Resumo Microbiologia - Odontologia
Resumo Microbiologia - Odontologia
Resumo Microbiologia - Odontologia
ESTUDO DIRIGIDO 11
DIAGNÓSTICO MICROBIOLÓGICO 36
ESTUDO DIRIGIDO 42
AGENTES ANTIMICROBIANOS 44
ESTUDO DE CASOS 79
MORFOLOGIA E CITOLOGIA BACTERIANA
AULA 1
● A microbiologia aplicada estuda o controle e o uso dos microrganismos de maneira
benéfica (processos industriais, controle de pragas e de doenças, produção de
alimentos, etc.).
● Na área industrial, os microrganismos são utilizados na síntese de substâncias
químicas como ácido cítrico, antibióticos mais complexos e enzimas biodegradação e
de limpeza ambiental, no controle de pragas, etc
● A microbiologia médica trata dos microrganismos causadores de doenças e da
prevenção e controle das mesmas.
● A microbiologia dos alimentos está relacionada com doenças transmitidas por
alimentos, controle de qualidade e produção de alimentos (queijos, bebidas, pães,
etc.)
● Envolve o estudo de organismos procariotos (bactérias, archaeas), eucariotos
inferiores (algas, protozoários, fungos).
● Os microrganismos procariontes compreendem as bactérias, que se dividem em
eubactérias e arqueobactérias, e os microrganismos eucariontes, que compreendem
os protozoários e alguns fungos.
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CLASSIFICAÇÃO
I. Quanto ao grau de organização celular
● As células dos microrganismos podem ser divididas em duas categorias: células
eucarióticas apresentam um núcleo separado do citoplasma por uma membrana
nuclear (carioteca); células procarióticas apresentam material nuclear sem
membrana.
● Os procariontes possuem duas linhagens distintas: Bactéria (ou eubacteria) e
Archaea. São os menores organismos e os mais simples estruturalmente. Em termos
evolutivos, eles são também os mais antigos organismos da terra
MORFOLOGIA
● As bactérias são variáveis quanto ao tamanho e quanto às formas que apresentam.
● Em relação ao tamanho, a unidade de medida das bactérias é o mm (micrômetro)
que equivale a 10^3 mm. Muitas bactérias medem de 2 a 6 mm de comprimento e 1
a 2 mm de largura.
● Embora existam milhares de espécies bacterianas, elas podem ser agrupadas em
três tipos morfológicos gerais: cocos, bacilos e espiralados.
● Formas de cocos (esféricas) – é o grupo de bactérias mais homogêneo em relação
ao tamanho. Os cocos tomam denominações diferentes de acordo com o seu
arranjo.
a. Micrococos – cocos.
b. Diplococos – cocos agrupados aos pares.
c. Tétrades – agrupamentos de quatro cocos.
d. Sarcina – agrupamentos de oito cocos em forma cúbica.
e. Estreptococos – cocos agrupados em cadeias.
f. Estafilococos – cocos agrupados em grupos irregulares, lembrando
cachos de uva
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● Forma de bastonete – são células cilíndricas em forma de bastonete; apresentam
grande variação na forma e no tamanho entre gêneros e espécies.
a. Halobacterium
b. Salmonella
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a. Espirilos – possuem corpo rígido e movem-se à custa de flagelos
externos. Ex.: Gênero Aquaspirillum.
b. Espiroquetas – são flexíveis e locomovem-se geralmente por
contrações do citoplasma, podendo dar várias voltas completas em
torno do próprio eixo. Causadora de leptospirose. Ex.: Gênero
Treponema.
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ESTRUTURAS INTERNAS
● Citoplasma: É composto pela porção fluida e contém substâncias dissolvidas e
partículas, tais como ribossomos, e material nuclear ou nucleóide, rico em DNA.
● Nucleóide e plasmídeos: Nucleóide e plasmídeos vegetais. O cromossomo
bacteriano consiste em um cromossomo único e circular e ocupa uma posição
próxima ao centro da célula. Pode ser chamado de nucleóide. Várias bactérias
apresentam também moléculas de DNA extracromossomal, denominadas
plasmídeos, as quais são geralmente circulares, contendo muitas vezes genes que
conferem características adaptativas vantajosas ao microrganismo.
OBS.: Plasmídeos são moléculas de DNA de dupla fita pequenas e circulares. Não estão
conectados ao cromossomo bacteriano principal e replicam-se, independentemente do DNA
cromossômico. Podem ser ganhos ou perdidos sem lesar o celular e transferidos de uma
bactéria para outra. Podem transportar genes para atividades como a resistência aos
antibióticos, tolerância aos metais tóxicos, produção de toxinas e síntese de enzimas.
Quanto mais alto o peso molecular maior será sua importância. Cada plasmídeo tem uma
função própria, os que não têm função são crípticos e apresentam baixo peso molecular.
● Ribossomo: Locais de síntese proteica; Possui 2 subunidades de RNA e é lugar de
atuação de antibióticos (inibem síntese proteica).
● Endósporos: São células desidratadas, com paredes espessas e camadas
adicionais e podem ou não estar presentes. Elas proporcionam resistência e
garantem a sobrevivência do organismo em ambiente inadequado, pois suas
estruturas altamente resistentes ao calor, radiações e dissecação tem várias
camadas e são metabolicamente inertes. Não coram com os métodos comuns (por
causa das várias camadas) bactérias gram-positivas, são ricos em dipicolinato de
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cálcio, que estabiliza a molécula de DNA e protege os esporos. A esporulação
acontece quando os nutrientes estão escassos, e podem permanecer viáveis por
milhares de anos e conseguem germinar novamente em condições adequadas. Não
são todas as bactérias que possuem, e não é um tipo de reprodução.
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● O processo de coloração de Gram consiste basicamente em tratar bactérias
sucessivamente com cristal violeta, lugol, álcool e fucsina. O cristal violeta e o lugol
penetram tanto nas bactérias Gram-positivas quanto nas Gram-negativas, formando
um complexo de cor roxa.
● O tratamento com álcool é a etapa diferencial; nas Gram-positivas, o álcool não retira
o complexo cristal violeta + lugol, pois a sua ação desidratante faz com que a
espessa camada de peptideoglicano torne-se menos permeável, retendo o corante.
● Nas Gram-negativas, devido à pequena espessura da camada de peptidoglicano, o
complexo corado é extraído pelo álcool, deixando as células descoradas.
● O tratamento com fucsina não altera a cor roxa das Gram-positivas, ao passo que as
Gram-negativas descoradas pelo álcool tornam-se avermelhadas.
● A coloração de Gram é amplamente utilizada para identificar e classificar bactérias.
II. Flagelos
● São organelas especiais (apêndices delgados) responsáveis pela locomoção das
bactérias. De acordo com o número e distribuição dos flagelos, as bactérias podem
ser classificadas como: atríquias (sem flagelos), monotríquias (um único flagelo),
anfitríquias (um flagelo em cada extremidade), lofotríquias (um tufo de flagelos em
uma, ou ambas as extremidades) e peritríquias (apresentando flagelos ao longo de
todo o corpo bacteriano).
● Algumas bactérias movimentam-se por outros meios, diversos da atividade flagelar,
tais como o deslizamento provocado pelo fluxo protoplasmático ou pela resposta
táxica (fototaxia, quimiotaxia).
● Exemplos de bactérias com flagelos:
a. monotríquia Pseudomonas aeruginosa;
b. anfitríquia Fetus venerealis;
c. lofotriquia Spirillum volutans
d. peritríquia Salmonella.
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III. Pêlos (fímbrias)
● São apêndices finos, retos e curtos que estão presentes em muitas bactérias
Gram-negativas. São encontrados tanto nas espécies móveis como nas imóveis e,
portanto, não desempenham papel relativo à mobilidade. Os pêlos originam-se de
corpúsculos basais na membrana citoplasmática e sua função parece estar
relacionada com a troca de material genético bacteriana (fímbria sexual) com a
aderência às superfícies mucosas. As fímbrias podem ser removidas sem
comprometimento da viabilidade celular e regenera-se rapidamente.
● Exemplos de bactérias fimbriadas:
a. bactéria Escherichia coli recoberta de fímbrias
b. com fímbrias e flagelos
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IV. Glicocálice
● É formado por uma substância mucilaginosa ou gelatinosa (viscosa) e fica ligada à
parede celular como um revestimento externo. Se o glicocálice estiver organizado de
maneira definida e acoplado firmemente à parede celular, recebe o nome de cápsula;
se estiver desorganizado e sem qualquer forma frouxamente acoplada à parede
celular, recebe o nome de camada limosa. O glicocálice pode ser de natureza
polissacarídica (um ou vários tipos de açúcares como galactose, ramnose, glicana,
etc.) ou polipeptídica (ácido glutâmico). O glicocálice desempenha papel importante
na infecção, permitindo que a bactéria patogênica se ligue a tecidos específicos do
hospedeiro. Acredita-se que o glicocálice possa proteger as bactérias da
dessecação.
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ESTUDO DIRIGIDO
2. Como se dá a divisão dos organismos proposta por Carl Woese em 1980 com
base no sequenciamento de DNA codificante para rRNA?
A divisão de Carl Woese divide os seres vivos em três grandes grupos: Archaea e Bacteria
(procariontes) e Eukarya (eucariontes).
3. As bactérias são visíveis a olho nu? Quais instrumentos podem ser utilizados
para a visualização direta destes organismos? O que difere um tipo de
instrumento de outro (e.g. microscópio óptico x microscópio eletrônico de
transmissão)?
Bactérias não são visíveis a olho nu, elas podem ser observadas no microscópio óptico
(dependendo da espessura da bactéria, as mais delgadas são mais visíveis) e no
microscópio eletrônico (de transmissão ou de varredura). O microscópio óptico utiliza a luz
para projeção da imagem, enquanto o microscópio eletrônico de transmissão utiliza um feixe
de elétrons, e permite uma ampliação muito maior do objeto que está sendo observado.
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encontramos fímbrias, flagelos, pili (pilus, sendo o plural de pili) sexual/conjugativo,
glicocálix, endósporos, plasmídeo, grânulos e vesículas.
11. O que pode acontecer a uma célula bacteriana, caso esta seja tratada com
lisozima e posteriormente introduzida em um meio isotônico? E se o meio for
hipotônico em relação ao conteúdo intracelular?
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Ao ser tratada com lisozima, a parede celular seria desestruturada, através da quebra das
ligações entre NAG e NAM, e com isso, a célula estaria extremamente vulnerável contra a
pressão osmótica. Em um meio isotônico, a célula adquiriria um formato arredondado e
estaria estável, da mesma forma que se encontrava antes de perder sua parede celular,
uma vez que não ocorreria osmose. Já em meio hipotônico, a concentração extracelular
estaria menos que a do interior da bactéria e a tendência é que a água entre na célula por
osmose, consequentemente, sem a proteção da parede celular, a bactéria irá inchar até que
estoure.
13. O que é o LPS? Qual porção do LPS pode ser utilizada para tipagem bacteriana
em procedimentos clínicos? E qual porção trata-se de um importante fator de
virulência (endotoxina)?
É uma molécula de grandes dimensões constituída de um lipídio é um polissacarídeo
ligados por covalência, e é um dos componentes principais da membrana externa de
bactérias gram-. O antígeno O é a porção utilizada para tipagem bacteriana (mais externa),
e o lipídeo A é um importante fator de virulência (porção mais interna), devido a sua
produção de endotoxinas.
16. Qual a importância dos Pili conjugativos no que diz respeito ao surgimento de
bactérias resistentes a antibióticos?
Os pilis conjugativos permitem a troca de material genético entre bactérias diferentes, o que
formará um novo DNA bacteriano, e o gene transferido pode ser um gene de resistência a
antibióticos, tornando a nova bactéria resistente.
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Entre os que estão em todas as bactérias, encontram-se a parede celular, a membrana
plasmática, o nucleóide, citoplasma e ribossomos. Já entre os elementos que conferem
vantagens adaptativas encontramos fímbrias, flagelos, pili sexual, glicocálix, endósporos,
plasmídeo, grânulos e vesículas.
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há quem escreva: Trypanosoma Cruzi, já que o termo Cruzi é a
transliteração latina do nome de Oswaldo Cruz, uma homenagem a
esse grande sanitarista brasileiro.
REPRODUÇÃO BACTERIANA
● As bactérias geralmente reproduzem-se assexuadamente por fissão binária ou
cissiparidade. Nesse processo reprodutivo ocorre a replicação do cromossomo e
uma única célula divide-se em duas; em seguida ocorre a divisão do cromossomo
bacteriano replicado e o desenvolvimento de uma parede celular transversal. A fissão
binária não é o único método reprodutivo assexuado entre as bactérias. Também
pode ocorrer esporulação e brotamento.
a. fissão binária
b. exemplo de divisão binária em bactéria Moraxella catarrhalis
● Embora não ocorra reprodução sexuada, pode ocorrer troca de material genético
entre as bactérias. Tal recombinação genética pode ocorrer por transformação,
conjugação ou transdução.
● Transformação – incorporação de fragmentos de DNA perdidos por outra bactéria
que se rompeu. Esse mecanismo demonstra formalmente que o DNA é a base
química da hereditariedade.
● Conjugação – duas células bacterianas geneticamente diferentes trocam DNA
através de pêlo sexual.
● Transdução – moléculas de DNA são transferidas de uma bactéria para outra
usando os vírus como vetores (bacteriófagos). Quando o bacteriófago entra numa
célula bacteriana, o DNA do vírus mistura-se com uma parte do DNA bacteriano, de
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modo que o vírus passa a carregar essa parte do DNA. Se o vírus infecta uma
segunda bactéria, o DNA da primeira pode misturar-se com o DNA da segunda. Essa
nova informação genética é então replicada a cada nova divisão.
CRESCIMENTO BACTERIANO
● Bactérias são seres econômicos que não estão o tempo todo se replicando, ela
precisa estar em um ambiente adequado para isso, por isso consegue determinar
suas curvas de crescimento.
● Unidade Formadora de Colônia (UFC): massa bacteriana visível a olho nu. A partir
dessa unidade, determinamos a absorbância das colônias (quanto a luz é desviada
por bactérias em suspensão). A absorbância é uma medida utilizada para determinar
a fase em que uma UFC se encontra. (UFC não é igual ao número de células).
METABOLISMO BACTERIANO
● As bactérias podem fazer respiração aeróbia, respiração anaeróbia ou fermentação.
A diferença entre respiração aeróbia e anaeróbia é que uma utiliza oxigênio e a outra
não, porém o processo é o mesmo.
● A respiração que ela utilizar vai depender dos nutrientes que estiverem disponíveis
no ambiente, ela vai escolher a mais favorável.
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RESPIRAÇÃO X FERMENTAÇÃO
● Respiração: produção eficiente de energia, graças a um gradiente de prótons,
gerado por meio de uma cadeia de transporte de elétrons.
● Fermentação: a produção de energia se resume à fosforilação a nível de substrato.
A reoxidação das coenzimas reduzidas (NADH ➔ NAD+) se dá por transferência
direta do elétron para um composto orgânico.
● Exemplos de Fermentação:
I. alcoólica ➔etanol (não acidifica o meio)
II. heterolática ➔etanol + ácido lático (+ácido)
III. lática ➔ácido lático (++ácido)
IV. butanodiol ➔outro tipo de álcool
V. ácido mista ➔álcool + ácido acético
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● Quimiotróficos: usam moléculas inorgânicas como fonte de energia
NUTRIÇÃO BACTERIANA
● Macronutrientes (CHONPS): são os nutrientes que são necessários em maior
quantidade pelas bactérias, cujos principais elementos são o Carbono, Hidrogênio,
Oxigênio, Nitrogênio, Fósforo e Enxofre.
● Micronutrientes: são minerais necessários em menor quantidade. Atuam como
cofatores, estabilizando proteínas e enzimas. Podem ser citados o Fe (muito
importante por atuar na captação de elétrons, bactéria tenta captar e hospedeiro
tenta limitar), Cobre, Cálcio e Zinco.
FATORES ABIÓTICOS
● São fatores que não estão relacionados com os nutrientes, e sim com as condições
do ambiente, portanto são relevantes para a colonização de um ambiente, entre eles,
podemos citar:
a. Oxigênio
b. Luz
c. pH
d. Temperatura
e. Salinidade
f. Composição química
CARACTERIZAÇÃO DE
MICRORGANISMOS QUANDO AO
METABOLISMO DE O2
● Aeróbios obrigatórios: bactérias que
só crescem na presença de O2.
Possuem estruturas detoxificantes para
os efeitos colaterais do O2.
● Anaeróbios obrigatórios: bactérias
que fazem respiração sem o uso de O2.
Geralmente não consegue sobreviver
em ambientes oxigenados.
● Aeróbio facultativo: seu aporte
energético é criado de acordo com
aquilo que apresenta maior viabilidade
para a bactéria. Se há oxigênio ela usa,
mas se não há, ela faz respiração
anaeróbia.
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● Microaerófilos: precisa de oxigênio para a cadeia de elétrons, mas não suporta
altas quantidades de O2.
● Aerotolerantes: não utilizam oxigênio como aceptor de elétrons, mas possuem
estruturas que toleram o O2. São raras.
MEIOS DE CULTURA
COMPOSIÇÃO DE MEIOS DE CULTURA
● Meios complexos: meios ricos em macro e micronutrientes, mas sem quantidades
exatas (depende da exigência nutricional). Permite o crescimento bacteriano sem
grandes exigências. EX.: sangue, leite, ágar-nutriente.
● Meios definidos: água + quantidades conhecidas de sais e compostos orgânicos.
Ex.: ágar-MacConkey.
OBS.: Sobre a consistência: indicam a mobilidade e presença de flagelos (motilidade).
ESTUDO DIRIGIDO
1. O que se entende por crescimento bacteriano?
O crescimento bacteriano é o aumento exponencial do número de células, através da
divisão celular binária das bactérias.
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Primeira fase é a fase lag, é o tempo de adaptação da cultura ao ambiente em que foi
inserida. Nesse período não há multiplicação da espécie bacteriana, mas a ocorre a ativação
do metabolismo, produção de certas enzimas que serão úteis ao ambiente, por exemplo. Em
seguida, tem-se a fase log, em que as células estão em seu estado mais saudável e na
maior taxa de proliferação, possuindo atividade metabólica máxima, sintetizando proteínas e
constituintes celulares e duplicando o material genético. Após essa fase, haverá a fase
estacionária, que é o momento limite em que uma cultura não pode mais aumentar em
número, devido ao acúmulo de substâncias tóxicas provenientes das reações metabólicas
da bactéria, e ao esgotamento de espaço. Por fim, haverá a fase de morte, em que haverá o
declínio da cultura, que, ao ser mantida em fase estacionária por muito tempo, terá a morte
de suas células.
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Os macronutrientes são os CHONPS (carbono, hidrogênio, oxigênio, nitrogênio, fósforo e
enxofre) e os micronutrientes são vitaminas e minerais (Fe, Cu, Zn, Co, etc) necessários em
baixas concentrações. Esses nutrientes são essenciais para a ativação das reações
metabólicas da bactéria. Os macronutrientes são os principais constituintes das
macromoléculas, como proteínas, ácidos nucleicos, lípidos, carboidratos, etc, que são
essenciais para o funcionamento da bactéria. Os micronutrientes estão presentes na
estrutura de algumas proteínas, e servem como cofatores em reações bioquímicas, sendo
necessários em quantidades menores.
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moléculas circulares duplas de DNA que estão separadas do DNA cromossômico. Existem
entre uma, para grandes plasmídeos, até cinquenta cópias de um mesmo plasmídeo numa
única célula. Eles contêm genes associados a atividades especializadas, não-essenciais,
que conferem alguma vantagem à bactéria.
GENÉTICA BACTERIANA II
1. Até o começo da década de 1920, o que era conhecido a respeito dos ácidos
nucléicos? Quais as diferenças composicionais entre o DNA e RNA?
Até o começo da década de 20 tinha-se conhecimento das 4 bases nitrogenadas, e de sua
divisão em purinas (com 2 anéis aromáticos – adenina e guanina) e pirimidinas (com 1 anel
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aromático – citosina e timina), de que o DNA se tratava de um desoxirribonucleotídeo,
formado por uma base nitrogenada, uma pentose e um fosfato. As diferenças
composicionais entre DNA e RNA são a presença de um oxigênio a mais na pentose do
RNA, denominada RIBOSE, se comparada à pentose do DNA, denominada
DESOXIRIBOSE. DNA apresenta as bases nitrogenadas citosina, adenina, guanina e
TIMINA (com grupamento CH3), enquanto RNA apresenta as bases nitrogenadas citosina,
adenina, guanina e URACILA (com grupamento CH).
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existem enzimas, chamadas transcriptase reversa, capazes de sintetizar DNA a partir de
fitas de RNA, atualizando o modelo proposto no Dogma Central de Crick.
9. O que é um genoma?
Genoma é o conjunto de moléculas de ácidos nucléicos que armazenam as informações
hereditárias e que compõem um microrganismo, incluindo seus cromossomos, plasmídeos e
elementos móveis.
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11. O que são mutações de sentido errado (missense), sem sentido (nonsense) e
silenciosas? Exemplifique.
Mutações missense ocorrem quando há a troca de um nucleotídeo, e isso leva a mudança
de um aminoácido codificado na proteína, afetando ou não sua atividade (ex: É o caso da
substituição de um nucleotídeo no gene responsável pela produção da hemoglobina, em que
o códon GAA passa a ser GUA. Com isso, há substituição de um aminoácido na cadeia
polipeptídica (Glutamato • Valina), que resulta na produção de hemoglobina defeituosa,
causando uma doença chamada anemia falciforme). Mutações nonsense ocorrem quando
há a troca de um nucleotídeo, e isso leva a formação de um códon de parada, o que
ocasiona a interrupção precoce da síntese de proteína. Mutações silenciosas ocorrem
quando a troca de bases/códons não altera a função da proteína, por produzirem o mesmo
aminoácido.
12. Porque podemos dizer que as mutações de ponto são em geral menos
deletérias que as mutações de mudança de fase?
Nas mutações de ponto há apenas um par de base envolvido, levando a mudança de um
aminoácido codificado e afetando ou não a proteína produzida, já nas mutações de fase há
alteração de três nucleotídeos, levando a possíveis alterações de muitos aminoácidos,
resultando, quase sempre, em longa sequência de aminoácidos alterados, na produção de
proteína inativa e em um códon sem sentido que encerra a tradução nesse ponto.
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● A patogênese da infecção bacteriana abrange o
início do processo infeccioso e os mecanismos
que levam ao aparecimento dos sinais e sintomas
da doença.
● As bactérias patogênicas caracterizam-se por sua
capacidade de disseminação, aderência e
persistência, bem como invasão de células e
tecidos do hospedeiro, toxigenicidade e
capacidade de escapar ou sobreviver ao sistema
imunológico do hospedeiro.
● A resistência a antimicrobianos e a desinfetantes
também pode contribuir para a virulência ou para
capacidade do microrganismo em causar doença.
Muitas infecções causadas por bactérias
geralmente tidas como patógenos são
assintomáticas. Ocorrerá doença se as bactérias
ou reações imunológicas à sua presença
prejudicarem o hospedeiro.
● As bactérias (e outros microrganismos) podem se
adaptar a uma variedade de ambientes que
incluem fontes externas como: solo, água e
matéria orgânica ou em ambientes internos
encontrados nos insetos vetores, animais e em
seres humanos, onde normalmente habitam e
subsistem.
● Assim, dotadas dessa capacidade, as bactérias
asseguram sua sobrevida e aumentam a
possibilidade de transmissão. As mais frequentes
portas de entrada das bactérias patogênicas são
os locais do corpo nos quais as mucosas entram
em contato com a pele: vias respiratórias
(superiores e inferiores), trato gastrintestinal (principalmente a boca), trato genital e
vias urinárias.
● No processo infeccioso, as bactérias que causam doenças têm de se aderir às
células do hospedeiro, geralmente às células epiteliais. Estabelecido um local
primário de infecção, as bactérias multiplicam-se e disseminam-se diretamente,
através dos tecidos ou do sistema linfático, para a corrente sanguínea. Essa infecção
(bacteremia) pode ser transitória ou persistente, e permite que as bactérias se
propaguem amplamente pelo corpo até alcançarem os tecidos particularmente
apropriados para a sua multiplicação.
● A invasão microbiana pode ser facilitada pelo seguinte:
a. Fatores de virulência
b. Aderência microbiana
c. Resistência aos antimicrobianos
d. Defeitos nos mecanismos de defesa do hospedeiro
GRAUS DE VIRULÊNCIA
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● Nem sempre uma bactéria ser patogênica é o suficiente para se garantir que
estabeleça uma doença. Portanto existem medidas do grau de virulência que dá para
comparar entre as bactérias:
a. DL50 (dose letal): o tanto de células necessárias para que haja morte
(por ex, são necessárias entre 10-100 células de streptococcus
pneumoniae para causar a morte de 50% das cobaias). Quanto mais
células precisar para que haja morte, menos virulento será o
microrganismo.
b. DI50 (dose de infecção): o tanto de células que são necessárias para
que a infecção se manifeste.
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presumivelmente, in vivo. A frequente mudança de formas antigênicas possibilita a
essas bactérias escaparem do sistema imunológico do hospedeiro.
● Ainda como mecanismos de escapes bacterianos, muitas espécies de bactérias
produzem enzimas não intrinsecamente tóxicas, mas que desempenham importante
papel no processo infeccioso. Destacam-se, a seguir, as bactérias que degradam
tecidos:
I. O C. perfringens produz a enzima proteolítica colagenase, que
degrada o colágeno, a principal proteína do tecido conectivo fibroso,
promovendo a disseminação da infecção nos tecidos.
II. S. aureus produz a coagulase, que atua em combinação com fatores
sanguíneos para coagular o plasma. A coagulase contribui para a
formação das paredes de fibrina ao redor das lesões estafilocócicas,
ajudando esses microrganismos a persistirem nos tecidos. Também
provoca a deposição de fibrina sobre a superfície de alguns
estafilococos, podendo ajudar a protegê-los contra fagocitose ou
destruição no interior das células fagocíticas.
III. Muitos estreptococos hemolíticos produzem estreptoquinase
(fibrinolisina), substância que ativa uma enzima proteolítica do plasma.
Em seguida, essa enzima é capaz de dissolver o plasma coagulado e,
provavelmente, ajudar na rápida propagação dos estreptococos
através dos tecidos. A estreptoquinase tem sido utilizada no
tratamento do infarto agudo do miocárdio para dissolver os coágulos
de fibrina.
INVASÃO
● Processo pelo qual a bactéria passa a infectar células mais basais, feito geralmente
por um grupo de proteínas que recebe o nome genérico de invasinas. A bactéria atua
modulando a membrana de uma célula para que ela possa ser fagocitada, se
replicando dentro dessa célula e, posteriormente, gerando lise.
● A Salmonella spp, por exemplo, faz com que o enterócito fagocite ela.
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● INVASÃO: Adesão, indução à fagocitose (rearranjo do citoesqueleto- invasinas),
inibição de formação do fagossoma (o fagossoma não amadurece para
fagolisossoma porque tem uma membrana), replicação dentro da vesícula ou fora do
citoplasma
● O biofilme é uma estrutura fina que pode se formar ao redor de algumas bactérias,
conferindo resistência à fagocitose e a antibióticos. Desenvolve-se ao redor de
pseudomonas aeruginosa nos pulmões de pacientes com fibrose cística e também
ao redor de estafilococos coagulase-negativos em dispositivos médicos
sintéticos,como cateteres intravenosos, enxertos vasculares prostéticos e material de
sutura.
EVASÃO
● Processo pelo qual a bactéria tenta fugir do sistema imune, mediado pelas evasinas.
Modifica a ordem dos antígenos de superfície por meio de variação antigênica,
fazendo com que o reconhecimento pelo sistema imune seja falho. EX.: cápsula,
exoenzimas.. (um exemplo é a IgA)
● Mecanismos de evasão de bactérias extracelulares
VARIAÇÃO ANTIGÊNICA
● Expressam versões diferentes de molécula de superfície: antígenos.
● Antígeno é diferente de anticorpo: cada anticorpo pode inibir ou neutralizar um
antígeno específico (contra o qual ele foi criado).
EVASINAS
● Muitos fatores de virulência são evasinas que ajudam as bactérias a driblar a
resposta imune.
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● Componentes de PC:
a. Proteína M: impede a ativação do sistema complemento
b. Ácido micólico: resistência à digestão de fagócitos
c. Cápsula: impede fagocitose (ex: Streptococcus pneumoniae: só as
linhagens com cápsula são virulentas)
OBS.: PUS: aglomerado de células de defesa vivas e mortas, bactérias vivas e mortas e
muitos compostos celulares das células que morreram, além de possuir bastante DNA.
● PUS DENSO: muito DNA, bactéria não consegue se locomover/espalhar.
● PUS LÍQUIDO: presença de DNAses, que degradam DNA e permitem que as
bactérias possam se espalhar. *DNAse é um fator de virulência
Arsenais que as bactérias desenvolvem para promover a infecção: adesinas, invasinas e
evasinas.
DISSEMINAÇÃO
● Coagulases: promovem coagulação (isola o patógeno), fibrinogênio/fibrina. EX.:
abscessos — infecção localizada.
● Quinases: digerem coágulos, digere a fibrina ➔ fibrinolisina ➔espalham a infecção.
● Hialuronidase: hidrólise do ácido hialurônico do tec. conjuntivo ➔espalha infecção.
● Colagenase: quebra o colágeno dos tecidos conjuntivos de músculos e outros órgãos
➔promove a disseminação.
● Bactérias muito invasivas possuem essas 4 propriedades.
IMUNOPATOGÊNESE
● Resposta de fase aguda exagerada.
● Disparo de respostas autoimunes.
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● Deposição de imunocomplexos nos tecidos.
● Formação de granulomas.
Autoimune: quando o sistema de defesa agride “por engano” células da própria pessoa
como faria com microrganismos invasores. A doença autoimune acontece quando a
autoimunidade danifica tecidos.
Imunocomplexos: complexo Anticorpo-Antígeno formado quando o linfócito B aumenta a
produção de anticorpos contra um determinado antígeno.
TOXINAS
● Podem atingir outros locais do organismo distantes do sítio de infecção: sangue e
linfa.
TOXEMIA
● Presença de toxinas no sangue. Quando o LPA é exposto/retirado da membrana, ele
começa a produzir uma toxina que vai para a corrente sanguínea.
ENDOTOXINAS (LPS)
● Liberada com a lise das bactérias.
● Aumento da produção de citocinas.
● Febre, calafrios, dores generalizadas, choque endotóxico.
● Formação de coágulos ➔ morte tecidual.
● Principal componente da PC de gram negativas e é extremamente importante para a
sobrevivência celular
CHOQUE ENDOTÓXICO
● TNF: fator de necrose tumoral.
● Apoptose tumoral mas também pró-inflamatória.
● Mais endotoxins no sangue ➔ vasoconstrição, produção de TNF e interleucina-1
(IL-1)
● Aumenta a produção de defensinas (sistema complemento)
● Em geral, as toxinas produzidas por bactérias são classificadas em dois grupos:
exotoxinas, e endotoxinas. As exotoxinas são proteínas frequentemente excretadas
pela célula bacteriana. Contudo, algumas exotoxinas se acumulam no interior do
citosol e são injetadas diretamente no interior da célula hospedeira ou são liberadas
durante a lise celular. As endotoxinas são moléculas lipídicas que são componentes
da membrana da célula bacteriana.
31
EXOTOXINAS
● Enzimas: pouca quantidade, solúveis, ação específica, termoquímico sensíveis
● Causa da doença e não infecção, e podem afetar diversos locais (células nervosas,
cardíacas, etc.)
● Antitoxinas: anticorpos contra toxinas
● Toxóides: toxinas inativadas com ação imunológica ➔ vacinas➔ difteria, tétano…
● A maioria codificada em plasmídeos e fagos. EX.: botulismo, tétano, difteria,
intoxicação alimentar...
TIPOS DE EXOTOXINAS
● Citolíticas: destroem membranas (lise celular). EX.: hemolisinas, leucocidinas..
● Tipo AB: “B” reconhece receptor na célula, “A” entra na célula (disfunção celular)
● Superantígenos: intensa resposta imune inflamatória
EXOTOXINAS CITOLÍTICAS
● Dois mecanismos:
I. Degradação de fosfolipídios
II. Formação de poros na membrana
Hemolisinas: hemólise para captação nutricional (Fe).
Leucocidinas: leucócitos, poros.
Mucinases e sialidases: destroem o muco protetor do epitélio
32
● Beta: hemólise completa
EXOTOXINAS TIPO AB
● Toxina diftérica: impede a síntese proteica.
● Toxina colérica: perda de água e eletrólitos.
EXOTOXINAS SUPERANTÍGENO
● Interagem com células. do sistema imune.
● Causam proliferação de linfócitos T.
● Liberação de enormes quantidades de citocina.
● Resposta imune exacerbada (febre, vômito, diarréia e choque).
● EX.: S. aureus — Síndrome do choque tóxico.
● A bactéria se aproveita da lesão causada para se alimentar.
ESTUDO DIRIGIDO
1. O que é um patógeno? E patogênese? Qual a diferença entre patogenicidade e
virulência?
Um patógeno é o agente causador de uma doença infecciosa. A patogênese são os
mecanismos, o processo como um todo, pelos quais os patógenos irão levar à doença. A
patogenicidade trata-se de uma característica qualitativa, ou seja, é a capacidade do
microrganismo de gerar uma doença no hospedeiro em que se instalar, enquanto a
virulência trata-se de uma característica quantitativa, ou seja, é o grau de patogenicidade
microbiana para causar lesão no hospedeiro.
33
trato genitourinário vai apresentar como modo de defesa o fluxo de urina, a acidez da urina,
presença de lisozima e o ácido lático vaginal.
6. O que são adesinas e receptores e qual seu papel na etapa de adesão? Cite
alguns exemplos de adesinas comuns.
Adesinas são glicoproteínas e lipoproteínas presentes na bactéria que fazem uma ligação
específica com o receptor (que está no hospedeiro). É o receptor que determina a porta de
entrada preferencial. As adesinas (estruturas da superfície da bactéria) têm como papel
colonizar o hospedeiro, ou seja, se fixar nos tecidos e células. Adesinas comuns são a
cápsula, camada de muco, fímbrias (se adere às células do hospedeiro e elas absorvem a
bactéria), flagelos, ácido lipoteicóico (de Gram +, se ligam às proteínas da matriz
extracelular do hospedeiro).
34
Invasão é o processo de entrada das bactérias por dentro da célula ou pelas junções entre
as células. As invasinas tem como papel induzir a fagocitose por células epiteliais e outras
não fagocitárias.
Cada bactéria invasora é dotada de um mecanismo próprio de invasão. Primeiro, há adesão.
Segundo, há fagocitose por meio do rearranjo do citoesqueleto de actina, o qual emite
extensões células (como os pseudópodos e outros) para envolver a bactéria em um vacúolo.
Terceiro, há inibição da formação do fagossomo, a bactéria não é destruída. Quarto, Ou
ocorre replicação da bactéria dentro do vacúolo que as transportam para o tecido
subepitelial, ou rompem o vacúolo e passam para o citoplasma rico em nutrientes para se
replicar e se disseminar para outra célula através dos filamentos de actina. Normalmente
produzem citocinas e prostaglandinas gerando morte celular por necrose ou apoptose.
11. Quais os mecanismos de ação das evasinas? Cite alguns exemplos destas
estruturas.
As evasinas ajudam a driblar a defesa de um organismo e causar uma infecção. Para isso
driblam a fagocitose (destrói), o sistema complemento (concentra neutrófilos, anticorpos e
realiza poros na membrana celular das bactérias induzindo a lise), citocinas (ativada pelo
LPS, por exemplo, ativa NF-kbeta que leva a expressão de linfocinas e a atração de células
do sistema imune para combater os microorganismos), linfócitos citotóxicos e anticorpos
(também levam a destruição dos antígenos). Exemplos: Proteína M impede a ativação do
sistema complemento (defesa inata e adquirida induzindo respostas inflamatórias). Ácido
micólico confere resistência à digestão por fagócitos. A cápsula impede a fagocitose
(dependendo da natureza química da capa e se o organismo produz anticorpos contra
bactérias encapsuladas). Alterações no LPS, como ser recoberto por cápsula e ácido siálico,
levam a não ativação do sistema complemento, o qual não reconhece como antígeno e que
deve algo a se combater.
35
14. Quais são as duas categorias de toxinas e em quais grupos de bactérias (Gram
+ ou -) podem estar presentes?
Toxinas podem atingir locais do organismo distantes do sítio de infecção através do sangue
e da linfa. Existem EXOTOXINAS e ENDOTOXINAS. As exotoxinas podem estar presentes
tanto em bactérias Gram + quanto Gram -. Podem afetar diversos locais.
As endotoxinas estão presentes só nas Gram -, em sua membrana. Essas endotoxinas são
liberadas com a lise das bactérias, aumentam a produção de citocinas e causam febre,
calafrios e dores generalizadas, formando coágulos e podendo levar à morte tecidual. Febre
= lise bacteriana e produção de IL-1, migração das IL-1 para o hipotálamo, onde haverá
produção de prostaglandinas e aumento da temperatura corpórea.
DIAGNÓSTICO MICROBIOLÓGICO
AULA 4
I. Diagnóstico clínico: sinais mensuráveis e sintomas subjetivos.
II. Diagnóstico laboratorial: identificação do agente.
IMPORTÂNCIA DO DIAGNÓSTICO
● Etiologia da doença: determinar as causas e origens da doença.
● Investigação epidemiológica: possível graças à identificação do agente. Ex:
determinar se surtos são consequentes de uma fonte única de contaminação.
● Suporte ao tratamento
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AVALIAÇÃO DOS TESTES DIAGNÓSTICOS
● Falso positivo: como por exemplo, uma pessoa que já tomou a vacina BCG, seria
identificado por conta da vacina.
● Falso negativo: a pessoa está com o nível de infecção abaixo do que o teste
consegue identificar.
● Sensibilidade: [positivos verdadeiros/(positivos verdadeiros + falso-negativos)] x
100%
● Especificidade: [negativos verdadeiros/(negativos verdadeiros + falso-positivos)] x
100%
OBS.: Cada teste que usamos tem níveis específicos de sensibilidade e especificidade.
Quando a especificidade é alta, a sensibilidade é baixa (são inversamente proporcionais).
Meios diferenciais: permitem distinguir características metabólicas distintas.
MÉTODOS DE DIAGNÓSTICO
● Métodos microbiológicos:
37
microscopia — cultivo — suscetibilidade (sensibilidade) a
antimicrobianos
● Métodos imunológicos:
determinação da presença de anticorpo específicos — detecção de
antígenos
MICROSCOPIA
● Método simples e rápido.
● Técnicas de coloração especiais permitem verificar a presença de bactérias em
líquidos estéreis. (EX.: líquido cefalorraquidiano, urina, etc..)
● Morfologia e padrão de coloração.
● Em alguns casos dá para ter o diagnóstico.
● EX.: diplococos gram - em leucócitos no pus uretral (N. gonorrhoeae)
● EX.: tuberculose e hanseníase que são do gênero mycobacterium e só coram com
Ziehl Neelsen, não consegue corar com técnica gram.
CULTURA
● Método mais demorado e caro (pq meios específicos para bactérias patogênicas
geralmente são mais caros.
● Problema: existem bactérias não-cultiváveis. Não se consegue cultivar em laboratório
em meio artificial, somente conseguimos inoculando-os em cobaias como
camundongos. (ex: Treponema pallidum, Mycobacterium leprae)
● O uso de meios de cultura variados permite:
I. detectar e isolar todos os organismos presentes (meios de cultura não
seletivos)
II. detectar e isolar o patógeno específico (meios de cultura seletivos)
III. identificação preliminar por morfologia (coloração, aparência, forma,
etc) de colônia em meio específico
38
● Exemplo: Shigella sp - colônia em ágar semi-sólido. Causador da shigelose, diarréia
sanguinolenta.
● Padrões de hemólise: alfa e beta (usados para identificar diferentes tipos de
streptococcus.
PROVAS BIOQUÍMICAS
● Produção de enzimas específicas
coagulases: coagulam o meio de cultura (transforma fibrinogênio em
fibrina); — catalases: catalisam a conversão de 2H2O2 ➜ H2O + O2;
● O teste é feito assim: coloca a cultura e goteja catalase.
● Fibrinogênio: fator de coagulação (proteína necessária para a formação de um
coágulo).
● Fibrina: substância proteica do sangue e dos líquidos serosos do corpo (constitui
essencialmente o coágulo sanguíneo.
● Utilização/produção de compostos específicos (chave de identificação)
glicose (EX.: E.coli, Salmonella...) — lactose — manose — indol —
etc
● Método de identificação em nível de espécie/linhagens: limitações ➜ transferência
horizontal de genes. Sempre associado a outras técnicas.
ANÁLISES MOLECULARES
HIBRIDIZAÇÃO DO DNA
● Determina o grau de semelhança genética entre combinações de sequência de DNA.
● Usando o DNA como sonda: DNA com sequência complementar ao DNA a ser
buscado (com técnicas de PCR conseguimos detectar pequenas quantidades de
DNA.
● DNA na sonda:
desnatura — aproxima com o outro DNA — se se ligarem, combinam
● É um método muito demorado e complexo, não se usa mais.
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AMPLIAÇÃO DO DNA ESPECÍFICO (PCR)
● A cada ciclo temos o dobro da molécula de DNA. Para começar, aumenta a
temperatura para que se desfaça a dupla fita, um primer é colocado e a polimerase
completa a fita... depois faz tudo de novo.
● Sequenciamento de DNAr 16s (Ribotipagem): Para verificar a patogenicidade de
uma bactéria, por exemplo.
MALDI-TOF: identificação de peptídeos. O laser destrói o microrganismo.
HIBRIDIZAÇÃO DO DNA
I. Imobilização da amostra no filtro
II. Desnaturação
III. Hibridização
IV. Detecção da sonda
Sonda ➜ DNA com sequência complementar à do DNA a ser buscado:
exige presunção de grupo — exige isolamento, cultivo e extração de
DNA
PCR
● Detecta pequenas quantidades de DNA bacteriano, mesmo em amostras misturadas;
● Pode detectar microrganismos em espécimes clínicos estocados;
● Viabilidade microbiana não é necessária para a identificação (vivo ou morto);
● Disponibilidade comercial dos materiais para identificação requer instrumentação;
RIBOTIPAGEM
● Porque o gene do DNAr 16s?
a. porque ele é um gene essencial presente em todas as espécies (sem ele o
ribossomo não funciona)
b. ele não tolera rearranjos, transferência lateral e alterações internas (até pq é
essencial e específico de cada bactéria)
c. ele possui algumas regiões variáveis e outras muito conservadas (estáveis)
● Variáveis: comparação entre organismos + próximos;
● Regiões conservadas: comparação entre organismos mais distantes;
● Mais utilizado hoje em dia;
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PERFIL DE RESTRIÇÃO
I. Isolamento do microrganismo;
II. Lise da célula e extração do DNA;
III. Digestão com enzimas de restrição (cortam o DNA, reconhecem
sequências-alvo e cortam)
IV. Detecção de bandas (podendo ser com sondas marcadas)
ELISA
● Elisa direto: fixa-se na placa, amostras vindas do paciente e usamos um anticorpo
específico, assim, identificamos diretamente o microrganismo (buscamos o
antígeno).
● Elisa indireto: fixa-se a amostra e joga-se um anticorpo para a bactéria e depois um
anti-anticorpo. Para assim identificar se há o anticorpo para a bactéria no soro do
paciente (buscamos o anticorpo).
IMUNOAGLUTINAÇÃO DE LÁTEX
● Para identificar todas as bactérias que têm antígeno-O (gram negativas); as que têm
antígeno-H (flageladas) ou as que têm antígeno-K (capsuladas).
● Partículas de látex com anticorpos, se aglutinar é pq houve reconhecimento.
● Só podemos saber se as bactérias são clones após sequenciar o genoma delas.
Testes DEFINITIVOS
● Aspectos bioquímicos e fisiológicos
● Imunológicos (Western Blotting)
● Suscetibilidade à drogas antimicrobianas (não identificam: caracterização)
● Biologia molecular: sondas, PCR, sequenciamento
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ESTUDO DIRIGIDO
1. O processo de diagnóstico microbiológico conta com duas vertentes. Quais
são elas? Qual a relevância da investigação microbiológica?
Conta com a vertente de diagnóstico clínico, e de diagnóstico laboratorial. A relevância
dessa investigação microbiológica é a identificação da etiologia da doença, investigação
epidemiológica e proporcionar suporte ao tratamento.
3. Cite e explique pelo menos três fatores que afetam os testes diagnósticos.
Alguns fatores que podem alterar os testes diagnósticos são a preparação do paciente, a
escolha do sítio anatômico da coleta e a antibioticoterapia paralela do paciente. A
preparação do paciente diz respeito ao seguimento das recomendações antes de uma
coleta, como os jejuns, coleta da primeira urina da manhã e etc. Em relação a escolha do
sítio anatômico, trata-se de escolher um local onde o microrganismo suspeito possa ter mais
chance de ser isolado. A antibioticoterapia paralela do paciente pode alterar os resultados
dos testes diagnósticos através de alterações que podem ser tanto no organismo quanto na
reação química durante a análise das amostras.
42
É colocado a cultura em meio líquido estando a bactéria em contato com o antibiótico.
Diferentes concentrações de antibióticos são distribuídos junto às mesmas quantidades de
cultura de bactéria, a mínima concentração que demonstrar eficiência e ausência das
bactérias, será a concentração mínima do antibiótico. A exigência é que seja realizado em
culturas PURAS (para não haver interferência de outros microorganismos na análise).
11. Porque o gene codificante para o RNA ribossomal 16S é uma ferramenta útil na
tipagem bacteriana?
Pois se trata de um gene essencial, ou seja, está presente em todas as espécies
bacterianas, não tolera rearranjos, transferência lateral e alterações intensas, possui várias
regiões que permitem comparar com organismos mais próximos (espécies), pelas regiões
variáveis, ou mais distantes (gênero), pelas regiões conservadas. Assim é possível
identificar a linhagem do espécime.
43
(imuno-histoquímica), usando-se conjugados compostos de anticorpos específicos para o
antígeno em questão e marcados com fluorocromos. Já a indireta é a opção de escolha para
detectar AC circulantes específicos para os mais variados antígenos infecciosos (bactéria,
protozoário, helmintos, vírus em culturas de células). Os antígenos serão fixados em
lâminas, o soro contendo Ac é incubado sobre eles e esses Ac são detectados por meio de
imunoglobulinas específicas produzidas em animais para a classe Ac marcadas com o
fluorocromo.
AGENTES ANTIMICROBIANOS
AULA 5
44
● Outros são geralmente tratados por muitos anos e só recentemente se tornam
altamente resistentes a medicamentos através da aquisição de novos elementos de
resistência, como Klebsiella pneumoniae. E alguns permaneceram altamente
suscetíveis a antibióticos “antigos” desde a sua introdução, como Streptococcus
pyogenes e penicilina.
● Em qualquer espécie de bactéria, a resistência a antibióticos precisa ter um ponto de
origem. A resistência pode emergir no organismo de interesse através de mutações
aleatórias no alvo do antibiótico ou em outros elementos-chave. No entanto, é mais
comum que uma determinada espécie de bactéria adquira os genes, que permitem
um mecanismo de resistência, de outra espécie de bactéria que já o possuía através
da transferência de elementos genéticos móveis. As bactérias são pequenos
organismos promíscuos e não são exigentes — geralmente trocam genes não
apenas entre suas próprias espécies, mas também entre espécies diferentes e até
gêneros.
● Existem várias maneiras pelas quais os genes são transmitidos entre bactérias, mas
a mais importante é a transmissão de plasmídeos via conjugação. Os plasmídeos
são laços de DNA que podem conter múltiplos genes que codificam para vários
processos (incluindo resistência a antibióticos) e são altamente portáteis. Como os
plasmídeos podem conter múltiplos genes, eles podem codificar vários tipos de
resistência que não estão relacionados, como resistência às cefalosporinas através
da produção de uma beta-lactamase e resistência à fluoroquinolona devido a uma
bomba de efluxo. Com um ato de troca de genes, nasce uma cepa bacteriana
multirresistente.
● A permeabilidade reduzida impede que o antibiótico penetre na célula bacteriana,
diminuindo a concentração intracelular do antibiótico. A modificação enzimática
devido a uma enzima produzida pela bactéria destrói o antibiótico antes que ele
tenha a chance de atingir seu local de atividade ou até mesmo entrar na célula.
Podem ocorrer alterações no local de destino, levando a uma eliminação ou
modificação do local de atividade do antibiótico, de modo que ele não funcione. O
efluxo ativo ocorre quando bombas de efluxo nas bactérias bombeiam antibióticos,
diminuindo as concentrações intracelulares.
● Se uma bactéria sofre a ação de um antibiótico, esta diz-se sensível; se pelo
contrário, o antibiótico não exerce qualquer efeito sobre a bactéria está diz-se
resistente. A resistência pode ser natural ou adquirida (por exemplo, pela
transferência de plasmídeos ou por ocorrência de mutações). Portanto, para cada
bactéria há um conjunto de antibióticos que são eficazes e outros não eficazes.
Ainda, de acordo com a faixa de bactérias sensíveis a determinado antibiótico,
podemos classificá-los de largo espectro e de espectro estreito.
45
● O que é um antibiótico? Substância produzida por um organismo que mata ou
impede o crescimento de outro organismo.
● Quem produz naturalmente? Penicillium sp. — Princípio ativo: Penicilina;
Chromobacterium violaceum — Princípio ativo: Aztreonam;
Antibiótico cravo-da índia (Syzygium aromaticum L.) — Princípio ativo: Eugenol;
QUIMIOTERÁPICO
● Substância sintética que mata ou impede o crescimento de determinado organismo.
a. Antibiótico — orgânico
b. Quimioterápico — sintético
CARACTERÍSTICA DE UM ANTIBIÓTICO
● Toxicidade seletiva.
● Bactericidas, fungicidas, virucidas: inativam a bactéria.
● Bacteriostáticos, fungistáticos, virostáticos: impedem o crescimento.
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ANTIBIÓTICOS QUE AGEM NA SÍNTESE DE PAREDE
ẞ-LACTÂMICOS
1) Famílias: penicilinas, cefalosporinas, monobactâmicos e carbapanemas
2) Contém anel betalactâmico
3) Interferem na síntese de parede
4) Bactericidas
PENICILINA
1) Descoberta em 1929 (Fleming) – uso 1941 em diante
2) Atuam na terceira etapa (adição de monômeros) da síntese de
peptideoglicano
3) Há vários tipos, por exemplo: F, G, K, X
4) Fungo Penicillium sp.
47
podemos perceber que essa classe continua sem agir contra staphylococcus e
também não atua contra pseudomonas e anaeróbios!
● Como produto de fungos da família penicillium. Até hoje, são amplamente utilizadas
tendo efetividade no combate de diversos tipos de bactérias e apresentando poucos
efeitos colaterais. Fazem parte dos β-lactâmicos, classe de antibióticos
caracterizados por inibirem a síntese da parede celular bacteriana e apresentarem
um anel β-lactâmico. No caso das penicilinas, esse anel está ligado a um anel de
tiazolidina como sua estrutura básica, e radicais variáveis em sua cadeia lateral.
Podem ser divididas em 4 grupos, baseando-se em suas características estruturais e
espectro de ação, que são: penicilinas naturais, penicilinas antiestafilocócicas,
aminopenicilinas e penicilinas antipseudomonas.
CEFALOSPORINA
1) Descoberta em 1948.
2) Atuam na terceira etapa da síntese de peptideoglicano (adição de
monômeros).
3) Isoladas de cephalosporium acremonium (cefalosporina c)
4) Semi-sintéticas.
5) Classificadas de acordo com o espectro de ação em 1a, 2a, 3a, 4a e 5a
gerações ou classificadas de acordo com o espectro atividade e modo
administração.
● As cefalosporinas atuam como agente bactericida por meio da sua ação inibitória
sobre a síntese da parede bacteriana. Esta é composta por peptidoglicanos
sintetizados por algumas enzimas (proteína ligadora de penicilinas – PBP), às quais
as cefalosporinas se ligam provocando a sua inativação.
● As cefalosporinas, assim como as penicilinas e os carbapenêmicos, são integrantes
do grupo dos antibióticos beta-lactâmicos, classe caracterizada pela presença do
anel beta-lactâmico na molécula e pela ação sobre a síntese da parede bacteriana.
Comparadas às penicilinas, as cefalosporinas possuem meia-vida mais curta e se
apresentam como drogas mais seguras, de forma que, em caso de reação alérgica
não grave à penicilina, está autorizada a utilização de cefalosporinas como
substituta.
● As cefalosporinas são caracterizadas pelo amplo espectro de ação, cobrindo
bactérias Gram (+) e Gram (-), aeróbias e anaeróbias. Ademais, destacam-se pela
vasta aplicabilidade clínica, abrangendo desde infecções localizadas até condições
mais graves.
● A classe das cefalosporinas é muito heterogênea, sendo seus componentes divididos
em 5 gerações. Os principais representantes de cada uma destas gerações:
I. Primeira geração: cefalexina, cefadroxil, cefazolina e
cefalotina;
II. Segunda geração: cefuroxima, cefaclor e cefoxitina;
III. Terceira geração: ceftriaxona, cefotaxima e ceftazidima;
IV. Quarta geração: cefepima;
V. Quinta geração: ceftarolina e ceftobiprole;
VI. Outras cefalosporinas: cefiderocol.
MONOBACTÂMICOS
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1) Anel betalactâmico monocíclico
2) Isolado de Chromobacterium violaceum
3) Atuam na quarta etapa da síntese de peptideoglicano (individualização)
4) Espectro reduzido (Pseudomonas aeruginosa)
5) Mais conhecido: Aztreonam
GLICOPEPTÍDEOS
1) Isolados de Streptomyces sp. de solos
2) Bactericida (Gram +, apenas)
3) Mecanismo de ação: ligam-se a Alanina do pentapeptídeo da CLT
(cadeia lateral de tetrapeptídeo) interrompem 3a etapa (ligação entre
polímeros NAG-NAM)
● São antibióticos que possuem grandes cadeias cíclicas e que são resistentes à ação
proteolítica de enzimas bacterianas, como, por exemplo, a β-lactamase. Os principais
fármacos representantes dessa classe são a Vancomicina e a Teicoplanina. A maior
atividade antimicrobiana dessa classe é contra bactérias Gram-positivas, sendo
indicada contra Staphylococcus aureus resistentes à Meticilina (ou Oxacilina) –
MRSA (ou ORSA), Enterococcus resistentes a Ampicilina, podendo até ser usada
contra Streptococcus com resistência de alto nível às penicilinas.
● Seu mecanismo de ação consiste em promover a ligação e formação de complexos
com as unidades N-acetil glicosamina e N-acetilmurâmico-peptídeo da parede
bacteriana nos microrganismos em reprodução durante a formação de nova parede
celular. Dessa forma, ocorre dano à parede celular, alteração da condição osmótica
da bactéria, o que promove a sua lise, tendo assim, um efeito bactericida. É utilizada
em infecções por Staphylococcus resistentes à Oxacilina e demais bactérias
resistentes aos antibióticos β-lactâmicos. É inativa às Gram-negativas pelo fato de o
fármaco não ultrapassar a complexa parede celular desses germes.
BACITRACINA
1) Descoberto em 1945
2) Impede síntese de parede por estruturas envolvidas na transição do
peptidoglicano
3) Bactericida para G+
FOSFOMICINA
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1) Descoberta em 1969
2) Age na segunda fase da síntese de parede inibindo a fosfoenolpiruvato
transferase (piruvil transferase) – bloqueia a síntese de NAM
3) Amplo espectro e bactericida
AMINOGLICOSÍDEOS
1) Entra na célula por transporte ativo (quinonas)
2) Atrapalha síntese proteica correta
3) Bactericidas (G- aeróbias, poucas G+)
4) Grupo amino + grupo glicosídeo
CLORANFENICOL
1) Isolado de um actinomiceto Streptomyces venezuelae (solo)
2) Inibidor de síntese proteica, mas não de peptideoglicanos (PBPs)
3) Age sobre a peptidiltransferase (formadora da ligação peptídica)
4) Bacteriostático
5) Interrompe a tradução (elongação)
TETRACICLINAS
1) Isolada de Streptomyces aureofaciens
2) Concentrada por transporte ativo
3) Inibe síntese proteica (impede a ligação do tRNA carregado no sítio A do
ribossomo)
4) 4 anéis
5) Bacteriostático
6) Interrompe a tradução (elongação)
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● As tetraciclinas são antibióticos bacteriostáticos com atividade contra uma ampla
variedade de bactérias aeróbicas gram-positivas e gram-negativas e espécies
atípicas. As tetraciclinas consistem em quatro anéis fundidos com um sistema de
ligações duplas conjugado. Substituições nesses anéis alteram a farmacocinética
individual e o espectro de atividade antimicrobiana.
● As tetraciclinas entram nos microrganismos suscetíveis por difusão passiva e
também por um mecanismo proteico de transporte dependente de energia própria da
membrana citoplasmática interna da bactéria. As tetraciclinas se concentram no
interior das células dos microrganismos suscetíveis. Elas se ligam reversivelmente à
subunidade 30S do ribossomo bacteriano, em uma posição que bloqueia a ligação
do aminoacil-tRNA ao local aceptor no complexo mRNA-ribossomo. A síntese
proteica é inibida, levando a um efeito bacteriostático
● No entanto, existem diferenças na resistência entre espécies de bactérias. Os genes
de resistência às tetraciclinas geralmente ocorrem em plasmídeos ou outros
elementos transferíveis, como transposons. As bactérias portadoras de um gene de
resistência de proteção do ribossomo produzem uma proteína citoplasmática que
interage com os ribossomos e permite que estes prossigam com a síntese proteica,
mesmo na presença de altos níveis intracelulares da droga
MACROLÍDEOS
1) Hidrofóbicas
2) Abordam a tradução
3) Obtidos como metabólitos fermentativos (Saccharopolyspora erythraea
e Streptomyces sp.)
4) Bacteriostáticos
FUSIDANOS
1) Isolado do fungo Fusidium coccineum
2) Antibiótico esteróide (sem atividade corticosteróide)
3) Inibe a tradução (liga-se ao EF-G e impede elongação)
4) Bacteriostático
5) Impede a dissociação EF-G do GDP➜ PARADA DA TRADUÇÃO
QUINOLONAS
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1) Sintéticas (quimioterápicas)
2) Ex: ácido nalidíxico, ciprofloxacina, norfloxacina, etc.
3) Entra nas células através de porinas (Omp) e através do LPS
4) Classificadas 1a a 4a gerações
5) Alvos: DNA girase (G-) e/ou topoisomerase IV (G+)
6) Bactericida
NITROIMIDAZÓIS
1) Mais comum: metronidazol
2) Atividade contra: fungos, bactéria anaeróbias e protozoários
3) Sintéticos
4) Bactericida
RIFAMICINAS
1) Rifamicinas
2) Naturais ou semi-sintéticas (derivadas de rifamicina B)
3) Bloqueia a transcrição
4) Bactericida
52
SULFONAMIDAS
1) Análogas ao ácido para-aminobenzóico (PABA)
2) Inibem síntese de ácido fólico
3) Bacteriostática
● As sulfonamidas são antibióticos que atualmente têm seu uso isolado restrito, mas
antigamente, antes da descoberta de outras drogas, era um grupo de antibióticos
bastante usado pelo baixo custo e pela sua eficácia contra algumas infecções
bacterianas, como o tracoma e as do trato urinário. Por outro lado, em 1970, quando
foi introduzida a associação entre o sulfametoxazol e o trimetoprim (denominada
Bactrim®) o interesse pela sulfonamidas foi renovado, já que proporciona uma
combinação sinérgica eficaz contra várias infecções bacterianas. Veja mais detalhes
no tópico Sulfametoxazol-trimetoprim.
● Os Streptococcus e os Staphylococcus são agentes que causam principalmente
infecções cutâneas como infecções de vias aéreas superiores e pneumonias.
● As Neisserias meningitidis e gonorrhoeae são as responsáveis pela meningite
meningocócica e pela gonorreia, respectivamente. Já a Moraxella catarrhalis
acomete o trato respiratório, tanto superior quanto inferior
● Entre as enterobactérias se encontram Escherichia coli, Klebsiella, Shigella, e
Salmonella, responsáveis principalmente, em conjunto com enterococos por
infecções gastrointestinais, mas podem acometer outros sítios, como o trato urinário.
LIPOPEPTÍDEOS
1) Lipopeptídeos cíclicos com cadeia hidrofóbica longa: Polimixina B,
Polimixina E (colistina), Daptomicina
2) Isolado de Paenibacillus polymyxa (G+)
3) Usado como alternativa contra bactérias multirresistentes
4) Ativos contra G-
5) Bactericida
6) Neurotóxica e Nefrotóxica
53
54
TÉCNICAS DE ESTERILIZAÇÃO E
DESINFECÇÃO
AULA 6
DEFINIÇÕES
● Desinfecção: diminuição significativa de microrganismos (formas vegetativas)
presentes em uma superfície inerte (sem movimento; não participa de reações
químicas)
● Anti-sepsia: diminuição significativa de microrganismos (formas vegetativas)
presentes em tecidos vivos.
● Esterilização: destruição de todas as formas de vida microbiana, inclusive
endósporos (forma de resistência).
55
● Temos que levar esses fatores em consideração ao levar um material para
desinfecção.
I. Número de microrganismo; 2
II. Tempo de exposição ao agente antimicrobiano (químico ou físico);
III. Características microbianas [endósporo (se tiver), formas vegetativas,
tipo de microrganismo (tipo de parede celular e tal), fase do
crescimento (a fase estacionária é bastante resistente), etc.].
IV. Influências abióticas:
a. Presença de matéria orgânica;
b. pH;
c. Temperatura;
d. Osmolaridade;
GRAU DE SUSCEPTIBILIDADE
● Do maior para o menor:
I. Príons
II. Endósporo
III. Mycobacteria
IV. Protozoários vegetativos
V. Bactérias Gram (–)
VI. Fungos
VII. Vírus sem envelope
VIII. Bactérias Gram (+)
IX. Vírus com envelope lipídico
MÉTODOS FÍSICOS
● Calor Úmido:
a. Fervura (vapor de fluxo livre): 100°C por 10min. Mata formas vegetativas de
patógenos bacterianos, a maioria dos vírus, fungos e seus esporos.
(endósporo não morrem na fervura por 10 min)
b. Autoclave (vapor sob pressão): 121°C por 15-20min. Mata vírus resistentes e
endósporos bacterianos. (método mais eficiente para qualquer esterilização,
exceto para materiais termossensíveis)
c. Pasteurização:
I. Clássica – 63°C por 30min.
56
II. High Temperature Short Time (HTST) – 72°C por 15s
(descontaminação)
III. UHT – 74°C / 140°C / 74°C em 5s (esterilização)
● Filtração: Passagem de líquido ou gás através de uma matriz com poros pequenos
(0,01 a 0,3 μm), que retêm microrganismos. Muito útil para esterilizar soluções
termossensíveis. (0,02μm usado para conter partículas virais; matriz para bactéria
não serve para vírus pq a da bactéria mede 0,22μm)
● Radiação:
a. Ionizante (alta penetração): produzem espécies reativas de oxigênio (ROS)
que atacam DNA, proteínas e lipídeos. Usado em fármacos, soros, vacinas e
materiais médicos.
I. Raios gama
II. Raios x
III. Raios de cátions (e- em movimento)
b. Não-Ionizante: Usado em ar de ambientes fechados e superfícies lisas. Ex:
UV causa lesão no DNA ao formar pontes entre timinas vizinhas, impedindo a
replicação correta ocasionando mutações (usamos protetor solar para causar
menos lesões no DNA)
I. Ultravioleta (baixa penetração): geralmente usados para matar
microorganismos que estão na superfície. Se for muito porosa,
não mata o mais interno. (UV não consegue passar para o
extrato dérmico)
II. Microondas
RESISTÊNCIA AO CALOR
Varia entre os diferentes microrganismos.
● Ponto de morte térmica (PMT): é a menor temperatura em que todos os
microorganismos de uma suspensão líquida são mortos em 10 min.
● Tempo de Morte Térmica (TMT): período mínimo de tempo em que todas as
bactérias em uma cultura líquida são mortas a uma dada temperatura.
● Tempo de Redução Decimal (TRD): tempo, em minutos, em que 90% de uma
população microbiana é morta em uma dada temperatura.
57
● Criopreservação: baixas temperaturas de resfriamento ou congelamento inferiores a
-12oC de modo a impedir atividade metabólica e crescimento microbiano.
Bacteriostático!
● Dessecamento e liofilização: retirada de água de uma amostra de modo a impedir
atividade metabólica. Germicida para alguns microrganismos e
bacteriostático/fungistático para outros (algumas bactérias, alguns fungos, vírus e
endósporos)
● Alta osmolaridade/baixa atividade de água: altas concentrações de sais ou açúcares:
ambiente hipertônico – saída de água da célula (desnaturação de proteínas). Ex:
compotas de alimentos, carnes salgadas... (fungos mais resistentes)
MÉTODOS QUÍMICOS
● Óxido de etileno
a. Esterilização e/ou desinfecção
b. Gás incolor solúvel em água
c. Alta penetrância e eficácia, porém de lenta execução (consegue entrar em
materiais porosos)
d. Utilizado para materiais de plástico, próteses, endoscópios e etc.
e. Se liga a grupos funcionais (SH, -COOH, -OH)
● Álcoois
a. Desinfecção, anti-sepsia e conservação, nunca será esterilização pq
endósporos resistem
b. Desinfecção, anti-sepsia e conservação
c. Alta atividade hidratado (70%) – Por que? (desnaturação mais lenta e permite
melhor entrada para agir em outras partes, por isso é mais eficiente que o
absoluto para matar bactérias)
d. Desnaturam proteínas e dissolvem lipídeos
e. Evaporam rapidamente
f. Formas (mais usados):
I. Etanol
II. Isopropanol
g. Eficácia:
I. Bactérias;
II. Alguns fungos;
III. Mycobacterium;
IV. Vírus envelopados;
58
● Agentes Oxidantes (depende do microorganismo)
a. Desinfecção e esterilização
b. Formação de ROS (espécie reativa do oxigênio): danos ao DNA, proteínas e
lipídeos
c. Principais formas: peróxidos, ozônio, ácido peracético
d. Aplicação: feridas profundas e cavidade oral (contra anaeróbios)
e. Ozônio (esterilização): implantes, próteses, lentes de contato, etc.
● Halogênios
a. Desinfecção e assepsia
b. Adsorvidos (adesão/fixação) por matéria orgânica
c. Principais formas:
I. Compostos de iodo: liga-se e oxida sufridrilas de aminoácidos;
antiséptico para pele e mucosas; eficaz contra muitas bactérias
e vírus e alguns endósporos. Exceção: Pseudomonas sp.
II. Compostos de cloro (cloro, hipoclorito, etc.): oxidam sulfidrilas
ou atacam compostos aminados (interferem metabolismo);
desinfetante eficaz (exceto esporos).
● Fenóis
a. Provocam a desnaturação das proteínas (mata gram (+), gram (-) e esporos)
b. Desinfecção, preservação
c. Eficiente mesmo na presença de matéria orgânica (material com pus, saliva,
fezes – lençóis e roupa hospitalar)
d. Rompe membranas e desnatura proteínas
e. Eficácia: gram – ,gram +, (tb. Mycobacterium), vírus envelopados
f. Principais formas:
I. Fenol (desinfecção; irritante para pele e mucosas, por isso ñ
usamos mais)
II. Cresol (antisséptico veterinário)
OBS.: Se não tem NAD+ disponível não há produção de energia nem síntese de ácidos
graxos > pode haver morte celular por privação de energia.
● Bisfenol
a. Derivado de fenóis
b. Anti-sepsia, conservação, anti-placa, desodorante
c. Liga-se ao NAD+ formando complexo estável inibe síntese de ácidos graxos
bacterianos = ruptura de membranas
d. Bacteriostático ou bactericida (depende da concentração)
e. Eficácia:
I. Bactérias (especialmente Gram +)
II. Fungos (leveduras)
f. Formas: triclosan e hexaclorofeno
● Anilidas
a. Derivado de fenóis
b. Anti-sepsia
c. Eficaz contra Gram + (não capsuladas)
59
I. ME de Gram - impede a entrada
II. Glicocálice impede ação
d. Agem na membrana citoplasmática provocando lise (mecanismo exato não
conhecido)
e. Formas: triclocarban (tem no sabonete protex, se usar excessivamente todo
dia mata bactérias residentes e abaixa a proteção contra a microbiota
transiente - mais suscetível a infecções de pele)
● Quaternária de amônia
a. Desinfecção, anti-sepsia, preservação e desodorização
b. Anfipáticos (detergente catiônico): desorganização da membrana
citoplasmática
c. Bactericida ou bacteriostático: dependem da concentração
d. Impedem esporulação, mas não germinação (a bactéria fica mais suscetível a
agentes de desinfecção caso ela ainda não tenha esporulado; se já esporular
pode germinar mesmo assim)
e. Eficácia: bactérias e vírus envelopados
f. Baixa eficácia na presença de matéria orgânica
g. Formas: cloreto de benzalcônio e cetrimida
● Biguanidas
a. Desinfecção, anti-sepsia, conservação, anti-placa
b. Carregada positivamente liga-se a membrana, desestabilizando-as
c. Inibem ATPases
d. Impedem esporulação, mas não germinação.
e. Bacteriostático ou bactericida (depende da concentração)
f. Eficácia: bactérias (Mycobacterium são pouco sensíveis), alguns fungos, vírus
envelopados
g. Formas: clorexidina (usada no colgate periogard, uso contínuo pode causar
alteração na coloração do esmalte)
● Diamidinas
a. Anti-sepsia, conservação
b. Mecanismo global de ação exato não conhecido
c. Impedem respiração aeróbia
d. Promovem extravasamento de aminoácidos
e. Danificam membranas de algumas bactérias: P. aeruginosa, Enterobacter
cloacae
f. Formas: propamidina e dibromo propamidina
● Metais Pesados
a. Antisséptico, desinfetante, preservante
b. Em desuso (desinfecção): mercúrio
c. Zinco (anti-sepsia): bacteriostático e bactericida
d. Sulfato de cobre (anti-sepsia): bactericida, fungicida, viricida
e. Nitrato de prata (1%) (anti-sepsia): contra oftalmia neonatorum (conjuntivite)
ESTUDO DIRIGIDO
1. O que é desinfecção e anti-sepsia? Qual a diferença destas duas primeiras
técnicas em relação à esterilização?
Desinfecção é a diminuição significativa de microrganismos (formas vegetativas) presentes
em uma superfície inerte, enquanto anti-sepsia é a diminuição significativa de
microrganismos (formas vegetativas) presentes em tecidos vivos. Enquanto as duas
primeiras técnicas diminuem significativamente a quantidade de microrganismos, a
esterilização destrói todas as formas de vida microbianas, incluindo esporos.
*Formas vegetativas: microorganismo replicando (exceto: endósporos).
61
resistentes e endósporos bacterianos, através da submissão a 121 graus de 15 a 20 minutos
é o de autoclave.
62
12. Quais os halogênios mais utilizados no controle de populações microbianas?
Qual sua limitação? Qual a vantagem dos compostos fenólicos sobre os
halogênios? Qual a desvantagem?
Iodo e Cloro. Sua limitação é não afetar esporos e alguns microrganismos. Os fenóis
possuem como vantagem a eficiência mesmo na presença de matéria orgânica e são
eficazes contra todos os microrganismos, enquanto, como desvantagem, possuem sua alta
irritabilidade para pele e mucosas.
63
● A expressão “microbiota normal” refere-se à população de microrganismos que
habita a pele e as mucosas dos indivíduos normais e sadios. Esses microrganismos,
referidos como microbiota normal, que vivem dentro e sobre os seres humanos
superam em cerca de 10 vezes o número de células somáticas e germinativas
humanas somadas.
● Os genomas desses microrganismos simbiontes são coletivamente definidos como
microbiomas. Pesquisas têm mostrado que a “microbiota normal”, fornece a primeira
linha de defesa contra patógenos microbianos, auxilia na digestão, desempenha um
papel na degradação das toxinas e contribui para a maturação do sistema
imunológico.
● Mudanças na microbiota normal ou na estimulação da inflamação por esses
comensais podem causar doenças, tais como as doenças intestinais inflamatórias.
● A pele e as membranas mucosas sempre abrigam uma variedade de microrganismos
que podem ser classificados em dois grupos:
a. Microbiota residente, que consiste em tipos relativamente fixos de
microrganismos encontrados com regularidade em determinadas
áreas e em certa idade, e que, quando perturbada, recompõe-se
prontamente;
b. Microbiota transitória, que consiste em microrganismos não
patogênicos ou potencialmente patogênicos, os quais permanecem na
pele ou nas mucosas por horas, dias ou semanas, vindos do meio
ambiente, não causando doença e nem se estabelecendo
permanentemente na superfície.
● Em geral, os membros da microbiota transitória são de pouca importância, enquanto
a microbiota residente normal permanece intacta. Entretanto, se a microbiota
residente for perturbada, os microrganismos transitórios poderão colonizar e
proliferar-se, ocasionando doença.
● No corpo humano encontra-se grande quantidade de microrganismos, os quais se
distribuem em diferentes órgãos e tecidos, podendo-se encontrar dez vezes mais
células microbianas que células humanas. A distribuição dos microrganismos
depende de vários fatores, tais como: umidade, acidez, temperatura e disponibilidade
de nutrientes. Esses microrganismos influenciam o sistema imunológico, a
resistência aos patógenos e o aproveitamento dos alimentos.
● Na microbiota humana os microrganismos podem ser mutualistas, comensais e
oportunistas.
a. Mutualistas são os microrganismos que protegem o hospedeiro, pois
produzem nutrientes importantes e colaboram para o crescimento e
desenvolvimento do sistema imunológico.
b. Comensais são os microrganismos que mantêm associações sem
benefícios ou malefícios detectáveis, sendo estas associações
neutras.
c. Oportunistas são os microrganismos que causam doenças em
indivíduos com o sistema imune comprometido devido a vários
fatores, tais como nos casos de: infecção pelo vírus da
imunodeficiência adquirida humana, terapia imunossupressora de
transplantados, radioterapia, quimioterapia anticâncer, queimaduras
extensas ou perfurações das mucosas.
64
● O organismo humano dispõe de mecanismos de defesa contra a patogênese
bacteriana decorrente da microbiota humana. Porém, alguns microrganismos podem
agir como oportunistas, sendo assim, a microbiota constitui-se em reservatório de
bactérias patogênicas e estas podem invadir os tecidos do hospedeiro causando
doenças graves, mas apenas no caso de imuno deficiência transitória ou persistente.
MICROBIOTA DA PELE
● A pele é o maior órgão do corpo humano
e é colonizada por uma variedade de
microrganismos não patogênicos e,
eventualmente, benéficos para o
hospedeiro. Em virtude de sua constante
exposição e contato com o meio
ambiente, a pele mostra-se
particularmente propensa a abrigar
microrganismos transitórios. Entretanto,
existe uma microbiota residente constante
e bem definida, modificada em diferentes
áreas anatômicas por secreções, uso
habitual de roupas ou proximidade de
membranas mucosas (boca, nariz e área
perineal)
● A estrutura básica da pele inclui, da
camada externa para a mais interna:
estrato córneo, epiderme, derme e
hipoderme. A barreira à absorção A
estrutura básica da pele inclui, da camada
externa para a mais interna: estrato
córneo, epiderme, derme e hipoderme. A
barreira à absorção.
● Os microrganismos residentes encontrados predominantemente na pele são os
bacilos difteróides aeróbios e anaeróbios (EX.: Corynebacterium, Propionibacterium);
estafilococos aeróbios e anaeróbios não hemolíticos (Staphylococcus epidermidis e
outros estafilococos coagulase-negativos, ocasionalmente Staphylococcus aureus e
espécies de Peptostreptococcus); bacilos gram- -positivos, aeróbios e formadores de
esporos, onipresentes no ar, na água e no solo; estreptococos a-hemolíticos
(streptococcus viridans) e enterococos (espécies de Enterococcus); e bacilos
gram-negativos coliformes e Acinetobacter. Com frequência, verifica-se a presença
de fungos e leveduras nas dobras cutâneas; ocorrem micobactérias não patogênicas
álcool-ácido resistentes em áreas ricas em secreções sebáceas (genitália, orelha
externa).
● Entre os fatores que podem ser importantes na eliminação de microrganismos não
residentes da pele, destacam-se pH baixo, ácidos graxos nas secreções sebáceas e
presença de lisozima. Nem a sudorese profusa, nem a lavagem e o banho são
capazes de eliminar ou modificar significativamente a microbiota residente normal. O
número de microrganismos superficiais pode ser diminuído por escovação vigorosa
diária com sabão que contenha hexaclorofeno ou outros desinfetantes; todavia, a
65
microbiota recupera-se rapidamente a partir das glândulas sebáceas e sudoríparas
mesmo quando o contato com outras áreas da pele ou com o meio ambiente é
totalmente evitado. O uso de curativo oclusivo na pele tende a resultar em aumento
acentuado da população microbiana total, e pode também causar alterações
qualitativas da microbiota
● Além de ser uma barreira física, a pele é uma barreira imunológica. Os queratinócitos
continuamente reconhecem a microbiota da pele por meio dos receptores de
reconhecimento de padrão (PRRs, EX.: receptores do tipo Toll (TLR), receptores de
manose, receptores do tipo NOD). A ativação dos receptores de reconhecimento de
padrão presentes nos queratinócitos pelos padrões moleculares associados a
patógenos (PAMPs) inicia a resposta imune inata, resultando na secreção de
peptídeos antimicrobianos, citocinas e quimiocinas. Embora a pele seja exposta a um
grande número de microrganismos, ela é capaz de reconhecer entre microrganismos
da microbiota normal e microrganismos potencialmente patogênicos. Os mecanismos
que permitem essa seletividade não estão completamente esclarecidos.
OBS.: Com frequência, bactérias anaeróbias e aeróbias unem-se para causar infecções
sinérgicas (gangrena, fasceíte necrosante e celulite) na pele e nos tecidos moles. As
bactérias frequentemente fazem parte da microbiota normal. Em geral, é difícil apontar um
microrganismo específico como responsável pela lesão progressiva, visto que em geral
estão envolvidas misturas de microrganismos.
MICROBIOTA RESPIRATÓRIA
● Um amplo espectro de organismo coloniza o nariz, a garganta e a boca, porém os
brônquios inferiores e alvéolos contém poucos organismos ou nenhum. O nariz é
colonizado por uma variedade de espécies estreptocócicas e estafilocócicas, a mais
importante é S. aureus
● Ao contrário de suas mães que apresentam uma microbiota normal complexa e
diferenciada, os neonatos são inicialmente colonizados por uma comunidade
microbiana simples e indiferenciada nos vários habitats do seu corpo, independente
do tipo de parto realizado. Assim, nos primeiros estágios (menos de 5 minutos após
o parto) a microbiota é homogeneamente distribuída pelo corpo. A composição da
microbiota normal de neonatos nascidos por parto normal é semelhante à microbiota
vaginal das mães, enquanto neonatos nascidos de cesária raramente apresentam na
composição de sua microbiota microrganismos vaginais (EX.: Lactobacillus,
Prevotella, Atopobium e Sneathia spp.). Esses neonatos são colonizados nos
diferentes habitats do seu corpo por microrganismos da pele de suas mães (EX.:
Staphylococcus, Corynebacterium e Propionibacterium spp.)
● No decorrer de 4 a 12 horas após o nascimento, os estreptococos viridans
estabelecem-se como membros mais proeminentes da microbiota residente e assim
permanecem por toda a vida. Provavelmente, originam-se das vias respiratórias da
mãe e dos atendentes. No início da vida, aparecem estafilococos aeróbios e
anaeróbios, diplococos gram-negativos (Neisseria, Moraxella catarrhalis ), difteróides
e lactobacilos ocasionais.
● Na faringe e na traqueia, verifica-se o estabelecimento de uma microbiota
semelhante, em particular na faringe, que consistem em estreptococos não
hemolíticos e a-hemolíticos, bem como neisserias. Também são observados
estafilococos, difteróides, Haemophilus, pneumococos, Mycoplasma e Prevotella
66
ESTUDO DIRIGIDO
1. O que se entende por microbiota normal do corpo humano (MNCH) e quais os
tipos de relações ecológicas que estão mais frequentemente associados a esta
microbiota?
É a população de microrganismos que habita a pele e membranas mucosas de pessoas
saudáveis. As relações ecológicas associadas a esta microbiota são a simbiose (+ + e - -), o
comensalismo (+ 0) e o mutualismo (+ + e -0).
10. Como a microbiota oral pode estar relacionada à cárie? Explique o processo
biológico e químico resumidamente.
Streptococcus mutans produz polissacarídeos extracelulares a partir da sacarose, formando
um biofilme. A fermentação de açúcar realizada por essas bactérias gera produção de
ácidos iniciando processo de desmineralização do dente (cárie dentária).
13. O que se pode dizer a respeito da microbiota intestinal como um todo, desde o
intestino delgado até o reto?
Predominantemente anaeróbios, como estafilococos, estreptococos e lactobacilos, auxiliam
a digestão.
68
CARACTERÍSTICAS GERAIS DOS VÍRUS
AULA 8
● Os vírus foram primeiramente descritos como “agentes infiltráveis”. Seu pequeno
tamanho permite-lhes passar através de filtros projetados para reter bactérias. Aos
vírus, falta a capacidade de gerar energia ou substratos e de fazer suas próprias
proteínas, além de não terem a capacidade de replicar seu genoma
independentemente da célula do hospedeiro. Dessa forma, não há metabolismo ativo
fora da célula hospedeira. Por conta disso, diferentemente da maioria das bactérias,
dos fungos e dos parasitas, os vírus são agentes infecciosos conhecidos como
parasitas intracelulares obrigatórios.
● Os vírus mais simples consistem em um genoma de ácido desoxirribonucleico (DNA)
OBS.: Afinal, os vírus são seres vivos ou não? A resposta para essa pergunta abrange uma
polêmica que já perdura há décadas. A vida pode ser definida como um conjunto complexo
de processos resultantes da ação de proteínas codificadas por ácidos nucleicos. Os ácidos
nucléicos das células vivas estão em atividade o tempo todo. Sob o aspecto de que são
inertes fora das células vivas de seu hospedeiro, os vírus podem não ser considerados
organismos vivos. No entanto, descobertas mais recentes mostraram que diversos vírus,
como os poxvírus (cujo exemplo principal é o vírus da varíola) e os herpesvírus (grupo que
inclui os vírus causadores do herpes labial e genital, por exemplo), são capazes de
transcrever seus genomas gerando RNAs mensageiros, antes de entrar em uma célula
hospedeira. Além disso, quando os vírus penetram uma célula hospedeira, o ácido nucleico
69
viral torna-se ativo e ocorre a multiplicação viral. Sob esse prisma, os vírus estão “vivos”
quando se multiplicam dentro da célula hospedeira. Do ponto de vista clínico, os vírus
podem ser considerados vivos por serem capazes de causar infecção e doença, assim como
bactérias, fungos e protozoários patogênicos. Dependendo do ponto de vista, um vírus pode
ser considerado um agregado excepcionalmente complexo de elementos químicos ou um
microrganismo vivo extraordinariamente simples. Então, afinal, é um ser vivo ou não?
MORFOLOGIA VIRAL
● Os vírus clinicamente importantes variam de 18 a 300 nm. Estes últimos são quase
visíveis em microscópio óptico e têm aproximadamente um quarto do tamanho das
bactérias estafilocócicas
OBS.: Os vírions maiores podem abrigar um genoma maior, capaz de codificar mais
proteínas, sendo eles geralmente mais complexos.
● A arquitetura dos vírus ou sua simetria é definida pela forma e pela composição das
subunidades protéicas que compõem o capsídeo, assim como as interações dessas
proteínas com o ácido nucleico viral.
● Ao contrário das células procarióticas e eucarióticas nas quais o DNA é sempre o
material genético principal (o RNA tem um papel auxiliar), os vírus podem possuir
tanto DNA como RNA, mas nunca ambos. O ácido nucleico dos vírus pode ser de fita
simples ou dupla. Assim, existem vírus que apresentam o familiar DNA de dupla-fita,
DNA de fita simples, RNA de dupla-fita e RNA de fita simples. Dependendo do vírus,
o ácido nucléico pode ser linear ou circular, e há alguns em que ele é segmentado.
OBS.: A porcentagem de ácido nucleico viral em relação à porcentagem de proteína é de
cerca de 1% no caso do vírus influenza é de cerca de 50% para certos bacteriófagos
70
● A camada externa do vírion é o
capsídeo ou envelope. Essas
estruturas são o pacote, a proteção
e o veículo de liberação durante a
transmissão do vírus de um
hospedeiro para outro e para a
dispersão para a célula-alvo dentro
do hospedeiro. As estruturas da
superfície do capsídeo e do
envelope que medeiam a interação
do vírus com a célula-alvo por meio
de uma proteína de fixação viral
(VAP).
OBS.: A remoção ou rompimento da parte
externa deste pacote inativa o vírus. Desse
modo, os anticorpos gerados contra os
componentes dessas estruturas impedem
a infecção viral
● O capsídeo é uma estrutura rígida
capaz de resistir a severas
condições ambientais. Os vírus com
capsídeos sem cobertura são
geralmente resistentes ao
ressecamento, ao ácido e a detergentes, incluindo o ácido e a bile do trato
gastrointestinal. Muitos desses vírus são transmitidos pela rota fecal-oral e podem
preservar a capacidade de transmissão mesmo no esgoto.
● Os vírus cujos capsídeos não são envoltos por um envelope são conhecidos como
vírus não envelopados, “nus” ou “descobertos”. Nesse caso, o capsídeo protege o
ácido nucleico viral do ataque das nucleases presentes nos fluidos biológicos e
promove a ligação da partícula às células suscetíveis.
● Cada capsídeo é composto de subunidades protéicas, denominadas capsômeros.
Em alguns vírus, as proteínas que compõem os
capsômeros são de um único tipo; em outros,
vários tipos de proteínas podem estar presentes.
Em geral, os capsômeros são visíveis nas
micrografias eletrônicas e sua organização é
característica para cada tipo de vírus.
● Por outro lado, o envelope é uma
membrana composta de lipídios, proteínas e
glicoproteínas, que pode ser mantida apenas em
soluções aquosas. É prontamente rompida por
ressecamento, condições ácidas, detergentes e
solventes, tais como éter, o que resulta na
inativação do vírus. Como consequência, vírus
envelopados devem permanecer úmidos e são
geralmente transmitidos em fluidos, sangue e
tecidos. A maioria não pode sobreviver às
condições severas do trato gastrointestinal.
71
● Dependendo do vírus, os envelopes podem ou não apresentar espículas,
constituídas por complexos carboidratos – proteína que se projetam da superfície do
envelope. Alguns vírus se ligam à superfície da célula hospedeira através das
espículas, que são características tão marcantes de alguns vírus que podem ser
utilizadas para a sua identificação.
OBS.: A capacidade de determinados vírus, como o influenza, de agregar hemácias está
associada à presença das espículas. Esses vírus se ligam às hemácias, formando pontes
entre elas. A agregação resultante, chamada de hemaglutinação, é a base de diversos
testes laboratoriais úteis
● A aquisição do envelope é realizada por um processo denominado brotamento, e
requer primeiramente o direcionamento das espículas para uma membrana celular
(local de brotamento) e, posteriormente, ocorre a interação entre proteínas virais
intracitoplasmáticas com essas proteínas virais inseridas na membrana celular.
OBS.: As proteínas do capsídeo ou as proteínas de ligação do ácido nucleico podem
associar-se com o genoma para formar um nucleocapsídeo, que pode ser o mesmo do
vírion ou envolto por um envelope.
72
ETAPAS DA REPLICAÇÃO DOS VÍRUS
● As principais etapas de replicação viral são as mesmas para todos os vírus. A célula
age como uma fábrica, fornecendo os substratos, a energia e o maquinário
necessários para a síntese de proteínas virais e para replicação do genoma. Os
processos não providos pelas células devem ser codificados no genoma do vírus. A
maneira pela qual cada vírus cumpre essas etapas e supera as limitações
bioquímicas da célula é distinta para diferentes estruturas do genoma e do vírion
(seja ele envelopado ou tenha ele o capsídeo descoberto).
● Para que um vírus se multiplique, ele precisa invadir a célula hospedeira e assumir o
comando da sua maquinaria metabólica. Um único vírion pode dar origem, em uma
única célula hospedeira, a algumas ou mesmo milhares de partículas virais iguais;
contudo somente 1 a 10% dessas partículas podem ser infecciosas. As partículas
não infecciosas (partículas defeituosas) resultam de mutações e erros na fabricação
e montagem do vírion. Esse processo pode
alterar drasticamente a célula hospedeira,
podendo causar sua morte. Em algumas
infecções virais, a célula sobrevive e continua a
produzir vírus indefinidamente.
I. Adsorção
● A replicação dos vírus se inicia com a adsorção,
etapa em que haverá reconhecimento e fixação
à célula-alvo. A ligação das VAPs ou estruturas
na superfície do capsídeo do vírion ao
receptores na célula inicialmente determina
quais células podem ser infectadas por um vírus.
Os receptores para o vírus na célula podem ser
proteínas ou carboidratos em glicoproteínas ou
glicolipídeos. Os vírus que se ligam aos
receptores expressos em tipos específicos de
célula podem ser restritos a certas espécies
(espectro de hospedeiros) (p. ex., humanos,
camundongos) ou tipos específicos de células.
OBS.: A susceptibilidade da célula-alvo define o
tropismo tecidual (EX.: neurotrópico, linfotrópico).
● A estrutura de fixação viral num capsídeo do
vírus pode ser parte do capsídeo ou uma
proteína que se estende a partir desse capsídeo.
Os sítios de ligação dos vírus estão distribuídos
ao longo de toda a superfície da partícula viral, e
os sítios em si variam de um grupo de vírus para
outro.
● Na maioria dos vírus envelopados, como o vírus
influenza, os sítios de adesão são espículas
localizadas na superfície do envelope. Logo que
uma espícula se liga ao receptor da célula
hospedeira, sítios receptores adicionais da
73
mesma célula migram em direção ao vírus. A ligação de muitos sítios completa o
processo de adsorção
II. Penetração
● Interações entre múltiplas VAPs e os receptores celulares iniciam a internalização do
vírus para dentro da célula.
● Muitos vírus penetram nas células eucarióticas por endocitose mediada por receptor.
A membrana plasmática está constantemente sofrendo invaginações para formar
vesículas. Essas vesículas contêm elementos originados do exterior da célula e que
são levados para o seu interior para serem digeridos. Se um vírion se liga à
membrana plasmática de uma potencial célula hospedeira, a célula envolverá o
vírion e formará uma vesícula.
● Os vírus envelopados podem penetrar por um processo alternativo, chamado de
fusão, no qual o envelope viral se funde à membrana plasmática e libera o capsídeo
no citoplasma da célula. O pH ideal para a fusão determina se a penetração ocorre
na superfície celular em pH neutro ou se o vírus deve ser internalizado por
endocitose e a fusão ocorrer em um endossomo em pH ácido. A atividade de fusão
pode ser provida pela VAP ou por outra proteína.
III. Descapsidação
● Uma vez internalizado, o nucleocapsídeo deve ser transferido para o sítio de
replicação dentro da célula e o capsídeo ou o envelope, é removido. O genoma dos
vírus DNA, exceto os do tipo poxvírus, deve ser transferido para o núcleo, enquanto
a maioria dos vírus RNA permanece no citoplasma. O processo de descapsidação
pode ser iniciado por uma fixação ao receptor ou promovido por ambiente ácido ou
por proteases encontradas em um endossomo ou lisossomo
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IV. Transcrição, tradução e replicação
● Uma vez dentro da célula, o genoma deve dirigir a síntese de RNAm viral e de
proteínas e gerar cópias idênticas de si próprio. O genoma é inutilizado a menos que
possa ser transcrito em RNAm funcionais capazes de se ligar aos ribossomos e
serem traduzidos em proteínas. O modo pelo qual cada vírus cumpre essas etapas
depende da estrutura do genoma
● Em geral, os vírus de DNA replicam seu genoma no núcleo da célula hospedeira,
usando enzimas virais, e sintetizam as proteínas do capsídeo e outras proteínas no
citoplasma, usando enzimas do hospedeiro.
● Já no caso dos vírus de RNA, eles multiplicam-se essencialmente da mesma forma
que os vírus de DNA, com exceção de que os vírus de RNA se multiplicam no
citoplasma da célula hospedeira. Diversos mecanismos distintos de produção de
RNAm são observados entre os diferentes grupos de vírus de RNA. As principais
diferenças entre os processos de multiplicação residem na forma como o RNAm e o
RNA viral são produzidos. Estes vírus têm uma RNA-polimerase dependente de
RNA. Os genes virais induzem a produção dessa enzima pela célula hospedeira.
Essa enzima catalisa a síntese de outra fita de RNA, complementar à sequência de
bases da fita infecciosa original.
● Para a síntese de proteína viral, todos os vírus dependem dos ribossomos da célula
do hospedeiro, do RNAt e dos mecanismos para a modificações pós -traducionais. A
ligação do RNAm ao ribossomo é mediada por uma estrutura de guanosina metilada
ou uma estrutura especial em alça de RNA, que se liga internamente junto com o
ribossomo para iniciar a síntese de proteínas.
OBS.: Sabe-se que o ribossomo eucariótico se liga ao RNAm e pode produzir apenas uma
proteína contínua, e então ele se desprende do RNAm. Cada vírus lida com essa limitação
de maneira diferente, dependendo da estrutura do genoma. Por exemplo, o genoma inteiro
de um vírus RNA de fita positiva é lido pelo ribossomo e traduzido em uma poliproteína
gigante. A poliproteína é subsequentemente clivada por proteases celulares e virais em
proteínas funcionais. Os vírus de DNA, os retrovírus e a maioria dos vírus de RNA de fita
negativa transcrevem RNAm separado para poliproteínas menores ou proteínas individuais.
● Algumas proteínas virais requerem modificações pós-traducionais, tais como
fosforilação, glicosilação, acilação ou sulfatação. A fosforilação da proteína é
realizada por proteínas quinases celulares ou virais e é um modo de modular, ativar
ou inativar proteínas
V. Maturação
● A montagem do capsídeo proteico constitui o primeiro passo no processo de
maturação viral. Essa montagem, em geral, é um processo espontâneo análogo a
um quebra-cabeça tridimensional entrelaçado que se coloca junto como uma caixa.
O vírion é construído a partir de partes pequenas e facilmente fabricadas, que
incluem o genoma em um pacote funcional. Cada parte do vírion possui estruturas de
reconhecimento que permitem ao vírus formar as interações apropriadas
proteína-proteína, proteína-ácido nucleico e (nos vírus envelopados)
proteína-membrana, necessárias para a montagem na estrutura final. O processo de
montagem começa quando as peças necessárias são sintetizadas e a concentração
de proteínas estruturais na célula é suficiente para dirigir o processo
termodinamicamente, muito parecido com a reação de cristalização. O processo de
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montagem pode ser facilitado por proteínas de armação ou outras proteínas,
algumas quais são ativadas ou liberam energia na proteólise
● O sítio e o mecanismo de montagem do vírion na célula dependem de onde ocorre a
replicação do genoma, e se a estrutura final é um capsídeo descoberto ou um vírus
envelopado. A montagem dos vírus de DNA, exceto os poxvírus, acontece no núcleo
e requer transporte das proteínas do vírion para dentro do núcleo. A montagem dos
vírus de RNA e dos poxvírus ocorre no citoplasma.
● Os capsídeos dos vírus podem ser montados como estruturas vazias (pró capsídeos)
para serem preenchidos com o genoma ou podem ser montados em volta do
genoma.
● Nos vírus envelopados, as glicoproteínas virais recém-sintetizadas e processadas
são transferidas para membrana celular pelo transporte vesicular. A aquisição de um
envelope ocorre após a associação do nucleocapsídeo com regiões contendo
glicoproteínas virais das membranas celulares do hospedeiro, em um processo
chamado brotamento
VI. Liberação
● Os vírus podem ser liberados das células após a lise celular, por exocitose ou pelo
brotamento da membrana plasmática. Os vírus de capsídeo descoberto são
geralmente liberados depois da lise celular. A liberação de muitos vírus envelopados
acontece após o brotamento da membrana plasmática, sem matar a célula. A
sobrevivência da célula permite a liberação contínua de vírus a partir dessa fábrica. A
lise e o brotamento da membrana plasmática são meios eficientes de liberação
OBS.: A disseminação da infecção ocorre quando o vírus é liberado para o meio
extracelular, mas alternativamente, o vírus, o nucleocapsídeo ou o genoma pode ser
transmitido através das pontes célula-célula, em fusão célula-célula ou verticalmente para as
células-filhas. Essas rotas alternativas permitem que o vírus escape da detecção do
anticorpo.
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ou escape das defesas do hospedeiro e da resolução pelo sistema imune. Essas
atividades podem não ser essenciais para o crescimento viral em cultura de células,
mas são necessárias à patogenicidade ou à sobrevivência do vírus no hospedeiro. A
perda desses fatores de virulência resulta na atenção do vírus. Muitas vacinas
constituídas por vírus vivos são, na verdade, constituídas por variantes atenuadas
desses vírus
● A patogênese da infecção viral progride por meio de etapas:
I. Contágio
● Os vírus somente são mantidos na natureza se puderem ser transmitidos de um
hospedeiro para outro, da mesma espécie ou não. A transmissão do vírus na
natureza pode ocorrer de maneira horizontal, de um indivíduo para outro da mesma
espécie ou não; ou vertical, da mãe para o feto (esse processo pode ocorrer durante
a gestação ou durante o nascimento).
● A transmissão horizontal pode ocorrer por meio de:
a. Contato: diretamente de um indivíduo infectado para um hospedeiro
suscetível a partir de contato sexual, saliva, contato direto com pele
infectada, ou indiretamente por objetos ou perdigotos (aerossóis,
secreções respiratórias ou saliva).
b. Veículo: água ou alimentos contaminados.
c. Vetores: animais vertebrados ou invertebrados, sendo possível
classificar os últimos em vetores biológicos (o vírus é replicado no
vetor) ou mecânicos (o vetor apenas carreia o vírus).
● Além dos citados, não podemos esquecer das transmissões por:
a. Transfusão de sangue e transplantes.
b. Penetração: O vírus tem acesso ao corpo por meio de lesões na pele
(cortes, mordidas, injeções) ou através das membranas muco
epiteliais que revestem os orifícios do corpo (olhos, trato respiratório,
boca, genitália e trato gastrointestinal). A pele íntegra é uma barreira
excelente com a infecção.
c. Lágrimas, muco, epitélio ciliado, ácido estomacal, bile e
imunoglobulina A (IgA) protegem esses orifícios.
OBS.: A inalação é provavelmente a rota mais comum de entrada das partículas virais.
II. Disseminação
● Ao penetrar no corpo, o vírus se replica em células que expressam receptores virais
e possuem o maquinário biossintético apropriado. Os vírus podem se replicar e
permanecer no sítio primário de penetração ou então se disseminar para outros
tecidos via corrente sanguínea, via sistema mononuclear fagocitário e o linfático, ou
ainda via neurônios.
● A corrente sanguínea e o sistema linfático são as principais vias de disseminação
dos vírus no corpo. O vírus obtém acesso a esses meios após dano ao tecido,
mediante absorção por macrófagos ou no transporte através das células
mucoepiteliais da orofaringe, do trato gastrointestinal, da vagina ou do ânus.
OBS.: O que é viremia? É o transporte do vírus na corrente sanguínea. O vírus pode estar
livre no plasma ou associado com linfócitos ou macrófagos. Os vírus fagocitados por
macrófagos podem estar inativados, podem se replicar ou podem ser carreados para outros
tecidos. A replicação de um vírus em macrófagos, no revestimento endotelial de vasos
sanguíneos ou no fígado pode causar a amplificação da infecção e iniciar o desenvolvimento
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de viremia secundária. Em muitos casos, essa viremia secundária antecede o envio dos
vírus ao tecido-alvo (EX.: fígado, cérebro, pele) e a manifestação dos sintomas específicos.
● Os vírus podem ter acesso ao sistema nervoso central ou ao cérebro (1) pela
corrente sanguínea; (2) pelas meninges ou líquido cefalorraquidiano infectados; (3)
pela migração de macrófagos infectados; ou (4) pela infecção de neurônios
periféricos e sensoriais (olfatórios).
OBS.: Para garantir que a infecção seja bem-sucedida é necessário que o inócuo viral, isto é
a concentração de partículas, deve ser suficiente para iniciar a infecção; as células no sítio
inicial da infecção devem ser acessíveis, suscetíveis e permissivas ao vírus; e os
mecanismos de defesa local do hospedeiro devem estar ausentes ou ineficientes.
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ETIOPATOGENIA DA CÁRIE DENTAL/
CARIOGRAMA
AULA 11
ESTUDO DE CASOS
1. Em um dia, o atendimento de plantão do Hospital Baía Sul atendeu a dois
pacientes, um com fibrose cística (doença que afeta as células que produzem
muco, suor e sucos digestivos. Isso faz com que esses fluidos se tornam
espessos e pegajosos. Eles aderem a tubos, dutos e passagens),
diagnosticado com infecção pulmonar, e outra paciente, que usa com
frequência sabonetes íntimos alcalinizantes (alto pH), com infecção urinária. O
que há em comum entre os dois pacientes para adquirirem infecções?
Ambos têm suas barreiras protetoras das principais portas de entrada ineficazes. O primeiro
paciente possui uma doença que dificulta a saída de muco, dificulta os cílios conseguirem
movimentar esse muco mais pegajoso, um dos componentes do trato respiratório que auxilia
na eliminação de microorganismos, os acumulando na região e facilitando infecções. Já a
segunda paciente, utiliza sabonetes íntimos alcalinizantes, dificultando a eficácia da acidez
do ácido lático vaginal que elimina certos microorganismos, dessa forma, os mesmos
conseguem se instalar para proliferar e tornar mais suscetível a causar infecção.
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2. Por meio de exame microscópico com uso de coloração, o Dr. Valdinei
procurou a presença de bactérias em uma coleta de líquido encefaloraquidiano
(líquido estéril) de certa paciente com quem não teve contato nenhum, o
diagnóstico foi insuficiente. O que o Dr. Valdinei poderia estar fazendo de
errado e/ou indiquem falhas no teste, se houver?
Não houve associação com sintomas da paciente, o médico não a ouviu nem teve contato,
isso auxiliaria no diagnóstico, além disso, certas bactérias e vírus não se coram, a exemplo
da meningite por micobactéria e vírus. "A aplicação de um único método para detecção de
organismos patogênicos pode não ser a ideal, assim, a combinação de técnicas de tipagem
se torna necessária para permitir uma melhor avaliação das doenças".
a) O que pode ter acontecido com esse paciente para após antibioticoterapia de amplo
espectro passar a manifestar um sintoma diferente do inicial do tratamento? Explique
sua resposta.
Com uma antibioticoterapia de amplo espectro por tantos dias possivelmente também houve
morte da microbiota residente do trato gastrointestinal, além da Escherichia coli. Tal
raciocínio advém pela bactéria Clostridium difficile conseguir ter se instalado neste sítio, pois
caso houvesse uma microbiota residente ela suprimiu a Clostridium, uma microbiota
oportunista, seja competindo pelo mesmo sítio, o trato gastrointestinal, seja pela produção
de certos metabólitos tóxicos ou até produção de bacteriocinas, logo, impedindo a
Clostridium de proliferar, se instalar e causar esses sintomas.
80
b) Nesse caso, quais alternativas de tratamento para o CDI seriam possíveis de serem
aplicadas ao paciente? Explique sua resposta.
Teriam-se duas alternativas, outro uso de antibiótico para matar a Clostridium e depois
realizar um transplante fecal de algum doador saudável que tenha a microbiota residente
regulada e repor a flora a esse paciente. Entretanto, como o trato gastrointestinal já se
apresenta debilitado e nem a absorção do antibiótico é eficaz por causa da diarreia, uma
alternativa seria fazer o transplante fecal e deixar a própria microbiota residente se adaptar e
competir com a Clostridium. Outra alternativa válida caso apenas o transplante não seja
eficaz seria um exame de antibiograma para a Clostridium, identificando a qual antibiótico a
mesma seria sensível e o trato gastrointestinal com a microbiota residente estaria mais forte
para lidar com a metabolização do antibiótico.
6. Uma paciente deu entrada em uma unidade hospitalar com uma infecção grave
de tecido muscular após ferimento. O agente etiológico identificado como
sendo Staphylococcus aureus e a paciente passou a ser tratada com um
antibiótico X. Após dois dias de melhora progressiva sob antibioticoterapia, o
paciente voltou a apresentar piora do quadro infeccioso e, o isolamento do
agente etiológico manteve o diagnóstico anterior de Staphylococcus aureus. O
que pode ter acontecido nessa situação? Explique sua resposta.
Basicamente, como o antibiótico demonstrou efeito na concentração receitada inicialmente,
o problema não está na medicação, mas sim na bactéria que possivelmente adquiriu
resistência. As formas de adquirir resistência são diversas, desde mutações (de ponto, de
fase, deletérias...), a transferência de material genético devido a algum contato direto ou
indireto com bactérias que teriam gene de resistência a esse antibiótico utilizado
(transformação, conjugação, transdução...), como a transferência de um plasmídio com esse
gene ou com um transposon que ative o gene de resistência.
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7. Assinale a alternativa correta de acordo com as imagens:
a) estafilococos, espirilo, vacúolo, mitocôndria, flagelo.
b) estreptococos, espirilo, endósporo, mitocôndria, pilus conjugativo.
c) streptococcus, espiroqueta, endósporo, grânulos de reserva, pilus conjugativo.
d) estafilococos, espiroqueta, vacúolo, grânulos de reserva, pilus conjugativo.
Resposta: letra c.
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