825-Texto Do Artigo-1468-1-10-20190610
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RESUMO
O gás carbônico é usado em diversas aplicações e nos últimos anos sua utilização tem
crescido em vários segmentos da indústria brasileira, como por exemplo, na indústria farmacêutica,
na indústria do metal, papel e celulose e principalmente nas empresas fabricantes de refrigerantes.
Nas áreas relacionadas às indústrias alimentícias, as bebidas carbonatadas, como são conhecidos as
bebidas que tem o dióxido de carbono (CO2) na sua composição, têm conquistado um aumento
expressivo de consumidores nos últimos anos e isso se deve em grande parte pela sensação
refrescante que o uso desse gás propicia a bebida. Diante desse fenômeno, o presente trabalho tem o
objetivo de descobrir como esse gás é injetado na bebida e em qual momento do processo produtivo
ocorre a carbonatação do refrigerante e quais suas características físico-químicas para que se torne
possível sua incorporação na bebida. Abordaremos também como é a preparação do xarope simples
e o xarope composto, que é a etapa que precede a carbonatação e preparação da bebida, bem como
os equipamentos que fazem essa mistura se transformarem em um refrigerante. Estudaremos as
principais partes de um carbonatador, um equipamento que é responsável pela preparação da
bebida, proporcionando em medidas definidas, as quantidades de água, xarope e CO2 dando origem
ao refrigerante e quais as etapas do processo de envase do refrigerante.
ABSTRACT
Carbon dioxide is used in many applications and in recent years its use has grown in several
sectors of Brazilian industry, such as the pharmaceutical industry, metal industry and pulp and
paper companies mainly in the soft drink manufacturers. In areas related to the food, drinks
carbonated as they are known to have carbon dioxide (CO2) in their composition, have gained a
significant increase of consumers in recent years and this is due in large part by the refreshing
feeling that the use of this his gas gives the drink. Given this phenomenon, this paper aims to
discover how this gas is injected into the drink and at what time of the production process happens
the carbonation the drink and what its physical state – chemical to make it possible the
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incorporation into the drink. We will also explore how to prepare the simple syrup and compound
syrup, which is preliminary fase to the preparation and carbonation of the beverage as well as the
equipment forming the mixture to turn into a soda. We will study the principal parts of carbonator, a
device that is responsible for preparing the drink providing measures defined in the amounts of
water, syrup and CO2 giving originating the beverage and what are the process steps of filling the
refrigerant.
1- INTRODUÇÃO
O surgimento do Setor de Refrigerantes no Brasil ocorreu em 1904. Nesse ano, foi fundada a
primeira Indústria de Refrigerantes. Em1905, foi fundada a segunda Indústria de refrigerantes,
outras três fábricas foram criadas nos anos 1924, 1932 e 1933 todas essas empresas até hoje estão
em funcionamento e caracterizam-se pela sua regionalidade. (AFREBRAS: Surgimento do setor de
refrigerantes no Brasil).
O espírito empreendedor dos empresários brasileiros do setor é notável e não pode ser
considerada uma característica atual, pois está datado do início do século. Mesmo com todos os
entraves e dificuldades encontradas foram criados muitos sabores de refrigerantes diferenciados,
que ainda hoje fazem parte do mix de muitos fabricantes e que muitas vezes foram formulados e
elaborados de forma artesanal e são ainda segredo familiar.
As linhas de produção eram muitíssimo limitadas, em muitos casos não passavam de 150
garrafas por hora ou até menos. O processo era extremamente artesanal. (AFREBRAS Mapa da
distribuição da produção de refrigerantes no Brasil).
As Grandes Corporações de bebidas só chegaram ao Brasil em 1931 (Antarctica, hoje
AmBev) e em 1942 (Coca-Cola). A AmBev só passou a produzir refrigerante com sabor Guaraná,
16 anos após a criação desse sabor no Brasil, e 21 anos depois, a Coca-Cola iniciou sua produção
desse mesmo sabor no País.
Vale ressaltar que o primeiro refrigerante a ser produzido foi envasado em uma embalagem
de vidro retornável com capacidade de 600 ml. Um fato curioso é que o compartilhamento desta
embalagem ocorreu a partir de um acordo entre as cervejarias e as fábricas de refrigerantes, pois o
volume dos refrigerantes era superior ao volume comercializado de cerveja, o que ocorre até hoje.
(AFREBRAS Surgimento do setor de refrigerantes no Brasil)
É de extrema relevância que o consumidor brasileiro saiba o que ocorre em todos os setores
da economia, visto que tudo o que acontece nessa esfera acaba refletindo em seu orçamento. No que
se refere ao mercado de refrigerantes, o consumidor é extremamente lesado, uma vez que as
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grandes corporações se utilizam de práticas desleais, que acabam por limitar seu direito de
escolha. O consumidor brasileiro é refém de produtos produzidos por duas grandes corporações,
porque os principais canais de distribuição são fechados às pequenas e médias empresas. Sendo
assim, quando o consumidor vai ao supermercado, ele encontra somente dois produtos de cada
sabor – produzidos por duas empresas. Já nos supermercados que comercializam produtos
regionais, há dificuldade em encontrá-los, pois o espaço cedido é inferior a 5% do total destinado às
bebidas e, esse pequeno espaço, é dividido com outra empresa, que possui características de grande
corporação. Ao analisar outras embalagens, como a lata, é nítido que o consumidor não tem opção,
além dos produtos das grandes empresas. Esse fato ocorre devido à realidade que envolve a
embalagem no Brasil. Alguns exemplos são os impostos e a comercialização, que foram
desenvolvidos para ficar, exclusivamente, nas mãos das grandes empresas.
Raras são as vezes que o consumidor encontra produtos regionais na embalagem de lata, pela
impossibilidade de adoção da embalagem. (AFREBRAS Surgimento do setor de refrigerantes no
Brasil).
Apesar do Brasil possuir clima propício à elevada ingestão de líquidos, o brasileiro consome
em média 79 litros de refrigerante por ano, colocando o Brasil em 19º lugar na classificação
mundial de consumo per capta de bebida. O Brasil é o 4º maior mercado de refrigerante do mundo,
empatando com a China e atrás dos estados Unidos, Europa e México.
O mercado brasileiro de refrigerantes caracteriza-se por apresentar 70% das vendas
concentradas em apenas dois fabricantes. O percentual restante é representado por fabricantes
regionais. Dados atuais indicam que o consumo em 2010 foi de 15.111.920 bilhões de litros de
refrigerante. Com esse número, o mercado brasileiro registrou um aumento de 2,3% no consumo da
bebida se comparado com o ano anterior. A expectativa é que em 2011 esse consumo tenha um
aumento de 2,7% (ABIR – 2010).
Observa-se na Tabela 1 que da produção de bebidas em geral no Brasil registrou crescimento
acima de 5,5% por ano. Esses dados colocam o Brasil como um mercado promissor e as indústrias
continuam investindo na produção de refrigerante no País.
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2 – DIÓXIDO DE CARBONO
O Dióxido de Carbono (CO2) ocorre naturalmente na atmosfera. Sem ele, a Terra seria um
lugar muito frio, porque a maior parte da luz do Sol absorvida pela superfície da Terra seria
irradiada de volta para as profundezas frias do espaço.
Como está agora, o CO2 forma um cobertor isolante sobre a superfície terrestre que deixa o
ultravioleta de comprimento de onda curta e a luz solar visível passarem, mas retarda a perda de
calor na forma de radiação infravermelha de comprimento de onda longo; e assim a função do CO2
na atmosfera é conhecida como efeito estufa (RICKLEFS, 2001).
O Dióxido de Carbono é um gás atmosférico com um átomo de carbono e dois de oxigênio. É
conhecido por sua fórmula (CO2), que é tido geralmente como o gelo seco no estado sólido. O
dióxido de carbono pode ser derivado de fontes múltiplas; vulcânicos, combustão de matérias
orgânicas, processo da respiração de seres vivos. A densidade do dióxido de carbono em 25°C é de
1.98 Kg/m³, 1.5 vezes mais que do ar é oxidado inteiramente, não reativo e não inflamável.
aplicado dentro de estufas. O dióxido de carbono pode, também, ser dissolvido na água e levado às
plantas por irrigação (Kimball, apud Pinto et al, 2000).
No final dos anos 80, empresas norte americanas que comercializavam gás carbônico para
indústrias interessaram-se pelo processo na atividade agrícola e iniciaram trabalhos com injeção de
gás carbônico na água utilizada para irrigação, em culturas a céu aberto, visando a aumentar a sua
produtividade com resultados promissores (IDSO & IDSO,1994). No Brasil, a aplicação de dióxido
de carbono via água de irrigação é de uso recente e poucos são os estudos eco fisiológicos
referentes às trocas de CO2 em plantas. Existem, ainda, aspectos a esclarecer com relação aos
efeitos sobre as plantas, estudando a influência da aplicação de CO2 na produtividade e na melhoria
da qualidade de frutos. Também é necessário definir doses e períodos de aplicação de CO2 mais
adequados para as diferentes culturas, visando maximizar a relação custo/benefício.
Óxido nítrico e dióxido de Não mais que 2,5 ppm v/v cada
nitrogênio
Resíduo não volátil Não mais que 10 ppm p/p sem partículas absorváveis, tais como fino de
carbono
A falta do certificado de análises é suficiente para a rejeição da carga. Resultados que estejam
abaixo do limite de detecção e apresentados como ND (não detectado) devem ser complementados
com o limite de detecção da metodologia aplicada. O fornecedor deve ainda, mostrar de forma
imparcial, que o seu processo está controlado e que atende a todos os parâmetros de qualidade
presente nesta especificação, por meio de programa de teste de amostras de seu gás carbônico
estocado nas unidades produtoras, nos centros de distribuição, na freqüência trimestral para as
unidades produtoras. (Especificação do Dióxido de Carbono, Manual de Treinamento da Ind. de Refrigerante,
2002).
Diante da importância e do impacto que o gás carbônico exerce na qualidade do refrigerante,
as grandes empresas exigem cada vez mais que seus fornecedores invistam em qualidade e
controles estatísticos de seus processos para eliminar falhas que possibilitem a contaminação do gás
carbônico, pois após sua incorporação na bebida, fica mais difícil detectar qualquer não
conformidade gerada no beneficiamento e distribuição.
7 – FABRICAÇÃO DO REFRIGERANTE.
O ingrediente de maior uso na preparação do refrigerante é sem dúvida a água. Ela representa
cerca de 80% da bebida pronta e por esse motivo a sua qualidade, ou pureza, tem grande impacto na
qualidade do produto final. Devido a grande importância que ela representa, é sensato que exista
uma política de qualidade voltada exclusivamente para o beneficiamento desse ingrediente. A
seguir algumas especificações para a água usada no processo de produção de bebidas carbonatadas.
(Procedimento de Mistura, Manual de treinamento das Ind. de Refrigerantes, 2010)
ATRIBUTO ESPECIFICAÇÃO
TURBIDEZ AUSENTE
COR AUSENTE
ODOR AUSENTE
GOSTO NENHUM GOSTO
CLORO LIVRE 1 A 3 PPM APÓS FILTRO DE AREIA
CLORO TOTAL 0,0 FILTRO APÓS FILTRO COM CARVÃO
ALCALINIDADE >0 PPM E < 85 PPM (COMO CaCO3)
FERRO < 0,1 PPM
ALUMÍNIO < 0,1 PPM
CLORETO < 300 PPM
STD – SÓLIDOS TOTAIS DISSOLVIDOS < 500 PPM
A abordagem mais efetiva para o tratamento de água é o uso por múltiplas barreiras. Esse
tratamento protege os efeitos potenciais e contaminantes indesejáveis nas águas de suprimentos e de
processos.
ÁGUA DE
COAGULAÇÃO/ FILTRO ARMAZENAMENTO DE
ABASTECIMENTO FLOCULAÇÃO COM DE AREIA ÁGUA COM DESINFECÇÃO
DESINFECÇÃO E REDUÇÃO QUÍMICA
DE ALCALINIDADE
FILTRO
FILTRO
DE
POLIDOR CARVÃO
ÁGUA PARA PROCESSO
ÁGUA DE
PRÉ- TRATAMENTO E FILTRO DE OSMOSE REVERSA
ABASTECIMENTO CLORAÇÃO AREIA USANDO MEMBRANA DE
ACETATO DE CELULOSE
FILTRO DE
ARMAZENAMENTO DE
ÁGUA PARA O PROCESSO FILTRO
CARVÃO ÁGUA COM DESINFECÇÃO
POLIDOR
QUÍMICA
Figura 3: Fluxograma do tratamento por osmose reversa
Facilmente absorvida pela água a 15,6º C e pressão atmosférica, a água absorverá uma
quantidade de gás carbônico igual ao seu volume. É quando se diz que temos 1 (um) volume de
carbonatação. As maiorias das substâncias são mais facilmente dissolvidas em água quente do que
na água fria. No caso do gás carbônico isso ocorre ao contrário, ou seja, quanto mais fria a água,
mas rápida será a absorção do gás na água e maior será sua retenção. A água a 21ºC e pressão
atmosférica, absorverá apenas 0,85 volumes e enquanto que a 10ºC e mesma pressão, absorverá
1,20 volumes. A quantidade de gás carbônico que será absorvido pela água a uma determinada
temperatura, variará proporcionalmente à pressão. Existe uma relação direta entre o grau de
carbonatação e o sabor final da bebida. Em uma bebida que falta a dose correta de gás carbônico,
faltará à parte do efeito picante ao sabor (Princípio de funcionamento do – manual de treinamento Ind. de
refrigerantes, 2007).
Uma etapa importante na carbonatação é a desaeração da água que é usado na preparação da
bebida, quando a água passa pelo carbonatador, grande parte do ar absorvido pela água, fica
estacionada na parte superior do tanque saturador, ocupando lugar do gás carbônico, reduzindo
assim a eficiência do carbonatador. Isso ocorre pelo fato de que o ar é mais leve do que o gás
carbônico. No tanque saturador, esse ar poderá ser eliminado através da válvula de purga, que está
localizada em cima do tanque.
A desaeração pode ser realizada por uma bomba de vácuo, ou com a utilização do gás
carbônico. O ar escapa mais facilmente da água quando está aquecida e por esta razão o desaerador
deve ser instalado na linha de água antes do trocador de calor. Uma boa carbonatação só é possível
se o oxigênio presente na água for retirado durante o processo de desaeração, assim quando é
injetado o gás carbônico, a água está sem o oxigênio, facilitando a incorporação do CO2. (Princípio de
funcionamento do monjonnier – manual de treinamento Ind. de refrigerantes, 2007).
Para concluir, o sucesso da carbonatação da bebida é garantir que a água esteja em uma
temperatura relativamente baixa, cerca de 4ºC. Dessa forma, a incorporação e retenção do gás na
bebida será muito mais dinâmica e influenciará de modo significativo no momento em que a bebida
estiver na enchedora para iniciar o envase. Se a bebida for preparada a uma temperatura alta, a
partir de 15ºC, a pressão no carbonatador deverá ser mais elevada para forçar a incorporação do gás
na bebida, com isso no momento que estiver fazendo o envase na enchedora, haverá muita
dificuldade para controlar o volume da garrafa, visto que, com maior pressão, maior será a agitação
das moléculas de água e gás, produzindo muita espuma na garrafa (ou qualquer outra embalagem,
como lata, pet), dificultando o envase do volume correto da bebida em sua embalagem (Princípio de
funcionamento do monjonnier – manual de treinamento Ind. de refrigerantes, 2007).
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Esse equipamento trabalha pressurizado com ar estéril e a pressão de trabalho gira em torno
de 4 kgf/cm². Todas as válvulas são controladas através de força pneumática. Como se trata de
alimento, por segurança, essas válvulas devem ser controladas por ar estéril, evitando assim
possíveis contaminações no produto final.
não enviará produto não conforme para seus clientes, por exemplo, garrafas de 600 ml
com apenas 550 ml de produto. Geralmente, as garrafas apresentam volume baixo
quando existe excesso de espuma na bebida que pode ser causada por vários fatores, tais
como, alta pressão de trabalho no preparador de bebidas, temperatura alta da água,
vedação da bóia de enchimento desgastada, falha na vedação da garrafa no momento de
pressurizar a garrafa na enchedora. Frequentemente, esses problemas de enchimento
ocorrem quando a linha está iniciando a produção e após a estabilização do processo,
essas ocorrências são praticamente eliminadas.
Inicia com a extração do CO2 que foi injetado na garrafa na fase anterior.
dispositivo chamado sniffer que elimina o excesso de gás da garrafa, evitando assim que
o produto saia da garrafa antes da lacração. Esse sistema é extremamente importante, pois
se não estiver regulado corretamente, não se consegue encher uma garrafa se quer, devido
exclusivamente a pressão do gás e agitação das moléculas de água e CO2.
8 - REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.
Associação Brasileira das indústrias de bebidas. Consumo de refrigerante no Brasil. Disponível em:
http://www.abir.org.br Acessado em 15/07/2011.
ABIR Associação Brasileira das Indústrias de bebidas. Aumento da produção de refrigerantes no
Brasil. Disponível em: http://www.abir.org.br Acessado em 15/07/2011.
AFRARE Associação dos fabricantes de refrigerantes do Brasil. Surgimento do setor de
refrigerantes no Brasil. Disponível em: http://www.afrebras.org.br Acessado em 21/07/2011.
Associação dos fabricantes de refrigerantes do Brasil. Mapa da distribuição da produção de
refrigerantes no Brasil. Disponível em: http://www.afrebras.org.br Acessado em 21/07/2011.
Carbonatação, Princípio de funcionamento do Mojonier. Manual de treinamento das Indústrias de
refrigerantes. São Paulo – 2007.
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