Interceptação Telefônica Comentada para Concursos
Interceptação Telefônica Comentada para Concursos
Interceptação Telefônica Comentada para Concursos
PREVISÃO CONSTITUCIONAL
Art. 5º, XII, CF - é inviolável o sigilo da correspondência e das comunicações
telegráficas, de dados e das comunicações telefônicas, salvo, no último caso, por ordem
judicial, nas hipóteses e na forma que a lei estabelecer para fins de investigação
criminal ou instrução processual penal;
1) LEI REGULAMENTADORA
A CF é de 1988 e a lei que regulamentou a interceptação é de 1996. Veja que
houve um grande intervalo de tempo, no qual os juízes autorizavam interceptação
telefônica com base no art. 57 do Código Brasileiro de Telecomunicações. Contudo, o
STF e o STJ decretaram todas aquelas interceptações como provas ilícitas, posto ser
impossível autorização de interceptação enquanto não sobreviesse lei regulamentadora.
Veja que o Supremo e o Superior estavam a entender que o art. 5º, XII, é uma
norma de eficácia limitada.
Com o advento da Lei em 1996, restava preenchido, pois, o primeiro requisito
constitucional.
De acordo com o art. 1º, a lei se aplica a interceptações telefônicas de qualquer
natureza:
Interceptação telefônica – Lei 9296/96
Esse uso não configurará nem interceptação telefônica nem quebra de sigilo
telefônico, posto que não haverá acesso a todas as ligações efetuadas, mas somente às
mais recentes.
disciplinar, inclusive contra servidores que não figuraram na ação penal. A assertiva foi
considerada correta pela banca.
DIREITO ADMINISTRATIVO. PROCESSO ADMINISTRATIVO DISCIPLINAR (PAD).
UTILIZAÇÃO DE INTERCEPTAÇÃO TELEFÔNICA.
É possível utilizar, em processo administrativo disciplinar, na qualidade de “prova
emprestada”, a interceptação telefônica produzida em ação penal, desde que
devidamente autorizada pelo juízo criminal e com observância às diretrizes da Lei n.
9.296/1996. Precedentes citados: MS 13.099-DF, DJe 22/3/2015; MS 15.823-DF, DJe
18/8/2011; MS 14.598-DF, DJe 11/10/2011; MS 15.786-DF, DJe 11/5/2011, e AgRg na APn
536-BA, DJ 9/10/2007. MS 14.140-DF, Rel. Min. Laurita Vaz, julgado em 26/9/2015.
3) ORDEM JUDICIAL
Art. 1º A interceptação de comunicações telefônicas, de qualquer natureza, para prova
em investigação criminal e em instrução processual penal, observará o disposto nesta
Lei e dependerá de ordem do juiz competente da ação principal (ação penal), sob
segredo de justiça.
Modificação de competência:
Para o STF e STJ, se houver modificação de competência, a interceptação
autorizada pelo juiz anterior é válida no novo juízo ou tribunal. Logo, a interceptação
determinada no juízo estadual será válida no juízo federal.
Prevenção:
O juiz que decreta interceptação telefônica fica prevento para o julgamento da
ação principal.
Ex. Juiz de São Bernardo do Campo/SP autorizou a interceptação. Contudo, o
traficante foi preso em Praia Grande/SP. A denúncia foi oferecida nesta última cidade,
onde foi processada a ação penal. Contudo, o STJ e o STF entenderam que o juízo
competente para processo e julgamento da ação principal é o de São Bernardo do
Campo.
Desse modo, nos casos em que a CF exige expressamente “ordem judicial”, o ato
estará reservado com exclusividade ao Poder Judiciário.
Extraído do material de Constitucional:
A CPI possui poderes:
- estabelecidos pelo Regimento Interno;
- próprios da Autoridade Judicial.
Os poderes da CPI têm natureza jurídica instrumental, ou seja, servem de meio para
alcance de determinado fim (que é seu objeto, dentre os três elencados no início da
aula.
Sobre os poderes próprios da autoridade judicial, deve-se dar a interpretação de que,
dentro dos poderes investigatórios da CPI, pode ela se valer dos meios instrutórios da
Autoridade Judicial.
Destaque-se, dentre os poderes instrutórios:
Busca e apreensão: pode ocorrer sem que haja violação de domicílio;
Condução coercitiva para prestar depoimento: De acordo com o STF, no HC 80240, a
CPI não pode exigir a presença do indígena no Congresso Nacional, o que não impede
de ouvi-lo dentro de sua própria comunidade;
Exames periciais;
Quebra de sigilo bancário;
Quebra de sigilo de dados;
Quebra de sigilo fiscal;
Quebra de sigilo telefônico: acesso ao histórico das ligações, e não interceptação, que é
relacionada a cláusula de reserva de jurisdição;
A fundamentação da decisão que determina estas medidas deve ser contemporânea e
adequada. Devem existir indícios concretos que justifiquem a violação dos direitos e
garantias individuais.
São limites impostos à CPI:
I - Direitos e garantias individuais de forma geral e notadamente o:
Sigilo profissional (art. 5º, XIV, CF);
Privilégio da não auto-incriminação, direito ao silêncio ou nemo tenetur se detegere
(art. 5º, LXIII, CF);
II - Cláusula da reserva de jurisdição, ou seja, matérias relacionadas aos direitos
individuais reservadas à Autoridade Judicial. São elas:
Interceptação telefônica (art. 5º, XII, CF). O STJ, no HC 203.405/MS, admitiu que
excepcionalmente pode ser determinada interceptação telefônica em matéria civil, desde
que possa ter reflexos penais.
Inviolabilidade do domicílio (art. 5º, XI, CF). Lembrar que o conceito de casa é
amplo, abrangendo residência, estabelecimento comercial etc. Lado outro, pode haver,
pela Comissão, determinação de violação a locais públicos, como repartições públicas;
Prisão (art. 5º, LXI, CF), por evidente, excetuada a prisão em flagrante. No Regimento
Interno do Congresso Nacional, que é de 1950, há previsão de possibilidade de prisão,
mas essa norma não foi recepcionada pela CF/88;
Sigilo imposto a processo judicial (art. 5º, X c/c LX, CF). Na CPI dos grampos
telefônicos, o STF entendeu que tal sigilo só poderia ser quebrado por Autoridade
Judicial.
III - Medidas acautelatórias: A CPI tem poderes investigatórios e instrutórios, mas
não tem poder geral de cautela e, por isso, ainda que tenha poderes próprios de
Autoridades Judiciais, não pode decretar medidas acautelatórias, como indisponibilidade
de bens, proibição de ausentar-se do país, arresto, sequestro e hipoteca judiciária.
Interceptação telefônica – Lei 9296/96
Constitucionalidade
Há discussão sobre a constitucionalidade do dispositivo, em razão do que dispõe o
art. 5º, LXX, CF:
Art. 5º, XII, CF - é inviolável o sigilo da correspondência e das comunicações
telegráficas, de dados e das comunicações telefônicas, salvo, no último caso, por ordem
judicial, nas hipóteses e na forma que a lei estabelecer para fins de investigação
criminal ou instrução processual penal;
1ª corrente (Vicente Greco Filho e Antônio Magalhães Gomes Filho, boa para
Defensoria Pública): o parágrafo único do art. 1º da Lei 9296/96 é inconstitucional, uma
vez que o art. 5º, LXX, prevê sigilo das correspondências e comunicações telegráficas,
de dados e das comunicações telefônicas, excepcionalmente somente estes últimas.
Portanto, a expressão “salvo no último caso” só se aplica às telecomunicações
telefônicas, não podendo norma infraconstitucional permitir interceptação da
comunicação de dados;
2ª corrente (deve ser usada em concurso, Alexandre de Moraes, Silvio Maciel, Luis
Flávio Gomes): o parágrafo único do art. 1º é constitucional, posto que a expressão
“salvo no último caso” refere-se às comunicações “de dados e das comunicações
telefônicas”. Além disso, não existe direito fundamental absoluto; logo, a lei poderia
prever interceptação da comunicação de dados.
Salas de bate-papo:
O STJ entendeu que as conversas em salas de bate-papo não estão protegidas
pelo sigilo das comunicações, já que as salas são ambientes públicos e destinadas a
conversas informais (2ª fase MP/RJ).
Interceptação telefônica – Lei 9296/96
Deve ser feita uma interpretação a contrario sensu para se obter os requisitos
para decreto de interceptação:
Aula 2 – 13/10/2015
Como vimos, para a maioria, a interceptação valerá como prova para o homicídio
e para o criminoso “C” se este tiver conexão com o tráfico de drogas.
Ex 2.: Polícia Civil pede interceptação para apurar tráfico cometido pelos
investigados “A” e “B”. Durante as interceptações, a Polícia não se certifica do crime de
tráfico, mas toma ciência da prática de homicídio praticado por “A”, “B” e “C”.
Neste caso, para a 1ª corrente, a interceptação só será válida como notitia
criminis do homicídio. Para a 2ª corrente, valerá como interceptação.
DECRETAÇÃO DA INTERCEPTAÇÃO
Art. 3° A interceptação das comunicações telefônicas poderá ser determinada pelo juiz,
de ofício ou a requerimento:
I - da autoridade policial, na investigação criminal;
II - do representante do Ministério Público, na investigação criminal e na instrução
processual penal.
Argumentos do STJ:
Normas que restringem direitos fundamentais devem ser interpretadas
restritivamente;
A CF, em seu art. 136, permite interceptação telefônica por até 60 dias durante o
Estado de Defesa. Se nem durante esse Estado, que é excepcional, a
interceptação pode ultrapassar 60 dias, com muito mais razão não pode
ultrapassar 60 dais em períodos de normalidade;
Uma interceptação durar 2 anos viola o princípio da razoabilidade;
Este julgado o STJ é isolado em relação aos demais. Usá-lo em prova de
Defensoria Pública.
DA TRAMITAÇÃO DA INTERCEPTAÇÃO
Art. 8° A interceptação de comunicação telefônica, de qualquer natureza, ocorrerá em
autos apartados, apensados aos autos do inquérito policial ou do processo criminal,
preservando-se o sigilo das diligências, gravações e transcrições respectivas.
Parágrafo único. A apensação somente poderá ser realizada imediatamente antes do
relatório da autoridade, quando se tratar de inquérito policial (Código de Processo Penal,
art. 10, § 1°) ou na conclusão do processo ao juiz para o despacho decorrente do
disposto nos arts. 407, 502 ou 538 do Código de Processo Penal.
Na fase de investigação:
O procedimento de interceptação tramita em autos apartados, sob sigilo, devendo
ser apensado aos autos de Inquérito Policial antes do relatório final do Delegado de
Polícia, que é a peça que encerra o procedimento inquisitório.
Inquérito Policial Interceptação telefônica
Interceptação telefônica – Lei 9296/96
Na fase judicial:
Os autos de interceptação também deverão tramitar em autos apartados, devendo
ir à conclusão do juiz antes da prolação da sentença.
Art. 9° A gravação que não interessar à prova será inutilizada por decisão judicial,
durante o inquérito, a instrução processual ou após esta, em virtude de requerimento do
Ministério Público ou da parte interessada.
Parágrafo único. O incidente de inutilização será assistido pelo Ministério Público,
sendo facultada a presença do acusado ou de seu representante legal.
Veja que a destruição do que não interessar à prova não acontece só no fim do
processo, mas ainda na fase de inquérito ou da instrução.
A destruição se dará por meio de um incidente de inutilização, que pode ser
requerido pelo Ministério Público ou pela parte interessada no sigilo da conversa.
polícia, etc. Cuidado: É crime próprio, e não crime funcional, posto que pode ser
praticado por funcionário público e particular.