo de consentimento livre e esclarecido. O Vídeo citado foi realizado em 2015, com duração
de 02:19 e está disponível em: https://drive.google.com/file/d/0B_iml8A2xWDOaW5OYlNzNmRHUk0/view?ts=-
576cbaba
62
...... Então, um dos bebês, Henrique, de 1 ano e 9 meses, chama a atenção por
estar concentrado em brincar com um pote plástico de acrílico transparen-
te (objeto fechado com uma tampa que foi furada no meio) e um cubo de
madeira. Henrique3 investigava o material, olhava-o de diferentes ângulos,
como se procurasse conhecê-lo melhor, assim, percebe-se que se trata de
uma experiência significativa, que somente com o respeito ao tempo do bebê
pode-se realizar.
Vivencia-se, então, junto de Henrique, o seu momento de descobrir, den-
tro do seu tempo, as possibilidades que aquele material oportuniza. Assim, en-
tre as várias ações registradas do Henrique, naqueles dois minutos de experiên-
cia, ele colocou o cubo dentro do pote pelo orifício da tampa, sacudiu, abriu o
pote, tirou o cubo, tentou fechar e abrir o pote de diferentes modos, da mesma
forma como experimentou colocar o cubo de diversas maneiras.
O tempo oportunizado para Henrique, sem intervenções das educadoras
presentes que poderiam ter facilitado o ato de abrir o pote, por exemplo, leva a
questão das inúmeras descobertas que cada criança pode vivenciar quando seu
tempo é respeitado. Barbosa (2013, p. 215) aborda que
3 O uso dos nomes, idades e imagens dos bebês foi autorizado pelos responsáveis, de acordo com o termo de consen-
timento livre e esclarecido.
As crianças nos fascinam pelos momentos que trans- 63
......
formam em únicos, embora os repitam (também a
reiteração nos dá o pulso do tempo da infância). Ao
mesmo tempo nos exigem o direito a tempo sufi-
ciente para que saibamos esperá-las sem pressa, an-
tecipações sem estímulos precoces, desnecessários e
violentos. Esperá-las na dilatação do tempo e, para-
doxalmente sem tempo. Desta forma, os instantes
se tornam completos, prazerosos, preciosos e con-
sistentes. A criança aproveita a oportunidade das si-
tuações apenas se está disponível e sensível para isso.
Assim, para que os momentos do dia a dia em um berçário se tornem
oportunidades prazerosas de experiências educativas, ressalta-se a importância
de proporcionar o tempo para que os bebês possam elaborar ações autônomas.
Da mesma forma, viver o tempo junto com eles, a fim de estabelecer relações
afetivas e de convívio em grupo. Aborda-se que um dos conhecimentos relati-
vos às transformações sociais que se refletem na educação é o fato de que cada
vez mais cedo as crianças são levadas à escola. Com poucos meses de vida, os
bebês já são frequentadores das instituições educacionais, onde permanecem,
normalmente, em turno integral e durante os cinco dias da semana. Neste
cenário, então, as crianças bem pequenas, ainda muito dependentes dos adul-
tos, são inseridas em um círculo social, além do familiar, o que faz com que as
experiências primeiras dos bebês sejam compartilhadas, tarefa anteriormente
exclusiva dos responsáveis.
Paralelo a isso, está o Parecer CNE/CEB N. 20/09 de 11/11/2009 e a
Resolução CNE/CEB nº 5/09 que Fixa as Diretrizes Curriculares Nacionais
para a Educação Infantil (DCNEI), definindo como dever do Estado a oferta
de Educação Infantil de qualidade e gratuita sem requisito de seleção. Assim, as
vagas em creches e pré-escolas devem ser próximas às residências, e cabe às ins-
tituições incorporarem a função sociopolítica e pedagógica de compartilharem
e complementarem o cuidado e educação das crianças com as famílias.
Na rede de reflexões que esse fato incita, aborda-se ainda: como acolher
os bebês e elaborar uma ação pedagógica para esse grupo específico? Uso a pa-
lavra acolher porque trabalhar com bebês é mais do que os receber na escola, é
64
...... estabelecer uma relação de confiança, afeto e compromisso com as famílias e as
crianças. Essa relação torna-se um dos pilares para o desenvolvimento cognitivo
e social dos bebês, já que, como abordado anteriormente, eles estão chegando
às instituições cada vez mais cedo. Assim, proporcionar um atendimento de
qualidade no berçário está ligado à disposição desse profissional de doar-se na
relação e acreditar na importância de criar um vínculo entre professor e aluno
baseado na empatia, afeto e respeito.
Neste momento, com a intenção de nortear as descobertas que esse artigo
busca apresentar, deter-nos-emos em explanar o conceito de bebê. Ao estar
junto dos bebês e compartilhar o tempo com eles, deve-se ampliar a concei-
tuação para além das fragilidades e cuidados que são necessários. É essencial
acreditar nas capacidades de aprender e interagir dos bebês. Os trabalhos de
Emmi Pikler, a partir do entendimento de Falk (2011), sustentam a necessi-
dade de revermos os conceitos e práticas com as crianças bem pequenas, a fim
de criar uma ação pedagógica mais humanizadora. Também fomentam o rom-
pimento da visão de passividade e incapacidade dos bebês, consequentemente,
das crianças. Ressaltam-se os novos olhares que estão surgindo, ao fazer uso das
palavras de Tardos e Szanto-Feder (2011, p.41):
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Grande do Sul, Porto Alegre, 2014.
Capítulo 4 77
......
1 Este artigo é parte do trabalho de conclusão de curso produzido no curso de Especialização em Docência na Edu-
cação Infantil da FACED/UFRGS – MEC (2° edição) intitulado “O brincar heurístico: A brincadeira espontânea da
criança de 0 a 3 anos de idade”, sob orientação da Prof.ª Dr.ª Maria da Graça Souza Horn.
78
...... Por uma ideia de criança competente,
artesã da própria experiência
e do próprio saber
perto e com o adulto.
RESUMO
2 As duas abordagens referenciadas podem ser melhor conhecidas no livro: Educação de 0 a 3 anos: O atendimento
em creche. Porto Alegre: Artmed, 2006.
82
...... cesto dos tesouros e brincadeira heurística. A primeira aplica-se às crianças que
ainda não se deslocam; a segunda deve ser proporcionada para meninos e meni-
nas a partir do segundo ano de vida e que, de preferência, já tenham habilidade
para caminhar. Ambas as abordagens são brincadeiras de cunho exploratório.
Oportunizar essa exploração é de fundamental importância, pois sabemos
que durante os três primeiros anos de vida o cérebro das crianças está em pleno
crescimento, constituindo-se na força que conduz todo o desenvolvimento. As
descobertas científicas dos últimos tempos mostram o quão importante são
as experiências que temos na infância. Brock, Dodds, Jarvis e Olusoga (2011,
p. 134) atentam para o potencial crescimento do cérebro no primeiro ano de
vida, que é quando “o órgão triplica o seu peso”. O trabalho com materiais não
estruturados contribui para aprimorar a plasticidade e a neuroplasticidade, ou
seja, às adaptações do cérebro, que ocorrem no decorrer toda a vida à medida
que “aprendemos ou experimentamos coisas novas” (BROCK et al., 2011, p.
134), ocorridas conforme as experiências vivenciadas no decorrer do desen-
volvimento infantil.
Esses mesmos autores (2011, p. 134) constatam que “as primeiras expe-
riências de exploração de objetos através da brincadeira multissensorial podem
avançar o pensamento infantil. Os bebês são os mais jovens cientistas”. Vindo
ao encontro dessa afirmação, a utilização da brincadeira heurística comprova o
comportamento investigativo dos pequenos, demonstrando ser uma excelente
metodologia a ser proposta às crianças que já adquiriram maturação para se
locomover com destreza ou que já possuem controle da marcha, com idade
“entre 12 e 20-24 meses”. Deve ser realizada em pequenos grupos (entre 6 e
10 crianças) (ÒDENA, 2010). Nessa faixa etária, os pequenos começam a ter
um maior interesse em se deslocar, de modo que o professor deve estar atento
aos novos interesses, proporcionando experiências que contemplem a evolução
e o amadurecimento.
De acordo com Òdena (2010), a brincadeira heurística com objetos é uma
atividade que aproveita as ações espontâneas dos meninos e das meninas ao mes-
mo tempo em que as potencializa. Dessa forma, contribui para estruturar o pen-
samento, a linguagem, as relações pessoais e as ações das crianças. Possui duas
fases, sendo que durante a primeira exploram alguns objetos com outros e duran-
te a segunda fase, orientados pelos adultos e de modo organizado, os pequenos
recolhem o material.
No momento em que as crianças adquirem maior mobilidade em compa- 83
......
ração à destreza que tinham quando exploravam o cesto dos tesouros, continuam
com esse interesse, pois o brincar heurístico pode ser realizado em qualquer am-
biente. Porém, é importante preparar o espaço, “tirando do alcance das crianças
todos os objetos que possam distrair a sua atenção” (ÒDENA, 2010, p. 39). Se o
lugar disponibilizado para a exploração tiver outros brinquedos ou mesmo obje-
tos que não façam parte do jogo, o objetivo será comprometido. A criança não se
manterá concentrada na atividade exploratória.
O jogo pode ser desenvolvido de 0 a 3 anos de idade. Com as habilidades
de deslocamento ainda mais aprimoradas, o foco muda um pouco, pois, durante
a exploração, a criança não somente explora com a intenção de descobrir de que
objeto se trata, mas também fica atenta para o que pode fazer com ele, já que
suas possibilidades motoras estão ampliadas (já caminha e se movimenta com
maior facilidade). Agora, o campo de ações ganha um interesse maior e mais
aprofundado para o que a criança pode fazer com esse objeto, já que esse tipo de
material pode-se adaptar à sua idade evolutiva, ampliando as possibilidades de
exploração e, consequentemente, de descobertas.
Segundo Òdena (2010), a brincadeira heurística possui três tipos diferen-
ciados de materiais:
O brincar heurístico deve ser utilizado como mais uma abordagem para
ampliar as possibilidades pedagógicas para as crianças pequenas.
PERCURSO METODOLÓGICO
CONSIDERAÇÕES FINAIS
RESUMO
1 Este artigo é parte do trabalho de conclusão de curso produzido no Curso de Especialização em Docência na Edu-
cação Infantil oferecido pela Faculdade de Educação da UFRGS em parceria com o MEC (2ª edição), intitulado. “Com
sabor e afeto: Um estudo sobre as práticas cotidianas de alimentação no berçário”, sob orientação da Prof. Dra Simone Santos
de Albuquerque.
94
...... APRESENTANDO O TEMA
2 Loczy é a instituição nascida em Budapeste (Hungria) na década de 40 liderada por Emmi Pickler que desenvolveu
uma experiência significativa para as crianças órfãs que inspirou propostas educativas para as crianças pequenas através
de seus princípios e valores. O livro “Educar os três primeiros anos: a experiência de Loczy” foi publicado no Brasil
em 2004.
100
...... A ORGANIZAÇÃO DO ESPAÇO E DO TEMPO NOS MOMENTOS
DE ALIMENTAÇÃO
BARBOSA, M. C.; FOCHI, P. S. Os bebês no Berçário: ideias chaves. In: FLORES, M. L.; ALBU-
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Capítulo 6 111
......
“DESEMPAREDAR” NA EDUCAÇÃO
INFANTIL: O QUE DIZEM A LITERATURA
E OS DOCUMENTOS CURRICULARES
NACIONAIS SOBRE O USO DAS ÁREAS
EXTERNAS1
Gisele Rodrigues Soares
Maria Luiza Rodrigues Flores
RESUMO
1 Este artigo é decorrente do trabalho de conclusão de curso produzido no Curso de Especialização em Docência na
Educação Infantil oferecido pela Faculdade de Educação da UFRGS em parceria com o MEC (2ª Edição), intitulado
“Desemparedando: potencialidades dos espaços externos em escolas de educação infantil Jardins de Praça de Porto
Alegre”, sob a orientação da Profª Drª Maria Luiza Rodrigues Flores. Este trabalho investigou as possibilidades, poten-
cialidades e limites para o uso dos espaços externos, considerando os pátios e as praças públicas onde estão localizadas
três Escolas Municipais de Educação Infantil Jardins de Praça em Porto Alegre.
112
...... escolares podem evidenciar a concepção pedagógica da escola. As DCNEI
(2009) determinam que a proposta pedagógica precisa promover a brinca-
deira e as interações como eixos norteadores da prática cotidiana, promo-
vendo a autonomia das crianças. Os pátios e as praças são espaços essenciais
para o desenvolvimento e a aprendizagem por proporcionarem o contato das
crianças com os elementos da natureza. Quando organizados pelos profissio-
nais de educação, contemplando a oferta de materiais, brinquedos e recantos
diversificados, as áreas externas ampliam as experiências das crianças de ma-
neira significativa.
Palavras-chave: Educação Infantil. Espaço Escolar. Espaço Externo. Pátio.
APRESENTAÇÃO
2 Destacamos aqui que a idade de cinco anos definida na Constituição Federal de 1988 como limite para a educação
infantil, na prática, se estende como direito de frequência até a idade de seis anos do ponto de vista do direito à educa-
ção, pois as crianças que ingressam aos cinco, permanecem nas instituições após completarem os seis anos, indo para
o primeiro ano apenas no ano seguinte.
114
...... com o reconhecimento das suas necessidades, na época atual (FRABBONI,
1998 apud SILVEIRA E ABRAMOWICZ, 2002).
Deve-se considerar, ainda, a pluralidade dos modos de viver a infância, já
que fatores econômicos, sociais, geográficos, históricos e culturais influenciam
na constituição de uma determinada infância (DORNELLES, 2005). Segun-
do Brasil (2009), as crianças são seres simultaneamente frágeis e potentes em
relação ao mundo, porém “reféns” da interação, da presença do outro, do
investimento afetivo do adulto (BRASIL, 2009). Por isso, buscamos entender,
compreender, sistematizar e estudar a infância, embora esta tenha uma presen-
ça enigmática e heterogênea, tornando-se impossível compreender tudo sobre
ela. (LARROSA, 1998)
Para Vygotsky (1989), as crianças são seres da natureza e, simultaneamen-
te, seres da cultura, pois são corpos biológicos que se desenvolvem a partir das
interações, dependendo delas o seu desenvolvimento pleno e seu bem-estar so-
cial (TIRIBA, 2010). Destacamos, ainda, o fato de que as crianças vivem, hoje,
uma condição social paradoxal, pois se acredita na capacidade delas, valoriza-se
a sua espontaneidade e defende-se a importância de estarem junto dos adultos,
pais e família. Simultaneamente, separam-se as crianças do cotidiano adulto
e da vida social, pois não há tempo para elas, e se impõem regras de controle
e disciplina nas instituições que frequentam (JENS QVORTRUP, 1995 apud
SARMENTO E PINTO, 1997).
As instituições de educação infantil no Brasil, destinadas a crianças da faixa
etária dos zero aos seis anos, devem seguir as orientações das DCNEI (2009),
quanto às suas propostas pedagógicas e concepções curriculares. A concepção
de educação infantil vem sendo concebida histórica e socialmente em cada cul-
tura. Sendo assim, o currículo para esta etapa é fruto de embates pedagógicos
e políticos (KUHLMANN JR, 2000). Barbosa (2010) define algumas “mo-
dalidades curriculares” que são encontradas como propostas das instituições
de educação infantil brasileiras, defendendo que esta etapa não deve ter ações
educativas espelhadas no ensino fundamental a partir da fragmentação em áreas
do conhecimento, ou visando à aceleração do desenvolvimento infantil, a partir
das etapas evolutivas ou ainda serem voltadas apenas para o atendimento às ne-
cessidades básicas das crianças. Deste modo, a educação infantil precisaria ter
uma concepção curricular “interativa”, em que narrativas de adultos e crianças
se estabeleçam no cotidiano escolar (BARBOSA, 2010).
A concepção de educação infantil presente nas DCNEI (2009) é a de 115
......
que esta é uma etapa indivisível, ou seja, com um currículo que respeita a
continuidade entre a creche (crianças de zero a três anos de idade) e a pré-
escola (de quatro a seis anos), baseado na brincadeira e nas interações como
eixos norteadores da proposta pedagógica, em que o binômio cuidar e educar
esteja presente nas práticas cotidianas ao longo de toda esta etapa, e seja
entendido como indissociável. Barbosa (2009) sugere o uso da expressão
“cuidados educacionais” ou “educação cuidadosa” para a compreensão do que
significa cuidar e educar na educação infantil. As DCNEI (2009) exemplificam
o que essa autora diz: “[...] educar cuidando inclui acolher, garantir a segurança,
mas também alimentar a curiosidade, a ludicidade e a expressividade infantis.”
(BRASIL, 2009c, p. 10).
Em relação aos eixos norteadores do currículo para a educação infantil, que
de acordo com as DCNEI (2009) são a brincadeira e as interações, Fortuna (2004)
discute o lugar que a brincadeira ocupa na educação infantil, indicando que em
certos contextos ela ocorre de maneira didatizada pelo professor, ou seja, com a
coordenação da brincadeira para que as crianças aprendam algum conteúdo ou
habilidade, ou, ainda, haveria o abandono do brincar, quando o educador não se
envolve e nem enriquece esses momentos. Fortuna (2004) afirma que o momento
da brincadeira das crianças na educação infantil é aquele em que, dentro da rotina,
o professor deve estar mais inteiro, ser mais rigoroso e estar atento às crianças, seus
conhecimentos e sentimentos.
Há algum tempo, o norte da Itália e suas escolas de educação infantil vêm
inspirando outros países e também o Brasil. As “cem linguagens das crianças” e
o trabalho a partir das “culturas da infância” são algumas das expressões que a
educação infantil italiana tem propagado. Finco, Barbosa e Faria (2015) apre-
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Capítulo 7 129
......
RESUMO
1 Este artigo é parte do trabalho de conclusão de curso produzido no Curso de Especialização em Docência na Edu-
cação Infantil oferecido pela Faculdade de Educação da UFRGS em parceria com o MEC (2ª edição), intitulado “A
casa de brincar: um projeto coletivo de construção do espaço para o faz de conta com crianças pequenas” sob orientação da Profa.
Dra Leni Vieira Dornelles.
130
...... investigação, que se faz cada vez mais urgente o posicionamento das crianças
frente àquilo que lhes afeta na escola, no caso desta pesquisa, a organização
do pátio externo, pois isso ratifica o que as crianças pensam e têm a dizer
sobre o espaço escolar. Desse modo, passa-se a valorizá-las como sujeitos ativos
e capazes de mostrar que elas estão, desde muito pequenas, atentas ao que
acontece em seu ambiente escolar.
Palavras-chave: Espaço escolar. Brincar na casinha. Pesquisa com crianças.
Pedagogia da escuta.
INTRODUÇÃO
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Capítulo 8 149
......
FALAM AS CRIANÇAS:
PROBLEMATIZANDO OS ESPAÇOS
EXTERNOS DA EDUCAÇÃO INFANTIL
NO ENSINO FUNDAMENTAL1
Rosely Valéria da Silva Costa
Susana Rangel Vieira da Cunha
RESUMO
1 Este artigo é parte do trabalho de conclusão de curso produzido no Curso de Especialização em Docência na Edu-
cação Infantil oferecido pela Faculdade de Educação da UFRGS em parceria com o MEC (2ª edição), intitulado “Com
olhos de criança: problematizando os espaços externos da Educação Infantil em uma instituição de Ensino Fundamental”, sob orien-
tação da Profa. Dra. Susana Rangel Vieira da Cunha.
150
...... UM SINGELO CONVITE
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RINALDI, Carla. Diálogos com Reggio Emilia: Escutar, investigar e aprender. 2 ed. Rio de
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Capítulo 9 167
......
RESUMO
1 Este artigo é parte do trabalho de conclusão de curso produzido no Curso de Especialização em Docência na Edu-
cação Infantil oferecido pela Faculdade de Educação da UFRGS em parceria com o MEC (2ª edição), intitulado “O
intocável ao alcance das crianças: vivências no pátio escolar”, sob a orientação da Profa. Rosemary Modernel Madeira.
168
...... presente de forma indelével, nos banhos de rios, nas brincadeiras de jogar
pedrinhas na água, de molhar o pé no arroio, de subir nas árvores para apanhar
as frutas do pomar, de brincar com barba-de-pau2, de pescar, de descer o
morro sentada em uma folha de coqueiro puxada por uma amiga, de brincar de
comidinha com o barro que secava na beira da estrada, de pular na poça d’água,
de colher os ovos de galinha nos ninhos, de fazer bonequinhos com o sabugo de
milho, de tomar banho de chuva, de andar de carreta e cavalo e infinitas outras
brincadeiras, ou seja, viver em um lugar simples, mas de uma imensidão de
oportunidades do brincar.
São as lembranças vivas desse tempo as precursoras da vontade de
proporcionar um vislumbre das experiências vividas às crianças com as quais
se convive e trabalha na escola, enquanto professora de Educação Infantil.
Crianças que, talvez, não tenham um lugar como o que se viveu nas infâncias
passadas, mas têm a escola, e esta tem um pátio como o ambiente que pode
vir a favorecer experiências que as marquem de tal forma que possam lembrar
com o mesmo carinho a lembrança vivida e que, talvez, sintam a mesma
vontade: oferecer o que melhor lhe marcou para as gerações futuras. Tal como
afirma Barbieri (2012, p. 117): “Momentos assim fazem toda a diferença, e
nós, como educadores, podemos fazer a diferença na vida das crianças. [...]
escolhemos ser professores [...] temos a responsabilidade política e humana
de realizarmos nosso papel o melhor possível”. É na condição de professora
em escola de Educação Infantil, que se vai descobrir o quanto é importante
e valioso o brincar ao se ver as crianças com as quais se vai trabalhar, vivendo
suas infâncias sem a preocupação de estar fazendo certo ou errado, de estarem
construindo conhecimento ou não, crianças que estavam ali brincando e que,
ao seu redor, podiam contar com um ambiente agradável e favorecedor de
muitas experiências, sem preocupação a priori de resultados, tal como afirma
Freire (2007, p. 50):
2 Barba-de-pau é o nome vulgar da planta de espécie Tillandsia usneoides, vulgarmente designada também como barba-
de-velho.
a busca do conhecimento não é, para as crianças, 169
......
preparação para nada, e sim vida aqui e agora.
A meta não é o mero domínio de matérias específicas, mas estabelecer
ligações entre a cabeça, a mão, o coração e a capacidade de reconhecer
diferentes sistemas – aquilo que Bateson (2006 apud SILVA, 2015, p. 18), certa
vez, chamou de “o padrão que interliga”, pois observou-se que em todos os
momentos no pátio havia aprendizagens, que, para além da questão ambiental,
contemplavam todas as áreas do conhecimento. Crianças brincando com água
e areia na construção de bolos, medindo a quantidade de ambas para ficar na
consistência correta para sua configuração, fazendo força para carregar baldes
de água, trabalhando em grupo, preocupando-se com a estética ao colherem
flores e folhas para enfeitar as comidinhas – a concentração, a imaginação,
a quantificação, a classificação, as relações pessoais, a observação, o uso das
linguagens, o movimento individual e coletivo em torno de um objetivo: tudo
isso em uma única brincadeira iniciada e organizada por elas próprias, não
com o intuito de aprender, mas, ainda assim aprendendo, pois como diria
Mário Quintana (1994): “As crianças não brincam de brincar, brincam de
verdade”.
A verdadeira educação ambiental só acontece na vivência prática com o
ambiente, descobrindo nosso impacto e potencial de restauração. O pátio exige
uma proposta pedagógica formulada por todo o grupo: crianças, profissionais,
professores e familiares e atenta às regras de acessibilidade para todos em todos
os espaços.
4 Optou-se pela transcrição literal das frases dos alunos, portanto, mantendo a redução de “professora”, a maneira
como as crianças usam ao falar com ela.
172
...... Para além do medo, surge também o desafio, a tentativa, a experimentação.
Há algum tempo atrás – e não se fala de um tempo tão distante – era possível
ver um grande número de crianças brincando nas ruas, em frente às suas casas,
nas casas dos avós e parentes, com muitos amigos. Crianças que brincavam com
barro, tomavam banho de chuva, andavam de bicicleta, subiam em árvores,
conheciam passarinhos, comiam ingá e goiaba, viviam intensamente sua
infância. Subir em uma árvore era natural, mas, na atualidade, talvez por falta
de espaço, talvez como medidas de proteção, não se vê isso acontecer com tanta
frequência. Porém, a pergunta e a afirmativa de Alice (5 anos):
“Profe, lembra que eu tinha medo de subir na árvore? Mas agora não tenho mais! ”
Vários, então, correm para a janela com a intenção de ver como estava
a situação lá fora e, ao verem as poças de água sob o balanço com a areia
encharcada, um deles comentou:
“Não dá, né, Profe?”.
Quando Boff (1999, p. 33) afirma que “Cuidar é mais que um ato; é uma
atitude. [...], abrange mais que um momento de atenção, de zelo e de desvelo.
Representa uma atitude de ocupação, de responsabilidade e de envolvimento afe-
tivo com o outro”, conclui-se que nossa função como seres humanos é despertar
o gosto, o zelo, o amor pela terra e tudo que consta nela, pois quem ama, cuida.
O canto do pássaro não estava planejado, nem o vento que fazia voar os cabelos,
mas a atividade ali proposta tinha realmente a intenção de que, além do desenho,
pudessem acontecer outras intervenções, que os alunos não ficassem obrigados
a não escutar e não ver o que estava acontecendo por estarem dentro de quatro
paredes, mas sim que pudessem se entregar ao momento por satisfação e en-
cantamento, na perspectiva de que: “Explorar a Natureza com uma criança está
intimamente ligado a tornar-se receptivo a tudo que existe a sua volta. É aprender
a usar seus olhos, ouvidos, nariz e pontas dos dedos, para abrir os enferrujados
canais das impressões sensoriais” (HERMAN et al., 1992, p. 31).
Por perceber a espontaneidade, a leveza, a concentração nas atividades
realizadas em espaços ao ar livre e o envolvimento das crianças nesses
momentos, desenvolveram-se muitas atividades com materiais diversos e não
estruturados5 que também despertavam seus interesses, pois, se quiser soprar a
brisa da curiosidade, deve ser espontâneo e agir naturalmente.
Uma atividade que utilizava o vento foi proposta no pomar: foram
5 São objetos opostos aos faturados, como, por exemplo: folhas, galhos, caixas, sementes, pedras, pinhas... Esses po-
dem se transformar facilmente de acordo com a imaginação e criatividade.
penduradas com grampos, em varais, folhas de jornal, soltas ao vento, e cada um 181
......
dos alunos tinha o desafio de fazer um desenho com tinta, assim, no balançar da
folha pela brisa. Eduarda (4 anos) não se conteve e reclamou:
“Ui! Tá voando”.
“Hoje esses materiais farão parte da nossa brincadeira. Cada um pode usar para o que quiser.
Podem criar! ”.
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RESUMO
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Capítulo 11 209
......
REGISTRO E DOCUMENTAÇÃO
PEDAGÓGICA NA EDUCAÇÃO
INFANTIL1
Liliane Ceron
Gabriel de Andrade Junqueira Filho
RESUMO
1 Este artigo é parte do Trabalho de Conclusão de Curso produzido no Curso de Especialização em Docência na Educa-
ção Infantil oferecido pela Faculdade de Educação da UFRGS em parceria com o MEC (2ª edição), intitulado “Registro
e Documentação Pedagógica na Educação Infantil: concepções e práticas docentes no município de Novo Hamburgo”, sob orientação
do Prof. Dr. Gabriel de Andrade Junqueira Filho.
210
...... INTRODUÇÃO
2 “Professoralidade” é a expressão utilizada por Villela Pereira (1996) para designar os processos pelos quais alguém se
torna professor. Para saber mais, vide Pereira, Marcos Villela. A Estética da Professoralidade: um estudo interdis-
ciplinar sobre a subjetividade do professor (Tese de Doutorado).
fia, pois o estudo traz muito da relação pessoal da pesquisadora com a escrita de 215
......
diários e como ela passa a perceber a interferência dessa prática na produção da
sua professoralidade. Destacamos esse estudo pois, além de trazer um exemplo de
utilização de diários de classe, demonstra o potencial, em nosso país, da realiza-
ção de uma prática pedagógica através de registros. Para aprofundar-se, indica-
mos a leitura completa do referido estudo, ressaltando que só por sua forma de
apresentação, vale uma inspiração para outros trabalhos de cunho pedagógico.
O Formulário de acompanhamento diário do trabalho do profes-
sor, proposto por Junqueira Filho (2005), no livro Linguagens Geradoras, apre-
senta um formulário oferecido como sugestão de acompanhamento diário, a
ser preenchido diariamente, indicando os conteúdos-linguagens selecionados
para comporem a rotina. Cada folha desse formulário corresponde a um dia da
semana. O objetivo é articular, por este registro escrito com palavras, passado,
presente e futuro do trabalho junto ao grupo de crianças, ou seja, registrar o
que se passou a cada dia, o que foi colocado em prática pelos docentes, com ob-
servações a respeito do que foi considerado fundamental que tenha acontecido
naquele dia: “Cada dia vivido pelo grupo indica os caminhos do trabalho a ser
realizado nos dias seguintes e assim sucessivamente” (JUNQUEIRA FILHO,
2005, p. 58).
Este documento por meio do qual os professores vão deixando marcas,
oportuniza dar visibilidade ao que acontece em sala de aula, possibilitando, con-
sequentemente, o diálogo entre professores, coordenadores pedagógicos, super-
visores e equipe diretiva. Junqueira Filho (2005) concebe esse documento como
uma via de “mão-dupla” ou do tipo “dois em um”, pois é, simultaneamente, um
instrumento de planejamento e avaliação, uma vez que para planejar, avalia. Avalia
o que planeja e, do que planeja, o que conseguiu ou não colocar em prática e as
prováveis causas para que isso tenha acontecido. “Tem o intuito de articular a
avaliação e o planejamento intermediados, desafiados e a serviço da problemática
relativa à seleção e articulação dos conteúdos” (JUNQUEIRA FILHO, 2005, p.
59). Consideramos, assim como o autor, que o documento não é algo imutável,
e nem mesmo completo ou acabado. Trata-se de um documento em constante
transformação, que pode ser mudado, adaptado ou atualizado, sempre que neces-
sário e de acordo com a realidade de seus usuários.
Já o Portfólio, segundo Villas Boas (2004, p. 169), “(...) destinam-se a
reunir amostras dos trabalhos dos alunos durante um certo período de tempo,
216
...... mostrando seu progresso por meio de produções variadas”. Os portfólios podem,
assim, ser considerados documentos, uma vez que destinam-se a representar atra-
vés de várias linguagens – desenhos, pinturas, fotografias, vídeos, transcrições de
falas, etc. – as produções das crianças, relativas a um determinado período de sua
vida escolar. Revisitado durante o ano e mesmo após o final do ano letivo, o por-
tfólio serve como instrumento de registro, memória e reflexão para as crianças e
para os adultos, pais e professores das crianças.
Para Oliveira-Formosinho e Azevedo (2002), essa modalidade de documen-
tação possibilita dar visibilidade ao trabalho das crianças e compreender as hipó-
teses e teorias por elas formuladas, problematizando e articulando suas aprendi-
zagens. Sá-Chaves (2004), por sua vez, indica o portfólio como estratégia para
aprofundar o conhecimento sobre a relação ensino-aprendizagem, facilitando a
compreensão dos processos. Analisa o emprego dos portfólios na etapa de for-
mação inicial acadêmica de professores – sim, portfólios de e sobre professores,
como um instrumento de formação de professores – recomendando a reflexão
como elemento imprescindível ao desenvolvimento dos acadêmicos em forma-
ção, em suas dimensões profissional (acesso aos conhecimentos específicos) e
pessoal (conhecimento de si próprio e autodistanciamento). O portfólio reflexivo
favorece a percepção do pensamento do estudante à medida que ele vai (ou não)
analisando criticamente suas práticas, e permite também o diálogo entre forma-
dor e formando. Constitui oportunidade para “documentar, registrar e estruturar
os procedimentos e a própria aprendizagem”, favorecendo os processos de de-
senvolvimento pessoal e profissional (SÁ-CHAVES, 2004, p. 15).
O portfólio possibilita, portanto, a reflexão, o enriquecimento conceitu-
al, o estímulo à originalidade e à criatividade, a construção personalizada do co-
nhecimento, a regulação de conflitos, a autoavaliação e a avaliação por outros,
podendo se constituir como estratégia de formação, investigação e avaliação.
Outro documento considerado é o anedotário. Segundo Barbosa e
Horn (2008), são fichas individuais das crianças em que são registrados os
aspectos de cunho mais afetivo, emocionais e sociais dos relacionamentos, as-
pectos relativos a episódios familiares, doenças recorrentes e desentendimentos
acontecidos no grupo de crianças, por exemplo.
Percebemos que o conceito contemporâneo de anedotário está muito
longe do seu conceito original, que temos acesso, por exemplo, pela defini-
ção que Houaiss (2001) traz em seu dicionário: “anedotário (s.m) conjunto de 217
......
anedotas”. No mesmo dicionário: “anedota (s.f) 1-narrativa curta e engraçada;
piada. 2- História curiosa e pouco divulgada de pessoa ou fato histórico”. O
espírito jocoso da anedota se perde quando pensamos no anedotário como
instrumento elaborado pela professora, sob a forma de fichas individuais, com
o objetivo de fazer anotações e relatos de vivências significativas das crianças,
como a relação das mesmas com os diferentes aspectos do trabalho desenvolvi-
do cotidianamente, suas interações com o conhecimento, com outras crianças,
com a professora.
Já os relatórios avaliativos individuais são documentos redigidos ge-
ralmente pelos professores-regentes de turma, contendo aspectos significativos
do desenvolvimento cognitivo, social, motor e afetivo da criança, utilizando
como ferramenta as observações registradas pela professora ou professor sobre
o envolvimento ou não das crianças com as situações de aprendizagens. Sua
forma final é apenas uma síntese do que vem ocorrendo, uma representação do
que foi vivido pela criança no período a que se refere o documento.
Os relatórios avaliativos individuais têm como um de seus objetivos apre-
sentarem às famílias ou aos responsáveis pelas crianças um pouco de sua vida
escolar durante um determinado período. Além desse objetivo de informar e
compartilhar, registram a historicidade do processo das crianças na construção
de conhecimentos, o que colabora para a própria constituição de identidade por
parte da criança. Podem ainda, como considera Hoffmann (2000, p. 66), ser um
“instrumento socializador de conquistas históricas, favorecendo o surgimento de
outros olhares reflexivos sobre a sua história, tornando-a singular para muitas
outras pessoas, e, ao mesmo tempo, contextualizando o seu processo evolutivo e
natural de desenvolvimento”.
Este instrumento avaliativo considera diferentes aspectos do desenvol-
vimento e das aprendizagens das crianças, pontuando situações significativas
da relação professor-criança-conhecimento, contemplando, por exemplo, as
interações das crianças com as diversas linguagens utilizadas por elas, sob me-
diação da professora, para expressar, comunicar e significar de que maneira vão
conhecendo o mundo e dando-se a conhecer.
A utilização do espaço físico como suporte de memória para a exposição
de documentação pedagógica é outra das contribuições da experiência de Reggio
218
...... Emilia. Nas paredes da sala, dos corredores e no hall de entrada da escola, são
fixados painéis, que podem ter como finalidade apresentar as produções coleti-
vas e individuais das crianças e também servirem de comunicação entre a escola
e as famílias. As produções selecionadas para exposição representam vivências
do grupo. As paredes acolhem os painéis que, por sua vez, acolhem e expres-
samos pensamentos, os sentimentos e as produções das crianças, que, por mais
que sejam recentes, já fazem parte das memórias individuais ou de grupo dos
sujeitos que ali estão representados.
Para Malaguzzi (1999, p. 73), em “toda a escola, as paredes são usadas
como espaços para exibições temporárias e permanentes do que as crianças e
os professores criaram: nossas paredes falam e documentam”. Aqui no Brasil,
Madalena Freire (1983, 1985) relata como o espaço da sala de aula vai sendo
modificado desde o início do ano, com a chegada das crianças, que começam
a habitar o espaço e atuar sobre ele, transformando-o de modo a fazê-lo e o
reconhecerem como seu. A produção de pinturas e desenhos, de diferentes di-
mensões – como a do tubarão Anequim, de cerca de 12 metros, que extrapolou
as paredes da sala e tomou os corredores da escola –, e até mesmo um pequeno
museu com peças significativas ao grupo, vão compondo e identificando esse
espaço como de uma turma específica: “E aí, no final do ano, há um céu no
teto, todo pintado ou cheio de recortes, mil coisas…” (FREIRE apud ABRA-
MOVICH, 1985).
De acordo com Gandini e Edwards (2002), a documentação de paredes e
tetos consiste em painéis expostos dentro das salas, nos laboratórios e também
em áreas internas comuns da escola. Apresenta documentos que expõem as-
pectos importantes da vida compartilhada na escola infantil (projetos, espaços,
relações). É um material aberto que busca contar de forma sintetizada, mas
significativa, o andamento de um percurso ou uma experiência pontual, valori-
zando o significado de um determinado espaço e/ou material.
Os recursos digitais, como filmagem e fotografia, são para Kramer
(2002, p. 52) “um constante convite à releitura, a uma forma diversa de or-
denar o texto imagético. Podem ser olhada muitas vezes, em diferentes ordens
e momentos, podem ter outras interpretações”. Desse modo, as filmagens e
imagens facilitam as descrições, interpretações e análises, possibilitando a quem
não estava presente conhecer determinados fatos, inspirando a reflexão sobre
o acontecido, o que, para Barbosa e Horn (2008, p. 110), torna os “registros
fotográficos e em vídeos imprescindíveis para o trabalho com as crianças pe- 219
......
quenas”.
Petry (2009), em sua dissertação de mestrado “Educação Infantil: vida-his-
tória de grupo e(m) processos de criação”, mostra de que maneira a linguagem foto-
gráfica foi ganhando importância durante sua pesquisa, tornando-se essencial
para a produção de dados. Além disso, serviu como recurso de retomada de
alguns momentos, situações, reações dos sujeitos da pesquisa e dos espaços
que eles utilizavam na escola. Também se configurou uma forma de aproxi-
mação entre pesquisadora, crianças e professoras. Consideradas narrativas, as
fotografias serviam para preservar a intensidade dos dados e proporcionar uma
reflexão sobre estes processos de criação da vida-história de grupo. A fotogra-
fia acabou colocando-se no trabalho como uma maneira de ser e de pensar o
mundo, uma possibilidade de produção de ideias, de produção de sentido, de
produção de mundo, registro de experimentação da regularidade cotidiana e do
comum entre os sujeitos. Segundo Petry (2009, p. 125), “a imagem guarda e
ao guardar documenta, ao documentar se lança como possível instrumento de
recuperação e de produção de sentidos para quem se dispõem a lê-las”.
Também denominados de recursos digitais, as redes sociais, os blogs e os
grupos de WhatsApp, em que são possíveis os compartilhamentos de imagens
e vídeos, estão cada vez mais frequentes no dia a dia da escola, tornando-se um
instrumento que oportuniza às famílias e à sociedade em geral a visibilidade
do trabalho realizado nas instituições de ensino, principalmente nas Escolas de
Educação Infantil.
Martins (2011), em seu trabalho de conclusão de curso de Pedagogia,
intitulado “ORKUT: uma alternativa para tornar visível o trabalho com as crianças na
educação infantil”, relata sua própria experiência como professora-estagiária de
crianças entre três a quatro anos e a construção de um blog – recurso digital
– sitiado em uma rede social, o Orkut, onde socializou, cotidianamente, do-
cumentos produzidos tanto por ela como pelas crianças, que eram facilmente
acessados pelas famílias das crianças, amigos e instituição, que puderam acom-
panhar o trabalho que ia sendo realizado, visualizando, literalmente, diferentes
aspectos do trabalho na medida em que ia se desenvolvendo.
Para ilustrar a subjetividade no processo de observação e registro, em
uma entrevista sobre o que é fotografar, o cineasta alemão Wim Wenders (apud
LEITE, 2001, p. 99) responde:
220
...... Fotografar é, de fato, um ato bidirecional: para fren-
te e para trás. Sim, se faz também ‘para trás’. Como
o caçador escora o seu fuzil, mira a caça à sua frente,
aperta o gatilho e, quando sai o projétil, recebe para
trás o contragolpe, assim também o fotógrafo é atin-
gido em sua própria direção apertando o disparador
da máquina. Uma fotografia é sempre uma imagem
dupla: mostra o seu objeto e – mais ou menos visível
–, ‘atrás’, o ‘contradisparo’, a imagem daquele que
fotografa, no momento de fotografar.
Em um diálogo com o cineasta alemão, complementaríamos o conceito
de ato bidirecional, acrescentando que o ato de fotografar não termina depois
do “para frente” e “para trás”; que continua e se completa quando da visualiza-
ção da imagem produzida, seja no visor da câmera, na tela da tevê ou no papel,
pelo olho de quem olha o registro feito pelo autor do clic, que pode ser o olho
do próprio autor do clic, mas também o olho de alguém que não sabe nada so-
bre o autor do clic, o contexto em que o clic foi captado e o contexto captado
pelo clic. Estamos nos referindo à possibilidade de voltarmos à fotografia com
perguntas a respeito do que está registrado, sobre o autor do disparo, de levan-
tar hipóteses sobre qual era a intenção do autor ao registrar determinado fato,
mas também de produzir significações sobre a imagem produzida, entre outras
coisas, fazendo parte, todas essas perguntas e significações, da ampliação do
conceito de “contradisparo”, indicando o repertório tanto dos cineastas quanto
dos professores e, ao mesmo tempo, influenciando a continuidade da reflexão
sobre os objetos fotografados, sobre outros objetos a serem fotografados, sobre
como eles serão registrados, significados, numa cadeia dinâmica de produção e
articulação de significados sobre o objeto fotografado, o sujeito que o fotogra-
fou e o sujeito que olha a foto.
Tendo em vista que o repertório do professor tem a ver diretamente com
o significar, o trabalho em grupo mostra-se mais apropriado, pois pontos de
vistas distintos levam à troca de ideias, interações as quais proporcionam co-
nhecimentos e outras significações. Para que um registro tenha sentido e seja
passível de interpretação, é imprescindível que façamos perguntas e que obte-
nhamos respostas. Nossa primeira pergunta investigativa pode ser: o que eu es-
tou vendo aqui? Ressaltamos que a auto-observação sobre as questões que têm 221
......
despertado a atenção do professor, assim como suas dúvidas sobre a proposta
pedagógica a ser construída, têm que ser dadas como prioritárias.
A documentação pedagógica, assim como os registros com intencionali-
dade pedagógica, amplia a visão sobre a nossa prática pedagógica, sobre o de-
senvolvimento e as aprendizagens das crianças, redirecionando, inclusive, nosso
olhar sobre as crianças, a quem, geralmente, estamos devendo um “olhar” mais
atento e atencioso.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
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RESUMO
1 Este artigo é parte do Trabalho de Conclusão do Curso de Especialização em Docência na Educação Infantil oferecido
pela Faculdade de Educação da UFRGS em parceria com o MEC (2ª edição), intitulado “ACOMPANHAR, REGISTRAR E
COMPARTILHAR: um olhar sobre os documentos de compartilhamento da avaliação das crianças nas escolas de Educação Infantil da
rede municipal de Guaíba – RS”, sob a orientação do Prof. Dr. Gabriel Junqueira de Andrade Filho.
226
...... seriam as relações entre as orientações da Proposta Pedagógica Municipal e a
produção de tão distintos documentos.
Palavras-chave: Educação Infantil. Pré-escola. Avaliação. Pareceres escolares.
INTRODUÇÃO
2 Ver artigo 10 das Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil (2009) no que se refere a avaliação na
Educação Infantil. Brasil. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Básica. Resolução CNE/ SEB n. 5, de 17 de
dezembro de 2009. Diretrizes curriculares nacionais para a educação infantil. Brasília, 2009.
228
...... transversalmente o projeto político-pedagógico da escola e, em consonância ou
incoerentemente, a prática cotidiana desses profissionais e, além deles, conse-
quentemente, as vivências e experiências das crianças. Estamos nos referindo
às concepções de infância, educação e educação infantil, entre outros, sobre os
quais nos debruçaremos a seguir.
Observando-se o desenvolvimento do aluno Pedro constatou-se que ele é uma criança criativa,
organizado e caprichoso, possui bom desempenho individual participando de todas as atividades
propostas, sabe respeitar o outro e cumprir regras. É afetivo com todos que lhe cercam interagindo
carinhosamente com colegas e professora. O aluno escreve seu nome corretamente, adora ouvir
musica e histórias, recontando-a com propriedade e ilustrando os personagens. Demonstra
equilíbrio e agilidade nas atividades realizadas como correr, saltar e pular, é uma criança adorável.
Carlos é um aluno assíduo na escola. É um menino impulsivo e muito agressivo, bate constantemente
nos colegas e também nos adultos. Não respeita regras nem os combinados na sala de aula. Destrói
brinquedos, sobe em cima das classes, cospe nos colegas e desafia constantemente a professora.
Gosta de utilizar os jogos pedagógicos, mas quase sempre recusa a guarda-los.
É um menino inteligente, com um vocabulário claro e de fácil entendimento. Suas opiniões são
claras e objetivas. Inventa várias histórias infundadas, quase sempre chega à sala de aula dizendo
que está com fome e que não comeu nada durante o almoço. Não apresenta dificuldades motoras,
sabe pintar dentro dolimite, utilizar a cola e a tesoura, mas é preciso estar calmo para realizar
asatividades, várias vezes ele se recusa a realiza-las e muitas vezes faz de qualquer jeito. Participa da
roda, gosta de ouvir histórias e gosta muito de assistir filmes e de jogos no computador. Ao escutar
uma história sabe reconta-la muito bem, demonstrando que sabe seguir uma linha temporal. Gosta
muito de brincar na pracinha e na brinquedoteca, mas quase sempre bate em alguém ou provoca
algum acidente que acaba machucando algum colega. Nas aulas de educação física (recreação),
realiza as atividades propostas apresentando destreza na coordenação motora ampla (agilidade,
equilíbrio e flexibilidade). Porém, por sua vez adota atitudes agressivas com colegas, quando
contrariado. É esperto com muito potencial, só precisa aprender a controlar a sua impulsividade e
agressividade para que possa conviver melhor com seus colegas e professores.
(...) Possui um bom relacionamento com colegas e com a professora, porém possui muita dificuldade
em respeitar e cumprir regras. (...) (Ana, 5 anos)
(...) Algumas vezes a aluna termina rapidamente sua atividade proposta para assim poder
brincar. (...) (Cae,4anos)
(...) Nega-se a realizar algumas atividades quando se sente ameaçada ou constrangida. (...)
(Luan, 5 anos)
É importante salientar que quanto mais ricos forem os desafios proporcionados a Carolina,
maiores serão suas descobertas, suas aprendizagens, o fascínio pelo mundo que está ao seu
redor, favorecendo, assim, o prazer e a felicidade de aprender a aprender, aprender a viver junto,
aprender a ser, aprender a conhecer. (5 anos)
Participa de jogos, brincadeiras e das atividades apresentadas. Tem controle motor, une os
movimentos com o mundo em que a rodeia, movimenta-se com destreza e equilíbrio. Tem facilidade
em colorir e respeitar os limites do desenho, assim como aos limites para recortar e colar os papéis
variados com a quantidade adequada de cola. Possui domínio do lápis e do papel. Reconhece e
identifica as vogais, assim como as letras que compõe o seu nome e a escrita do mesmo. Participa
dos diálogos e interage com os colegas. Realiza contagem até dez. Age de forma independente,
executando ações simples do cotidiano requisitando ajuda quando necessário. Demonstra perceber a
importância de uma alimentação saudável, pois aceita com facilidade as frutas oferecidas e também
seu lanchinho, reconhece a necessidade de hábitos de higiene como lavar as mãos entre outros.
Catarina, parabéns pelo teu progresso.
A aluna Joaquina relaciona-se bem com os colegas, com a professora e com os demais do
ambiente escolar é uma criança carinhosa e amigável. Reconhece as pessoas que compõe a sua
família. Participa de jogos, brincadeiras e das atividades apresentadas. Tem controle motor, une os
movimentos com o mundo em que a rodeia, movimenta-se com destreza e equilíbrio. Tem facilidade
em colorir e respeitar os limites do desenho, assim como aos limites para recortar e colar os papéis
variados com a quantidade adequada de cola. Realiza com satisfação e capricho as
atividades realizadas pela professora. Possui domínio do lápis e do papel. Reconhece e
identifica as vogais, assim como as letras que compõe o seu nome e a escrita do mesmo. Participa
dos diálogos e interage com os colegas. Realiza contagem até dez. Age de forma independente,
executando ações simples do cotidiano requisitando ajuda quando necessário. Demonstra perceber a
importância de uma alimentação saudável, pois aceita com facilidade as frutas oferecidas e também
seu lanchinho, reconhece a necessidade de hábitos de higiene como lavar as mãos entre outros.
Joaquina, parabéns pelo teu progresso.
Na hora do lanche, preocupa-se em lavar as mãos antes da refeição. Organiza sem auxílio seu
lanche sobre a sua toalhinha, antes de pedir ajuda para abrir o pote ou embalagens, ela mesma
tenta abrir somente depois das tentativas, chama as professoras para que lhe auxiliem. Aprecia
o momento do lanche, conversando com os colegas da mesa e partilhando seu lanche com estes.
(...) Com tinta têmpera, pinta toda a folha, não misturando as cores. Ao trocar de tinta, limpa
o pincel no pano. (...)
Renata gosta de brincar com suas amigas de boneca, com os blocos de madeira, construindo
cidades e com os quebra-cabeças. Caminha com o grupo pela sala, mas não se impõe muito
na brincadeira, apenas imita. Gosta de brincadeiras mais tranquilas, brincando sozinha ou em
pequenos grupos. (...)
Seu carisma e esse seu jeitinho doce de ser me cativou. Sei que juntos conseguiremos superar todas
as dificuldades. Conte comigo. Eu acredito em você.
Seria possível, por exemplo, ou até mesmo justo, creditar certa descrença
do professor sobre a capacidade de aprendizagem da criança em relação à lei-
tura e escrita, pelo fato de ter começado seu comentário com “Ainda não...”? A
fragmentaridade do texto e a descontextualização das afirmações, já indicadas
anteriormente, dão margem a dúvidas como esta, pedindo esclarecimentos de
sua autora ou autor, que, talvez, não sejam dúvidas apenas de leitores como nós,
mas também das famílias das crianças, a quem estes documentos são endere-
çados e, como nós, podem pedir esclarecimentos à professora ou professor, no
sentido de conhecer mais sobre o significado de tal afirmação.
No trecho abaixo, mais importante do que o tema da adaptação é a frase
começar com uma negativa, ou seja, que a criança não apresentou resistência
ou dificuldade nesse período. As perguntas que nos fazemos e a quem redigiu
essa frase são: Ela deveria ter apresentado? Era esperado que ela apresentasse
resistência ou dificuldade? Isso porque, ao nosso ver, tal estrutura de frase re-
mete a uma concepção de criança significada como não capaz, não competente,
sem possibilidades:
“Não teve problemas com sua adaptação, mesmo sendo a primeira vez que frequenta a escola.”
(Léo, 4 anos)
No exemplo a seguir, podemos identificar ainda uma concepção de crian-
ça significada como obediente, cordial, doce, passiva e ou até mesmo inadequa-
da, sugerindo também que a interferência do adulto sempre é necessária para o
desfecho das situações de conflito em que as crianças se envolvem:
“Não disputa brinquedos com outras crianças, se mostra sempre tranquilo, quando ocorre discussão
ele busca intervenção da professora.” (Mario, 5 anos)
Entre as análises realizadas cabe destacar, por outro lado, que os professo-
res também reconhecem e valorizam as opiniões e as manifestações das crian-
ças, julgando-as capazes de participarem e contribuírem significativamente para
a vida do grupo e da escola, incentivando-as a desenvolverem essa postura.
Dessa maneira, ratifica o protagonismo das crianças desde a infância, pela sua
capacidade de intervir no contexto em que vive produzindo cultura: 241
......
“ (...) na rodinha sempre participa colocando sua opinião sobre o assunto em pauta, seja para contar
sobre o final de semana, como passou a tarde ou sobre alguma atividade que iremos fazer.” (Lia, 4 anos)
“ Não apresenta dificuldade para expressar-se em momento algum, deixando bem claro tudo que
pensa, gosta e quer durante os períodos de aula. (...)
“Rafael gosta muito das atividades, e sempre pede por elas, tem ‘sede’ de aprender e não faz por
obrigação e sim por muito prazer. ”
A infância, por sua vez, é concebida como uma fase em que as crianças
são capazes de agir sobre o meio em que vivem e contribuír para a construção
de uma identidade coletiva, ainda que esta interação seja permitida, tutorada e
consolidada pela ação do adulto:
“Cumpre todas as regras pré-estabelecidas nas atividades e participa das mesmas com entusiasmo
e dedicação.” (Bianca – 5 anos)
“... Ainda é necessário retomar algumas regras, pois não possui o hábito da rotina escolar.”
(Marco, 4 anos)
242
...... Também pode ser observada a importância dada às aprendizagens mais
escolarizadas das crianças:
“Construiu relações matemáticas, sistematizando com clareza o que foi proposto, realizando as
atividades com resultados adequados.” (Miguel, 5 anos)
“(...) Algumas vezes precisa ser ajudado necessitando de mais tempo para se concentrar e organizar-
se.(...)” (Bruno, 5 anos)
CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
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KRAMER, Sônia. A Política do Pré-Escolar no Brasil: A arte do disfarce. 7ª edição. São Paulo:
Cortez, 2003.
RESUMO
APRESENTAÇÃO
Este artigo tem como objetivo analisar as políticas públicas de educação in-
fantil implementadas no Município de Alvorada com vistas à ampliação de oferta
desta etapa no contexto da obrigatoriedade de matrícula escolar na pré-escola,
investigando o período entre 2009 e 2015. O interesse de ambas as autoras por
investigar a oferta da educação infantil em Alvorada deriva de alguns aspectos: em
primeiro lugar, a acadêmica que desenvolveu o TCC possui vínculo profissional
com o município, atuando nessa Rede Municipal de Educação (RME/Alvorada)
há três anos como professora nomeada da pré-escola; ainda, na condição de aluna
do Curso de Especialização em Docência na Educação Infantil, as/os alunas/os
assumem um compromisso de investigação sobre a realidade da rede púbica onde
atuam, contribuindo com o município que representavam.
De maneira complementar, dentre as disciplinas do Curso, uma delas abor-
dou o tema das políticas públicas educacionais, apresentando dados de uma pes-
quisa que investiga a expansão da oferta de educação infantil em um conjunto de
municípios gaúchos, dentre os quais, inclui-se Alvorada.2 A partir desse interesse
comum e com base nos materiais já existentes, foi construído um projeto de
pesquisa visando a ampliar a coleta de dados sobre a realidade da oferta de aten-
dimento às crianças de até cinco anos em Alvorada, aprofundando análises acerca
das condições existentes, pois compreendemos que a pesquisa realizada e sua
divulgação, de alguma forma, podem contribuir com o planejamento e a avaliação
das políticas educacionais locais, bem como para o controle social dessa oferta.
No que se refere à metodologia utilizada no estudo, tratou-se de um estu-
do de caso de caráter qualitativo (DEUS, CUNHA E MACIEL, 2010), envol-
2 Trata-se da pesquisa Monitoramento de Políticas Públicas de Educação Infantil no RS: estudo sobre a implementação da Emenda
Constitucional 59/09 – obrigatoriedade de matricula na Pré-Escola, coordenada pela Dr.ª Maria Luiza Rodrigues Flores
(Faced/UFRGS). O interesse por aprofundar alguns aspectos da trajetória das políticas educacionais nesse Município
fez com que a acadêmica de especialização se integrasse a esse Grupo de Pesquisa. Mais detalhes sobre essa pesquisa e
artigos a ela relacionados podem ser encontrados no site do Programa de Extensão Universitária Educação Infantil na
Roda, em:<http://ufrgs.br/einaroda>
vendo análise documental – com coleta dos dados estatísticos e de informações 247
......
qualitativas sobre a educação nesse município –, levantamento das políticas
públicas relativas à oferta de educação infantil no período 2009 - 2015, análise
das normativas do município e, também, de documentos orientadores do Mi-
nistério da Educação (MEC). A coleta dos dados seguiu os critérios e parâme-
tros sugeridos no documento produzido pelo Grupo de Trabalho de Avaliação
da Educação Infantil 3, focalizando a “dimensão do atendimento”, com base nas
informações das diretrizes, metas e objetivos de acesso e/ou ampliação cons-
tantes nos documentos governamentais que orientam a oferta educacional de
qualidade nos municípios brasileiros.
De maneira a apresentar as principais conclusões do estudo, o artigo en-
contra-se dividido em duas seções. Na primeira, abordamos o contexto legal da
educação infantil e da obrigatoriedade de matrícula escolar na pré-escola. Na
segunda, apresentamos Alvorada, caracterizando o município em seu contexto
histórico, socioeconômico, educacional e, também, analisamos as políticas pú-
blicas de oferta da educação infantil no período de 2009-2015, apoiadas nas
normativas nacionais vigentes para essa etapa e nos autores que subsidiaram a
pesquisa de campo.
3 Trata-se do Grupo de Trabalho Instituído pela Portaria nº 1.147/2011 (MEC, 2012), cujo objetivo foi: I- propor di-
retrizes e metodologias de avaliação da educação infantil; II – analisar diversas experiências, estratégias e instrumentos
de avaliação na educação infantil; III – propor diretrizes pedagógicas e definir curso de formação continuada sobre
avaliação na Educação Infantil para compor a oferta da Rede Nacional de Formação Continuada dos Professores do
Magistério.
248
...... ainda, nas práticas pedagógicas, na gestão das políticas públicas e nas propostas
curriculares (KRAMER; CORSINO, 2011).
A Emenda Constitucional nº 59/2009 ampliou a faixa etária da educação
obrigatória, tornando a pré-escola de matrícula obrigatória para as crianças
de quatro e cinco anos, sendo os municípios os entes prioritários na respon-
sabilidade para com essa oferta. O atual Plano Nacional de Educação (PNE),
aprovado pela Lei nº 13.005, estabeleceu metas de atendimento ratificando
essa alteração constitucional e determinando a universalização da pré-escola até
2016, ficando a ampliação da oferta de matrículas para a faixa etária de creche
definida em, no mínimo, 50% da população da faixa etária de até três anos para
até o ano de 2024. (BRASIL, Lei nº 13.005/14, Meta 1).
As políticas criadas no Brasil nas últimas décadas promoveram avanços em
relação aos direitos das crianças público-alvo da educação infantil. A obrigatorie-
dade da pré-escola tornou a matrícula nessa etapa de ensino um direito público
subjetivo a partir dos quatro anos4. Entretanto, para que esse direito que obriga
os responsáveis a realizarem a matrícula das crianças seja cumprido, é preciso que
se garanta, ainda a oferta educacional de qualidade. (FARENZENA, 2010)
Sobre a obrigatoriedade que a EC 59/09 estabeleceu, Campos (2010)
destaca as condições financeiras das famílias, ao relacionar o acesso à pré-escola
com a renda familiar e constatar que as crianças mais pobres são as que têm
menos acesso à educação, concluindo que para aquelas oriundas de famílias
economicamente mais abastadas, as metas do PNE se encontram praticamente
universalizadas, enquanto que para as que são de origem familiar mais vulne-
rável, essa meta ainda é um grande desafio (CAMPOS, 2010). Gentili (2009)
diz que incide sobre a expansão da pré-escola, a fragilidade de acesso ao direito
educacional decorrente, também, da fragmentação dos sistemas escolares e das
diferentes oportunidades de aprendizagem oferecidas nas escolas.
Campos (2010) alerta sobre a responsabilidade da oferta da pré-escola
pelos municípios, preconizado o atendimento em instituições públicas, pois
se trata de faixa etária obrigatória. Por consequência da demanda de expansão
posta pela alteração havida na CF/88, pode acabar avançando a transferência da
4 O Art. 2º da Resolução CNE/CEB nº 6/2010 define o ingresso na pré-escola aos quatro anos completos até o dia
31 de março do ano que ocorre a matrícula, e o Art. 4º orienta a matrícula no segundo ano da pré-escola para aquelas
crianças que completarem seis anos após o dia 31 de março do ano em que ocorre a matrícula. Fonte:<http:portal.
mec.gov.br/índex.php?opition=com_docman&view=download&alias= 6886 -rceb006-10&Itemid=30192>.
responsabilidade para com a oferta de vagas em creche para as organizações da 249
......
sociedade civil, fazendo destas a principal alternativa de oferta dessa subetapa em
alguns municípios, na medida em que a estrutura existente é insuficiente para
a atender à demanda já existente, conforme já determinou o PNE 2001-2010.
O Ministério da Educação (MEC), a partir da Secretaria de Educação
Básica (SEB), sugere subsídios para a ampliação da oferta visando à garantia da
permanência das crianças na instituição de ensino (BRASIL, SEB/MEC, 2009).
Dentre eles, está a criação do sistema municipal de educação (SME); do Conse-
lho Municipal de Educação (CME), capaz de normatizar, elaborar documentos
e criar diretrizes com estratégias que visem à garantia de vagas; e do Plano Mu-
nicipal de Educação (PME), com metas para ampliação da oferta. (FLORES E
ALBUQUERQUE, 2015).
Para os municípios que oferecem a educação infantil por meio de convê-
nios, o documento citado anteriormente orienta que a Secretaria Municipal de
Educação (SMED) esteja ciente da demanda não atendida; assegure a igualdade
de condições do acesso e permanência, inclusive a gratuidade do atendimento;
identifique os estabelecimentos que oferecem atendimento a crianças na faixa
etária da educação infantil e oriente essas instituições para realizarem o creden-
ciamento junto ao sistema de ensino (BRASIL, SEB/MEC, 2009).
Com esse breve resgate de algumas legislações e documentos orientado-
res, objetivamos contextualizar a trajetória das políticas nacionais de educação
infantil que possuem papel fundamental no sentido de orientar as políticas nos
estados e municípios. Na próxima seção, apresentaremos as principais políticas
públicas do município estudado, que deveriam tomar como referência os ins-
trumentos jurídico-normativos aqui abordados.
5 Reforçamos aqui a importância de destacar o fato de que as crianças que completam seis anos após o dia 31 de março
do ano devem ser matrículas na pré-escola, onde permanecerão até o final do ano, mesmo completando seis anos.
250
...... rada está situada na Região Metropolitana de Porto Alegre/RS, foi fundada há
50 anos e fica a aproximadamente 15 km da Capital. Com extensão de 71,311
km² e 206.561 habitantes, sua principal atividade econômica é o setor de ser-
viços (ALVORADA, site Institucional, 2016). Segundo a Fundação de Econo-
mia e Estatística Siegfried Emanuel Heuser do Rio Grande do Sul (FEE-RS), a
expectativa de vida dos moradores é de 77,41 anos de idade, o coeficiente de
mortalidade infantil é de 9,55 a cada mil nascidos vivos, e 3,93% da população
acima dos 15 anos é analfabeta (FEE-RS, 2016).
A Câmara Municipal dos Vereadores mostra as variáveis responsáveis pelo
desenvolvimento próprio do município, destacando a ocupação irregular do
território urbano, poia a cidade é escolhida pela oferta de lotes sem infraestru-
tura, permitindo a instalação de famílias com baixo rendimento econômico.
Outra justificativa presente é a migração de famílias com mão de obra pouco
qualificada para o mercado de trabalho local (VIRGINIO, 2000). Se conside-
rarmos os níveis de empregabilidade e a escolaridade atual da população, os
índices da FEE mostram uma tendência de proporção direta entre nível de es-
colaridade e oportunidade de trabalho. Ao compararmos os dados atuais com
os apresentados na pesquisa de Virginio (2000), o crescimento da escolarida-
de mostra uma perspectiva de mercado de trabalho mais qualificado. (GON-
ÇALVES, 2016). A escolarização vai além da qualificação para o mercado de
trabalho, ela auxilia no desenvolvimento da autonomia individual e intelectual.
A ausência de representantes parlamentares federais e o acesso facilitado
aos benefícios da Capital, que faz escapar de Alvorada a potência de consumo,
também afetaram o desenvolvimento do município, segundo Virginio (2000).
Papi (2009) aponta que a sensação de pertencimento da população é direta-
mente influenciada pela insuficiência de oportunidades no que diz respeito à
oferta de emprego e de serviços de necessidades básicas com pouco valor agre-
gado. Segundo a autora (2009), ao não ser atendida, a comunidade buscaria
alternativas na Capital, bastante próxima, diminuindo os recursos que seriam
revertidos para o município.
O Produto Interno Bruto (PIB) é um indicador muito utilizado na ma-
croeconomia, sendo seu objetivo principal mensurar a atividade econômica de
uma região (FEE-RS, 2016). Na série histórica 2009-2013, o PIB Total de
Alvorada apontou crescimento na economia; contudo, esse indicador revela
situação inferior, se considerarmos que, no ano de 2013, o PIB Total de Al-
vorada foi de R$ 1.830,556 (IBGE, 2016), enquanto em Gravataí, município 251
......
que faz fronteira com Alvorada, o PIB Total foi de R$ 8.305.064 (IBGE, 2016)
e, no estado do Rio Grande do Sul, o mesmo indicador foi de R$ 331.095.183
(FEE-RS, 2016).
O investimento da Prefeitura Municipal de Alvorada em Educação Básica no
período de 2009 a 2015 teve um crescimento que representou apenas ajustes da in-
flação. O investimento em educação infantil variou de 1% em 2009 para 3,65%, em
2013 (TCE-RS, 2015). Ao relacionar os investimentos com a oferta da pré-escola,
constatamos que, em 2009, não havia matrículas na dependência administrativa
municipal, enquanto em 2013 foram registradas 345 matrículas nessa dependência
administrativa. Mesmo apresentando um crescimento no investimento em educa-
ção infantil, ainda gera oferta de vagas insuficiente. (RS, TCE, 2015)
Segundo a Radiografia do TCE-RS (2010), Alvorada deveria criar 9.494
vagas para alcançar as metas do PNE 2001-2010. Em relação à oferta da edu-
cação infantil no período 2009-2015, majoritariamente, a categoria adminis-
trativa que oferecia vagas era a rede privada. Nos três primeiros anos da série
histórica, a oferta de vagas na rede estadual diminuiu gradativamente até zerar
o número de matrículas no ano de 2011. A rede pública municipal iniciou a
série sem registrar matrículas e passou a ofertar vagas apenas a partir do ano de
2012, ao passo que a oferta privada aumentou gradativamente as matrículas no
período. Esse cenário aponta que a oferta da educação infantil pública muni-
cipal, como preconiza a legislação, não ocorreu entre os anos de 2007 e 2011
para a pré-escola, sendo que essa categoria administrativa não registrou matrí-
cula nesse intervalo de cinco anos (INEP, 1999-2015; TCE-RS, 2011-2014).6
O conceito de políticas públicas abordado neste trabalho foi baseado nas
concepções de Rua (1997), a qual aborda a política como um conjunto de pro-
cedimentos utilizados na tomada de decisões sobre os bens públicos. A autora
(1997) ainda dialoga com os conceitos de outputs, inputs e withinputs para a com-
preensão do campo das políticas públicas. Outputs materializam o Estado em
ação, exercendo seu papel de tomar as decisões de acordo com a demanda da
6 No período abarcado por este estudo, de acordo com os dados disponíveis, houve duas gestões administrativas res-
ponsáveis pelas políticas de educação infantil. As gestões administrativas em exercício durante o período 2009-2012,
foram constituídas pelo Prefeito João Carlos Brum (PTB) e pelas Secretárias de Educação: Jussara Bittencourt, Maria
de Lourdes da Silva e Janice Nunes. A partir de 2013 e considerado o mês de agosto de 2016 (momento atual), foi
Prefeito o Sr. Sérgio Maciel Bertoldi (PT) e Secretários de Educação: Alexandre Virginio, Nair Ribeiro, Clair Gabana.
(FLORES, 2015a)
252
...... população e tornando a decisão política em uma ação específica. Os inputs são
as ações que a população ou organizações da sociedade realizam para pressionar
o governo a atender determinada demanda. Os withinputs são os movimentos
articulados de dentro do próprio governo para pressionar a tomada de decisão
ou a realização de uma ação (RUA, 1997).
Gonçalves (2016) ampliou o período histórico da sua pesquisa para 1999
– 2015 com o objetivo de verificar a trajetória da educação infantil nesse mu-
nicípio em anos anteriores e assim esclarecer que, apesar do fato de, em 2009,
não haver registro de oferta, até o ano de 2006 acontecia a oferta da pré-escola
nas Escolas Municipais do Ensino Fundamental (EMEF), conforme constam
nos dados do TCE-RS (2012; 2013; 2014) e do INEP (1999-2015). A au-
sência do atendimento por muitos anos colaborou para que Alvorada ocupasse
uma das últimas posições nas Radiografias da Educação Infantil apresentadas
pelo TCE/RS, pois, no conjunto dos municípios gaúchos, nas três últimas ra-
diografias, Alvorada permaneceu na penúltima posição.
Segundo Flores (2015a), a população-alvo da educação infantil em Alvo-
rada, no ano de 2010, era de 17.688, divididas em 11.689 crianças na faixa etá-
ria da etapa creche e 5.999 crianças em idade de pré-escola. A autora (2015a),
embasada nas projeções do TCE-RS, revela que a quantidade de vagas que este
município precisaria criar para atingir a universalização da pré-escola até o ano
de 2016 é de 4.758 vagas. Entretanto, em 2015, as matrículas registradas na
educação infantil foram prioritariamente nas escolas particulares ou convenia-
das e as matrículas públicas mostraram um aumento ainda insuficiente. Con-
siderando a meta do atual PNE (2014-2014), Alvorada precisaria, em 2016,
universalizar a Pré-Escola e na etapa creche, até 2024, deveria ofertar vagas
para, no mínimo, 50% da população de zero a três anos de idade. Conforme
os dados colhidos por Gonçalves (2016), constatamos que o município ofertou
411 vagas na pré-escola no ano de 2015. Na etapa creche, não foi encontrado
dado sobre oferta pública municipal (INEP, 1999-2015).
Considerando as principais estratégias adotadas para a expansão dessa eta-
pa educacional, os movimentos desse município iniciaram pela Lei Municipal
Nº. 178/83, que determinava reserva de área para construção de creche em
cada aprovação de loteamento residencial. Entretanto, em 2015, ainda não ha-
via creche municipal em funcionamento, mas o crescimento populacional e as
respectivas instalações residenciais se desenvolveram normalmente, conforme
podemos acompanhar nos dados censitários do IBGE (2016). 253
......
Sem ampliação da rede própria, em 1999, foi publicada a Lei Municipal nº.
1004/99, que criou o Programa Municipal de Educação Infantil (PMEI), estabe-
lecendo a oferta de vagas através de convênios com entidades da sociedade civil.
A SMED ofereceu vagas nessas entidades e acompanhou o atendimento por meio
de assessorias político-pedagógica-administrativas (ALVORADA, PME, 2015). Pos-
teriormente, foram publicadas as Leis Municipais nº 1.005/99 e nº 1.006/99; a
primeira regulamentou o atendimento da educação infantil nas instituições conve-
niadas, e a segunda regulamentou os conselhos administrativos nesses estabeleci-
mentos. Em 1999, nove creches firmaram convênio com a Prefeitura a partir do
PMEI, gerando 600 vagas. As turmas de pré-escolas existentes nas Escolas Munici-
pais de Ensino Fundamental também passam a ser incorporadas nesse Programa. O
conteúdo do Termo de Convênio estabelecido no PMEI está alinhado aos preceitos
que a Secretaria da Educação Básica do Ministério da Educação (SEB/MEC) apre-
senta em documento específico, como oferta com qualidade:
7 Na reunião do dia 21 de março de 2016, a Comissão de elaboração da norma de criação do Sistema Municipal de
Educação de Alvorada, instituída pela Portaria nº 2527/2015, validou em plenária, por unanimidade, o “texto base”
para criação da lei que “Cria o Sistema Municipal de Ensino de Alvorada”, texto encaminhado ao poder executivo
para que este execute os procedimentos junto ao poder legislativo. Fonte:< http://cme-alvorada.blogspot.com.br/>
Acesso em: 04/08/2016.
em creche e pré-escolas, preferencialmente na forma direta ou, de forma comple- 255
......
mentar, através de rede de atendimento conveniada”. (SMED, s/d, p. 89).
CONSIDERAÇÕES FINAIS
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RESUMO
1 Este artigo é parte do Trabalho de Conclusão do Curso de Especialização em Docência na Educação Infantil oferecido
pela Faculdade de Educação da UFRGS em parceria com o MEC (2ª Edição), intitulado “Formação inicial e políticas de
valorização das professoras que atuam na educação infantil: um estudo de caso no Município de Canoas/RS (1988-2016)”, sob a
orientação da Profª. Drª. Maria Luiza Rodrigues Flores.
264
...... tência de plano de carreira e salário digno, conforme a Lei Nacional do Piso do
Magistério. Afirmamos que a qualificação dos profissionais responsáveis pelas
ações de cuidado e de educação das crianças pequenas é uma exigência para a
qualidade desta oferta educacional.
Palavras-chave: Educação Infantil. Formação de professores. Qualidade.
INTRODUÇÃO
CONSIDERAÇÕES FINAIS
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Capítulo 15 281
......
QUALIDADE DA OFERTA DE
EDUCAÇÃO INFANTIL: O QUE DIZEM
OS DOCUMENTOS NACIONAIS?1
Claudéria dos Santos
Maria Luiza Rodrigues Flores
RESUMO
1 Este artigo é parte do trabalho de conclusão de curso produzido no Curso de Especialização em Docência na Edu-
cação Infantil oferecido pela Faculdade de Educação da UFRGS em parceria com o MEC (2ª Edição), , intitulado:
“Adequação das normativas do Conselho Municipal de Educação de Novo Hamburgo/RS às diretrizes nacionais de qualidade para a
Educação Infantil no contexto da pré-escola obrigatória” sob orientação da Profª. Drª. Maria Luiza Rodrigues Flores..
282
...... cional vigente, citamos a formação específica dos professores, remuneração
adequada, o credenciamento das instituições de EI, os processos de transição,
espaços internos e externos que ofereça a segurança, ventilação e luminosidade
natural e a acessibilidade, observação e atenção sistemática do professor com
as crianças, seus pares e famílias, ambiente seguro e estimulante, prédios com
espaço interno e externo adequado ao número de crianças atendidas e às ne-
cessidades de sua faixa etária.
Palavras-chave: Educação Infantil. Políticas públicas. Legislação e normas.
Qualidade. Pré-escola obrigatória
2 Em função do processo de impeachment da Presidenta Dilma Rousseff, ocorrido em agosto de 2016, houve a posse
do vice-presidente, Michel Temer, com alterações na estruturação e composição do Ministério, resultando, entre outras
ações, na revogação da Portaria nº 369/16, que criou o Sistema Nacional de Avaliação da Educação Básica - SINAEB.
294
...... CONSIDERAÇÕES FINAIS
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SOBRE AS ORGANIZADORAS
Jane Felipe
Professora titular da Faculdade de Educação da UFRGS, na Graduação. atua na
área de Educação Infantil e, na Pós-Graduação, integra na linha de pesquisa Educação,
Sexualidade e Relações de Gênero. Psicóloga de formação (UFRJ), possui Mestrado (UFF/RJ)
e Doutorado em Educação (UFRGS) e Pós-Doutorado em Cultura Visual (Universidad
de Barcelona). Integrante do GEERGE – Grupo de Estudos de Educação e Relações de
Gênero – e do GEIN – Grupo de Estudos de Educação Infantil e Infâncias – da UFRGS.
Atuou como coordenadora do Curso de Especialização em Docência na Educação Infantil
(MEC/UFRGS) em sua 1ª edição e como coordenadora adjunta da 2ª edição do curso.
E-mail: janefelipe.souza@gmail.com
Cristina de Vargas
Professora, Pedagoga, Especialista em Docência na Educação Infantil (MEC/
UFRGS). Professora da Rede Municipal de Novo Hamburgo.
E-mail: crisdevargas@yahoo.com.br
Liliane Ceron
Professora, Pedagoga, Especialista em Psicopedagogia Clínica e Institucional
(UCB) e em Docência na Educação Infantil ( UFRGS).Professora da Rede Mu-
nicipal de Novo Hamburgo.
E-mail: liliane_ceron@yahoo.com.br
Lusaqueli Wanner
Professora, Pedagoga, Especialista em Docência na Educação Infantil (MEC/
UFRGS). Coordenadora Pedagógica da Rede Municipal de Novo Hamburgo.
E-mail: lusaqueli_wanner@hotmail.com