Hipótese TGNJ (1) Modalidades Do Negócios Jurídicos

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Hipóteses Práticas

Modalidades do Negócio Jurídico

I. Num final de uma tarde de Verão, António, praticante de surf, e Bernardo, também
amante da modalidade, encontraram-se na esplanada da praia que habitualmente frequentam,
para conversarem. No decurso da conversa, apercebendo-se de que o seu amigo Bernardo
estava interessado na compra de uma prancha de surf em segunda mão, António propôs-lhe a
venda de uma antiga prancha que tinha, de boa qualidade, por 100 euros. Bernardo respondeu
de imediato, afirmando “Aceito!”. Ambos combinaram que António entregaria a Bernardo a
prancha no dia seguinte, na esplanada em que se encontravam, e que o preço seria pago também
nesse momento.

No dia seguinte, António e Bernardo encontram-se na praia, como tinham combinado.

Admita as seguintes hipóteses, autónomas entre si:

a) Arrependido da decisão de venda da prancha, António recusa-se a entregá-la a


Bernardo. Afirma não estar obrigado à entrega da prancha, porque:
i) não houve acordo escrito;
ii) sem entrega da coisa e pagamento do preço, não há qualquer contrato que
tenha sido celebrado. Por seu turno, Bernardo afirma ser proprietário da
prancha e ter direito à sua entrega, contra o pagamento do preço que se
propõe realizar, pois houve um acordo verbal, que é válido e deve ser
cumprido. Quem tem razão?

Problemas Jurídicos:

proprietário da prancha no dia seguinte?

Está obrigado Bernardo a pagar ao António e António a entregar a prancha?

A era proprietário da pranche, mas no dia seguinte, depois da conversa, quem é o verdadeiro
pranche?

Se foi celebrado um contrato de compra e venda (válido)?

Transmissão do direito da propriedade, nascimento da obrigação do pagamento pela coisa?


Efeitos obrigacionais de pagamento e da entrega, em resumo

1. foi celebrado o contrato?


2. Quais são os efeitos (obrigações e transição do direito real) desse mesmo contrato?

1.

Coisa móvel – pranche.

E a lei não exige formalidade especial para a celebração do contrato, designadamente, a sua
validade.
Aplica-se o p. da liberdade da forma, 219º do CC, não se exige a forma especial para a transição
da vontade.

Cumulativamente, conclui-se que o acordo verbal é válido, é validamente celebrado, uma vez
que é o contrato não-solene.

Ou seja, verifica-se de um negócio consensual e não-solene, e que a sua perfeição depende de


simples consenso. E para a sua validação não depende da entrega da coisa (não-real). Considera
que o contrato é perfeitamente e validamente celebrado depende do acordo oral.

2.

879º CC – efeitos essenciais da compra e venda

O vendedor é obrigado a entregar a coisa

E o comprador tem a obrigação de pagar o preço.

No momento da aquisição da propriedade – 1317º/alínea a.

A regra supletiva é o momento da aquisição do direito da propriedade é o momento do acordo


caso não estipula nenhuma cláusula especificamente estabelecida no contrato, ou seja, isto é, a
transmissão automática e imediata dos contratos com eficácia real, aplicando-se o art 1317º +
408º do CC.

Quem é o proprietário do pranche no momento do fim do acordo é o Bernardo.

António não tem razão e Bernardo tem direito a exigir a sua entrega, que está alineado a
obrigação da entrega da coisa de António, tem efeitos obrigacionais. Bernardo é titular do
direito de crédito resultante no contrato da compra e venda (sinalagmático), enquanto Bernardo
tbm gera a obrigação de pagar pelo preço negociado.

(3.)

António não pode resolver unilateralmente o contrato, A, que é devedor, pretende não cumprir.

(808º não aplicável, uma vez que A é devedor na perspectiva da relação)

p. de pacta sunt servanda – 406º CC, pela força da eficácia do contrato, tem que ser cumprido.
E o recurso do cumprimento ...

b) Bernardo pretende que António lhe entregue de imediato a prancha, mas,


diferentemente do acordado, pretende pagar só dali a uma semana, data em que terá
o dinheiro disponível. António recusa-se a entregar a prancha enquanto o preço não
for pago. A recusa de António em entregar a prancha é lícita? Justifique a sua
resposta.

808º???não
428º

Pergunta: A recusa de A em entrega a prancha é lícita?

São obrigação da entrega da coisa e a obrigação da pagar o preço, contrato sinalagmático.

No falta do cumprimento de uma obrigação sinalagmático, o art 428º permite o vendedor recusa
licitamente o cumprimento do contrato, o seja, tem o dto de resolver o contrato pela mora do
devedor.

A obrigação está reciprocamente abrangida entre A e B.

II. Carlos pretende vender o seu automóvel a Daniel, por 5 000 euros. Carlos entende
que o contrato só é válido se for celebrado por escrito. Daniel considera que basta um acordo
oral para que o contrato esteja validamente celebrado. Quem tem razão?

Móvel – bem móvel

A celebração do contrato não-solene

Prevalece a regra geral do p. de liberdade da forma, o contrato está validamente celebrado tanto
por escrito, como por via oral. Por força da liberdade contratual do art 219º CC, não exige
assim a forma especial para a celebração do contrato e a sua produção dos efeitos em seguinte.
O regime das coisas móveis.

Não se confunda o regime da publicidade (do registo) e a forma da celebração, que não impede
a eficácia do contrato celebrado.

(ex.)

A falta de registo não impede a validade na celebração do contrato.

A tem a obrigação da entrega do automóvel mesmo que o automóvel não está registado.

(ex.)

B não registou o automóvel antes da entrega, imagina que A pretende lucrar mediante essa
informação, da má fé, celebrar novamente um contrato da compra e venda com C, a vender o
mesmo automóvel.

Neste caso, B não pode exigir C a entrega do automóvel desde que C celebrou o contrato da
compra e venda com A da boa fé. Neste caso, aplica-se a regra da Inoponibilidade de terceiro,
em que B só pode pedir o cumprimento da obrigação ou a respectiva indemnização do A, que
agiu da má fé neste caso.

Inoponibilidade de terceiro da boa fé – 243º


III. Eva vendeu a Felícia o seu apartamento por acordo oral. Felícia pagou de imediato
o preço acordado e passou a habitar o apartamento. A quem pertence o apartamento?

A propriedade nunca se transmitiu no ponto da vista jurídica. Felícia nunca adquiriu a


propriedade e nunca saiu na esfera jurídica de Eva.

O contrato é nulo, porque o contrato é solene e exige a forma especial, nos termos do art 875º.

Assim, aplica-se o art 286º para o efeito do contrato inválido, a nulidade.

O contrato é consensual?? Sim, mas a sua validade da formação do contrato exige forma e neste
caso o contrato nunca foi validamente celebrado e por isso não produz nenhum efeito jurídico.

IV. No dia em que Helena concluiu o seu curso em Medicina a sua madrinha, Ivone,
telefonou-lhe, felicitando-a pela conclusão da licenciatura. Nesse mesmo telefonema, Ivone
disse a Helena: “Como prenda pela conclusão do curso, ofereço-te, minha querida, o anel de
rubis que sempre disse que te daria, quando terminasses os teus estudos”. Helena agradeceu à
madrinha e aceitou oralmente a oferta.

Apesar das palavras que disse à afilhada no telefonema descrito, Ivone, que, entretanto,
se zangou com Helena, não lhe entregou o anel e recusa-se a fazê-lo. Helena entende que o anel
é seu. Tem razão?

Doação

Negócio gratuito, bilateral, e real quanto a constituem.

1.

Coisa móvel em que não se exige a forma especial quanto à sua celebração do contrato; E que
assim prevalece a regra geral da liberdade da forma, nos termos do art 219º.

A validade da celebração do contrato da doação depende, quer do contrato escrito, quer da


entrega da coisa.

Ou seja, o contrato da doação é contrato real em que a perfeição depende, além da declaração,
da tradição da coisa objecto do contrato.

E por isso, neste caso, não é validamente construído o contrato para produção da sua eficácia/do
seu efeito.

V. Ao fazer umas arrumações em casa da sua madrinha, Ofélia encontrou um caderno


onde a sua madrinha escrevera: “Quando morrer, deixo todos os meus bens à minha afilhada
Ofélia”. Ofélia considera que tem direito à herança da sua madrinha, tal como esta escreveu no
caderno. Quid iuris?
Testamento, o testador tem de observar o conteúdo em que a lei visa limitar.

Essa parte dos bens hereditários.

Neste caso, não sabemos se existe ou não herdeiros legitimários ou não. Caso existem, havia
uma redução do conteúdo do testamento pela observância da disposição legal.

Importa mais avaliar a sua perfeição formal, ou seja, existe alguma vício da forma do
testamento?

Testamento é um negócio solene. 2204º e 2205º

Os testamentos só são válidos seguidos determinadas formas, o vício da forma (documento


particular escrito) sob pena da nulidade, que resulta dos efeitos nos termos do art 286º CC.

VI. Anabela e Berta assinaram um documento, com o seguinte teor: Anabela declarou
que, por sua morte, o seu apartamento da Avenida de Roma, em Lisboa, seria de Berta; Berta
declarou que aceitava o apartamento, por morte de Anabela, e que se comprometia a cuidar
desta até a sua morte”. Este negócio é válido?

Doação por morte, contrato sucessório, que em princípio é proibido por força do art 2028º,

1:40:00?????????????

Anabela e Berta pertendem que durante a sua vida, Anabela fica a plenitude do direito da
propriedade sobre o apontamento, reservada em si; mas quando a sua morte, transmita-se o
direito da propriedade a Berta.

946º.

Resumo.

Doação por morte (946.ºCC)- contrato sucessório


Contrato sucessório é em regra proibida.(2028.º/2 e 946.º)
O art.946.º/2 permite conversão da doação por morte em disposição testamentária se a
doação produzir os seus efeitos por morte do doador e tiverem sido observadas as
formalidades dos testamentos (2204.º) o que não ocorreu porque foi apenas um
documento assinado por ambas as partes.
VII. Encontrando-se a atravessar um período de dificuldades financeiras, Joaquim
telefonou ao seu amigo Luís, pedindo-lhe emprestada a quantia de 1000 euros. No mesmo
telefonema, Luís responde afirmativamente, tendo dito que no dia seguinte entregaria o valor
pedido. Contudo, no dia seguinte, Luís, consternado, comunica a Joaquim que, afinal, não
dispõe daquela quantia e que, por isso, não pode emprestar-lha. Joaquim não se conforma e
considera que, “nos termos acordados”, tem direito a que Luís lhe entregue 1000 euros. Quid
iuris?

Mútuo. – 1142º CC e 1143º CC

uma vez que o valor é da quantia de 1000 euros, e que é inferior a 2500 euros (1143º CC), então
não exige a forma especial para a sua celebração do contrato.

Não exige forma especial, ... 219º... houve acordo mas não houve entrega, por isso, não havia
negócio.

Negócio real em que exige a entrega da coisa para a validade da celebração do contrato.

Sendo nulo, aplicando o art 298º. A falta da entrega determina a nulidade do contrato como
efeito resultante do negócio real.

Caso

Para a conversão do contrato do mútuo para contrato da promessa, tem que ????????1:45:00

Resumo.

 Mútuo é um contrato real quanto à constituição.


 Não houve entrega da coisa, logo o contrato é nulo
 Sendo nulo, segundo o art.293.ºCC, existiria a possibilidade de conversão se se
compreender que as partes quereriam essa conversão se soubessem da nulidade e
se os requisitos estiverem cumpridas
 Por uma doutrina: a conversão seria para contrato-promessa de mútuo, que aqui
estaria celebrado e então o Dinis, ao não entregar o dinheiro estaria a incumprir
o contrato-promessa.(410º)
 Pela doutrina do Prof. Carvalho Fernandes: Ou as partes não quiseram
vincularem-se sem entrega e assim fica tudo igual à doutrina anterior
 Ou as partes quiseram vincular-se sem entrega e assim celebra-se um contrato
atípico e assim fica responsável pelo incumprimento de um contrato atípico que
é um regime diferente do incumprimento do contrato-promessa
VIII. No dia 1 de Dezembro, César, residente no Porto, telefonou ao seu amigo Dinis,
informando-o de que iria realizar uma pós-graduação em Lisboa, no mês seguinte. Sabendo que
Dinis é proprietário de um apartamento em Lisboa que se encontra desabitado, César pergunta a
Dinis, no mesmo telefonema, se este aceita celebrar com ele um contrato pelo qual Dinis se
obriga a ceder a César o gozo do apartamento de que é proprietário, situado em Lisboa, durante
todo o mês de Janeiro, sem que seja devida qualquer contrapartida. Dinis responde de imediato,
em sentido afirmativo. No dia 1 de Janeiro, César viaja para Lisboa e encontra-se com Dinis,
pedindo-lhe as chaves do apartamento. Dinis, contudo, afirma que se arrependeu do que dissera
e que, afinal, César não pode ficar no apartamento sem nada pagar. César afirma que tem
direito a residir gratuitamente no apartamento de Dinis durante o mês de Janeiro. Quid iuris?
(hipótese adaptada do exame final de TJNJ-A, de 5 de Janeiro de 2018)

1:53:00

Problemas jurídicos sub jacente:

1. Formalidade do contrato
2. Se o acordo celebrado do comodato ???

Resumo.

- O acordo das partes que é comodato é real quanto à constituição


- Não foi entrega a coisa, logo não foi celebrado corretamente
- Portanto é nulo, pode arrepender-se
- Indo mais a fundo, existe também a possibilidade de conversão em contrato de
promessa ou se seguirmos Carvalho Fernandes, as partes podem querer vincular-se sem
entrega e é contrato atípico

IX. Emília, planeando ausentar-se de férias para o estrangeiro e receosa de que a sua
residência pudesse ser assaltada, propõe a Fátima a celebração de um contrato em que esta se
obrigava a guardar-lhe as suas joias, num cofre de que esta última era proprietária, durante o
período em que Emília estivesse ausente, ficando Emília obrigada a pagar a Fátima, por este
serviço, a quantia de 250 euros. Fátima aceita a proposta, tendo ficado ainda acordado que as
joias seriam entregues por Emília a Fátima no dia 1 de Agosto e que a retribuição seria paga a
Fátima no final desse mesmo mês. No dia 1 de Agosto, Emília arrepende-se do acordado e não
entrega as joias a Fátima. Fátima entende que tem direito a exigir de Emília o pagamento dos
250 euros. Quid iuris?

 Prevalece a liberdade da forma sobre o conteúdo do contrato??? 219º???


 Contrato de depósito, por isso, aplica-se o art 1185º e 1186º do CC
 Diz-se no art 1186º que é aplicável o mecanismo do art 1158º(n.º 2) enquanto negócio
jurídico oneroso.
 Contrato de depósito é nj real quanto à sua constituição
 Não houve entrega da coisa, logo o contrato é nulo
 Sendo nulo, segundo o art.293.ºCC, existiria a possibilidade de conversão se se
compreender que as partes quereriam essa conversão se soubessem da nulidade e
se os requisitos estiverem cumpridas
 Por uma doutrina: a conversão seria para contrato-promessa de mútuo, que aqui
estaria celebrado e então o Dinis, ao não entregar o dinheiro estaria a incumprir
o contrato-promessa.(410º)
 Pela doutrina do Prof. Carvalho Fernandes: Ou as partes não quiseram
vincularem-se sem entrega e assim fica tudo igual à doutrina anterior
 Ou as partes quiseram vincular-se sem entrega e assim celebra-se um contrato
atípico e assim fica responsável pelo incumprimento de um contrato atípico que
é um regime diferente do incumprimento do contrato-promessa

Resumo.
1. Contrato de deposito em que prevista um regime da regulação específica no
parte do CC.
2. Não exige a forma especial na sua celebração do contrato de contrato de
depósito, e por isso, prevalece-se o p. de liberdade da forma, à luz do art 219º.
3. Não escrito, e que a lei não exigia para a sua válida celebração.
4. Para Antunes Varela, sem a entrega da coisa, o contrato não validamente
celebrado, assim sendo, sob efeito da nulidade, nos termos do art 286º.
5. Possibilidade da Conversão do contrato-promessa,
6. Ou pela doutrina do prof Carvalho Fernandes, a um contrato atípico quando as
partes pretendiam vincular-se antes da entrega da coisa.

X. Mário, atravessando um período de dificuldades financeiras que o impossibilitam de


pagar várias dívidas já vencidas, receoso de que os seus credores venham a executar o seu
património, decide: i) vender o seu automóvel a Natércia; ii) doar o seu apartamento ao seu
filho Óscar.

Paula, credora de Mário, intenta uma ação de impugnação pauliana relativamente a


cada um desses negócios.

Pergunta-se:

a) Para que a ação de impugnação pauliana da venda do automóvel proceda, exige-se a


má fé de Mário e a má fé de Natércia? (cfr. os artigos 610.º e 612.º do Código
Civil)
b) Para que a acção de impugnação pauliana da doação do apartamento proceda, exige-
se a má fé de Mário e a má fé de Óscar? (cfr. os artigos 610.º e 612.º do Código
Civil)

 Segundo o entendimento do prof Carvalho Fernandes, na impugnação pauliana, a


procedência do ataque dos credores é facilitada quando o acto é gratuito e agravada
quando ele é oneroso, à luz do art 612º CC.
 Pois, neste segundo caso, o património do devedor recebe uma contrapartida do bem
por ele alienado.

a.)
Sendo a compra e venda do automóvel, que é um bem móvel, um negócio jurídico
oneroso, ou seja, existe sacrifícios patrimoniais do credor e do devedor que constituem
vantagem para ambas as partes, aplica-se a 1ª parte do art 612º/1
Neste caso, segundo o art 612º/1, se o acto do devedor e do terceiro tiveram agindo da
má fé, é exigível, pelo credor, a impugnação pauliana.
b.)
A doação é um negócio jurídico unilateral (pq só uma parte é que gera obrigação e
sacrifício patrimonial em favor da contraparte) a título gratuito. E que assenta a sua
natureza ... 940º
Segundo a 2ª parte do mesmo artigo, ainda que um e outro agissem de boa fé, é
prendível a impugnação pauliana pelo credor.
Isto é, por efeito da convocação da impugnação pauliana, tem por consequência a
aplicação do art 616º, nomeadamente, sob pena de nulidade para ambos os contratos de
compra e venda e da doação, nos termos do art 286º.

A impugnação pode haver a convocação da invalidade.

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