Louis Burlamaqui - Flua
Louis Burlamaqui - Flua
Louis Burlamaqui - Flua
Capa
Folha de rosto
Dedicatória
Flua
Palavra do autor
O propósito deste livro
Os 12 pactos de uma pessoa fluida
Introdução
Parte I
Parte II
Parte III
Parte IV
Pacto 1
Pacto 2
Pacto 3
Pacto 4
Parte V
Pacto 5
Pacto 6
Pacto 7
Pacto 8 –
Parte VI
Pacto 9 –
Pacto 10 –
Pacto 11 –
Pacto 12 –
Parte VII
Bibliografia recomendada
Agradecimentos
Tenha uma experiência com Louis Burlamaqui
Créditos e copyright
Esta obra é dedicada a Zoraídes Machado (in memoriam), aquela que serviu
a todos.
Flua
PALAVRA DO AUTOR
Louis
OS 12 PACTOS DE UMA PESSOA FLUIDA
O que é “noético”?
Certa vez, uma pessoa perguntou a um pajé e xamã americano de 101 anos:
– O que você faz?
– Ensino meu povo.
– O que você ensina?
– Quatro coisas: primeiro, a escutar; segundo, que tudo está interligado;
terceiro, que tudo está em transformação; quarto, que a Terra não é nossa, nós é
que somos a Terra.
A fluidez leva você ao caminho. Este livro intenciona trazer-lhe chaves para
a fluidez. Com ela, você saberá o caminho.
Saia do trilho e assuma a sua trilha.
PARTE II
AS COMPETÊNCIAS EMOCIONAIS
MUITAS EMOÇÕES, MUITAS CONFUSÕES
Quando falamos em competências, podemos entender que a questão se
refere à condição que alguém possui de fazer algo em um nível aceitável.
Portanto, no entendimento deste livro, competência relaciona-se à capacidade de
o sujeito realizar alguma coisa. A esse respeito, Susan Ennis, do Bank Boston,
certa vez relatou a Daniel Goleman: “O que se destacava não era sua capacidade
intelectual, pois quase todos nessa companhia têm praticamente o mesmo grau
de inteligência, mas sim a sua competência emocional. É sua capacidade de
ouvir, de influenciar e de colaborar que faz com que as pessoas fiquem
motivadas e trabalhando bem em conjunto”.
A competência emocional também pode ser entendida como a soma de
conhecimentos e habilidades que permitem a uma pessoa lidar com as próprias
emoções e com as dos outros, bem como saber como e quando expressar as
emoções. Esses conhecimentos e habilidades melhoram as percepções da pessoa,
tornando-a capaz de:
Competência = Capacidade
Sensação = Físico
Sentimento = Estado
Emoção = Ação
Traumas de nascimento
Traumas de desaprovação parental
Crenças assumidas (lei pessoal)
Ânsia inconsciente de morte
Memória de vidas passadas
Traumas escolares
Traumas religiosos
Senilidade
Supressão do feminino
Síndrome de salvador do mundo
Cada pessoa que convive com uma criança de até dois anos faz de tudo para
que ela “ande e fale”. Depois, pelos próximos 18 anos, todo mundo quer que ela
“se sente e cale”.
SUPRESSÃO E EXPRESSÃO
Quando nós sentimos algo, o que devemos fazer? Exatamente o que as
crianças fazem: expressar.
“Estou confusa”;
“Não sei o que estou sentindo, se é amor ou ódio”;
“Estou cheio de sentimentos, mas não sei lhe dizer o que sinto mesmo”;
“Estou com um aperto no coração”.
Ir ao centro da emoção
Quando nos permitimos “soltar”, podemos também guiar nossa mente se for
apropriado. Toda emoção manifesta tem um sentimento conectado a uma
memória. Ao guiar sua atenção ao centro da questão, muitas vezes surgem
memórias. Permitir-se ir à origem da questão pode dar um novo entendimento ou
significado que, na época, não existiu. A expressão da emoção pode nos levar a
memórias, e elas podem ser mudadas.
Apatia
A apatia é o estado emocional em que sentimos um desejo de morrer, mas
não tomamos nenhuma atitude. Esse estado vem da desilusão, da descrença em
nossas capacidades, de um cansaço de tudo e da vida, da falta de esperança.
Muitas pessoas se sentem apedrejadas, moídas e condenadas. Reações típicas de
desatenção, tédio, esquecimento e negativismo são frequentes. Outros padrões
comuns são indiferença, fracasso, indecisão, falta de humor e preguiça.
Tristeza
A tristeza é o estado emocional em que queremos alguma coisa a mais e nos
sentimos impotentes para obtê-la. Somos dominados pela inércia com uma
vontade reprimida. Uma raiva passiva. Nosso corpo tem um pouco mais de
energia que no estado de apatia, mas somos tomados pela dor e pela contração. A
tristeza vem de muitos movimentos, como abandono, abuso, culpa, desespero.
Muitas pessoas passaram por situações difíceis e não conseguiram se livrar
delas. Eis algumas dessas situações: o sujeito foi enganado ou traído, perdeu
pessoas queridas, tem saudade, sente vergonha de atitudes passadas, vivenciou
tormentas.
Medo
Quando sentimos medo, queremos que ele vá embora, e ele normalmente
não vai. No fundo, nossa mente acredita que não vamos dar conta da situação. O
que nos leva a sentir medo pela nossa interpretação é a apreensão, a ansiedade, a
desconfiança, o nervosismo, a irracionalidade. Quanto mais inibidos, duvidosos,
céticos, frenéticos e preocupados somos, mais indícios para criações e
manifestações do medo.
Luxúria
Quando experimentamos luxúria, queremos o controle e a posse. É uma
possessão desmedida. Quando nos encontramos nesse estado, temos compulsão,
egoísmo, imprudência e ganância; tornamo-nos, às vezes, glutões, invejosos,
exigentes, avarentos e obcecados. Queremos acumular coisas e viramos
manipuladores, perversos e possessivos.
Raiva
Quando temos raiva, é fácil perceber. Pouco provável que alguém finja raiva,
pois é um sentimento que nos toma de assalto. A raiva é uma reação que ocorre
quando algo nos dói e nos machuca. Queremos eliminar aquilo. Tornamo-nos
seres em ebulição, agressivos e irritados. Nosso lado ciumento, hostil,
impaciente, rancoroso, resistente, ressentido, impiedoso e indignado é evidência
clara desse estado.
Orgulho
Experimentar o estado de orgulho representa o desejo de o indivíduo manter
a condição em que se encontra. Significa ele querer mostrar o que tem, o que
adquiriu, suas histórias, suas viagens. Pessoas orgulhosas não permitem que
outros tenham mais do que eles. Não admitem competidores em suas visões. São
sujeitos que acabam jogando e fazendo papéis para ganhar aliados. São pessoas
às vezes arrogantes, autossuficientes, chatas, donas da verdade, dogmáticas,
esnobes, pseudo-humildes, com tendência ao fanatismo, a se mostrarem
superiores, presunçosas e teimosas, vangloriando-se de tudo e caindo em atitudes
de hipocrisia.
Poder
Quando sentimos poder, agimos sem hesitação. Temos uma sensação de “eu
posso”. Saímos do vitimismo e assumimos nossa vontade e nossas atitudes.
Pessoas em estado de poder são abertas, alegres, centradas, decididas e
confiantes. Tendem a ser mais aventureiras, corajosas, criativas, flexíveis e
independentes. Com poder, a motivação é maior, assim como o otimismo e o
senso de humor.
Paz
Quando experimentamos a paz, temos uma sensação de fluir, de estar no
fluxo natural das coisas. Não precisamos mais lutar e nosso esforço e empenho
vêm de forma natural e energizada. Temos uma sensação de abundância,
abrangência, amor e beleza. Relacionamo-nos facilmente com pessoas, pois
“gostar” e “não gostar” não fazem mais diferença. Temos nossas crianças
internas manifestadas, sentimo-nos enriquecidos e em equilíbrio. A gentileza
brota espontaneamente, assim como o entendimento e a graça. A sensação de
maravilhamento é frequente, assim como a sensação de pertencer.
Alinhamento
O estado de alinhamento dá o entendimento de completude ou “eu sou”. É
uma sensação de que estou uno, tudo está em mim e sinto tudo. Está tudo
perfeito. Brota naturalmente um bem-estar contínuo, acompanhado de calma,
leveza, preenchimento, quietude, serenidade e sabedoria. Sentimos maestria,
presença, luz, pureza, sorte e liberdade. Vivemos sem tempo, sem pressa, sem
limites, com tudo acontecendo na mais perfeita ordem.
EMOÇÕES ESTÃO EM TODA PARTE
Quando eu era membro do conselho latino-americano de uma companhia
americana, tínhamos frequentemente reuniões nos Estados Unidos para análise
ambiental, definição de estratégias e objetivos para diversos países. Nessas
reuniões, era perceptível o excessivo controle emocional dos americanos e o
descontrole emocional dos latinos. Um amigo confidenciou:
– Aqui, nos Estados Unidos, deixar a emoção aflorar demonstra fragilidade e
instabilidade.
Um amigo latino argumentou:
– Lá no México, demonstra frieza ou medo de ser você mesmo.
Por que será que não lidamos de forma adequada com nossas emoções? Será
que é uma forma de nos fragilizarmos? Ou as crenças não permitem esse tipo de
discussão? Talvez seja algo tão complexo que não mereça tanta atenção ou
estudo. Ou talvez seja assunto para desequilibrados ou loucos, que precisem de
psiquiatras ou terapeutas.
Fluidez emocional não significa necessariamente uma emoção solta e
desenfreada. Significa, em um primeiro momento, pessoas livres e conectadas às
suas emoções.
Desde o instante em que acordamos até a hora de dormir, vivenciamos uma
série de experiências. Essas experiências nos afetam, assim como nós as
afetamos. É nessa interação que criamos sensações, sentimentos, percepções que
tocam nossas emoções. Emoções causam perturbações positivas ou negativas em
nossas mentes e em nossas vidas.
Quando despertamos pela manhã e entramos no chuveiro, podemos sentir o
prazer da água quente ou já viver a tensão da reunião matinal; ou, ainda, a
alegria de rever um amigo que chegará em breve. A todo momento, estamos
criando imagens e pensamentos em nossas mentes, fruto de nosso passado,
presente ou futuro. Esses pensamentos influenciam o que sentimos a partir da
interpretação do que pensamos.
A mesma reunião pode ser tanto fonte de angústia para um como motivo de
entusiasmo para outro. Depende da óptica de cada sujeito, assim como das
experiências ou expectativas correlacionadas por ele mentalmente.
Temos, às vezes, a ilusão de que, se não falarmos sobre o sentimento, vamos
processá-lo e esquecê-lo. Não nos esquecemos de nada. Está tudo registrado. O
problema é que muitas pessoas não tiveram a liberdade para expressar o que
sentem desde a infância e assumiram a atitude de “deixar para lá”. O sentimento
é um pensamento “não pensado”.
Grande parte das doenças que temos é criada por nós mesmos a partir de
emoções contidas. Essas emoções ou esses sentimentos não expressos nem
revelados tornam-se bombas-relógios e podem afetar nossa área mais frágil
fisiologicamente.
Quanto mais conectado o sujeito estiver com seus sentimentos, mais vai
entender que tudo em sua volta gera emoções. Decisões como:
Associar-se ao estado
O segundo passo é associar-se a um dos nove estados emocionais. Veja por
meio do qual sente, onde se encaixa. Assim, poderá trabalhar com mais precisão.
Venho usando ano após ano, com centenas de pessoas, esse processo com
extremo êxito. Muitas delas encontraram pactos de uma forma que as
impressionou. Se você seguir com primor esse processo, acredito que se
defrontará com pactos que nunca imaginaria ter feito. Pode ser algo libertador.
Lembre-se de que você pode observar seus pactos em tudo aquilo que se
repete. A repetição é baseada em um consentimento, e esse consentimento é um
acordo ou pacto feito. Não reclame de algo que se repete em sua vida.
Concentre-se em descobrir o pacto que sustenta isso.
Quando fazemos as questões acertadas, o Universo responde.
Invariavelmente. Adicione sempre que possível os “porquês”, pois eles são
instrumentos investigativos bem eficazes.
Essa é uma forma de ir até os pactos, pois, queiramos ou não, lá eles estão,
vivinhos, latentes e operantes. O grande benefício desse método é revelar um
cenário maior sobre o sujeito, ajudando-o a perceber seu universo de pactos e
como eles se repetem, quais são interessantes e úteis, e quais não o são.
Cada um tem o direito e o poder de quebrar esses pactos após a identificação
de sua origem, caso queira e sinta isso.
Normalmente, não é difícil chegar aos pactos quando fazemos as perguntas
certas e damos o enfoque preciso, justo. O que em geral ocorre é que algumas
pessoas, na ânsia de encontrá-los, desviam-se emocionalmente, trazendo outras
questões que fogem da essência da pergunta inicial.
AO MEXER NOS PACTOS, EU MEXO NA MINHA
NATUREZA?
Nossa natureza será sempre a nossa natureza. Pactos são consequências de
nossa natureza, como também podem adulterá-la, de forma a criar anomalias,
tristeza e sofrimento. Pactos podem criar um véu capaz de impedir fluidez e
manifestação. Pactos criam contextos. Você pode muito bem perceber isso pelos
incômodos em sua vida. Se algo que você faz o incomoda muito, a ponto de
causar-lhe dor, algo tem aí que deve ser investigado. A dor, o incômodo, a raiva,
a tristeza, a perda, o prejuízo, quando frequentes, são sinais. Os sinais mostram
as ligações com os pactos.
COMO ALTERAR OS PACTOS DEPOIS DE
IDENTIFICADOS?
Escolha um pacto para trabalhar. Pactos andam juntos. Às vezes, um está
atrelado a outro. Assim, algumas pessoas podem pensar que deveriam trabalhar
com todos. Não necessariamente. Quando mexemos com um de forma efetiva,
mexemos com vários. Muitos caem quando apenas um cai ou é modificado.
Quando se decidir por um, recomendo que o escreva da maneira mais clara
possível. Normalmente, uma frase é suficiente. Por exemplo: tenho que dar certo
na vida.
• Método ASA-RA
A – adote
S – sinta
A – ame
R – reescreva
A – alinhe
Não estou sugerindo que o leitor pare, por exemplo, de comprar presentes no
Natal simplesmente para sair do padrão normótico, mas sim que reflita sobre o
sentido disso para si, sobre o que esse momento realmente lhe diz, o quanto ama
e quer as pessoas que estão em sua vida hoje, qual é o melhor presente para elas
etc. Essas questões nos fazem verdadeiramente avaliar nossos condicionamentos
sociais e trazem luz para um comportamento natural e autêntico do nosso ser.
A normose pode vir de um padrão de pensar, agir ou sentir, de um consenso
social ou de uma verdade coletiva. Trata-se da normalidade doentia – lembrando
que existe a normalidade saudável.
Tudo que é feito no piloto automático, que não é pensado, que não está
consciente e que é um processo repetitivo configura um processo normótico. No
entanto, isso não significa que não possamos mais repetir nada em nossa vida.
Não tem nada a ver com isso. Padrões saudáveis e conscientes devem ser
repetidos, porém grave o leitor a chave: tem que existir consciência do que está
sendo feito. Consciência significa estar ciente, perceber e sentir o que fazemos
no tempo presente. O tempo presente é a chave para a consciência.
Temos, também, inúmeros padrões normóticos na forma de pensar e estes, às
vezes, representam o maior entrave para o nosso progresso como seres humanos.
Vivemos de tal forma que estamos nos levando à extinção, sem pensar no que
comemos e compramos, ou nos materiais que usamos! Somos facilmente
convencidos por campanhas bem-sucedidas de marketing a consumir
determinados produtos que efetivamente não trazem, em absoluto, nada de bom
para nós ou para o mundo, e continuamos a consumir, achando tudo muito
bonito. É um padrão para obtermos aceitação dos outros.
A moda é outro bom exemplo de padrão normótico. Agora, a cor da estação
é verde, então muitas pessoas trocam suas roupas e compram o que é verde.
Muitos ainda adquirem as mesmas roupas para ser aceitos em determinados
grupos ou tribos sociais. Não quero dizer que há algo de errado com a moda. As
confecções, as fábricas têm o papel de traduzir, nas roupas, as mudanças sociais
e comportamentos, e de buscar um contínuo desenvolvimento tecnológico. Mas
o que quero mostrar é a interpretação normótica que concebemos com o
propósito de buscar uma aceitação ou, até mesmo, de criar um valor emocional
para nós mesmos por meio da roupa.
Quando as pessoas precisam de algum produto para ser reconhecidas e
aceitas nas tribos, temos normose alimentando normose. As marcas investem no
marketing a fim de que as pessoas, ao usarem determinados produtos, criem uma
identidade emocional com aquele produto. Quanto mais fragmentada estiver uma
pessoa, mais facilmente ela se tornará uma presa emocional de uma armadilha de
transferência de identidade.
Esse é um dos papéis de algumas empresas. Elas querem vender seus
produtos, pois precisam disso para sobreviver. No entanto, existem as empresas
conectadas com a energia social, universal, e as empresas que não o são. Cabe ao
ser humano consumir de forma consciente, não normótica, pois normose atrai
normose e se espalha por outras áreas da vida, por ser um estado mental
condicionado, funcionando como um ímã.
Jung afirmava que só o medíocre aspira à normalidade. E, muitas vezes,
nossos padrões normóticos foram criados porque escutamos nossos pais,
professores e amigos mais do que deveríamos.
A NORMOSE PODE VIR DE UM PROCESSO
EDUCACIONAL DE ANOS
Tenho um amigo cuja família é bem tradicional e conservadora, e sua base
de entendimento foi toda construída na relação familiar, que ele preza e respeita
muito. Os preceitos de determinada igreja são muito presentes entre seus
parentes, e eles incorporaram determinadas verdades pela lógica dessa
instituição. Um dia, conversando com esse amigo sobre a questão homossexual,
ele me disse que a homossexualidade é uma doença.
– Por que você a vê como doença? – perguntei.
Ele me apresentou uma série de argumentos científicos fornecidos por sua
igreja, que mostravam as disfunções no corpo de um homossexual.
O leitor acha que eu conseguiria convencê-lo do contrário? Durante toda a
sua vida, ele viveu em um meio familiar em que conceitos foram fortemente
incutidos em sua cabeça. Agora, ele apenas procura os argumentos para reforçar
o que pensa!
É assim que funciona a mente normótica! Ela encontra justificativas
poderosas para continuar dentro do mesmo padrão de pensamento e ação. O
problema maior de um padrão condicionado, prejudicial, é achar que isso é
normal.
Não julgo meu amigo. Não tenho esse direito, mas percebo que ele somente
me apresentou uma visão parcial. E ver as coisas somente sob um ponto de vista
é vê-las pela metade.
Agora, consigo também imaginar o que poderia acontecer se ele saísse de
seu modelo mental! Caso aceitasse os homossexuais e os respeitasse, seria,
provavelmente, muito questionado pelo meio em que ele mesmo viveu e
construiu. E não sei se ele teria capacidade de suportar isso, a não ser que
quisesse uma mudança.
Este é outro importante ponto: experimente, caro leitor, sair do padrão
normótico! Se tentar sair, receberá uma pressão enorme na forma de preconceito,
acusações e culpas com o intuito de amedrontá-lo, dentre outras artimanhas, para
que volte ao estado anterior. Essas pressões chegam em forma de um leve
comentário, de uma acusação ou sanção, às vezes por parte das pessoas que
estão mais próximas. Por que isso? Simplesmente porque os indivíduos se
incomodam com quem sai do padrão, pois, ao sair do controle, esse alguém ativa
coisas que elas não querem mudar ou considerar em sua própria realidade.
É como duas pessoas doentes que, frequentemente, tomam analgésicos para
suportar a doença, e uma delas resolve não tomar mais o medicamento,
decidindo buscar outra forma de se curar da enfermidade. Aquela que ainda
ficou com o remédio pode ter um desejo profundo de que a outra não encontre
saída e, assim, tenha que voltar a tomá-lo para ter uma companheira para sua
inércia. Assim funciona o mecanismo de defesa de muitos seres humanos.
Muitos torcem para as coisas darem errado em um momento de mudança do
outro, simplesmente porque essa mesma mudança, se bem-sucedida, vai
incomodar.
Tenho um amigo que trabalhava em um banco público em Brasília há uns 20
anos. Um dia, resolveu ir para a iniciativa privada a fim de arriscar, ganhar mais
e ter mais liberdade de ação, já que era um empreendedor e não via espaço para
esse espírito em uma organização pública. Quando tomou essa decisão, ouviu
vários comentários de seus colegas:
– Por que trocar o certo pelo duvidoso?
– Você vai se arrepender e depois não tem volta!
– O setor público tem seus problemas, mas a gente tem dinheirinho certo no
fim do mês!
– Na área privada, você vai trabalhar muito mais do que aqui!
– Você ficou louco! Já está com 20 anos de banco!
– Aposente-se! Depois, monte seu negócio!
Apenas um colega o apoiou:
– Você está tendo a coragem que eu não tive para sair deste inferno!
Todos os comentários refletiam um profundo incômodo com uma pessoa que
resolveu mudar, sair do “normal”. O que era o “normal”? Trabalhar, aposentar-se
e, depois, montar um negócio. A propósito, ele deixou o banco e foi muito bem-
sucedido em suas intenções, tornando-se um empresário com mais de mil
funcionários em um período de cinco anos.
Na cidade de Brasília, onde o setor público é grande, é comum pais
incutirem na cabeça de seus filhos que a segurança futura deles está depositada
em um emprego público. E muitos acreditam e vivem infelizes com essa crença.
Observo que o modelo normótico opera de forma subliminar e sutil. Se você
é funcionário público e se irritou com o que eu disse, é bem provável que exista
um padrão em você que ainda não reconheceu. Isso não significa que empregos
públicos sejam ruins; pelo contrário, são importantes formas de aprendizagem,
de serviço ao Estado e ao País. Refiro-me às pessoas que pensam nisso de forma
covardemente condicionada, como uma fuga, como se esse fosse o único
caminho para a sobrevivência e a estabilidade. Essa atitude influencia
comportamentos, a criatividade e a produtividade. Daí encontrarmos muitas
pessoas tristes, deprimidas, irritadas e desequilibradas no trabalho público.
A normose se manifesta de muitas maneiras, como a normose do
consumismo, do tabaco e do alcoolismo; a normose da invisibilidade social; a
normose política, da tradição; a normose tecnológica e a religiosa, dentre tantas.
Outro grande desafio mundial é a normose gerada pelos meios científicos,
que doutrinam e induzem os seres humanos a toda uma forma de pensar. Roberto
Crema disse que os
Esses são alguns dos muitos exemplos que ilustram nossa prisão normótica
dentro de um modelo mental.
Quantas vezes você está fazendo algo na sua empresa ou no trabalho e se
pergunta por que determinadas coisas são como são.
– Não sei, mas sempre foi assim! – justificaria um colega.
Ou, ao indagar se seria possível experimentar algo de uma forma diferente,
alguém poderia argumentar:
– Não, tem que ser assim porque sempre foi dessa forma!
Esse é um evidente padrão normótico operando em uma instituição,
organização ou núcleo profissional.
Aqui, quero tratar das normoses, dos padrões que criamos para nós mesmos
e que nos aprisionam, apesar de serem considerados “normais”. Nós somos mais
do que isso.
UMA CHAVE EFETIVA PARA SOLTAR OS PADRÕES
Normalmente, quanto mais queremos nos livrar dos padrões, mais eles
persistem, além de criarem raízes mais fortes e sutis. Quanto mais tentamos
negá-los, mais fortes se tornam. Não é negando que os mudamos ou nos
livramos deles. Existe uma afirmação que é muita poderosa e pode ajudar o
leitor a soltar os padrões. Ao identificar um padrão que não queira mais, repita
alto e em bom tom para você mesmo: “Isso é padrão antigo!”.
Quando usamos a expressão “isso é”, não nomeamos, apenas reconhecemos.
O padrão quer ser reconhecido, não negado. Gosta de saber que existe.
Normalmente, trato o padrão como uma consciência viva. Ao usarmos a palavra
“padrão”, simplesmente nos desidentificamos do ato.
Ao utilizarmos o adjetivo “antigo”, simplesmente o redirecionamos para o
lugar a que pertence. E o leitor esteja certo de que é exatamente isso o que
ocorre. É possível usar a palavra “passado” em vez de “antigo”, mas posso
assegurar que a afirmação – repetida exatamente como a sugeri – é implacável.
Algumas vezes precisei fazer essa afirmação por um bom período, mas ela é
poderosa e funciona, se houver uma real intenção e consciência ao expressá-la.
Assim, caro leitor, experimente e verá.
Saia da normose!
PACTO 1 –
SAIA DA NORMOSE
Passo Lembre-se de que em tudo que se repete em sua vida existe um padrão
1: que é sustentado por um pacto.
Passo Encontre o pacto por meio do foco no incômodo e das perguntas
2: elaboradas.
Passo Use o método “ASA-RA”.
3:
Passo Normose gera normose; portanto, quebre isso.
4:
Passo Ao retroceder a um pacto anterior, lembre-se de afirmar: “Isso é
5: padrão antigo”.
PACTO 2 –
LIBERE SEUS MEDOS
É fundamental entender que o medo não existe de fato. Ele é uma ilusão da
nossa mente. Aliás, não digo que o medo não exista; ele está presente, sim, mas
na sua mente. E sua mente é poderosa: ela cria e torna as coisas aparentemente
reais.
Se pegarmos o medo e o dissecarmos, descobriremos que não sobrou nada.
Ele não se sustenta. É uma das maiores ilusões do ser humano. O medo não está
baseado na verdade.
A DIFERENÇA ENTRE MEDO E SITUAÇÃO
Para tratarmos de medo, é necessário que o leitor entenda a diferença entre
tal sentimento e uma situação concreta.
Por exemplo, se você é assaltado e outra pessoa coloca uma arma na sua
cabeça, isso é uma situação, algo que deve ser abordado. Um fato concreto que
necessita de sua atuação para ser resolvido. Não tem necessariamente relação
com o medo. O medo sempre é uma sensação que se passa na sua cabeça. Uma
situação é algo concreto. Grave bem isso, pois você precisará saber usar o
discernimento para não adotar erroneamente um comportamento ou uma atitude.
O MEDO COMO MEIO DE SUPERAÇÃO
Vamos aqui tratar do medo, mesmo que ele só exista na nossa cabeça.
Vivemos em uma sociedade fomentadora do medo. Precisamos entrar na nova
energia, que não reconhece mais o medo. Precisamos sair da frequência do medo
que foi colocada no planeta.
Para isso, é muito importante considerar que o medo não é necessariamente
algo ruim, que deve ser combatido de maneira compulsória. Trataremos o medo
como um sinal que nosso corpo ou nossos sentidos estão nos enviando. Medo,
mesmo criado na mente, materializa-se, corporifica-se. Medo é um filamento de
informação, como se algo mais profundo em nós dissesse: “Ei, eu não
compreendo bem isso e, portanto, não me sinto à vontade ou seguro. Por favor,
investigue”. Podemos usá-lo como meio de superação e mudança, mesmo sendo
um véu ilusório.
O grande problema reside em querer combater o medo sem entender o que
ele está nos informando, ou querer criar mecanismos de defesa ou anulação.
Assim surgem nossos problemas e os grandes dramas da humanidade.
O medo é como um lado escuro, e é importante ressaltar que todos têm um
lado escuro. Precisamos aprender a trabalhar com o nosso lado sombrio, com a
nossa escuridão, com essa parte que não funciona do modo como gostaríamos
que funcionasse.
Temos a tendência de seguir o preceito lutar/fugir: ou luto ou fujo. Não
adianta fugirmos de nossa própria escuridão, pois é nela que podemos encontrar
nosso próprio dom. É o espaço em que vislumbramos os nossos talentos, se
tivermos a coragem de ir até lá. É na escuridão que percebemos o valor e a
beleza do nosso ser. E o caminho para penetrar na nossa escuridão é o amor. É
por meio do amor que atravessamos o intransponível e criamos nossas
realidades.
O problema é que o medo nos impede de amar. Ele nos afasta do coração,
nos desconecta. O medo nos torna covardes, afastando-nos de nossos sonhos e
aspirações. Os medos têm força para frear o fluxo do amor, constituindo-se em
bloqueadores energéticos que impedem a fluidez de um ser.
Segundo Lee Carrol:
[...] o medo sempre cria uma realidade ansiosa em sua vida. As emoções
criam pensamentos, que criam a realidade – os pensamentos criam a
emoção, que cria a realidade. Assim, se houver ansiedade em sua
criação, você criará sempre alguma forma de realidade ansiosa. Ela o
impede de viver seus sonhos, como gostaria de vivê-los; ela impede que
o fluxo de amor vá onde você quer que ele vá.
Uma boa forma de lidar com o medo é estar com ele. É preciso reconhecer,
em um primeiro momento, esse medo dentro do nosso corpo. Ele pode ter vindo
de uma mágoa dos tempos de criança, pode ter sido herdado dos nossos
antepassados, dos nossos avós ou pais, e agora o adquirimos. Existem muitas
manifestações. Às vezes, criamos pensamentos originados do medo em forma de
verdades e crenças, que se transformam em padrões operacionais. Afirmações
como “eu não mereço”, “nunca serei feliz”, “nunca terei dinheiro” ou “sempre
serei sozinho” tornam-se padrões fundamentados no medo.
Se falamos de seres-água, fluidez é a chave para a evolução. O medo muitas
vezes funciona como uma barragem em um rio, que trava o fluxo. Sem o fluxo,
não existe liberação, não existe fluidez, não existe limpeza, não existe
crescimento. Nós precisamos fluir sempre. Por isso, o Pacto 2 é sobre o medo.
O FATOR RESPIRAÇÃO
A respiração é um instrumento extremamente poderoso para o indivíduo
lidar com o medo. Aprender a respirar – e como fazê-lo em situações de medo –
nos traz controle e entendimento para enfrentá-lo.
Em meus cursos, exploramos o medo por meio de respiração. Ela nos leva
ao que realmente importa: o sentir. O ser humano tende a não querer sentir
medo, e o que fortemente recomendo é que sinta. Não é fugindo do sentimento
de medo que vai superá-lo. Por meio da respiração e permitindo-se sentir, uma
pessoa pode ir ao encontro do medo e atravessá-lo. Tudo o que precisamos fazer
é ir ao encontro do medo. Todas as vezes que o fiz, descobri que não existe nada
lá, apenas memórias e projeções.
O MEDO NAS ORGANIZAÇÕES
Vivemos, hoje, no universo das organizações. Essa é a característica
manifestada do modelo de mundo atual.
O hospital em que nascemos é uma organização. A escola e a faculdade em
que estudamos são organizações. A empresa onde trabalhamos é uma
organização. E, quando morrermos, formos cremados ou enterrados, uma
organização tomará conta desse processo. Nossas vidas giram em torno de
organizações.
As organizações são poderosos instrumentos de mudanças, embora nelas
reinem as manifestações psíquicas adversas do ser humano, bem como as
fantasias e os sofrimentos.
Existe uma fantasia nas organizações, de fundo psíquico, segundo a qual as
pessoas irão sempre se comportar de maneira lógica, não emocional e
supereficaz. Infelizmente, essa falsa perspectiva – que ocorre sempre no início
entusiástico de um trabalho – se transforma em dor e atrito, e isso tem relação
com o medo.
S. J. Rachman ofereceu uma definição de medo nas empresas como “a
experiência de apreensão”, com quatro causas primordiais:
cinismo;
criação de feudos;
formação de grupos e clubinhos;
politicagem;
decisões erradas e, até mesmo, indecisões ou adiamentos;
saída de talentos;
ressentimentos e funcionários trabalhando contra;
autoproteção;
retenção de informações, gerando centralização e lentidão;
absenteísmo;
boatos de corredor;
metas não cumpridas;
doenças frequentes;
reuniões das quais ninguém participa;
falta de criatividade;
falta de iniciativa;
gastos maciços em treinamento ou retreinamento;
retrabalho;
falta de comprometimento;
mau uso do tempo;
resistência a feedbacks;
brigas internas;
clima tenso e erros.
Agora, sugiro ao leitor que faça as contas das implicações desses fatores em
sua organização!
OS CINCO GRANDES MEDOS
Aqui identificaremos os cinco grandes medos que travam nosso processo de
fluidez como seres humanos em evolução. Isso não significa que não haja outros
tipos de medo. Existem, sim, com muitas facetas e naturezas. Vamos tratar destes
cinco porque eles têm um impacto efetivo e imediato em nossa fluidez, de
maneira mais forte do que podemos imaginar.
Medo da grandeza
Medo da espiritualidade
Medo da morte
Medo de não ser aceito
Medo da solidão
Medo da grandeza
Nosso medo maior não é o de que sejamos incapazes. Nosso medo maior
é de que sejamos poderosos além da medida. É nossa luz, não nossa
escuridão, que nos amedronta.
Nelson Mandela
Um dos grandes medos dos seres humanos é o temor de ser alguém mais
grandioso do que é. Muitas vezes nos perguntamos: “Quem sou eu para ser isso
tudo?”. Minha pergunta para o leitor é a seguinte: “Quem é você para não ser?”.
É liberando nossa própria luz que ajudamos as pessoas a liberar a delas.
Nosso mundo cultivou uma sociedade competitiva, em que a comparação
fragmentou o ser humano e incutiu nele um sentimento de separatividade
generalizado, como se estivéssemos separados de tudo. Não estamos. Tudo está
conectado. Absolutamente tudo. Os seres humanos têm medo de ser grandiosos e
de não sustentar sua grandeza. Assim, a principal pergunta é esta: “O que está
por trás disso?”.
Caro leitor, sua grandeza toca a minha. Acredite, você foi feito de luz, da
mais pura luz. Sua alma e seu ser são grandiosos e transcendem tempo e espaço.
Seu corpo está preso neste plano, mas sua mente e seu coração, não. Sua
expansão se dá pela mente e, principalmente, pelo coração.
Não aceite o medo dos outros. Ignore as críticas, pois é fato que, quando
nos tornamos e nos sentimos grandes, as pessoas em nossa volta que
não querem ser grandes vão se incomodar e tentarão, não talvez por
maldade, mas por medo, trazê-lo de volta ao que era. Não compre isso,
concentre-se em você e seja compreensivo com essas pessoas que
decidiram ficar onde estão. Talvez elas não estejam prontas ou não
queiram. Mas não deixe de andar por causa delas, pois seu caminho
não é o delas. Trilhe-o; esta é sua responsabilidade. Mas lembre-se de
que sua evolução estará no fundo registrada nas mentes de seus amigos
e colegas, e um dia eles utilizarão seu exemplo e farão o que deve ser
feito com suas vidas e comportamentos.
Marciniak
Quando olho para trás, vejo quanto sou grande. Quando olho para
frente, vejo quanto sou pequeno.
Louis Burlamaqui
Não pense o leitor que sua evolução e sua grandeza têm limites, pois não
têm e jamais terão. Elas serão sempre portais para uma próxima jornada.
Portanto, acesse sua grandeza, permita-se sentir medo, pois não há nenhum mal
nisso, descubra o que seu medo lhe informa e, depois, deixe-o ir, pois ele é pura
ilusão de seu ego.
Não permita que a crítica alheia o impeça de se manifestar grande.
Manifestar seu ser, sua luz. Muitos tentarão impedir isso por meio de
comentários, de críticas. Não os leve em conta. Concentre-se em você e lembre-
se de que, a cada conquista, novos níveis surgirão. O tempo vai lhe mostrar, e
aos outros também, que grandeza é evoluir sempre.
Medo da espiritualidade
Atitudes geram sentimentos. Com a mente do ego, temos chances de gerar
sentimentos baseados no medo; com uma atitude espiritual, podemos gerar
sentimentos baseados no amor.
Stanislav Grof afirmou em um congresso que, se o indivíduo tiver uma
experiência mística, de comunhão, se o mistério bater à sua porta e ele procurar
um sacerdote, padre ou pastor convencional, será levado ao psiquiatra. Se
falamos com Deus, estamos orando; se Deus fala conosco, somos loucos. Será
que isso é justo?
A religião tem sido um caminho e um muro, dependendo do momento e de
quem a conduz. Muitos missionários, padres, pastores questionam experiências
místicas, mas o estranho é que eles falam e pregam exatamente sobre fenômenos
similares ocorridos há mais de dois mil anos. Mas, se alguém tiver alguma
experiência similar, há algo de errado, como se não pudesse mais existir isso no
planeta. Será que o mundo parou naquele tempo? Será?
É claro que existe uma lógica por trás do que é “aparentemente errado”.
Algumas religiões têm muito medo de perder seus fiéis.
Medo é tratado com medo. Por isso, muitas pessoas tendem a sentir medo de
reconhecer uma experiência maior, espiritualista, paranormal ou mística. É o
medo incutido pelos falsos mestres ou orientadores religiosos. Mestres não
ensinam pelo medo. Todos os grandes mestres da humanidade – Jesus, Buda,
Maomé, Sai Baba, Dalai Lama, Babaji –, dentre outros milhares, eram e são
seres do amor, eles libertam as pessoas; bem diferente do que ocorre hoje, com
os indivíduos aprisionados em modelos fundamentados em interpretações e
convenções.
O medo não tem espaço no amor. É fácil identificar um pastor, um padre, um
orientador espiritual alinhado com a espiritualidade: ele não nos incute medo em
nenhum momento. Basta nos conectar com seu sentimento e ver se sentimos
medo ou não. Assim, saberemos se esse guia, padre ou pastor é verdadeiro ou
não para nós.
O grande ponto sobre o medo da espiritualidade é que, no fim das contas, o
propósito da humanidade é a evolução espiritual. Religiões alinhadas com Deus
unem as pessoas, não as separam; ajudam-nas a se aceitar, a não se julgar, a
despertar nelas a humildade, não a arrogância de deter a verdade, a entender que
tudo é uma coisa só e que nós fazemos parte do todo.
Nós não somos um corpo humano com uma alma, mas uma alma dentro de
um corpo humano. Somos uma alma. Somos seres espirituais em uma
experiência humana. Por que ter medo de ser quem realmente somos?
Se o fator espiritual for negado, isso tem consequências sérias para um ser. A
divindade reprimida é um empecilho para os avanços de uma sociedade mais
consciente. Aqui reside o aprisionamento do progresso planetário.
Uma religião ou doutrina espiritual é como um barco que nos leva ao outro
lado da margem para que possamos continuar nosso caminho. DEUS ou a
ENERGIA DIVINA NÃO É BARCO! Por isso, o cuidado com os falsos gurus
deve ser maior. O verdadeiro mestre é como um poço artesiano, onde cada um
vem e sacia sua sede, recupera a energia para seguir o seu próprio caminho, e
não para ficar dando voltas em torno do poço!
Lembre-se, caro leitor: você não é um ser humano buscando a
espiritualidade, mas um ser espiritual tendo uma experiência humana. Lembre-se
disso! Religião é religar-se com Deus. Você pode se conectar diretamente com
Deus por meio da descoberta da sua espiritualidade. Ela está em você, disponível
para você, sem nenhuma interferência. Você pode acioná-la. Sozinho ou com
ajuda, a espiritualidade pode ser acionada, e você verá que é o verdadeiro dono
de si mesmo. Ninguém mais terá o direito de lhe dizer o que é certo e o que é
errado. Quando estamos conectados com a espiritualidade, com Deus, com a
energia divina, a verdade nos é revelada pelo coração. A verdade não pode ser
dita, nem ouvida, somente sentida. Assim sendo, você tem aptidão para escolher
o melhor caminho para a sua jornada.
Não estamos mais num mundo em que procuramos ou precisamos de um
mestre, apesar de eles estarem sempre disponíveis se sentirmos ainda essa
necessidade. Esse tempo (da dependência) já acabou. Nós seremos nossos
próprios mestres. Que o leitor grave minhas palavras: você será seu próprio
mestre, mais cedo ou mais tarde. Este é o novo tempo e esta é a boa-nova da
energia que nos é concedida.
Questionemos, portanto, aqueles que dizem que todos precisam de um
mestre. Será essa uma maneira de nos levar aos domínios deles? Uma
alimentação egoica? Um mestre jamais diz que precisamos de um mestre. O que
é simplesmente é.
Se for seu caminho, caro leitor, descubra o mestre em você. Libere esse
medo!
Medo da morte
Nossa! Você deve estar se perguntando: temos que falar da morte? Que tema
pesado, triste. Asseguro-lhe que vamos abordá-la de uma maneira ampla e
realística, como ela merece ser tratada.
Podemos enxergar, como morte, a morte de muita coisa, ou mesmo a perda.
Por exemplo, o impulso de querer agradar às pessoas pode ser uma dinâmica
forte e muito influenciada pelo medo da perda. Nesse caso, a perda do convívio
ou da aceitação do outro pode ser uma “morte”.
Uma pessoa passa a acreditar que não tem condições de viver sem o que ela
acredita que está prestes a perder e, assim, assume papéis que lhe rendem uma
aprovação imediata, admiração, atenção ou até mesmo o amor de alguém. Tudo
proporcionado pelo medo da perda. Sob o aspecto emocional, é como se fosse
uma questão de vida ou morte. Essa, aliás, é uma das facetas do medo da morte.
Impulsiona-nos a criar uma série de padrões de defesa e manipulações de nossa
personalidade.
Já sob o aspecto da morte do corpo físico, o leitor já parou para pensar que
muitas pessoas vivem como se a morte nunca fosse chegar?
A crise da meia-idade tem um aspecto ligado à percepção de que somos
falíveis e tudo vai acabar! Por isso, muitos indivíduos começam a revisar toda a
sua vida em determinado momento. É assim que muitas decisões mais radicais
são tomadas, como saldo disso. Vivemos como se a morte não fizesse parte de
nós.
Evitamos falar de morte, evitamos ver pessoas mortas. Mas, na verdade,
temos dificuldade de enfrentar o que nos espera!
É muito comum encontrar pessoas com certezas sobre absolutamente tudo,
mas, se pararmos para pensar, nada é certo! Nossa casa, família, amigos, bens,
terra, esposa, marido, filhos não são nossos. Eles apenas estão na nossa vida.
Por isso é importante acordar! Nós estamos com as pessoas e com as coisas!
Tudo nos pode ser tirado. Até mesmo nossa vida! Para os que gostam de afirmar
que têm certeza de tudo, quero oferecer três fatos irrefutáveis:
Medo da solidão
Segundo Chico Buarque, solidão não é a falta de gente para conversar,
namorar, passear ou fazer sexo... Isso é carência. Solidão não é o sentimento que
experimentamos pela ausência de entes queridos que não podem mais voltar...
Isso é saudade. Solidão não é o retiro voluntário a que a gente se força, às vezes,
para realinhar os pensamentos... Isso é equilíbrio. Solidão não é o claustro
involuntário que o destino nos impõe compulsoriamente para que reavaliemos a
nossa vida... Isso é um princípio da natureza. Solidão não é o vazio de gente ao
nosso lado... Isso é circunstância. Solidão é muito mais do que isso. Solidão é
quando nos perdemos de nós mesmos e procuramos em vão pela nossa alma.
Nós viemos sós e voltaremos sós. Não significa que tenhamos de viver
sozinhos, mas muitas pessoas, com medo da solidão, deixam de ser elas mesmas
para se moldar a um modelo acomodado de convivência, a um modelo de
adaptação projetada de personalidade. Basicamente, o medo da solidão leva as
pessoas a duas realidades: solidão ou anulação.
Quanto mais medo temos, mais ele transforma nossa realidade para que
possa ser vivenciado. O medo transforma a realidade em experimento. Nós
criamos nossas realidades para que testemos o que, no fundo, desejamos
experimentar. Essa construção se dá no mais íntimo do nosso ser e muito poucos
têm acesso consciente a ela. Ocorre que esse experimento é criado por nós
mesmos para um aperfeiçoamento interior. Ou seja, o sofrimento se torna um
meio de aprendizado.
Já a anulação é outro recurso para negarmos nossa intensa necessidade de
companhia. A ausência de nós mesmos e a desconexão pessoal levam à falsa
percepção de que estamos sozinhos. Não estamos assim, nunca estivemos. Se
olharmos para dentro, perceberemos que um mundo riquíssimo habita em nós.
Não encontraremos nunca no outro a riqueza que existe em nosso interior. A
solidão pode ser um caminho, mas jamais estamos sozinhos! Saiba o leitor,
portanto, aproveitar sua solidão para se encontrar consigo. Isso não é fácil para
algumas pessoas.
Um amigo em Alagoas confidenciou-me que, para ele, era praticamente
impossível ficar sozinho por muito tempo. Ele não suportava o silêncio, que o
deixava louco. Perguntou-me, então, o que fazer. Disse-lhe que ele não havia
aprendido a conversar com ele mesmo, a olhar para dentro, a se sentir e silenciar
a mente. O pânico era uma válvula de escape para seus sentimentos retidos.
Recomendei-lhe que se permitisse sentir pânico. Esta seria a porta de saída e o
início de muitas descobertas. Tempos depois, ele entendeu o que eu lhe havia
dito e me mandou um e-mail: “[...] como eu não falava comigo, acumulava
muitas vozes que precisavam ser ouvidas. Resolvi ouvi-las! Num primeiro
momento, não foi fácil, pois elas tinham ficado mudas durante anos, mas, aos
poucos, em silêncio e sozinho, pude ouvir muitas coisas que eu precisava falar...
Louis, tudo está mudando, para melhor”.
Encontrar suas vozes e seus pensamentos, e deixá-los fluir, é fundamental
para uma limpeza interna e para se tornar leve. Assim, você não terá receio da
solidão.
O medo da solidão nos leva a acreditar que somos metade e que, portanto,
precisamos encontrar a outra porção idêntica. Não existe metade externa.
Precisamos encontrar nossa outra metade em nós mesmos para nos tornarmos
inteiros! E, percebendo-nos inteiros, passamos a procurar outra pessoa que seja
inteira!
Que o leitor pare, portanto, de procurar o homem ou a mulher de sua vida!
Procure a si mesmo! Se for o caso, encontrará “a pessoa” para acompanhar sua
jornada durante o tempo necessário.
Quando encontramos pessoas inteiras, passamos a ter uma relação mais
saudável e madura. Isso não significa que seja para sempre. Afinal de contas,
nada é para sempre, nem nós, nem nossas coisas, nem nossas relações.
Na época em que me casei pela primeira vez, na igreja, segundo todos os
preceitos pelos quais fui criado e condicionado, o padre me fez jurar que seria
“para sempre”, enquanto vivêssemos.
Quem faz um juramento desses ou é um profeta ou, no mínimo, uma pessoa
que aceita arriscar facilmente sua palavra, pois é muito difícil dizer “para
sempre”. Eu não queria estragar a cerimônia nem abrir uma discussão com o
padre, pois seria imprudente e inapropriado. Então, eu disse à minha mulher bem
baixinho:
– Não lhe prometo isso e não espero isso de você.
– Concordo – ela respondeu.
E completei:
– Vamos pactuar que seremos companheiros enquanto a vida assim quiser e
nossas vidas estiverem com missões alinhadas?
Ela concordou. Vivemos muito felizes por dez anos e, hoje, ela é uma de
minhas melhores amigas. Temos ainda missões conjuntas, porém em outros
níveis.
Entender que nossos encontros com outras pessoas podem durar uma vida ou
um ano é entender que a vida tem propósitos e que não podemos lutar contra
algo que precisa ter fim. Quanto mais insistimos em manter algo que precisa ser
encerrado, mais sofrimento trazemos para nós e para os outros. E, muitas vezes,
esse sofrimento é desnecessário. Quanto mais integrados estivermos com nós
mesmos, mais fácil será perceber com quem devemos estar, e o tempo que cada
relação requer. É preciso compreender que cada relação tem um tempo. Às
vezes, esse tempo até pode durar toda uma vida. Quando uma porta se fecha,
outra sempre se abre. Enquanto não acolhermos nossos medos, eles ficarão em
nós. E garanto que eles adoram estabelecer raízes.
O medo é dissolvido em um nível celular. Depois de um tempo, esse medo
liberado, essa memória e esse padrão desaparecem gradualmente e o DNA
começa a mudar. Portanto, caro leitor, se quiser liberar seu ser, libere seus
medos. Deixe-os ir. Assim, você retomará seu ser, sua presença e sua vida.
PACTO 2 –
LIBERE SEUS MEDOS
Meu filho não é meu. Ele é do mundo. Minha organização não é minha; ela
está para mim nestes tempos. Minha família não é minha. Essas pessoas estão
comigo neste momento de minha vida. Meu carro não é meu; ele está na minha
vida hoje e sou responsável por usá-lo. Se eu parar para avaliar, nada é meu.
Simplesmente tudo está comigo. Esse entendimento liberta.
A base do sofrimento humano está na identificação com as coisas que temos.
Quanto mais queremos o que está à nossa volta, sejam pessoas, sejam coisas,
mais sofrimento criamos porque elas não são eternas. É muito difícil entender
isso e conseguir livrar-se desse estado de identificação. Por isso, vamos ver
sequencialmente as chaves para que possamos estar com as coisas e as pessoas
de forma fluida; para que consigamos usufruir de tudo sem nos apegar ou sofrer,
e conquistar algo sem o medo de perder.
A DESIDENTIFICAÇÃO DO ESTADO
O leitor pode se perguntar como fazer para se desapegar das coisas. Quer
uma sugestão? Procure não fazer isso.
Nossa natureza foi programada para a identificação. As campanhas de
mercado fazem isso o tempo todo. Tudo o que construímos à nossa volta precisa,
de certa forma, de uma chancela de posse emocional. Essa chancela revigora
nosso ego no estado de autorrealização. Quando obtemos o que tanto queremos,
temos a ilusão da preservação do status quo ou do estado atingido. Seres
humanos não gostam da sensação de perda. Mas é no exato momento da
sensação de perda que criamos as identificações de posse com coisas e pessoas.
É comum indivíduos comprarem determinado carro porque a imagem
daquele veículo foi construída visando um determinado público com um padrão
social de comportamento específico. É fácil, de certa maneira, criar identidades
em pessoas fragmentadas, que se iludem com um modelo do que elas pensam
que são. Assim, sentem-se confortáveis por terem aquilo que reforça o que
imaginam que são.
Essas identificações nos trazem dor, pois, na realidade, nada nos pertence e,
portanto, a sensação de perda vai existir em algum momento. Mas é exatamente
esse motivo interno, oculto, que nos leva a nos apegar ainda mais às coisas e às
pessoas. Quanto maior o apego, maior o sofrimento e a distância do
entendimento sobre nós mesmos, porque passamos a achar que somos um pouco
de tudo que existe à nossa volta.
É comum ver pessoas tristes, angustiadas ou deprimidas saírem às compras!
Compram tudo, acreditando que uma roupa ou um sapato trará a alegria de volta.
Em um primeiro momento, a nova aquisição pode até criar esse sentimento, mas
inevitavelmente essas pessoas retornarão ao estado anterior porque não são as
coisas que podem melhorar nosso estado de ânimo, e sim nós mesmos.
O processo de libertação só acontece quando começamos a nos
desidentificar das coisas que temos à nossa volta. Vamos ver em seguida como
fazer isso.
MUDANDO O “É” PARA O “ESTÁ”
Existe um processo simples de recodificação processual mental. Ou seja, a
maneira como processamos as coisas em nosso cérebro. Nossas palavras contêm
as chaves para mexer no código mental. Por exemplo, quando dizemos “essa
fazenda é minha”, estamos reforçando o estado de posse e, com ele, a
identificação. Se quisermos mudar, nos libertar do estado de posse, poderemos
começar a dizer que “essa fazenda está sob meu comando, sob minha
responsabilidade” etc. Quando interpretamos tudo o que temos em nossa vida
como “estados transitórios de responsabilidade”, simplesmente entramos em um
nível energético de alta liberação mental e emocional. Tornamo-nos mais livres e
menos pesados. Isso não significa – e que isso fique bem claro – que não
sejamos responsáveis por nada ou que nada seja nosso. Tudo o que temos
continua sob nossa tutela; o que muda é a nossa relação mental e emocional com
o que temos.
A partir do momento em que percebermos verdadeiramente que estamos
com as coisas, teremos muito mais condição de honrá-las e de viver
intensamente. Quando entendemos que estamos com as pessoas, encontramo-nos
mais aptos a usufruir de seu convívio com muito mais gosto e ternura.
Se entendo que estou com minha empresa, tenho muito mais consciência da
minha responsabilidade de conduzi-la bem. Se entendo que estou nessa função
ou nesse cargo, tenho o dever de honrar e cumprir o dever acordado e
estabelecido. Entender que estamos com pessoas e coisas, de forma
desindentificada, é uma maneira poderosa de adquirir uma responsabilidade
consciente por nossas escolhas e por aquilo que está nesse momento em nossas
mãos.
EU TENHO ISSO, EU NÃO SOU ISSO
Certa vez, um conhecido aproximou-se de mim e compartilhou:
– Louis, eu abri mão de tudo, família, bens, roupas etc. Não tenho apego a
mais nada. O que você pensa disso?
– Isso é apego – respondi lucidamente.
– Como assim, se larguei tudo?
– Largou por quê?
– Para me dedicar à vida espiritual.
– Você acabou de largar tudo por outro apego. Você não entendeu o que é
desapego. Mas viva seu processo e um dia vai compreender melhor esse aspecto
– concluí.
Deixar tudo por alguma coisa não é desapego. Podemos soltar tudo, mas isso
não significa descartar as pessoas que nos amam, nosso trabalho, nossos bens ou
nossas roupas, como essa pessoa fez. Desapego é saber lidar com tudo o que
temos, apenas entendendo que isso não é nosso, mas está conosco. Podemos
continuar a ter tudo o que temos, mas sem identificação.
Esse meu amigo poderia muito bem estar com tudo e também com sua vida
espiritual. Mas ele precisa descobrir isso por si mesmo.
EXERCÍCIO DO DESAPEGO
Se alguém quer ser livre, fluido e feliz, precisa estar desapegado. Estar
desapegado não significa abrir mão das coisas, tirar o valor delas ou, mesmo,
abandoná-las. Não é nada disso. Significa entender o que é transitório e o que é
permanente neste mundo.
Quando percebemos isso, fica mais fácil lidar com perdas de pessoas, coisas,
bens etc. Isso é parte da vida. O sofrimento aparece quando nossos processos de
identificação e posse estão arraigados de forma profunda.
Exercitar o desapego é uma forma excelente de aproveitar melhor as
pessoas, as coisas e os momentos que vivemos. Isso ocorre quando entendemos
que as perdas existem e que tudo é passageiro. Se o indivíduo, por exemplo,
aceita que sua esposa não é sua e que não há garantias de que estará com ele por
toda a vida, tratará de aproveitar muito mais os momentos que tem com ela.
Nossa vida se entedia exatamente porque achamos que tudo é permanente.
Quantas vezes o leitor viu pessoas que perderam entes queridos se
arrependerem de não tê-los aproveitado mais ou de não terem vivido mais
intensamente? Quantos filhos descobrem seus pais depois que eles já se foram?
Quanto mais apegados estamos, menos vivemos, menos aproveitamos,
menos somos. Quanto mais desapegados, mais desfrutamos das pessoas e
honramos as coisas que temos em nossas vidas.
Por isso, “honre cada situação de poder e posse que tem”.
O FATOR TRANSITÓRIO E O PERMANENTE
Uma poderosa chave para praticar o desapego é usar o exercício da lista
dupla, que é muito eficaz.
Sugiro que o leitor faça uma lista de tudo que possui: seus bens, pertences,
pessoas de seu relacionamento etc. Agora, separe em duas colunas o que é
transitório e o que é permanente. Lembro que transitório é tudo que um dia
acaba, perece. Permanente é o que permanece.
Após completar uma coluna, peço-lhe que faça a seguinte pergunta: até que
ponto isso é realmente permanente? Por exemplo: seu corpo físico é transitório
ou permanente? Diante dessa indagação sobre seu corpo físico, cabe a reflexão:
um dia ele perecerá? Se for o caso, é transitório. Não adianta querer ser racional
e associar o permanente ao concreto palpável. Esse é o truque da ilusão maior:
atrelar mentalmente o concreto ao permanente. Até o que é concreto, como o
material bruto, pode ser destruído e, portanto, é transitório.
Tudo que é transitório e que identificamos com sendo “eu” ou “meu” não
gera felicidade consistente e, mais cedo ou mais tarde, trará sofrimento. O
transitório traz sofrimento, mas lembre-se também de que o sofrimento é
igualmente transitório.
O CONCEITO DE “MEU”
Há uma verdade budista sobre coisas neste mundo que ninguém pode
realizar:
Apegar-se a algo por causa de sua forma é uma fonte primária de ilusão. A
grande chave é entender que as pessoas, as coisas estão presentes em nossas
vidas. Na verdade, tudo é um presente precioso.
Se o leitor passar a perceber a joia preciosa que tem à sua volta, perceberá
também os presentes divinos manifestados em sua vida. Use seus presentes,
desfrute-os, aprenda com eles, mas lembre-se de que eles não são seus e não são
você. Se conseguir manter a lucidez de que nada é seu, terá a honra de viver a
abundante lista de presentes oferecidos pelo Universo exclusivamente para você.
VIVER COM BASE NO DESAPEGO
Quando estamos livres e entendemos em nossos corações que as pessoas não
são nossas, e que as coisas estão provisoriamente conosco, compreendemos a
beleza do viver. Sabemos que cada minuto de nossas vidas é um milagre
precioso que envolve nossos corações. Que cada bem material é um presente,
naquele instante, que nos traz prazer, beleza e bem-estar.
Portanto, que o conforto seja bem-vindo em nossas vidas, pois ele está e não
é nossa vida. Que a abundância reine, porque sabemos curti-la e aproveitar cada
momento. Que cada sofrimento e crise sejam muito bem aproveitados, pois eles
também são provisórios em nossas vidas.
Ser uma pessoa fluida é estar livre para viver tudo o que precisa ser vivido,
como se fosse o último dia.
PROSPERIDADE E ABUNDÂNCIA
Muitas pessoas, quando decidem viver este pacto, aceitando que nada é seu,
adotam uma postura de não mais se relacionar com dinheiro, posses e prazeres.
Isso não condiz com a condição do Universo. O nosso Universo – ou multiverso,
como veremos à frente – é cheio de prosperidade e abundância. A natureza é
farta e generosa. Como seres deste mundo e pertencentes à natureza, também
merecemos toda prosperidade, dinheiro, bens e abundância em nossas vidas. Ter
o sentimento de merecimento atrai o fluxo da prosperidade para nós. Quero
apenas lembrá-lo, caro leitor, da essência de nossa relação com tudo o que
adquirimos. Traga prosperidade e abundância para sua vida sem se identificar
com elas. Isso o coloca em um estado de poder sobre você mesmo, dentro de sua
presença.
VIVA COMO SE FOSSE O ÚLTIMO DIA DE SUA VIDA
Para viver como se fosse o último dia de sua vida, o leitor simplesmente
poderia agradecer por alguns “presentes” recebidos:
Matriz do foco
A matriz do foco revela a interface de duas vertentes. A primeira se refere às
atividades que são minhas e a segunda, às que são do outro.
Temos uma tendência a querer fazer muitas coisas para nós e para os outros.
Isso pode levar a um mostruoso desperdício de tempo e energia. É impraticável,
nos dias de hoje, com o volume de informações que temos, querer abraçar tudo.
Isso é o que torna muitas pessoas pouco produtivas e incapazes de dar o seu
melhor no dia a dia.
É necessário que o sujeito pare e se pergunte: “O que é meu e somente eu
devo fazer? O que é do outro e que ele deve fazer?”. Portanto, para fazer o seu
melhor hoje, é vital concentrar-se primeiro no que é de sua competência. Se
houver tempo e for apropriado, ele poderá ajudar os outros, mas somente depois
de ter feito o que é de sua alçada.
O segundo passo é diferenciar as atividades que são essenciais, as que são
mantenedoras e as que são descartáveis.
Atividades essenciais
Essência é o que é vital, o que afeta o princípio de tudo. A força motriz, a
causa raiz. São os fatores críticos.
Por exemplo, qual é a nossa atividade essencial de sobrevivência hoje?
Respirar. A seguir, nos alimentar e beber. Quando faço essa pergunta em meus
seminários, é raro alguém se lembrar de que tem de respirar. Mas essa é a
primeira atividade essencial que o indivíduo tem que desempenhar durante todo
o dia.
Assim como respirar é uma atividade essencial, dentro de um projeto,
existem inúmeras tarefas ou atividades a serem realizadas. Quais são essenciais?
Quais são aquelas que podem afetar o sucesso do projeto? No âmbito
empresarial, essencial pode ser qualquer atividade que afeta diretamente os
lucros ou os custos.
Um grande empresário em Minas Gerais costuma perguntar a seus
funcionários:
– Isto que você está fazendo afeta os lucros ou os custos de nossa empresa
diretamente? – Quando a resposta é não, ele ordena:
– Então, não gaste boa parte de seu tempo com isso!
Atividades mantenedoras
Atividades rotineiras ou de manutenção representam tudo que tem valor, que
precisa ser realizado, sem, contudo, afetar a essência de uma meta ou um
projeto. Vamos tomar como exemplo um hospital.
Na rotina de um estabelecimento hospitalar, existem áreas, atividades ou
tarefas que são essenciais – como o corpo clínico, devido à natureza do trabalho
realizado – e outras ligadas à manutenção, como é o caso da área administrativa,
que contribui para o funcionamento das coisas.
O mesmo ocorre com nossas incontáveis atividades diárias. Temos
atividades ou tarefas que são de manutenção e aquelas que são essenciais. As
duas precisam ser feitas, indiscutivelmente, porém na sua devida ordem.
É evidente que aquilo que é rotineiro para um pode ser essencial para outro e
vice-versa. Tudo dependerá do tipo de situação e do valor que damos ao que é
feito.
Atividades descartáveis
Atividades descartáveis representam tudo que não acrescenta valor ao que
está sendo proposto. São tarefas que desviam nosso foco e desperdiçam nosso
tempo sem acrescentar nada relevante.
A matriz
A chave para podermos dar o nosso melhor é distinguir a interface da matriz
do foco. O quadrante 1 diz respeito às tarefas essenciais e que somente o próprio
indivíduo deve fazer. O quadrante A representa as tarefas essenciais, mas que
podem ser feitas por outras pessoas. O quadrante 2 mostra as tarefas obrigatórias
e que apenas o sujeito deve realizar. O quadrante B refere-se às tarefas de
manutenção e que outra pessoa pode fazer. O quadrante 5 trata das tarefas
descartáveis, aquelas que não agregam valor.
Para podermos atuar da melhor forma possível em um mundo de distrações,
saber estabelecer o foco é fundamental. Por isso, centrar nossas atividades e
tarefas nos quadrantes 1 e 2 é o primeiro passo.
Assim, devemos procurar analisar nossa vida e ver onde estamos investindo
nosso tempo. Somente faremos o nosso melhor quando usarmos de maneira mais
adequada o tempo que nos foi dado nesta dimensão.
Analisando o princípio de Pareto 80/20, 80% de nossos resultados virão de
20% de nossas atividades. Quanto mais equilibrarmos essa equação, mais
produtivos seremos.
Quando estamos buscando dar o nosso melhor, precisamos ter cuidado com
os ladrões de tempo e energia. Eis alguns exemplos bem comuns:
desorganização;
reuniões excessivas e malconduzidas;
procrastinação;
estimativa errada de uso do tempo;
urgências de terceiros;
tentativa de ser perfeito;
atrasos de terceiros;
centralização;
excesso de relatórios, dados e informações;
atitude de não escutar;
falha de comunicação;
falta de planejamento;
rotina excessiva de trabalho;
responsabilidades confusas.
NÃO SEJA O SEU MELHOR PARA AGRADAR ALGUÉM
Em 2005, dei uma palestra em um congresso em Fortaleza e tive a
oportunidade de conhecer outro palestrante – um grande e competente executivo.
Na volta para o aeroporto, conversamos muito sobre a agenda dele. Ele era um
homem que tinha mil e uma atividades, empresas em quatro países além do
Brasil, mulher, filhos e outros interesses. Eu, muito curioso, quis saber como ele
conseguia dar conta de tudo. Segundo ele, o segredo era concentrar-se realmente
nas coisas mais essenciais. Perguntei-lhe como concentrar-se no essencial
quando tudo era essencial. Ele sorriu e disse calmamente:
– Você precisa parar de querer agradar a todo mundo! Esse é o maior erro
que as pessoas cometem hoje. Eu digo “não” para um monte de coisas e pessoas.
Elas não gostam, mas eu também não vou abraçar tudo. Há coisas que não têm a
ver com o que é essencial e que eu não faço se não tenho tempo. E não tenho dó
de dizer “não”.
Meu amigo leitor, você já parou para pensar quanto queremos agradar aos
outros? Isso não é ruim, mas querer agradar a todos é certamente um grande mal
contra si mesmo e seu tempo. Assim, querer agradar a todo mundo é a receita
certa para seu sofrimento. Você não vai conseguir! Sempre aparecerá um
indivíduo, por mais que você tenha feito o melhor e pensado em todos, que vai
criticá-lo ou reclamar de algo. E isso vai desagradá-lo e consumir sua energia.
Perda de tempo!
Se você é dessas pessoas que buscam aprovação para tudo, mude! Comece a
pensar: “Das dez coisas que tenho que fazer, quais são as que efetivamente mais
importam?”. Pegue as outras e diga: “Não vou fazer isso porque não é o mais
importante”. Lógico que a maneira de dizer “não” é fundamental quando
lidamos com seres humanos, mas diga!
Provavelmente, muita coisa em sua vida vai mudar! Se deixar de querer
agradar a todos, vai começar a se concentrar no que realmente traz consistência
para a sua vida. Vai produzir mais, será menos cobrado, terá mais tempo, menos
estresse etc.
Se quiser se encontrar consigo e com sua produtividade, pare de querer
agradar a todo mundo. Agrade a si mesmo, pois sua exigência pessoal deve ser
sempre satisfeita para que possa alinhar-se com seu verdadeiro propósito. O
resto vem depois.
A FALSA CRENÇA DO ESFORÇO E DA LUTA
No geral, fomos criados e educados ouvindo uma série de crenças sobre
trabalho, êxito e resultados na vida. Muitos de nós cresceram obedecendo às
seguintes crenças: as coisas só têm valor quando lutamos por elas; se não dermos
duro, nada acontece. Quem já ouviu algo parecido?
É fundamental rever essas crenças. Vamos comparar com a natureza. Ela não
faz esforço! A grama não se esforça para crescer! Nada no Universo existe com
esforço, absolutamente nada. Precisamos quebrar esse paradigma e trazer à tona
um novo modelo mental.
Caro amigo, troque o “trabalhar duro” por “trabalhar apaixonadamente”.
Isso levará você a fazer as coisas “sem esforço”! Se for preciso muito esforço
para realizar algo, esqueça. Se algo estiver dando muito trabalho, pode ser uma
indicação de que provavelmente o caminho escolhido não é o melhor.
Experimente de outra forma. Se todos começarem a viver assim, mudarão
completamente a maneira de se relacionar com a vida e com suas conquistas.
Isso não significa ser irresponsável, mas tentar sempre do jeito mais fluido, pois
assim é que o universo opera.
Imagine que você tenha que mudar de lugar um monte de areia e está
levando horas para desempenhar essa tarefa. Pergunto-lhe: por que você tem que
fazer isso? Não pode pagar alguém para fazê-lo? Se puder, ótimo! Mais fácil
ficou para você e, ainda assim, cumpriu sua tarefa! Perceba, faça acontecer com
o mínimo de esforço, a não ser que realmente você tenha que fazer! Quanto mais
acreditar que precisa trabalhar duro para conseguir as coisas em sua vida, mais
coisas duras realmente virão para você.
Além do mais, muitos pensam que se tornam melhores por meio de coisas
duras e difíceis. É um caminho, mas eles também podem se tornar melhores por
meios mais fáceis! A decisão é sua. Quando o sujeito dá o melhor de si, sem
esforço, as coisas se tornam mais fluidas. Dar o melhor não necessariamente tem
de ser sempre duro e custoso.
SEJA UM REVISOR DE SEU DIA
Uma boa forma de ativar o nosso melhor é nunca dormir sem antes fazer um
autoexame do nosso dia.
Desde os meus 8 anos, sempre faço uma revisão completa do meu dia antes
de dormir. Ela pode durar segundos. E, quando estou cansado e durmo
imediatamente, sempre a faço no dia seguinte, logo cedo. Procedo assim da
mesma forma como me alimento e respiro. É sagrado para a minha evolução.
Jesus Cristo, certa vez, disse: “Antes de dormir, antes do crepúsculo, elimine
suas contas, seus problemas com os outros”. Muitos vão tomar um banho antes
de dormir, mas poucos dão um banho psíquico em seu dia. Isso significa nos
limpar e nos purificar de todas as coisas que fizemos durante o dia.
É importante fazer um balanço, refletindo e aprendendo: “O que fiz bem?”;
“Em que fiquei satisfeito comigo?”; “O que poderia ter sido melhor?”; “Se eu
vivesse este dia novamente, o que faria melhor ainda?”. Essas são perguntas
poderosas que levam a uma reflexão sem culpas, mas evolutiva, buscando ser
sempre o seu melhor.
Se o leitor quer ser o seu melhor, tem que trabalhar! Sem esforço, de
maneira inteligente e apaixonadamente.
O VALOR DAS METAS
Imagine um campo de futebol sem as traves! O que os jogadores fariam com
a bola? O fato geraria discussão, perda de energia, perda de pessoas e muitos
problemas. O mesmo ocorre com algumas pessoas que não têm metas em suas
vidas. Ter um objetivo em mente é crítico para que você possa autoexperimentar-
se. Nós viemos ao mundo para ter experiências, e elas se condensam por meio de
metas.
Quando estabelecemos metas, é fundamental que elas estejam alinhadas com
o coração, e não com a mente. As metas vindas do coração são fluidas, têm
sentido e dão valor a nossas ações. Ao determinarmos metas, temos condição de
explorar um pouco mais o nosso “melhor”. Passamos a ter um parâmetro para
nós mesmos. Um pouco melhor de nós a cada dia! Portanto, meu estimado leitor,
tenha metas em tudo na sua trajetória existencial. Quanto mais metas, mais você
mostra o tamanho e a qualidade de sua vida.
Muitas pessoas buscam por qualidade de vida. Qualidade de vida tem a ver
com sensações e estados emocionais. Os estados emocionais estão associados à
quantidade de momentos memoráveis, mas às vezes, para vivermos momentos
memoráveis, temos de passar por dificuldades, frustrações ou coisas
desagradáveis. Isso é entregar o seu melhor para conseguir o retorno desejado.
Não obteremos os tais momentos memoráveis se não entregarmos o nosso
melhor necessariamente.
Recordo-me de um corredor maratonista que se empenhou por um ano,
treinando 12 horas por dia para se entregar a uma corrida de 2 horas. Quando ele
chegou em primeiro, criou um momento memorável em sua vida. Isso o
preenche até hoje. Você, leitor, está preenchido de quantos momentos
memoráveis em sua vida? Se tem muitos, ótimo! Deve ser porque fez o seu
melhor! Mas se não, é hora de começar a ter metas vindas de seu coração e fazer
o seu melhor, assim construirá memórias que trarão estados emocionais de poder
e paz. Isso é qualidade de vida, é estar satisfeito com você e com o que fez.
Tenha, ao longo de sua vida, um grande estoque de satisfação com o passado e
verá como sua relação com o mundo ficará ainda melhor! Satisfação com o
passado e insatisfação construtiva com o presente criam uma fórmula poderosa
de avanço contínuo.
VIVER O PRESENTE
Viver o presente coloca-nos de frente com o nosso melhor! Como viver com
o meu passado se ele passou? Passou na ação, mas pode ainda estar em meus
pensamentos ou sentimentos e, então, passa a conviver com o meu presente com
relativa frequência.
Um amigo relatou um caso bastante interessante de uma moça cuja mãe
estava com câncer há muito tempo. A filha andava incomodada, pois tivera,
durante muitos anos, brigas homéricas com a mãe. Sua saída de casa trouxera
um grande sofrimento, pois fora marcada por fortes acusações por parte da mãe e
uma reprovação muito grande.
Mesmo assim, saiu de casa e foi buscar suas realizações. Tornou-se dentista,
casou-se e nunca mais teve um relacionamento saudável com a mãe. Mas ela
confessou anos depois – especialmente ao deparar com a notícia da doença – que
não passou um dia sequer sem pensar na mãe e nos fatos pretéritos. Toda vez que
revivia cenas passadas, produzia um enorme rancor e alimentavase dele com
frequência.
Da mesma forma, a mãe conviveu anos com os fatos passados. Um dia, essa
moça resolveu ligar para a mãe e ambas conversaram muito. Ela disse de
coração que queria perdoar a mãe e a mãe, por sua vez, muito emocionada, disse
que havia errado muito e esperava pelo perdão. Foi uma cena muito bonita. A
mãe morreu no dia seguinte. Os médicos afirmaram que não entendiam como
aquela senhora não havia falecido antes, pois, no estado em que se encontrava,
qualquer paciente não resistiria por tanto tempo.
Se analisarmos de fora, poderemos fazer uma pergunta: será que a mãe
estava esperando o perdão para poder se desligar deste mundo?
Vamos supor que isso tenha sentido! Veja como o passado pode prender o
presente e o futuro! E eu lhe pergunto: quantas coisas passadas ainda estão
presentes em seus sentimentos ou pensamentos? Será que isso o está ajudando a
construir seu futuro? Se não for o caso, uma boa forma de conviver com o
passado é colocá-lo como uma boa lembrança. Quanto aos fatos negativos que
permeiam seus pensamentos no presente, resolva-os se possível! Não alimente
pendências em sua vida.
Peça perdão, perdoe, dê um significado novo para as coisas. O presente é
muito precioso para ser preenchido pelo passado, que deve ser visto como um
trampolim. Volte a ele para receber o impulso para o futuro. Esse é o convívio
mais saudável que você pode estabelecer com seu passado!
Então, se quer ser o seu melhor hoje, é necessário estabelecer uma relação de
aprendizado com o passado, de intenção com o futuro e de foco no presente. O
que não é saudável é prender-se ao passado ou viver excessivamente o futuro.
Entenda que os erros que você cometeu no passado foram frutos do que você
podia ser de melhor naquele momento. É certo que, hoje, você faria totalmente
diferente, mas foi o que você tinha a oferecer ao mundo. Portanto, perdoe-se e
reconheça: “Esse foi o melhor que pude ser!”. Se necessário, peça perdão a
quem você feriu. A culpa e a vergonha precisam ser banidas de seu coração para
você fluir.
SER O SEU MELHOR HOJE É DAR 100% DE SI
Muitas pessoas, ao lerem este pacto, interpretam-no usando como uma forte
desculpa para justificar falhas. Certa vez, encontrei uma gerente que não atingia
suas metas e perguntei: “Você fez o seu melhor?” E ela disse: “Sim!”. Ao
investigarmos o que significava fazer o melhor, descobrimos que ela não visitava
um número suficiente de clientes, administrava mal seu tempo, misturava a vida
pessoal com frequência e usava muito mal as informações com seus pares. Ao
final, chegamos à conclusão de que ela dava 40% do seu melhor. Portanto, a
grande pergunta é esta: que percentual do seu melhor você está dando?
Muitas pessoas se confundem, achando que se esforçaram muito, cansaram-
se, ficaram tensas, estressadas, e essa é a razão para terem dado o seu melhor.
Isso pode ser considerado um tremendo engano. Esforço e trabalho não dizem
que o sujeito fez o seu melhor. Não são muitas as pessoas que realmente atingem
esse patamar. Mas, para você se certificar se realmente está dando o seu melhor
ou não, caro leitor, apresento-lhe um método muito simples que pode ajudá-lo.
Reúna-se com um par, colega ou chefe e estabeleça o que é esperado. Em
seguida, defina como deve agir para chegar ao ponto que é esperado. Simples
assim. Se você tem a definição de onde chegar e o que deve fazer para atingir a
meta desejada, já encontrou os parâmetros para ver se deu realmente o seu
melhor ou não. Não permita que você nem ninguém venham com a seguinte
desculpa quando algo não aconteceu conforme o esperado: “Olha... esse foi o
meu melhor!”.
É fácil ver pessoas esquivando-se de suas responsabilidades. Elas
normalmente usam: “eu tentei”, “mas você deve considerar que”, “você tem que
ver que”, ou põem a culpa em alguém, “se fulano tivesse feito” etc. Ajude essas
pessoas a saírem de suas defesas e permita-lhes que tirem seu melhor. Assim,
você contribui com a existência e a satisfação pessoal delas.
AMBIÇÃO ÉTICA
Por que precisamos ser o nosso melhor? Alimentar a ambição pode ser
perigoso?
Analisando as palavras da bandeira brasileira, “Ordem e Progresso”, resolvi
refletir um pouco sobre um dos aspectos do vocábulo “progresso”. Se o efetivo
propósito da humanidade não é progredir, eu teria muita curiosidade de entender
o porquê de estarmos todos aqui neste planeta!
O progresso, no meu entender, é fundamental para a evolução. Progredir,
analisando sob um aspecto positivo, é crescer, melhorar, ir adiante, evoluir.
Muitos são os aspectos que envolvem um ser humano e o levam a se
desenvolver. Os indivíduos são motivados a progredir por aspectos muito
distintos, mas a ambição é um fator comum e natural. Uma pessoa pode ter a
ambição de ser alguém melhor, de conquistar realizações, ganhar posições,
alcançar metas, ter status, dinheiro etc.
A ambição motiva, tira os seres humanos da zona de conforto, faz pensar
além; efetivamente, mexe com o sujeito. Porém, é muito comum encontrar
pessoas que enxergam a ambição de forma negativa; e às vezes pode ser.
Em 2007, assisti a uma cena interessante. Conheço um sujeito muito
ambicioso. Ele trabalhava com o pai e tinha tanta vontade de crescer que só se
via ocupando o lugar do próprio pai. Com o tempo, acabou se desgastando de
tanto reforçar que o pai era arcaico. Saiu da empresa e foi procurar algum
negócio que lhe rendesse dinheiro rápido, pois queria ficar rico. Entrou em um
negócio de marketing de rede de alimentos, mas o que ele mesmo queria era
ganhar dinheiro. Não pensava verdadeiramente nas pessoas. Via nelas apenas um
meio para obter lucro. Assumiu também um outro negócio na área de educação,
mas acabou se perdendo nas oportunidades e foi desligado por atitudes ilícitas.
Até então, ele não aprendera, do meu ponto de vista, a ser ambicioso de forma
ética.
Assim como esse rapaz, existem muitas pessoas ávidas por se darem bem na
vida. São criaturas que se aproximam dos outros somente por interesse. Isso é
fruto de um modelo social, induzido por uma sociedade fomentadora de
competições, comparações e medições dos valores de uma pessoa pelo que ela
tem. E muitos caem nessa armadilha normótica.
A ética é fundamental na ambição. Ética é agir de forma altruísta. É fazer
pelos outros. É deixar de pensar somente em si, ainda que sem se desconsiderar.
A vontade de ser alguém ou de ser rico não deveria estar acima da amizade, da
verdade, da justiça e da transparência. Uma pessoa ambiciosa, mas não ética, não
vê nada entre ela e o seu objetivo. Esse é o ponto crítico que destaco sobre o
aspecto da ambição ética. Um indivíduo com uma ambição ética considera as
pessoas, as coisas, as regras entre ele e seus objetivos. Esse pequeno detalhe faz
o sujeito ser perene ou não no mercado de trabalho.
Vemos hoje jovens chegando a esse mercado cheios de ambição e sonhos.
Fará diferença a ambição ser ética. Será que levarão em conta o que está “entre”?
A ambição ética às vezes retarda o alcance de metas, atrasa sonhos, mas
consolida o respeito e a confiança que o mercado e as pessoas têm por nós e que
nos dão consistência.
O QUE EXISTE ENTRE VOCÊ E SUAS METAS?
Há uma história que se passou em 1899 e, provavelmente, é uma das mais
contadas em todo o mundo desde o século 19. Essa matéria foi publicada, na
época, em uma revista chamada Philistine, como “Carta a Garcia”.
Não quero investir tempo nos detalhes de como Rowan encontrou o general,
o que não foi tarefa fácil, mas na atitude dele. Ele não chegou para o presidente e
perguntou: “Quem é ele? Como vou achá-lo? O senhor tem alguma pista?”. Não!
Simplesmente pegou a carta e fez o que tinha de fazer. Agiu!
Louvado seja! Eis aqui uma pessoa que deveria ter uma estátua de bronze
em todos os colégios e faculdades do País! Esse homem ensinou a todos que
ações dizem mais do que palavras. O que o mundo necessita é de ação. Precisa
de pessoas que dificultem menos. Que queiram entregar “cartas a Garcia”.
O general Garcia já não existe mais, mas há muitos Garcias no mundo.
Precisamos de pessoas que queiram fazer o que precisa ser feito. E que façam o
seu melhor naquele momento.
Assim, caro leitor, estabeleça um pacto com você mesmo: faça, sempre, o
seu melhor hoje.
PACTO 4 –
FAÇA SEMPRE O SEU MELHOR HOJE
1. Coloque-se em dúvida
Comece pelo fim. Esse é o segredo. Perceba que está supondo. Isso provoca
um estado de alerta. Com esse entendimento, fica mais fácil sair da ronda das
suposições. Lembre-se de que tudo aquilo que você pensa existir na vida é sua
interpretação. As interpretações podem mudar, podem estar certas ou não. Nada
é permanente. Quanto mais suposições fizer, mais você criará um mundo de
fantasias que, inevitavelmente, lhe tirará a consciência. Quando estiver supondo
e perceber isso, diga para você mesmo: “Isso é uma suposição!”.
2. Pessoa imaginária
Costumo usar um truque bem eficiente: coloco outra pessoa mentalmente em
meu lugar e pergunto a ela se teria a mesma interpretação! Se precisar, coloco
outras mais! Garanto que, toda vez que fiz isso, minhas suposições foram para o
brejo. É mais fácil dominar algo quando o reconhecemos. Ver sob a óptica
imaginária de outra pessoa, principalmente se escolhermos uma de bom senso, é
libertador do nosso próprio sistema mental.
3. Absoluta certeza
O primeiro passo é reconhecer que se trata de uma suposição. O segundo é
investigar (é preciso lembrar: se não investigarmos, a mente, dinâmica como ela
é, vai começar a supor). Quando concluirmos algo, a chave é fazer perguntas:
“Isso realmente é verdade? É fato?”. Gravemos bem isso: a outra chave é colocar
a conclusão sob suspeita. Faça a perguntinha-chave: “Eu tenho absoluta certeza
disso?”. Como este pensamento instalado, você poderá fazer a coisa certa, que é
investigar com muito mais propriedade.
Se o sujeito não pode estar presente a uma reunião, deve procurar saber tudo
que aconteceu, mas ouvindo todos para não criar suposições baseadas em uns
poucos, pois as pessoas dão suas versões das coisas, também fazem suposições.
Imagine supor em cima de outras suposições! Por isso, temos que aprender a ser
bons investigadores. É preciso levantar todos os fatos ou dados, assim daremos
trabalho para a nossa mente e ela ficará feliz. Depois, com os dados processados,
tiraremos as conclusões sem suposições.
Quando trabalhamos sem suposições, sofremos menos, evitamos perda de
energia, deixamos a mente mais limpa e podemos concluir com mais sobriedade.
Certa vez, um aluno na Bahia perguntou-me: “Isso significa que não devo
admitir nada?”. Esta é uma pergunta importante para não radicalizarmos.
Admitir hipóteses, montar planos, antecipar possíveis situações ou infortúnios é
relevante e não há problema nenhum nisso. O problema começa quando
passamos a viver a suposição e a sofrer por causa dela. Por isso, meu amigo,
recomendo que pare de fazer suposições. Assim tudo fluirá mais livremente para
você, para as pessoas e para o mundo.
QUANDO OS OUTROS NÃO QUEREM NOSSO BEM E
ISSO NÃO É SUPOSIÇÃO
Lembre-se de que ninguém chega a você sem ter sido chamado. Você verá
isso em um pacto adiante; no entanto, é possível lidar com isso sem suposições!
Muitas vezes, sentimo-nos obrigados a conviver com pessoas que não
desejamos. Algumas delas são frutos de nossas escolhas, como esposa, marido,
amigos. Já outras, não. Por exemplo: filhos, parentes e colegas de trabalho,
dentre outras. Mas elas não vieram por acaso. Acreditamos que tudo tem uma
razão. Então, não fazemos suposições; agimos.
A decisão de continuar a conviver ou não com as pessoas que escolhemos é
nossa, mas, em relação àquelas com as quais temos de conviver, temos dois
caminhos a seguir: afastar-nos ou encará-las.
Mais um exemplo: imagine o leitor que, ao chegar ao trabalho, depara com
um novo colega, que é uma pessoa evidentemente ambiciosa, com princípios
diferentes dos seus quanto à ascensão profissional. Seu chefe, no entanto, não
percebe ou não se importa com isso. Consequência: ou você sai de campo, ou
enfrenta a situação. Se optar por enfrentar, tem três caminhos: retração, agressão
ou estratégia.
Muitas vezes, as pessoas adotam a retração com o objetivo de evitar
conflitos. Passam a engolir tudo que o outro diz ou faz. Isso, aos poucos, pode
minar suas emoções, que tendem a ficar contidas. As doenças representam o
caminho final dessa situação, pois somatizamos o que não expressamos.
Outras pessoas não abrem mão e resolvem adotar um comportamento mais
agressivo para enfrentar coisas que não admitem. Por um lado, elas se
manifestam, mas, por outro, criam muitos problemas e conflitos. Algumas
adoram estar nessas disputas e até se fortalecem aparentemente com elas. Mas o
desgaste e as inimizades são preços inevitáveis.
Vamos explorar a estratégia, por ser uma atitude mais consciente e menos
emocional. Quando temos pessoas à nossa volta com autoestima baixa, porém
com uma ambição grande, não precisamos fazer suposições, mas teremos de ser
cuidadosos. O grande desafio é que indivíduos ambiciosos em demasia podem se
sentir altamente incomodados com suas ações. Por isso, listo algumas dicas para
o leitor conviver com pessoas que não gostam dele, ou que fingem gostar, que
não querem seu bem ou o veem como uma ameaça ao status quo, sem que ele
tenha de supor coisas.
Primeiro, pare de falar sobre você, pois, cada vez que essas pessoas o
escutam, elas podem dizer que é prepotente ou outras coisas mais. Você cria
oportunidades para que elas façam suposições desnecessárias. Preserve-se.
Segundo, compartilhe apenas o estritamente necessário. Às vezes, quando o
sujeito dá de si em excesso, ele se desvaloriza e se posiciona mal.
Terceiro, se for necessário e obrigatório o convívio, não corte relações,
mantenha algum vínculo com a pessoa. É melhor tê-la por perto do que longe.
Normalmente, esse tipo de pessoa acaba revelando o que pensa de você nas
entrelinhas – quando o convívio existe – e pode lhe dar a oportunidade de
estabelecer um novo nível de relação.
Quarto, jamais se deixe irritar. Quem o irrita tem domínio sobre você.
Quinto, não se preocupe com as críticas, pois podem ser elogios disfarçados.
Sexto, não se preocupe se essas pessoas o julgam demais ou lhe atribuem
defeitos, pois, muitas vezes, esses defeitos podem ser delas mesmas... Muitas
vezes as pessoas ficam vendo seus defeitos nos outros, pois não têm coragem de
assumi-los.
Sétimo, mantenha pensamentos de paz, coragem, saúde e felicidade. Esses
pensamentos expulsam energias negativas.
Oitavo, deseje o melhor e faça o melhor para essas pessoas. Você pode servir
de exemplo, e o tempo será seu eterno aliado. Elas devem ser vistas como irmãos
em evolução.
Nono, mande energias positivas ou reze para elas. Isso funciona
magicamente.
Pessoas invejosas, fingidas, excessivamente competitivas, desonestas sempre
passarão ao nosso redor. É um aspecto delas, apesar de não serem elas por
completo. Não devemos fazer suposições, apenas lidar com fatos e tirar
aprendizados, alinhando-nos apropriadamente. Precisamos ser estratégicos, não
fingir amizade se não a temos, tratar todos bem e seguir nosso caminho. Admita
a possibilidade de que as pessoas “estão”, e não “são”, o que você afirma!
Assim, você se torna mais estratégico sem também julgá-las.
SÍNDROME DE PROCUSTO
Na mitologia grega, um gigante chamado Procusto convidava pessoas para
passar a noite em sua cama de ferro. Mas havia uma armadilha nessa
hospitalidade: ele insistia para que os visitantes coubessem, com perfeição, na
cama. Se eram muito baixos, ele os esticava; se eram altos, cortava suas pernas.
Por mais artificial que isso possa parecer, será que não gastamos um bocado
de energia emocional tentando alterar ou enquadrar outras pessoas de formas
diversas, embora menos drásticas?
Esperamos, com frequência, que os outros vivam segundo nossos padrões e
ideais, ajustando-se aos nossos conceitos de como eles deveriam ser. Ou então
assumimos a responsabilidade de torná-los felizes, bem ajustados e
emocionalmente saudáveis.
A verdade é que grande parte dos atritos que existem nos relacionamentos
acontece quando tentamos impor nossa vontade aos outros, administrando-os e
controlando-os. Isso é outra forma de supor como as pessoas deveriam ser.
De tempos em tempos, em graus variados, assumimos responsabilidades que
não nos pertencem. Tentamos dirigir a vida das outras pessoas com a intenção de
influenciar tudo, desde sua dieta até a escolha de roupas, passando por decisões
financeiras e profissionais. Tomamos partido e ficamos excessivamente
envolvidos, até encontrarmos ou criarmos problemas onde eles não existem, para
podermos criticar e oferecer conselhos.
É preciso entender que ninguém muda até que deseje fazê-lo, esteja disposto
a mudar e pronto para tomar as atitudes necessárias a efetuar a mudança. É por
esse motivo que o resultado de nosso “procustianismo” é sempre o mesmo.
Estamos destinados a fracassar em nossos esforços para controlar ou modificar
alguém, não importa quanto sejam nobres nossas intenções. E estamos
destinados a terminar num turbilhão, frustrados, ressentidos e cheios de
autopiedade.
E o que dizer das pessoas que tentamos orientar? Demonstramos, com essa
atitude, falta de respeito por seus direitos como indivíduos, privando-as da
oportunidade de aprender com suas próprias escolhas, suas decisões e seus erros.
Em resumo, nosso relacionamento com aqueles com os quais afirmamos nos
preocupar profundamente torna-se desarmonioso e forçado.
Permita que os outros vivam sua vida, enquanto você vive a sua – viva e
deixe viver. Pare de fazer suposições sobre as coisas e como as pessoas deveriam
ser! Faça um pacto com você mesmo. Não faça suposições.
PACTO 5 –
PARE DE FAZER SUPOSIÇÕES
Agressão
Anulação
Aceitação
As respostas acima são meras sugestões para ampliar nossa visão, a fim de
não nos fixarmos em aspectos que transformem nosso entendimento em algo
pessoal. Cada um deve criar suas respostas!
Sugiro, a seguir, quatro perguntas poderosas, que nos ajudam a ir além do
pessoal:
Oração celta
Que jamais, em tempo algum, o teu coração acalente ódio.
Que o canto da maturidade jamais asfixie a tua criança interior.
Que o teu sorriso seja sempre verdadeiro.
Que as perdas do teu caminho sejam sempre encaradas como lições de
vida.
Que a música seja tua companheira de momentos secretos contigo
mesmo.
Que os teus momentos de amor contenham a magia de tua alma eterna
em cada beijo.
Que os teus olhos sejam dois sóis olhando a luz da vida em cada
amanhecer.
Que cada dia seja um novo recomeço, onde tua alma dance na luz.
Que, em cada passo teu, fiquem marcas luminosas de tua passagem em
cada coração.
Que, em cada amigo, o teu coração faça festa, que celebre o canto da
amizade profunda que liga as almas afins.
Que, em teus momentos de solidão e cansaço, esteja sempre presente em
teu coração a lembrança de que tudo passa e se transforma quando a
alma é grande e generosa.
Que o teu coração voe contente nas asas da espiritualidade consciente
para que tu percebas a ternura invisível, tocando o centro do teu ser
eterno.
Que um suave acalanto te acompanhe, na Terra ou no espaço, e por
onde quer que o imanente invisível leve o teu viver.
Que o teu coração sinta a presença secreta do inefável!
Que os teus pensamentos e os teus amores, o teu viver e a tua passagem
pela vida sejam sempre abençoados por aquele amor que ama sem
nome. Aquele amor que não se
explica, só se sente.
Que esse amor seja o teu acalanto secreto, viajando eternamente no
centro do teu ser.
Que esse amor transforme os teus dramas em luz, a tua tristeza em
celebração, e os teus passos cansados em alegres passos de dança
renovadora.
Que jamais, em tempo algum, tu esqueças da Presença que está em ti e
em todos os seres.
Que o teu viver seja pleno de Paz e Luz.
USANDO A MENTE PARA SE ISOLAR DO FATO
Comprou? É seu! Se você comprar a ação do outro, você entrou no joguinho
e é isso que ele quer. Outro método eficaz de não tomar as coisas como algo
pessoal é usar a mente para se isolar do fato. O leitor deve observá-lo de fora. Se
você começa a olhar de fora, não comprará como algo seu. Mesmo que tenha
sido intencional, contra você, não precisa assumir como seu. Isso não significa
ser passivo, mas, se não comprar como seu, agirá com muito mais lucidez e
sabedoria. Você simplesmente muda o enfoque de culpa e raiva para o
entendimento do que é o outro. Para isso, você pode trocar conclusões e falas.
Vejamos, a seguir, alguns exemplos.
Devemos ter cuidado para não adotar uma postura esquiva e fujona de
nossas atitudes e responsabilidades, quando atacados. É sempre importante
refletir também sobre nossa responsabilidade.
Muitas vezes, em jogos pesados e estratégicos que envolvem dinheiro e
poder, somos atacados por pessoas com más intenções. Não estou orientando o
leitor a tapar os olhos, mas lhe mostrando que, ao não tomar algo como pessoal –
mesmo que isso o afete e seja o propósito do outro –, mais conscientes e lúcidas
serão sua posição e suas ações.
Ser impecável com as palavras não significa saber falar bem a língua, mas
saber o quê, como, com quem, quanto e quando falar. Ser impecável é saber
calar quando for preciso. “A palavra é de prata, o silêncio é de ouro”, diz um
velho provérbio. Ainda de acordo com Weil, “o silêncio é de grande utilidade. É
muito mais fácil falar do que calar. Demanda grande capacidade de controle de si
mesmo”.
Se o que sai de sua boca não o ajudar nem for construtivo, opte pelo silêncio.
INTENÇÃO E CONFIANÇA
Um homem sentado na calçada tinha uma placa com os seguintes dizeres:
“Vejam como sou feliz! Sou um homem próspero, sei que sou bonito, sou muito
importante, tenho uma bela residência, vivo confortavelmente, sou um sucesso,
sou saudável e bem-humorado”.
Alguns passantes olhavam-no intrigados, outros o achavam doido e outros
mais até lhe davam dinheiro. Todos os dias, antes de dormir, ele contava o
dinheiro e notava que, a cada dia, a quantia era maior. Numa bela manhã, um
importante e arrojado executivo que já o observava há algum tempo aproximou-
se e lhe disse:
– Você é muito criativo! Não gostaria de colaborar numa campanha da
empresa?
– Vamos lá. Só tenho a ganhar! – respondeu o mendigo.
Após um caprichado banho e trajando roupas novas, foi levado para a
empresa. Daí em diante, sua vida foi uma sequência de sucessos e, algum tempo
depois, ele acabou se tornando um dos sócios majoritários. Numa entrevista
coletiva à imprensa, ele esclareceu como conseguira sair da mendicância para
tão alta posição.
– Bem, houve época em que eu costumava me sentar nas calçadas com uma
placa ao lado com esta mensagem: “Sou um nada neste mundo! Ninguém me
ajuda! Não tenho onde morar! Sou um homem fracassado e maltratado pela
vida! Não consigo um mísero emprego que me renda alguns trocados! Mal
consigo sobreviver!”. As coisas iam de mal a pior quando, certa noite, achei um
livro e nele atentei para um trecho que dizia: “Tudo o que você fala a seu
respeito vai se reforçando. Por pior que esteja a sua vida, diga que tudo vai bem.
Por mais que você não goste de sua aparência, afirme-se bonito. Por mais pobre
que seja, diga a si mesmo e aos outros que você é próspero”. Aquilo me tocou
profundamente e, como nada tinha a perder, decidi trocar os dizeres da placa. A
partir desse dia, tudo começou a mudar, a vida me trouxe a pessoa certa para
tudo de que eu precisava, até que cheguei onde estou hoje. Tive apenas que
entender o poder das palavras. O Universo sempre apoiará tudo o que dissermos,
escrevermos ou pensarmos a nosso respeito, e isso acabará se manifestando em
nossa vida como realidade. Enquanto afirmarmos que tudo vai mal, que nossa
aparência é horrível, que nossos bens materiais são ínfimos, a tendência é que as
coisas fiquem piores ainda, pois o Universo as reforçará. Ele materializa em
nossa vida todas as nossas crenças.
Uma repórter, ironicamente, questionou:
– O senhor está querendo dizer que algumas palavras escritas numa simples
placa modificaram a sua vida?
– Claro que não, minha ingênua amiga! Primeiro, eu tive que acreditar nelas!
Isso é verdade?
Isso é bom para todos?
Isso é útil?
A PALAVRA COMO PROMESSA
Se falar ou prometer algo, caro leitor, cumpra. Isso afeta sua integridade e
sua história de vida.
Integridade é uma palavra séria. Tão séria que, às vezes, transferimos a
importância de seu significado para cobranças e críticas injustas às pessoas em
nossa volta ou, mesmo, para sujeitos públicos. Sem querer defender ninguém
nem a classe pública, vamos primeiro dar uma volta pelo conceito.
A definição mais lúcida que já li até hoje sobre integridade foi de Stephen
Carter, da Universidade de Yale. Ele disse que integridade requer três passos-
chave em relação ao indivíduo:
Experimente! Seu poder para empoderar está aí, bem à sua frente! Você
poderá fazer uma enorme diferença na vida das pessoas.
Em tempo: sugiro ao leitor que faça um pacto consigo – seja impecável com
as palavras.
PACTO 7 –
SEJA IMPECÁVEL COM AS PALAVRAS
Passo Se o que sai da sua boca não o ajudará, opte pelo silêncio.
31:
Passo Tenha um objetivo construtivo ao falar.
32:
Passo Honre cada palavra que sai de você.
33:
Passo Antes de falar, pergunte a si mesmo: “Isso é verdade? Isso é bom
34: para todos? Isso é útil?”
Passo Pare de mentir.
35:
PACTO 8 –
APRENDA COM O OUTRO –
AQUILO QUE O INCOMODA MUITO NO
OUTRO TAMBÉM ESTÁ EM VOCÊ
O que vocês consideram um grave defeito nos outros muitas vezes
deixam de ver em si mesmos.
Eva Pierrakos
A REALIDADE COMO ESPELHO
Na China antiga, um homem chamado Wong sentia-se hostilizado pelas
pessoas da pequena aldeia onde morava. Um dia, o sr. Wong foi visitar o sábio
da região e desabafou:
– Cumpro minhas obrigações para com os deuses, sou um bom cidadão, um
exemplar chefe de família, vivo praticando a caridade... Por que as pessoas não
gostam de mim?
A resposta do mestre foi simples: embora o sr. Wong fosse caridoso, o seu
rosto sério levava todos a uma conclusão diferente. Ainda que fosse muito rico,
era pobre de alegria e cordialidade, e nunca sorria, apesar de sempre ajudar as
pessoas.
O sábio deu ao sr. Wong uma máscara sorridente, que se ajustava
perfeitamente ao seu rosto. Advertiu-o, entretanto, de que, se algum dia a tirasse
do rosto, não conseguiria recolocá-la. No primeiro dia em que Wong saiu à rua,
todos começaram a cumprimentá-lo e, em pouquíssimo tempo, já estava cheio de
amigos. Mas, um dia, chegando à conclusão de que as pessoas não gostavam
dele, mas da máscara, pensou: “É preferível ser hostilizado a ser estimado por
uma máscara falsa”. Foi até o espelho e retirou a máscara sorridente. Mas que
surpresa... O seu rosto tornara-se também sorridente, assumira as expressões e o
sorriso da máscara...
O sr. Wong mudou sua face simplesmente porque começou a retribuir o que
recebia. Isso nos remete ao simples fato de que entre mim e o outro existe uma
relação fina de troca, seja positiva, seja negativa, e ela é sem dúvida uma
oportunidade de muito aprendizado.
Sempre que o leitor julgar alguém, sempre que se sentir irritado, ressentido
com os defeitos do outro, deverá refletir: “Será que eu não tenho algo
semelhante e estou com dificuldade de reconhecer isso em mim, sendo mais fácil
acusar o outro?”.
PARE DE FALAR MAL DAS PESSOAS
Se o leitor quiser falar mal de alguém, conseguirá com facilidade. Se quiser
falar mal de mim, deste livro ou de qualquer coisa, é bem fácil conseguir. O que
mais vejo são pessoas falando mal umas das outras. Isso é comum, eu também já
fiz muito isso. Mas é hora de realmente rever o que estamos construindo com
essa prática.
Palavras são mantras queridos! Elas são mais fortes do que imaginamos e o
que emanamos volta! Retornam porque simplesmente passam a fazer parte do
nosso corpo energético e do nosso invólucro manifestado.
Se você não gosta ou não gostou de algo que alguma pessoa fez, expresse
sua emoção, coloque-a para fora, mas não fique falando mal de alguém como
forma de desabafo. Você somente aumentará o mal que faz a si mesmo. Tudo
voltará. Esta, talvez, seja uma das atitudes mais pobres de um ser humano em
relação a ele mesmo.
Jesus disse que a boca fala o que transborda do coração. Quando um sujeito
roga praga em alguém, está invocando um fluxo de energia negativa que visa
afetar essa outra pessoa. Ao falar, todo mundo (inclusive você, leitor) impregna
tudo de energia. Mas lembre-se de que essa maldição teve um início, teve um
“pai” e uma “mãe” para gerá-la, e essa criança vai levar a cabo sua missão,
embora o bom filho sempre volte para casa. Em outras palavras, toda praga que
jogar nos outros vai repercutir também em você de alguma forma. Por isso,
pense realmente se vale a pena manifestar sua indignação ou raiva por meio da
palavra dirigida a alguém de forma vingativa.
PERDOAR SEMPRE
Um dia, Paulinho voltou da escola muito bravo, fazendo o maior barulho
pela casa. Seu pai percebeu a irritação e o chamou para uma conversa. Meio
desconfiado e sem dar muito tempo ao pai, Paulinho falou, irritado:
– Olha, pai, eu estou com uma tremenda raiva do Pedrinho. Ele fez algo que
não deveria ter feito. Espero que ele leve a pior. O Pedrinho me humilhou na
frente de todo mundo. Não quero mais vê-lo. E espero que ele adoeça e não
possa mais ir à escola.
Para surpresa de Paulinho, seu pai nada disse. Apenas foi até a garagem,
pegou um saco de carvão, dirigiu-se até o fundo do quintal e sugeriu:
– Filho, está vendo aquela camiseta branca no varal? Vamos fazer de conta
que ela é o Pedrinho. E que cada pedaço de carvão é um pensamento seu em
relação a ele. Descarregue toda a sua raiva nele, atirando o carvão do saco na
camiseta, até não sobrar mais nada. Daqui a pouco eu volto para ver se você
gostou, certo?
O filho achou deliciosa a brincadeira proposta pelo pai e começou. Como era
pequeno e estava um pouco longe, mal conseguia acertar o alvo. Após uma hora,
ele já estava exausto, mas a tarefa havia sido cumprida. O pai, que o observava
de longe, aproximou-se e perguntou:
– Filho, como está se sentindo agora?
– Isso me deu a maior canseira, mas... olhe: consegui acertar muitos pedaços
na camiseta – disse Paulinho, orgulhoso de si.
O pai olhou para o filho, que até então não havia entendido a razão da
brincadeira, e disse carinhosamente:
– Venha comigo até o quarto, pois quero lhe mostrar uma coisa.
Ao chegar ao quarto, colocou o filho diante de um grande espelho, e o
menino ficou sem entender nada. Quando olhou para sua imagem, ficou
assustado ao ver que estava todo sujo de fuligem e tão imundo que só conseguia
enxergar seus dentes e os pequenos olhos. O pai então explicou:
– Veja como você ficou. A camiseta que você tentou sujar está mais limpa do
que você. Assim é a vida. O mal que desejamos aos outros retorna para nós
mesmos. Por mais que possamos atrapalhar a vida de alguém com nossos
pensamentos, a mancha, os resíduos, a fuligem ficam sempre em nós.
Neste pacto, eu preciso confidenciar algo. Quero dizer a vocês, meus
queridos, que custei a admitir que aquilo que me incomodava nos outros também
estava em mim. Foi difícil. E mais: foi doloroso. Se o leitor ficou incomodado
com este pacto, eu lhe adianto: leia-o e estude-o com muito carinho, traga os
ensinamentos para sua vida e perceberá muitas coisas interessantes sobre você.
Vamos começar falando de um território onde vivemos muitos desafios: o
relacionamento a dois.
O verdadeiro propósito das relações humanas é o aprendizado. Todos nós
aprendemos nos relacionando. É comum casais divergirem, e não há problema
nenhum nisso. O aprendizado reside em outra esfera, mais sutil. Ele existe na
irritação e na raiva, quando manifestadas em alguma situação ou no
comportamento de alguém na relação a dois. A irritação e a raiva são sinais
poderosos sobre nós mesmos por meio do espelho que o outro representa. A
disfunção é revelada pela emoção.
Quando sentimos raiva ou uma irritação forte devido a algum
comportamento do companheiro ou companheira, isso pode ser um sinal de algo
de que não gostamos em nós mesmos e que não foi reconhecido nem tratado.
Relacionamentos são acordos entre as partes para compartilhar realidades
mútuas, de modo a obter feedbacks sobre a verdadeira natureza da experiência.
Se vivemos sempre os mesmos problemas com as pessoas e temos a
sensação de que determinada situação se repete em nossa vida, isso nada mais é
do que um sinal de que ainda precisamos desses “joguinhos” emocionais para
alimentar nosso aprendizado.
Flávia é uma oftalmologista em Belo Horizonte. Antes de se casar, segundo
sua mãe, sempre namorou homens que lhe traziam problemas. Eles a tratavam
mal, moldavam-na, queriam ter pleno controle sobre ela. Ela sempre se
queixava, apaixonava-se por eles e sofria nas relações. Quando terminava com
um pelos motivos acima, aparecia um novo namorado, com personalidade
diferente, estilo diferente, mas que a tratava da mesma forma. Até que um dia se
casou.
Dois anos depois, sentada no sofá da casa de sua mãe, chorando, disse que
era sempre agredida com palavras e que o marido era rude, entre outras coisas.
Disse que sempre sonhara com um homem gentil, e não entendia por que o
destino sempre trazia homens bonitos, sarados e dominadores para a sua vida.
Ela sempre se apaixonava pelos homens errados. Dos poucos que conheceu que
eram realmente diferentes ela não conseguia gostar.
Ora, a vida não trouxe nenhum desses homens para ela. Foi Flávia que os
atraiu. Foi seu modelo de ressonância. Ela precisava desses homens para
aprender algo. O problema é que, como não aprendia, o padrão se repetia. E
sempre vai se repetir enquanto não houver aprendizado. Rompe-se uma relação e
o padrão vem em outra, mais cedo ou mais tarde, se não existir aprendizado.
QUANDO NÃO APRENDEMOS, O PADRÃO SE REPETE
Nós não fomos preparados para lidar com padrões. Fomos condicionados a
segui-los e aceitá-los. Por isso, levamos um tempo enorme para limpar os tais
padrões e eliminar determinados tipos de relacionamentos de nossas vidas. Até
porque o problema não está no relacionamento em si; o problema está em nós, e
precisamos dos relacionamentos para resolver questões que são nossas.
No caso da Flávia, ela se separou, mas até hoje atrai os mesmos tipos em sua
vida. E o leitor pode me perguntar: “Louis, você não fez nada?”. A gente faz sim,
mas quem muda é a pessoa, pois o poder e o comando da vida de cada um são
exclusivos do próprio sujeito. O que posso dizer é que a Flávia não quis mudar
esse aspecto. Ela diz que quer, mas no fundo não quer. O que isso significa
então? Que ela precisa de mais experiências para aprender. Essa foi a escolha
dela e deve ser respeitada. Cada pessoa faz seu caminho.
Agora, se você preferir enfrentar seus demônios nas relações problemáticas,
convido-o a ler com atenção o modelo a seguir e sobre como rompê-lo. Adianto
que irá olhar a todo momento para si mesmo e isso será relativamente doloroso,
porém libertador.
Para isso, é preciso compreender o que é ressonância emocional e como isso
pode mudar completamente a forma de lidar com as pessoas por meio das
emoções. Afinal, tudo passa pelas emoções, e emoção se relaciona com energia.
Lembre-se, portanto, de que energias estranhas são sempre atraídas para lugares
onde as pessoas estão tensas ou nervosas.
Nossas emoções dizem mais do que qualquer outra coisa.
Quando temos uma dor no corpo, o que isso significa? Significa que algo
está errado e nosso corpo está nos dizendo isso por meio de um instrumento, que
é a dor. Quando sentimos raiva, medo ou tristeza, dentre outros sentimentos, o
que isso significa? Significa que existem emoções alojadas em nossa alma que
justificam nossos sentimentos e reações. Quando nos irritamos com alguém, por
exemplo, na verdade não estamos nos irritando com a pessoa propriamente. A
irritação nada mais é do que uma ressonância do que está em nós. Já imagino
que muita gente não vai concordar com isso, porém reitero que todos devem
considerar o que vou dizer.
A emoção é um sinal, um filamento de informação de algo que quer se
comunicar e se libertar de nosso interior. Ninguém tem como provocar um
sentimento em nós que já não esteja presente. Permita-me o leitor repetir isso:
ninguém provoca em nós um sentimento que já não esteja presente.
Se a forma de agir de alguém nos incomoda, na verdade, nosso incômodo
nada mais é do que algo que vimos no outro e que não reconhecemos em nós
mesmos. O negativo que está no outro, se nos incomoda, de alguma forma está
em nós também, manifestado de uma forma que não identificamos. Esse
incômodo cria um canal de ressonância entre cada um de nós e o outro, que só se
fecha quando reconhecemos nossas emoções e as liberamos. Enquanto não as
liberarmos, elas vão se manifestar cada vez mais intensamente.
O leitor pode perguntar: “E se eu anulá-las?”. Você irá colocá-las em seu
corpo emocional, em sua alma. Isso tenderá a se corporificar. Nesse sentido, tudo
se corporifica! A consequência dessa corporificação é a concentração de energia
retida que poderá se transformar em uma doença no corpo. O problema nessa
história toda é que o corpo, inteligente como é, não aceita essas corporificações
emocionais manifestas. Ele acaba por eliminá-las. Lembre-se: nada fica no
corpo. Ele expulsa tudo. E ele pode até expulsar você dele!
O SIGNIFICADO DA IRRITAÇÃO
Por que determinada pessoa nos irrita, nos incomoda e estimula em nós
sentimentos aparentemente negativos? Porque este ser foi escolhido por nós para
nos ensinar algo sobre nós mesmos. Atraímos as pessoas para nosso convívio.
Ninguém chega gratuitamente em nossa vida. Concorde o leitor ou não, eu
apenas o convido a abrir a sua mente, rever suas verdades e considerar esse
aspecto das relações. Apenas considere e, depois de um tempo, procure chegar
às suas próprias conclusões.
No dia em que entender o que uma certa pessoa lhe traz como ensinamento,
o incômodo não terá mais significado e você não precisará repetir determinadas
situações em sua vida. A pessoa irá embora de sua vida, você simplesmente não
dará mais importância a ela, ou podem até construir algum relacionamento em
um novo nível.
O MODELO DE RESSONÂNCIA EMOCIONAL
O caso Frank
Imagine o leitor que está assistindo a uma palestra à noite, em uma cidade
grande, e que tenha deixado seu carro estacionado em uma região não muito
segura. Quem garante que seu carro estará lá ao final da palestra? Essa é uma
possibilidade real. Querendo ou não, pode haver uma preocupação. Por menor
que ela seja, se vem à mente de forma explícita ou não, ocorre um gasto de
energia que, por sua vez, gera um dispêndio mental.
Situações diárias como essa geram gastos de energia mental. Podemos citar
muitas outras, como um amigo ou parente doente, um objetivo ainda não
alcançado, uma cobrança, uma dívida, um problema não resolvido; situações
com que convivemos no dia a dia simplesmente pelo fato de vivermos em um
mundo interativo e cheio de surpresas.
O problema não são as coisas que nos acontecem, mas a maneira como
lidamos com elas e como reagimos ao que nos acontece. Eis a pequena grande
diferença. As pessoas reagem de forma distinta exatamente às mesmas situações.
Tenho um conhecido que é comerciante e, como todo comerciante que vive
no Brasil, passa pelos sobressaltos e as instabilidades naturais de um mercado
em completa reformulação. Toda vez que o encontro, ele sempre usa a palavra
“problema”. É hilário, mas é uma pessoa que somente fala de problemas e
dificuldades. O interessante em seu comportamento é que seus desafios não são
diferentes dos de seus colegas; no entanto, ele sempre reage dessa forma. Ou
seja, essa não é a realidade dele, mas como ele interpreta o que acontece com
ele. É evidente que isso gera um enorme dispêndio de energia mental.
Isso é o que está ocorrendo com muitas pessoas: um gasto enorme de energia
mental, fruto de situações cotidianas, externas e que não dependem de nossa
ação direta, mas da nossa reação.
Quem é você? Você é seu corpo? Não! Porque você o percebe. Você é seus
sentimentos? Não! Simplesmente porque seus sentimentos mudam e você
continua aqui.
Você, na verdade, é aquele que tudo vê nas experiências que tem. Você é
consciência. Aquele que vê o que vem e o que vai, pois tudo está em movimento,
mas a consciência não se move. Ela é o que é. Ela não tem hora, nem tempo,
nem espaço.
Quando nos alinhamos com ela, estamos em completa harmonia em nossa
vida e em direção às experiências que realmente precisamos ter. Para nos
alinharmos com a consciência, é necessário o uso do espaço/tempo.
Existem três pontos na nossa existência neste plano: o passado, o momento e
o futuro.
1. Reclamação
Pessoas que gostam sempre de reclamar acabam criando uma mente voltada
para o negativo. A própria reclamação é, em si mesma, uma resposta de uma
mente negativa. Reclamar aumenta a força de um plano mental negativo, que
passa a criar mais coisas negativas para alimentar a reclamação. Quanto mais
reclamar, mais atrairá coisas negativas – até mesmo para continuar nesse padrão.
Portanto, pare de reclamar; assim você desarma uma bomba de carga negativa.
dirigir a mente;
parar o diálogo interno;
prosseguir num árduo, disciplinado e diário caminho;
treinar a mente para se manter presente;
viver plenamente o momento.
Veja: é sua decisão não repetir determinadas coisas. Isso é o poder da criação
e sua escolha. Faça um pacto com você neste momento. Passe a observar tudo o
que se passa em sua mente. Lembre-se: o que você pensa acontece. Procure,
durante os próximos dias, observar o que você fala, que tipos de pensamento
tem. Procure analisar sua vida e tudo o que conquistou. Pergunte-se:
'
Comece a traduzir seu coração em suas intenções. Leve suas intenções para
sua mente. Comece a criar o seu mundo a partir daí. Afinal, “todo dia é um dia
novo para quem sabe viver”, já dizia Dale Carnegie.
O PENSAMENTO SUPERIOR ATIVADO
Você já foi agredido por alguém, seja por meio de palavras, seja de ações?
Isso pode acontecer com qualquer um, a qualquer momento. O problema está em
usarmos a força como instrumento de resposta ou defesa.
Há muitos anos, a força era um instrumento poderoso de dominação em
todos os níveis da sociedade. A cada dia que passa, estamos entrando em um
mundo onde o sutil será o princípio mais forte. Estamos em um processo de
sutilização do mundo e da humanidade. Resolveremos os problemas com poucas
palavras, poucas ações.
A sutilização está na mente. Na condição de percebermos as pequenas
coisas, os pequenos aspectos motivadores, os padrões dos outros, as
circunstâncias criadas, as armadilhas da vida e os aprendizados que atraímos.
Quando temos a capacidade de interpretar as coisas a partir de uma óptica maior,
ativamos uma mente maior, um pensamento maior. Um pensamento que não
julga, mas entende; que não toma partido, mas vê as partes. Ver por cima ajuda a
não entrar no drama. Não entrar no drama ativa nosso estado maior de
consciência.
UMA MENTE SUPERIOR COMO CHAVE PARA A
LIDERANÇA
Olhar para si mesmo a partir de uma óptica superior é reconhecer-se, é
aceitar-se. Esse processo o conduz ao líder que existe em você.
Ter uma mente superior não significa sentir-se superior em relação a alguém
ou a algo, mas saber ver além, entender o poder de construir, de realizar, ter a
capacidade de despertar o seu poder em ação, separar e compreender.
Liderança é uma das palavras da ordem do dia. O exercício da mente
superior é, de fato, liderar você mesmo: a autoliderança.
Aí está a questão. Alguns pensam que é preciso ter ou ser uma pessoa
extraordinária para ter liderança. Existe o mito de que líderes são natos. Isso não
condiz necessariamente com a realidade. Todas as pessoas têm características
que podem ser convertidas em liderança ou não. Depende da pessoa, da situação
e do grau de evolução de cada um.
É fácil ver meninos jogando bola e identificar líderes; meninas jogando vôlei
e observar o mesmo. Porém, muitas daquelas crianças que eram apagadas em sua
infância ao longo dos anos assumiram posições de liderança, e talvez um expert
não desse nenhum valor a elas antes. Por que essas pessoas se tornaram líderes?
Elas despertaram, por elas mesmas ou não, características que foram canalizadas
em potencial de liderança. Assim, podemos quebrar o primeiro mito: a liderança
pode ser desenvolvida.
Outro dia, uma pessoa me disse:
– Não posso participar de um programa de liderança com você porque não
tenho posição de liderança.
Ora, liderança implica então ter subordinados? Quer dizer que não podemos
influenciar pessoas em outros níveis? Liderar a nós mesmos e nossas vidas?
Em uma empresa de informática, existia uma equipe de 22 pessoas sob o
comando de um gerente. Ao estreitar o contato com a equipe, pude perceber que
existia um técnico, antigo na empresa, que exercia uma enorme influência sobre
o comportamento do grupo. Toda vez que o gerente tinha um projeto em mente,
ele consultava esse homem, que analisava, comentava e o ajudava na
implementação de tudo. Ele era muito amável e tinha uma enorme facilidade de
comunicar o que pensava para o time. Ora, quem era ele para a equipe? Um
líder. Todos o admiravam e confiavam nele. Ele não tinha o poder do gerente,
mas o respeito do gerente e a admiração da equipe. Eu lhe perguntei se ele nunca
pensara em ser gerente e ele me disse:
– Isso não é o mais importante para mim, pois sou meio desorganizado e
nosso gerente nos dá uma boa direção.
Percebi imediatamente que ele era um líder forte e que não precisava estar
em posição de chefia para influenciar a equipe.
Esse é um dos maiores males da humanidade: querer o poder para mandar.
Isso não representa uma mente superior no sentido que colocamos aqui. O
mundo mudou. A liderança não está em posições, cargos etc. A liderança está na
capacidade individual de realizar, na capacidade natural de envolver pessoas e
ajudá-las a fazer o que devem e podem fazer. O líder pode influenciar seu chefe,
seu colega, seu subordinado, parentes etc. Líder é líder, não importa que cargo
ocupe.
Líderes não precisam liderar tudo a todo momento. Um corredor de
maratona não precisa estar correndo em um shopping center ao fazer suas
compras. Ele pode caminhar sem deixar de ser um corredor. Muitas vezes
esperamos que os líderes liderem tudo, mas eles precisam exercer sua liderança
apenas quando for necessário. Caso contrário, devem deixar que outros também
liderem, pois acabam aprendendo um pouco mais.
Descubra o líder que existe em você, e esse será o primeiro caminho para
uma transformação pessoal sem volta. Ver o líder em você é a maneira como
pensa sobre si mesmo. Se trabalharmos com pensamentos de alta qualidade,
teremos uma vida de alta qualidade. Ver-se como o líder de si mesmo é um
pensamento altamente qualificado para colocá-lo na sua grandeza pessoal.
Reconhecer sua grandeza pessoal é o caminho mais poderoso para ativar seu
mestre interno. O mestre interno é a sua sabedoria maior e inexplicável que vem
e dá rumo facilmente às coisas, encontrando a ação certa, a palavra certa e o
pensamento certo. Faça um pacto com você mesmo: pensamento, sentimento e
emoção, alinhados com a consciência, criam realidades.
PACTO 9 –
PENSAMENTO, SENTIMENTO E EMOÇÃO,
ALINHADOS COM A CONSCIÊNCIA, CRIAM
REALIDADES
Imagine o leitor uma xícara de café pela metade. Existem os que olham e
veem uma xícara meio cheia, e os que olham e veem uma xícara meio vazia.
Ambas as visões são possíveis. Mas a pessoa que vê a xícara meio cheia fica
satisfeita por ter algo para beber e sente-se agradecida, enquanto aquela que a vê
meio vazia fica decepcionada. Todos os acontecimentos da vida são como essa
xícara pela metade, ou seja, emocionalmente neutros – somos nós que temos
uma reação emocional a eles. Não é o que nos acontece que importa, mas como
reagimos ao que acontece.
Muitos afirmam que alguns sentimentos, como raiva, inveja e medo, são
negativos. Meus queridos, não existe sentimento negativo. Sentimento é
sentimento. É o que cada um faz com ele que determina uma polaridade, que é
interpretada de acordo com cada pessoa. Tudo é interpretável. Por exemplo, a
raiva pode motivar-me a mudar algo ou pode levar-me a matar alguém. A inveja
pode levar-me a querer tomar algo do outro ou a buscar uma nova forma de
alcançar meus objetivos. O medo pode paralisar-me ou levar-me a ser mais
cauteloso e estratégico. Apenas afirmo que tudo neste mundo é formado por
polaridades que estão ligadas a algo maior.
Existem muitos níveis de energia no universo. Os mais elevados
permanecem além das polaridades, além do bem e do mal, além das comoções
emocionais. São níveis de muito amor, luz e poder pessoal.
Quanto mais você reclama de seus problemas e se revolta porque as coisas
não estão acontecendo conforme queria, mais você se torna polarizado – e ficará
experimentando apenas um dos lados. Entender que precisa lidar com luz e
sombra, dia e noite, é não lutar contra o mundo em que vive, mas compreendê-lo
e alinhar-se com ele.
Não existe erro. Existe aprendizado. A própria insistência em um aspecto é
apenas a falta de aprendizado. Como temos a tendência a nos fixar em um ponto
e não ver o outro lado, quando vamos para o outro lado, levamos conosco
sentimentos confusos e padrões de comportamento infantis.
acima – abaixo
bom – mau
certo – errado
luz – sombra
noite – dia
calor – frio
duro – mole
sólido – líquido
tangível – intangível
Quando olho um colaborador, olho para o que ele pode vir a ser e não
foi explorado ainda.
Jack Welch
É dentro de sua própria escuridão, caro amigo, que você encontra o seu
próprio dom. Se tiver a coragem de mergulhar nela, irá encontrar mais valor e
beleza em si mesmo. Quanto mais sombra, mais luz; e, quanto mais luz, mais
sombra.
O PRINCÍPIO DA COMPLEMENTARIDADE
A física quântica abriu uma vala enorme de trabalhos e descobertas ao
descrever a natureza da matéria e do próprio ser. Ela traduz a dualidade em dois
aspectos críticos: a afirmativa de que todo ser, no nível subatômico, pode ser
igualmente entendido como “partículas” sólidas ou como “ondas”, conforme as
ondulações na superfície de um oceano.
O mais interessante nessa afirmativa é que nenhuma dessas descrições tem
real valor quando vista separadamente. O entendimento quântico se dá quando
tanto o aspecto “onda” como o aspecto “partícula” estão condensados. O
princípio da complementaridade reza que um aspecto somente se justifica
quando existe o “pacote” de ambos operando juntos.
Para a física quântica, tanto ondas como partículas são igualmente
fundamentais. Elas são modos como a matéria se manifesta e, juntas,
representam o que a matéria é.
O PRINCÍPIO DA INCERTEZA
Da mesma forma que temos o princípio da complementaridade, em que o
aspecto partícula e o aspecto onda se complementam, temos também o princípio
da incerteza.
Segundo esse princípio, tanto um aspecto como o outro se excluem. Mesmo
que ambos sejam necessários à compreensão integral do ser, apenas um está
disponível num determinado momento. Isso mostra que temos formas distintas
de enxergar um mesmo sistema.
Uma nação, por exemplo, é dividida em Estados, cidades, bairros, casas, e,
assim como percebemos o movimento do todo, temos as partículas que nos dão a
complementaridade do todo – ao mesmo tempo que nos apresenta uma
infinidade de possibilidades de enxergar a mesma nação, dependendo de para
onde olhamos. Este é, muitas vezes, o motivo pelo qual não divisamos além, seja
de situações, seja de estados, pessoas ou até nós mesmos.
Ver além requer a capacidade de entender primariamente o aspecto
“partícula” de tudo e o aspecto “onda”, movimento e velocidade. Vários tipos de
coisas podem ser vistos mais claramente se observados sob várias perspectivas.
Quem pode dizer qual é a correta?
A teoria do campo quântico nos mostra que o fluxo dinâmico repousa no
coração da indeterminação, pois tudo está em movimento. As polaridades são
apenas aspectos do todo e, quando em movimento, já se alteram ou se
manifestam. Por isso, é desafiante, e até mesmo perigoso, articular conclusões
fechadas em observações de estados, coisas e pessoas, pois estes são apenas
aspectos manifestados. Fechar conclusões é fechar os olhos para a “onda” e não
ver além.
O AMOR AMPLIA TUDO
Viver o amor. Viver por amor. Viver do amor. Viver amor. Com que aspecto
você mais se identifica?
O amor traz o aspecto “unidade” do princípio da complementaridade e da
incerteza. É um corredor quântico de entendimento em um nível mais elevado.
Certa vez, perguntaram a um mestre muito generoso, conhecido por seu
amor incondicional:
– O que é o amor?
Ele sorriu serenamente e afirmou:
– É dar!
Veja o leitor quanto essas duas palavrinhas podem ser profundas: “É dar!”.
Ele conseguiu mostrar com duas palavras apenas que amor é doação. Mas doar o
quê?
Muitos de nós vivemos em um mundo fragmentado e, às vezes, não nos
sentimos inteiros, completos, amados, compreendidos e reconhecidos. Por isso,
buscamos no outro exatamente aquilo de que sentimos falta para trazer a
completude tão necessária às nossas aspirações de paz. Como podemos querer
ser amados antes de o amor existir em nós mesmos?
A chave para a felicidade reside em cada indivíduo amar a si próprio e a tudo
o que é. Todas as suas “partes” e os seus “movimentos”. Reconheça tudo o que
você é hoje.
O amor precisa ser vivido primeiro dentro de nós. É o estágio da perfeita
harmonia. O dar ao outro é precedido pelo dar a nós mesmos. Precisamos
experimentar o amor para poder dá-lo da melhor forma possível. Muitas pessoas
vivem em função dos outros e se esquecem de que poderiam contribuir muito
mais se também levassem em consideração elas próprias!
Amor não é prender, é libertar. Amor não é rotular, é aceitar as pessoas como
elas são. Amor é desejar o melhor para a pessoa, e não a pessoa para si.
Um amigo separou-se da esposa, após anos de tentativas, por vê-la sempre
triste e compartilhar a mesma sensação. Assim que se separou, ele me disse:
– Eu a amo tanto, que não a quero para mim assim. É como se eu tivesse um
lindo pássaro cantador que não canta mais. Não vai ser prendendo-o que vou
alimentar meu amor, mas sim soltando-o e vendo-o novamente cantar.
– Mas... e se ela não o quiser depois que estiver bem? – indaguei.
– Vou ficar feliz vendo-a bem.
– E você a ama? – insisti.
Então ouvi dele uma das coisas mais profundas e incompreensíveis:
– Quem ama quer o melhor para o outro, e não o outro para si. Se eu não for
o melhor para ela, que assim seja, mas lutarei para ser. Porém, se mesmo assim
não for, ficarei em paz por vê-la bem. Ninguém entenderá isso, mas isso é amor.
Isso me fez refletir muito. Pareceu ser como o meu amor por meu filho. Eu
quero o melhor para ele, mas não o quero para mim. Meu filho é para o mundo e
para ele mesmo. Eu assisto às suas conquistas e vibro com elas. Assisto aos seus
sofrimentos e vejo que são o melhor para ele.
Veja, caro leitor, não estou dizendo que devemos largar as pessoas que
amamos, mas fundamentalmente que o verdadeiro amor ocorre quando ajudamos
as pessoas que amamos a serem felizes ou cumprirem suas missões! Viver o
amor é dar sem querer receber!
Tudo é duplo. Tudo é triplo. Todo duplo é duplo. Todo triplo é duplo.
Menhenufis
Faça um pacto com você mesmo: veja além – tudo tem mais do que dois
aspectos.
PACTO 10 –
VEJA ALÉM – TUDO TEM MAIS DO QUE DOIS
ASPECTOS
A intenção de todo poder é bem evidente quando uma pessoa vai ascendendo
de posição, não importa a área de atuação. Quando alguém visa mais poder, no
fundo, no fundo, intenciona todo poder, o poder do divino criador. Na verdade, é
o que, se pudesse, gostaria de ter.
A intenção de todo saber pode ser percebida em “mestres” ou “doutores”. O
famoso escritor Will Durant certa vez disse que, quanto mais sabia, mais
descobria quanto tinha de aprender. O que move essas pessoas? A intenção
profunda do todo saber.
A intenção de toda presença pode ser percebida, por exemplo, naqueles seres
que querem viver, aproveitar tudo o que podem como se só tivessem essa vida.
Querem sentir-se, compreender o self, experimentar o profundo, ou ao menos o
fútil, de forma abrangente. No fundo, essas pessoas intencionam toda presença.
Não existe nada de absolutamente errado em querer o todo ou tudo. O que
precisamos entender é com que estamos conectados em nossas intenções para
que exista um entendimento de nossos propósitos maiores.
As intenções e os propósitos maiores ajudam o indivíduo a se conectar
consigo e superar barreiras que o impedem de fluir para onde ele deve ir.
Portanto, caro leitor, não deixe que aquilo que você é ou tem hoje se interponha
ao que poderá vir a ser ou ter. Faça suas escolhas! Faça um pacto com você
mesmo: viva para um propósito maior do que o seu próprio.
PACTO 11 –
VIVA PARA UM PROPÓSITO MAIOR DO QUE O
SEU
Oxigênio: 65%
Carbono: 18,5%
Hidrogênio: 9,5%
Nitrogênio: 3,2%
O ponto crítico para resolver isso é muito simples. Faça uma lista de todas as
suas pendências hoje. A lista ajuda a ter uma dimensão do que estava na sua
cabeça e no seu coração. Em seguida, estabeleça um prazo para resolvê-las. O
objetivo é não deixar pendências. Se fizer isso, leitor, verá como tirar um peso
das costas, e a sensação de leveza tomará seu coração.
CAMPOS INTERAGEM ENTRE SI
Dividindo o átomo, encontramos o próton; dividindo o próton, encontramos
o quark; dividindo o quark, temos os filamentos de luz, a energia pura. Os
neutrinos são partículas de luz que atravessam o vazio. O que os neutrinos
fazem? Nós trocamos neutrinos todo o tempo. Os neutrinos leem minha energia
(meus estados), são contaminados com minhas informações e informam, criando
atração ou repulsa.
Campo, segundo Otto Scharmer, é o conjunto completo de conexões
mutuamente interdependentes. Podemos ter a noção prática de campo ao
tentarmos unir um imã. Percebemos claramente a existência de um campo de
energia ali.
Existe a lei universal da correspondência que une os campos. Os campos de
energia se atraem. Quanto mais refinadas são as energias e as frequências de
nosso corpo e nossa mente, mais entramos em sintonia com essa energia. Amor
atrai amor. Harmonia atrai harmonia. A frequência sempre será a mesma. Nós é
que a habilitamos em nosso ser ou não.
Pensamentos, palavras e atos nada mais são do que manifestações de
energia. Nossas emoções constituem o campo de força de nossa alma. Nós não
seremos capazes de alinhar nossa personalidade com nossa alma se não nos
conscientizarmos de nossas emoções. Nosso corpo é composto de átomos e
células que mantêm essa energia e todas as informações.
FOGO
O fogo é um elemento que limpa os centros de energia de seu corpo, os
chacras. Pessoas que têm o hábito de fazer uma fogueira, acender uma lareira ou,
mesmo, usar uma vela diariamente, alcançam vida longa e limpa. Tenha o hábito
de ficar pelo menos 15 minutos diante do fogo por dia. Somente ficando de
frente, o processo de limpeza já ocorre.
ÁGUA
A água é um condutor natural eletromagnético. Use a água fria, ao final do
banho, para limpar o corpo e fechar seus campos de energia. No dia a dia, estar
protegido de energias intrusas facilita a proteção energética pessoal. Outra ação
que pode ser posta em prática é um “escalda-pés”, em que você coloca água
quente (que não chegue a queimar a pele) num recipiente até a altura do
tornozelo, acrescenta sal grosso e mantém os dois pés ali dentro por dez minutos.
Essa prática descarrega o lixo energético do dia.
TERRA
A terra tem muitos aspectos mágicos. Ao colocar os pés na terra, sem
calçados, há uma descarga de energia e simultânea troca com a Mãe Natureza.
Muitas pessoas se sentem leves após andar com os pés descalços na terra. Para
quem mora em cidades litorâneas, a areia e o mar têm efeitos descarregantes
excepcionais. Outra ação usando a terra é mexer com plantas. O simples fato de
interagir é quase como um bálsamo. As plantas – quem cuida delas sabe do que
estou falando – interagem, conversam e ajudam a nos limpar, fazendo o mesmo
com os espaços físicos em que se localizam. Em muitos livros, você encontrará
os efeitos de determinadas plantas em ambientes. Recomendo que pesquise, pois
elas têm poderes medicinais energéticos.
AR
O ar é um dos mais poderosos elementos de limpeza energética desde que
tenhamos disciplina e técnica em usá-lo. A chave principal é a respiração, algo
que menciono com frequência neste livro. Quando usamos a respiração
consciente e direcionada, fazemos uma limpeza completa do corpo. Quando
inspiramos, trazemos ar e, junto com ele, vem energia limpa de fora. Quando
expiramos, temos condição de direcionar a energia que entrou para alguma área
do corpo enquanto o ar sai. Essa técnica que ensino, além de outras, em meus
programas de imersão é simples e muito eficaz.
Tudo que tem vida e é animado traz fluxo energético. Tudo aquilo que não
está em movimento é energia parada. Energia parada é densa e morta. Por isso,
recomendo que abra seu armário e veja as roupas que tem. Fique apenas com as
peças que realmente você tem prazer de usar. Dê as que não usa. Quando faz
isso, traz fluxo e leveza ao seu cotidiano. O mesmo você pode fazer para todas
as peças, utensílios e objetos em sua casa. Apenas fique com coisas “vivas”. Se
você tem aquele aparelho de jantar que usa uma vez ao ano, passe a usá-lo com
mais frequência. Dê vida a ele. A energia se transforma.
De forma igual se dá no mundo digital. Deixe nos seus arquivos de
computador somente o que é útil. Cuidado para não ficar guardando lixo
informacional. Esses arquivos, quando mantidos, criam campos de energia de
alguma forma. Esse raciocínio prevalece para tudo em sua vida.
1. Norte
2. Sul
3. Leste
4. Oeste
5. Acima – céu
6. Abaixo – terra
7. Centro (coração) – eu sou, centro galáctico
Quando temos muita acidez, trazemos muito esforço para dentro do nosso
organismo. O esforço já é uma luta interna. Com luta, as coisas não fluem. É
fundamental que façamos nosso organismo fluir e, para equilibrá-lo, precisamos
comer diariamente 80% de alimentos alcalinos e 20% de alimentos acidificantes.
Isso influencia diretamente a necessidade de o indivíduo ter um sangue 80%
alcalino. Além disso, nosso estômago tem de ser ácido para digerir as proteínas.
O intestino delgado precisa ser alcalino para que seu processo digestivo possa
ocorrer.
Pessoas ácidas são regidas por corpos ácidos. Se você se irrita facilmente e é
ácido nas relações, observe sua comida! Isso não é apenas uma questão do pH do
alimento, mas do pH das cinzas do alimento após ele ter sido metabolizado.
Em síntese: a acidez leva à dor, à doença e à morte enquanto a alcalinidade
leva à fluidez, à alegria, à leveza e à longevidade.
O QUE VOCÊ DEVERIA SABER SOBRE A ÁGUA
Como seres-água e tendo nossos corpos formados basicamente por essa
preciosa substância, precisamos perceber que tipo de água estamos consumindo.
A água alcalina também tem papel fundamental para manter o equilíbrio
ácido-alcalino. Ela contém milhões de antioxidantes, que hidratam o corpo, além
de lhe fornecer cálcio e oxigênio, ajudando a eliminar toxinas perigosas e
resíduos.
O que recomendo é a compra de água alcalina com pH acima de 7,5 e que
contenha propriedades antioxidantes. A água alcalina ionizada é reconhecida em
países asiáticos por seu fator terapêutico há mais de 20 anos. Ela pode ajudar o
corpo a fluir em suas funções, mantendo um padrão vibracional elevado e
influenciando fortemente seus estados emocionais de forma muito positiva, além
de ser uma rica fonte de minerais alcalinos, como cálcio, magnésio e potássio.
O líquido primordial de nosso organismo é o sangue e, com a água alcalina,
ele pode fluir mais facilmente para qualquer parte de nosso corpo. Deixar o
sangue fluir representa dar fluxo e vida ao corpo, além de contribuir para nossa
saúde emocional.
Então, amigo leitor, desejo que flua em todos os aspectos de sua vida física,
mental, emocional e energética. Divirta-se, pois o Universo é uma grande festa.
Assim é.
Com amor,
Louis
BIBLIOGRAFIA RECOMENDADA
www.hatlasinstitute.com ou www.louisburlamaqui.com.br
FLUA
Burlamaqui, Louis
Flua [livro eletrônico]: pare de brigar com você e traga de volta seu alinhamento : um guia
completo para as competências emocionais / Louis Burlamaqui. -- São Paulo : Goya, 2015
3Mb; ePUB
Bibliografia
ISBN: 978-85-7657-251-0
Há dois séculos, Kalidasa desafiou sua família e sua religião para empreender
uma verdadeira maravilha arquitetônica: a construção de um suntuoso palácio no
topo de uma montanha, que o alçaria aos céus e o igualaria aos deuses. Duzentos
anos depois, o ambicioso engenheiro Vannevar Morgan, que já unira dois
continentes com a Ponte Gibraltar, se propõe a construir uma nova ponte, desta
vez ligando a Terra ao espaço sideral. O que ele não imagina, porém, é que em
seu caminho está um monastério budista, localizado sobre a única montanha na
qual seu projeto poderia ser construído. Em paralelo, a humanidade detecta um
estranho sinal de rádio, de origem não humana. Pela primeira vez na história, o
planeta Terra é contatado por uma raça alienígena que, ao que tudo indica, está
cada vez mais próxima.