A Imaterialidade Do Patrimônio Material Urbano
A Imaterialidade Do Patrimônio Material Urbano
A Imaterialidade Do Patrimônio Material Urbano
Resumo:
Tratando dos conceitos de patrimônio cultural material e imaterial o presente artigo discute a
aplicabilidade da preservação patrimonial na vivencia social e seu impacto nas cidades.
Entendendo assim, que o patrimônio material é ligado ao cotidiano através de sua face
imaterial busca-se compreender como esse processo vem se desenvolvendo na atualidade .
Palavras-chave:
Patrimônio urbano, memória, cidades.
Abstract:
Dealing with cultural heritage concepts tangible and intangible this article discusses the
applicability of heritage preservation in social experiences and their impact on cities.
Understanding so that the material heritage is connected to everyday life through his face
immaterial try to understand how this process is developing today.
Thompson (1995), então, formula o que pode ser chamado uma ‘concepção
estrutural’ da cultura dando a significação de uma concepção que dê ênfase tanto ao
caráter simbólico dos fenômenos culturais como ao fato de tais fenômenos estarem
sempre inseridos em contextos sociais estruturados. Podemos oferecer uma
caracterização preliminar desta concepção que dê ênfase tanto ao caráter simbólico
dos fenômenos culturais como ao fato tais fenômenos estarem sempre inseridos em
contextos sociais estruturados e com estes estão ligados à cultura, em seu modo do
saber fazer local e sua transmissão.
Podemos oferecer uma caracterização preliminar dessa concepção
definindo a ‘análise cultural’ como estudo das formas simbólicas –
isto é, ações, objetos e expressões significativas de vários tipos – em
relação a contextos e processos historicamente específicos e
socialmente estruturados dentro dos quais, e por meio dos quais,
essas formas simbólicas são produzidas, transmitidas e recebidas. Os
fenômenos culturais, deste ponto de vista, devem ser entendidos
como formas simbólicas em contextos estruturados; e a análise
cultural - para usar uma fórmula abreviada [...] deve ser vista como o
estudo da constituição significativa e da contextualização social das
formas simbólicas. (THOMPSON, 1995, p.181)
Sabemos que não existe uma definição única de cultura e que não é possível
falar de Cultura Urbana e do patrimônio nela produzido sem o devido entendimento
do processo de urbanização das cidades e dos fatos ocorridos na chamada
contemporaneidade, ou no que Max Webber disse ser um certo “desencantamento do
mundo”. Todo um período de modernização, por assim dizer, é verificado a partir do
processo que culmina com a globalização. Começando na época das Grandes
Navegações até os dias atuais, os processos que se sucedem na sociedade são uma
decorrência desse modo contínuo: um exemplo que ilustra esse fenômeno é a
descentralização das cidades, onde o individuo basicamente vive para o consumo
(vejam-se os shoppings centers e suas praças de alimentação) e onde não se precisará
mais pedir informação a ninguém; será possível utilizar-se dos serviços devido às
placas de orientação e de sinalização. Essa é uma das características que sinaliza para
o fato de se estar criando uma sociedade que cada vez mais tende ao individualismo.
Do que está posto, observa-se todo um processo de descentralização e
modificações no espaço urbano (desurbanização, no sentido de não ser mais o espaço
urbano tão destacado a frente do espaço rural e o desespacializamento, ou seja, a não
utilização de uma única referencia de espaço) que vai pouco a pouco modificar a
estrutura sociocultural.
O binômio cidade/campo é modificado pela rápida concentração demográfica
nas cidades. E, consequentemente, a dicotomia popular/erudito também vem a ser
questionada. A sociedade, tal como a conhecemos até o século XX, então muda,
como nos diz Seres citado por Milton Santos:
“[...] nossa relação com o mundo mudou. Antes, ela era local-local; agora é
local-global [...]" e diz mais Santos sobre a fala de Seres: que esse filósofo recorda,
utilizando um argumento aproximativamente geográfico, que "hoje temos uma nova
relação com o mundo, porque o vemos por inteiro. Através dos satélites, temos imagens
da Terra absolutamente inteira”. (SANTOS, 2006). Assim a cidade e seus espaços vêm
demonstrar outras faces das sociedades, diferente da cidade onde muitos destes
monumentos, ruas e espaços públicos foram criados em um contexto diferente, o que
é lembrado por Ângelo Serpa:
O espaço público é também revelador do que é hoje a cidade
contemporânea: a cidade do consumo, do lazer e da cultura de massa,
que nega a possibilidade da reunião e encontro de diferentes, como
colocado por Lefebvre (1991). O espaço público revela, em última
instancia as profundas desigualdades existentes na cidade
contemporânea, evidenciando, finalmente a reunião e a
simultaneidade só se manifestam na desigualdade, explicitando a
desigualdade entre diferentes grupos, classes e frações de classe. Ou
seja: a dialética entre o público e o privado e a segregação só podem
ser pensadas em articulação com a busca de compreensão do que são
a cidade e a produção do espaço urbano na contemporaneidade.
(SERPA, p.186,2013)
Considerações finais
Referências:
DaMATTA, Roberto. A casa & a rua. Espaço, cidadania, mulher e morte no Brasil.
5ª edição, Rio de Janeiro, 1997.
THOMPSON, John B. Ideologia e cultura moderna: teoria social crítica na era dos
meios de comunicação de massa. Petrópolis: Vozes, 1995.
VARINE, Hugnes. As raízes do futuro. O patrimônio a serviço do desenvolvimento
local. Porto Alegre: Mediatriz, 2013.