Memória Coletiva
Memória Coletiva
Memória Coletiva
HALBWACHS, Maurice. A Memória Coletiva. 2 ed. Tradução: Laurent Léon Schaffter. São
Paulo: Editora Revista dos Tribunais. 1990. 189 p.
Para tal, o autor divide suas asserções em relações entre a memória e os núcleos de suas
problemáticas, tais como a história, o tempo e o espaço. O fato de o autor determinar essas
“repartições” contribui para construir a obra de modo a apresentar uma visão mais clara e
organizada de seu pensamento.
Esse fato é marcante na citação dos exemplos que o autor utiliza para explicar os
fenômenos dispostos em seu pensamento, por exemplo: amizades a muito distanciadas, eventos
e acontecimentos importantes presenciados ou acompanhados, lugares visitados e lembranças
de infância. Mostrando como é necessário a interação social no processo de formação da
memória coletiva, tal qual, composta pelo conjunto composto de memórias individuais.
Halbwachs, ainda, deixa claro que a formação de tais memórias coletivas independem,
somente, de eventos considerados marcantes ou traumáticos, pelo contrário, memórias podem
ser formadas, ativadas ou ainda resgatadas a partir de estímulos externos ou pontos de
referências no cotidiano, sendo originadas também por acontecimentos simples, mudanças ou
hábitos a muito inativos.
Outro ponto em destaque no primeiro capítulo da obra está no que o autor subdivide em
subtítulos, como à relação do esquecimento que decorre do desapego de determinado grupo, a
necessidade de uma comunidade que se relaciona afetivamente à memória individual ou
mesmo coletiva, e por fim, a possibilidade de uma memória que seja estritamente individual.
Tais visões assim relacionadas conferem à obra uma perspectiva que dialoga entre a
realidade e o senso de observação do leitor — sendo necessário, para a leitura, abrir a mente
para as situações condizentes à realidade do mesmo, podendo dessa forma asseguram uma
estabilidade na compreensão da leitura.
Porém, Halbwachs, a princípio não utiliza de sua própria infância como exemplo,
preferindo citar e referenciar passagens de estudos anteriores que incluem Henri-Marie Beyle
(1873-1842), escritor francês popularmente conhecido como Stendhal, e também Benvenuto
Cellini (1500-1571), renomado artista renascentista.
Por fim, o autor defende sua posição frente a interferência da memória individual ao
contraste da memória coletiva, mencionando a capacidade de discernir as lembranças que “[...]
nos parecem puramente pessoais, e tais como nós sozinhos as reconhecemos e somos capazes
de reencontrá-las, distinguem-se das outras com maior complexidade das condições
necessárias para que sejam lembradas [...]” (HALBWACHS, 1990, p. 48).