Bombeiro Civil Mestre

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Bombeiro Civil Mestre

Brasília-DF.
Elaboração

Marco Aurélio N. da Rocha

Produção

Equipe Técnica de Avaliação, Revisão Linguística e Editoração


Sumário

APRESENTAÇÃO.................................................................................................................................. 4
ORGANIZAÇÃO DO CADERNO DE ESTUDOS E PESQUISA..................................................................... 5
INTRODUÇÃO.................................................................................................................................... 7
UNIDADE I
BOMBEIRO CIVIL MESTRE........................................................................................................................ 9

CAPÍTULO 1
HISTÓRIA, CONCEITOS E DEFINIÇÕES........................................................................................ 9

CAPÍTULO 2
CLASSIFICAÇÃO, ATUAÇÃO E ATRIBUIÇÕES ............................................................................ 20

CAPÍTULO 3
SELEÇÃO, TREINAMENTO E FORMAÇÃO DOS BOMBEIROS CIVIS.............................................. 28

UNIDADE II
DIMENSIONAMENTO E ESTRUTURAÇÃO................................................................................................. 49

CAPÍTULO 1
DIMENSIONAMENTO E APLICAÇÃO DE BOMBEIROS CIVIS........................................................ 49

CAPÍTULO 2
ESTRUTURAÇÃO DO DEPARTAMENTO DE PREVENÇÃO E DE INCÊNDIO..................................... 67

UNIDADE III
ASPECTOS GERENCIAIS E OPERACIONAIS............................................................................................. 68

CAPÍTULO 1
ASPECTOS GERENCIAIS E ADMINISTRATIVOS............................................................................. 68

CAPÍTULO 2
ASPECTOS OPERACIONAIS...................................................................................................... 79

UNIDADE IV
CONDUTAS OPERACIONAIS E DE SEGURANÇA..................................................................................... 92

CAPÍTULO 1
AMEAÇAS E VULNERABILIDADES.............................................................................................. 92

CAPÍTULO 2
SEGURANÇA PESSOAL E OPERACIONAL................................................................................ 102

CAPÍTULO 3
REGISTRO DE ATIVIDADES DE BOMBEIROS.............................................................................. 125

REFERÊNCIAS................................................................................................................................. 145
Apresentação

Caro aluno

A proposta editorial deste Caderno de Estudos e Pesquisa reúne elementos que se


entendem necessários para o desenvolvimento do estudo com segurança e qualidade.
Caracteriza-se pela atualidade, dinâmica e pertinência de seu conteúdo, bem como pela
interatividade e modernidade de sua estrutura formal, adequadas à metodologia da
Educação a Distância – EaD.

Pretende-se, com este material, levá-lo à reflexão e à compreensão da pluralidade


dos conhecimentos a serem oferecidos, possibilitando-lhe ampliar conceitos
específicos da área e atuar de forma competente e conscienciosa, como convém
ao profissional que busca a formação continuada para vencer os desafios que a
evolução científico-tecnológica impõe ao mundo contemporâneo.

Elaborou-se a presente publicação com a intenção de torná-la subsídio valioso, de modo


a facilitar sua caminhada na trajetória a ser percorrida tanto na vida pessoal quanto na
profissional. Utilize-a como instrumento para seu sucesso na carreira.

Conselho Editorial

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Organização do Caderno
de Estudos e Pesquisa

Para facilitar seu estudo, os conteúdos são organizados em unidades, subdivididas em


capítulos, de forma didática, objetiva e coerente. Eles serão abordados por meio de textos
básicos, com questões para reflexão, entre outros recursos editoriais que visam tornar
sua leitura mais agradável. Ao final, serão indicadas, também, fontes de consulta para
aprofundar seus estudos com leituras e pesquisas complementares.

A seguir, apresentamos uma breve descrição dos ícones utilizados na organização dos
Cadernos de Estudos e Pesquisa.

Provocação

Textos que buscam instigar o aluno a refletir sobre determinado assunto antes
mesmo de iniciar sua leitura ou após algum trecho pertinente para o autor
conteudista.

Para refletir

Questões inseridas no decorrer do estudo a fim de que o aluno faça uma pausa e reflita
sobre o conteúdo estudado ou temas que o ajudem em seu raciocínio. É importante
que ele verifique seus conhecimentos, suas experiências e seus sentimentos. As
reflexões são o ponto de partida para a construção de suas conclusões.

Sugestão de estudo complementar

Sugestões de leituras adicionais, filmes e sites para aprofundamento do estudo,


discussões em fóruns ou encontros presenciais quando for o caso.

Atenção

Chamadas para alertar detalhes/tópicos importantes que contribuam para a


síntese/conclusão do assunto abordado.

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Saiba mais

Informações complementares para elucidar a construção das sínteses/conclusões


sobre o assunto abordado.

Sintetizando

Trecho que busca resumir informações relevantes do conteúdo, facilitando o


entendimento pelo aluno sobre trechos mais complexos.

Para (não) finalizar

Texto integrador, ao final do módulo, que motiva o aluno a continuar a aprendizagem


ou estimula ponderações complementares sobre o módulo estudado.

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Introdução
Sabemos que um dos pontos principais da história da civilização humana foi o
domínio do fogo pelo homem. A partir daí, foi possível aquecer e cozinhar, fundir
metais para fabricação de equipamentos e maquinários. Isso alavancou o progresso
da sociedade, bem como da humanidade, mas essa descoberta obviamente trouxe um
risco inerente: o risco de incêndios.

A Norma Regulamentadora nº 23 do Ministério do Trabalho cita que as empresas


e instituições devem possuir profissionais capacitados para prestar o primeiro
atendimento em caso de incêndio, sendo que esses profissionais são muito importantes
para as organizações, pois, por meio de suas atuações, teremos ações rápidas de
combate ao princípio de incêndio e a salvaguarda das pessoas e equipamentos, bem
como continuidade operacional do negócio.

Sabemos que quanto maior for a cultura de prevenção, menor será a probabilidade de
ocorrência de um sinistro que possa gerar riscos às pessoas e danos ao patrimônio e ao
meio ambiente.

Com o passar do tempo, as corporações de bombeiros se multiplicaram e ficaram mais


especializadas, sendo essa, nos dias atuais, uma condição básica para que o bombeiro
possa atender uma emergência.

Os primeiros corpos de bombeiros surgiram da necessidade de combater incêndios.


Nesse material de estudo, teremos a oportunidade de tratar da instrução para formação
prática de bombeiros civis para entidades públicas e particulares e para o Corpo de
Bombeiros, pois o bombeiro profissional civil ou bombeiro civil é uma profissão
que veio para ocupar uma lacuna deixada há muito tempo. Obviamente que, com a
regulamentação da profissão de bombeiro civil, foram definidos os direitos e deveres, de
forma a nortear o exercício das atividades. Por isso, é importante o pleno conhecimento
da legislação que trata dessa importante profissão, pois, dessa forma, o bombeiro será
conhecedor de seus limites e do que suas ações podem gerar.

Mesmo após a publicação da Lei Federal que regulamentou a profissão, ficaram


lacunas, pois essa Lei não foi regulamentada, deixando esses profissionais à mercê de
legislações estaduais e municipais.

O Bombeiro Civil é o profissional qualificado e preparado para lidar com diferentes


situações, desde as mais simples até as que exigem um maior nível de preparação,

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valendo-se de técnicas e conhecimentos operacionais de prevenção com o objetivo
de evitar situações de risco. Atende a eventuais situações de emergência e atua em
operações de resgate, salvamento e combate a incêndio.

Objetivos
»» Falar sobre o conceito, definições e atribuições dos Bombeiros Civis e
Bombeiros Civis Mestres.

»» Diferenciar as diversas denominações de bombeiros (privado e público),


fazendo um comparativo entre eles, bem como a legislação que rege cada
tipo de bombeiro.

»» Estudar as Normas e Legislação Federal, Estadual e Municipal aplicadas


à função, compreendendo como essas legislações mudam entre estados e
municípios, bem como deve ser a adaptação a essas mudanças.

»» Estudar e abordar os níveis de capacitação exigidos, formação e áreas


de atuação, bem como atribuições e principais atividades que devem ser
exercidas.

»» Promover a importância e obrigações na formação dos bombeiros civis e


ver como deve ser formado um Departamento de Prevenção e Combate a
Incêndios nas Organizações, bem como falar das responsabilidades.

»» Por fim, abordar como deve ser a estruturação dos serviços de bombeiros
e os aspectos gerencias e operacionais envolvendo o bombeiro civil e o
Departamento de Prevenção e Combate a Incêndios.

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BOMBEIRO CIVIL UNIDADE I
MESTRE

CAPÍTULO 1
História, conceitos e definições

Surgimento do bombeiro no Brasil


Quando o homem abandona suas cavernas e começa a viver em comunidade, chega
à importante descoberta denominada de fogo, o qual lhe fornece conforto, bem-estar
e segurança. Mas, por outro lado, vem a necessidade de já nessa época trabalhar a
prevenção, evitando, dessa forma, possíveis incêndios.

Por isso, segundo os escritos, esse homem ainda primitivo se viu obrigado a
regulamentar o uso do fogo, estabelecendo vigilância de suas habitações durante
as fases de ausência. Por isso, podemos dizer que, desde esse tempo, a humanidade
começou sua duradoura luta contra incêndio.

»» Em 23 de agosto de 1395, o rei João I, de Portugal, criou uma legislação


pertinente à prevenção e combate ao fogo.

»» No Brasil, o primeiro Corpo de Bombeiros foi criado oficialmente


pelo Decreto no 1.775, assinado por D. Pedro II em 2 de julho de 1856.
Instala-se no Rio de Janeiro, então, o Corpo de Bombeiros da Corte.
Desde 1763, portanto antes da criação do Corpo de Bombeiros da Corte,
os incêndios no Rio de Janeiro eram combatidos pelo pessoal do Arsenal
da Marinha de forma provisória.

»» A Sociedade Corpo de Bombeiros Voluntários de Joinville (SCBVJ),


fundada no dia 13 de julho de 1892, é a mais antiga corporação de
bombeiros voluntários da América do Sul e consequentemente a primeira
do Brasil.

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UNIDADE I │ BOMBEIRO CIVIL MESTRE

»» A primeira corporação de bombeiro voluntário instalada no Rio Grande


do Sul foi a Sociedade Civil Corpo de Bombeiros Voluntários de Nova
Prata, fundada em 24 de junho de 1977.

Podemos dizer que a história do Corpo de Bombeiros no Brasil teve seu início no Rio de
Janeiro ainda no século XVI, sendo que até a metade do século XIX os incêndios eram
controlados pela população com utilização da água dos chafarizes públicos, sendo que
os baldes utilizados no combate eram passados de mão em mão até chegar ao local do
incêndio.

Dom Pedro II oficializou o Corpo de Bombeiros Provisório da Corte por meio de um


decreto imperial na data de 2 de julho de 1856, data que se transformou no dia do
Bombeiro e também é dedicada à Semana de Prevenção a Incêndios no Brasil. A partir
de 1880, os Corpos de Bombeiros ganharam um caráter militar, sendo hierarquizada
sua organização. Eles somente vieram a perder sua condição de militar durante as
Revoluções de 1930 e 1932, uma vez que eram considerados uma ameaça ao poder
bélico do Brasil. Mas em 1964, em plena Ditadura Militar no Brasil, voltaram a ter
caráter militar e integrar as Polícias Militares. A partir da Constituição Federal do
Brasil, os Corpos de Bombeiros Militares ficaram subordinados aos governos estaduais,
incorporando a responsabilidade também pela Defesa Civil.

O nome “Bombeiro”, segundo alguns autores, foi atribuído em razão do manuseio de


bombas d’água.

Podemos dizer, dessa forma, que, no Brasil, as primeiras organizações de combate a


incêndios somente. E começaram a surgir efetivamente após os grandes incêndios,
como o que destruiu, em 1732, parte do Mosteiro de São Bento, próximo à atual Praça
Mauá, no Rio de Janeiro, sendo que, naquela época, eram muito escassos os meios para
combater grandes incêndios, uma vez que, em virtude de o tipo de construção das casas
e edificações da época serem a maioria em madeira, e pelas ruas e vielas muito estreitas
e irregulares, as chamas se propagavam rapidamente.

Como em várias outras partes do mundo, o alarme de incêndio era dado pelos sinos
das igrejas. Eles alertavam as milícias, os aguadeiros com suas pipas e os voluntários
da população, que ajudavam transportando os baldes de mão em mão da fonte de água
mais próxima até o local do incêndio.

A dificuldade aumentava quando o incêndio ocorria durante a noite e as vítimas eram


numerosas pelo abandono dos locais em face da precária iluminação existente.

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BOMBEIRO CIVIL MESTRE │ UNIDADE I

A urbanização de grande cidades como a de São Paulo foi um fator gerador de aumento
no índice dos incêndios urbanos, entre eles o de grande porte, como o ocorridos
nos edifícios Andraus (1972) e Joelma (1974), os quais geraram um número muito
elevado de vítimas humanas e perdas de vidas diretas (óbitos), além de problemas
de saúde futuros, uma vez que todos os envolvidos nesses incêndios tiveram suas
vidas afetadas, sendo condição geradora de mudanças culturais, além de ocorrência
de traumas psicológicos após os incêndios.

Tivemos também outros incêndios que vitimaram várias pessoas na cidade do Rio de
Janeiro/RJ, em Porto Alegre/RS, entre outras.

Incêndio no edifício Andraus completa 40 anos – Parte 1:

<https://www.youtube.com/watch?v=gSN48Yp_Rik>.

Incêndio no edifício Andraus completa 40 anos – Parte 2:

<https://www.youtube.com/watch?v=utN3l4pXpso>.

Incêndio no Edifício Joelma:

<https://www.youtube.com/watch?v=p7FlHhsYgZg>.

Bombeiro profissional civil


Segundo o Art. 4o da Lei 11.901/2009, ele é o profissional com formação em
engenharia e com pós-graduação em nível de especialização em prevenção e
combate a incêndio, sendo responsável pelo Departamento de Prevenção e Combate
a Incêndio.

A diferença entre brigadas de incêndio e bombeiros civil e/ou militar está no fato de
que os brigadistas são pessoas que têm uma função específica na empresa/instituição
a que estão vinculadas e exercem acessoriamente atividades de emergência. Devem
estar preparados para atuar em situações de emergência dentro de suas áreas de
atribuição e inerentes a uma determinada atividade laboral, mesmo que esses riscos
específicos e locais de trabalho possam ser similares tanto para os membros da brigada
de incêndio e dos bombeiros públicos ou privados, os brigadistas normalmente não se
envolvem em atendimento a ocorrências fora de sua competência.

A presença na edificação/empresa de equipes de brigada de incêndio pode até ser mais


vantajosa, tendo em vista que elas têm o conhecimento mais especifico e abrangente
dos riscos inerentes às atividades desenvolvidas na planta/empresa em que atuam.
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UNIDADE I │ BOMBEIRO CIVIL MESTRE

Já o bombeiro público tem em suas atribuições uma gama maior e variada de locais
para atender, o que pode gear em alguns momentos a falta de conhecimento pleno
de todos os riscos que possam estar presentes e envolvidos no atendimento, além
de não conhecer amplamente o tamanho e limites das edificações/prédios, possíveis
sistemas fixos de extinção de incêndios sofisticados e específicos, armazenamento e
uso de substâncias perigosas, constituindo-se estes fatores desconhecidos que podem
influenciar no efetivo desempenho das equipes de resposta dos corpo de bombeiros
públicos.

Esse conhecimento específico das atividades e local de trabalho pode ser fator
ampliador das condições de segurança para o brigadista, constiuindo-se aí uma
diferença significativa entre um bombeiro público e uma equipe de brigada de
incêndio, o que não acontece com o bombeiro civil, já que esse é um bombeiro
treinado, capacitado e pronto a atuar na edificação/local de trabalho, e, como tem
uma capacitação mais direta e específica na área de emergência que os brigadistas, é
imprescindível para o controle das ocorrências.

Antes de começarmos a tratar do tema Bombeiro Civil Mestre, precisamos saber o


que é um bombeiro e ser conhecedor das diferenças e áreas de atuações dos diversos
“tipos” de bombeiros. Existem diversas definições por diferentes órgãos. Por isso
adotaremos aqui algumas definições apresentadas pela NBR 14608:2007 (Bombeiro
Profissional Civil).

Bombeiro: pessoa treinada e capacitada que presta serviços de prevenção e atendimento


a emergências, atuando na proteção da vida, do meio ambiente e do patrimônio.

»» Bombeiro profissional civil: bombeiro que presta serviço em uma


planta ou evento.

»» Bombeiro público: bombeiro pertencente a uma corporação


governamental militar ou civil de atendimento a emergências.

»» Bombeiro voluntário: bombeiro pertencente a uma Organização Não


Governamental (ONG) ou Organização da Sociedade Civil de Interesse
Público (OSCIP), que presta serviços de atendimento a emergências
públicas.

De acordo com a Lei Federal 11.901, de 12 de janeiro de 2009, editada com o


propósito de reconhecer juridicamente a profissão, o Bombeiro Civil é aquele que
exerce, em caráter habitual, função remunerada e exclusiva de prevenção e combate
a incêndio como empregado contratado diretamente por empresas privadas ou

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BOMBEIRO CIVIL MESTRE │ UNIDADE I

públicas, sociedade de economia mista ou empresas especializadas em prestação


de serviços de prevenção e combate a incêndio.

A Classificação Brasileira de Ocupações (CBO) no 517110 do Ministério do Trabalho e


Emprego (MTE) atribui ao Bombeiro Civil a seguinte descrição:

Agente de investigação de incêndio, Bombeiro de empresas


particulares, Bombeiro de estabelecimentos comerciais, Bombeiro
de estabelecimentos industriais, Bombeiro de segurança do trabalho.
Previnem situações de risco e executam salvamentos terrestres, aquáticos
e em altura, protegendo pessoas e patrimônios de incêndios, explosões,
vazamentos, afogamentos ou qualquer outra situação de emergência,
com o objetivo de salvar e resgatar vidas; prestam primeiros-socorros,
verificando o estado da vítima para realizar o procedimento adequado;
realizam cursos e campanhas educativas, formando e treinando equipes,
brigadas e corpo voluntário de emergência.

Diferenças entre bombeiro civil, voluntário e


militar
Como já dissemos, o bombeiro profissional civil é regulado pela Lei 11.901, de
12/1/2009, e essa lei cita que bombeiro civil é aquele habilitado a exercer, em caráter
habitual, função remunerada e exclusiva de prevenção e combate a incêndio, como
empregado contratado diretamente por empresas privadas ou públicas, sociedades de
economia mista ou empresas especializadas em prestação de serviços de prevenção e
combate a incêndio. Possui formação e atribuições funcionais diferentes dos bombeiros
voluntários, que também são bombeiros civis na etiologia da palavra.

Para não haver confusões entre civis e militares, uma atenção especial deve ser dada
ao uniforme, tanto que a NBR 14608 estabelece que o uniforme do bombeiro civil não
pode ser igual ou se parecer com o do bombeiro militar.

Lembrando que a Lei 11.901 de 12/1/2009 determina que:

§ 2o No atendimento a sinistros em que atuem, em conjunto, os


Bombeiros Civis e o Corpo de Bombeiros Militar, a coordenação e a
direção das ações caberão, com exclusividade e em qualquer hipótese,
à corporação militar.

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UNIDADE I │ BOMBEIRO CIVIL MESTRE

Bombeiros Militares

Os bombeiros militares públicos estão associados a instituição de forças armadas,


sendo forças auxiliares e reservas destas. Têm como principal missão: ações de
prevenção e combate a incêndio, atendimento a situações de pânico, busca e
salvamento de pessoas, além das ações de defesa civil.

Bombeiros Voluntários

O bombeiro voluntário, que também é civil por não ser militar, tem atribuições
e responsabilidades diferentes dos bombeiros civis e tem atuação similar aos
bombeiros militares, diferenciando-se, dessa forma, dos Bombeiros Civis
propriamente ditos.

Na data de 13/7/1892 foi criada a Sociedade Corpo de Bombeiros Voluntários de


Joinville, sendo esse, portanto, o primeiro corpo de bombeiro voluntário do Brasil e
a mais antiga corporação de bombeiros voluntários da América do Sul, tendo sido ela
idealizada em modelos voluntários já praticados na Alemanha. Portanto, desde essa
época, são desenvolvidas atividades por esses corpos de bombeiros de natureza civil,
prática essa que se entendeu para outras cidades dos estados de Santa Catarina e Rio
Grande do Sul, existindo ainda algumas corporações do mesmo tipo nos estados de
Minas Gerais, São Paulo, Espírito Santo e Pará.

Os serviços prestados pelos bombeiros voluntários são idênticos aos dos bombeiros
públicos militares. No Brasil, a atividade pública de bombeiros é de responsabilidade
do Estado, que, por disposição constitucional, possui corporações com configuração
militar, os quais se constituem em instituições autônomas. Dessa forma, em alguns
estados, são integrantes das estruturas das Secretarias de Segurança Pública ou de
Defesa Civil.

A criação das corporações voluntárias de bombeiros teve como objetivo inicial a


preocupação das comunidades com a preservação do patrimônio. No caso especifico
da cidade de Joinville, para acompanhar a industrialização da cidade, tendo como
necessidade premente de controlar os frequentes incêndios ocorridos, alicerçados
por empresas industriais e comerciais, a população iniciou a mobilização e fundou a
corporação contando com a admissão de sócios. Dessa forma, como houve êxito, baseado
na experiência e no espírito de solidariedade e de atuação comunitária comum às
localidades que possuem muitos imigrantes europeus, surgiram outras corporações em
cidades de santa Catarina e, posteriormente, no Rio Grande do Sul. Tudo isso reforçado
pela falta de corpos de bombeiros militares providos pelo poder público estadual.

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BOMBEIRO CIVIL MESTRE │ UNIDADE I

A Constituição Federal de 1988 (CF/1988) não tratou, especificamente, do serviço


voluntário nem de Bombeiros Civil.

O art. 144, ao disciplinar a segurança pública, dispõe, no § 5o, que:

“(...) aos corpos de bombeiros militares, além das atribuições definidas


em lei, incumbe a execução de atividades de defesa civil”.

Outros dispositivos constitucionais que têm certa afinidade com a atividade de


bombeiros em geral são:

Art. 22, inciso XXVIII, ao deferir, privativamente à União, a


competência de legislar sobre defesa civil, dentre outros temas.

Quanto à atividade de bombeiro, a CF/1988 apenas a mencionou, no art. 144, inciso V,


e §§ 5o e 6o, ainda assim apenas em relação aos corpos de bombeiros militares, de nível
estadual. Dessa forma, podemos considerar que, de acordo com a CF/1988, não há
previsão legal de existência de bombeiros de natureza civil, quer seja em nível federal,
estadual ou municipal, mesmo que sejam servidores públicos.

Os policiais e bombeiros militares são regidos por estatuto próprio ou pela Lei no 6.880,
de 9 de dezembro de 1980 (Estatuto dos Militares, conhecido como E-1), aplicável aos
militares das Forças Armadas ou Singulares (Marinha, Exército e Aeronáutica) e a
algumas polícias militares e corpos de bombeiros militares.

A Lei no 9.608, de 18 de fevereiro de 1998, dispõe sobre o serviço voluntário. Só que é


muito sucinta, trazendo as seguintes regras:

Art. 1o Considera-se serviço voluntário, para fins desta Lei, a atividade


não remunerada, prestada por pessoa física a entidade pública de
qualquer natureza ou instituição privada de fins não lucrativos, que
tenha objetivos cívicos,culturais, educacionais, científicos, recreativos
ou de assistência social, inclusive, mutualidade.

Parágrafo único. O serviço voluntário não gera vínculo empregatício


nem obrigação de natureza trabalhista, previdenciária ou afim.

Art. 2o O serviço voluntário será exercido mediante a celebração de


termo de adesão entre a entidade, pública ou privada, e o prestador do
serviço voluntário, dele devendo constar o objeto e as condições do seu
exercício.

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UNIDADE I │ BOMBEIRO CIVIL MESTRE

Art. 3o O prestador do serviço voluntário poderá ser ressarcido


pelas despesas que comprovadamente realizar no desempenho das
atividades voluntárias.

Parágrafo único. As despesas a serem ressarcidas deverão estar


expressamente autorizadas pela entidade a que for prestado o serviço
voluntário.

Essa é uma das grandes discussões que envolvem a figura do bombeiro voluntário,
uma vez que a Lei, embora fale em trabalho não remunerado, faculta o ressarcimento
de despesas. Dessa forma, podemos dizer que a Lei no 9.608/1998 preocupou-se em
disciplinar a atividade voluntária com a finalidade de proteger os entes que patrocinam
tais atividades, de forma a não haver qualquer reclamação por parte dos executantes,
uma vez que não há geração de vínculo empregatício nem qualquer obrigação de
natureza trabalhista, previdenciária ou afim.

Além disso, como está claramente expresso na Lei, trata-se de atividade não
remunerada, cabendo, no máximo, ressarcimento de despesas.

Portanto no que tange a corporações voluntárias de Bombeiros, temos vários


exemplos comprovando que a sua atuação é perfeitamente viável e interessante para
a comunidade, especialmente em alguns municípios da Região Sul do país. No estado
do Rio Grande do Sul há cerca de 40 municípios atendidos por corpos de bombeiros
voluntários, e no estado de Santa Catarina, 35. Essas corporações recebem, inclusive,
doações de veículos e equipamentos de países europeus.

Alguns fatores dificultam o perfeito funcionamento dessas entidades, entres eles


a falta de legislação que as ampare e de recursos, bem como a conhecida aversão
de algumas corporações militares. Existem vários projetos de lei que tramitam nas
assembleias dos estados e no Congresso Nacional que reconhecem a importância dos
bombeiros voluntários, prestigiando inclusive suas atuações. Mas é preciso que seja
reconhecida a legalidade, e que todos saibam a importância dessas instituições civis
as quais, em algumas regiões, lutam com muitas dificuldades, mas que desenvolvem
tanto a título de utilidade pública, bem como na defesa civil, um trabalho social de
suma importância, uma vez que zela pela garantia da vida das comunidades, de suas
residências bem como de suas cidades.

E é importante falar que o bombeiro voluntário não é uma invenção ou uma caixa de
surpresas, mas retrata exemplos satisfatórios adotados por nações desenvolvidas da
América do Norte, Europa, Ásia e Oceania.

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BOMBEIRO CIVIL MESTRE │ UNIDADE I

Portanto podemos dizer que os bombeiros voluntários, como são chamados, mesmo
sendo reconhecidos pelo Estado como sendo de utilidade pública, não integram
a administração direta ou indireta, ainda que trabalhe com o Estado em regime de
cooperação.

Normas e legislação aplicada


Embora exista legislação específica para a profissão de Bombeiro Civil, ainda não há
regulamentação da exigência ou dimensionamento desses profissionais nas plantas
industriais, empresas, serviços, eventos e demais estabelecimentos, salvo raras
exceções.

No Brasil, possuímos uma lei que regulamenta e reconhece o bombeiro civil como
profissão e algumas normas estaduais e municipais que estipulam obrigatoriedade
de presença desses profissionais em empresas e instituições. Mas, quando tratamos
basicamente de obrigatoriedades, temos que nos dar conta de que as leis e normas,
em sua maioria, estão direcionadas à garantia das condições mínimas de segurança.
Sabemos que isso não é apenas para a figura do bombeiro civil, mas para todo o sistema
de segurança contra incêndio, mesmo sendo o objetivo da segurança contra incêndio
algo muito importante, pois é relativo a preservar e salvar vidas e patrimônios. Por isso,
a prevenção não deveria ser lugar para fazer economias.

A rápida e adequada resposta prestada pelo bombeiro civil pode ser o ponto que
separa o princípio de incêndio de uma grande catástrofe, com perdas de vidas, danos
ao meio ambiente e prejuízos financeiros de grande monta. Por isso, baseado na
máxima da prevenção, mesmo que uma empresa, edificação, planta ou evento não
exija a presença de um profissional bombeiro civil, deveria ser levada em consideração
a possibilidade de contratá-lo, visando à garantia da manutenção da segurança das
pessoas, do meio ambiente, bem como continuidade operacional do negócio.

Podemos dizer que as questões de obrigatoriedade e quantidade de bombeiros civis em


plantas e/ou instituições dependem basicamente de duas variáveis: a classificação de
risco da edificação e da área total construída.

Algumas legislações estaduais trazem em seu escopo a questão da obrigatoriedade


e do dimensionamento um pouco diferente das exigências previstas na NBR 14608,
normalmente menos rigorosa. Como exemplo podemos tomar o Rio de Janeiro, onde
essa exigência está baseada na resolução da Secretaria do Estado da Defesa Civil 279
(SEDEC 279), que reúne informações de brigada de incêndio, brigada voluntária

17
UNIDADE I │ BOMBEIRO CIVIL MESTRE

de incêndio e bombeiro civil. Nela encontramos em qual situação é obrigatória a


contratação de bombeiros civis inclusive.

Nos estados da federação que não possuem legislação especifica sobre bombeiro civil,
pode ser seguida a NBR 14608:2007, mesmo não sendo ela compulsória.

O estado de São Paulo possui a Instrução Técnica 17, cuja parte 2 orienta a
implementação de treinamento desse profissional (Bombeiro Civil). As Instruções
Técnicas do Corpo de Bombeiros da Policia Militar do Estado de São Paulo são
materiais bem completos, podendo ser inclusive usados como referência, nesse caso,
para dimensionamento e aplicabilidade do profissional de bombeiro civil.

Lei Federal no 11.901/2009 regulamenta e reconhece a profissão Bombeiro Civil, mas


há também normas estaduais e municipais. Nas localidades onde não há legislação
específica, a ABNT 14608 é utilizada como referência, assim como, eventualmente,
alguma legislação estadual específica.

Lei Federal no 11.901, de 12 de janeiro de 2009

A Lei Federal no 11.901, de 12 de janeiro de 2009, ratificou o Bombeiro Civil como


profissão. Entretanto, passou ao largo da situação dos bombeiros voluntários, que
também são bombeiros civis, dado o formato militar adotado pelos bombeiros públicos
do país. Portanto, essa Lei trata meramente de regulamentação da profissão de bombeiro
civil da iniciativa privada, trazendo a seguinte redação:

Art. 1o. O exercício da profissão de Bombeiro Civil reger-se-á pelo


disposto nesta Lei.

Art. 2o. Considera-se Bombeiro Civil aquele que, habilitado nos termos
desta Lei, exerça, em caráter habitual, função remunerada e exclusiva
de prevenção e combate a incêndio, como empregado contratado
diretamente por empresas privadas ou públicas, sociedades de
economia mista, ou empresas especializadas em prestação de serviços
de prevenção e combate a incêndio.

§ 2o. No atendimento a sinistros em que atuem, em conjunto, os


Bombeiros Civis e o Corpo de Bombeiros Militar, a coordenação e a
direção das ações caberão, com exclusividade e em qualquer hipótese,
à corporação militar.

Art. 4o. As funções de Bombeiro Civil são assim classificadas:

I - Bombeiro Civil, nível básico, combatente direto ou não do fogo;

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BOMBEIRO CIVIL MESTRE │ UNIDADE I

II - Bombeiro Civil Líder, o formado como técnico em prevenção


e combate a incêndio, em nível de ensino médio, comandante de
guarnição em seu horário de trabalho;

III - Bombeiro Civil Mestre, o formado em engenharia com


especialização em prevenção e combate a incêndio, responsável pelo
Departamento de Prevenção e Combate a Incêndio.

Art. 5o A jornada do Bombeiro Civil é de 12 (doze) horas de trabalho


por 36 (trinta e seis) horas de descanso, num total de 36 (trinta e seis)
horas semanais.

Art. 6o. É assegurado ao Bombeiro Civil:

I - uniforme especial a expensas do empregador;

II - seguro de vida em grupo, estipulado pelo empregador;

III - adicional de periculosidade de 30% (trinta por cento) do salário


mensal sem os acréscimos resultantes de gratificações, prêmios ou
participações nos lucros da empresa;

IV - o direito à reciclagem periódica.

Art. 8o. As empresas especializadas e os cursos de formação de


Bombeiro Civil, bem como os cursos técnicos de segundo grau de
prevenção e combate a incêndio que infringirem as disposições desta
Lei, ficarão sujeitos às seguintes penalidades:

I - advertência;

III - proibição temporária de funcionamento;

IV - cancelamento da autorização e registro para funcionar.

Art. 9o. As empresas e demais entidades que se utilizem do serviço de


Bombeiro Civil poderão firmar convênios com os Corpos de Bombeiros
Militares dos Estados, dos Territórios e do Distrito Federal, para
assistência técnica a seus profissionais.
(Fonte: Lei Federal no 11.901, de 12 de janeiro de 2009).

19
CAPÍTULO 2
Classificação, atuação e atribuições

Classificação
Os Bombeiros Civis são classificados por nível de formação/qualificação:

I. Bombeiro Civil.

Nível básico: Combatente direto ou não do fogo;

Esse profissional, para poder atuar, deve realizar treinamento de qualificação


como bombeiro profissional civil atendendo à NBR 14608:2007 e atendendo
a exigências específicas de alguns estados.

II. Bombeiro Civil Líder:

Técnico em prevenção e combate. É o comandante de guarnição no horário de


trabalho.

Como ainda não temos essa formação em nível técnico, muitas empresas
estão fazendo uso cumulativamente do profissional técnico de segurança
do trabalho. A profissão de técnico de segurança é regulamentada pelo
Decreto no 92.530, de 9 de abril de 1986, que regulamenta a Lei no 7.410, de
27 de novembro de 1985, a qual dispõe sobre a profissão de Engenheiro de
Segurança do Trabalho de Técnico em Segurança do Trabalho.

III. Bombeiro Civil Mestre

Segundo a NBR 14608 (bombeiro Civil), o Bombeiro Civil Mestre é o


formado em engenharia com especialização em prevenção e combate a
incêndio, ficando a ele a atribuição e responsabilidade de ser o responsável
pelo Departamento de Prevenção e Combate a Incêndio. A Lei não é clara,
mas cita que é obrigatório ser graduado em engenharia e possuir uma
pós-graduação em nível de especialização em prevenção e combate a
incêndio. Algumas empresas estão fazendo uso do engenheiro de segurança
do trabalho para assumir essa função. Não esqueçamos que esse profissional
tem sua regulamentação garantida pela Lei no 7.410, de 27 de novembro de
1985, a qual dispõe sobre a especialização de Engenheiros e Arquitetos em
Engenharia de Segurança do Trabalho, que prevê:
20
BOMBEIRO CIVIL MESTRE │ UNIDADE I

Art. 1o - O exercício da especialização de Engenheiro de Segurança do


Trabalho é permitido, exclusivamente:

I - ao Engenheiro ou Arquiteto, portador de certificado de conclusão de


curso de especialização em Engenharia de Segurança do Trabalho, em
nível de pós-graduação;

II - ao portador de certificado de curso de especialização em Engenharia


de Segurança do Trabalho, realizado em caráter prioritário, pelo
Ministério do Trabalho;

III - ao possuidor de registro de Engenheiro de Segurança do Trabalho,


expedido pelo Ministério do Trabalho dentro de 180 dias da extinção do
curso referido no item anterior.

Art. 4o - As atividades dos Engenheiros e Arquitetos especializados em


Engenharia de Segurança do Trabalho serão definidos pelo Conselho
Federal de Engenharia, Arquitetura e Agronomia - CONFEA, no prazo
de 60 dias após a fixação dos currículos de que trata o artigo 3o. pelo
Ministério da Educação, ouvida a Secretaria de Segurança e Medicina
do Trabalho - SSMT.

Art. 5o - O exercício da atividade de Engenheiros e Arquitetos na


especialização de Engenharia de Segurança do Trabalho, depende de
registro no Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia
- CREA.
(Fonte: Lei no 7.410/1985).

Relação da engenharia de segurança com a


função de bombeiros civil mestre
Dessa forma, podemos concluir que a Engenharia de Segurança do Trabalho é a única
modalidade de pós-graduação em nível de especialização latu sensu que oferece um
novo título ao profissional, ou seja, o engenheiro ou arquiteto terá basicamente duas
formações. Observem o item I do artigo 1o da Lei 7.410, de 1985:

“Ao Engenheiro ou Arquiteto, portador de certificado de conclusão de


curso de especialização em Engenharia de Segurança do Trabalho [...].”

A Lei 7.410/1985 diz, explicitamente, que a Engenharia de segurança do Trabalho


deveria ser conferida apenas como título de pós-graduação, não sendo possível a
realização de uma graduação com este título. O CONFEA criou a Resolução no 325, de 27

21
UNIDADE I │ BOMBEIRO CIVIL MESTRE

de novembro de 1987, que prevê que o exercício profissional, o registro e as atividades


do Engenheiro de Segurança do Trabalho foram atribuídos.

“CONSIDERANDO a aprovação, pelo Conselho Federal de Educação do currículo


básico do curso de Engenheiro de Segurança do Trabalho – Parecer no 19/1987”.

Sobre o Parecer no 19/1987, trata-se do currículo básico do curso de Especialização


em Engenharia de Segurança do Trabalho que foi aprovado pelo Plenário na data de
27 de janeiro de 1987. Entre outras coisas, o parecer informa as disciplinas básicas a
serem cursadas, entre as quais a relacionada com a função de bombeiro civil, que é a
de proteção contra incêndios e explosões, a qual deverá ter carga horária mínima de 60
horas. O Parecer fixou um currículo básico único e uniforme para a pós-graduação em
Engenharia de Segurança do Trabalho, independentemente da modalidade do curso de
graduação concluído pelos profissionais engenheiros e arquitetos.

A Resolução no 325, de 27 de novembro de 1987, que dispõe sobre o exercício


profissional, o registro e as atividades do Engenheiro de Segurança do Trabalho, e dá
outras providências, no seu Art. 4o, estabelece que as atividades dos Engenheiros e
Arquitetos na especialidade de Engenharia de Segurança do Trabalho são:

1- Supervisionar, coordenar e orientar tecnicamente os serviços de


Engenharia de Segurança Trabalho;

2- Estudar as condições de segurança dos locais de trabalho e das


instalações e equipamentos, com vistas especialmente aos problemas de
controle de risco, controle de poluição, higiene do trabalho, ergonomia,
proteção contra incêndio e saneamento;

3- Planejar e desenvolver a implantação de técnicas relativas a


gerenciamento e controle de riscos;

4- Vistoriar, avaliar, realizar perícias, arbitrar, emitir parecer, laudos


Técnicos e indicar medidas de controle sobre grau de exposição e
agentes agressivos de riscos físicos, químicos e biológicos, tais como:
poluentes atmosféricos, ruídos, calor radiação em geral e pressões
anormais, caracterizando as atividades, operações e locais insalubres
e perigosos;

5- Analisar riscos, acidentes e falhas, investigando causas, propondo


medidas preventivas e corretivas e orientando trabalhos estatísticos,
inclusive com respeito a custos;

22
BOMBEIRO CIVIL MESTRE │ UNIDADE I

6- Propor políticas, programas, normas e regulamentos de Segurança


do Trabalho, zelando pela sua observância;

7- Elaborar projetos de sistemas de segurança e assessorar a elaboração


de projetos de obras, instalações e equipamentos, opinando do ponto
de vista da Engenharia de Segurança;

8- Estudar instalações, máquinas e equipamentos, identificando seus


pontos de risco e projetando dispositivos de Segurança;

9- Projetar sistemas de proteção contra incêndio, coordenar


atividades de combate a incêndio e de salvamento e elaborar
planos para emergência e catástrofes;

10- Inspecionar locais de trabalho no que se relaciona com a Segurança


do Trabalho, delimitando áreas de periculosidade;

11- Especificar, controlar e fiscalizar sistemas de proteção coletiva e


equipamentos de segurança, inclusive os de proteção individual e os de
proteção contra incêndio, assegurando-se de sua qualidade e eficiência;

12- Opinar e participar da especificação para aquisição de substâncias


e equipamentos cuja manipulação, armazenamento, transporte ou
funcionamento possam apresentar riscos, acompanhando o controle
do recebimento e da expedição;

13- Elaborar planos destinados a criar e desenvolver a prevenção de


acidentes, promovendo a instalação de comissões e assessorando-lhes
o funcionamento;

14- Orientar o treinamento específico de segurança do trabalho e


assessorar a elaboração de programas de treinamento geral, no que diz
respeito à Segurança do Trabalho;

15- Acompanhar a execução de obras e serviços decorrentes da adoção


de medidas de segurança, quando a complexidade dos trabalhos a
executar assim o exigir;

16- Colaborar na fixação de requisitos de aptidão para o exercício de


funções, apontando os riscos decorrentes desses exercícios;

17- Propor medidas preventivas no campo de Segurança do Trabalho,


em face do conhecimento da natureza e gravidade das lesões
provenientes do Acidente de Trabalho, incluídas as doenças do
trabalho;

23
UNIDADE I │ BOMBEIRO CIVIL MESTRE

18- Informar aos trabalhadores e à comunidade, diretamente ou por


meio de seus representantes, as condições que possam trazer danos à
sua integridade e as medidas que eliminam ou atenuam estes riscos e
que deverão ser tomadas.
(Fonte: Resolução no 325, de 27 de novembro de 1987).

Acredito que a indicação do engenheiro de segurança do trabalho como Bombeiro


Civil Mestre não seja tecnicamente muito adequada por vários motivos, mesmo
estando previsto no art. 4, no item 9 (grifo nosso), que cabe a ele “projetar sistemas
de proteção contra incêndio, coordenar atividades de combate a incêndio e de
salvamento e elaborar planos para emergência e catástrofes”. Considerando que
existem outras tantas e tão importantes atividades a serem desenvolvidas por esse
profissional, alguma delas pode não ser desenvolvida a contento com mais essa
atribuição, pois iremos “sobrecarregar” ainda mais esse profissional.

Além disso, o Parecer no 19/1987 do CONFEA fixou o currículo básico do curso de


Especialização em Engenharia de Segurança do Trabalho em que a carga horária
dedicada à disciplina específica de proteção contra incêndio e explosão não é significativa
para um bom entendimento e domínio pleno do assunto, uma vez que é de apenas 60
horas. E a legislação é clara: o Bombeiro Civil Mestre é o formado em engenharia com
especialização em prevenção e combate a incêndio.

Lembrando que, com essa carga horária mínima prevista de 60 horas seguida em
algumas faculdades/universidades que possuem pós-graduação de Engenharia de
Segurança do Trabalho, não poderiam esses especialistas nem ministrar treinamento
de incêndio para os bombeiros profissionais, uma vez que, para ser instrutor
de prevenção e combate a incêndio, esse profissional deve possuir formação em
prevenção e combate a incêndio realizada em instituição oficial de ensino nacional ou
estrangeira, com carga horária mínima de 200 horas. Então, se legalmente não pode
ele nem ministrar treinamento para os bombeiros civis, acredito que não poderia ser
responsável pelo Departamento de Prevenção e Combate a Incêndio também.

Atuação e atribuições do bombeiro civil


Como já dissemos, o bombeiro civil é o profissional da área de Segurança Contra
Incêndio (SCI) que presta serviço em uma unidade industrial, edificação ou em
eventos, e o exercício da profissão em território nacional foi sancionado pela Lei no
11.901, de 12 de janeiro de 2009, que traz a definição do cargo, suas classificações e
seus direitos.

O Bombeiro Civil, como o próprio nome já diz, não é vinculado aos Corpos de
Bombeiro Militares, executando suas atividades em empresas privadas e/ou

24
BOMBEIRO CIVIL MESTRE │ UNIDADE I

públicas, ou ainda como voluntário em ONGs, no caso dos bombeiros voluntários.


Pela definição da NBR 14608:2007, para se tornar um profissional, deve-se realizar
um curso de formação que pode variar de 200 a 400 horas/aula.

O bombeiro denominado de nível básico é o que realiza a atividade de combate ao fogo


(direta ou indiretamente). O bombeiro “Líder”, por sua vez, é o técnico em prevenção
e combate a incêndio, o qual atua no comando da guarnição.

O bombeiro “Mestre”, como já dissemos, é o profissional de nível superior (engenheiro)


que deve possuir pós-graduação em prevenção e combate a incêndio, ficando esse como
responsável pelo Departamento de Prevenção e Combate a Incêndio.

O Bombeiro Profissional Civil é peça importante na segurança contra incêndio, mas


para isso deve ele estar bem preparado e ser conhecedor dos pontos críticos bem como
dos riscos de onde está exercendo suas atividades. Tem que ter conhecimento dos
sistemas de segurança contra incêndio (SCI), tais como canhões, alarmes, extintores
de incêndio, hidrantes e mangotinhos, chuveiros automáticos etc., mas sobretudo deve
focar na prevenção, para que o princípio de incêndio não ocorra. Se a prevenção falhar,
e o sinistro ocorrer, deve atuar pautado no aprendizado técnico/operacional, bem como
seguir na íntegra os protocolos e padrões estabelecidos, tendo sempre a premissa de
orientar o abandono das edificações e a evacuação das pessoas, quando necessário,
para, somente após essa etapa concluída, dar início às ações de combate.

Atividades básicas
Entre tantas atividades básicas que pode executar um bombeiro civil durante seu
turno de trabalho, podemos exemplificar:

a. ações de prevenção de incêndio e acidentes:

›› ser conhecedor do plano de resposta a emergência do local;

›› saber reconhecer e identificar adequadamente os perigos, bem como


avaliar adequadamente os riscos existentes no local e nas atividades
executadas;

›› prever rotina de inspeção dos equipamentos de combate a incêndio e


salvamento;

›› realizar periodicamente inspeções e avaliações das rotas de fuga,


incluindo a sua liberação e sinalização;

›› sempre que solicitado, participar efetivamente dos simulados de


emergência;

25
UNIDADE I │ BOMBEIRO CIVIL MESTRE

›› sempre após um evento, registrar suas atividades e relatar


formalmente as irregularidades encontradas, listando plano de
ação com indicação de soluções e medidas corretivas/preventivas,
adequadas bem como acompanhar sua implantação;

›› participar das reuniões da brigada, da segurança e do DPCI,


apresentando sugestões para melhorias das condições de segurança
contra incêndio e acidentes;

›› participar e acompanhar as atividades de avaliação, liberação e


acompanhamento das atividades de risco compatíveis com sua
formação;

b. ações de atendimento de emergência: conhecer, aplicar e desenvolver os


procedimentos básicos específicos previamente estabelecidos no Plano
de Controle de Emergência do local, o qual deve estar em conformidade
com a ABNT NBR 15219.

Lembrando que os bombeiros civis somente podem atuar naquelas atividades em que
estejam devidamente capacitados, possuam recursos materiais e EPIs para a faina.

Principais atribuições do bombeiro civil


a. Proteger vidas e patrimônio.

›› A presença de um Bombeiro Civil capacitado e qualificado para


o posto é um indicativo de estabelecimento seguro e que executa
serviços de prevenção.

b. Ser conhecedor e dominar as estratégias previstas no Plano de Controle


de Emergência do local.

c. Identificar os Perigos e Avaliar os Riscos Existentes, bem como


minimizar condições inseguras e propícias de ocorrência de incêndio
ou outras que possam gerar dificuldades nas ações de resposta.

›› A etapa de identificar riscos é muito importante, pois permite ao


bombeiro poder antecipar suas ações operacionais quando for
acionado, sendo que o Bombeiro Civil deveria ter plena noção e
experiência para perceber qualquer sinal indicativo que pudesse
colocar em risco a atividade executada (combate/salvamento). Atua

26
BOMBEIRO CIVIL MESTRE │ UNIDADE I

essencialmente na prevenção, mas não se limita somente a isso, pois


atua também no controle das mais diversas emergências possíveis.

d. Inspecionar e testar os Equipamentos de Prevenção e Combate a


Incêndio e Salvamento.

›› Realizar com frequência uma inspeção detalhada dos equipamentos


de proteção contra incêndio e pânico. O Bombeiro Civil conhece
profundamente como funcionam os equipamentos de segurança e, por
meio de testes periódicos, é capaz de sinalizar falhas e providenciar a
substituição.

e. Prestar atendimento de urgência, resgate e evacuação.

›› Até a chegada do Corpo de Bombeiros, o Bombeiro Civil é responsável


por coordenar o abandono, realizar resgates/salvamentos em terra,
água, altura ou espaço confinado e, quando preciso, aplicar medidas de
primeiros socorros nas vítimas, já que, desde o início do treinamento, o
Bombeiro Civil adquire conhecimentos básicos de primeiros socorros
e está apto para atender emergências pré-hospitalares.

f. Auxiliar no abandono da edificação e evacuação de área.

›› Profissional estratégico, o Bombeiro Civil conhece a planta da


unidade/prédio e mapeia com antecedência rotas e alternativas de
escape e evacuação de acordo com o Plano de Emergência.

g. Iniciar o combate ao incêndio e o controle da emergência até a chegada


do Corpo de Bombeiros.

›› O Bombeiro Civil atua nos primeiros instantes da ocorrência e fornece


todas as informações necessárias para o Corpo de Bombeiros, que
dará continuidade ao socorro.

Não esquecendo que a Lei 11.901 diz, no seu § 2o, que:

“No atendimento a sinistros em que atuem, em conjunto, os Bombeiros


Civis e o Corpo de Bombeiros Militar, a coordenação e a direção das
ações caberão, com exclusividade e em qualquer hipótese, à corporação
militar”.

27
CAPÍTULO 3
Seleção, treinamento e formação dos
bombeiros civis

O processo de seleção de bombeiros voluntários no Brasil não tem um critério


padrão, portanto devemos seguir a legislação já mencionada no primeiro
capítulo, solicitando apoio e dados da defesa civil e bombeiros militares de
cidades próximas àquela em que será instalada o corpo voluntário. Já no que
tange a bombeiro civil, a Lei Federal n o 11.901, de 12 de janeiro de 2009, ratificou
como profissão. Entretanto, não traz claramente como deve ser o processo de
seleção, deixando esse entendimento por conta da NBR 14608:2007 (Bombeiro
Profissional Civil), mesmo não sendo ela tão clara quanto à seleção de candidatos
como a NBR 14276 (Brigada de Incêndio – Requisitos), tratando apenas dos
requisitos para determinar o número mínimo de bombeiros profissionais civis
em uma planta, bem como sua formação, qualificação, reciclagem e atuação.
Por isso, é importante observar as legislações estaduais e municipais específicas
sobre o tema, anteriormente vistas aqui.

O Bombeiro Civil deve receber treinamento periódico e específico para ter domínio
e poder lidar com as diferentes situações de risco e cenários acidentais e aprender,
preventivamente, como evitá-las e como atender de forma a minimizar os impactos
e danos.

Deve participar de simulados teóricos e práticos nas suas bases/postos de trabalho e


ter como perfil a capacidade de identificar antecipadamente as situações de perigo,
avaliar riscos iminentes e planejar rotas para abandono de prédio e evacuação de áreas.

O Bombeiro Civil em serviço pode ser acionado para atender uma emergência a
qualquer instante. Por isso, deve estar preparado para atender todas as situações
possíveis de acordo com os cenários acidentais, minimizar danos e prejuízos ao
patrimônio e, acima de tudo, salvar vidas humanas. Por isso, um treinamento
adequado, eficiente, responsável e de qualidade é indispensável à profissão.

Assim, acreditamos que, diante dos possíveis cenários acidentais e da exposição a


possíveis situações de risco simples ou complexas, o Bombeiro Civil precisa ter, além
de aptidão técnica e intelectual, saúde e vigor físico, bem como equilíbrio emocional
para lidar com operações de salvamento, primeiros socorros e combate a incêndio,
o que pode vir a ser feito em locais elevados, de difícil acesso ou em ambientes
confinados, com emprego de equipamentos que necessitem de uso da força humana,

28
BOMBEIRO CIVIL MESTRE │ UNIDADE I

tais como: extintor de incêndio, mangueira de água pressurizada e outras ferramentas


pesadas.

O treinamento inclui formação e aprimoramento constante das técnicas de prevenção,


resgate, salvamento e combate a incêndio por meio de aulas teóricas e exercícios práticos
que têm por objetivo manter a equipe preparada para o enfrentamento de situações de
emergência reais.

A formação é considerada essencial à implantação de uma cultura da prevenção, como


o pretende a própria legislação, e para o desenvolvimento de uma atividade preventiva
que permita alcançar ótimos níveis de segurança e saúde no trabalho.

Esse enfoque preventivo exige, por uma parte, que todos estejam capacitados para
o exercício das funções e para as tarefas a cada um correspondente, e, por outra
parte, faz-se necessário abandonar a cultura fatalista em prol da cultura preventiva,
modificando toda uma escala de valores, de velhos conhecimentos, de hábitos e
atitudes, por um novo modo de pensar e atuar em termos de segurança e saúde.

Como consequência da importância que se reconhece à informação e à formação


específicas, tem-se um grande número de referências para elas, como requisitos
imprescindíveis a qualquer ação preventiva eficaz, tanto na legislação como na norma
que a desenvolve, assim como em outras ações1.

Dessa maneira, as necessidades formacionais em matéria de segurança e saúde e de


emergência exigidas pela legislação em geral são:

»» formação de cada um dos trabalhadores com relação às tarefas e funções


assumidas, os riscos associados a elas e as medidas de prevenção
adotadas;

»» formação dos representantes dos trabalhadores e, em especial, dos


delegados de prevenção;

»» formação dos trabalhadores designados para realizar atividades


de prevenção e dos profissionais que formam parte dos serviços de
prevenção;

»» formação dos empresários e dirigentes, em particular quando assumindo


a atividade preventiva da empresa;

»» formação dos representantes da empresa no comitê de segurança e saúde;

»» formação dos auditores de segurança.

29
UNIDADE I │ BOMBEIRO CIVIL MESTRE

Competências profissionais dos bombeiros em


prevenção contra riscos ambientais
Entendem-se por “competência” as funções, as tarefas e o papel de um profissional para
desenvolver adequadamente seu posto de trabalho, e que resultam de um processo de
capacitação e qualificação.

Uma primeira nota característica no conceito de competência é que ele comporta todo
um conjunto de conhecimentos, procedimentos e atitudes combinados, coordenados
e integrados, no sentido de que o indivíduo há de “saber fazer” e “saber estar” para o
exercício profissional. O domínio desses saberes o torna “capaz” de atuar com eficácia
em situações profissionais. A partir dessa ótica, não seria diferenciável de capacidade,
erigindo-se o processo de “capacitação” essencial ao alcance das competências.

Mas uma coisa é “ser capaz”; outra, bem diferente, é “ser competente”. As competências
implicam capacidades, sem as quais é impossível chegar a ser competente.

Por sua vez, as competências alcançadas ampliam o poder das capacidades, com o que
o processo se transforma numa espiral centrífuga e ascendente a tornar necessário
o delineamento que dimana da formação permanente: “alcance de mais e melhores
competências no desenvolvimento evolutivo das capacidades da pessoa”.

São algumas características das competências:

»» as competências somente são definíveis na ação;

»» as competências não são redutíveis nem ao saber nem ao saber-fazer;


portanto, não são assimiláveis ao adquirido em formação;

»» possuir algumas capacidades não significa ser competente; ou seja, a


competência não reside nos recursos (capacidades), mas na própria
mobilização dos recursos;

»» é pondo em prática-ação a competência que se chega a ser competente.

Ainda há outro matiz diferenciador a distinguir a capacidade da competência, e que à


simples vista pode resultar irrelevante. O “saber-fazer” a que aludimos não é um saber
imitar ou aplicar rotineiramente os recursos dos saberes próprios do indivíduo (isso
estaria mais próximo da capacidade); o saber ao qual aludimos é o “saber-atuar”.

A competência exige saber encadear algumas instruções com outras, e não somente
aplicá-las isoladamente.

30
BOMBEIRO CIVIL MESTRE │ UNIDADE I

Segundo Bunk (1994), cabe destacar que:

Possui competência técnica aquele que domina como especialista as


tarefas e os conteúdos de seu âmbito de trabalho, e os conhecimentos e
habilidades necessários a isso;

Possui competência metodológica aquele que sabe reagir, aplicando


o procedimento adequado às tarefas encomendadas e às irregularidades
que se apresentem, que encontra independentemente vias de solução
e que transfere adequadamente as experiências adquiridas a outros
problemas de trabalho;

Possui competência social aquele que sabe colaborar com


outras pessoas comunicativa e construtivamente, mostrando um
comportamento voltado ao grupo e um entendimento interpessoal;

Possui competência participativa aquele que sabe participar


na organização de seu posto e também de seu ambiente de trabalho,
sendo capaz de organizar e decidir, e estando disposto a assumir
responsabilidades.

A cultura de prevenção
Em geral, a legislação encomenda às esferas da administração pública a promoção da
melhoria da educação nessa matéria nos diferentes níveis de ensino, assim como a
adequação da formação dos recursos humanos necessários à prevenção contra riscos
laborais.

Sem dúvida, a formação é imprescindível no âmbito da atuação preventiva das


empresas e entidades como dos próprios órgãos da administração pública, já que não
se pode esquecer que a norma da prevenção se aplica tanto ao contexto da empresa
privada, inseridas as cooperativas, como na função pública.

No momento atual, é muito fácil deparar-se com hábitos, costumes e atitudes


adquiridas e afiançadas ao longo de uma época anterior, bem mais dada ao
fatalismo, tanto por parte de empresários como de trabalhadores, e ao paternalismo
da administração pública do que com a previsão e a prevenção contra possíveis
riscos no trabalho. Esses aspectos da personalidade, por serem tão arraigados, são
mais difíceis de modificar. Devem ser levadas em conta na formação em matéria de
prevenção, sejam quais forem seus objetivos em cada caso, tais características para
utilizar convenientemente as diversas técnicas de formação para adultos com o fim

31
UNIDADE I │ BOMBEIRO CIVIL MESTRE

de conseguir fazer com que penetre esse novo enfoque, essa nova maneira de lidar
com a segurança e a saúde no trabalho.

Há que se promover a penetração da cultura da prevenção em todos os âmbitos da


empresa, especialmente e em primeiro lugar nos níveis dirigentes, visto que, sem
o pleno convencimento dos diretores na aplicação da nova filosofia, a eficácia no
trabalho formativo junto aos próprios trabalhadores e na própria colocação em prática
das atitudes e atuações preventivas será dificultada, ficando mais longe a necessária
eficácia.

Contudo, caso se queira encarar o futuro com a garantia de que a sociedade evolua
para uma profunda atitude e para um modo de atuar essencialmente preventivo, e
que os pensamentos de índole fatalista sejam completamente esquecidos, há que ser
ambicioso e, sobretudo, no âmbito da administração pública, promover a cultura da
prevenção em todos os níveis e âmbitos educativos e formacionais. Trata-se mais do
que criar disciplinas de segurança e saúde no trabalho, que obviamente são necessárias,
de integrar os aspectos preventivos (e não só no âmbito laboral, também no da educação
sanitária, viária, ambiental etc.) em toda disciplina, seja qual for o nível.

É necessário que a educação e a formação, com caráter geral, desenvolvam-se para


que a sociedade adquira ou melhore uma imprescindível cultura preventiva, que
favoreça a ação preventiva na prática e que a integre em todas as ordens da vida.

Qualificação do bombeiro profissional civil


Segundo a NBR 14604:2007, os bombeiros profissionais civis devem ser qualificados
conforme os riscos específicos de seu local de trabalho.

»» Formação educacional: ensino superior para o Bombeiro Mestre, médio


completo para os líderes e básico para os demais.

»» Tempo de experiência: não definido, mas, conforme risco e complexidade


do segmento e da planta onde atuará, pode ser preterido.

Habilidades técnicas, físicas, emocionais e


cognitivas para seleção de bombeiros
Os candidatos à função de bombeiro civil devem ser selecionados de forma a atender
ao maior número de critérios descritos a seguir:

32
BOMBEIRO CIVIL MESTRE │ UNIDADE I

a. domínio psicoemocional para o controle das emergências e destreza


psicomotora para o manuseio de equipamentos e vestimentas de
proteção e atendimento;

b. capacidade de entendimento e avaliação de risco;

c. aptidão para o cumprimento de normas e procedimentos visando à


própria segurança e também dos colegas e/ou vítimas;

d. espírito de liderança, iniciativa e proatividade, dinamismo e facilidade de


expressão;

e. bom relacionamento interpessoal;

f. elevado espírito de grupo (equipe);

g. bom condicionamento e disposição física e adequada saúde física e


mental.

Formação do bombeiro profissional civil


Os candidatos a bombeiro profissional civil devem frequentar curso com carga horária
mínima definida no Anexo B da NBR 14608 (Bombeiro Profissional Civil).

A validade de cada módulo do treinamento de bombeiro profissional civil é de, no


máximo, 12 meses, e a avaliação teórica deve ser realizada na forma escrita, podendo
ser em múltipla escolha. A avaliação prática deve ser realizada de acordo com o
desempenho do aluno nos exercícios realizados. Os candidatos que concluírem cada
um dos módulos com aproveitamento mínimo de 80% em cada uma das avaliações
(teórica e prática) definidas no Anexo B da NBR 14608 devem receber certificados de
bombeiro profissional civil, expedido por profissionais habilitados.

Nos certificados de formação de bombeiros profissionais civis devem constar no


mínimo os seguintes dados abaixo descritos:

a. nome completo do treinando com RG (registro geral);

b. carga horária realizada;

c. período de treinamento;

d. nome completo, formação, Registro Conselho de Classe, RG (registro


geral) e/ou CPF (cadastro de pessoa física) do instrutor;

33
UNIDADE I │ BOMBEIRO CIVIL MESTRE

e. data de expedição do certificado;

f. citar que o certificado está em conformidade com a NBR 14.608:2007.

Reciclagem do bombeiro profissional civil


Na reciclagem, o bombeiro profissional civil pode ser dispensado de participar da
parte teórica do treinamento de incêndio e/ou primeiros-socorros, desde que seja
aprovado em pré-avaliação em que obtenha 80% de aproveitamento.

Currículo mínimo do curso de formação de bombeiros profissionais civis

Tabela B.1. Prevenção e combate a incêndio – Conteúdo programático.

Módulo Parte teórica Parte prática


Objetivos Carga Objetivos Carga
Ao final deste módulo o aluno deve: horária H Ao final deste módulo o aluno deve: horária h
Conhecer a importância e os objetivos gerais do NA
01
curso; 1 NA
Introdução
histórico e estatísticas de incêndios
02 Conhecer os aspectos legais (normas, NA
regulamentações e legislações em todas as
Aspectos 1 NA
esferas governamentais pertinentes) relacionados à
legais responsabilidade do bombeiro profissional civil
Conhecer os quatro elementos formadores da NA
combustão, as formas de propagação do calor, as
temperaturas do fogo, os métodos de extinção do
03 Teoria do
fogo, a classificação dos incêndios, os principais 3 NA
fogo
agentes extintores, unidade extintora e capacidade
extintora, as fases do combate ao fogo, o
Flashover, o Backdraft, o Bleve e o Boil Over
Conhecer os conceitos gerais de prevenção, Demonstrar os principais procedimentos
educação e proteção contra incêndio; noções para o funcionamento do sistema de meios
de proteção passiva e proteção ativa: isolamento de fuga: saídas de emergência, escadas de
de risco, compartimentação vertical e horizontal; segurança, corredores e rotas de fuga; dos
04 noções de resistência das estruturas e dos sistemas de iluminação de emergência; do
materiais ao fogo; e Auto de Vistoria do Corpo de elevador de segurança; dos meios de aviso,
Proteção Bombeiros (AVCB) detecção e alarme de incêndio; da sinalização de
4 4
contra emergência
Conhecer os equipamentos fixos e portáteis
incêndio de combate a incêndio, saídas de emergência,
escadas de segurança, corredores e rotas de fuga,
sistemas de iluminação de emergência, elevador
de segurança, meios de aviso, detecção e alarme
de incêndio e sinalização de emergência

34
BOMBEIRO CIVIL MESTRE │ UNIDADE I

Módulo Parte teórica Parte prática


Objetivos Carga Objetivos Carga
Ao final deste módulo o aluno deve: horária H Ao final deste módulo o aluno deve: horária h
Conhecer as principais técnicas de busca e 4 Demonstrar as principais técnicas de busca 8
exploração da área em sinistro, ventilação e exploração da área em sinistro, ventilação
natural ou forçada (pressão negativa, venturi e natural ou forçada (pressão negativa, venturi e
positiva), entradas forçadas, resgate de vítimas, positiva), entradas forçadas, resgate de vítimas,
05 confinamento, isolamento, salvatagem, combate confinamento, isolamento, salvatagem, combate
com emprego correto dos tipos de jatos de com emprego correto dos tipos de jatos de
Técnica e água (neblina, cone de força e sólido), emprego, água (neblina, cone de força e sólido), emprego,
tática de dimensionamento e técnicas de aplicação de dimensionamento e técnicas de aplicação de
combate a espuma mecânica e rescaldo de incêndio. espuma mecânica e rescaldo de incêndio.
incêndio Demonstrar a montagem de uma linha direta de Demonstrar a montagem de uma linha direta de
combate a incêndio, a partir de um hidrante e/ou combate a incêndio, a partir de um hidrante e/ou
viatura, linha adutora e linha siamesa. viatura, linha adutora e linha siamesa.
Demonstrar o uso de linha de água para ataque Demonstrar o uso de linha de água para ataque
direto, ataque indireto e ataque combinado direto, ataque indireto e ataque combinado
6 Obter aprovação conforme
Obter aprovação conforme 4.1.2.3 desta Norma 1 2
Avaliação 4.1.2.3 desta Norma
Total 14 Total 14
Fonte: (ABNT NBR 14608:2007).

Tabela B.2. Equipamentos de combate a incêndio e auxiliares – Conteúdo programático.

Parte teórica Parte prática


Módulo Objetivos Carga Objetivos Carga
Ao final deste módulo o aluno deve: horária h Ao final deste módulo o aluno deve: horária h
01 Conhecer os tipos e a operação de: extintores 4 Demonstrar na prática a operação de: extintores 8
Equipamento (portáteis e extintores sobre rodas, com carga (portáteis e extintores sobre rodas, com carga
de água, pó BC, pó ABC, CO2, halotrom etc.), de água, pó BC, pó ABC, CO2, halotrom etc.),
de operação
hidrantes (predial, de coluna e subterrâneo), hidrantes (predial, de coluna e subterrâneo),
manual mangotinho, mangueiras de incêndio (tipos I, mangotinho, mangueiras de incêndio (tipos I,
II, III, IV e V), chaves de mangueira (simples e II, III, IV e V), chaves de mangueira (simples e
mista), redutores, tampões e adaptadores para mista), redutores, tampões e adaptadores para
mangueiras e hidrantes, derivantes, válvula de mangueiras e hidrantes, derivantes, válvula de
recalque, passagem de nível, barrilete, esguichos recalque, passagem de nível, barrilete, esguichos
(de jato sólido, regulável, formador e autoedutor (de jato sólido, regulável, formador e autoedutor
de espuma) e proporcionadores de espuma (de de espuma) e proporcionadores de espuma (de
linha e de sistema) linha e de sistema)
02 Conhecer os equipamentos e os principais 2 Demonstrar na prática o conhecimento dos 4
Equipamentos procedimentos de emergência para o correto equipamentos e os principais procedimentos de
funcionamento de bombas (elétricas e a emergência para o correto funcionamento de
de sistema
combustão), chuveiros automáticos (sprinklers) bombas (elétricas e a combustão), chuveiros
fixo e e sistemas fixos de combate a incêndio (com automáticos (sprinklers) e sistemas fixos de
operação espuma mecânica, gases etc.) combate a incêndio (com espuma mecânica,
automática gases etc.)
03 Conhecer como transportar e armar uma escada 2 Demonstrar na prática como transportar e 4
Equipamentos prolongável. Conhecer como operar no mínimo armar uma escada prolongável; como operar
as seguintes ferramentas de corte, arrombamento ferramentas de corte, arrombamento e remoção
auxiliares
e remoção (machado, machado-picareta, (machado, machado-picareta, corta-a-frio,
corta-a-frio, croque, alavanca simples, alavanca croque, alavanca simples, alavanca pé-de-cabra
pé-de-cabra e ferramentas hidráulicas de corte e e ferramentas hidráulicas de corte e tração);
tração). Conhecer lanternas e refletores portáteis como operar lanternas e refletores portáteis para
para iluminação. Conhecer o emprego de uma iluminação; como usar uma lona para salvatagem
lona para salvatagem
04 Avaliação Obter aprovação conforme 4.1.2.3 desta Norma 1 Obter aprovação conforme 4.1.2.3 desta Norma 2
Total 9 Total 18
(Fonte: ABNT NBR 14608:2007).

35
UNIDADE I │ BOMBEIRO CIVIL MESTRE

Tabela B.3. Atividades operacionais de bombeiro profissional civil – Conteúdo programático.

Parte teórica Parte prática


Módulo Objetivos: Carga Objetivos: Carga
horária
Ao final deste módulo o aluno deve: Ao final deste módulo o aluno deve: horária h
h
Conhecer as principais atribuições do bombeiro Demonstrar na prática como operar os sistemas
profissional civil estabelecidas nesta Norma. de comunicação por voz (fixa e móvel) e
dados, usando o código alfabeto fonético e o
Conhecer os sistemas de comunicação por
código de pronúncia de números. Exercitar o
voz (fixa e móvel) e dados. Conhecer o código
preenchimento de relatórios padronizados de
alfabeto fonético. Conhecer o código de
acompanhamento de trabalhos de risco, de
pronúncia de números.
inspeções e de acidentes. Demonstrar na prática
Conhecer os procedimentos de inspeção como são realizados os testes de abertura e
preventiva. Conhecer um relatório padronizado vedação de um hidrante predial. Exercitar o
de acompanhamento de trabalhos de risco, de preenchimento de um relatório de incêndio em
inspeções e de acidentes. Conhecer os padrões conformidade com a ABNT NBR 14023.
de inspeção visual e de teste de funcionamento
Demonstrar na prática os procedimentos
de extintores de incêndio, conforme Normas
para efetuar a troca de um bico de chuveiro
Brasileiras específicas para cada tipo de extintor.
automático (sprinklers)
Conhecer como são realizados os teste de
abertura e vedação de um hidrante predial.
Conhecer como é feito o preenchimento de
um relatório de incêndio em conformidade
01 Atividades
com a ABNT NBR 14023. Conhecer os
administrativas e 2 4
procedimentos para efetuar a troca de um
operacionais
bico de chuveiro automático (sprinklers).
Conhecer as recomendações para inspeção,
manutenção e cuidados com as mangueiras
de incêndio, conforme as Normas ABNT NBR
11861 e ABNT NBR 12779. Conhecer os
procedimentos para acionar os serviços públicos
locais de atendimento a emergências (Corpo de
Bombeiros, SAMU, Defesa Civil, Polícia, Agência
Ambiental e/ou outras de responsabilidade
local). Conhecer os tipos de para-raio e os
procedimentos de inspeção visual nos cabos e
conectores. Conhecer as características, tipos,
princípios de funcionamento e os procedimentos
de segurança e emergência em caldeiras e vasos
sob pressão.
Conhecer os geradores, conjuntos motobomba
e motoventiladores, suas aplicações, operação e
manutenção preventiva
01 Atividades Conhecer os tipos de armazenagem e
administrativas e instalações de gases (no mínimo GN, GLP,
operacionais oxigênio, acetileno, nitrogênio, cloro e amônia) e
procedimentos de emergência
(continuação)
Obter aprovação conforme 4.1.2.3 desta Norma Obter aprovação conforme 4.1.2.3 desta
02 Avaliação 1 2
Norma
Total 3 Total 6
(Fonte: ABNT NBR 14608:2007).

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BOMBEIRO CIVIL MESTRE │ UNIDADE I

Tabela B.4. EPI e EPR – Conteúdo programático.

Parte Teórica Parte Prática


Módulo Objetivos: Carga Objetivos: Carga
Ao final deste módulo o aluno deve: horária h Ao final deste módulo o aluno deve: horária h
01 EPI Conhecer os equipamentos de proteção Vestir os EPIs
individual para proteção da cabeça, olhos e face,
proteção auditiva, proteção respiratória, tronco,
membros superiores, membros inferiores e
2 2
corpo inteiro, em conformidade com as Normas
Brasileiras específicas para combate a incêndio,
nacionais e, na falta de Normas Brasileiras, adotar
Normas Internacionais
02 EPR Conhecer e saber a origem e os riscos de Demonstrar a utilização (montar o equipamento,
exposição a no mínimo os seguintes tipos de equipar-se e deslocar-se com e sem vítima,
gases: asfixiantes – gás liquefeito de petróleo demonstrar o equipamento), higienização
(GLP), gás metano (CH4), dióxido de carbono e limpeza dos equipamentos de proteção
(CO2) e acetileno; gases tóxicos – monóxido de respiratória.
carbono (CO), sulfídrico (H2S) e cianídrico (HCN)
Exercitar o cálculo da autonomia do conjunto
e gases irritantes ou corrosivos - amônia (NH2)
máscara autônoma
e cloro.
Conhecer as características de atmosfera 2 4
insalubre por concentração de O2. Conhecer
a utilização e a higienização e limpeza dos
seguintes equipamentos de proteção respiratória:
máscaras filtrantes e conjunto de mascara
autônoma de ar respirável e máscara dedicada
para vítima (carona). Saber calcular a autonomia
do conjunto máscara autônoma. Conhecer e
saber identificar a finalidade dos dados impressos
nos cilindros de ar respirável.
03 Obter aprovação conforme 4.1.2.3 desta Norma Obter aprovação conforme 4.1.2.3 desta Norma
1 4
Avaliação
Total 5 Total 10
(Fonte: ABNT NBR 14608:2007).

Tabela B.5. Salvamento terrestre – Conteúdo programático.

Parte Teórica Parte Prática


Módulo Objetivos: Carga Objetivos: Carga
Ao final deste módulo o aluno deve: horária h Ao final deste módulo o aluno deve: horária h
01 Conhecer os princípios de funcionamento de um NA
elevador e as emergências específicas, conforme 1 NA
Emergências
recomendações de cada fabricante de elevador
em elevador
02 Conhecer os principais riscos no pouso de Demonstrar os principais procedimentos de
helicóptero e os principais procedimentos segurança para balizamento, embarque e
Prevenção
de segurança para balizamento, embarque e desembarque de passageiros e procedimentos
em área de 2 4
desembarque de passageiros e procedimentos de controle em caso de emergência, envolvendo
pouso de
de controle em caso de emergência, envolvendo incêndio e resgate de vítimas
helicópteros incêndio e resgate de vítimas
Conhecer as principais recomendações de NA
um plano de emergência, relativas a uma
03 Plano de emergência contra incêndio, hostilidades em
1 NA
emergência casos de ameaças de bombas e terrorismo,
uma emergência de abandono de área em uma
planta, conforme ABNT NBR 15219

37
UNIDADE I │ BOMBEIRO CIVIL MESTRE

Parte Teórica Parte Prática


Módulo Objetivos: Carga Objetivos: Carga
Ao final deste módulo o aluno deve: horária h Ao final deste módulo o aluno deve: horária h
04 Resgate Conhecer as normas e procedimentos para Aplicar as técnicas e os equipamentos para
de vítimas resgate de vítimas em espaços confinados resgate de vítimas em espaços confinados
8 8
em espaços
confinados
05 Resgate Conhecer as técnicas para resgate de vítimas Aplicar as técnicas e utilizar os equipamentos
de vítimas em altura 8 para resgate de vítimas em altura 8
em altura
06 Avaliação Obter aprovação conforme 4.1.2.3 desta Norma 2 Obter aprovação conforme 4.1.2.3 desta Norma 4
Total 22 Total 24
(Fonte: ABNT NBR 14608:2007).

Tabela B.6. Produtos perigosos – Conteúdo programático.

Parte Teórica Parte Prática


Módulo Objetivos: Carga Objetivos: Carga
Ao final deste módulo o aluno deve: horária h Ao final deste módulo o aluno deve: horária h
Conhecer a legislação que regulamenta NA
01 a identificação, transporte, armazenagem,
1 NA
Legislação manipulação e as emergências envolvendo
produtos perigosos
Conhecer as classes de riscos, os sistemas de NA
02 Conceitos identificação, painel de segurança, rótulo de 1 NA
risco, ficha de emergência e FISPQ
03 Guia de Conhecer e saber consultar o manual de NA
procedimentos emergências com produtos perigosos da 1 NA
de emergências ABIQUIM /PRÓ-QUÍMICA
Conhecer os equipamentos de proteção Demonstrar na prática o conhecimento
individual e respiratória nível A, B e C específicos dos equipamentos de proteção individual e
04 EPI e EPR 2 4
para atendimento a produtos perigosos respiratória nível A, B e C, específicos para
atendimento a produtos perigosos
Conhecer o sistema de organização da área Demonstrar na prática a aplicação e utilização
do sinistro em zonas de segurança, apoio e de de barreiras de contenção, absorção,
acesso limitado (quente, morna e fria) Conhecer mantas absorventes, matérias adsorventes e
os equipamentos e métodos de contenção e absorventes orgânicos Demonstrar na prática as
05 Ações
confinamento de derramamento de produtos 2 técnicas de resgate de vítimas contaminadas e 4
operacionais perigosos. descontaminação de vítimas e ambientes
Conhecer as técnicas de resgate de vítimas
contaminadas por produtos perigosos e
descontaminação de vítimas e ambientes
Obter aprovação conforme 4.1.2.3 desta Norma Obter aprovação conforme 4.1.2.3 desta
06 Avaliação 1 2
Norma
Total 8 Total 10
(Fonte: ABNT NBR 14608:2007).

38
BOMBEIRO CIVIL MESTRE │ UNIDADE I

Tabela B.7. Primeiros-socorros – Conteúdo programático.

Parte Teórica Parte Prática


Módulo Objetivos Carga Objetivos Carga
Ao final deste módulo o aluno deve: Horária h Ao final deste módulo o aluno deve: Horária h
Conhecer a legislação que regulamenta os NA
01 Legislação
procedimentos de primeiros-socorros para o 1 NA
específica
nível equivalente a Bombeiro profissional civil
Conhecer os procedimentos para avaliação da NA
segurança do local, número de vítimas e os
procedimentos de biossegurança. Conhecer os
procedimentos para acionamento dos serviços
02
públicos e privados de socorro de vítimas e
Procedimentos 1 NA
as ações para localização dos hospitais de
iniciais
referência nas proximidades do local de trabalho.
Conhecer os procedimentos para o planejamento
das ações conforme definido previamente no
plano de emergência da planta
Conhecer os riscos iminentes, os mecanismos de Avaliar e reconhecer os riscos iminentes, os
03 Avaliação
lesão, número de vítimas e o exame físico destas 1 mecanismos de lesão, número de vítimas e o 1
inicial
exame físico destas
Conhecer os sinais e sintomas de obstruções Conhecer os sinais e sintomas de obstruções
04 Vias aéreas em adultos, crianças e bebês conscientes e 1 em adultos, crianças e bebês conscientes e 1
inconscientes inconscientes, e promover a desobstrução
05 RCP Conhecer as técnicas de RCP para adultos, Praticar as técnicas de RCP
crianças e bebês 1 3
(reanimação
cardiopulmonar)
Conhecer equipamentos semi- automáticos para Utilizar equipamentos semi- automáticos para
06 AED/DEA 4 4
desfribilação externa precoce desfribilação externa precoce
07 Estado de Conhecer os sinais, sintomas e técnicas de Aplicar as técnicas de prevenção e tratamento do
2 2
choque prevenção e tratamento estado de choque
08 Hemorragias Conhecer as técnicas de hemostasia 2 Aplicar as técnicas de contenção de hemorragias 2
Conhecer as fraturas abertas e fechadas e Aplicar as técnicas de imobilizações
09 Fraturas 2 4
técnicas de imobilizações
10 Ferimentos Identificar os tipos de ferimentos localizados 1 Aplicar os cuidados específicos em ferimentos 1
Conhecer os tipos (térmicas, químicas e elétricas) Aplicar as técnicas e procedimentos de socorro
11 Queimaduras e os graus (primeiro, segundo e terceiro) das 2 de queimaduras 1
queimaduras
Reconhecer AVC (Acidente Vascular Cerebral), Aplicar as técnicas de atendimento
12 Emergências
dispneias, crises hiper e hipotensiva, IAM (infarto 2 1
clínicas
agudo do miocárdio), diabetes e hipoglicemia
13 Conhecer as técnicas de transporte de vítimas Aplicar as técnicas de movimentação, remoção e
clínicas e traumáticas com suspeita de lesão na transporte de vítima
Movimentação,
coluna vertebral 2 4
remoção e
transporte de
vítimas
14 Pessoas Conhecer as técnicas de abordagem, cuidados e NA
com mobilidade condução de acordo com o plano de emergência 1 NA
reduzida da planta
15 Protocolo Conhecer as ações de avaliação, zoneamento, Aplicar na prática as técnicas que envolvam
com incidente triagem e método start para acidentes e múltiplas vítimas
2 2
com múltiplas incidentes que envolvam múltiplas vítimas
vítimas
Conhecer a reação das pessoas em situações NA
16 Psicologia em de emergências e a administração do estresse
2 NA
emergências após incidentes críticos para os profissionais de
emergência
17 Avaliação Obter aprovação conforme 4.1.2.3 desta Norma 2 Obter aprovação conforme 4.1.2.3 desta Norma 4
Total 29 Total 30
(Fonte: ABNT NBR 14608:2007).

39
UNIDADE I │ BOMBEIRO CIVIL MESTRE

Tabela B.8. Fundamentos da análise de riscos – Conteúdo programático.

Módulo Parte teórica Parte Prática


Objetivos Carga Objetivos Carga
horária H horária h
Ao final deste módulo o aluno deve: Ao final deste módulo o aluno deve:
01 Conhecer os conceitos e ferramentas para 2 NA NA
Fundamentos melhorar a percepção e a identificação dos
da análise de perigos, bem como análise e avaliação de riscos
riscos e sua consequente minimização ou eliminação
02 Riscos Discutir os riscos 1 Participar de visita 4
Específicos específicos e o plano de supervisionada pelo
de plantas emergência contra instrutor em no mínimo um
incêndio de no mínimo os dos seguintes tipos de
seguintes tipos de planta: planta: serviço de
serviço de hospedagem, hospedagem, comercial,
comercial, shopping shopping center, indústria
center, indústria química, química, indústria
indústria metalúrgica, metalúrgica, depósito e
depósito e local de local de reunião pública
reunião pública
03 Avaliação Obter aprovação conforme 4.1.2.3 desta Norma 1 NA NA
Total 4 Total 4
(Fonte: ABNT NBR 14608:2007).

Tabela B.9. Reciclagem do módulo da Tabela B.1 – Conteúdo programático.

Parte teórica Parte prática


Módulo Objetivos Carga Objetivos Carga
Ao final deste módulo o aluno deve: horária h Ao final deste módulo o aluno deve: horária h
01 Rever os conceitos dos itens 01, 02 e 03 da NA
Tabela B.1
Introdução,
aspectos 1 NA
legais e
teoria do
fogo
02 Proteção Rever os conceitos do item 04 da Tabela B.1 Demonstrar na prática o conhecimento dos os
contra 1 conceitos do item 04 da Tabela B.1 2
incêndio
03 Técnica Rever os conceitos do item 05 da Tabela B.1 Demonstrar na prática
e tática de
1 conhecimento dos conceitos do item 04 da 4
combate a
Tabela B.1
incêndio
06 Avaliação Obter aprovação conforme 4.1.4.1 desta Norma 1 Obter aprovação conforme 4.1.4.1 desta Norma 2
Total 4 Total 8
(Fonte: ABNT NBR 14608:2007).

40
BOMBEIRO CIVIL MESTRE │ UNIDADE I

Tabela B.10. Reciclagem do módulo da Tabela B.2 – Conteúdo programático.

Parte teórica Parte prática


Módulo Objetivos Carga Objetivos Carga
Ao final deste módulo o aluno deve: horária H Ao final deste módulo o aluno deve: horária h
01 Rever os conceitos do item 01 da Tabela B.2 Demonstrar na prática o conhecimento dos
Equipamento 1 conceitos do item 01 da Tabela B.2 4
de operação
manual
02 Rever os conceitos do item 02 da Tabela B.2 Demonstrar na prática o conhecimento dos
Equipamentos
conceitos do item 02 da Tabela B.2
de sistema fixo 1 1
e operação
automática
03 Rever os conceitos do item 03 da Tabela B.2 Demonstrar na prática o conhecimento dos
Equipamentos 1 1
conceitos do item 03 da Tabela B.2
auxiliares
Obter aprovação conforme 4.1.4.1 desta Obter aprovação conforme 4.1.4.1 desta
04 Avaliação 1 2
Norma Norma.
Total 4 Total 8
(Fonte: ABNT NBR 14608:2007).

Tabela B.11. Reciclagem do módulo da Tabela B.3 – Conteúdo programático.

Parte teórica Parte prática


Módulo Objetivos Carga Objetivos Carga
Ao final deste módulo o aluno deve: horária H Ao final deste módulo o aluno deve: horária h
01 Atividades Rever os conceitos do item 01 da Tabela B.3 Demonstrar na prática o conhecimento dos
administrativas 1 1
conceitos do item 01 da Tabela B.3
e operacionais
Obter aprovação conforme 4.1.4.1 desta Norma Obter aprovação conforme 4.1.4.1 desta
02 Avaliação 1 1
Norma
Total 2 Total 2
(Fonte: ABNT NBR 14608:2007).

Tabela B.12. Reciclagem do módulo da Tabela B.4 – Conteúdo programático.

Parte teórica Parte prática


Módulo Objetivos Carga Objetivos Carga
Ao final deste módulo o aluno deve: horária h Ao final deste módulo o aluno deve: horária h
Rever os conceitos do item 01 da Tabela B.4 Demonstrar na prática o conhecimento dos
01 EPI 0 1
conceitos do item 01 da Tabela B.4
Rever os conceitos do item 02 da Tabela B.4 Demonstrar na prática o conhecimento dos
02 EPR 1 2
conceitos do item 02 da Tabela B.4
03 Obter aprovação conforme 4.1.4.1 desta Norma Obter aprovação conforme 4.1.4.1 desta Norma
1 1
Avaliação
Total 2 Total 4
(Fonte: ABNT NBR 14608:2007)

41
UNIDADE I │ BOMBEIRO CIVIL MESTRE

Tabela B.13. Reciclagem do módulo da Tabela B.5 – Conteúdo programático.

Parte teórica Parte prática


Módulo Objetivos Carga Objetivos Carga
Ao final deste módulo o aluno deve: horária h Ao final deste módulo o aluno deve: horária h
01 Rever os conceitos dos itens 01 e 03 da Tabela NA
B.5
Emergências
em elevador 1 NA
e plano de
emergência
02 Rever os conceitos do item 02 da Tabela B.5 Demonstrar na prática o conhecimento dos
conceitos do item 02 da Tabela B.5
Prevenção
em área de 1 1
pouso de
helicópteros
03 Resgate Rever os conceitos do item 04 da Tabela B.5 Aplicar as técnicas e os equipamentos para
de vítimas resgate de vítimas em espaços confinados
2 6
em espaços
confinados
04 Resgate Rever os conceitos do item 05 da Tabela B.5 Aplicar as técnicas e utilizar os equipamentos
de vítimas 2 para resgate de vítimas em altura 6
em altura
06 Avaliação Obter aprovação conforme 4.1.4.1 desta Norma 2 Obter aprovação conforme 4.1.4.1 desta Norma 3
Total 8 Total 16
(Fonte: ABNT NBR 14608:2007).

Tabela B.14. Reciclagem do módulo da Tabela B.6 – Conteúdo programático.

Parte teórica Parte prática


Módulo Objetivos Carga Objetivos Carga
Ao final deste módulo o aluno deve: horária h Ao final deste módulo o aluno deve: horária h
01 Legislação, Rever os conceitos dos itens 01, 02 e 03 da NA
conceitos Tabela B.6
e guia de
1 NA
procedimentos
de
emergências
Rever os conceitos do item 04 da Tabela B.6 Demonstrar na prática o conhecimento dos
02 EPI e EPR 1 4
conceitos do item 04 da Tabela B.6
03 Ações Rever os conceitos do item 05 da Tabela B.6 Demonstrar na prática o conhecimento dos
1 2
operacionais conceitos do item 05 da Tabela B.6
Obter aprovação conforme 4.1.4.1 desta Obter aprovação conforme 4.1.4.1 desta
04 Avaliação 1 2
Norma Norma
Total 4 Total 8

42
BOMBEIRO CIVIL MESTRE │ UNIDADE I

Tabela 2. B.15 — Reciclagem do módulo da Tabela B.7 – Conteúdo programático.

Parte teórica Parte prática


Módulo Objetivos Carga Objetivos Carga
Ao final deste módulo o aluno deve: horária h Ao final deste módulo o aluno deve: horária h
01 Legislação Rever os conceitos dos itens 01 e 02 da Tabela NA
específica e B.7
1 NA
procedimentos
iniciais
02 Avaliação Rever os conceitos Demonstrar na prática o conhecimento dos
inicial, vias 1 conceitos dos itens 03, 04 e 05 da Tabela B.7 2
dos itens 03, 04 e 05 da Tabela B.7
aéreas e RCP
Rever os conceitos do item 06 da Tabela B.7 Demonstrar na prática o conhecimento dos
03 AED/DEA 1 4
conceitos do item 06 da Tabela B.7
04 Estado Rever os conceitos dos itens 07, 08, 09, 10, Demonstrar na prática o conhecimento dos
de choque, 11 e 12 da Tabela B.7 conceitos dos itens 07, 08, 09, 10, 11 e 12 da
hemorragias, Tabela B.7
fraturas, 4 4
queimaduras
e emergências
clínicas
05 Rever os conceitos dos itens 13, 14 e 15 da Demonstrar na prática o conhecimento dos
Movimentação, Tabela B.7 conceitos dos itens 13 e 14 da
remoção e
Tabela B.7
transporte de
vítimas, pessoas
1 4
com mobilidade
reduzida e
protocolo com
incidente com
múltiplas vítimas
06 Psicologia Rever os conceitos do item 16 da Tabela 7 do NA
1 NA
em emergências Anexo B
Obter aprovação conforme 4.1.4.1 desta Obter aprovação conforme 4.1.4.1 desta
07 Avaliação 1 4
Norma Norma.
Total 10 Total 18
(Fonte: ABNT NBR 14608:2007).

Tabela B.16. Reciclagem dos módulos da Tabela B.8 – Conteúdo programático.

Parte teórica Parte prática


Módulo Objetivos Carga Objetivos Carga
Ao final deste módulo o aluno deve: horária h Ao final deste módulo o aluno deve: horária h
01 Análise Rever os conceitos dos itens 01 e 02 da Tabela 1 NA NA
de riscos e B.8
riscos
específicos
da planta
02 Avaliação Obter aprovação conforme 4.1.4.1 desta Norma 1 NA NA
Total 2 Total 0
(Fonte: ABNT NBR 14608:2007).

43
UNIDADE I │ BOMBEIRO CIVIL MESTRE

Tabela B.17. Dimensionamento de instrutores e auxiliares do instrutor por módulo de treinamento.

Módulo Numero de instrutores e auxiliares


Parte teórica de incêndio Um instrutor para grupo de 30 alunos
Parte teórica de primeiros-socorros Um instrutor para grupo de 30 alunos
Parte prática de incêndio Dois instrutores e dois auxiliares do instrutor para grupo de 30 alunos
Parte prática de primeiros-socorros Um instrutor e um auxiliar para cada grupo de 10 alunos
(Fonte: ABNT NBR 14608:2007).

Campo de treinamentos de emergência para


bombeiros
Tendo em vista as peculiaridades dos serviços de bombeiros civis, bem como da
necessidade de sua padronização e qualidade, os treinamentos prioritariamente
deverão ocorrer em Centros de Treinamento devidamente adequados para o ensino e
a instrução de Bombeiros, cujas instalações devem prever cenários com características
estruturais que permitam a realização de uma complexidade de eventos possíveis de
ocorrer quando da realização da função.

Um centro de treinamento tem um custo elevado para sua construção, manutenção


e uso. Por isso, deveria ser considerado seu uso compartilhado para atender a
diversas escolas de formação, seguindo o mesmo procedimento de utilização
consorciada/compartilhada desenvolvido por algumas empresas ou indústrias.

Um projeto de construção deveria envolver um adequado planejamento, de forma


a definir e atender as necessidades básicas para o centro de treinamento, entre as
quais podemos destacar:

a. sala para administração;

b. sala de aula;

c. sanitários;

d. enfermaria;

e. pista com obstáculos para classes de incêndio A, B e C;

f. casa para condicionamento à fumaça;

g. vestiários masculino e feminino com armários;

h. local para refeição;

i. almoxarifado para guarda de equipamentos e materiais.

44
BOMBEIRO CIVIL MESTRE │ UNIDADE I

A NBR 14277:2005 da ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas) estabelece


os requisitos mínimos exigíveis para instalações e equipamentos para treinamento
de combate a incêndio.

Para a correta aplicabilidade da Norma, ela traz algumas definições:

»» ambulância de suporte básico (tipo B): veículo destinado ao


transporte inter-hospitalar de pacientes com risco de vida conhecido e ao
atendimento pré-hospitalar de pacientes com risco de vida desconhecido,
não classificado com potencial de necessitar de intervenção médica no
local ou durante transporte até o serviço de destino. Quando utilizado no
atendimento pré-hospitalar de vítimas de acidentes, deve conter todos os
materiais e equipamentos necessários para a imobilização de pacientes.
A tripulação deve conter dois profissionais, sendo um o motorista e o
outro um técnico ou auxiliar de enfermagem;

»» casa da fumaça: instalação destinada a simular um ambiente


sinistrado que permita a contenção de fumaça em seu interior;

»» capacidade extintora: medida do poder de extinção de fogo de um


extintor, obtida em ensaio prático normalizado, conforme ABNT NBR
12693:1993;

»» distância de segurança: distância mínima julgada necessária para


garantir a segurança das pessoas e das instalações, normalmente contada
a partir do limite da área dos simuladores em uso;

»» ECI: equipamentos de combate a incêndio;

»» EPC: equipamento de proteção coletiva;

»» EPI: equipamento de proteção individual;

»» EPR: equipamento de proteção respiratória;

»» GLP: gás liquefeito de petróleo;

»» GN: gás natural;

»» instalações para treinamento: locais onde são realizados os


treinamentos práticos de combate a incêndios, que contêm simuladores
fixos e/ou móveis, casa da fumaça, segurança ao usuário e proteção ao
meio ambiente;

45
UNIDADE I │ BOMBEIRO CIVIL MESTRE

»» kit de primeiros socorros: kit contendo no mínimo os seguintes itens:

›› 100 unidades de compressas de gaze 8 dobras (7,5 cm x 7,5 cm);

›› 5 unidades de compressas de gaze esterilizadas (10 cm x 15 cm);

›› 10 unidades de ataduras de crepe (20 cm de largura);

›› 5 unidades de plástico protetor de queimaduras e eviscerações (1 m x


1 m), esterilizado;

›› 4 frascos de soro fisiológico de 250 ml;

›› 1 unidade de fita adesiva (crepe);

›› 3 unidades de talas moldáveis grandes (86 cm x 10 cm x 2 cm);

›› 3 unidades de talas moldáveis médias (63 cm x 9 cm x 2 cm);

›› 3 unidades de talas moldáveis pequenas (30 cm x 8 cm x 2 cm);

›› 1 prancha longa de madeira ou de similar resistência (190 cm x 45 cm);

›› 5 unidades de bandagens triangulares (142 cm x 100 cm x 100 cm);

›› 1 ressuscitador manual (BVM) ou máscara de ressuscitação para


ventilação artificial;

›› 1 colar cervical de cada tamanho padronizado: grande, médio e


pequeno;

›› 1 tesoura de ponta romba;

›› equipamento de proteção individual (EPI) do socorrista: óculos de


segurança, máscara semifacial e luvas de procedimento.

»» PMA: proteção ao meio ambiente;

»» SU: segurança ao usuário;

»» Simulador: equipamento para treinamento de combate a incêndio, tais


como recipiente, superfície, dispositivo ou instalação incombustível, fixo
ou móvel, destinado à queima controlada de combustíveis;

»» Socorrista: profissional habilitado a ministrar cuidados de


primeiros-socorros;

(Fonte: ABNT NBR 14277:2005).

46
BOMBEIRO CIVIL MESTRE │ UNIDADE I

Ainda segundo a NBR 14277:2005, as instalações e equipamentos para treinamento


de combate a incêndio são classificados nos níveis abaixo descritos:

Tabela 1. Nível 1 – Básico.

Extintores portáteis de CO2, pó químico seco e água, com a utilização de um agente extintor de cada tipo por
ECI participante. Deve ainda disponibilizar um extintor de espuma mecânica e um de pó ABC para demonstração de uso.
Extintores sobre rodas devem ser disponibilizados quando solicitados.
Simuladores Fixos ou móveis, para capacidade extintora de 1B e para características das classes de incêndio A,B e C.
Instalações Não aplicável: casa da fumaça.
Óleo diesel, gasolina, querosene ou álcool etílico, na forma pura, tolerando-se mistura entre esses produtos; GLP ou
Combustível
GN ou sólido combustível.
Distância mínima necessária para garantir a segurança das pessoas e das instalações, normalmente contada a partir do
Distância de Segurança
limite da área dos simuladores em uso.
PMA De acordo com a legislação vigente.
»» dois extintores portáteis com carga de pó, com capacidade extintora de 10B:C;
SU »» um kit de primeiros-socorros;
»» um auxiliar do instrutor.
(Fonte: ABNT NBR 14277:2005).

Tabela 2. Nível 2 – Intermediário.

»» extintores portáteis de CO2, pó químico seco e água, com a utilização de um agente extintor de cada tipo por
participante. Deve ainda disponibilizar um extintor de espuma mecânica e um de pó ABC para demonstração de
ECI uso. Extintores sobre rodas devem ser disponibilizados, quando solicitados.
»» sistemas de hidrantes.
Fixos ou móveis, sendo:
»» para utilização de extintores portáteis e sobre rodas, quantidade mínima de três simuladores com formas diversas e
dimensões variadas entre si, para capacidade extintora de 20 B e com características de cada uma das classes de
Simuladores incêndio A, B e C.
»» para utilização de rede de hidrantes, quantidade mínima de dois simuladores com formas diversas e dimensões
variadas entre si, para capacidade extintora de 20B, permitindo a utilização de, no mínimo, duas linhas de
mangueiras com diâmetro de 38 mm.
Casa da fumaça com dimensões mínimas de 15 m2, com divisões internas que permitam a formação de no mínimo
Instalações dois ambientes interligados entre si, com uma porta de entrada e uma porta de saída com abertura no sentido “de
fuga” e com dispositivo de abertura antipânico.
Óleo diesel, gasolina, querosene ou álcool etílico, na forma pura, tolerando-se mistura entre esses produtos; GLP ou
Combustível
GN ou sólido combustível.
Distância mínima necessária para garantir a segurança das pessoas e das instalações, normalmente contada a partir do
Distância de Segurança
limite da área dos simuladores em uso.
PMA De acordo com a legislação vigente.
»» proteção contra incêndio em conformidade com a legislação vigente, independentemente dos ECI e agentes
extintores usados no treinamento.
»» um kit de primeiros-socorros.
»» um socorrista.
SU »» EPI para proteção da cabeça, dos olhos, do tronco, dos membros superiores e inferiores e do corpo todo.
»» EPR para o instrutor e um carona, com autonomia mínima de 20 min. EPR para os alunos, quando utilizada fumaça
tóxica ou asfixiante.
»» ambulância de suporte básico (tipo B).
»» um auxiliar do instrutor.
(Fonte: ABNT NBR 14277:2005).

47
UNIDADE I │ BOMBEIRO CIVIL MESTRE

Tabela 3. Nível 3 – Avançado.

»» extintores portáteis de CO2, pó químico seco e água, com a utilização de dois agentes extintores de cada tipo por
participante. Deve ainda disponibilizar um extintor de espuma mecânica e um de pó ABC para demonstração de
uso.
ECI »» extintores sobre rodas.
»» sistemas de hidrantes.
»» sistema de espuma fixo, semifixo ou portátil.
Fixos ou móveis, sendo:
»» para utilização de extintores portáteis e sobre rodas, quantidade mínima de três simuladores com formas diversas
e dimensões variadas entre si, para capacidade extintora acima de 20 B e com características de cada uma das
classes de incêndio A, B e C.
Simuladores
»» para utilização de rede de hidrantes, quantidade mínima de quatro simuladores com formas diversas, níveis
desiguais em relação ao piso e dimensões variadas entre si, para capacidade extintora acima de 20B, permitindo
a utilização de linha adutora com diâmetro de 63 mm, no mínimo, duas linhas de mangueiras com diâmetro de 38
mm e esguichos reguláveis.
Casa da fumaça com dimensões mínimas de 30 m2, com divisões internas que permitam a formação de no mínimo
quatro ambientes interligados entre si, com acesso por escada e níveis desiguais em relação ao piso, com uma porta
Instalações
de entrada e uma porta de saída com abertura no sentido “de fuga”, com dispositivo de abertura antipânico e acessos
para casos de emergência.
Óleo diesel, gasolina, querosene ou álcool etílico, na forma pura, tolerando-se mistura entre esses produtos; GLP ou
Combustível
GN ou sólido combustível.
Distância mínima necessária para garantir a segurança das pessoas e das instalações, normalmente contada a partir do
Distância de Segurança
limite da área dos simuladores em uso.
PMA De acordo com a legislação vigente.
»» proteção contra incêndio em conformidade com a legislação vigente, independentemente dos ECI e agentes
extintores usados no treinamento.
»» EPI para proteção da cabeça, dos olhos, do tronco, dos membros superiores e inferiores e do corpo todo.
»» EPR para o instrutor e um carona, com autonomia mínima de 20 min. EPR para os alunos, quando utilizada fumaça
tóxica ou asfixiante.
SU
»» um kit de primeiros-socorros.
»» um socorrista.
»» ambulância de suporte básico (tipo B).
»» dois auxiliares do instrutor.
(Fonte: ABNT NBR 14277:2005).

48
DIMENSIONAMENTO UNIDADE II
E ESTRUTURAÇÃO

CAPÍTULO 1
Dimensionamento e aplicação de
bombeiros civis

O dimensionamento do número de bombeiros por edificação/empresa é tema


específico tratado em algumas legislações estaduais e municipais como já visto no
capítulo 1 no tocante a estudo da legislação, mas, em casos omissos ou em que não
houver legislação pertinente, pode ser utilizado o dimensionamento previsto na NBR
14.608:2007.

Nas organizações em que não existe um Departamento de Prevenção e Combate a


Incêndio, a atividade de bombeiro faz parte da estrutura da segurança do trabalho
e/ou segurança patrimonial da organização.

Quantidade de bombeiros profissionais civis


por planta

A quantidade de bombeiros profissionais civis será determinada levando-se em conta


a divisão de ocupação, o grau de risco e a área total construída da planta (Anexo A da
NBR 14608:2007).

49
UNIDADE II │ DIMENSIONAMENTO E ESTRUTURAÇÃO

Tabela 4. Dimensionamento por Grupos e Divisão.


Área construída total
Acima de 5 Acima de 10
Grau de 000 m2 até 10 000 m2 até 50
Grupo

Acima de 50
Divisão Descrição Exemplos 000 m2 000 m2
risco 000 m2
(inclusive) (inclusive)
Número de bombeiros profissionais civis por turno
Casas térreas ou Baixo
assobradadas
Habitação
A-1 (isoladas ou não), Médio Isento Isento Isento
unifamiliar
condomínios
horizontais etc. Alto
Baixo
A – Residencial

Edifícios de
Habitação
A-2 apartamento em Médio Isento Isento Isento
multifamiliar
geral Alto
Pensionatos, Baixo Isento Isento
internatos,
alojamentos, Médio Isento Isento
Habitação mosteiros, conventos,
A-3 Isento
coletiva residências
geriátricas etc. Alto 1 Nota 7
(capacidade máxima:
16 leitos)
Hotéis, motéis, Baixo Isento 1 Nota 7
pensões, Médio Isento 1
hospedarias,
Hotel e
B-1 pousadas, albergues,
assemelhado
B - Hospedagem

casas de cômodos Alto 1 1


e divisão A-3 com
mais de 16 leitos
Hotéis e
assemelhados com
cozinha própria
B-2 Hotel residencial nos apartamentos Baixo Isento 1 Nota 7
(incluem-se
apart-hotéis, hotéis
residenciais)
Área construída total
Acima de 5 Acima de 10
Grau de 000 m2 até 10 000 m2 até 50
Grupo

Acima de 50
Divisão Descrição Exemplos 000 m2 000 m2
risco 000 m2
(inclusive) (inclusive)
Número de bombeiros profissionais civis por turno
Açougue, artigos de Baixo Isento Isento Isento
bijuteria, metal ou Médio Isento 1 Nota 7
vidro, automóveis,
C-1 Comércio
ferragens, floricultura,
material fotográfico, Alto 1 1 Nota 7
verduras e vinhos
Edifícios de lojas Baixo Isento 1 Nota 7
C - Comercial

de departamentos, Médio Isento 1


armarinhos,
drogarias, tintas e
C-2 Comércio
vernizes, magazines,
galerias comerciais, Alto 1 1
mercados,
supermercados etc.
Centro de compras Baixo Isento 1 Nota 7
Shopping
C-3 em geral (shopping Médio 1 2 Nota 6
Centers
centers) Alto 1 2 Nota 6

50
DIMENSIONAMENTO E ESTRUTURAÇÃO │ UNIDADE II

Área construída total


Acima de 5 Acima de 10
Grau de 000 m2 até 10 000 m2 até 50
Grupo

Acima de 50
Divisão Descrição Exemplos 000 m2 000 m2
risco 000 m2
(inclusive) (inclusive)
Número de bombeiros profissionais civis por turno
Escritórios Baixo Isento Isento Isento
Local para
administrativos ou
prestação Médio Isento 1 Nota 7
técnicos, instituições
de serviço
D-1 financeiras (que não
profissional ou
estejam incluídas
condução de Alto 1 2 Nota 6
em D-2), centros
negócios
profissionais etc.
Baixo 1 1
Agências bancárias e
D - Serviço profissional

D-2 Agência bancária Médio 1 1 Nota 7


assemelhados
Alto 1 1
Lavanderias, Baixo Isento 1
Serviço de assistência
reparação técnica, reparação Médio Isento 1
D-3 (exceto os e manutenção Nota 7
classificados em de aparelhos
G-4) eletrodomésticos, Alto 1 1
chaveiros etc.
Laboratórios de
análises clínicas
sem internação,
D-4 Laboratório laboratórios Baixo Isento 1 Nota 7
químicos,
fotográficos e
assemelhados

Área construída total


Acima de 5 Acima de 10
Grau de 000 m2 até 10 000 m2 até 50
Grupo

Acima de 50
Divisão Descrição Exemplos 000 m2 000 m2
risco 000 m2
(inclusive) (inclusive)
Número de bombeiros profissionais civis por turno

Escolas de Baixo Isento 1


primeiro, segundo
Médio Isento 1
E - Educacional e cultura física

e terceiro graus,
E-1 Escola em geral Nota 7
cursos supletivos,
pré-universitário e Alto 1 1
assemelhados

Locais de ensino e/ Baixo Isento 1


ou práticas de artes
marciais, ginástica, Médio Isento 1
Espaço para esportes coletivos
E-3 Nota 7
cultura física (outros que não
estejam incluídos em Alto 1 1
F-3), sauna, casas
de fisioterapia etc.

51
UNIDADE II │ DIMENSIONAMENTO E ESTRUTURAÇÃO

Baixo Isento 1
Centro de
Escolas profissionais Médio Isento 1
E-4 treinamento Nota 7
em geral
profissional Alto 1 1

Creches, escolas Baixo Isento 1


E-5 Pré-escola maternais, jardins- Médio Isento 1 Nota 7
de-infância etc. Alto 1 1
Escolas para Baixo Isento 1
Escola para excepcionais, Médio Isento 1
E-6 portadores de deficientes visuais Nota 7
deficiências e auditivos e Alto 1 1
assemelhados
Área construída total
Acima de 5 Acima de 10
Grau de 000 m2 até 10 000 m2 até 50
Grupo

Acima de 50
Divisão Descrição Exemplos 000 m2 000 m2
risco 000 m2
(inclusive) (inclusive)
Número de bombeiros profissionais civis por turno
Museus, centro Baixo 1 2
Local onde há
de documentos Médio 1 2
F-1 objeto de valor Nota 7
históricos, bibliotecas
inestimável Alto 1 2
e assemelhados
Igrejas, capelas, Baixo Isento 1
sinagogas, Médio 1 1
mesquitas, templos,
Local religioso e
F-2 cemitérios, Nota 7
velório
crematórios, Alto 1 1
necrotérios, salas de
funerais etc.
Estádios, ginásios Baixo Isento 1
e piscinas com Médio 1 1
arquibancadas,
Centro esportivo
F-3 rodeios, academias, Nota 7
e de exibição
F – Local de reunião de público

autódromos, Alto 1 1
sambódromos,
arenas etc.
Estações Baixo Isento 1
rodoferroviárias e Médio 1 1
Estação e
marítimas, portos,
F-4 terminal de Nota 7
metrô, aeroportos,
passageiro Alto 1 1
heliponto, estações
de transbordo etc.
Teatros em geral, Baixo 1 1
cinemas, óperas, Médio 1 1
Artes cênicas e auditórios de
F-5 Nota 7
auditório estúdios de rádio e
televisão, auditórios Alto 1 1
em geral etc.
Boates, clubes, Baixo 1 1
salões de baile, Médio 1 1
restaurantes
Clube social e
F-6 dançantes, clubes Nota 7
diversão
sociais, bingo, Alto 1 1
bilhares, tiro ao alvo,
boliche etc.
Baixo 1 1
Construção Circos e
F-7 Médio 1 1 Nota 7
provisória assemelhados
Alto 1 1

52
DIMENSIONAMENTO E ESTRUTURAÇÃO │ UNIDADE II

Restaurantes, Baixo Isento 1


lanchonetes, bares, Nota 7
Local para Médio Isento 1
F-8 cafés, refeitórios,
refeição
cantinas e
assemelhados Alto 1 1

Área construída total


Acima de 5 Acima de 10
Grau de 000 m2 até 10 000 m2 até 50
Grupo

Acima de 50
Divisão Descrição Exemplos 000 m2 000 m2
risco 000 m2
(inclusive) (inclusive)
Número de bombeiros profissionais civis por turno
Baixo Isento Isento
Salas de exposição
Médio Isento Isento
F – Local de reunião de público

de objetos e animais,
Exposição Nota 8
show- room, galerias
F-9 de objetos e
de arte, planetário
animais
etc. (edificações Alto 1 1
permanentes)

Salas de exposição Baixo Isento Isento


de objetos e animais,
Exposição Médio Isento Isento
show- room, galerias
F-10 de objetos e Nota 8
de arte, planetário
animais
etc. (edificações Alto 1 1
permanentes)

Garagem sem Baixo Isento Isento


acesso de Garagens
G-1 Médio Isento Isento Nota 8
público e sem automáticas
abastecimento Alto 1 1
Garagens coletivas Baixo Isento Isento
Garagem com sem automação,
acesso de em geral, sem Médio Isento Isento
G-2 Nota 8
G – Serviço automotivo

público e sem abastecimento


abastecimento (exceto veículos de Alto 1 1
carga e coletivos)
Postos de Baixo Isento 1
Local dotado de abastecimento e
G-3 abastecimento serviço, garagens Médio Isento 1 Nota 7
de combustível (exceto veículos de
carga e coletivos) Alto 1 1

Oficinas de conserto
de veículos,
Serviço de
borracharia (sem
conservação,
G-4 recauchutagem), Baixo Isento 1 Nota 7
manutenção e
oficinas e garagens
reparos
de veículos de carga
e coletivos etc.
H – Serviço de saúde e

Baixo Isento 1
Jardim zoológico,
institucional

Hospitais parques recreativos Médio Isento 1


H-1 veterinários e e assemelhados Nota 7
assemelhados (edificações
permanentes)
Alto 1 1

53
UNIDADE II │ DIMENSIONAMENTO E ESTRUTURAÇÃO

Área construída total


Acima de 5 Acima de 10
Grau de 000 m2 até 10 000 m2 até 50
Grupo

Acima de 50
Divisão Descrição Exemplos 000 m2 000 m2
risco 000 m2
(inclusive) (inclusive)
Número de bombeiros profissionais civis por turno
Asilos, orfanatos, Baixo Isento 1
Locais onde
abrigos geriátricos,
pessoas Médio Isento 1
hospitais
requerem
psiquiátricos,
H-2 cuidados Nota 7
reformatórios,
especiais por
tratamento de Alto 1 1
limitações físicas
dependentes etc.
ou mentais
(todos sem celas)
Hospitais, casas Baixo Isento 1
de saúde, prontos-
socorros, clínicas Médio Isento 1
com internação,
Hospital e
H-3 ambulatórios Nota 7
assemelhado
e postos de
atendimento de Alto 1 1
H – Serviço de saúde e institucional

urgência, postos de
saúde etc.
Edificações do Baixo Isento 1
Repartição
Executivo, Legislativo
pública, Médio Isento 1
e Judiciário, tribunais,
H-4 edificações das Nota 7
cartórios, quartéis,
forças armadas
delegacias, postos Alto 1 1
e policiais
policiais etc.

Local onde a Baixo Isento 1


Hospitais
liberdade das
H-5 psiquiátricos e Médio Isento 1 Nota 7
pessoas sofre
manicômios
restrições Alto 1 1
Reformatórios, Baixo Isento Isento
Local onde a prisões (casa
liberdade das de detenção, Médio Isento Isento
H-6 Isento
pessoas sofre penitenciárias,
restrições presídios) etc. (todos Alto Isento Isento
com celas)
Clínicas médicas, Baixo Isento Isento
consultórios em
Clínica e Médio Isento Isento
geral, unidades
consultório
H-7 de hemodiálise, Nota 7
médico e
ambulatórios
odontológico Alto Isento 1
etc. (todos sem
internação)
Área construída total
Acima de 5 Acima de 10
Grau de 000 m2 até 10 000 m2 até 50
Grupo

Acima de 50
Divisão Descrição Exemplos 000 m2 000 m2
risco 000 m2
(inclusive) (inclusive)
Número de bombeiros profissionais civis por turno
Baixo Isento Isento Nota 8
I - Industria

Fábricas e atividades Médio Isento Isento Nota 7


I-1, I-2, I-3 Indústria
industriais em geral
Alto Isento 1 Nota 6

54
DIMENSIONAMENTO E ESTRUTURAÇÃO │ UNIDADE II

Edificações sem Baixo Isento Isento


processo industrial
Médio Isento Isento
J - Depósito

que armazenam
Depósitos
tijolos, pedras,
J-1 de material Nota 8
areias, metais e
incombustível
outros materiais Alto 1 1
incombustíveis (todos
sem embalagem)
Baixo Isento Isento Nota 8
J - Depósito

J-1 J-2, J-3, Médio Isento Isento Nota 7


Depósitos Depósitos em geral
J-4
Alto 1 2 Nota 6

Baixo 2 2
Comércio em geral Médio 2 2
L-1 Comércio de fogos de artifício Nota 6
e assemelhados
Alto 2 2
L – Explosivos

Baixo 2 2
Indústria de material
L-2 Indústria Médio 2 2 Nota 6
explosivo
Alto 2 2
Baixo 2 2
Depósito
Depósito de material
L-3 de material Médio 2 2 Nota 6
explosivo
explosivo
Alto 2 2
Túnel rodoferroviário Baixo
M – Especial

e marítimo,
destinados a Médio
M-1 Túnel Isento Isento Nota 11
transporte de
passageiros ou Alto
cargas diversas
Área construída total
Acima de 5 Acima de 10
Grau de 000 m2 até 10 000 m2 até 50
Grupo

Acima de 50
Divisão Descrição Exemplos 000 m2 000 m2
risco 000 m2
(inclusive) (inclusive)
Número de bombeiros profissionais civis por turno
Edificação destinada Baixo 2 4
à produção,
manipulação, Médio 2 4
Tanques ou
armazenamento
M-2 parque de Nota 6
e distribuição de
tanques
líquidos ou gases Alto 2 4
M – Especial

combustíveis e
Inflamáveis
Central telefônica, Baixo Isento 1
centros de
comunicação, Médio Isento 1
Central de
centrais de
M-3 comunicação e Nota 7
transmissão ou
energia
de distribuição Alto 1 1
de energia e
assemelhados

55
UNIDADE II │ DIMENSIONAMENTO E ESTRUTURAÇÃO

Locais em Baixo Isento 1


Propriedade em construção ou
M-4 Médio Isento 1 Nota 7
transformação demolição e
assemelhados Alto 1 1
Propriedade Baixo Isento 1
destinada ao
processamento, Médio Isento 1
Processamento
M-5 reciclagem ou Nota 7
de lixo
armazenamento de
material recusado/ Alto 1 1
descartado
M – Especial

Floresta, reserva Baixo Isento Isento


ecológica, parque
M-6 Terra selvagem Médio Isento Isento Nota 7
florestal, caatinga e
assemelhados Alto 1 1

Área aberta Baixo Isento Isento


Pátio de destinada a
M-7 Médio Isento Isento Nota 7
contêineres armazenamento de
contêineres Alto 1 1
Locais Central de Baixo Isento Isento
dedicados para
telemarketing, Médio 1 1
M-8 telecomunicações Nota 7
com ocupação de call-center e
pessoas similares Alto 1 2
Fonte: ABNT NBR 14608:2007.

NOTA 1: as plantas com área construída inferior a 5 000 m2 estão isentas de terem
bombeiro profissional civil, com exceção de:

a. um bombeiro para risco alto e área construída de 1 500 m2 até 5 000 m2


nas seguintes divisões: C-3 (Shopping Centers), D-1 (Local para prestação
de serviço profissional ou condução de negócios), D-2 (Agência bancária),
F-1 (Local onde há objeto de valor inestimável), F-5 (Artes cênicas e
auditório), F-6 (Clube social e diversão), F-7 (Construção provisória), I-1,
I-2 e I-3 (Indústria), J-2, J-3 e J-4 (Depósito), M-3 (Central de comunicação
e energia), M-4 (Propriedade em transformação), M-5 (Processamento
de lixo), M-6 (Terra selvagem), M-7 (Pátio de contêineres), M-8 (Locais
dedicados para telecomunicações com ocupação de pessoas);

b. um bombeiro para risco baixo e área construída de 1500 m2 até 5000


m2 nas seguintes divisões: L-1 (Comércio de explosivos), L-2 (Indústria
de explosivos) e L-3 (Depósito de explosivos);

c. dois bombeiros para risco médio e área construída de 1500 m2 até 5000
m2 nas seguintes divisões: L-1 (Comércio de explosivos), L-2 (Indústria
de explosivos) e L-3 (Depósito de explosivos);

56
DIMENSIONAMENTO E ESTRUTURAÇÃO │ UNIDADE II

d. três bombeiros para risco baixo e área construída de 1500 m2 até 5000
m2 nas seguintes divisões: L-1 (Comércio de explosivos), L-2 (Indústria
de explosivos) e L-3 (Depósito de explosivos);

e. dois bombeiros para risco baixo, risco médio ou risco alto e área
construída de 1.500 m2 até 5.000 m2 na seguinte divisão: M-2 (Tanques
ou parque de tanques).

NOTA 2: o número máximo de bombeiros profissionais civis por planta por turno
exigido por essa Norma é de cinco para risco baixo, dez para risco médio e quinze para
risco alto.

NOTA 3: nos turnos em que não haja nenhum tipo de atividade, o número de bombeiros
profissionais civis pode ser reduzido conforme a Tabela abaixo:

Tabela 5. Bombeiros por Turno.

No de bombeiros No de bombeiros No de bombeiros


profissionais civis profissionais civis profissionais civis

Turno com Turno sem Turno com Turno sem Turno com Turno sem
atividade atividade atividade atividade atividade atividade

15 7 10 5 5 2

14 7 9 4 4 2

13 6 8 4 3 1

12 6 7 3 2 1

11 5 6 3 1 1
Fonte: ABNT NBR 14608:2007.

NOTA 4: o número de bombeiros profissionais civis de cada planta é definido


levando-se em conta o tipo de ocupação, o grau de risco e a área construída.

a. Exemplo: depósito de pólvora com carga de incêndio de 3.000 MJ/m2 e


área construída de 6.000 m2.

Depósito de pólvora = L-explosivos = divisão L-3 = depósito de material explosivo


Carga de incêndio de 3 000 MJ/m2 = risco alto

Área construída de 6 000 m2 = área construída acima de 5 000 m2 até 10 000 m2

57
UNIDADE II │ DIMENSIONAMENTO E ESTRUTURAÇÃO

Tabela 6. Dimensionamento por Grupos e Divisão.

Área construída total


Grau Acima de 5 000 m2 até 10 Acima de 10 000 m2
Grupo

000 m2 até 50 000 m2 Acima de 50


Divisão Descrição Exemplos de 000 m2
risco (inclusive) (inclusive)
Número de bombeiros profissionais civis por turno
Baixo 2 2
L – Explosivos

Depósito
L-3 Depósito de material Médio 2 2 Nota 6
explosivo
Alto 2 2

Fonte: ABNT NBR 14608:2007.

Total de bombeiros profissionais civis da planta por turno = número de bombeiros


para área construída acima de 5.000 m2 até 10.000 m2 com grau de risco alto na
divisão L-3.

Total de bombeiros profissionais civis da planta por turno = 2.

a. Exemplo: agência bancária com área construída de 12 000 m2.

Agência bancária = D-serviços profissionais = divisão D-2 = agência bancária

Carga de incêndio = 300 MJ/m2 (ver Tabela C.1) = risco baixo

Área construída de 12 000 m2 = área construída acima de 10 000 m2 até 5 000m2

Tabela 7. Dimensionamento por Grupos e Divisão.

Área construída total


Grau Acima de 5 000 m2 Acima de 10 000 m2
Grupo

Divisão Descrição Exemplos de até 10 000 m2 até 50 000 m2 Acima de 50


000 m2
risco (inclusive) (inclusive)
Número de bombeiros profissionais civis por turno
profissional

Baixo 1 1
D – Serviço

Agência Agências bancárias e


D-2 Médio 1 1 Nota 7
bancária assemelhados
Alto 1 1
Fonte: ABNT NBR 14608:2007.

Total de bombeiros profissionais civis da planta por turno = número de bombeiros


para área construída acima de 10 000 m2 até 50 000 m2 com grau de risco baixo na
divisão D-2.

Total de bombeiros profissionais civis da planta por turno = 1.

NOTA 5: sempre que o resultado do cálculo do número de bombeiros profissionais civis


for fracionário, deve ser arredondado para mais.
58
DIMENSIONAMENTO E ESTRUTURAÇÃO │ UNIDADE II

a. Exemplo: planta com área construída de 30 000 m2, em que é necessário


acrescentar mais um bombeiro para cada 25 000 m2. Total de bombeiros
profissionais civis da planta por turno = 30 000m2/25 000m2 = 1,2 = 2.

NOTA 6: para plantas com área construída acima de 50 000 m2, deve ser acrescido
mais um bombeiro para cada 25 000 m2.

a. Exemplo: shopping center com área construída de 62 500 m2. Shopping


center = C-comercial = divisão C-3 = shopping centers. Carga de incêndio
= 800 MJ/m2 (ver Tabela C.1) = risco médio.

Área construída de 62 500 m2 = área construída acima de 10 000 m2 até 50 000 m2 para
grau de risco baixo para divisão.

D-2 + nota 6 (um bombeiro para cada 25 000 m2).

Tabela 8. Dimensionamento por Grupos e Divisão.

Área construída total


Grau Acima de 5 000 m2 Acima de 10 000 m2
Grupo

Divisão Descrição Exemplos de até 10 000 m2 até 50 000 m2 Acima de 50


000 m2
risco (inclusive) (inclusive)
Número de bombeiros profissionais civis por turno
Baixo Isento 1 Nota 7
Comercial

Centro de compras
Shopping
C–

C-3 em geral (shopping Médio 1 2 Nota 6


Centers
centers)
Alto 1 2 Nota 6
Fonte: ABNT NBR 14.608:2007.

Total de bombeiros profissionais civis da planta por turno = número de bombeiros


para área construída acima de 10 000 m2 até 50 000 m2 para grau de risco médio
para divisão D-2 + nota 6 (um bombeiro para cada 25 000 m2) número de bombeiros
para área construída acima de 10 000 m2 até 50 000 m2 com grau de risco médio na
divisão D-2 = 2 Cálculo da nota 6 = mais um bombeiro para cada 25 000 m2.

»» Cálculo da nota 6 = [(área total – 10 000 m2) / 25 000 m2].

»» Cálculo da nota 6 = [(62 500 – 50 000) / 25 000].

»» Cálculo da nota 6 = [(12 500) / 25 000].

»» Cálculo da nota 6 = [0,5] = 1 (ver nota 5).

Total de bombeiros profissionais civis da planta por turno = 2 + 1 = 3.

59
UNIDADE II │ DIMENSIONAMENTO E ESTRUTURAÇÃO

7 Para plantas com área construída acima de 50 000 m2, deve ser acrescido mais um
bombeiro para cada 50 000 m2.

a. Exemplo: fábrica automotiva com cabine de pintura e área construída de


135 000 m2.

Fábrica automotiva com cabine de pintura = I-Indústria = divisão I-2 (ver Tabela C.1) =
indústria Carga de incêndio = 800 MJ/m2 (ver Tabela C.1) = risco médio.

Área construída de 135 000 m2 = área construída acima de 10 000 m2 até 50 000 m2
para grau de risco médio para divisão D-2 + nota 7 (mais um bombeiro para cada 50
000 m2).

Tabela 9. Dimensionamento por Grupos e Divisão.

Área construída total


Grau Acima de 5 000 m2 Acima de 10 000 m2
Grupo

Divisão Descrição Exemplos de até 10 000 m2 até 50 000 m2 Acima de 50


000 m2
risco (inclusive) (inclusive)
Número de bombeiros profissionais civis por turno
I - Indústria

Baixo Isento Isento Nota 8


Fábricas e atividades
I-1, I-2, I-3 Indústria Médio Isento Isento Nota 7
industriais em geral
Alto 1 2 Nota 6
Fonte: ABNT NBR 14.608:2007.

Total de bombeiros profissionais civis da planta por turno = número de bombeiros para
área construída acima de 10 000 m2 até 50 000 m2 para grau de risco médio para
divisão D-2 + nota 6 (mais um bombeiro para cada 50 000 m2) número de bombeiros
para área construída acima de 10 000 m2 até 50 000 m2 com grau de risco médio na
divisão I-2 = 0 Cálculo da nota 7 = mais um bombeiro para cada 50 000 m2.

»» Cálculo da nota 7 = [(área total – 50 000 m2) / 50 000 m2].

»» Cálculo da nota 7 = [(135 000 – 50 000) / 50 000].

»» Cálculo da nota 7 = [(85 000) / 50 000].

»» Cálculo da nota 7 = [1,7] = 2 (ver nota 5).

Total de bombeiros profissionais civis da planta por turno = 0 + 2 = 2.

7 Para plantas com área construída acima de 50 000 m2 deve ser acrescido mais um
bombeiro para cada 100 000 m2.

60
DIMENSIONAMENTO E ESTRUTURAÇÃO │ UNIDADE II

a. Exemplo: centro de exposições com área construída de 1.000.000 m2


com funcionamento somente durante o dia. Parque recreativo = F-Local
de reunião pública = divisão F-9 = Recreação pública.

Carga de incêndio = 100 MJ/m2 (ver Tabela C.1) = risco baixo.

Área construída de 1 000 000 m2 = área construída acima de 10 000 m2 até 50 000 m2
para grau de risco baixo para divisão D-2 + nota 8 (mais um bombeiro para cada 100
000 m2).

Tabela 10. Dimensionamento por Grupos e Divisão.

Área construída total


Grau Acima de 5 000 m
2
Acima de 10 000 m2
Grupo

Divisão Descrição Exemplos de até 10 000 m2 até 50 000 m2 Acima de 50


000 m2
risco (inclusive) (inclusive)
Número de bombeiros profissionais civis por turno
reunião de público

Salas de exposição Baixo Isento Isento


F- Local de

de objetos e animais,
Exposição Médio Isento Isento
show-room, galerias
F-10 de objetos e Nota 8
de arte, planetário
animais
etc. (edificações
Alto 1 1
permanentes)

Fonte: ABNT NBR 14608:2007.

Total de bombeiros profissionais civis da planta por turno = número de bombeiros para
área construída acima de 10 000 m2 até 50 000 m2 para grau de risco baixo para divisão
D-2 + nota 8 (mais um bombeiro para cada 100 000 m2) número de bombeiros para
área construída acima de 10 000 m2 até 50 000 m2 com grau de risco baixo na divisão
F-10 = 0 Cálculo da nota 8 = mais um bombeiro para cada 100 000 m2.

»» Cálculo da nota 8 = [(área total – 50 000m2) / 100 000 m2].

»» Cálculo da nota 8 = [(1.000.000 – 50 000) / 100 000].

»» Cálculo da nota 8 = [(990 000) / 100 000].

»» Cálculo da nota 8 = 9,5 = 10 (ver nota 5).

Total de bombeiros profissionais civis da planta por turno = 0 + 10 = 10 (ver nota 2:


O número máximo de bombeiros profissionais civis por planta por turno exigido por
esta Norma, é de cinco para risco baixo, dez para risco médio e quinze para risco alto).

Total de bombeiros profissionais civis da planta = 5 (durante o dia).

Total de bombeiros profissionais civis da planta = 2 (durante a noite) (ver nota 3).

61
UNIDADE II │ DIMENSIONAMENTO E ESTRUTURAÇÃO

NOTA 9: para plantas com ocupações não previstas nessa Tabela, a ocupação deve ser
classificada por analogia com a mais próxima tecnicamente.

NOTA 10: as plantas localizadas próximas a instalações de bombeiros públicos, desde


que comprovado um tempo resposta de no máximo 3 min, podem reduzir o número de
bombeiros profissionais civis em 50 %.

NOTA 11: na divisão M-1, a quantidade de bombeiro profissional civil não é definida
usando a área construída e o grau de risco. O número de bombeiro profissional civil é
determinado pelo comprimento do túnel e a existência de galerias técnicas e saídas de
emergência alternativas. É necessário um bombeiro profissional civil para cada 5 Km
de comprimento.

Os túneis com comprimento inferior a 5 Km e os que não possuem galeria estão isentos
de bombeiros profissionais civis.

Cargas de Incêndio específicas por ocupação (NRB 14.608)– Anexo C–


(normativo).

C.1 O objetivo deste Anexo é estabelecer valores característicos de carga de incêndio


nas edificações e áreas de risco, conforme a ocupação e uso específico.

C.2 Para determinação da carga de incêndio específica das edificações, aplica-


se a Tabela C-1, sendo que, para edificações destinadas a depósitos (Grupo “J”),
explosivos (Grupo “L”) e ocupações especiais Grupo “M”), aplica-se a metodologia
constante no Anexo D.

C.2.1 Ocupações não listadas na Tabela C.1 devem ter os valores da carga de incêndio
específica determinados por similaridade. Pode-se admitir a similaridade entre as
edificações comerciais (grupo “C”) e industriais (grupo “I”).

C.3 O levantamento da carga de incêndio específica constante no Anexo D deve ser


realizado em módulos de no máximo 500 m² de área de piso (espaço considerado).
Módulos maiores de 500 m² podem ser utilizados quando o espaço analisado possuir
materiais combustíveis com potenciais caloríficos semelhantes e uniformemente
distribuídos.

C.3.1 A carga de incêndio específica do piso analisado deve ser tomada como sendo a
média entre os dois módulos de maior valor.

C.4 Considerar que 1 kg de madeira equivale a 19,0 MJ; 1 cal equivale a 4,185 J; e 1 BTU
equivale a 252 cal.

62
DIMENSIONAMENTO E ESTRUTURAÇÃO │ UNIDADE II

Tabela 11. Cargas de incêndio específicas por ocupação.

Carga de incêndio
Ocupação/uso Descrição Divisão Grau de risco
(Qfi) MJ/m2
Alojamentos estudantis A-3 300 Baixo
Apartamentos A-2 300 Baixo
Residencial
Casas térreas ou sobrados A-1 300 Baixo
Pensionatos A-3 300 Baixo
Hotéis B-1 500 Médio
Serviço de hospedagem Motéis B-1 500 Médio
Apart-hotéis B2 500 Médio
Açougue C-1 40 Baixo
Antiguidades C-2 2 700 Alto
Aparelhos eletrodomésticos C-1 300 Baixo
Aparelhos eletrônicos C-2 2 400 Alto
Armarinhos C-2 2 600 Alto
Armas C-1 1 300 Alto
Artigos de bijuteria, metal ou vidro C-1 300 Baixo
Artigos de cera C-2 2 100 Alto
Comercial varejista, loja
Artigos de couro, borracha, esportivos C-2 800 Médio
Automóveis C-1 200 Baixo
Bebidas destiladas C-2 700 Médio
Brinquedos C-2 500 Médio
Calçados C-2 500 Médio
Couro, artigos de C-2 700 Médio
Drogarias (incluindo depósitos) C-2 1 000 Médio
Esportes, artigos de C-2 800 Médio
Ferragens C-1 300 Baixo
Floricultura C-1 80 Baixo
Galeria de quadros C-1 200 Baixo
Joalheria C-1 300 Baixo
Livrarias C-2 1 000 Médio
Lojas de departamento ou centro de compras
C-3 800 Médio
(Shoppings)
Materiais de construção C-2 800 Médio
Máquinas de costura ou de escritório C-1 300 Baixo
Materiais fotográficos C-1 300 Baixo
Comercial varejista, loja
Móveis C-2 400 Médio
Papelarias C-2 700 Médio
Produtos têxteis C-2 600 Médio
Relojoarias C-2 600 Médio
Supermercados C-2 400 Médio
Tapetes C-2 800 Médio
Tintas e vernizes C-2 1 000 Médio
Verduras frescas C-1 200 Baixo
Vinhos C-1 200 Baixo
Vulcanização C-2 1 000 Médio

63
UNIDADE II │ DIMENSIONAMENTO E ESTRUTURAÇÃO

Carga de incêndio
Ocupação/uso Descrição Divisão Grau de risco
(Qfi) MJ/m2
Agências bancárias D-2 300 Baixo
Agências de correios D-1 400 Médio
Centrais telefônicas D-1 200 Baixo
Cabeleireiros D-1 200 Baixo
Copiadora D-1 400 Médio
Encadernadoras D-1 1 000 Médio
Escritórios D-1 700 Médio
Serviços profissionais,
Estúdios de rádio ou de televisão ou de fotografia D-1 300 Baixo
pessoais e técnicos
Laboratórios químicos D-4 500 Médio
Laboratórios (outros) D-4 300 Baixo
Lavanderias D-3 300 Baixo
Oficinas elétricas D-3 600 Médio
Oficinas hidráulicas ou mecânicas D-3 200 Baixo
Pinturas D-3 500 Médio
Processamentos de dados D-1 400 Médio
Academias de ginástica e similares E-3 300 Baixo
Pré-escolas e similares E-5 300 Baixo
Educacional e cultura física Creches e similares E-5 300 Baixo
E1//E2/
Escolas em geral 300 Baixo
E4/E6
Bibliotecas F-1 2 000 Alto
Cinemas, teatros e similares F-5 600 Médio
Circos e assemelhados F-7 500 Médio
Centros esportivos e de exibição F-3 150 Baixo
Clubes sociais, boates e similares F-6 600 Médio
Locais de reunião de público Estações e terminais de passageiros F-4 200 Baixo
Adotar a fórmula do
Exposições F-10
Anexo D
Igrejas e templos F-2 200 Baixo
Museus F-1 300 Baixo
Restaurantes F-8 300 Baixo
Estacionamentos G-1/G-2 200 Baixo
Serviços automotivos e Oficinas de conserto de veículos e manutenção G-4 300 Baixo
assemelhados Postos de abastecimentos (tanque enterrado) G-3 300 Baixo
Hangares G-5 200 Baixo
Asilos H-2 350 Médio
Clínicas e consultórios médicos ou odontológicos H-6 200 Baixo
Serviços de saúde e
Hospitais em geral H-1/H-3 300 Baixo
institucionais
Presídios e similares H-5 100 Baixo
Quartéis e similares H-4 450 Médio

64
DIMENSIONAMENTO E ESTRUTURAÇÃO │ UNIDADE II

Carga de incêndio
Ocupação/uso Descrição Divisão Grau de risco
(Qfi) MJ/m2
Aparelhos eletroeletrônicos, fotográficos, ópticos I-2 400 Médio
Acessórios para automóveis I-1 300 Baixo
Acetileno I-2 700 Médio
Alimentação I-2 800 Médio
Aço, corte e dobra, sem pintura, sem embalagem I-1 40 Baixo
Artigos de borracha, cortiça, couro, feltro, espuma I-2 600 Médio
Artigos de argila, cerâmica ou porcelanas I-2 200 Baixo
Artigos de bijuteria I-1 200 Baixo
Artigos de cera I-2 1 000 Médio
Artigos de gesso I-1 80 Baixo
Artigos de madeira em geral I-2 800 Médio
Artigos de madeira, impregnação I-3 3 000 Alto
Artigos de mármore I-1 40 Baixo
Artigos de metal, forjados I-1 80 Baixo
Artigos de metal, fresados I-1 200 Baixo
Artigos de peles I-2 500 Médio
Artigos de plásticos em geral I-2 1 000 Médio
Artigos de tabaco I-1 200 Baixo
Artigos de vidro I-1 80 Baixo
Industrial Automotiva e autopeças (exceto pintura) I-1 300 Baixo
Automotiva e autopeças (pintura) I-2 500 Médio
Aviões I-2 600 Médio
Balanças I-1 300 Baixo
Barcos de madeira ou de plástico I-2 600 Médio
Barcos de metal I-2 600 Médio
Baterias I-2 800 Médio
Bebidas destilada I-1 80 Baixo
Bebidas não alcoólicas I-1 200 baixo
Bicicletas I-2 500 Médio
Brinquedos I-2 400 Médio
Café (inclusive torrefação) I-2 400 Médio
Caixotes barris ou paletes de madeira I-2 1 000 Médio
Calçados I-2 600 Médio
Carpintarias e marcenarias I-2 800 Médio
Cera de polimento I-3 2 000 Alto
Cerâmica I-1 200 Baixo
Cereais I-3 1 700 Alto
Cervejarias I-1 80 Baixo
Chapas de aglomerado ou compensado I-1 300 Baixo
Chocolate I-2 400 Médio
Cimento I-1 40 Baixo
Cobertores, tapetes I-2 600 Médio
Industrial Colas I-2 800 Médio
Colchões (exceto espuma) I-2 500 Médio
Condimentos, conservas I-1 40 Baixo
Confeitarias I-2 400 Médio

65
UNIDADE II │ DIMENSIONAMENTO E ESTRUTURAÇÃO

Carga de incêndio
Ocupação/uso Descrição Divisão Grau de risco
(Qfi) MJ/m2
Congelados I-2 800 Médio
Cortiça, artigos de I-2 600 Médio
Couro, curtume I-2 700 Médio
Couro sintético I-2 1 000 Médio
Defumados I-1 200 Baixo
Industrial
Discos de música I-2 600 Médio
Doces I-2 800 Médio
Espumas I-3 3 000 Alto
Estaleiros I-2 700 Médio
Farinhas I-3 2 000 Alto

Fonte: ABNT NBR 14.608:2007.

66
CAPÍTULO 2
Estruturação do departamento de
prevenção e de incêndio

O Bombeiro Civil Mestre, que é o formado em engenharia com especialização em


prevenção e combate a incêndio, é o responsável pelo Departamento de Prevenção e
Combate a Incêndio, devendo ele planejar e implantar de forma adequada e zelar pelo
serviço de bombeiro, bem como monitorar e analisar criticamente o seu funcionamento,
de forma a atender aos objetivos da função de bombeiro civil.

Tabela 12. Etapas de Implantação de Bombeiros Civis.

O que Como Quem


Designando por escrito

Designar o responsável pelo bombeiro NOTA: se o responsável pela ocupação


01 da planta não designar alguém, ele será Responsável pela ocupação da planta
profissional civil da planta
automaticamente o responsável pela brigada
de incêndio da planta.
Estabelecendo o grau de risco de cada setor
da planta, usando a Tabela do Anexo C ou
Estabelecer a composição do bombeiro a fórmula do Anexo D verificando, no Anexo Responsável pelo bombeiro profissional civil
02
profissional civil A, em quais divisões cada setor da planta se da planta
enquadra definindo o número de bombeiros
profissionais civis da planta, usando o Anexo A
Treinar o bombeiro profissional civil na parte
atendendo ao conteúdo programático da Instrutor em prevenção e combate a
03 teórica e prática em prevenção e combate
Tabela B.1 e à ABNT NBR 14277 incêndio
a incêndio
Treinar o bombeiro profissional civil na
atendendo ao conteúdo programático da Instrutor em equipamentos de combate a
04 parte teórica e prática em equipamentos de
Tabela B.2 e à ABNT NBR 14277 incêndio e auxiliares
combate a incêndio e auxiliares
Treinar o bombeiro profissional civil na parte
atendendo ao conteúdo programático da Instrutor em atividades operacionais de
05 teórica e prática em atividades operacionais
Tabela B.3 bombeiro profissional civil
de bombeiro profissional civil
Treinar o bombeiro profissional civil na
atendendo ao conteúdo programático da Instrutor em equipamentos de proteção
06 parte teórica e prática em equipamentos de
Tabela B.4 individual e respiratória
proteção individual e respiratória
Treinar o bombeiro profissional civil na parte atendendo ao conteúdo programático da
07 Instrutor em salvamento terrestre
teórica e prática em salvamento terrestre Tabela B.5
Treinar o bombeiro profissional civil na parte atendendo ao conteúdo programático da
08 Instrutor em produtos perigosos
teórica e prática em produtos perigosos Tabela B.6
Treinar o bombeiro profissional civil na parte atendendo ao conteúdo programático da
09 Instrutor em primeiros-socorros
teórica e prática em primeiros-socorros Tabela B.7
Treinar o bombeiro profissional civil na parte
atendendo ao conteúdo programático da Instrutor em fundamentos de análise de
10 teórica e prática em fundamentos de análise
Tabela B.8 riscos
de riscos
Cumprir as atribuições e os procedimentos atendendo à ABNT NBR 14276 e ao plano de
11 Bombeiros profissionais civis
básicos e complementares de incêndio emergência contra incêndio da planta
Realizar reuniões ordinárias, reuniões atendendo ao Plano de Emergência contra
12 Bombeiros profissionais civis
extraordinárias e exercícios simulados Incêndio da planta e à ABNT NBR 15219
Garantir a reciclagem do treinamento dos Responsável pelos bombeiros profissionais
13 Atendendo a 4.1.4
bombeiros profissionais civis civis
(Fonte: ABNT NBR 14608:2007).

67
ASPECTOS
GERENCIAIS E UNIDADE III
OPERACIONAIS

CAPÍTULO 1
Aspectos gerenciais e administrativos

Administrativos
Os equipamentos, materiais e insumos necessários para permitir a realização das
atividades do bombeiro devem ser providenciados, controlados e mantidos em
conformidade com a legislação específica e controle interno.

É importante atentar que, se a formação e/ou reciclagem do bombeiro profissional civil


não for realizada por centro de treinamento específico, e sim realizado pela própria
empresa contratante, essa capacitação deve atender às mesmas exigências contidas no
Anexo B da NBR 14.608:2007.

Rotina de trabalho

»» Deve possuir conhecimento pleno do local de trabalho, bem como da


localização dos equipamentos de segurança e de emergência.

»» Informar ocorrências ao próximo bombeiro do plantão.

»» Participação em treinamentos físicos e técnicos.

»» Participação em exercícios simulados.

»» Possibilidade de realizar atendimento a emergências, suporte básico


à vida, com realização de primeiros socorros, resgates e transporte de
vítimas se necessário.

»» Incursão em chamas.

»» Testes de rotina em equipamentos e comunicação imediata de falhas.

68
ASPECTOS GERENCIAIS E OPERACIONAIS │ UNIDADE III

»» Combate a incêndios.

»» Realização de tarefas pertinentes à função, de rotina ou emergenciais.

»» Conferência da localização do plano de intervenção de incêndio.

»» Execução de atividades correlatas de acordo com a necessidade do


contratante, desde que não configurem desvio de função.

Relações interpessoais

As relações interpessoais tiveram como um de seus primeiros pesquisadores o


psicólogo Kurt Lewin. MAILHIOT (1976: 66), ao se referir a uma das pesquisas
realizadas por esse psicólogo, afirma que ele chegou à constatação de que “a
produtividade de um grupo e sua eficiência estão estreitamente relacionadas não
somente com a competência de seus membros, mas, sobretudo, com a solidariedade
de suas relações interpessoais”.

Ao discorrer acerca da humanização no ambiente de trabalho, COSTA (2002:21)


aponta as relações interpessoais como um dos elementos que contribuem para a
formação do relacionamento real na organização.

É necessário observar a operação real da organização, aqui incluídas as relações


interpessoais, que constituem a sua seiva vital. Os elementos formais (estrutura
administrativa) e informais (relacionamento humano, que emerge das experiências
do dia a dia) integram-se para produzir o padrão real de relacionamento humano
na organização: como o trabalho é verdadeiramente executado e quais regras
comportamentais implícitas governam os contatos entre as pessoas – esta é a estrutura
de contatos e comunicações humanas a partir da qual os problemas de política de pessoal
e de tomada de decisões podem ser compreendidos e tratados pelos administradores.
Os autores são unânimes em reconhecer a grande importância do tema “relações
interpessoais” tanto para os indivíduos quanto para as organizações, relativamente à
produtividade, qualidade de vida no trabalho e efeito sistêmico.

Falar sobre relacionamento não é fácil. Entendê-lo também não. Principalmente


quando levamos em consideração os níveis de relacionamento e os seus prováveis
personagens. Sendo interpessoal, intrapessoal, com o cliente interno ou externo, o
relacionamento é fator fundamental e muitas vezes definitivo na vida dos indivíduos.
É necessário possuir habilidades para manter um bom convívio consigo, com os
clientes, colegas de trabalho, amigos ou com alguém que, simplesmente, só precisa

69
UNIDADE III │ ASPECTOS GERENCIAIS E OPERACIONAIS

de um minuto de sua atenção para esclarecer uma dúvida. Todos somos capazes e
estamos aptos a desenvolver tais habilidades.

Em muitos casos, uns personagens conseguem superar ou unir a habilidade à


personalidade, tornando-se parceiros/companheiros desejáveis ao convívio. Outros
nem sempre conseguem atingir níveis de satisfação tão relevantes e perceptíveis, o que
não quer dizer que eles sejam incapazes de manter um relacionamento com alguém.
Na verdade não é nada fácil mesmo. Porém, como tudo na vida, é preciso treino e
perseverança. Pessoalmente e profissionalmente, as pessoas que não conseguem ou
não estão preparadas para conviver com os semelhantes e administrar conflitos estão
fadadas à solidão e ao fracasso. O que também não quer dizer que isso seja o fim.

Processo de comunicação
A comunicação, sem dúvida, é o centro de todo relacionamento, seja ele pessoal,
profissional etc. Ela é a chave para o desenvolvimento de uma relação saudável com o
outro, uma vez que pode ser considerada a arte do entender e do fazer-se entender.

Em poucas palavras, a comunicação é o processo verbal ou não verbal de transmitir


uma informação a uma outra pessoa de maneira que ela entenda o que está sendo
expresso. A comunicação, portanto, não está limitada à fala, à linguagem oral, mas
também é possível por meio de gestos, símbolos, expressões, bem como qualquer outra
forma que contenha em si um significado inteligível, compreensível.

A comunicação, portanto, ocorre quando, ao emitirmos uma mensagem, fazemo-nos


entender por uma pessoa e modificamos seu comportamento. Isso é possível por
meio da linguagem, que é a representação do pensamento por sinais que permitam a
comunicação e a interação entre as pessoas. Podemos encontrar pelo menos quatro
níveis de comunicação:

»» nível quatro: é uma comunicação altamente superficial, em que os


indivíduos apenas se olham ou falam estritamente o necessário,
limitando-se, no máximo, a um bom dia ou a uma pequena informação;

»» nível três: é uma comunicação ainda superficial, mas aqui as pessoas


se tratam com um mínimo de cordialidade e sorrisos. Nesse nível, os
indivíduos ainda não saíram das suas “cascas” para tornar conhecido
aos outros o que pensam e sentem, ou seja, a comunicação ainda está
limitada;

»» nível dois: aqui os indivíduos começam a relatar suas ideias e


pensamentos, o que marca o início de uma comunicação real. As pessoas
70
ASPECTOS GERENCIAIS E OPERACIONAIS │ UNIDADE III

estão dispostas a correr o risco de expor suas ideias e soluções próprias,


mas ainda impõem barreiras para a comunicação plena, talvez como
mecanismo de defesa e forma de conhecer os outros passo a passo.
É o tão conhecido “pé atrás”, mas a comunicação nesse nível abre
possibilidades para o aprofundamento das relações interpessoais e dos
laços de confiança, imprescindíveis na comunicação de nível um;

»» nível um: é uma comunicação total. As pessoas estão dispostas a


compartilhar seus sentimentos, ideias e pensamentos. Essa comunicação
está baseada na honestidade e na abertura completa, ou seja,
subentende-se que nesse nível de comunicação as pessoas possuem um
alto grau de conhecimento e confiança umas nas outras, estabelecendo
um relacionamento interpessoal pleno e baseado no diálogo como forma
de solução de problemas e conflitos.

Forma de comunicação
A forma de comunicação humana mais utilizada é, sem dúvida, a comunicação verbal.
E todo ato de comunicação envolve sempre seis componentes essenciais. São eles:

»» o emissor (ou locutor) – é aquele que diz algo a alguém;

»» o receptor (ou interlocutor) – aquele com quem o emissor se comunica;

»» a mensagem – tudo o que foi transmitido do emissor ao receptor;

»» o código – é o conjunto de sinais convencionados socialmente que


permite ao receptor compreender a mensagem (ex: a língua portuguesa e
os sinais de trânsito);

»» o canal (ou contato) –é o meio físico que conduz a mensagem ao receptor


(ex: o som e o ar);

»» o referente (ou contexto) – é o assunto da mensagem.

Todos esses elementos são indispensáveis à comunicação verbal.

Administração de Incidentes
Os procedimentos para administração e gestão de incidentes e crises devem incluir:

a. procedimentos operacionais padrão escritos, que devem ser seguidos


por todos os membros tanto na emergência como nos treinamentos e
simulados;

71
UNIDADE III │ ASPECTOS GERENCIAIS E OPERACIONAIS

b. formatação e estruturação básica do sistema de administração de


incidente/crise;

c. papel e responsabilidades a respeito da segurança e da resposta à


emergência;

d. conhecimento das responsabilidades e atribuições dos profissionais de


emergência públicos;

e. padrão para controle e identificação de cada profissional na cena de


emergência;

f. planejamento para as operações adotadas e reunião de análise crítica ao


final dos simulados, exercícios e emergência reais.

Procedimentos para condições gerais e


específicas dos DPCI
a. Os planos operacionais, de administração e gerenciamento de incidentes
e emergências devem ser desenvolvidos e revisados periodicamente
pelos bombeiros líderes, com aprovação do bombeiro civil mestre.

b. Deverá ser elaborado um estudo de análise de riscos e perigos específicos


a que os bombeiros poderão estar expostos em incêndios ou emergências.

c. Os procedimentos operacionais elaborados e que devem ser seguidos


por todos os pertencentes ao DPCI indicarão as limitações gerais e
específicas das organizações.

d. Todos os bombeiros civis terão acesso aos procedimentos escritos.

e. O líder dos bombeiros e o bombeiro civil mestre deve ser notificado de


todos os equipamentos de proteção ao fogo existentes e quais estão fora
de serviço diariamente.

f. A gestão e administração de riscos deve fazer um levantamento e


consideração na exposição aos riscos mais comuns, baseada em alguns
princípios abaixo descritos:

›› quando se trata de salvar vidas humanas, alguns riscos até podem


ser tolerados e gerenciados, mas quando se trata de proteger danos à
propriedade, deveria não ser aceito um mínimo de risco para a equipe
de resposta.

72
ASPECTOS GERENCIAIS E OPERACIONAIS │ UNIDADE III

Gestão e competências

Competência(s)

A noção de “competência(s)” ganhou, hoje, um lugar significativo nas diferentes


esferas de atividades, tratando-se dessa forma num polissêmico, que ainda é pouco
entendível, surgindo, acredita-se, associado, em alguns casos, à noção de “qualificação”,
“performance” e “atitude”. Em outros casos, aparece apenas como o “saber-fazer”, sem
a necessidade de possuir um “diploma”, uma “certificação” e determinadas capacidades
cognitivas (FERREIRA, 2004). Outros autores falam em competências “para insistir na
necessidade de expressar os objetivos em termos de condutas ou práticas observáveis”
ou como “indicador de desempenho observado” (PERRENOUD, 1999).

Segundo Teulier (2002): “uma competência é a habilidade de mobilizar, compilar e


coordenar os recursos no quadro de um determinado processo de ação, para atingir um
resultado suficientemente predefinido para ser reconhecido e avaliado”.

Parafraseando Guy Le Boterf em “L’ingénieri des compétences” (cit. em SOUSA et al.,


2006), poderíamos distinguir os seguintes tipos de conhecimentos e capacidade nas
competências (competências dos bombeiros):

»» conhecimentos teóricos e técnicos;

»» saberes-fazer, saberes-fazer sociais e relacionais;

»» capacidades cognitivas;

»» capacidade de cooperar/trabalho em equipe;

»» capacidade de comunicar (ouvir e falar);

»» planear/organizar;

»» definir a estratégia de socorro;

»» utilizar a tecnologia e os processos;

»» operar e regular;

»» analisar/avaliar/inovar/resolver.

Conhecimentos teóricos: são os que integram os conceitos, os conhecimentos


disciplinares, organizacionais e racionais e, ainda, conhecimentos técnicos sobre o
contexto, processos, métodos e procedimentos.

73
UNIDADE III │ ASPECTOS GERENCIAIS E OPERACIONAIS

Saberes-fazer: são os relativos à capacidade de execução, de realizar tarefas e


operações, bem como domínio na utilização de ferramentas e instrumentos e na
aplicação das metodologias e procedimentos. Portanto, concluímos que eles possuem
um caráter técnico/operacional de aplicação prática ou de operacionalização dos
conhecimentos teóricos.

Saberes-fazer sociais e relacionais: estão relacionados com as atitudes e


atribuições pessoais para agir e interagir com os outros, podendo ser caracterizado
como a capacidade de cooperar com os outros e conviver em grupo.

Capacidades cognitivas: dizem respeito às atividades intelectuais individuais,


que podem ser traduzidas das mais simples operações, como enumerar, comparar,
definir, descrever, até as mais complexas operações, como generalização indutiva
e generalização construtiva, raciocínio analógico e abstrato. Essas capacidades
de combinação de saberes heterogêneos e ecléticos de coordenação de ações para
encontrar soluções e resolver problemas.

Segundo Boterf (1999), “ser bombeiro competente implica ‘saber mobilizar’, em tempo
oportuno, as capacidades ou conhecimentos que foram adquiridos através da formação
(mas não necessariamente), ou, seja, um bombeiro pode possuir cursos de técnicas de
salvamento e desencarceramento, ou de combate a incêndios florestais e não as saber
utilizar no momento adequado/oportuno”.

Podemos concluir, dessa forma, que essas características acima descritas no que tange
à competências são primordiais para o funcionamento dum sistema de formação
profissional de bombeiros. Mas devemos considerar que, para isso, necessita-se levar em
consideração que mesmo o conceito de competências esteja relacionado com retratar as
características individuais e pessoais. Alguns autores afirmam que essas competências
são pertencentes a duas dimensões: a individual e a organizacional, sendo que as
organizacionais são inerentes à vida e à história da empresa, da sua cultura preventiva,
do seu sistema de valoração, da perfeita combinação de saberes individuais e coletivos,
dos mecanismos e métodos de gestão e desenvolvimento pessoal, das tecnologias
existentes nas empresas, bem como dos ativos materiais e financeiros.

Relações humanas e a formação do


bombeiro – aspectos gerenciais
As tentativas de explicar o comportamento social do homem devem ser anteriores
a Platão e Aristóteles. As ideias desses dois grandes filósofos gregos, porém, são
das mais antigas entre as que lograram sobreviver. Segundo Platão, o meio social

74
ASPECTOS GERENCIAIS E OPERACIONAIS │ UNIDADE III

determinaria a conduta do ser humano. Por isso, atribuía valor excepcional à


Educação, julgando que o futuro da sociedade dependeria do tipo de orientação
recebida pelos jovens.

Aristóteles, ao contrário, defendia a ideia de que todos os homens têm certas


tendências inatas, contra as quais a educação pouco ou nada pode fazer. Tendo
observado que os gregos reagiam de maneira similar, embora habitassem cidades
bem diferentes, nas quais os usos e costumes apresentavam grande variedade,
concluiu que há certos caracteres psicológicos comuns a todos os homens. Esse
conjunto de traços idênticos constituiria o cerne, o âmago da natureza humana,
bem mais fixa e imutável do que supunha Platão.

Quando se iniciou o período de decadência dos gregos, surgiu uma explicação


alternativa para o comportamento humano: o homem tenderia sempre a procurar o
prazer e a evitar a dor. Essa concepção, conhecida como teoria hedonista, refletir-se-á
no pensamento dos romanos, justificando talvez a importância que atribuíam à Lei e
à Justiça. Se a sociedade, por meio de suas leis e de seus tribunais, castiga o vício e
recompensa a virtude, as relações humanas tendem a melhorar, pois o amor ao bem-
estar e o medo das penalidades são molas propulsoras da boa conduta.

O Cristianismo defenderá a doutrina do livre arbítrio, que marcará indelevelmente


as ideias medievais atinentes ao comportamento humano. Portanto, as normas e os
preceitos cristãos, se respeitados, garantirão um convívio humano satisfatório. “Ama
a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a ti mesmo” é o lema básico que
permitirá aos homens viver em paz e conquistar a Vida Eterna.

No século XVI, assinala-se novo ponto de vista. Maquiavel sustentará que a natureza
humana é antes má do que boa. O homem, entregue a si mesmo, acabará fatalmente
por agir mal. Para evitá-lo, é necessário que o Príncipe, o dirigente iluda o povo,
levando-o inconscientemente a praticar o bem, fazendo-o pensar, ao contrário, que
está atingindo seus fins egoístas.

Nas relações humanas, nada é mais importante do que nossa motivação em estar
com outro, participar na coordenação de caminhos ou metas a alcançar. Um fato
merecedor de nossa atenção é que o homem necessita viver com outros homens,
pela sua própria natureza social, mas ainda não se harmonizou nessa relação. Lewin
(1965) considerou o grupo como o terreno sobre o qual o indivíduo se sustenta e

75
UNIDADE III │ ASPECTOS GERENCIAIS E OPERACIONAIS

se satisfaz. Um instrumento para satisfação das necessidades físicas, econômicas,


políticas, sociais etc.

Fases do grupo
Fase Inicial: é o momento em que o grupo está na expectativa, faz perguntas quanto
às normas e as regras do jogo. As atitudes são torpes e mal coordenadas, também
denominadas de Infância Grupal.

Fase Intermediária: momento de confrontação e conflitos de dependência e contra


dependência. Pode ser uma fase dificultadora. Aborda o movimento e o momento do
grupo denominado de Adolescência Grupal.

Fase Final: apoia a ideia do outro. Pode ser também uma fase dificultadora, se os
membros do grupo formarem relações duais, desfacelando o grupo. Aqui temos a
Maturidade Grupal.

O grupo também tem necessidade de receber informações sobre o seu desempenho.


Ele pode precisar saber se há muita rigidez nos procedimentos, se está havendo
utilização de pessoas e de recursos, qual o grau de confiança no líder e outras
informações sobre o seu nível de maturidade como grupo.

Os mesmos problemas envolvidos no feedback individual estão presentes no grupo


em maior ou menor grau. Assim, o grupo pode receber feedback de:

»» membros atuando como participantes-observadores;

»» membros selecionados para desempenhar uma função específica de


observador para o grupo;

»» consultores externos ou especialistas que vêm para fazer observações,


valendo-se de perspectivas mais objetivas;

»» formulários, questionários, folhas de reação, entrevistas.

O comportamento coletivo e o líder negativo


No comportamento coletivo, a comunicação é de importância primordial. Foi
comprovado que há um “marca-passo” durante um considerável período de tempo,
antes de começar a agir. O “marca-passo” é a ação dos membros individuais, tentando
apurar primeiro o que os demais pretendem fazer.

76
ASPECTOS GERENCIAIS E OPERACIONAIS │ UNIDADE III

Nessas condições, há uma hipersensibilidade às pistas. Qualquer ação realizada por


um indivíduo pode fornecer uma pista orientadora, que precipitará o comportamento
dos demais.

Podemos dizer que o líder negativo é então o precipitador do pânico. Ele é o que
oferece a primeira pista, ou seja, é quem deflagra o pânico, já que o momento é
propício para uma manifestação.

Então, por meio de imitação, generaliza tensão emocional para todos os participantes,
chegando a ser incontrolável. Se desejarmos controlar o pânico e não perder a gestão
da crise, devemos evitar o surgimento do “líder do pânico”.

Manifestações emocionais típicas do pânico


»» Medo/Fuga – o medo, de modo geral, intensifica os movimentos de
fuga, que se destinam a conduzir o indivíduo para longe do estímulo
amedrontador.

»» Cólera/Agressão – os atos de coibição (repressão) agem como estímulo


para provocar a fúria, levando o indivíduo à agressão.

»» Ansiedade – quando temos medo, sabemos o que nos ameaça, somos


dinamizados pela situação, nossa percepção é aguçada e tomamos
medidas para fugir ou evitar, de outras maneiras, o perigo.

A ansiedade pode desorientar e afastar temporariamente o conhecimento nítido e


claro, obscurecendo dessa forma a realidade que o rodeia, causando reações físicas
como: transpiração excessiva, palpitações, opressões na região do estômago, alterações
respiratórias etc. Por isso, fica comprovado que, quando da realização de suas
atividades operacionais, os bombeiros devem sempre que possível trabalhar para evitar
a ansiedade.

A Formação e real importância dos grupos


Podemos dizer que a formação dos grupos ocorre basicamente pela tendência
natural do homem a se agrupar e viver em comunidades. Isso teve início já na idade
pré-histórica e é o que chamamos de instinto gregário ou afiliativo, que advém da
própria razão de suprir as necessidades fisiológicas e as psicológicas (proteção e afeto).

77
UNIDADE III │ ASPECTOS GERENCIAIS E OPERACIONAIS

A importância da convivência em grupo está na ajuda e apoio, sem os quais, na


realidade, não poderíamos sobreviver. Isso é sentido especialmente em condições
de tensão ou em situações de mudanças. Outro fator importante é o aumento da
autoestima, quando nos sentimos correspondendo às expectativas do grupo. De forma
geral, adquirimos em grande parte as crenças, sentimentos e atitudes dos grupos dos
quais participamos. Eles nos influenciam sempre, quer direta ou indiretamente,
consciente ou inconscientemente.

Integração dos indivíduos ao grupo


Viver em grupos/comunidade exige de nós uma constante revisão do nosso modo de
agir e policiamento de nosso comportamento. Isso pode ser feito por meio de uma
autoanálise, pois só assim corrigiremos certas atitudes e evitaremos certas reações.
Para o indivíduo viver em sociedade, precisa de um aprendizado, de um treinamento
e, naturalmente, conhecer seu grupo e todos os fatos de ordem psicológica que possam
garantir sua permanência nele.

O processo de integração de um indivíduo em grupo é facilitado ou dificultado pelo


ambiente em que ele se desenvolve. O fator que favorecerá essa integração será o
de corresponder às expectativas do grupo. É importante observar, sobretudo, que
devemos ser coerentes primeiramente conosco.

A importância de trabalharmos em grupos e


em regime de comunidade
Entre tantas vantagens de se trabalhar em grupo podemos destacar:

»» realização de atividades e missões cuja realização é impossível por apenas


um indivíduo;

»» troca de ideias, esclarecimento de dúvidas e até reformulações de


conceitos;

»» autoafirmação, disciplina e educação do indivíduo;

»» proteção moral e física do homem. É de grande valia para o indivíduo se


sentir seguro com relação ao seu grupo;

»» humanização do homem, em que o grupo força cada elemento a refrear


seus impulsos naturais, respeitando-se mutuamente, pela própria
necessidade de autopreservação.

78
CAPÍTULO 2
Aspectos operacionais

Aspectos operacionais
O fogo é, por um lado, um dos riscos que mais perdas econômicas ocasionam, tanto
humanas como materiais, e, por outro lado, são muitas as atividades do ser humano
nas quais estão presentes tanto o fogo quanto materiais suscetíveis de se incendiarem
com facilidade, razão pela qual o estudo das condições desse fogo é indispensável,
buscando-se alcançar um manejo controlado.

A finalidade da prevenção e da extinção de incêndios é não somente a proteção da vida


humana como também a conservação da propriedade. Assim, há que considerar os
seguintes fatores durante as atividades de bombeiro:

»» projeto das instalações e das características dos materiais de construção;

»» equipamentos de detecção e extinção, de confiabilidade comprovada;

»» periódica manutenção de instalações;

»» organização adequada dentro de uma política de autoproteção a


contemplar um plano de emergências adequado aos possíveis cenários
acidentais da edificação/local de trabalho.

Proteção contra incêndios

A proteção contra incêndios pode ser passiva ou ativa.

Equipes de emergência

As brigadas de emergência constituem o conjunto de pessoas especialmente treinadas


e organizadas para efetuarem a prevenção, atuarem em acidentes no âmbito do
estabelecimento e apoiarem os bombeiros no que for possível e estiver dentro de suas
atribuições.

Chefe de Emergência (CE)

O chefe de emergência, que pode ser o Bombeiro Civil Mestre e, na ausência


deste, o Bombeiro Líder, é a máxima autoridade no estabelecimento durante as

79
UNIDADE III │ ASPECTOS GERENCIAIS E OPERACIONAIS

emergências. Consequentemente, é ele que decide quanto ao momento da evacuação


do estabelecimento. Quando da chegada do Bombeiro Público (civil ou militar), ele se
reportará a este, ficando à disposição para auxiliar e fornecer o suporte adequado.

A partir do centro de comunicações do estabelecimento e dependendo da informação


recebida pelo chefe de intervenção quanto à evolução da emergência, envia à área
sinistrada as ajudas internas disponíveis e busca a ajuda externa necessária a seu
controle.

Chefe de Intervenção (C.I.)

O chefe de intervenção avalia a emergência e assume a direção e a coordenação das


equipes de intervenção.

Sua missão pode englobar as seguintes tarefas:

a. dirigir as operações de extinção no ponto de emergência, em que


representa a máxima autoridade;

b. informar ao chefe de emergência sobre a evolução da emergência.

O chefe de intervenção deve ter um profundo conhecimento em matéria de segurança


contra incêndios e do plano de autoproteção.

Tabela 13. Funções do chefe de emergência e do chefe de intervenção.

Chefe de emergência Chefe de intervenção


»» Situa-se no ponto da emergência
»» Máxima autoridade »» Situa-se no ponto da emergência
»» Decide o momento da evacuação »» Informa ao chefe de emergência
»» Ordena que se investigue o acidente »» Dirige as operações de extinção
»» Permanentemente localizável
Fonte: próprio autor.

Equipe de Primeira Intervenção (E.P.I.)

Seus componentes dirigem-se ao local da emergência com o objetivo de tentar


controlá-la.

Sua principal missão engloba as seguintes tarefas:

a. uma importante ação preventiva, já que seus integrantes conhecem as


normas fundamentais de prevenção contra incêndios;

80
ASPECTOS GERENCIAIS E OPERACIONAIS │ UNIDADE III

b. combater princípios de incêndio com extintores portáteis (meio de


primeira intervenção) em sua zona de atuação (planta, setor etc.);

c. apoiar os componentes da equipe de segunda intervenção quando sendo


a isso requerida.

A atuação dos membros dessa equipe será sempre por pares.

Equipe de Segunda Intervenção (E.S.I.)

Seus componentes atuam quando, em razão da gravidade, a emergência não puder ser
controlada pelas equipes de primeira intervenção, dando apoio aos serviços externos
quando necessário.

Essa equipe representa a máxima capacidade extintora do estabelecimento.

Seu âmbito de ação engloba qualquer ponto do estabelecimento no qual possa ocorrer
uma emergência.

Equipe de Alarme e Evacuação (E.A.E.)

Seus componentes realizam ações voltadas a garantir uma evacuação total e ordenada
de seu setor, garantindo que tenha sido dado o alarme.

A missão fundamental dessa equipe abrange as seguintes tarefas:

a. preparar a evacuação, comprovando que as vias de evacuação estão livres;

b. dirigir o fluxo:

›› rumo às vias de evacuação;

›› controlando a velocidade da evacuação e impedindo aglomerações em


saídas e acessos a escadarias; e

›› impedindo a utilização de elevadores nos casos de incêndio.

c. comprovar a evacuação de suas zonas.

Ordem de abandono/evacuação

O responsável máximo do departamento de prevenção e combate a incêndio ou maior


nível hierárquico da empresa, conforme o caso, determinará o início do abandono,

81
UNIDADE III │ ASPECTOS GERENCIAIS E OPERACIONAIS

devendo dar prioridade à evacuação dos setores atingidos, dos pavimentos superiores
a estes, os setores próximos e os locais de maior risco.

Equipe de Primeiros Socorros (E.P.S.)

Seus componentes prestam os primeiros socorros a lesionados pela emergência.

Composição das equipes de emergência


Para saber qual é a composição das equipes de emergência, há que se considerar, entre
outros, os seguintes aspectos:

»» características da edificação/local de trabalho;

»» características dos ocupantes da edificação e cenários acidentais;

»» nível de ocupação e nível de risco representado pelas atividades


desenvolvidas.

Desenvolvimento de plano de resposta


Devem ser projetados esquemas operacionais com a sequência de atuações a
implementar em cada uma das ações dos planos de resposta, dependendo da gravidade
da emergência, do lugar da emergência e do pessoal disponível à realização das tarefas
de autoproteção. Quando a complexidade assim aconselhar, devem ser elaborados
parciais esquemas de operacionalidade.

Os esquemas estarão simplesmente ligados às operações a realizar nas ações de alerta,


alarme, intervenção e apoio entre as chefias e as equipes de emergência.

Organização

O titular da atividade poderá delegar a coordenação das ações necessárias à


implantação e à manutenção do plano de autoproteção a um chefe de segurança que,
no caso de uma emergência, poderá assumir a função de chefe de emergência.

Quando por sua importância assim se considerar necessário, deve-se criar o comitê de
autoproteção, cuja missão consistirá em dar assessoria à implantação e à manutenção
do plano de autoproteção.

82
ASPECTOS GERENCIAIS E OPERACIONAIS │ UNIDADE III

Meios técnicos

Tanto as instalações de proteção contra incêndios como as suscetíveis de provocá-los


serão submetidas às condições gerais de manutenção e uso estabelecidas pela legislação
vigente.

Se exigido pela regulamentação, o estabelecimento deverá contar com as instalações


precisas.

Para a informação às ajudas externas em caso de emergência, há que dispor de acesso


ao estabelecimento de um completo jogo de planos, colocados dentro de um armário
ignífugo com o rótulo “USO EXCLUSIVO DE BOMBEIROS”.

Meios humanos

a. Devem ser efetuadas reuniões informativas para todos os empregados do


estabelecimento visando explicar o plano de emergência, entregando a
eles um folheto com as disposições gerais de autoproteção:

›› precauções a adotar visando evitar causas de emergência;

›› modo com que devem informar quando detectada uma emergência


interna;

›› modo com que se transmitirá o alarme em caso de emergência;

›› informação sobre o que se deve ou não fazer em caso de emergência.

b. As equipes de emergência e suas chefias receberão formação a lhes


capacitar ao desenvolvimento das ações a elas pertinentes e estabelecidas
no plano de emergência.

Serão programados, pelo menos uma vez por ano, cursos de formação
para equipes de emergência e para seus responsáveis. Como exemplo
disso, cabe assinalar que as equipes de primeira e segunda intervenções
devem ter formação em matéria de:

›› conhecimento do fogo;

›› medidas de prevenção;

›› agentes extintores;

›› meios de extinção.

83
UNIDADE III │ ASPECTOS GERENCIAIS E OPERACIONAIS

Além disso, terão a formação adequada ao combate ao tipo de fogo


com que possam se deparar no estabelecimento com meios de primeira
intervenção (extintores portáteis); para as equipes de primeira e
de segunda intervenção (mangueiras); para as equipes de segunda
intervenção e, no caso de uso de equipamentos especiais (sistemas fixos
de extinção, sistemas manuais de espuma etc.).

Devem, nesse sentido, conhecer suficientemente o plano de emergência.

c. Devem ser afixados cartazes para informar ao usuário e visitantes


do estabelecimento sobre atuações de prevenção contra riscos e o
comportamento a seguir em caso de emergência.

Programa de implantação
Prepara-se um programa, atendendo às prioridades e com calendário correspondente,
contendo as seguintes atividades:

a. levantamento dos fatores que influem sobre o risco potencial;

b. levantamento dos meios técnicos de autoproteção;

c. avaliação de riscos;

d. elaboração de planos;

e. redação do manual de emergência e dos planos de atuação;

f. incorporação dos meios técnicos previstos para sua utilização nos planos
de atuação (alarmes, sinalização etc.);

g. redação de ordens de prevenção e atuação em caso de emergência para o


pessoal do estabelecimento e para usuários;

h. elaboração dos planos “Você está aqui”;

i. redação de ordens de prevenção e atuação em caso de emergência para os


componentes das equipes do plano de emergência;

j. reuniões informativas para todo o pessoal do estabelecimento;

k. seleção, formação e treinamento dos componentes das equipes de


emergência.

84
ASPECTOS GERENCIAIS E OPERACIONAIS │ UNIDADE III

Programa de manutenção
Prepara-se um programa anual com o correspondente calendário, a compreender os
seguintes itens:

a. cursos periódicos de formação e treinamento pessoal;

b. manutenção das instalações suscetíveis de provocarem incêndio


(caldeiras, cozinhas etc.);

c. manutenção das instalações de detecção, alarme e extinção de incêndio


em conformidade com o estabelecido pela legislação vigente;

d. inspeções de segurança;

e. simulações de emergência.

Investigação de sinistros
Ocorrendo situação de emergência no estabelecimento, serão investigadas as causas de
sua origem, propagação, consequências, analisando-se o comportamento de pessoas
e equipes de emergência, com a adoção das necessárias medidas corretivas. Essa
investigação se concretizará num relatório que se remeterá aos órgãos responsáveis.

Comunicação interna e externa


Nas empresas e/ou plantas industriais muito grandes ou onde houver mais de um
pavimento, setor, bloco ou edificação, deve ser estabelecido previamente um sistema
de comunicação entre os bombeiros, com vistas a dar agilidade e padronização quando
do atendimento a uma situação real ou simulado de emergência desencadeado.

Caso seja necessária a comunicação com meios externos (Corpo de Bombeiros, SAMU
ou Plano de Auxílio Mútuo), deve ser definido no plano de emergência da unidade o
responsável por fazer essa comunicação, lembrando que essa atividade pode e terá
repercussões externas. Esse profissional deve ser treinado e preparado para esse tipo
de intervenção, devendo ainda estar instalado em local seguro e estratégico para o
abandono do prédio e/ou evacuação geral da planta/unidade.

Condutas de segurança durante controle de


emergências
Nos países anglo-saxônicos, é comum usarmos a expressão “segurança”, em seu
aspecto geral, que é comumente dividido em duas áreas: o “safety”, que está
relacionado com segurança do trabalho e higiene ocupacional, incluindo proteção
contra incêndios e explosões, proteção ambiental, que podemos denominar também
85
UNIDADE III │ ASPECTOS GERENCIAIS E OPERACIONAIS

de segurança ambiental, em que temos presentes ações preventivas e fiscalizadoras


para a proteção do meio ambiente e das pessoas que nele habitam; a outra definição,
que é a “security”, está relacionada à segurança física/privada, como invasões, furtos,
roubos, vandalismos, criminalidade grave, bem como terrorismo.

Atualmente, têm-se desenvolvido técnicas novas de concepção dos espaços, de


articulação das atividades e de organização da sociedade quanto a medidas de
prevenção, proteção e intervenção que sucintamente poderiam encaixar no conceito
de Engenharia de Segurança.

Avaliação das condições de trabalho

Na hora de abordar o problema das condições de trabalho e suas repercussões na saúde,


torna-se necessário avaliar os distintos elementos ou situações que podem influir no
modo com que se realiza o trabalho e que podem afetar a saúde, sob uma ótica conjunta,
ou seja, estudando o posto de trabalho e os trabalhadores.

Para uma maior clareza no momento de efetuar esse estudo, as condições de trabalho
podem ser classificadas em cinco grupos de diferente índole e que, em um número
muito importante de ocasiões, podem afetar simultaneamente os trabalhadores:

»» Condições de segurança: nesse grupo podem ser consideradas todas


aquelas condições materiais que guardem uma relação direta com a
possível ocorrência de acidentes de tipo laboral; nelas há que se incluir
os elementos móveis, cortantes, submetidos à tensão, combustíveis etc.

Para poder controlar todos esses elementos, é preciso estudar sob esse ponto de vista
máquinas e ferramentas, equipamentos de transporte, instalações elétricas, sistemas
contra incêndios etc.

»» Ambiente físico de trabalho: nesse grupo, contempla-se o ambiente


de trabalho relacionado fundamentalmente às condições físicas:
acústica, vibrações, iluminação, radiações ionizantes e nãoionizantes,
condições termo-higrométricas, entre outras, visando estabelecer não
somente alguns níveis de exposição a esses agentes abaixo daqueles que
se podem considerar como prejudiciais à saúde dos trabalhadores, mas
que também permitam desenvolver as tarefas de maneira eficiente sem
afetar o seu rendimento.

»» Contaminantes químicos e biológicos: esse grupo engloba


aqueles contaminantes de caráter químico ou biológico que possam

86
ASPECTOS GERENCIAIS E OPERACIONAIS │ UNIDADE III

estar presentes no ambiente de trabalho, provocando não apenas


efeitos negativos à saúde, como também moléstias e alterações no
desenvolvimento das tarefas, motivos pelo quais seja necessário
identificá-los, avaliá-los e controlá-los.

»» Carga de trabalho: nesse grupo são englobados todos aqueles


aspectos relacionados a exigências tanto de tipo físico quanto mental
para a realização de uma determinada tarefa, como os esforços e as
forças aplicadas, as posturas de trabalho, os movimentos (repetitivos),
a manipulação manual de cargas, os níveis de atenção, os níveis de
responsabilidade etc., que podem chegar a implicar uma determinada
carga de trabalho para a pessoa, seja essa carga física, seja mental.

»» Organização do trabalho: nesse grupo são estudados todos aqueles


fatores pertencentes à organização, como os relacionados à distribuição
de tarefas, à distribuição de funções e responsabilidades, à distribuição
horária, à velocidade de execução, às relações interpessoais etc., que
podem chegar a trazer consequências negativas à saúde do trabalhador,
não somente no nível físico, como também nos níveis social e mental.

Segurança humana
Essa expressão foi usada utilizada pela Organização das Nações Unidas, no âmbito
do Programa das Nações Unidas para o desenvolvimento (PNUD), pela primeira
vez no ano de 1994. Sendo esse programa (Segurança Humana) o start para uma
reflexão em nível mundial no que tange às novas dimensões da segurança humana,
atualmente esse conceito é usado por muitos estudiosos acadêmicos, especialistas e
investigadores no sentido de revelar que a segurança humana tem um caráter mais
amplo e multidimensional, que é interdependente, universal e preventivo.

Dessa forma, notamos que esse conceito é muito mais amplo do que a segurança em
sentido mais básico e restrito o qual se refere à vida, integridade física e à saúde.

Esse conceito possui muitas faces e dimensões que podem inclusive ser estudadas.
Podemos falar de temas poucos abordados, como segurança política, frequentes
e notórios abusos e violações de direitos humanos; da já conhecida e abordada
segurança pessoal e individual, diante da criminalidade e presente violência contra as
mulheres, e até mesmo ao terrorismo doméstico; de outro lado pode estar relacionado
à segurança ambiental e ecológica, diante da poluição e degradação atmosférica, dos
corpos hídricos, terra e florestas; ou, ainda, relacionado à segurança alimentar, tendo

87
UNIDADE III │ ASPECTOS GERENCIAIS E OPERACIONAIS

em vista a iminente falta de alimentos, bem como aos riscos relativos a produtos
químicos e biológicos perigosos à saúde humana. Ou seja, podemos notar que a
segurança humana está relacionada apenas à ordem pública e ao fiel cumprimento
das leis, mas extrapola, indo a outras esferas e dimensões internas do ser humano,
bem como da interação e inter-relação deste com o contexto social e natural.

Ações e atuações preventivas


O primeiro e mais importante princípio de ação que se deve aplicar à empresa quando
da realização de ações preventivas não deve se voltar à realização da avaliação inicial
dos riscos, mas a evitar os riscos à segurança e à saúde dos trabalhadores. Daí se deduz
ser aconselhável, em muitas ocasiões, adotar medidas voltadas ao controle dos riscos,
sem necessidade de se efetuar uma avaliação formal desses riscos.

O segundo dos princípios de ação preventiva consiste em avaliar os riscos à segurança


e à saúde dos trabalhadores que não possam ser evitados. Isso deve permitir ao
empresário priorizar e temporizar todas aquelas atividades preventivas que tenha que
realizar.

Finalmente, o terceiro princípio de ação preventiva consiste em combater os riscos em


sua origem. Esse princípio, assim como o anterior, volta a incidir de modo muito claro
no conceito de prevenção, ou seja, de adoção de medidas adequadas a se poder atuar
sobre os próprios riscos, sobre os distintos elementos que intervêm na hora de qualificar
os riscos ou, o que dá no mesmo, sobre a probabilidade, sobre as consequências, ou
sobre ambas simultaneamente.

Essa forma de atuação, considera-se, deve ser realizada por meio de uma ação
planejada e organizada, antepondo-se sempre a proteção coletiva à individual, ao
mesmo tempo se devendo definir e implantar sistemas de gestão da prevenção a
englobarem, como elemento muito importante, a formação dos trabalhadores
quanto aos riscos a que estão submetidos e às medidas preventivas a adotar.

As atuações preventivas na empresa, (considerando apenas as medidas de prevenção


e não as de proteção) podem ter naturezas muito distintas, dependendo do tipo e da
prioridade em sua adoção, dos resultados e da informação que se tenha obtido durante
o processo de avaliação dos riscos.

Do ponto de vista particular, essas atuações podem ser:

»» de tipo material: consistem, fundamentalmente, na adoção de uma ou


de várias medidas de tipo técnico ou material, voltadas principalmente a

88
ASPECTOS GERENCIAIS E OPERACIONAIS │ UNIDADE III

evitar ou reduzir a possibilidade de risco, atuando-se sobre a probabilidade


de o dano ocorrer;

»» de formação e informação aos trabalhadores: trata-se, também,


de uma medida de tipo técnico, ainda que nem sempre considerada
dessa natureza; consiste em fazer com que os trabalhadores possam ter
conhecimento da existência e da importância de determinados riscos
suscetíveis de se apresentarem em seus postos e centros de trabalho e
das medidas a tomar visando combatê-los ou eliminá-los.

Independentemente dessa classificação e dos modos de atuação preventiva, na prática,


há que se ter presente que as medidas preventivas tomadas de modo isolado geralmente
não são muito eficazes, motivo pelo qual se tem que recorrer à adoção de uma série de
medidas complementares umas com relação às outras. Nessas condições, as empresas
podem se mostrar com a disposição apropriada de manter os níveis de risco dentro de
certos limites considerados aceitáveis.

Não raro, faz-se necessário complementar as atuações preventivas com uma série
de atuações cotidianas nas empresas, que, por razões de distinta índole, não são
implementadas com a frequência necessária: atuações de manutenção preventiva de
máquinas, equipamentos, instalações, centros e locais de trabalho, entre outros, sem
cujo concurso torna-se muito difícil efetuar uma prevenção eficaz dos riscos na maioria
das empresas.

Convém destacar algumas atuações preventivas de grande importância:

»» a avaliação dos riscos, que permitirá obter toda aquela informação que
se considere necessária para que a empresa se mostre em condições de
tomar uma decisão apropriada quanto à necessidade ou não de adotar
medidas preventivas, e, sendo o caso, do tipo de medidas preventivas de
necessária adoção;

»» as inspeções ou rondas de prevenção de riscos, que basicamente


consistem na realização de uma análise observando-se, direta e
ordenadamente, instalações e processos, máquinas, equipamentos etc.,
buscando-se avaliar os riscos que possam afetar a segurança e a saúde
dos trabalhadores.

Entretanto, como mencionado, a maioria das atuações desse tipo é efetuada


estruturando-se em várias técnicas preventivas (segurança no trabalho, higiene
industrial, medicina do trabalho, ergonomia e psicossociologia aplicada à prevenção),

89
UNIDADE III │ ASPECTOS GERENCIAIS E OPERACIONAIS

e que são aquelas disciplinas dirigidas a prevenir contra os possíveis danos à segurança
e à saúde dos trabalhadores, derivados das distintas condições de trabalho que se
podem apresentar em cada um dos postos de trabalho.

Cultura de segurança
Freitas (2003) cita que: “a cultura de segurança pode ser definida como o conjunto de
valores, crenças, rituais, símbolos e comportamentos que partilhamos com outros e nos
ajudam a caracterizar como um grupo”.

Dessa forma e na mesma linha de raciocínio, podemos dizer que a cultura de


segurança representa o somatório de valores individuais e coletivos, atitudes,
posturas, percepções, competências e padrões comportamentais que determinam o
empenho e a eficácia dos executores no que tange à proteção como a gestão de saúde
e segurança do trabalho no meio corporativo (empresarial).

Monteiro e Duarte (2007:1169) vão mais além ao afirmarem que “a cultura de segurança
é uma construção social aprendida e partilhada, que envolve valores, crenças e normas,
relativas à segurança, transmitida por processos de interação social, e que orienta o
sistema cognitivo e de ação dos seus membros face à segurança”.

Tratando da relação bombeiros e segurança, podemos dizer que ainda há um déficit


nessa cultura de segurança, e isso se estende aos diversos níveis hierárquicos, quer
seja civil ou militar, e isso está muito relacionado à nossa cultura de autoexclusão, não
somente quanto aos valores declarados, mas sobretudo a valores em uso na totalidade.

A segurança em geral muitas vezes é tratada como matéria secundária. Considerando


as ideias de que os bombeiros e respondedores de emergência são invulneráveis, a
mentalidade que muitos têm é do bombeiro herói, constituindo-se num grave erro,
pois qualquer respondedor não era para se achar herói e invulnerável, e sim técnico
especializado.

Em resumo, podemos dizer que a segurança deve constituir parte essencial dos valores
e objetivo duma instituição, seja militar ou uma organização civil, não podendo, dessa
forma, ser considerada uma mera prioridade, até porque as prioridades mudam a
todo momento. Por isso, o adequado seria se constituir num somatório de todas as
prioridades, representando um desafio organizacional. Devemos ter a “segurança”
nas suas várias áreas e formas de atuação como um valor e visão que não pode ser
menosprezado e muito menos esquecido, pois dele depende o sucesso da missão, bem

90
ASPECTOS GERENCIAIS E OPERACIONAIS │ UNIDADE III

como a salvaguarda da integridade física e mental dos profissionais envolvidos nas


operações de resposta a emergência.

Procedimento R.C.I.S.E.R

Em combate a incêndios, o respondedor, sempre que possível, deverá aplicar o


procedimento RCISER conforme abaixo:

»» R = Reconhecimento.

»» C = Confinamento.

»» I = Isolamento.

»» S = Salvamento.

»» E = Extinção.

»» R = Rescaldo.

Vale lembrar que os itens 3 e 4 referem-se especificamente aos Bombeiros (civis ou


militares), por tratar de combate a incêndios, uma vez que a brigada de incêndio está
apta apenas para atuar em:

»» situações de emergência;

»» princípio de incêndio;

»» situações que exijam o abandono do edifício, para que se faça, em


condições seguras, evitando-se o pânico e o descontrole.

Portanto, sempre orientar a brigada de incêndio sob seu comando para somente
combater em casos de princípios de incêndio e sempre tomar cuidado com os
equipamentos, procurando agir com calma, evitando acidentes pessoais; jamais aplicar
jato direto na rede elétrica, nunca se expor à fumaça ou a gases tóxicos, e somente
permanecer atacando o fogo enquanto dispuser de recursos e meios de fuga.

91
CONDUTAS
OPERACIONAIS E UNIDADE IV
DE SEGURANÇA

CAPÍTULO 1
Ameaças e vulnerabilidades

Classificação das atividades de trabalho na


visão da prevenção de riscos
É o passo preliminar para a avaliação de riscos antes do início das atividades de
atendimento a uma emergência ou na fase de inspeções de área de circulação e trabalho,
e consiste em preparar uma lista de atividades de trabalho agrupadas de modo racional
e manejável. A título de exemplo, as atividades podem ser assim classificadas:

»» em áreas externas às instalações da empresa;

»» etapas no processo de produção ou na prestação de um serviço;

»» trabalhos planejados e de manutenção;

»» tarefas definidas.

Em seguida, deve-se obter, para cada uma das atividades, o máximo de informação
possível, por exemplo:

»» tarefas a realizar, sua duração e frequência;

»» local de realização do trabalho;

»» quem realiza o trabalho, tanto permanente como ocasional;

»» outras pessoas que possam ser afetadas pelas atividades do trabalho, por
exemplo, visitas, prestadores de serviços etc.;

»» formação dos trabalhadores para a execução das tarefas;

92
CONDUTAS OPERACIONAIS E DE SEGURANÇA │ UNIDADE IV

»» procedimentos escritos de trabalho, e/ou permissões de trabalho;

»» instalações, maquinário e equipamentos utilizados;

»» ferramentas manuais movidas a motor;

»» instruções de fabricantes e fornecedores com relação ao funcionamento


e à manutenção, tanto da instalação quanto do maquinário e de
equipamentos;

»» tamanho, forma, caráter, peso etc. de materiais a utilizar;

»» distância e altura de mobilização manual de materiais, produtos etc.;

»» energias utilizadas;

»» substâncias e produtos utilizados e gerados;

»» estado físico das substâncias utilizadas, como gases, vapores, líquido, pó


etc.;

»» conteúdo e recomendações dos rótulos;

»» exigências da legislação vigente quanto ao modo de realização do trabalho,


quanto a instalações, maquinário e substâncias empregadas;

»» medidas de controle existentes;

»» dados compilados sobre acidentes, incidentes, enfermidades profissionais


derivadas da atividade desenvolvida, dos equipamentos e das substâncias
utilizadas;

»» compilação de dados tanto externos quanto internos da organização;

»» dados sobre avaliações de riscos efetuadas anteriormente; e

»» organização do trabalho.

Ambiente externo x Análise de Risco


A análise inicial deve ser realizada tendo em vista uma visão ampla, genérica e
abrangente e direcionada a toda área no entorno do evento, uma vez que sabemos que
muitos riscos/perigos estão diretamente relacionados ao local em que será realizado o
atendimento.

93
UNIDADE IV │ CONDUTAS OPERACIONAIS E DE SEGURANÇA

Podemos dizer que tanto o perfil como a situação socioeconômica da localidade


sinistrada, das residências, vias de acesso e suas condições, estruturas de resposta a
emergências e de serviços de apoio, delegacias e postos da polícia, hospitais, quartéis
de bombeiros e concessionárias de serviços públicos (água e luz) são apenas alguns
exemplos do que precisa ser levantado.

Ambiente interno x Análise de Risco


Deve ser feito um levantamento amplo e abrangente das condicionantes da ocorrência
bem como do local em que ele ocorrerá. No que tange ao funcionamento do evento como
um todo, podemos dizer que todas as informações necessárias devem ser fornecidas
pelo próprio gestor do evento quando da fase de planejamento. Essa análise tem por
objetivo identificar qual é a estrutura oferecida bem como quais vulnerabilidades estão
presentes e necessitam ser protegidas para que o evento esteja protegido e os riscos
possam ser controlados.

É importante pedir ao responsável pelo local da ocorrência do evento as autorizações


e alvarás de funcionamento, lembrando que deve ser preterida uma inspeção inicial
das instalações elétricas, hidráulicas, dos equipamentos de prevenção e combate a
incêndios e de segurança eletrônica. Sendo ainda adequado ter ciência e conhecimento
inclusive dos procedimentos de funcionamento do espaço a ser atendido, bem como
segurança da informação, quem faz a vigilância das portarias e acessos, por onde é o
acesso de pessoal e veículos, bem como locais de descarga de material.

Identificação dos Riscos


Após realizado o adequado levantamento das condicionantes dos ambientes externo e
interno, vem a fase da identificação dos riscos, os quais, segundo a bibliografia atual, são
divididos em quatro categorias, sendo elas: humanos, técnicos, naturais e biológicos.

a. Riscos Humanos

Riscos Humanos, intencionais e não intencionais, são ações que podem acontecer não
somente durante o evento, mas também antes do evento (fase de acesso) ou até depois
dele (saída do evento e dispersão de grupos), citamos como exemplos:

»» furtos, roubo e assaltos;

94
CONDUTAS OPERACIONAIS E DE SEGURANÇA │ UNIDADE IV

»» assédios e abusos diversos no que tange à presença de dignitários, artistas,


personalidades ou autoridades;

»» vandalismo e sabotagem;

»» ameaça de bomba;

»» mal súbito;

»» manifestações políticas;

»» uso de drogas.

b. Riscos Técnicos

Estão relacionados aos riscos oriundos e relativos à má utilização ou deficiência na


manutenção de instalações e/ou equipamentos, como os exemplos abaixo descritos:

»» palco, backstage, antessalas e salas de reunião, locais de recepção,


banheiros, cozinhas, entre outras;

»» instalações elétricas do ambiente a ser utilizado e/ou contratado para o


vento (geradores de energia);

»» equipamentos de luz e som que serão utilizados no evento.

c. Riscos Naturais

São específicos e relativos exclusivamente aos fenômenos da natureza, como ventos


e chuvas fortes, granizos, tempestades, descargas elétricas atmosféricas, enchentes,
deslizamentos de terra, ciclones e extraciclones e até terremotos.

d. Riscos Biológicos

São os riscos que podem expor as pessoas a intoxicação ou contaminação por


microrganismos ativos. Exemplos:

»» alimentos e bebidas;

»» água;

»» ar-condicionado;

95
UNIDADE IV │ CONDUTAS OPERACIONAIS E DE SEGURANÇA

»» cozinha;

»» lixeiras;

»» sistema de esgoto;

»» banheiros.

Após a correta identificação dos riscos que podem estar presentes, podemos utilizar
vários métodos para fazer essa análise. Isso dependerá da disponibilidade da ferramenta,
bem como do domínio do usuário dessa ferramenta, cabendo a este selecionar o método
que seja mais indicado para cada tipo de risco identificado. Se houver estatísticas de
ocorrência do risco, podem ser utilizados os métodos estatísticos, e, na inexistência
dessa necessidade, podem ser utilizados os métodos subjetivos, os quais se baseiam na
percepção e sensibilidade individual do analista, devendo ser empregados levando em
consideração as listas de verificação (LVs) e/ou checklists previamente elaborados.

Seja qual for a metodologia utilizada, a análise parte de um mesmo raciocínio:


identificar adequadamente quais são os riscos estão presentes, as possíveis ameaças, as
vulnerabilidades relativas ao evento em si, devendo ser relacionado com a probabilidade
da ocorrência de esses riscos identificados se concretizarem, bem como quais são os
possíveis impactos que podem ser provocados.

Análise e avaliação do risco


A avaliação de riscos comporta a existência de duas partes diferenciadas:

»» a análise de riscos; e

»» a avaliação de riscos.

»» Análise de riscos

A análise de riscos implica as seguintes fases:

a. identificar o perigo, entendendo como tal toda fonte ou situação com


capacidade de dano em termos de lesões, danos à propriedade, danos ao
meio ambiente, ou ainda uma combinação de ambos1; e

b. estimar o risco, entendendo como tal a combinação da frequência ou


probabilidade e das consequências que podem derivar da positivação de

1 OSHAS 18001:2007 suprime a extensão a “danos à propriedade” e a “danos no ambiente de trabalho”.

96
CONDUTAS OPERACIONAIS E DE SEGURANÇA │ UNIDADE IV

um perigo. A estimativa do risco implica ter que avaliar a probabilidade e as


consequências de positivação do risco.

Avaliação do risco

Após efetuar a análise de riscos e com a ordem de magnitude obtida para o risco, há que
avaliá-lo, ou seja, emitir um parecer sobre sua tolerabilidade ou não, falando de risco
controlado em caso afirmativo e finalizando com isso o processo de avaliação.

Não termina com isso a atuação, devendo manter-se em dia, o que implica que qualquer
mudança significativa em um processo ou atividade de trabalho deva conduzir a uma
revisão da avaliação.

Se, na avaliação do risco, chegar-se à conclusão de não ser ele aceitável, há que controlá-
lo, requerendo-se, para isso:

»» reduzir o risco por modificações no processo, produto ou máquina, e/ou


a implantação de medidas adequadas; e

»» a verificação periódica das medidas de controle tomadas.

Método de avaliação geral de riscos


O método de avaliação geral de riscos parte de uma classificação das atividades
do trabalho, exigindo posteriormente toda a informação que se faça necessária em cada
atividade.

Estabelecidas essas premissas, efetua-se a análise de riscos, identificando perigos,


estimando riscos e, finalmente, procedendo para avaliá-los, visando determinar serem
ou não aceitáveis.

Identificação de perigos

A fase mais difícil da avaliação de riscos é a identificação de perigos. Com efeito, não há
nenhum método que garanta a identificação de 100% dos perigos existentes em uma
atividade de bombeiro; portanto, os técnicos recorrem a instrumentos de identificação,
como as listas de checagem, e a instrumentos de gestão, como visitas periódicas,
inspeções planejadas, análise de acidentes, observação do trabalho, comunicação de
riscos etc.

97
UNIDADE IV │ CONDUTAS OPERACIONAIS E DE SEGURANÇA

Os perigos de uma organização de bombeiro estão relacionados tanto a atividades,


processos e substâncias nela utilizadas ou que possam estar presentes quanto às
características do ambiente no qual se desenvolvam essas atividades.

Para a identificação de perigos, há que se perguntar:

»» há uma fonte de dano?

»» quem pode sofrer dano?

»» como o dano pode ocorrer?

Dessa maneira, deve-se analisar:

»» as possíveis fontes de perigo (diagnóstico de fontes);

»» os elementos do ambiente humano suscetíveis de serem afetados.

Em primeiro lugar, com o objetivo de ajudar no processo de identificação de perigos, é


útil categorizá-los sob diversos modos, por exemplo, por temas:

»» local de trabalho: desníveis, rampas, portas, escadarias, iluminação,


entre outros;

»» eletricidade;

»» obras de construção;

»» agentes tóxicos e muito tóxicos e, em particular, agentes cancerígenos,


mutagênicos ou tóxicos à reprodução;

»» produtos químicos de alto risco;

»» deficiência de O2;

»» agentes biológicos;

»» explosivos;

»» âmbito das condições de trabalho (carga física, carga mental, estresse,


mobbing etc.);

»» patologias de origem laboral; e

»» outros aspectos, tais como ruído, vibrações, radiações ionizantes,


radiofrequências e micro-ondas.

98
CONDUTAS OPERACIONAIS E DE SEGURANÇA │ UNIDADE IV

E, em segundo lugar, levar em conta a identificação dos trabalhadores (ou de outros)


expostos aos riscos ligados a esses perigos.

Complementarmente, pode-se criar uma lista como: durante as atividades de trabalho


há os seguintes perigos:

»» golpes e cortes;

»» quedas de pessoas num mesmo nível;

»» quedas de pessoas em níveis diferentes;

»» quedas de ferramentas, materiais etc.;

»» espaço inadequado;

»» perigos associados ao manejo manual de cargas;

»» perigos associados a montagem, operação, manutenção, conserto etc. de


instalações e maquinário;

»» perigos ligados a veículos;

»» incêndios e explosões;

»» substâncias inaláveis;

»» substâncias ou agentes que podem danificar os olhos;

»» substâncias que podem causar dano por contato com a pele;

»» substâncias que podem causar danos ao serem ingeridas;

»» energias perigosas;

»» transtornos musculares derivados de movimentos repetitivos;

»» ambiente térmico inadequado;

»» iluminação inadequada;

»» ausência de grades de proteção;

»» etc.

A anterior lista deve ser ampliada ou modificada em função das características específicas
da atividade de trabalho que se considere.

99
UNIDADE IV │ CONDUTAS OPERACIONAIS E DE SEGURANÇA

Estimativa do risco
Buscando estabelecer prioridades para a eliminação e o controle de riscos, é necessário
dispor de metodologias para sua avaliação.

O risco é definido como o conjunto de danos esperados por unidade de tempo, ou seja,
é o produto:

»» da probabilidade de determinados fatores de risco incidirem em danos; e

»» da magnitude ou severidade dos danos (consequências).

Ambas as magnitudes devem ser quantificadas visando-se avaliar objetivamente o risco.

A probabilidade é a medida da facilidade ou da dificuldade de materialização do risco


em função das circunstâncias e das medidas de prevenção existentes.

Pode ser graduada de baixa a alta, segundo o seguinte critério:

a. alta probabilidade: o dano ocorrerá sempre ou quase sempre;

c. média probabilidade: o dano ocorrerá em algumas ocasiões;

d. baixa probabilidade: o dano ocorrerá raramente.

Na hora de verificar a probabilidade do dano, há que se certificar de que as medidas


de controle já implantadas são adequadas, revisar os requisitos legais etc. Ademais,
devendo-se levar em consideração os seguintes aspectos:

» trabalhadores especialmente sensíveis a determinados riscos;

»» frequência de exposição ao perigo;

»» falhas de componentes de instalações e máquinas, assim como dos


dispositivos de proteção;

»» exposição a elementos;

»» equipamento de proteção individual (EPI) e tempo de utilização;

»» atos inseguros das pessoas, tanto erros involuntários como violações


intencionais.

A magnitude ou severidade do dano é entendida como as consequências que possam


sobrevir ao trabalhador no caso de o acidente vir a ocorrer.

100
CONDUTAS OPERACIONAIS E DE SEGURANÇA │ UNIDADE IV

Como é lógico, as possíveis consequências de um acidente não são únicas, como também
o mesmo acidente, em função das circunstâncias que o envolvam, pode comportar
lesões muito graves ou nenhuma perda.

Assim, por exemplo, ante uma queda num mesmo nível ao se circular por um corredor
escorregadio, as consequências normalmente esperáveis são leves (hematomas,
contusões etc.), mas, com menor probabilidade, também podem ser graves e até mortais.

Para determinar a magnitude do dano, devem ser consideradas:

» as partes do corpo afetadas;

»» a natureza do dano, graduando-se ele de ligeiramente prejudicial a


extremamente prejudicial.

Como exemplos de magnitudes do dano, têm-se:

a. ligeiramente prejudicial: danos superficiais, cortes e pequenos


hematomas, irritação nos olhos causada por pó, desconforto, dor de cabeça,
entre outros;

b. prejudicial: lacerações, queimaduras, comoções, luxações importantes,


fraturas leves, surdez, dermatite, asma, transtornos musculoesqueléticos e
enfermidades que conduzam a menor incapacidade;

c. extremamente prejudicial: amputações, fraturas graves, intoxicações,


lesões múltiplas, lesões fatais, câncer e outras enfermidades.

101
CAPÍTULO 2
Segurança pessoal e operacional

Há até relativamente pouco tempo, as atividades realizadas pelos bombeiros deixavam


implícito que necessariamente se assumisse a existência de determinados perigos
ou riscos à segurança física ou à saúde das próprias pessoas, inerentes ao posto de
trabalho. Afortunadamente, a sociedade evoluiu ao ponto de, na atualidade, não se
pressupor, do mesmo modo que antes, a presença desses riscos associados ao trabalho,
mas se exigindo algumas melhorias substanciais das condições nas quais esse trabalho
se realiza.

Essas melhorias foram e continuam sendo de tal magnitude que tornaram possível a
eliminação de um número muito importante de riscos associados ao âmbito profissional,
sobretudo nas operações de combate a incêndio. Prova disso é que, à medida que
nossa sociedade evolui em muitos e diferentes aspectos, vai adquirindo maiores cotas
de segurança e saúde nos locais e postos de trabalho, chegando os trabalhadores a
considerar como um direito fundamental tanto a manutenção da saúde nos termos
assinalados pela Organização Mundial da Saúde (OMS) quanto adequadas condições
de trabalho.

Porém, basta analisar, ano após ano, as estatísticas sobre acidente de trabalho para
observar que a realidade cotidiana nos mostra que, em muitas ocasiões, não se atingiram
as cotas perseguidas nesse campo.

A partir desse ponto, há que se considerar que, em virtude de a saúde estar intimamente
relacionada ao trabalho e mais concretamente ao modo com que ele é executado, seria
conveniente estudar detalhadamente as condições a ele relacionadas a incidirem
diretamente na saúde dos trabalhadores.

Em primeiro lugar, depois de conceber a saúde como um conceito a ser necessariamente


considerado sob uma perspectiva integral, não parece o mais acertado analisar as
condições de trabalho e suas repercussões na saúde apenas com o estudo de uma
série de disciplinas sobre prevenção de riscos de trabalho, isoladas entre si e voltadas
principalmente à luta contra os acidentes de trabalho ou contra as enfermidades
profissionais, respectivamente, mas parecendo mais óbvio estudá-las sob uma ótica
global. Essa ótica é a que hoje se costuma conhecer como condições de trabalho,
conceito ao qual nos referiremos mais adiante.

102
CONDUTAS OPERACIONAIS E DE SEGURANÇA │ UNIDADE IV

Nesse contexto, na hora de realizar os estudos voltados à melhoria das condições


de trabalho dos bombeiros, quer sejam públicos ou privados, devem ser levadas em
consideração não somente aquelas condições destinadas a evitar acidentes de trabalho
e enfermidades profissionais, como também aquelas outras condições destinadas a
fazer com que o trabalho se realize em condições tais a não representarem prejuízos de
tipo físico, mental ou social, ao mesmo tempo em que as distintas exigências das tarefas
realizadas estejam em perfeita consonância com as próprias capacidades das pessoas
que as realizam.

Convencionalmente se veio utilizando uma série de disciplinas preventivas dirigidas


basicamente a identificar, prevenir e controlar aqueles riscos que poderiam chegar a
provocar acidentes de trabalho e enfermidades profissionais:

»» segurança laboral ou no trabalho: considerada como aquela


disciplina preventiva que estuda todos os riscos e as condições
materiais relacionadas ao trabalho que podem chegar a afetar direta
ou indiretamente a integridade física dos trabalhadores; seu objetivo é
melhorar as condições de trabalho, até conseguir tornar impossível ou,
no mínimo muito difícil a ocorrência de um acidente;

»» higiene industrial e/ou ocupacional: considerada como aquela


disciplina preventiva cujo objetivo fundamental é identificar, avaliar
e controlar as concentrações dos diferentes contaminantes, no caráter
físico, no químico ou no biológico, presentes nos postos de trabalho e
que podem chegar a provocar determinadas alterações na saúde dos
trabalhadores;

»» medicina do trabalho: considerada como aquela disciplina que,


partindo do conhecimento do funcionamento do corpo humano e do
meio em que ele desenvolve sua atividade, nesse caso o profissional, tem
como objetivos a promoção da saúde (ou prevenção contra a perda de
saúde), a cura das enfermidades e a reabilitação.

Apenas com o concurso dessas disciplinas, seja independentes ou conjuntas, não é


possível enfrentar as condições de trabalho que podem afetar a saúde dos trabalhadores,
considerando-se como saúde o equilíbrio dos aspectos físicos, psíquicos e sociais.

Posteriormente, as novas exigências das tarefas realizadas pelos bombeiros e demais


profissionais de resposta a emergência conduziram a ergonomia a considerar em seu
campo de aplicação aspectos muito diversos; por exemplo, os relacionados ao tempo
de trabalho (horário, pausas, ritmos...), assim como os temas associados à própria

103
UNIDADE IV │ CONDUTAS OPERACIONAIS E DE SEGURANÇA

organização do trabalho, que, por sua vez, podem influir no próprio comportamento
humano (Psicossociologia do Trabalho).

Ainda que cada uma dessas técnicas preventivas tenha objetivos perfeitamente
definidos e um campo de atuação totalmente delimitado, na prática se estabelece o
grande problema de não se poder considerar fronteiras precisas entre cada uma delas,
tendo-se que ampliar os citados limites para poder enfrentar a problemática existente
em cada situação.

A partir dessas novas necessidades se dá a incorporação ao estudo das condições


de trabalho de outras ciências ou disciplinas convencionais como a engenharia, a
arquitetura, a física, a química, a biologia, a sociologia e a psicologia, entre outras, que
permitem abordar esses estudos sob a visão integral requerida pelo próprio conceito de
saúde em seu sentido multidisciplinar, assim como o poder desenvolver novos modelos
de métodos de trabalho que permitam avançar de modo adequado no desenvolvimento
integral dos trabalhadores.

Contudo, a todos esses elementos de trabalho falta um fundamental que não é outro
senão o próprio trabalhador visto como elemento ativo nesses modelos, razão pela
qual, para que possa integrar-se à participação em prol da melhoria das condições
de trabalho, torna-se necessário, por sua vez, que possam se articular todas aquelas
ações voltadas à criação de uma cultura nesse campo, de modo que o permita avançar
continuamente na ideia de uma melhoria contínua das condições de trabalho.

Conceito de prevenção
Pode-se suscitar o problema de saber o que se entende como medidas preventivas e
quais são elas. Tradicionalmente, são as medidas tendentes a eliminar as consequências
negativas que os riscos podem trazer à segurança e à saúde dos trabalhadores, sendo
implementadas de duas diferentes maneiras:

a. mediante a utilização de técnicas de prevenção; e

b. mediante a utilização de técnicas de proteção.

As técnicas de prevenção (ou a prevenção) são aquelas voltadas a atuar diretamente sobre
os riscos antes de chegarem a se positivar em acidentes e, portanto, de poderem chegar
a trazer as possíveis consequências negativas à segurança e à saúde dos trabalhadores.

104
CONDUTAS OPERACIONAIS E DE SEGURANÇA │ UNIDADE IV

O conceito de prevenção implica que se atue necessariamente sobre o risco, seja


atuando sobre a probabilidade (o mais habitual), seja, em algumas ocasiões, sobre as
consequências ou sobre ambas as condições simultaneamente.

A implementação da prevenção na empresa faz com que ela deva se desenvolver


seguindo um modelo que cumpra as seguintes características:

»» Prevenção Científica e Interdisciplinar: é um modo de entender


a prevenção como consequência de os distintos riscos que possam se
apresentar na empresa serem de muito diversa índole; em certas ocasiões,
tanto em razão disso como em razão da complexidade dos riscos, faz-
se necessário o concurso conjunto de vários especialistas nas distintas
disciplinas científicas da segurança e saúde;

»» Prevenção Integral: implica que devam ser enfrentados todos os


possíveis riscos que possam haver na empresa, independentemente da
dificuldade no abordá-los e de seu grau de importância;

»» Prevenção Integrada: o conjunto de atividades preventivas realizadas


na empresa deve constituir uma atuação a mais entre todas as que se
realizam, ao mesmo tempo, representando uma atuação coerente e
interconectada com as demais atividades da empresa;

»» Prevenção Participativa: permite que os trabalhadores exercitem o


direito concedido pela legislação trabalhista em matéria de informação
e formação pertinente aos riscos existentes e às medidas preventivas
adotadas ou a adotar, assim como os de participação via canais
estabelecidos legalmente (oficiais de segurança e comitês de segurança e
saúde) e o direito de serem consultados na forma igualmente estabelecida
por lei.

Ações e atuações preventivas


O primeiro e mais importante princípio de ação que se deva aplicar à unidade/empresa
quando da realização de ações preventivas não deve se voltar à realização da avaliação
inicial dos riscos, mas a evitar os riscos à segurança e à saúde dos bombeiros. Daí se
deduzir ser aconselhável, em muitas ocasiões, adotar medidas voltadas ao controle dos
riscos, sem necessidade de se efetuar uma avaliação formal desses riscos.

O segundo dos princípios de ação preventiva consiste em avaliar os riscos à segurança e


à saúde dos bombeiros que não possam ser evitados. Isso deve permitir ao empresário

105
UNIDADE IV │ CONDUTAS OPERACIONAIS E DE SEGURANÇA

e/ou chefia imediata priorizar e temporizar todas aquelas atividades preventivas que
tenha que realizar.

Finalmente, o terceiro princípio de ação preventiva consiste em combater os riscos em


sua origem. Esse princípio, assim como o anterior, volta a incidir de modo muito claro
no conceito de prevenção, ou seja, de adoção de medidas adequadas a se poder atuar
sobre os próprios riscos, sobre os distintos elementos que intervêm na hora de qualificar
os riscos ou, o que dá no mesmo, sobre a probabilidade, sobre as consequências, ou
sobre ambas simultaneamente.

Essa forma de atuação, considera-se, deve ser realizada por meio de uma ação planejada
e organizada, antepondo-se sempre a proteção coletiva à individual, ao mesmo tempo
se devendo definir e implantar sistemas de gestão da prevenção a englobarem, como
elemento muito importante, a formação dos trabalhadores quanto aos riscos a que
estão submetidos e às medidas preventivas a adotar.

As atuações preventivas (considerando apenas as medidas de prevenção, e não as de


proteção) podem ter naturezas muito distintas, dependendo do tipo e da prioridade em
sua adoção, dos resultados e da informação que se tenha obtido durante o processo de
avaliação dos riscos.

Do ponto de vista particular, essas atuações podem ser:

»» de tipo material: consistem, fundamentalmente, na adoção de uma ou


de várias medidas de tipo técnico ou material, voltadas principalmente a
evitar ou reduzir a possibilidade de risco, atuando-se sobre a probabilidade
de o dano ocorrer;

»» de formação e informação aos envolvidos: trata-se, também,


de uma medida de tipo técnico, ainda que nem sempre considerada
dessa natureza; consiste em fazer com que os trabalhadores possam ter
conhecimento da existência e da importância de determinados riscos
suscetíveis de se apresentarem em seus postos e centros de trabalho e
das medidas a tomar visando-se combatê-los ou eliminá-los.

Independentemente dessa classificação e dos modos de atuação preventiva, na prática,


há que se ter presente que as medidas preventivas tomadas de modo isolado geralmente
não são muito eficazes, motivo pelo qual se tenha que recorrer à adoção de uma série de
medidas complementares umas com relação a outras. Nessas condições, as empresas
podem se mostrar com a disposição apropriada de manter os níveis de risco dentro de
certos limites considerados aceitáveis.

106
CONDUTAS OPERACIONAIS E DE SEGURANÇA │ UNIDADE IV

Não raro, faz-se necessário complementar as atuações preventivas com uma série
de atuações cotidianas nas empresas e que, por razões de distinta índole, não são
implementadas com a frequência necessária: atuações de manutenção preventiva de
máquinas, equipamentos, instalações, centros e locais de trabalho, entre outros, sem
cujo concurso torna-se muito difícil efetuar uma prevenção eficaz dos riscos na maioria
das empresas.

Convém destacar algumas atuações preventivas de grande importância:

»» a avaliação dos riscos, que permitirá obter toda aquela informação que
se considere necessária para que a empresa se mostre em condições de
tomar uma decisão apropriada quanto à necessidade ou não de adotar
medidas preventivas, e, sendo o caso, do tipo de medidas preventivas de
necessária adoção;

»» as inspeções ou rondas de prevenção de riscos, que basicamente


consistem na realização de uma análise, observando-se,
direta e ordenadamente, instalações e processos, máquinas,
equipamentos, cenários acidentais etc., buscando-se avaliar os
riscos que possam afetar a segurança e a saúde dos trabalhadores
e/ou respondedores.

Entretanto, como mencionado anteriormente, a maioria das atuações desse tipo é


efetuada estruturando-se em várias técnicas preventivas (segurança no trabalho, higiene
industrial, medicina do trabalho, ergonomia e psicossociologia aplicada à prevenção), e
que são aquelas disciplinas dirigidas a prevenir contra os possíveis danos à segurança e
à saúde dos trabalhadores, derivados das distintas condições de trabalho que se podem
apresentar em cada um dos postos de trabalho.

Conceito de proteção
Apesar de as atuações em matéria de segurança e saúde no trabalho nas operações
de controle de emergência deverem ser realizadas sempre que possível utilizando-se
técnicas preventivas, ou seja, com caráter prévio à positivação dos riscos envolvidos nas
operações de resposta, em certas ocasiões, essas atuações não são de possível realização,
ou são insuficientes, razão pela qual se deva recorrer à aplicação das denominadas
técnicas de proteção.

As técnicas de proteção são as atuações que, mesmo também consideradas como


técnicas ativas, visto se realizarem com caráter prévio à positivação do risco, têm
como objetivo fundamental atuar apenas sobre as possíveis consequências, seja

107
UNIDADE IV │ CONDUTAS OPERACIONAIS E DE SEGURANÇA

reduzindo-as, seja eliminando-as, ainda que sempre com a particularidade de não


realização de qualquer tipo de atuação sobre a probabilidade de produção do risco.

Assim, por exemplo, um bombeiro que esteja submetido a alguns níveis de ruído
considerados inaceitáveis estará exposto a um risco mais ou menos importante de
redução de sua capacidade auditiva. Se utilizar unicamente um protetor auditivo que
atenue o nível de ruído que chega a seu órgão da audição, até níveis considerados como
aceitáveis, terá diminuído sensivelmente o risco de redução de sua capacidade auditiva
por incidência de ruído, mesmo que o nível registrado no ambiente ou posto de trabalho
continue sendo aquele inicialmente incidente.

Técnicas de segurança

As técnicas de segurança podem ser classificadas atendendo a diferentes aspectos,


mas ao se tomar como ponto de referência o momento em que se dá o acidente,
podem ser estabelecidos três grupos: técnicas ativas, técnicas reativas e técnicas
complementares.

Técnicas ativas

São aquelas que planejam a prevenção visando impedir a ocorrência de um acidente.


Para isso, são identificados, em princípio, os perigos existentes nos postos de trabalho
e, posteriormente, são avaliados os riscos, tentando-se controlá-los com a aplicação de
ajustes técnicos e organizacionais.

Entre essas técnicas se podem encontrar, por exemplo, a avaliação de riscos e as


inspeções de segurança, entre outras.

»» A avaliação de riscos é um processo pelo qual se obtém a informação


necessária para que a organização esteja em condições de tomar uma
decisão apropriada sobre a oportunidade de adotar ações preventivas e,
em tal caso, sobre o tipo de ações a ser adotado.

Essa avaliação se realizará efetuando-se, em primeiro lugar, uma análise


qualitativa de riscos dirigida a identificar e descobrir os riscos existentes
em um determinado trabalho e, posteriormente, uma análise quantitativa
cujo objetivo final é dar um valor à periculosidade desses riscos de modo
a se poder compará-los e ordená-los entre si por sua importância.

108
CONDUTAS OPERACIONAIS E DE SEGURANÇA │ UNIDADE IV

»» A inspeção de segurança é basicamente uma análise que se realiza


observando direta e ordenadamente as instalações e os processos
produtivos visando avaliar os riscos de acidente presentes.

Técnicas reativas

São aquelas técnicas que atuam assim que ocorrido o acidente, tentando-se determinar
suas causas para, posteriormente, propondo e implantando algumas medidas de
controle, evitar que um acidente semelhante possa ocorrer.

Entre elas, destacam-se a investigação de acidentes e o controle estatístico da


acidentalidade.

»» A investigação de acidentes tem como ponto de partida o próprio


acidente e pode ser definida como a técnica utilizada para a análise
profunda de um acidente de trabalho ocorrido, buscando-se saber o
desenvolvimento dos acontecimentos e determinar por que ocorreu.
Devem ser investigados todos os acidentes mortais, graves e leves,
inclusive aqueles acidentes que se repitam frequentemente, a implicarem
um potencial risco de danos às pessoas ou aqueles acidentes que
apresentem causas desconhecidas.

»» Por outro lado, no que tange ao controle estatístico da


acidentalidade, a compilação detalhada dos acidentes é uma valiosa
fonte de informação a ser convenientemente aproveitada ao máximo,
para isso sendo importante que se registre uma série de dados referentes
a eles e a seu âmbito para a posterior análise estatística, que servirá para
conhecer a acidentalidade e suas circunstâncias de maneira comparativa
entre seções, empresas ou setores produtivos.

Técnicas complementares

As técnicas complementares são constituídas por normas e sinalizações (ótica,


acústica e comunicação verbal).

109
UNIDADE IV │ CONDUTAS OPERACIONAIS E DE SEGURANÇA

Falhas no controle de acidentes, enfermidades


e incidentes
Em sua maioria, os acidentes e incidentes não são causados por “trabalhadores
descuidados”, mas por falhas no controle (seja por parte da organização ou do trabalho
em particular), responsabilidade da direção.

Acidentes, enfermidades profissionais e incidentes raras vezes são eventos aleatórios


e imprevisíveis. Geralmente, decorrem de falhas no controle e amiúde tendo várias
causas. Apesar de a causa imediata de um evento ser uma falha técnica ou humana,
tais eventos normalmente procedem de falhas organizacionais que são também de
responsabilidade da direção.

As políticas com êxito em segurança e saúde enfatizam o alcance de um controle efetivo,


tanto sobre os trabalhadores quanto sobre a tecnologia. Seu objetivo é aproveitar as
capacidades dos trabalhadores, ao mesmo tempo se minimizando as influências da
confiabilidade e das limitações humanas, mediante o modo com que a organização se
estrutura, com que são concebidas as tarefas e com que se estabelecem os sistemas de
trabalho.

Fatores organizacionais
Os fatores organizacionais são os que mais influência exercem no comportamento
dos indivíduos e de grupos. Todavia, é comum ficarem esquecidos quando da
investigação de acidentes e incidentes. As organizações devem criar uma própria
cultura de segurança e estabelecer um clima que promova a implicação do
trabalhador e o comprometimento em todos os níveis, enfatizando ser inaceitável
qualquer desvio com relação às normas de segurança estabelecidas.

Tarefa

Os fatores associados à tarefa influem diretamente na atuação individual e no


controle dos riscos. As tarefas devem ser projetadas de acordo com princípios
ergonômicos a considerarem as limitações humanas.

Os desajustes entre as exigências da tarefa e as capacidades do indivíduo aumentam


o potencial de erro humano. Adaptando a tarefa ao indivíduo, garante-se que os
trabalhadores não ficarão sobrecarregados, o que contribui para uma atividade
adequada.

110
CONDUTAS OPERACIONAIS E DE SEGURANÇA │ UNIDADE IV

Um ajuste físico envolve a maneira com que devam ser concebidos o local e o ambiente
de trabalho e/ou de atendimento a emergência. Um ajuste mental implica considerar
as exigências da tarefa quanto à informação a tratar, decisões a tomar, assim como a
percepção das tarefas pelo indivíduo.

Fatores pessoais

Os fatores pessoais (os atributos que os trabalhadores trazem a seus trabalhos) podem
ser reforçados ou debilitados com relação às demandas de uma tarefa em particular
“paga” ao bombeiro. Envolvem tanto os atributos físicos (tais como a força e as
limitações que se derivam de incapacidades, falta de aptidão ou enfermidades) quanto
os atributos mentais (tais como hábitos, atitudes, habilidades e personalidade, que
influem no comportamento de modo complexo).

Os efeitos negativos no desenvolvimento de uma tarefa nem sempre podem ser


corrigidos com soluções de projeção de trabalho. Algumas características, como as
habilidades e as atitudes, tratam-se mediante a modificação ou melhoria por meio de
formação ou experiência; outras, como a personalidade, são relativamente permanentes
e dificilmente modificáveis no contexto laboral.

Plano de controle de riscos


Se, como resultado de uma avaliação, faz-se necessário aplicar ou melhorar os
controles de riscos, há que contar com um bom procedimento para o planejamento da
implantação das medidas de controle que se façam imprescindíveis.

O método de controle que se adote há de considerar os seguintes princípios:

»» combater os riscos na origem;

»» adaptar o trabalho à pessoa, em particular no que tange à concepção dos


postos de trabalho e à escolha de equipamentos e métodos de trabalho
e produção, com vista, em particular, a atenuar o trabalho monótono e
repetitivo e a reduzir os efeitos na saúde;

»» considerar a evolução da técnica;

»» substituir o perigoso pelo que envolva pouco ou nenhum perigo;

»» adotar as medidas que anteponham a proteção coletiva à individual;

»» dar instruções aos trabalhadores.

111
UNIDADE IV │ CONDUTAS OPERACIONAIS E DE SEGURANÇA

Segurança estrutural
A regulamentação vigente sobre construção de edifícios e locais industriais e urbanos
exige um projeto efetuado por um profissional competente e devidamente habilitado.
Esse projeto, devidamente revisado pelo colégio profissional ao qual corresponda o
colegiado, ou no caso de promoção pública, pelo órgão de supervisão de projetos ou por
órgão análogo da administração pública, deve ser apresentado às autoridades locais
pertinentes, buscando-se obter a correspondente licença de execução da obra.

É responsabilidade do responsável técnico do projeto garantir que todos os elementos


estruturais ou de serviço, incluindo-se plataformas, escadarias e escadas, tenham a
solidez e a resistência necessárias de modo a suportarem cargas ou esforços a que possam
ser submetidos, dispondo de sistema de armação, sujeição ou apoio que assegure sua
estabilidade.

Combate a incêndio urbano e em ambientes


confinados
A atuação tanto dos bombeiros civis como dos públicos (civis e militares) em ambientes
urbanos e em locais confinados requerem conhecimento e capacitação específica.
Podemos dizer que a maioria das emergências de incêndio atendidas pelos bombeiros
são em ambientes urbanos e especificamente no interior de prédios e edificações, e
algumas em ambientes ditos confinados, muitas vezes estando presentes dificuldade
de acesso a esses locais, apresentando muitas vezes riscos estruturais, explosões
ambientais (backdraft), presença de gases inflamáveis, gerando fator dificultador e de
risco para as operações de busca e salvamento e controle da emergência.

Os incêndios em espaços fechados podem gerar uma gama muito variada de agentes
químicos e físicos, como: temperaturas extremas, fumaça, gases e vapores, os quais
requerem que o respondedor seja conhecedor e domine a utilização de técnicas e
equipamentos, tendo em vista diminuir/minimizar o risco de acidentes pessoais e
aumentar a probabilidade de êxito no controle do incêndio, na localização e salvamento
das vítimas, além da proteção do patrimônio.

O objetivo desse capítulo em especial é falar dos cuidados e medidas de prevenção


a serem desenvolvidas quando em combate a incêndio em local confinado, que é a
preservação da vida, do meio ambiente e do patrimônio, não podendo inverter essa
ordem de hierarquia de prioridade. O Bombeiro, tanto civil como militar, não pode
assumir o risco de colocar a vida em detrimento do patrimônio, devendo adotar
procedimentos seguros e eficientes.

112
CONDUTAS OPERACIONAIS E DE SEGURANÇA │ UNIDADE IV

Um dos pontos que deve ser sempre considerado como de suma importância pode
ser retratado como a inspeção diária e a verificação prévia dos equipamentos de
proteção respiratória (máscaras autônomas), trajes de combate a incêndio, bem como
ferramentas e materiais a serem empregados na ocorrência, buscando, dessa forma,
propiciar, além da segurança individual, os recursos mínimos para que o respondedor
possa controlar a emergência.

O atendimento a emergências em locais confinados requer conhecimento especifico


das técnicas operacionais adequadas e do atendimento na íntegra dos procedimentos
operacionais específicos, uma vez que, nesse tipo de evento, o tempo de resposta é de
suma importância para a salvaguarda da vida humana, bem como para a preservação
do patrimônio público ou privado.

O quadro abaixo permite uma melhor compreensão da diferença de incêndio em local


aberto e confinado.

Quadro 1. Comparativo entre Incêndio em local aberto e em local confinado.

TÓPICOS LOCAL CONFINADO LOCAL ABERTO


Gases de Fumaças Ficam no ambiente Dispersa na atmosfera
Vapores Aquecidos Ficam no ambiente Dispersa na atmosfera
Explosão Maior Probabilidade Menor Probabilidade
Ventilação Nenhuma, podendo haver risco de “Backdraft” e Totalmente ventilado
“Flashover”
Riscos Maior Probabilidade Menor Probabilidade
Temperatura Maior Menor
Classe de Incêndio Classe “A” em sua maioria Probabilidade de estarem presentes todas as
Classes
Vítima Difícil visualização e Resgate Fácil visualização
Fonte: CBPMESP. Manual de Fundamentos de Bombeiros.

Segurança no combate a incêndio em local


confinado
Quando do atendimento a ocorrências em locais confinado, o bombeiro e/ou
respondedor deve atuar seguindo na íntegra as normas de segurança e os procedimentos
da organização/instituição, priorizando dessa forma a segurança pessoal (bombeiros),
bem como da própria vítima.

Não devemos esquecer que, na maioria desses atendimentos, a visibilidade pode estar
muito baixa, tendo em vista a presença de fumaça, condição essa que deve fazer o
respondedor redobrar as atenções, podendo ainda estar presentes riscos diversos os

113
UNIDADE IV │ CONDUTAS OPERACIONAIS E DE SEGURANÇA

quais podem não ser visualizados/percebidos, tais como depressões, saliência, buracos,
fosso de elevador, objetos no caminho, os quais podem gerar acidentes pessoais.

Comportamento do fogo nos incêndios em


edificações
Já devem ter sido estudadas as questões técnicas no que tange a comportamento
do fogo, mas relembraremos alguns detalhes diante da importância do tema para
a salvaguarda da vida dos bombeiros envolvidos nas operações de controle de
emergências.

Os incêndios no interior de edificações apresentam características diferentes dos em


ambientes externos. Nos externos, os agentes oriundos da queima dos corpos será
disperso na atmosfera, enquanto os incêndios em ambiente interno, os agentes gerados,
como fumaça, gases, vapores aquecidos, bem como as ondas de calor, ficam presentes
no ambiente, gerando riscos adicionais aos respondedores e às possíveis vítimas retidas
no interior da edificação.

Podemos dizer ainda que a combustão é uma reação química bem mais complexa do
que na representação do quadrado pelo tetraedro do fogo, cuja finalidade é apenas
didática, pois, na realidade, quando as temperaturas se elevam acima dos limites
normais, ocorre um fenômeno denominado de “pirólise”, que nada mais é que uma
decomposição química da matéria presente por ação do calor. Se aumentarmos a
temperatura de um dado material combustível, por sua vez ocorrerá um aumento
proporcional na velocidade de sua oxidação, sendo que, se esse processo permanecer
por um tempo prolongado, essa velocidade (velocidade de oxidação) também
aumentará, até o ponto de atingir a temperatura de ignição ou autoignição, o que
fará aparecerem repentinamente as chamas em virtude do fenômeno denominado de
combustão, conforme expresso no quadro abaixo.

Quadro 2. Comparativo entre temperatura x reação desencadeada.

Temperatura Reação
200oC Produção de vapor d’água, dióxido de carbono e ácidos acético e fórmico.
200ºC
Ausência de vapor d’água pouca quantidade de monóxido de carbono – a reação ainda está absorvendo calor.
280ºC
280ºC A reação passa a liberar calor, gases inflamáveis e partículas - há a carbonização dos materiais (que também
500ºC liberará calor).
> 500ºC Na presença do carvão, os combustíveis sólidos são decompostos quimicamente com maior velocidade.
Fonte: CBPMESP. Manual de Fundamentos de Bombeiros.

114
CONDUTAS OPERACIONAIS E DE SEGURANÇA │ UNIDADE IV

Estágios e fases do incêndio em locais


confinados
Nas operações de controle de incêndios em locais fechados ou no interior de prédios,
há uma necessidade de que o bombeiro conheça as fases do incêndio. Desta forma, de
acordo com as características, será determinado o procedimento tático e as estratégias
a serem desenvolvidas no atendimento a emergência, lembrando que incêndios
estruturais requerem ventilação calculada com precisão e adequadamente executada.
Numa ocorrência em edificações (incêndio interior), podemos identificar os três estágios
do seu desenvolvimento.

Fase inicial: é a fase em que grande parte do calor está sendo consumido no aquecimento
dos combustíveis. A temperatura do ambiente, nesse estágio, está ainda pouco acima
do normal. O calor está sendo gerado e evoluirá com o aumento das chamas.

Quadro 3. particularidades da fase inicial.

Ampla oferta de oxigênio no ar (>20%);


Temperatura ambiente por volta de 38°C;
Características
Produção de gases inflamáveis;
Particulares
Fogo produzindo vapor d’água (H2O), dióxido de carbono
(CO2), monóxido de carbono (CO) e outros gases.

Fonte: CBMGO. Manual de Fundamentos de Combate a Incêndio.

Nessa fase, o respondedor não sofrer interferência pelo calor do ambiente, mas,
dependendo do combustível que está sendo queimando, pode haver presença de fumaça
e gases tóxicos.

Queima livre: é a fase em que o ar, em virtude do suprimento de oxigênio, é conduzido


para dentro do ambiente pelo efeito da pressão negativa provocada pela convecção, ou
seja, o ar quente é expulso do ambiente para que ocupe lugares mais altos, enquanto
o ar frio é “puxado” para dentro, passando pelas aberturas nos pontos mais baixos do
ambiente.

Nesse momento, a temperatura nas regiões superiores (nível do teto) pode exceder
700 ºC. Os bombeiros envolvidos no combate a incêndio devem se manter abaixados
e utilizar equipamentos de proteção respiratória, já que, além de a temperatura
ser menor nos locais mais baixos, a inalação de gases aquecidos pode ocasionar
queimaduras nas vias aéreas e demais consequências desses danos.

115
UNIDADE IV │ CONDUTAS OPERACIONAIS E DE SEGURANÇA

Quadro 4. particularidades da queima livre.

Gases aquecidos espalham-se, preenchendo o ambiente de cima para baixo;


Características A elevação das temperaturas dos locais mais altos, pela concentração de gases quentes, pode provocar a ignição de
Particulares combustíveis lá situados;
Temperatura nos locais mais altos pode exceder aos 700°C.

Fonte: CBMGO. Manual de Fundamentos de Combate a Incêndio.

É importante citar que à medida que há a progressão do fogo, este continua a gerar
temperaturas altas para o ambiente, bem como há o consumo de oxigênio. Dessa
forma, se não houver ventilação adequada, os gases tóxicos do processo de combustão
permanecerão no ambiente. Assim, o fogo passará para a fase da queima lenta, e uma
ventilação inadequada poderá fazer com que ele volte a aumentar de intensidade ou,
até mesmo, em situações especificas, gerar riscos de explosões ambientais. Portanto,
podemos concluir que, na fase da queima livre, o fogo aquece gradualmente todos os
combustíveis presentes no local, e, quando determinados combustíveis atingem seu
ponto de ignição, simultaneamente, haverá uma queima instantânea e concomitante
desses produtos, o que poderá provocar um fenômeno denominado de “Flashover”.

Declínio ou queima lenta: nessa fase, a porcentagem de oxigênio no ambiente


é reduzida gradativamente, levando a um processo de combustão com pouca ou
nenhuma chama. Dessa forma, existirá no recinto muitos produtos da combustão, os
quais não se queimaram ainda devido ao nível reduzido de oxigênio, mas, continuarão
superaquecidos em face da decorrência do calor ambiente que foi gerado na fase da
queima livre, podendo esses produtos manter temperaturas acima de 500º C.

O consumo das fases anteriores torna o comburente insuficiente para manter a


combustão plena. Então, caso não haja suprimento suficiente de ar (ou de aberturas
para que ele entre), as chamas podem deixar de existir. Com a concentração de oxigênio
entre 0%e 8%, o fogo é reduzido a brasas.

Nesse momento, exige-se bastante atenção e reconhecimento dos bombeiros, dado


que uma abertura feita de maneira indiscriminada pode levar a um suprimento
abrupto de oxigênio e uma retomada das chamas de forma explosiva.

Dessa forma, nessa fase, se for empregada uma ventilação, esta tem que ser muito
estudada e procedimentada, pois, se for inadequada, os produtos residentes poderão
explodir quando entrarem em contato com o oxigênio, gerando o que denominamos de
“Backdraft”, que nada mais é que uma a explosão ambiental súbita provocada por uma
aeração num ambiente com baixa porcentagem de oxigênio, repleto de produtos da
combustão superaquecidos quando da queima lenta ou mesmo da queima livre.

116
CONDUTAS OPERACIONAIS E DE SEGURANÇA │ UNIDADE IV

Quadro 5. particularidades da queima lenta.

Ambiente ocupado por uma fumaça densa;


Características
Devido ao aumento de pressão interna, os gases saem por todas as aberturas em forma de lufadas;
Particulares
Calor intenso, que faz com que os combustíveis liberem vapores combustíveis.
Fonte: CBMGO. Manual de Fundamentos de Combate a Incêndio.

Backdraft: Esse termo não tem uma tradução muito correta no português, mas
podemos definir como uma explosão ambiental provocada por uma ventilação
inadequada ou aeração súbita num ambiente percentual reduzido de oxigênio,
com presença de produtos da combustão superaquecidos. Por isso, é importante
termos conhecimento de que um incêndio em ambiente confinado pode aquecer os
combustíveis até o seu ponto de ignição, ou seja, se o oxigênio presente no ambiente
não for suficiente para manter as chamas, a queima será muito lenta e gerará grande
quantidade de produtos da combustão.

Essa é uma situação extremamente perigosa, porque, se uma quantidade substancial


de ar entrar no ambiente, ocorrerá a explosão ambiental, a qual fará com que todo o
ambiente fique tomado pelas chamas, e haverá ainda liberação de grande quantidade
de energia e calor, que causará lesões ou até mesmo a morte de pessoas, em especial do
respondedor ou da vítima. Por isso, sempre que houver possibilidade de ser gerado esse
tipo de ocorrência, é aconselhável que o bombeiro atue com a máxima cautela durante
as fases de combate a incêndio ou resgate. Ao constatar indícios de “backdraft”, não
deverá, em hipótese alguma, produzir entrada brusca de ar no ambiente, e sim efetuar
a ventilação vertical, realizando aberturas no teto ou próximas à altura deste. Por isso, a
real importância de conhecer as possíveis situações e indicadores que podem propiciar
um “backdraft”, sendo que alguns indicativos são mais fáceis de serem presenciados e
notados, como:

»» fumaça saindo sob pressão de um ambiente fechado (lufadas/golfadas);

»» fumaça densa e preta, tornando-se cinza-amarelada;

»» calor excessivo, percebido pelo toque das costas da mão na porta ou


janela;

»» chamas pequenas ou somente brasas;

»» vidros (de janelas) impregnados pelos resíduos de fumaça;

»» pouco ruído de queima;

»» movimento de ar para o interior do ambiente (aspiração). Em alguns


casos, ouve-se o ar assoviando ao passar pelas frestas das portas e janelas.

117
UNIDADE IV │ CONDUTAS OPERACIONAIS E DE SEGURANÇA

Problemas da ventilação inadequada


Entende-se por ventilação inadequada os procedimentos que contrariam os métodos
cientificamente validados, sendo que a ventilação inadequada num ambiente
incendiado pode ser fator gerador de inúmeros riscos, além de ocasionar muitas
desvantagens, tais como:

»» aumento do volume de fumaça e gases aquecidos, com proporcional


elevação da temperatura, favorecendo a propagação mais rápida do
incêndio;

»» ser fator dificultador e complicador na fase de controle da situação;

»» complicar e dificultar a execução das operações de resgate e salvamento,


bem como combate a incêndio;

»» propiciar risco de ambiente com predisposição a riscos de explosões


ambientais, tendo em vista a presença de fumaça e gases aquecidos e de
temperaturas elevadas;

»» abalos térmicos, estruturais e demais danos provocados pela ação do


calor, dos gases e da fumaça bem como pelo emprego de água de combate.

Por isso, conclui-se que uma ventilação tecnicamente adequada, vertical e horizontal,
permitirá que a fumaça e os gases combustíveis sejam extraídos do ambiente,
prevenindo-se a ocorrência do backdraft.

Vantagens de riscos da ventilação tática


Uma vez tomados os cuidados necessários para a renovação do ar no ambiente
sinistrado e realizando de forma correta, a ventilação tática traz importantes benefícios
no combate ao incêndio. Por exemplo:

a. melhora a visibilidade das rotas de fuga;

b. reduz o risco de flashover e de backdraft;

c. auxilia na dissipação do calor do ambiente.

Flashover: também não temos uma tradução adequada para o Português, mas
podemos dizer que se refere a uma queima rápida dos produtos oriundos da combustão
no ambiente, sendo que, nessa fase, o calor estará presente e poderá ficar absorvido

118
CONDUTAS OPERACIONAIS E DE SEGURANÇA │ UNIDADE IV

no teto dos prédios e nas partes mais altas das paredes, podendo ser irradiado no
decorrer do tempo para as partes mais baixas, gerando o aquecimento gradual dos
gases combustíveis presentes no local, e, quando estes alcançarem sua temperatura de
ignição, o recinto será instantaneamente tomado pelo fogo.

Esse evento ocorrerá próximo ao final da fase inicial e ao início da queima livre, em que
a temperatura presente pode estar entre de 500º C e 800ºC, por isso o indicativo da
ocorrência de um “flashover” não é muito claro e depende basicamente da experiência
e expertise dos bombeiros que estiverem atuando na emergência, mas, da mesma
forma que no backdraft, sua ocorrência poderá ser controlada pelo uso adequado da
ventilação vertical ou pelo emprego de linhas de ataque adequadamente montadas e
controladas, e ainda por meio de suporte de ventilação horizontal.

Podemos definir então que flashover é o momento em que todos os materiais presentes
no ambiente, em virtude da ação da fumaça quente e inflamável, entram em ignição
após sofrerem a pirólise. É o momento em que todo o ambiente entra em combustão
súbita e repentina.

Riscos de intoxicação por fumaça


Primeiramente, podemos dizer que fumaça é a mistura de gases, vapores e partículas
sólidas finamente divididas, transportadas pelo ar e por gases desprendidos dos
materiais que queimam, sendo que sua composição química é altamente complexa,
bem como seu mecanismo de formação.

Os efeitos fisiológicos da redução do oxigênio (hipóxia) produzem sinais e sintomas no


homem que vão desde o aumento do ritmo respiratório, falta de coordenação, dor de
cabeça (cefaleia), fadiga, enjoo, inconsciência, até morte em poucos minutos por falha
respiratória e insuficiência cardíaca. Por isso, concluímos que a fumaça, incluindo os
demais gases tóxicos, representam a principal causa de mortes em incêndios, sendo
responsável por cerca de 50 a 75% de óbitos.

Os gases tóxicos específicos que podem ser liberados em um incêndio variam muito,
de acordo com alguns fatores principais, como a natureza do combustível, a taxa de
calor, a taxa ou velocidade de aquecimento, a temperatura dos gases desprendidos e
as concentrações de oxigênio. Por isso, os profissionais de resposta à emergência que
venham a trabalhar em locais onde pode existir a deficiência de oxigênio e/ou presença
de substâncias tóxicas, presença de gases, materiais particulados em suspensão no ar
ou mesmo a variação da concentração de oxigênio devem obrigatoriamente fazer uso
do equipamento de proteção respiratória que forneça a adequada proteção em termos
de suprimento de ar para as operações a serem realizadas.

119
UNIDADE IV │ CONDUTAS OPERACIONAIS E DE SEGURANÇA

Devem ser observados aspectos para a correta indicação, tais como presença e
percentual de oxigênio no ambiente, existência de contaminantes, classe toxicológica
e, se possível, verificar sua concentração, questões de confinamento de ambiente
(incêndio urbano e em espaços confinados), arranjo físico, dificuldade de locomoção e
mobilidade e tempo de faina.

Devemos lembrar que, em caso de dúvidas ou desconhecimento do grau de exposição


e/ou contaminação, deverá sempre ser indicada a proteção máxima, não devendo ser
esquecido que, mesmo que seja possível realizar o combate sem o uso do EPI adequado,
alguns tipos de lesão, como a respiratória por inalação da fumaça, podem manifestar-se
horas ou dias depois do evento e causar danos irreversíveis ao respondedor.

Como já dissemos, a composição química da fumaça é muito complexa e variável,


uma vez que sua composição é influenciada por diversos fatores, entre eles a
composição química do(s) material(ais) em combustão, oxigenação e nível de energia
(calor) no processo. Por isso, podemos dizer que a toxicidade da fumaça depende
das substâncias que a compõem, sendo que a mais comum é o monóxido de carbono
(CO), que pode ser presenciado em quase todos os incêndios, pois é resultante da
combustão incompleta dos materiais combustíveis que tem carbono com sua base,
como madeira, tecidos, plásticos, líquidos inflamáveis, gases combustíveis etc. O
efeito tóxico desse contaminante é a asfixia bioquímica, pois ele substitui o oxigênio no
processo de oxigenação efetuado pela hemoglobina. Sabemos que a anóxia produzida
pelo monóxido de carbono não cessa pela inalação do ar puro, como no caso dos
asfixiantes simples.

Outro agente que representa risco significativo nos incêndios é o gás cianídrico,
(cianeto ou cianureto de hidrogênio) o qual é produzido quando em presença de
materiais que contenham nitrogênio em sua estrutura molecular e que sofrem
decomposição pelo calor, sendo os mais comuns de produzirem gás cianídrico na sua
queima a seda, náilon, poliuretano, acrilonitrila, butadieno e estireno. Esse agente
(gás cianídrico), bem como outros compostos cianógenos, tem a capacidade de
bloquear a atividade de todas as formas de seres vivos, exercendo uma ação inibidora
de oxigenação nas células vivas do corpo.

Podemos ainda encontrar em incêndios os óxidos de nitrogênio (NOx), representados


por uma grande variedade de óxidos, sendo as formas mais comuns o monóxido de
dinitrogênio (N2O), o óxido de nitrogênio (NO) e o dióxido de nitrogênio (NO2), óxidos
esses produzidos, principalmente, pela queima de nitrato de celulose e decomposição
de nitratos inorgânicos. Esses contaminantes são pertencentes à família dos irritantes,

120
CONDUTAS OPERACIONAIS E DE SEGURANÇA │ UNIDADE IV

mas tornam-se anestésicos e atacam particularmente o aparelho respiratório, podendo,


ainda, em contato com a umidade das mucosas, formar ácidos como o nitroso e o nítrico.

O grande complicador nos combates em ambientes com presença de fumaça e


demais contaminantes tóxicos é relativo à autonomia dos equipamentos de proteção
respiratória (máscaras autônomas), uma vez que o controle da emergência muitas
vezes exige tempo superior à autonomia do equipamento, necessitando trocar os
cilindros. Somos sabedores de que, em algumas localidades, há poucos equipamentos
reservas, e alguns não contam nem com compressores para realizar a recarga, tendo
que ser enviados a outras localidades, prejudicando a adequada resposta.

Concluímos que, se não dispusermos do adequado aparato de proteção respiratória,


a operação, que já é perigosa, pode trazer riscos iminentes aos respondedores, pois
o grau de tolerância do homem para exposição a gases tóxicos, fumaças, vapores,
partículas ou ainda à deficiência de oxigênio é bem limitado, e algumas substâncias
podem prejudicar ou mesmo destruir partes do trato respiratório; outras podem
ser absorvidas pela corrente sanguínea, gerando danos aos demais órgãos do corpo
humano. Por isso, reforçamos que, quando não houver procedimento operacional ou
não puderem serem avaliadas as condicionantes para indicar a adequada proteção, for
o contaminante ou sua concentração desconhecida ou apresentar ainda concentração
IPVS (Imediatamente Perigosa à Vida e à Saúde), deverá ser utilizado obrigatoriamente
aparelho (máscara) autônomo de respiração, com pressão positiva (PA ou SBCA
– Self Contained Breathing Apparatus). Não podemos esquecer que, sempre que
indicarmos um respirador com o suprimento de ar, deve ser considerada a distância
que o trabalhador precisará percorrer até alcançar uma área não contaminada, devendo
também ser considerados os obstáculos e os equipamentos que se encontram na área,
tendo em vista que a autonomia do sistema varia de acordo com o volume do cilindro,
pressão de recarga, nível de treinamento e condições físicas do respondedor, além do
nível do esforço físico desenvolvido pelo combatente em relação à carga de trabalho
executada.

Uso de ventiladores nas operações de


incêndio em edificações
Estudos revelam que o uso de ventiladores nas operações de combate a incêndio em
edificações é bastante útil e eficaz, mas requer atenção e cuidados redobrados diante
dos diversos riscos oferecidos pela falta de técnica, capacitação e proficiência durante
a sua utilização.

121
UNIDADE IV │ CONDUTAS OPERACIONAIS E DE SEGURANÇA

Levando em consideração essa situação, podemos citar um método que tem sido
utilizado em diversos Corpos de Bombeiros pelo mundo afora, em que é garantida a
implementação segura em três fases:

»» primeira fase: usamos, inicialmente, em incêndios extintos, com


a finalidade de extrair a fumaça. Representando o primeiro passo
para conscientização do modo de funcionamento do ventilador, da
necessidade de fazer a abertura de saída da fumaça, do tempo de
colocação no local, do modo correto de colocação das mangueiras no
aparelho, da pressão necessária para uma boa vazão, da velocidade de
saída da fumaça etc.;

»» segunda fase: quando já dominada a técnica anterior, o passo seguinte


é usá-lo no rescaldo de incêndios já controlados, mas antes da extinção
completa, complementando o combate a incêndio já iniciado;

»» por fim, somente após muita experiência, utilizá-lo no incêndio ativo,


como instrumento de combate.

Atuação e medidas de segurança em


incêndios com colapso ou estrutural
Esse com certeza é um maiores riscos a ser considerado quando uma equipe de
intervenção acessa um local sinistrado para realizar o controle do incêndio ou realizar a
exploração da edificação, uma vez que a estrutura construtiva da maioria das edificações
residenciais não foi projetada para suportar as altas temperaturas internas nem a ação
física do calor, podendo vir a qualquer momento a sofrer um colapso ou abalo térmico,
ocasionando o desabamento em pouco tempo de exposição ao fogo, constituindo uma
das mais perigosas ameaças aos respondedores e às pessoas no seu interior.

No atendimento operacional de Bombeiros, em especial dos bombeiros militares


nas operações de Combate a Incêndios em Locais Confinados, é muito importante
a adequada avaliação das condições de segurança e integridade estrutural do
prédio/edificação. Alguns autores afirmam que estruturas de concreto são mais
resistentes que as estruturas de aço, se avaliadas de forma isolada. É claro que o
concreto e aço se comportam de forma diferente quando submetidos à elevação da sua
temperatura; o concreto, quando exposto a temperatura elevada, tem suas propriedades
físicas e mecânicas diminuídas gradativamente, em razão do processo de aquecimento
lento promovido em seu interior; já o aço, quando exposto a temperaturas acima de

122
CONDUTAS OPERACIONAIS E DE SEGURANÇA │ UNIDADE IV

550° C, que é chamada de temperatura crítica do aço, tem uma queda brusca e súbita
de suas propriedades.

Sabemos que cada corpo construtivo possui ainda seu respectivo coeficiente de
expansão e/ou dilatação. Esse é outro ponto importante que deve ser levado em
consideração durante a fase de planejamento de uma intervenção de combate
e/ou busca e salvamento, pois mesmo as estruturas de concreto com aço podem
vir a colapsar e perder sua resistência mecânica original (inicial), gerando riscos
de perda de contenção primária (diques de tanques de derivados líquidos) até
queda de edificações (colapso estrutural total). Por isso, podemos afirmar com
certeza que qualquer estrutura estará sujeita à ação do fogo e a colapsos. Basta
para isso que tenha sido realizado um dimensionamento inadequado de seus
elementos construtivos, estando inclusas nesse grupo as estruturas de concreto.

Figura 1. Rompimento dique de contenção por temperatura.

Fonte: o Autor.

Programa de segurança
Esse programa prevê os requisitos básicos, que visam preservar a integridade física dos
bombeiros, devendo conter:

a. a forma de delegação dessa função a um membro do Departamento de


Prevenção e Combate a Incêndio;

b. registros de informes e gestão total das informações;

c. troca de experiências e conversas por meio de encontros e reuniões entre


os gestores do programa de segurança do trabalho, pessoal de logística,
operadores de equipamentos, setores de saúde ocupacional;

d. elaboração, atualização e desenvolvimento dos procedimentos


operacionais e/ou ordens de serviço;

123
UNIDADE IV │ CONDUTAS OPERACIONAIS E DE SEGURANÇA

e. metas de prevenção de incidentes e redução de acidentes;

f. especificação técnica adequada dos equipamentos do Departamento de


Prevenção e Combate a Incêndio e sua correspondente manutenção;

g. prever estratégia e procedimento para análises e investigação de acidentes


ocorridos;

h. elaboração e implantação do plano de segurança para os possíveis


cenários acidentais baseados e estudos de análise de riscos;

i. identificar e planificar a necessidade de capacitação e atualização adequada


dos membros do Departamento de Prevenção e Combate a Incêndio,
devendo esse plano de treinamento estar devidamente documentado e à
disposição para avaliação e inspeções.

124
CAPÍTULO 3
Registro de atividades de bombeiros

Uma atividade que não pode ser esquecida é a de relatar as ocorrências atendidas.
Existem muitas formas e procedimentos de comunicação e relatos de ocorrências
utilizados por unidades de bombeiros militares e civis, mas apresentaremos um
resumo de registro de atividades desenvolvidas por bombeiros de acordo com a NBR
14.023 de dezembro de 1997.

A NBR 14.023:1997 surgiu da necessidade de se padronizar os dados a serem coletados


pelas organizações que se proponham a coletar dados de trabalhos de bombeiros de uma
forma sistemática, a fim de se obter informações de base comum. Portanto, essa Norma
apenas inclui o mínimo a ser coletado, para obtenção de parâmetros de comparação.

Diferentes organizações podem identificar a necessidade de se obter informações


adicionais para uma melhor análise e diagnóstico de sua situação.

Essa Norma visa ainda prover uma base uniforme para coleta e comparação de dados
de atividades operacionais de bombeiros e seu processamento estatístico a vários
níveis, seja estadual, regional, nacional ou internacional, e que podem ser analisados
pelo IBGE ou qualquer outro órgão encarregado de coleta e análise de dados, sendo
que a coleta uniforme de dados permite o desenvolvimento de um banco de dados a ser
gerado por um Sistema Nacional de Coleta e Análise de Dados de Bombeiros, de forma
abrangente que poderia fornecer informações para:

a. revelar a extensão do prejuízo e dos problemas de emergências;

b. indicar os problemas que requerem ações adicionais e pesquisa;

c. acompanhar o desenvolvimento do tratamento médico de emergência;

Os aspectos operacionais que podem ser diretamente beneficiados por essas


informações incluem:

»» alocação apropriada de recursos humanos e materiais;

»» avaliação do seu desempenho;

»» redução das chamadas ao estritamente necessário;

»» desenvolvimento de programas de treinamento;

125
UNIDADE IV │ CONDUTAS OPERACIONAIS E DE SEGURANÇA

»» revisão de fatores de segurança no trabalho de bombeiros;

»» critérios de localização de postos de bombeiros;

»» desenvolvimento de procedimentos operacionais.

Fonte: ABNT NBR 14.023:1997.

Definições da NBR 14023:1997


Para os efeitos dessa Norma, aplicam-se as seguintes definições.

Área atingida: total, em metros quadrados, se área urbana, ou em hectares, se área


rural, da área atingida diretamente pela ocorrência de incêndio; classifica-se em:

a. área edificada: área do imóvel contido no interior da propriedade (local


da ocorrência), considerando-se a soma das áreas de todos os pavimentos
da edificação;

b. área não edificada: área total da propriedade (local da ocorrência) (área


do terreno), não abrangendo a área das edificações existentes.

Área de preservação: área delimitada, cujo interesse histórico, econômico ou


ecológico importe em medidas necessárias à sua conservação e proteção especial. No
caso de vegetação, pode ser área de cobertura vegetal nativa, reflorestamento e faixa
marginal de rodovia. No caso de edificações, os imóveis tombados.

Área total: área da propriedade (local da ocorrência) considerada como um todo,


abrangendo tanto a área atingida quanto a não atingida pelo incêndio. Da mesma forma
como mencionado no item “área atingida”, deve ser discriminada a área edificada e a
não edificada, em metros quadrados, se área urbana, ou em hectares, se área rural.

Atendimento a vítimas: termo genérico dado ao atendimento de vítimas de uma


ocorrência pela Entidade Relatora, podendo ter sido ocasionado por problemas:

a. cardíaco: qualquer alteração da estrutura ou do funcionamento do


coração, não produzido por trauma;

b. clínico: estado de saúde alterado, que não foi provocado por acidente de
causas externas;

c. choque: estado clínico caracterizado por fenômenos que surgem quando


a descarga de sangue por parte do coração não é bastante para prover

126
CONDUTAS OPERACIONAIS E DE SEGURANÇA │ UNIDADE IV

o necessário enchimento das artérias, nem se encontra sob pressão


suficiente para atingir órgãos e tecidos;

d. coma: estado semelhante ao sono, caracterizado pela perda das atividades


cerebrais superiores e conservação da respiração e circulação;

e. convulsão: contrações, súbitas e involuntárias, dos músculos voluntários;

f. evisceração: exposição de órgãos internos, em virtude de algum trauma


que provoque a saída destes, parcialmente ou totalmente, para ambiente
externo ao corpo;

g. ferimento por arma de fogo: aquele de natureza perfuro-contuso


produzido por arma de fogo;

h. ferimento por arma branca: aquele produzido por material cortante,


corto-contuso ou perfurante;

i. fratura: ruptura total ou parcial da estrutura óssea;

j. hemorragia: derramamento de sangue para fora dos vasos que devem


contê-lo;

k. neurológico: problema apresentado por vítima que tenha sofrido trauma


na cabeça ou medula espinhal, afetando diretamente seu sistema nervoso;

l. obstétrico: relativo à realização de parto ou assistência à mulher que se


encontre em trabalho de parto;

m.psiquiátrico: estado mental patológico caracterizado por desvios,


sobretudo caracterológicos, que acarretam comportamentos antissociais;

n. queimadura: ferimento ou lesão no tecido de revestimento do corpo,


causada por agentes térmicos, químicos ou radioativos;

o. respiratório: problema apresentado pela vítima que tem dificuldade em


respirar;

p. trauma de coluna: acidente sofrido por uma vítima que tenha afetado sua
coluna vertebral;

q. trauma de crânio: acidente sofrido por uma vítima que tenha afetado seu
crânio.

127
UNIDADE IV │ CONDUTAS OPERACIONAIS E DE SEGURANÇA

Atendimento pré-hospitalar: ação que se caracteriza pela prestação de primeiros-


socorros a uma vítima e sua condução em veículo apropriado a estabelecimento de
saúde de referência.

Atividade de bombeiros: ação realizada pelos bombeiros, no seu atendimento


às ocorrências, que se enquadra em quatro grandes grupos: Combate a Incêndio,
Salvamento, Prevenção e Auxílio e Atendimento Pré-Hospitalar.

Bombeiro profissional: profissional treinado, com remuneração, capacitado a


exercer todas as atividades de bombeiros; inclui:

a. bombeiro estadual;

b. bombeiro municipal;

c. bombeiro privado.

Bombeiro voluntário: pessoa devidamente instruída e que, voluntariamente,


esporadicamente ou não, exerce alguma atividade de bombeiro, sem remuneração,
quando solicitada.

Combate a incêndio: ações desenvolvidas por bombeiros com o objetivo de controlar


e/ou extinguir o incêndio.

Engano: alarme equivocado de ocorrência, implicando o deslocamento do bombeiro,


sem que necessite atuar, por não se tratar de atividade de bombeiro.

Entidade relatora: organização/corporação responsável pelo preenchimento do


formulário de registro de atividades de bombeiros.

Incêndio em vegetação: aquele ocorrido em um conjunto de plantas que cobre uma


área, que pode ser dividida em área alterada ou área nativa e ser, ainda, classificada nos
seguinte tipos:

a. caatinga (área nativa): dominada por arvoretas e arbustos espinhosos que


perdem as folhas na estação seca e por plantas suculentas como cactos,
bromélias e gravatás e ervas que vivem apenas na estação chuvosa;

b. campo (área nativa): coberta por vegetação rasteira herbácea com


predominância de gramíneas, podendo ocorrer alguns indivíduos
arbustivos;

c. capoeira (área alterada): vegetação alterada com predominância de


arbustos densos, resultante do processo de regeneração natural ou
sucessão secundária da comunidade original;
128
CONDUTAS OPERACIONAIS E DE SEGURANÇA │ UNIDADE IV

d. cerrado (área nativa): caracterizado pela presença de árvores baixas,


tortuosas, de casca grossa, espalhadas sobre um estrato rasteiro,
composto por gramíneas e arbustos finos. Áreas onde há predomínio
visual de vegetação arbórea-arbustiva, formando um dossel (cobertura)
bem desenvolvido, porém descontínuo;

e. cultura agrícola (área alterada): área desmatada para plantio de espécies


vegetais homogêneas com fins de alimentação ou utilização em indústrias,
podendo ser rasteiras, arbustivas ou arbóreas, incluindo a fruticultura;

f. floresta plantada (área alterada): vegetação arbórea plantada, geralmente


com indivíduos alinhados, apresentando forma regular. Podem
corresponder ao reflorestamento com espécies nativas ou exóticas;

g. mata/floresta (área nativa): caracterizada pela presença de árvores


altas (acima de 7,0 m) com as copas se tocando e estrato rasteiro ralo.
Apresenta um dossel (cobertura) contínuo ou praticamente contínuo e
cobertura arbórea de cerca de 70% a 100%;

h. mato (área alterada): vegetação ruderal, predominantemente rasteira,


com elementos arbustivos, ocorrendo em áreas urbanas ou beira de
estradas;

i. pasto (área alterada): formações abertas, rasteiras constituídas de


espécies de gramíneas e outras forrageiras nativas ou cultivadas. Trata-
se de área dedicada à criação de gado, correspondendo, na maioria das
vezes, à pecuária intensiva.

Possível causa do incêndio: causa que tem grande probabilidade de ter ocasionado
o incêndio, indicada após uma análise do responsável pelo atendimento no local,
podendo ser classificada em:

a. acúmulo de material gorduroso (em chaminés, exaustores e similares);

b. balão;

c. brincadeira de criança;

d. cigarro, isqueiro ou fósforo (fumante);

e. curto-circuito (fenômeno termoelétrico);

f. displicência ao cozinhar;

g. ferro de passar roupa;


129
UNIDADE IV │ CONDUTAS OPERACIONAIS E DE SEGURANÇA

h. fogos de artifício;

i. ignição em óleo de fritadeira;

j. ignição espontânea;

k. líquidos inflamáveis;

l. superaquecimento de equipamento;

m.trabalho de soldagem;

n. vazamento de gás;

o. vela;

p. outra.

Prevenção e auxílio: ações não rotineiras desenvolvidas por bombeiros com o


objetivo de prevenir e/ou auxiliar pessoas e proteger bens em locais de risco ou onde
se presume a possibilidade de ocorrência de risco. Ações dessa natureza incluem, entre
outros:

a. abastecimento d’ água: medida eventual realizada para fornecer água a


um local que a necessite com urgência;

b. abertura de imóvel: atitude tomada no sentido de abrir um imóvel, a


pedido de seu proprietário para a verificação de alguma condição de risco;

c. atividade educacional: atividade desenvolvida com objetivo de orientação,


treinamento e esclarecimento ao público em geral, sobre acidentes de
natureza diversa nas atividades características de bombeiros;

d. captura/remoção de insetos: atividade desenvolvida no sentido de


capturar/remover insetos, normalmente abelhas ou marimbondos, que,
em razão do local onde se encontram, provocam risco à integridade física
ou à saúde das pessoas;

e. corte/poda de árvore: atividade desenvolvida em caráter emergencial,


quando a árvore proporciona risco à vida ou ao patrimônio, necessitando
de intervenção do bombeiro;

f. desfile/demonstração: exibição em parada cívico-militar ou eventos de


veículos e efetivo pertencentes à entidade relatora;

130
CONDUTAS OPERACIONAIS E DE SEGURANÇA │ UNIDADE IV

g. esgotamento: retirada de todo o líquido de um local que o contém;

h. lavagem de estabelecimento: atividade desenvolvida, sem caráter


emergencial, objetivando a limpeza de um estabelecimento qualquer;

i. lavagem de pista: atividade desenvolvida com intuito de, com a utilização


de água, eliminar possíveis detritos existentes em pistas, de modo que
não provoquem risco à integridade física ou à saúde das pessoas e danos
aos veículos que por ela transitem;

j. proteção a autoridades: execução de vigilância para resguardo da


segurança de autoridades;

k. proteção a banhistas: execução de vigilância preventiva em eventos,


com solicitação específica, para resguardo da segurança de banhistas,
realizado em praias, rios, lagos, represas e piscinas;

l. proteção em local de concentração pública: execução de vigilância para


resguardo da segurança de pessoas em geral, nos locais de reunião
pública;

m.reparo ou colocação de adriça: atividade de auxílio, não emergencial,


executada pelo bombeiro, que consiste na colocação, troca ou reparo de
adriça;

n. transporte: condução de um local para outro de pessoas que não tenham


condições de se deslocar por si mesmas com uso de transporte individual
ou coletivo, bem como de objetos. Exemplo: transporte de imagens,
autoridades, atletas, doentes ou debilitados fisicamente, féretro etc.;

o. vazamento de GLP: fenômeno descontrolado de perda de gás liquefeito


de petróleo, sem a ocorrência de fogo (incêndio);

p. vazamento de outros produtos perigosos: vazamento de produto químico,


exceto GLP, causando risco à vida ao patrimônio e/ou ao meio ambiente,
sem a ocorrência de fogo (incêndio);

q. vistoria técnico-operacional: vistoria realizada durante serviço


operacional, não administrativa, em local, a fim de avaliar a iminência de
risco a pessoas ou bens, emitindo parecer e/ou acionando outros meios
ou órgãos para atendimento específico.

131
UNIDADE IV │ CONDUTAS OPERACIONAIS E DE SEGURANÇA

Recursos empregados: aqueles de ordem humana e material, empregados na


realização da atividade de bombeiro, divididos em veículos e efetivo, com a discriminação
dos respectivos tipos e quantidades.

Salvamento: aquelas ações desenvolvidas por bombeiros com o objetivo de minimizar


o sofrimento e diminuir as sequelas às pessoas, visando reduzir o número de mortes
causadas por acidentes de naturezas diversas e minimizar danos ao patrimônio.

A classificação em terrestre ou aquático se baseia no critério do local onde a vítima


se encontra, e não com base nos meios utilizados para a realização do salvamento (o
terrestre abrange o salvamento em altura). Ações dessa natureza incluem, entre outros:

a. acidente com meio de transporte: aquele que envolve qualquer tipo de


veículo, seja terrestre, aquático ou aéreo;

b. afogamento: morte ou risco de morte por submersão ou asfixia em meio


líquido;

c. alagamento: líquido acumulado (normalmente água), gerando situação


que implique risco à vida ou ao patrimônio;

d. desabamento/desmoronamento: queda de uma estrutura, ou parte de


uma estrutura edificada, placas de propaganda, painéis etc.;

e. deslizamento (ou escorregamento): deslocamento de porção de terra ou


de alguma construção ou objeto que esteja assentado sobre essa porção
de terra. Exemplo: deslocamento de porção de terra de uma encosta de
beira de estrada, deslocamento de uma residência que se localize em cima
de um morro e deslocamento de um veículo que se encontre estacionado
e devidamente freado no cume de uma montanha.

A atividade de salvamento envolve, ainda, a classificação das atividades em:

a. busca: tentativa de localizar pessoas, animais ou bens em locais onde,


em razão do risco ou situação, seja necessário o emprego de pessoal e/ou
material do Corpo de Bombeiros;

b. resgate: recuperação de pessoas, animais ou bens que estejam retidos em


determinado local e expostos a um risco, com emprego de pessoal e/ou
material do Corpo de Bombeiros e, particularmente, no caso de pessoas,
aplicando-lhes os primeiros-socorros e transportando-as para local
adequado, se necessário.

132
CONDUTAS OPERACIONAIS E DE SEGURANÇA │ UNIDADE IV

Sistemas de proteção contra incêndio: dispositivos e sistemas instalados no local


da ocorrência, utilizados para fins de detecção, alarme e combate ao fogo.

Trote: falso alarme de ocorrência dado intencionalmente pelo solicitante, implicando


o deslocamento do bombeiro, sem que necessite atuar.

Veículos empregados: recurso material empregado na realização de atividades de


bombeiro, classificado em:

a. veículo aquático: aquele adequado para o emprego em meio líquido (rios,


lagos, mares etc.) para a realização de prevenção, combate a incêndio
e/ou salvamento aquático (barcos, lanchas, jet-ski, navios, botes etc.);

b. veículo de atendimento pré-hospitalar: aquele de uso terrestre que se


destina especificamente ao atendimento a vítimas, dotado de condições
adequadas para a realização dos primeiros-socorros e sua condução ao
estabelecimento de saúde de referência;

c. veículo de incêndio: aquele de uso terrestre dotado de recursos


necessários para o atendimento de ocorrências de incêndio, ou seja, com
bomba e/ou tanque, além dos equipamentos hidráulicos indispensáveis;

d. veículo de salvamento: aquele de uso terrestre dotado de recursos para


o atendimento de ocorrências de salvamento, que normalmente se
caracteriza por portar equipamentos para a realização de arrombamento,
material de sapa, cabos, ferramentas, equipamentos de mergulho, barco
e outros equipamentos necessários para tal atividade;

e. avião: utilizado em qualquer atividade de bombeiro;

f. helicóptero: utilizado em qualquer atividade de bombeiro.

Vítima: toda pessoa que sofre ou sofreu uma lesão física, alteração orgânica ou
patológica ou que se encontre em local ou situação de risco iminente à sua integridade
física ou emocional e que, em qualquer dos casos acima, necessite de socorro e/ou
qualquer tipo de intervenção externa, podendo ser classificada em ilesa, ferida ou fatal:

a. vítima fatal: aquela com lesões físicas que, em razão de sua natureza,
causaram a sua morte;

b. vítima ferida: aquela que sofreu lesões que ofenderam sua integridade
física, orgânica ou patológica, levando-a a necessitar de cuidados médicos;

c. vítima ilesa: aquela que não sofreu lesão física, alteração orgânica ou
patológica, embora estivesse em local ou situação de risco iminente à

133
UNIDADE IV │ CONDUTAS OPERACIONAIS E DE SEGURANÇA

sua integridade física ou emocional, e que necessitou de socorro e/ou


qualquer tipo de intervenção externa.

Registro de atividades de bombeiros


O documento “Registro de Atividades de Bombeiros” deve ser constituído dos dados
mínimos a serem coletados nas missões peculiares de bombeiros, sejam essas de
combate a incêndio, salvamento, de prevenção e auxílio ou atendimento pré-hospitalar.

Os dados mínimos se distribuem nos seguintes blocos do registro:

a. dados da entidade relatora;

b. dados sobre o registro da ocorrência;

c. dados sobre o local da ocorrência;

d. dados sobre as atividades desenvolvidas na ocorrência:

›› combate a incêndio;

›› salvamento; e

›› prevenção e auxílio;

e. dados sobre as vítimas;

f. dados sobre recursos empregados;

g. histórico/resumo da ocorrência;

h. dados complementares;

i. dados sobre o responsável pelo preenchimento.

Dados mínimos do registro de atividades de bombeiros

Os dados mínimos se dividem, basicamente, em dois tipos:

a. aqueles que, devido à sua individualidade e exclusividade, devem ser


preenchidos de forma escrita;

b. aqueles que oferecem alternativas, das quais uma ou mais devem ser
assinaladas, conforme o caso.

134
CONDUTAS OPERACIONAIS E DE SEGURANÇA │ UNIDADE IV

Dados da entidade relatora

A identificação da entidade relatora deve ser composta por:

a. nome da entidade relatora;

b. endereço da entidade relatora (rua, número, complemento, bairro, CEP,


município, UF e telefone);

c. nome da corporação a que está subordinada, quando for o caso.

Dados sobre o registro da ocorrência

O registro da ocorrência deve ser composto por:

a. um sistema de registro numérico, em ordem crescente, das ocorrências


atendidas pelos bombeiros, conforme critério determinado pela entidade
relatora;

b. número das folhas/do total de folhas utilizadas no registro; e

c. tipo de situação encontrada no local ou intervenção:

›› com intervenção;

›› sem intervenção, devido a engano, trote ou problema já solucionado.

Dados sobre o local da ocorrência

A identificação da ocorrência deve ser composta por:

a. data (dia/mês/ano) da ocorrência;

b. horário (horas/minutos) da chamada para a ocorrência;

c. horário (horas/minutos) de chegada ao local;

d. horário (horas/minutos) de término das atividades;

e. meio utilizado para chamada dos bombeiros, que pode ser:

›› telefone 193;

›› linha direta; e

›› outro (deve ser especificado);

f. local da ocorrência (endereço completo, inclusive com identificação da


Unidade da Federação);

135
UNIDADE IV │ CONDUTAS OPERACIONAIS E DE SEGURANÇA

g. nome do solicitante;

h. telefone do solicitante;

i. características do local da ocorrência, que pode ser:

›› residencial;

›› comercial;

›› industrial;

›› de ensino;

›› de saúde;

›› via pública/urbana;

›› rodovia/estrada;

›› de lazer e/ou cultura;

›› de prestação de serviço;

›› terminal de passageiros;

›› terreno baldio;

›› agropecuário;

›› mata/floresta;

›› montanha;

›› mar;

›› rio;

›› lago;

›› outro (deve ser especificado);

j. tipo de utilização da propriedade do local da ocorrência:

›› privada;

›› pública; ou

›› mista;

136
CONDUTAS OPERACIONAIS E DE SEGURANÇA │ UNIDADE IV

k. área classificada como área de preservação?

›› sim;

›› não.

Dados sobre as atividades desenvolvidas na


ocorrência
As atividades de bombeiros devem ser classificadas, de acordo com sua
predominância, em uma das abaixo listadas, o que não exclui o preenchimento de
outros campos de atividades, se estas fizeram parte da mesma ocorrência:

a. combate a incêndio;

b. salvamento;

c. prevenção e auxílio.

Além disso, as atividades listadas nas alíneas acima podem incluir ou não a atividade
de atendimento a vítimas.

Combate a incêndio
As atividades de combate a incêndio são subdivididas em:

a. edificações:

›› de alvenaria;

›› de concreto;

›› de madeira;

›› metálica; e

›› outro tipo de edificação (deve ser especificado);

b. meio de transporte:

›› aeroviário;

›› aquático;

›› ferroviário/metroviário;

›› rodoviário.

137
UNIDADE IV │ CONDUTAS OPERACIONAIS E DE SEGURANÇA

Salvamento
As atividades de salvamento são classificadas, segundo o local da ocorrência, em
terrestres ou aquáticas.

Além disso, atividades de salvamento são discriminadas como se segue:

»» acidente com meio de transporte;

»» afogamento;

»» alagamento;

»» desabamento/desmoronamento;

»» deslizamento; e

»» outro (deve ser especificado).

O salvamento inclui atividades de busca e resgate, que devem ser quantificadas.

A quantificação de buscas e resgates realizados durante o salvamento deve ser dada


segundo a seguinte classificação:

»» animal;

»» cadáver;

»» objeto;

»» pessoa;

»» veículo aeroviário;

»» veículo aquático;

»» veículo ferroviário;

»» veículo rodoviário; e

»» outro (deve ser especificado).

Prevenção e auxílio
As atividades de prevenção e auxílio são classificadas como segue:

»» abastecimento d’água;

»» abertura de imóvel;

»» atividade educacional;

138
CONDUTAS OPERACIONAIS E DE SEGURANÇA │ UNIDADE IV

»» captura/remoção de insetos;

»» corte/poda de árvore;

»» desfile/demonstração;

»» esgotamento;

»» lavagem de pista;

»» proteção em local de concentração pública;

»» lavagem de estabelecimento;

»» proteção a banhistas;

»» proteção a autoridades;

»» reparo ou colocação de adriça;

»» transporte;

»» vazamento de GLP;

»» vazamento de outros produtos perigosos;

»» vistoria técnico-operacional;

»» outro (deve ser especificado).

Dados sobre as vítimas


As vítimas da ocorrência devem ser classificadas por:

»» nome da vítima;

»» sexo;

»» se houve atendimento pré-hospitalar (sim/não);

»» tipo de vítima:

›› não bombeiro;

›› bombeiro profissional;

›› bombeiro voluntário;

139
UNIDADE IV │ CONDUTAS OPERACIONAIS E DE SEGURANÇA

»» idade (anos);

»» nível de lesão:

›› ilesa;

›› ferida;

›› fatal;

»» problemas encontrados:

›› cardíaco;

›› caso clínico;

›› choque;

›› coma;

›› convulsão;

›› evisceração;

›› ferimento por arma de fogo;

›› ferimento por arma branca;

›› fratura;

›› hemorragia;

›› neurológico;

›› obstétrico;

›› psiquiátrico;

›› queimadura;

›› respiratório;

›› trauma de coluna;

›› trauma de crânio; e

›› outro (deve ser especificado).

140
CONDUTAS OPERACIONAIS E DE SEGURANÇA │ UNIDADE IV

O número total de vítimas deve ser dado nas seguintes categorias:

a. vítimas ilesas;

b. vítimas feridas;

c. vítimas fatais.

Dados sobre recursos empregados

Os veículos empregados no atendimento da ocorrência devem ser quantificados e


classificados em:

»» tipo de veículo:

›› atendimento pré-hospitalar;

›› incêndio;

›› salvamento;

›› aquático;

›› avião;

›› helicóptero; e

›› outro (deve ser especificado);

»» entidade a que pertence:

›› corpo de bombeiros;

›› polícia militar;

›› polícia rodoviária federal;

›› defesa civil;

›› outro.

O efetivo empregado no atendimento da ocorrência deve ser quantificado e


classificado em:

a. bombeiro militar;

b. bombeiro municipal;

141
UNIDADE IV │ CONDUTAS OPERACIONAIS E DE SEGURANÇA

c. bombeiro privado;

d. bombeiro voluntário;

e. policial militar;

f. policial rodoviário federal;

g. outro (deve ser especificado).

Histórico/resumo da ocorrência

Registrar, resumidamente, o histórico do incidente e dados não contemplados no


registro e considerados importantes para a caracterização da ocorrência.

Dados complementares

Registrar dados complementares de importância para compreensão.

Dados sobre o responsável pelo preenchimento

Deve-se registrar as seguintes informações básicas do responsável pelo preenchimento


do registro:

a. nome;

b. código de identificação;

c. cargo/função;

d. data do preenchimento;

e. assinatura.

Fonte: ABNT NBR 14.023:1997.

Como vimos em nosso estudo dirigido, a atividade de bombeiro civil já existia nas
indústrias brasileiras e em alguns eventos de reunião de público e até em muitos
shopping centers, desenvolvendo atividades de segurança contra incêndio,
atendimento de urgência (primeiros socorros) e auxílio na evacuação/abandono
de edificações. Mas somente a partir da regulamentação da profissão, em 2009,
foi essa tão importante atividade reconhecida de direito como profissão.

Por certo, com a regulamentação da profissão de bombeiro civil, vieram direitos,


mas também muitas responsabilidades, inclusive nas esferas civil e criminal.

142
CONDUTAS OPERACIONAIS E DE SEGURANÇA │ UNIDADE IV

Dessa forma, somente a partir do conhecimento total da legislação específica


referente à sua profissão, poderá o bombeiro profissional civil saber dos limites
legais de suas ações, bem como as correspondentes implicações, de forma a
poder desempenhar sua atividade profissional norteado no principio ético,
moral e, sobretudo, legal.

Mesmo após a regulamentação da profissão de bombeiro profissional civil,


restaram muitas lacunas para serem preenchidas, uma vez que ainda não houve
a regulamentação dessa lei, ficando os profissionais sujeitos a normas estaduais,
que se diferenciam de acordo com o poder de polícia atribuído aos bombeiros
militares estaduais e em algumas regiões até pelo poder executivo municipal.
Por isso para exercer a função de Bombeiro Civil de forma adequada, é preciso
formação e treinamento constante sobre prevenção, resgate, salvamento e
combate a incêndio.

Somos sabedores de que a presença de um Bombeiro Civil capacitado e


qualificado indica a preocupação do estabelecimento em oferecer segurança
e prevenção a seus funcionários e clientes. Por isso, é notório que, desde a
regulamentação, a profissão de bombeiro civil teve uma evolução ascendente,
da mesma forma que há um reconhecimento próprio a esse profissional da
sociedade. Mas muito ainda há de ser feito por essa tão importante categoria
profissional.

Este material de estudo teve como objetivo falar sobre a profissão, conceitos,
definições e atribuições dos bombeiros civis e bombeiros civis mestres, diferenciar
as denominações de bombeiros (privada e público), fazendo um comparativo
entre eles, bem como tratar da legislação que rege cada tipo de bombeiro, fazer
um estudo mais dirigido das normas e legislação federal, estadual e municipal
aplicada à função, compreendendo como essas legislações mudam entre estados
e municípios, e como deve ser a adaptação a essas mudanças. Foi abordado
ainda um tema muito importante que trata dos níveis de capacitação exigidos,
formação e áreas de atuação, bem como atribuições e principais atividades que
devem ser exercidas. Por fim, vimos como deve ser formado um Departamento
de Prevenção e Combate a Incêndios nas Organizações.

O presente material visou, dessa forma, orientar e nortear novas políticas. Que
ele seja apenas o início de uma jornada em busca de melhores informações,
condições e mais reconhecimento da profissão.

No Brasil, infelizmente, não temos ainda a cultura de prevenção e combate a


incêndios. Muitas empresas e entidades acham que é um gasto desnecessário.

143
UNIDADE IV │ CONDUTAS OPERACIONAIS E DE SEGURANÇA

Pelo contrário, a missão do bombeiro civil é preservar a segurança e estar a postos


treinado e preparado para o atendimento imediato e prestar o atendimento
de urgência durante uma emergência. A presença desse profissional contribui
com o Corpo de Bombeiros e com a população, a maior beneficiada com essa
profissão.

144
Referências

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Ed. Lidel, Lisboa, 2006.

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Teixeira e P. Antão (Eds.), Edições Salamandra, Lisboa, 2007, pp. 33-44.

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grupos. ed. WAK. 2002. Rio de Janeiro – RJ.Curso de Formação de Bombeiro
Particular. LAJOM – Formação e Especialização, 2012, Brasília – DF.

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Incêndio e Coordenação de Corpos de Bombeiros Voluntários. 1. ed. Brasília
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ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 14277. Instalações e


Equipamentos para Treinamentos de Combate a Incêndios - Requisitos, ed. 2005.

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