Tes Garc-F1
Tes Garc-F1
Tes Garc-F1
Doutoramento em Psicologia
2017
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VINCULAÇÃO E MODELOS INTERNOS DINÂMICOS: DA REPRESENTAÇÃO
SENSORIO-MOTORA À REPRESENTAÇÃO SIMBÓLICA
Doutoramento em Psicologia
2017
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A todas as crianças e suas famílias que ao longo de mais de dez anos nos
receberam em suas casas, assim como a todas as instituições escolares que nos
acolheram e que tornaram este estudo possível.
Ao Professor António José dos Santos, pelas reflexões, pelos desafios, por me
fazer pensar “outside the box”, acima de tudo por me fazer sentir em casa.
À Professora Júlia que mesmo sem saber foi preponderante neste caminho, por
me ter dado estabilidade, confiança e me ter mostrado a luz ao fundo do túnel. Obrigada
por se lembrar de mim e de me ajudar a concretizar os meus sonhos.
À Ana Salgueiro, a nossa luz ao fundo do túnel, amiga. Obrigada por tudo…
pela esperança, pelo acreditar, pela luta, pelo amor, pela entrega… por permitir que eu
olhe para além!
Às amigas de uma vida, Ana e Vanessa, que não se esquecem de dizer “Filipa,
então o doutoramento?!”, obrigada pelo apoio, pelo incentivo, por não me deixarem
desistir, por lutarem ao meu lado, pela cumplicidade de tantos anos. À Diana, à Ana
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Filipa pela amizade, pela partilha, por aceitarem. À Jordana, amiga que fica, amiga que
não esquece.
À minha nova casa – Colégio Rik & Rok, por diariamente me deixar concretizar
o meu sonho e pelo privilégio que é crescer todos os dias convosco. Ao Luís Gonçalves,
por acreditar em mim, à Sónia, à Paula pelas aprendizagens, pelo prazer que foi e que é
trabalhar convosco. Ao Luís Gaspar Costa por continuar a acreditar em mim, pela
confiança, pela parceria, pela amizade, pela cumplicidade, pelos “milhentos”
comentários, obrigada!
Aos meus Pais, lutadores, guerreiros, que acreditam em mim como ninguém, que
me apoiam em tudo e que lutam sempre a meu lado e muitas vezes à minha frente para
me protegerem, a minha base segura! Tenho o maior orgulho em ser Vossa filha.
(António Gedeão)
10
Palavras-chave:
Key-words:
RESUMO
O presente estudo, baseado na teoria da vinculação de Bowlby/Ainsworth, tem
como objetivo geral analisar a continuidade da qualidade da vinculação nos anos
préescolares e a sua relação com a qualidade de vinculação educador-criança.
Primeiramente, analisámos as associações entre os comportamentos de base
segura da criança com a mãe e da criança com o pai e as representações de vinculação
nos anos pré-escolares, numa amostra de 71 díades mãe-criança e pai-criança,
utilizámos como instrumentos o Attachment Behaviour Q-Set (AQS – versão 3.0 de
Waters, 1995), ao Attachment Story Completion Task (ASCT, Bretherton & Ridgeway,
1990) e à Wechsler Preschool and Primary Scale of Intelligence - Revised (WPPSI-R,
1989; versão portuguesa de Seabra-Santos et al., 2003). Os resultados revelam que as
crianças utilizam quer a mãe quer o pai como base segura e que a segurança de
vinculação experienciada pela criança na infância é representada posteriormente em
modelos internos dinâmicos seguros.
Em segundo lugar, tentámos perceber quais os processos envolvidos na transição
das representações sensoriomotoras para as simbólicas, analisando dois potenciais
inputs para a construção, por parte da criança, das representações mentais de
vinculação: as representações sensoriomotoras da criança dos primeiros anos de vida
baseadas na organização dos seus comportamentos de base segura com o pai e com a
mãe e os scripts de vinculação parentais, numa amostra de 64 díades mãe-criança e pai-
criança, utilizando como instrumentos o AQS (versão 3.0 de Waters, 1995), o ASCT
(Bretherton & Ridgeway, 1990), a WPPSI-R (versão portuguesa de Seabra-Santos et al.,
2003) e o Attachment Script Assessment (ASA – Waters & Rodrigues-Doolabh, 2004,
manual não publicado). Os resultados obtidos sugerem que a organização dos
comportamentos de base segura, na relação com ambos os pais, pode ser prevista a
partir do conhecimento tipo script de base segura das figuras parentais e que apenas as
representações sensoriomotoras da criança dos primeiros anos de vida baseadas na
organização dos seus comportamentos de base segura estão a funcionar como potenciais
inputs das representações mentais de vinculação da criança, ao contrário do esperado.
Finalmente, analisámos a relação entre a qualidade das representações internas
de vinculação das crianças (ou seja, a segurança) e a qualidade das relações educador-
criança, numa amostra de 52 crianças e 4 educadores. Utilizámos como instrumentos o
ASCT (Bretherton & Ridgeway, 1990), a WPPSI-R (versão portuguesa de Seabra-
Santos et al., 2003) e ainda, a Escala de Perceção dos Comportamentos de Vinculação
para Professores (PCV-P, Dias, Soares e Freire, 2004). Os dados obtidos mostram que
a coconstrução de uma relação de vinculação relevante com um educador na primeira
infância é, em parte, função da qualidade da relação de vinculação da criança com as
figuras parentais mas também do desenvolvimento verbal da criança.
De uma forma geral, os nossos resultados procuram contribuir para a discussão
em aberto sobre a construção, por parte da criança, de um modelo integrado do self,
participando em duas ou mais relações qualitativamente distintas.
ABSTRACT
The present study, based on Bowlby/Ainsworth’s attachment theory, aims to
study the continuity of quality of attachment in the preschool years, and its relation to
kindergarten teacher-child attachment quality.
Firstly, we examined the associations between infant-mother and infant-father
secure base behaviours and attachment representation in preschooler years in a sample
of 71 child-mother and child-father dyads, we used as instruments the Attachment
Behaviour Q-Set (AQS – version 3.0, Waters, 1995), the Attachment Story Completion
Task (ASCT, Bretherton & Ridgeway, 1990) and the Wechsler Preschool and Primary
Scale of Intelligence - Revised (WPPSI-R, 1989; portuguese version of Seabra-Santos et
al., 2003). Our results revealed that children were able to use both parents as secure base
and those children with a secure attachment relation developed an internal working
model of secure attachment.
Secondly, we tried to understand the processes involved in the transition from
sensorimotor to symbolic representations, analyzing two potential inputs for the
construction of the child mental representations of secure base information: children’s
own sensorimotor representations from earlier years based on their secure base
behaviours with father and mother and their parents’ attachment scripts in a sample of
64 child-mother and child-father dyads. We used as instuments the AQS (version 3.0,
Waters, 1995), the ASCT (Bretherton & Ridgeway, 1990), the WPPSI-R (1989;
portuguese version of Seabra-Santos et al., 2003) and the Attachment Script Assessment
(ASA – Waters & Rodrigues-Doolabh, 2004, unpublished manual). The results suggest
that children’s secure base behaviours can be predicted from parents’s attachment
scripts and that only children’s sensoriomotor representations based on their secure base
behaviours were predicting child mental representations, contrary to our expectations.
Finally, we analyzed the relation between children’s attachment representations
and the quality of kindergarten teacher-child relationships, in a sample of 52 children
and 4 kindergarten teachers. We used as instruments the ASCT (Bretherton &
Ridgeway, 1990), the WPPSI-R (portuguese version of Seabra-Santos et al., 2003) and
the Teachers’ ratings of child secure base behavior and emotion regulation (PCV-P,
Dias, Soares e Freire, 2004). Our data suggest that co-construction of a close
attachment-relevant relationship with a kindergarten teacher in early childhood is, in
part, a function of the quality of parent-child attachment relationships, but also of child
verbal development.
In general, our results contribute to the ongoing discussion about the child’s
construction of an integrated model of attachment relations, participating in two or more
qualitatively distinct relationships.
14
I
Índice
2.4 – Objetivos 35
Capítulo 3: Método 38
3.1 – Participantes 39
3.2 – Instrumentos 40
3.3 – Procedimento 46
Capítulo 4: Resultados 53
Considerações Finais 76
Referências 80
II
Lista de Tabelas
Capítulo 4: Resultados
Lista de Figuras
Capítulo 4: Resultados
Capítulo 1
Introdução Geral
2
Capítulo 2
Enquadramento Teórico
7
O conteúdo dos modelos internos consiste no que o sujeito sabe acerca das
relações, nomeadamente, o conhecimento factual – informação atual do sujeito
relativamente ao seu próprio comportamento de vinculação ou ao dos outros; e o
conhecimento afetivo – sentimentos associados às relações (Crittenden, 1990). Neste
sentido, Collins e Read (1994), defendem que os modelos internos são compostos por
quatro componentes interrelacionais: as memórias das experiências da relação de
vinculação, as crenças, as atitudes e expectativas acerca do self e dos outros na relação
de vinculação, os objetivos, estratégias e necessidades relativas à vinculação, e os
planos relacionados com os objetivos realizados na relação de vinculação. Os
prestadores de cuidados assumem um papel muito importante na forma como as
crianças desenvolvem precocemente os seus modelos internos (Oppenheim & Waters,
1995), através da qualidade do cuidado que lhes providenciam e das interpretações das
experiências que oferecem no contexto da partilha de conversa com as crianças.
Alguns autores (e.g. Bowlby, 1980; Stern, 1985) defendem que existe uma
relação entre a linguagem e os modelos internos. As evidências sugerem que aos três
anos de idade, a linguagem das crianças pode ser considerada um meio para aceder aos
modelos internos do self e da figura de vinculação (Bretherton, 1987); o que permite aos
investigadores, através de métodos semi-projetivos de finalização de histórias, acederem
às representações mentais da vinculação (e.g. ASCT de Bretherton & Ridgeway, 1990;
Teste de Ansiedade de Separação (SAT), adaptação de Klaugsburn & Bowlby, 1976).
Fase 1 – Orientação e sinais com discriminação limitada das figuras (0-3 meses).
Esta fase é caracterizada pela capacidade limitada do bebé para diferenciar uma pessoa
da outra, circunscrita a estímulos auditivos e olfativos. Todavia, comporta-se de forma
característica com as pessoas que o rodeiam; aprende a diferenciar entre o self e o outro.
Waters, Kondo-Ikemura, Posada e Richters (1990), comparam esta descrição com a que
Piaget (Piaget & Inhelder, 1995) faz do primeiro sub-estádio do período sensório-motor,
uma vez que os dois autores consideram os padrões inatos de comportamento como
base de comportamentos organizados e destacam a importância da interação com o
meio. Também Marvin e Britner (2008), integrando o que acontece cognitivamente no
período sensório-motor de Piaget, supõem que os MID têm nesta fase uma natureza
muito primitiva, associados à ativação e finalização de comportamentos discretos.
Durante estas duas primeiras fases o maior objetivo do bebé é manter um certo
grau de proximidade com o prestador de cuidados.
Segundo Ainsworth (1990), esta fase implica que a criança tenha atingido um
certo nível de desenvolvimento cognitivo e desenvolvido uma maior capacidade
representacional, o que possibilita e potencia o afastamento físico e a consequente
exploração do ambiente. Em consequência da representação internalizada, a criança
passa a sentir-se segura mesmo na ausência da figura de vinculação e a resistir a
separações prolongadas.
MID são entendidos como organizadores das experiências de vinculação atuais e como
filtro das experiências futuras.
Segundo Bowlby (1982), para que os MID sejam úteis, eles têm de ser
constantemente atualizados, o que nem sempre é fácil. Os modelos podem sofrer
mudanças resultantes das experiências vividas pelo indivíduo. Assim, durante os
primeiros anos de vida, os modelos internos são relativamente permeáveis à mudança,
caso a qualidade dos cuidados se modifique; todavia, se estes apresentarem um padrão
consistente durante a infância e a adolescência, é de esperar que os modelos se tornem
mais sólidos, isto é, que perante experiências que se repetem continuamente passem a
fazer parte da criança mais do que da relação, e que uma vez formados tendam a ser
operados de modo automático e inconsciente e assim, se tornem resistentes à mudança
(Collins & Read, 1994).
Uma vez que o desenvolvimento não é um produto fixo, mas sim o resultado da
interação entre a história cumulativa do sujeito até esse momento e as circunstâncias
atuais em que ele se encontra, a mudança é possível. Esta pode ocorrer numa direção
mais ou menos favorável consoante as alterações no ambiente, em particular, nos
cuidados à criança, e nos acontecimentos de vida reais, que tenham impacto na
organização dos comportamentos, nomeadamente, nos comportamentos de base segura.
15
são menos fiáveis. Neste sentido uma questão se levanta: “Poderemos dizer que estamos
a avaliar a continuidade da vinculação quando usamos medidas diferentes (ex., T1-
medidas comportamentais e T2- medidas representacionais)?”
vinculação. Num nível mais generalizado, estes modelos contêm informação geral e
abstrata, não só sobre a figura de vinculação mas também sobre o self, assim como
expectativas generalizadas acerca do estabelecimento de relações afetivas e de
confiança possíveis de ter face aos outros e face ao mundo.
Script Assessment (ASA). Espera-se, assim, que os sujeitos utilizem o script de base
segura, na elaboração das narrativas relacionadas com a vinculação. Estudos realizados
com recurso ao ASA em diversas culturas e etnias e diferentes grupos etários (e.g.
Coppola, Vaughn, Cassiba, & Costantini, 2006; Rodrigues-Doolabh, Zevallos, Turan, &
Green, 2003; Vaughn et al., 2007; Veríssimo et al., 2005; Waters & Rodrigues-
Doohlab, 2001; Dykas, Woodhouse, Cassidy, & Waters, 2006; Steele et al., 2014)
sugerem que utilizar o script como medida para as representações de vinculação é
económico e eficiente (ou seja, esta medida requer cerca de quinze minutos para ser
administrada e pode ser cotada por avaliadores treinados quase tão rapidamente quanto
são lidas as transcrições); o instrumento tem excelentes propriedades psicométricas,
adequados níveis de fiabilidade teste-reteste \ (r=.54, n = 53) (Vaughn et al., 2006a).
Waters e Rodrigues-Doolabh (2001) e Coppola et al. (2006) verificaram, também, que o
conhecimento e acesso ao script de base segura se encontra significativamente
correlacionado com a escala de coerência da AAI para as mães (meta-análise r=.53, n =
87). Elliott, Tini, Fetten e Sauders (2003) confirmaram estes resultados para adultos do
sexo masculino, e o mesmo acontece em amostras de adolescentes (Dykas et al., 2006).
Para além disso, os scripts de base segura estão positivamente associados com
uma parentalidade de alta qualidade, assim como com a segurança na vinculação na
próxima geração, mesmo em amostras de crianças adotadas (Bost et al., 2006; Coppola
et al., 2006; Groh & Roisman, 2009; Monteiro et al., 2008; Vaughn, Waters et al., 2006;
Veríssimo & Salvaterra, 2006). Ainda, os scripts de base segura maternos prevêem
postivamente as próprias representações mentais de vinculação das crianças (e.g. Wong
et al., 2011). Mais recentemente, Steele et al. (2014) verificaram que os scripts de base
segura dos adolescentes eram significativamente previstos pelas suas histórias de
cuidados sensíveis que tinham com seus pais e pelas suas próprias histórias de
vinculação segura.
Estes resultados sugerem que o script de base segura não é exclusivo para
adultos pertencentes à classe média e que vivem em sociedades ocidentais e
industrializadas. Como a teoria da vinculação prevê, o conceito de base segura é
transversal a uma grande variedade de culturas (Rodrigues-Doolabh et al., 2003; Waters
& Waters, 2006), sendo sustentado, assim, um dos princípios básicos da teoria da
vinculação – o conceito de intergeracionalidade (Main et al., 1985; Posada et al., 1995a;
Steele, Steele, & Fonagy, 1996).
mais influente para a criança (Bretherton, 1985). Assim, as relações que a criança
estabelece com outras figuras são influenciadas pela segurança de vinculação da criança
à mãe, podendo-se esperar que as diferentes relações de vinculação sejam concordantes
com a vinculação à figura materna. Em relação ao modelo de organização integrativa,
este sugere que as crianças integram todas as suas relações de vinculação numa única
representação. É dado um peso igual a todas as relações, não há qualquer suposição de
que uma relação de vinculação seja mais influente do que outra. De acordo com o
último modelo mencionado, cada vinculação é independente tanto em qualidade, como
na sua influência no desenvolvimento da criança. Este modelo considera que as
representações de diferentes relações de vinculação têm diferentes influências em
diversas áreas do desenvolvimento (Howes, 1999).
A perspetiva das redes de vinculação tem uma base evolucionista e defende que
a rede de vinculação é integrada, mesmo que não seja exatamente aditiva, e que a
construção por parte da criança de um modelo interno dinâmico de vinculação é
influenciada, em diferentes graus, por todos as suas relações de vinculação. Há, no
entanto, muito poucos estudos que permitam determinar se as contribuições de cada
relação de vinculação para a construção dos modelos internos dinâmicos são
equivalentes; ou se não contribuem de igual modo, se existe uma métrica válida para a
ponderação das influências das diferentes relações de vinculação. No entanto, estas
questões são resolvidas uma vez que com o aumento da idade e da maturidade, o círculo
afetivo da criança, que inicialmente se resume aos cuidadores e à família chegada, passa
a incluir também as relações de amizade, as relações com outros adultos significativos e
mais tarde passa a abarcar as relações com os parceiros românticos (Cyr & Van
30
Dawson, 2007), para a adaptação escolar (Baker et al., 2008), para uma boa gestão de
sala de aula (Riley, 2009) e para uma boa relação entre pares (Verschueren et al., 2012).
De acordo com Howes (1999), a relação da criança com o educador poderá ter
início aos quatro meses com a entrada para a creche, o que acontece numa fase anterior
ao aparecimento das representações de vinculação, que ocorre entre os seis e os oito
meses de idade. Sendo assim, as crianças com experiência de creche constroem,
simultaneamente, modelos internos de duas ou mais relações de vinculação. Por outro
lado, se a relação da criança com a figura de vinculação alternativa tiver início numa
fase posterior, em que a criança já estabeleceu uma ou mais relações de vinculação, essa
relação emerge num contexto de vinculação já existente. No entanto, há a salientar que
tanto o contexto, como a história da relação, são diferentes para cada figura.
vinculação da criança aos seus pais (Goossens & Van Ijzendoorn, 1990; Howes &
Hamilton, 1992; Sagi et al., 1995).
Desta forma, alguns investigadores (e.g. Riley, 2011; Sierra, 2012; Verschueren
& Koomen, 2012) consideram o educador como uma figura de vinculação
complementar, que em determinadas situações pode desempenhar um papel mais
protetor do que o normal, mas que geralmente não pode ser comparado à figura
parental. Esta ideia vai de encontro à perspetiva de redes de vinculação, ao diferenciar
explicitamente a natureza de ambas as relações.
A relação da criança com o educador pode ainda ser afetada por diversos fatores:
a continuidade da relação que o educador tem com a criança ao longo do tempo, ou seja,
a existência de uma história partilhada com uma figura estável; no nosso sistema
educativo, em grande parte dos casos, na educação pré-escolar cada turma é
acompanhada pelo mesmo profissional ao longo dos vários anos. Este é um fator de
relevo, pois permite à criança construir os seus próprios modelos internos a respeito
dessa relação. Tais representações possibilitam o desenvolvimento de um padrão de
34
Para alguns autores, o educador ideal será aquele que fornece um meio
estimulante a nível de aquisições linguísticas e cognitivas, mas também aquele que,
através dos seus cuidados e do seu relacionamento com a criança, a ajuda a formar
relações seguras fora do contexto familiar (e.g. Sroufe, Fox, & Pancake, 1983; Howes,
Hamilton, & Matheson, 1994). Os educadores desempenham, assim, um papel
fundamental no desenvolvimento afetivo, social e cognitivo das crianças.
35
2.4 – Objetivos
começa, assim, a desenvolver-se com a construção dos modelos internos das figuras de
vinculação (Ainsworth et al., 1978). Durante a infância, os modelos internos operam
primariamente a um nível sensório-motor e a partir, sensivelmente, dos três anos de
idade, há uma reorganização do comportamento para um nível mais simbólico (Main et
al., 1985); contudo, os processos envolvidos nesta transição são desconhecidos e as
evidências no que diz respeito à influência das representações mentais na criança ao
longo do tempo continuam escassas. Mais, como refere Bretherton (2005), pouco ainda
se sabe sobre como as crianças constroem os seus modelos, participando em duas ou
mais relações qualitativamente distintas.
Capítulo 3
Método
39
3.1 – Participantes
3.2 – Instrumentos
Attachment Script Assessment (ASA) (Waters & Rodrigues-Doolabh, 2004, manual não
publicado).
De acordo com Waters e Waters (2006), na cotação das narrativas não devem ser
tidos em consideração, por exemplo, detalhes relativos à linguagem (e.g. os tempos
verbais, ou as repetições) e à veracidade da história (uma vez que todas as histórias são
fictícias), devendo evitar-se as inferências acerca dos estados mentais e as interpretações
psicodinâmicas. Waters e Rodrigues-Doolabh (2001) verificaram, ainda, que o QI das
mães não se encontra significativamente correlacionado com os valores script de base
segura, pelo que, este método não avalia de modo significativo as competências verbais
gerais dos sujeitos. Os resultados de Elliot et al. (2003) confirmam este resultado para
adultos do sexo masculino.
Os 28 itens da escala são avaliados pelo professor de acordo com uma escala de
Likert de 5 pontos, sendo 1= totalmente diferente deste aluno, 2= um pouco diferente
deste aluno, 3= nem parecido nem diferente deste aluno, 4= um pouco parecido com
este aluno, 5= totalmente parecido com este aluno. O comportamento avaliado refere-se
a comportamentos referentes à sua relação com a criança e desta com os seus colegas,
observado pelo professor nos últimos meses.
46
3.3 – Procedimento
Observações do AQS
Foi dito aos pais que o objetivo da visita era conhecer a criança e a mãe/pai na
sua rotina e interações diárias, pelo que lhes foi pedido que mantivessem as suas
atividades do dia a dia inalteradas. Não foram colocadas quaisquer restrições às díades
aquando das observações. Estas foram realizadas por dois observadores que se
comportaram como se de visitas sociais da casa se tratassem, procurando não interferir
na rotina familiar, mas participando nas brincadeiras da criança quando solicitados e
conversando informalmente com a mãe/pai, tendo sempre o cuidado de não perturbar as
interações em curso. Quando se tornava oportuno, e na sequência da conversa com a
mãe/pai, foram-lhe colocadas questões acerca de itens que não se podem observar (e.g.
o item 10 refere-se ao comportamento da criança quando se vai deitar) e de itens que
não foram observados na visita (e.g. o item 45 refere-se ao facto da criança gostar de
cantar e dançar ao som de músicas).
ASCT e WPPSI-R
A cotação das narrativas dos sujeitos foi realizada de forma independente por
dois investigadores estranhos à situação da recolha dos dados.
Cada uma das cinco histórias foi cotada ao nível da Segurança, numa escala de 8
pontos (e.g. Robinson, Mantz-Simmons, MacFies, & the MacArthur Narrative Working
Group, 1992; Page & Bretherton, 1993; Golby, Bretherton, Winn, & Page, 1995; Heller,
2000). É de notar que estes critérios se afastam do método de cotação originariamente
proposto por Bretherton et al. (1990), de avaliação categorial das narrativas em seguras,
inseguras ambivalentes/evitantes e desorganizadas. Esta opção por uma avaliação das
representações de vinculação num contínuo, privilegiando a extensão em que estão
presentes elementos de segurança, em detrimento de uma classificação categorial que
pode ser redutora (Oppenheim, 1997), parece-nos desejável, estando em acordo com as
atuais tendências de investigação na área (por exemplo, na análise de narrativas de
adultos (Waters & Rodrigues-Doolabh, 2004) e em observações com o Attachment Q-
Set (Waters, 1995)). Este sistema de codificação mais abrangente inclui uma
identificação do tema geral e sub-temas (e.g. pró-social, obediência/disciplina, agressão,
perigo…), uma avaliação mais ampla dos elementos narrativos (e.g. representações
parentais, o tipo de resolução história) e dos elementos performativos relevantes (e.g.
expressividade emocional geral, conhecimento emocional, interação com o
entrevistador, comportamento não-verbal, o investimento na tarefa, fluência e
evitamento), juntamente com escalas para avaliar a segurança geral.
O valor final para cada narrativa foi obtido através da média dos valores dados
pelos investigadores que cotaram as histórias. Efetuou-se a média das cotações das
histórias adulto/criança obtendo-se um valor para este grupo, realizando-se o mesmo
para as histórias adulto/adulto. Um valor global foi obtido através do cálculo da média
das 4 histórias com conteúdo de base segura.
PCV-P
Nos estudos originais (Dias et al., 2008), esta medida apresentou uma boa
consistência interna para a sub-escala Comportamento de Base Segura (CBS) e para a
sub-escala Autorregulação Emocional (ARE), com coeficientes de Alpha de Cronbach
de 0.93 e de 0.89, num primeiro estudo, e de 0.86 e 0.84, num segundo estudo,
respetivamente. No presente estudo, os coeficientes de Alpha de Cronbach para ambas
as sub-escalas também foram elevados (0.84 para a dimensão CBS e 0.78 para a
dimensão ARE), confirmando a sua consistência interna.
53
Capítulo 4
Resultados
54
Os valores de segurança para a mãe variam entre -.11 e .74, com uma média de
.49 (DP=.21), e para o pai variam entre -.04 e .82, com uma média de .51 (DP=.22).
Estes resultados encontram-se dentro dos valores médios obtidos na meta-análise de van
IJzendoorn et al. (2004), na qual os valores de segurança à mãe variam entre .25 e .65 e
ao pai entre .29 e .44, em amostras não clínicas. Um teste t-Student para amostras
emparelhadas revelou que não existem diferenças significativas entre os valores de
segurança da criança na relação com a mãe e com o pai (t (70) = 1.07; p =.28); ou seja,
as crianças utilizam quer a mãe quer o pai como base segura.
Concordância entre os valores de segurança da criança nas relações com a mãe e com
o pai
Tabela 1.
Valores mínimos, máximos, média e desvio-padrão utilizando a Escala de Segurança
da Vinculação em cada história.
Narrativas Mínimo Máximo Média Desvio Padrão
Sumo Entornado 5,00 6,94 6,06 0,65
Joelho Magoado 4,92 7,44 6,20 0,83
Monstro no Quarto 3,42 7,19 5,57 0,88
Separação 4,00 7,00 5,68 0,69
Reencontro 3,00 7,00 5,83 0,96
Tabela 2
Correlações entre a Segurança do AQS e a Segurança do
ASCT
Segurança AQS
Mãe Pai
Segurança ASCT
0.26* 0.32*
* <.05
Tabela 3
Correlações entre as variáveis descritivas e os valores de segurança para mães
e pais e o valor da segurança do ASCT
Segurança/AQS Segurança/AQS
Segurança/ASCT
mãe pai
Idade entrada
-.04 .05 -.21
Creche/J.I.
Nº horas Creche/J.I -.01 .03 .16
Idade/mãe -.21 -.07 -.10
Idade/pai -.16 -.16 .01
Hab. Literárias/mãe .24* -.17 -.02
Hab. Literárias/pai .20 -.01 .08
* <.05
os valores de segurança ao pai nas raparigas (M=.51; DP=.22) e nos rapazes (M=.56;
DP=.17) F(70,1)=.87, p>.05. Assim, tal como se verificou noutros estudos (e.g. Caldera
2004; Main & Weston, 1981; Monteiro et al., 2008) o sexo da criança não está
associado à segurança da vinculação tanto para a mãe como para o pai. Por outro lado,
foram encontradas diferenças significativas entre os valores de Segurança do ASCT nas
raparigas (M=6.00; DP=1.07) e nos rapazes (M=5.32; DP=.74) F (70,1) =9.64, p<.05.
Isto vai de encontro ao já verificado em outros estudos (Pierrehumbert et al., 2009;
Maia, Veríssimo, Ferreira, Silva, & Antunes, 2012) com as narrativas produzidas pelas
raparigas a receberem pontuações mais elevadas na dimensão segurança do que as
narrativas produzidas pelos rapazes.
Podemos, ainda, verificar que o script global (dado pelo score global das
narrativas) da mãe e do pai estão positivamente correlacionados (r=.36; p<.01). Assim,
58
quanto mais elevados os valores nas narrativas elaboradas pelo pai, mais elevados os
valores nas narrativas elaboradas pela mãe.
Tabela 4.
Correlações entre a Segurança do AQS e a Segurança das
Narrativas
Segurança AQS
Mãe Pai
Mãe .36** .24*
Narr.Total
Pai .00 .29*
* < .05; ** < .01
Quando o valor de segurança do AQS com o pai foi o critério, o primeiro passo
da regressão (i.e., o valor script do pai como preditor) foi significativo (F(1, 52)= 5.0,
p< .01), (p< .01). Acrescentar o valor do script materno, no segundo passo da
regressão, não aumentou o R2 geral, e o valor beta para o script materno não obteve um
efeito significativo (F(2, 51) = 2.46, p> .05), ( = .00, p> .05). Quando o valor de
segurança do AQS com a mãe foi o critério, o primeiro passo da regressão (i.e., o valor
59
script da mãe como preditor) foi significativo (F(1, 74) = 11.3, p< .05), ( = .36, p<
.05). Acrescentar o valor do script paterno, no segundo passo da regressão, não
aumentou o R2 geral e valor beta para o script paterno não foi significativo (F(1, 57) =
0.0, p> .05), ( = .00, p> .05).
Do Sensório-motor ao Simbólico
Tabela 5
Intercorrelações das variáveis em estudo
Segurança AQS Script de Vinculação
Tabela 6
Correlações entre as variáveis em estudo
Variáveis 1. 2. 3. 4. 5.
1. Segurança de vinculação das narrativas .35* .17 .37* -.06
2 .CBS .42** .46** -.06
3. ARE .18 .17
4. QI Verbal -.08
5. Sexo (0=masculino; 1feminino)
* <.05; **<.01
Tabela 7
Modelo de regressão analisando o CBS e ARE
Variáveis Dependentes
CBS ARE
Beta t Beta t
Segurança de vinculação das narrativas .20 1.4 .06 .40
QI Verbal .38 2.7** .13 .89
Sexo -.02 -.20 -.28 1.95
Modelo R2 .25** .16
**<.01
Tabela 8
Modelo explicativo da Caracterização do Educador do
comportamento de Base Segura da Criança com termo de interação
Variável Dependente
CBS
Beta t
Segurança de vinculação das narrativas .27 2.0*
QI Verbal .38 2.8**
Segurança x QI -.26 2.1*
Modelo R2 .31***
* <.05; **<.01; ***<.001
63
Além disso, a análise da dispersão para o QI verbal x CBS, mostrou que crianças
com baixas pontuações (ou seja, <-1DP), tanto nas representações de segurança da
vinculação como no QI verbal, tiveram pontuações mais baixas (em média) na
dimensão CBS do que as crianças com pontuações mais elevadas nas representações de
segurança da vinculação (ou seja, média e alta). Além disso, todas as crianças com
pontuações de representação de vinculação >1DP acima da média do grupo tinham
professores que avaliaram o comportamento de base segura acima da média de grupo,
embora tenham sido heterogéneos em relação ao QI verbal. Esta é a razão mais provável
para que o sinal do termo de interação seja negativo.
64
Segurança da
Vinculação
-1DP
Média
+1DP
CBS
QI verbal
Capítulo7
Discussão Geral
66
No que concerne, à análise dos valores de segurança da criança nas relações com
a mãe e com o pai, este estudo aponta para uma concordância significativa entre os
mesmos (r= .26), o que vai ao encontro dos resultados obtidos noutros estudos (e.g.
Caldera, 2004; Frosch et al., 2000; Monteiro et al., 2008; Rosen & Burke, 1999; Rosen
& Rothbaum, 1993; Steele et al., 1996; Veríssimo et al., 2006). Na meta-análise de van
IJzendoorn e De Wolff (1997) encontrou-se somente uma correlação modesta (.17),
entre a qualidade da vinculação da criança à mãe e ao pai, pelo que, para os autores, a
segurança não parece estar, substancialmente, generalizada às diferentes relações dentro
do contexto familiar. A segurança da vinculação deve, assim, ser vista como uma
característica da relação e não é como um traço da criança (Ainsworth et al., 1978;
Bowlby, 1969/1982; Main & Weston, 1981; Sroufe, 1985; Sroufe & Waters, 1977).
crianças (como é inferido pela organização dos comportamentos das crianças), logo será
de esperar uma concordância nos valores de segurança da criança à mãe e ao pai (Steele
et al., 1996). Esta semelhança nos comportamentos parentais poderá, também, ser
explicada, pelo menos em parte, pela concordância nas representações de vinculação no
casal (van IJzendoorn & Bakermans-Kranenburg, 1996). Poder-se-á, também, colocar a
hipótese de um progenitor, nomeadamente a mãe, influenciar a natureza da relação que
a criança tem com o outro progenitor (Steele et al., 1996). Outra explicação poderá,
ainda, residir nas características individuais da criança, por exemplo o temperamento
(Fox et al., 1991).
Deste modo, as crianças que foram avaliadas com uma relação de vinculação
segura desenvolveram, provavelmente, modelos internos de relações de vinculação
seguras e foram capazes de utilizar esses modelos na resolução das situações
apresentadas nas histórias. No final das histórias narradas por estas crianças, surgem
adultos de confiança e protetores, que respondem de modo eficaz, fornecendo ajuda,
proteção e cuidados de acordo com as necessidades. As crianças seguras associam este
adulto ao eliminar do perigo, da dor ou da ansiedade; nas histórias que envolvem a
separação e reunião, os pais são bem recebidos, os elementos da família estão
finalmente em segurança e unidos; e o final das histórias é claro.
Também, e mais uma vez, ao contrário do que seria de esperar, do ponto de vista
da Teoria da Vinculação, verificou-se uma diferença em função do sexo [F (70,1)
=9.64,p <.05] nas respostas ao ASCT, com as histórias produzidas pelas raparigas, em
média, a receberem pontuações mais elevadas na dimensão segurança, o que significa
que as raparigas produziram histórias mais elaboradas e coerentes, pautadas por uma
maior facilidade e espontaneidade discursiva.
Não obstante o facto deste dado ser inesperado do ponto de vista da vinculação,
a verdade é que o mesmo tem sido encontrado em diversos estudos, como por exemplo:
Verschueren, Marcoen e Schoefs (1996) registaram que, apesar de o sexo não estar
associado significativamente com a classificação de vinculação atribuída, quando era
feita uma avaliação quantitativa das histórias, as raparigas pontuavam
70
Os dados obtidos sugerem que mães e pais têm conhecimento e acesso ao script
de base segura, confirmando e alargando os resultados de estudos anteriores, com mães
oriundas de diversos grupos sócio-culturais (e.g. Rodrigues-Doohlab et al., 2003;
Vaughn et al., 2007), nomeadamente, o português (Veríssimo et al., 2005), e com pais
portugueses (Veríssimo et al., 2006). Assim, mães e pais, quando confrontados com os
diferentes grupos de palavras sugestivas, parecem ativar as suas crenças e expetativas
relacionadas com o script e que orientam as suas narrativas. A ideia implícita à
utilização das narrativas é que os processos mentais variam, tal como os processos
comportamentais, em função dos diferentes modelos internos, o que se reflete na
linguagem (Crowell, Fraley & Shaver, 1999; Main et al., 1985).
Analisando os dados das narrativas elaboradas pela mãe e pelo pai, obtiveram-se
correlações elevadas para as narrativas adulto-criança e adulto-adulto, tanto para a mãe
(r=.65;p <.05) como para o pai (r=.79;p <.05); o que está de acordo com o estudo de
Waters e Waters (2006). Correlações superiores a .50 indicam que um script de base
segura comum é relevante para ambos os tipos de relação. Este resultado é importante
na medida em que é consistente com a noção de que as relações adulto-criança e adulto-
adulto são semelhantes na sua natureza.
Considerações Finais
assim, fundamental analisar os anos pré-escolares quer na relação da criança com a mãe,
quer com o pai, porque apesar de estes anos serem caraterizados por importantes
desenvolvimentos a nível cognitivo, linguístico, motor e social, os comportamentos de
vinculação permanecem centrais na organização do comportamento da criança (Marvin
& Britner, 1999). Além disso, este período parece ser, também um período de crescente
interesse e envolvimento nas interações pai-criança (Easterbrooks & Golberg, 1984;
Lamb, 1977). Apontamos, ainda, outras limitações no que se refere à qualidade da
relação educador-criança: apenas recolhemos os auto-relatos dos educadores; seria
pertinente em estudos futuros incluir a avaliação da sensibilidade dos educadores e
observações diretas do comportamento das crianças em relação ao educador. Além
disso, a maioria das crianças deste estudo vêm de famílias de classe média que
frequentam instituições particulares de solidariedade social (IPSS), é possível que
crianças oriundas de famílias menos favorecidas tenham uma capacidade verbal média
inferior às crianças deste estudo e, em caso afirmativo, seria interessante perceber se a
qualidade das relações educador-criança teria uma associação mais forte com a
segurança das representações de vinculação do que com a inteligência verbal.
Finalmente, tanto as medidas do educador como da criança foram realizadas em
simultâneo; seria importante conduzir estudos longitudinais onde a segurança da
vinculação e a inteligência verbal fossem avaliadas em várias ocasiões, de preferência
antes da entrada para a creche/jardim de infância, para descortinar as implicações da
segurança de vinculação e da inteligência verbal na qualidade da relação educador-
criança.
Por fim, gostaria, ainda, de realçar que apesar dos modelos internos poderem ser
vistos como um conceito teórico que tudo abarca e explica, temos de ter em atenção que
não é uma teoria geral que explique todas as relações e experiências sociais da criança.
Antes, os modelos internos dinâmicos devem ser considerados como uma metáfora
conceptual que tem sido relacionada com vários aspetos do desenvolvimento da criança,
contribuindo assim para o desenvolvimento do próprio conceito (Belsky & Cassidy,
1994; Thompson et al., 2003).
80
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