Curso TOD - RHEMA - 29 Nov 2022

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Curso – RHEMA

OFICINAS DE PRÁTICAS INCLUSIVAS PARA CRIANÇAS COM TOD

1ª palestrante – Professora Maria Fabiana Lozano Cardozo.

O cérebro da criança com TOD – Transtorno Opositor Desafiador

As pessoas têm o hábito de marginalizar as pessoas que tem TOD, dizendo que são crianças
mal-educadas e acabam excluindo-as.

Sempre que nosso comportamento causa prejuízos sociais, afetivos, acadêmicos ou


profissionais, devemos nos preocupar e tomar medidas que reduzam o seu impacto negativo
em nossa vida e na vida de nossos pares.

Falar em TOD é falar em manejo. Qual a melhor forma de lidar com cada situação?

Neurobiologia do TOD: Em 2017 foi publicado um estudo que traz várias relações de
funcionamento biológico do cérebro com TOD. Ele está ligado a algumas alterações biológicas
que estão relacionadas ao reconhecimento de emoções. Funcionamento da amígdala, do
hipocampo. O DSM5 é um instrumento internacional (foi atualizado em março de 2022) que nos
dá embasamento para entender melhor. O TOD é um transtorno disruptivo. Envolve problemas
relacionados a dificuldade no autocontrole, no processamento das informações que auxiliam no
controle comportamental. A criança fica angustiada.

Existem 3 domínios que a criança com TOD tem dificuldade:

- Autocontrole e processamento da punição

→ Condicionamento de medo prejudicado

→ Reatividade reduzida do cortisol ao estresse.

Os neurotransmissores que operam nessa situação são a serotonina e a noradrenalina que


reduzem a reatividade da amídala. A baixa resposta da amígdala a esses neurotransmissores
influencia no comportamento de quem tem TOD. A redutividade de reação do cortisol é um

O eixo hipotálamo pituitário adrenal tem a ver com a qualidade do sono. Ele vem como um
modulador que impacta no sistema límbico. Por isso posso ter uma baixa reatividade ou seja:

Hiporreatividade da amígdala a estímulos negativos e neurotransmissão alterada de serotonina


e noradrenalina, sugerem baixa sensibilidade à punição, o que pode comprometer a capacidade
de crianças e adolescentes de fazer associações entre comportamentos inadequados e punições
futuras.

* Reatividade reduzida do cortisol ao estresse – As glândulas adrenais passam a produzir cortisol,


adrenalina e noradrenalina que causam diversas alterações metabólicas;

* Quando um indivíduo é submetido à condições de estresse, o organismo começa a agir


fisiologicamente, secretando uma grande quantidade de cortisol, que em estudos no TOD essa
resposta é reduzida.

- O cortisol é o hormônio do estresse é produzido nas glândulas suprarenais. Ele é secretado em


resposta a um hormônio. Ele altera também funções de imunidade e metabólicas.
- Processamento de recompensa

Existem 3 áreas do cérebro que influenciam diretamente nesse processamento:

→ VTA: Área tegmental – o VTA contem toneladas de dopamina, que é liberada no núcleo
accumbens e no córtex pré frontal. Este circuito é ativado por um estímulo de recompensa, ou
seja, sentimos algo como agradável, quando essa parte do nosso cérebro é inundada por
dopamina.

→ Núcleo Accumbens

→ Córtex pré-frontal

Para o bom funcionamento precisamos de sinapses excitatórias adequadas para trazer um bom
planejamento, raciocínio lógico, previsibilidade.

O uso de substâncias também afeta o processamento de recompensas.

- Controle cognitivo.

O estado emocional desagradável associado pode tornar as crianças e adolescentes propensos


a comportamentos de busca de sensações, como quebra de regras, delinquência e abuso de
substâncias.

O controle cognitivo prejudicado IMPACTA sobre o comportamento emocional.

O córtex frontal está intimamente ligado às funções executivas.

Desde pequenas precisamos criar um repertório básico para o bom desenvolvimento de todas
as áreas.

Ex. Atividade motora perante avaliação cognitiva onde os alunos precisam se atentar,
memorizar, ter controle inibitório e responder por ato motor somente quando houver uma
solicitação do cognitivo. A capacidade da pessoa inibir uma resposta, o autocontrole, a
capacidade de controle discriminativo de respostas diferentes a diferentes estímulos, aos nossos
distratores, a seleção do distrator e manter a atenção sustentada e deixar essa entrada de
distrator preciso do cognitivo. Essa autorregulação vai implicar diretamente no comportamento
emocional.

No córtex pré-frontal – planejamento, coordenação de respostas, aspectos cognitivos e


executivos.

Lobo temporal superior – Funcionalidade a partir da memorização de linguagens, informações


ligadas às emoções (resposta motora).

Cerebelo – Faz integração da linguagem, da orientação... Ajuda a automatizar muitas respostas


no nosso corpo.

Insula – Responsável pelo desenvolvimento de empatia.

Acc – Giro singulado anterior – Coordena o nosso temperamento quando temos que reagir a
diferentes situações.
Estreado – Forma hábitos recorrentes no nosso corpo, numa resposta comportamental
transformando-a num hábito. (exemplo escovar dentes, tomar café quando levanta).

Amígdala – Possibilita nosso cérebro reagir numa situação de medo, raiva, perigo...

Hipocampo – Coordena todo processo de memorização.

*Todas essas áreas influenciam muito no nosso comportamento social. É uma rede, um circuito.
Se tenho alguma disfunção em alguma dessas áreas, afeta o todo.

* Para o aluno com TOD o processo de aprendizagem é reconhecido como um elemento mais
difícil e complexo, justamente por conta da inquietação e dificuldade de concentração, o que
impede o aluno de conseguir fixar a atenção para o assunto que está sendo abordado (BARBOSA,
2017)

É ideal que se potencialize a aprendizagem que tenha:

- Experiências significativas;

- Oferta de estímulos motivacionais (podem ser verbais como o “Parabéns!”);

- Estratégias concretas;

- Fornecimento de incentivos e dê preferência ao feedback positivo do que o negativo.

Uma sala de aula bem organizada é um ambiente estruturado em que uma quantidade mínima
de temo é desperdiçada e uma quantidade máxima de ensino é dedicada ao ensino e à
aprendizagem. Durante momentos não estruturados, quando o tempo é desperdiçado, os
alunos tendem a alterar o comportamento.

• Organize a sala de forma otimizada. Todos se beneficiarão disso, inclusive quem não
tem TOD.
• Estimule o aprender e reaprender.
• Certifique-se que a criança entenda o que o comportamento parece e representa (por
exemplo, explique o que eles devem dizer ou fazer quando precisarem de ajuda).
• Seja explícito, modele o comportamento, dê uma prática guiada e forneça um reforço
quando a criança ainda não tiver entendido.
• Forneça aos alunos e clientes, de maneira positiva, dicas visuais (por exemplo, cartaz e
para lembrá-los de regras (fale por favor, caminhe em vez de “não corra”).

2ª palestra – Professor Mestre Francimar Batista Silva.

Habilidades e competências para o professor lidar com TOD:

➔ Se analisarmos a grosso modo, chegamos a conclusões precipitadas e preconceituosas


de situações como:
• Crianças e adolescentes com TOD são rebeldes, teimosos, se opõem a adultos e se
recusam a obedecer.
• Frequentemente têm explosões de raiva e dificuldade em controlar suas emoções.
Crianças com TOD podem apresentar:

• Desobedientes
• Frequentemente se opõe a regras
• Desafia as normas e recomendações
• Ignoram solicitações
• Irritam e perturbam as outras pessoas
• Surtos de raiva frequentes
• Apresentam ressentimentos
• Índole vingativa
• Hostilidade
• Agressão verbal

➔ Como é feito o diagnóstico do TOD?


Com observação da pessoa em diversos ambientes, bem como com relatos da família,
escolas e instituições onde a pessoa frequenta.
Lembramos que não se pode ser com um olhar único.

Contribuições da escola - Relatório escolar que contenha:

• Desempenho acadêmico
• Comportamento escolar
• Adequação de rotinas
• Facilitadores e dificultadores no ambiente escolar.

Para fazer um relatório que ajudará os profissionais identificarem melhor qual melhor
tratamento para esse aluno, esse relatório deve responder as questões:

• Quem é o aluno?
• Onde se senta na sala?
• Quem são seus amigos?
• É bem aceito no grupo?
• É excluído? Tímido? Extrovertido? Agressivo?
• É educado na escola?
• Como chega na escola?
• Como se comporta na sala?
• Como se comporta no recreio?

(TEIXEIRA, 2014).

“ANTES DE EU ENTENDER QUALQUER TIPO DE DEFICIÊNCIA EU PRECISO ME COLOCAR NO


LUGAR DAQUELA CRIANÇA.”

NA ESCOLA:

O desempenho escolar pode estar comprometido e reprovações escolares são frequentes. Esses
jovens não participam de atividades em grupo, recusam-se a pedir ou aceitar ajuda dos
professores e querem sempre solucionar seus problemas sozinhos.
Prejuízos na sala de aula:

• Distanciamento e pouco envolvimento


• Déficit na comunicação instrumental
• Abuso físico e psicológico
• Negligência

Professor, atenção!!!

• Disciplina relaxada (quando um professor não está nem aí para a sala e dá um tanto de
conteúdo sem olhar as individualidades e especificidades da turma).
• Punição inconsistente
• Monitoria negativa

A questão da evasão escolar:

A criança com TOD precisa de um olhar diferenciado e cuidadoso, para que não aconteça a
evasão escolar. Precisamos ter um olhar diferenciado para o próximo. O que causa a evasão?

• Resistência escolar não trabalhada (Logo, não desista do aluno se ele resiste a
determinadas atividades).
• Desempenho acadêmico ruim (Avalie se está utilizando a estratégia pedagógica
adequada).
• Desmotivação (Já não tem motivação em casa, se chegar na escola e não for motivado,
para que vai querer ir para lá?)
• Dificuldades familiares (O pai e a mãe não estão nem aí e não ajudam ou não procuram
ajuda para as atividades. A criança sente que ninguém a entende).
• Dificuldades com os pares (Pede ajuda dos colegas, mas esses a excluem, a criança não
vai querer voltar para aquele ambiente).

➔ Tal situação se estende também para além dos muros escolares;


➔ Observar o aluno constantemente é essencial para auxiliá-lo em suas dificuldades;
➔ Cada estudante tem seu próprio tempo e ritmo.

O professor precisa sempre estudar para se atualizar.

TOD E A APRENDIZAGEM:

O rendimento escolar do aluno com TOD pode ser menor devido à:

• Facilidade de distração, constante agitação e falta de paciência;


• Essas crianças costumam ter sérios problemas e dificuldades de aprendizado que levam
a baixo desempenho acadêmico e treinamento inadequado.

Dificuldades relacionadas a:

• Habilidades verbais, como expressão oral, vocabulário inadequado, leitura, etc..


• Habilidades sociais frágeis.
• Deficiência nas funções (autorregulação das emoções, a capacidade de mudar ou as
dificuldades para resolver problemas).
• Dificuldades na interpretação das tessituras sociais das relações (sarcasmo e humor).
Como trabalhar a Autorregulação:

• Controle cognitivo
• Regulação emocional
• Regulação comportamental

Qual o papel do professor nesse processo?

➔ Formação...
➔ Prática...

• Advertir comportamentos inadequados com cautela e de preferência longe dos outros.


• Reforçar a inclusão da criança nas aulas. Não isole. Coloque para trabalhar em grupo,
coloque como ajudante.
• Conquiste a confiança da criança.
• Mude a rotina em dias de crise (Exemplo: Se o aluno está muito agressivo no dia, chame
o aluno para se sentar com você e ajudá-lo muito nas atividades do dia. O aluno passará
a admirar você porque não o colocou em situação vexatória para chamar a atenção.
Simplesmente ofereceu algo útil para fazer para tirá-lo do que não era adequado.).

PARA TRABALHAR COM A APRENDIZAGEM DAS CRIANÇAS COM TOD:

As funções executivas das crianças precisam ser compreendidas pelo professor. O professor
precisa saber que são elas que regulam a aprendizagem.

1 - Emoções são parte fundamental.

• As emoções precisam ser parte do currículo


• Trabalhar as emoções
• Jogos e atividades
• Livros e oficinas de emoção
• Ajudar a criança entender as emoções.
• Use referências: Divertidamente. (Use livros e histórias com os pequenos)

2 - Regras e rotinas são essenciais no TOD

• Modelar comportamentos
• Aprender as regras sociais
• Tenha quadros visíveis pela sala ou na carteira
• As pistas visuais ajudarão na autorregulação

3 – Escolha as suas batalhas

• Escolha um comportamento por vez


• Aprenda sobre o transtorno e suas características
• Use frases e condutas assertivas
• Reforce as condutas assertivas e ignore o mau comportamento
IGNORAR REFORÇAR
Correr Ficar sentado

Falar fora de hora Quando não atrapalha ou interrompe os adultos ou a aula falando.

Agressividade ou intimidação Condutas colaborativas (ajudar os colegas, diálogo)

Falta de atenção Trabalho minucioso, detalhista ou quando presta atenção e participa.

Outras condutas Analisar e encontrar as condutas opostas relativas e elogiar.

USE SEMPRE FRASES ASSERTIVAS

NO LUGAR DISSO... DIGA ISSO...

Parece um bebê fazendo birra Os adultos também sentem raiva, mas a gente tem
outra forma de expressar.

Eu vou te bater do mesmo jeito Você pode ficar com raiva, mas não está certo
que você está me batendo. Machucar outra pessoa.

Pare de jogar as coisas! Por que está jogando seus brinquedos? Não quer
mais eles?

Pare de gritar! Se você falar em um tom normal, eu vou conseguir


Entender.

Você é/está insuportável! Tenho um truque antirraiva: Abraços.

4 – Utilize estratégias comportamentais

• Modelar comportamentos
• Estimular a regulação comportamental
• Conversar com todos os alunos ou utilizar a técnica de forma isolada ou discreta
(exemplo da técnica do cartão).

Técnica dos cartões:

• Preparar um envelope para cada aluno


• Dentro do envelope devem conter 4 cartões: um verde, um amarelo, um laranja e um
vermelho.
• Entregar para todos os alunos.
• Explicar a dinâmica das cores e que a cada aviso um cartão será retirado.
• Explicar o motivo da retirada do cartão.
• Devolver o cartão quando há melhoras no comportamento (recompensa).

Cartão verde: ÓTIMO COMPORTAMENTO


Cartão laranja: PRIMEIRO ALERTA
Cartão amarelo: SEGUNDO ALERTA
Cartão vermelho: CHAMAR OS PAIS
Outras técnicas possíveis:

- Cantinho da calma
- Roda da raiva
- Time-out
- Contrato de comportamento
- Etc..

Indicações bibliográficas:

- O reizinho hiperativo
- Enfrentando o TOD
- Vamos lidar com a raiva (50 atividades para as crianças).
- Eu e meus sentimentos
- O reizinho da casa
- A raiva
- Emocionário
- Crianças DesAfiadoras

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