Questões Antigas Oftalmo (Compilado)

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Questões antigas (Compilado)

Pedro Galvão, Turma LXIX

1. Descrever a anatomia e fisiologia de formação e drenagem do humor aquoso

O humor aquoso é uma substância incolor presenta na câmara anterior do olho,


preenchendo tanto a face anterior do cristalino quanto a posterior da córnea, é
majoritariamente feita de água mas apresenta também moléculas de glicose e proteína, à
medida que auxilia na nutrição da córnea avascular e do cristalino. O humor aquoso é
produzido pelos processos ciliares do corpo ciliar, que realizam uma hiperfiltração do
sangue, e é reabsorvido por uma rede trabecular presente no ângulo iridocorneano que
drena o líquido para o canal de Schlemm e o seio venoso da esclera. Existe também uma
via alternativa de drenagem do humor aquoso denominada via uveoescleral. Essa
circulação é constante e o humor aquoso é renovado a cada minuto, disfunções em
qualquer etapa podem causar aumento da PiO e alterações patológicas.

2. Conduta diante de trauma ocular por produto químico

Deve-se irrigar abundantemente com soro fisiológico ou água por pelo menos 30
minutos, pode-se fazer uso de anestésicos locais (proparacaína 0,5%) para aliviar o
sofrimento do paciente. Após a irrigação, os fórnices conjuntivais devem ser examinados
por eversão palpebral e limpos com swab. O seguimento depende do grau de lesão,
podendo-se fazer uso de ATB, analgésicos, corticoides ou de curativo oclusivo protetor.

3. Quais músculos são inervados pelo oculomotor?


Todos menos o oblíquo superior e o reto lateral: reto medial, reto superior/inferior,
oblíquo inferior, esfíncter da pupila e levantador da pálpebra. Pacientes com paralisia nesse
NC desenvolvem ptose, exotropia, hipotropia e midríase.

4. Quais os achados fundoscópicos mais comuns de retinopatia diabética?

Na fundoscopia da retinopatia diabética, é possível encontrar inicialmente


microaneurismas, hemorragias puntiformes e exsudatos duros. À medida que a doença
progride, é possível observar também manchas algodonosas, edema macular, hemorragia
em chama de vela (extravasamento de células vermelhas) e neovasos (proliferativa).

5. Sobre a uveíte provocada por toxoplasmose, marque VERDADEIRO ou FALSO

(V) A infecção congênita pode levar à cegueira

(F) A contaminação ocorre por contato direto com secreções de pacientes contaminados (A
toxoplasmose é transmitida pela ingesta de água e alimentos contaminados)
(F) É a segunda maior causa de uveíte posterior no Brasil (é a principal causa no Brasil)

(F) O tratamento de infecção adquirida é feito com pirimetamina + sulfadiazina e o uso de


corticoides deve ser evitado

(V) A lesão retiniana típica da toxoplasmose adquirida consiste de foco retiniano de infecção
com placa esbranquiçada exsudativa acompanhada de células vítreas

6. Opções terapêuticas para glaucoma crônico simples de ângulo aberto

O objetivo primário do tratamento para glaucoma de ângulo aberto é a redução da


pressão intraocular. A princípio, para atingi-lo, é feito o uso de medicações tópicas:
betabloqueadores (reduz produção de humor aquoso), parassimpaticomiméticos (aumento
do escoamento de humor aquoso por contração ciliar), agonistas alfa-adrenérgicos
(aumento da reabsorção por via uveoescleral), inibidores da anidrase carbônica e análogos
de prostaglandina. Caso haja refratariedade, pode-se abrir mão de técnicas mais invasivas:
laser e trabeculectomia.

7. Paciente, 62 anos, queixa-se de diplopia há 3 dias. Qual nervo acometido?

Paralisia do III nervo => ptose, exotropia, hipotropia e midríase.

8. Quando devemos indicar o exame de fundo do olho para pacientes com DM?

Pacientes com DM tipo 1 devem começar a realizar o exame de fundo de olho anual
5 anos após o diagnóstico, enquanto pacientes com DM tipo 2 devem realizar o exame
imediatamente após diagnóstico. A detecção e o tratamento precoce pode previnir cegueira
em até 95% dos casos.

9. Cite as funções dos músculos oblíquo superior e inferior

O músculo oblíquo superior realiza a movimentação ocular inferior, sendo responsável pela
abdução e rotação medial. O músculo oblíquo inferior realiza a movimentação ocular
superior, sendo responsável pela abdução e rotação lateral
10. Classificação de uveítes quanto à sua localização anatômica no olho

Uveíte anterior: localizada no segmento anterior do olho, incluindo corpo ciliar. Subtipos
incluem irite e iridociclite.

Uveíte intermediária: localizada na cavidade vítrea e/ou região da pars plana

Uveíte posterior: qualquer forma de retinite, coroidite ou inflamação de disco óptico

Panuveíte: inflamação comprometendo estruturas anteriores, intermediárias e posteriores

11. Como caracterizar o glaucoma congênito primário?

É uma causa de cegueira irreversível na criança, tendo como causa o


desenvolvimento incorreto do sistema de drenagem do olho antes do nascimento
(disgenesia angular). A malformação leva ao aumento da pressão intraocular e danificação
do nervo óptico, normalmente ambos os olhos são afetados de modo assimétrico. O
paciente apresenta sintomas logo após nascer ou até os 3 anos, incluindo: “tríade do
glaucoma congênito” (epífora, fotofobia e blefaroespasmo), buftalmo (bebê com olho
gigante) e estrias de Haab (linhas horizontais curvilíneas na córnea por ruptura da
membrana de Descemet secundária ao edema corneano).

12. Diagnóstico diferencial do olho vermelho

Conjuntivite viral (com pródromo gripal, bilateral, secreção aquosa), conjuntivite


bacteriana (hiperemia intensa, secreção mucopurulenta, unilateral), ceratoconjuntivite
herpética (úlceras dendríticas na fluoresceína), ceratite infecciosa, hiposfagma (ruptura de
vasos esclerais), uveíte anterior, abrasão corneana, corpo estranho corneano e laceração
ocular.

13. Paciente assim:

Ceratocone

14. Diferencie olho seco de ceratocone

O olho seco é uma condição em que o olho perde a capacidade de lubrificar


adequadamente a sua superfície, podendo ser causada por deficiência de produção lacrimal
ou evaporação excessiva da lágrima. Sintomas incluem fotofobia, sensação de corpo
estranho, prurido e olho vermelho. O diagnóstico pode ser feito por fluoresceína e o
tratamento se dá por meio de pomadas e lubrificantes.

Ceratocone é uma distorção protuberante da córnea que leva à perda da acuidade


visual (astigmatismo), à medida que progride a córnea do paciente adquire um aspecto
cônico. O tratamento se dá por lentes de contato rígidas, anel estromal e, em casos
avançados, transplante de córnea.

15. Opções terapêuticas para o tratamento de paciente recém diagnosticado com


retinopatia diabética não proliferativa grave?

É importante orientar sobre controle glicêmico rigoroso e manutenção de níveis


pressóricos inferiores a 130x80 mmHg. O tratamento farmacológico deve incluir drogas
antiangiogênicas e injeções intravítreas de anti-VEGF. O tratamento cirúrgico é indicado em
caso de hemorragia vítrea persistente, descolamento de retina ou edema refratário.
Fotocoagulação aqui não é eficaz, pois ainda não está proliferativa.

16. Escreva o nome do exame abaixo e quais doenças ele ajuda a diagnosticar?

Tomografia de coerência óptica (OCT), técnica de imagem não invasiva utiliza para
visualizar as camadas da retina e do nervo óptico. Utilizada para avaliar degeneração
macular relacionada à idade, edema macular diabético, glaucoma, membrana
epirretinianas, buracos maculares, edema de cisto macular, descolamento de retina,
coroidite serpiginosa, etc.

17. Como se formam as sinéquias posteriores?

As sinéquias posteriores exigem que tenha tido algum tipo de processo inflamatório
que causou contato entre a parte anterior do cristalino e a posterior da íris (exsudato ou
edema). Normalmente ocorre em processos inflamatórios crônicos e refratários ao
tratamento, e pode prejudicar a circulação de aquoso e causar aumento de PiO.

18. Quais os tipos de ambliopia?

A ambliopia é definida como prejuízo da acuidade visual causada por erro ou


assimetria na interação binocular durante um período crítico de desenvolvimento da visão
(até os 8 anos de idade). A seguir, alguns tipos de ambliopia:

- Ambliopia refracional: inerentes a alterações da dimensões do bulbo ocular


(astigmatismo, miopia e hipermetropia) não corrigidas. Caso um dos olhos seja
“melhor”, acaba sendo mais utilizado (anisometropia).
- Ambliopia por estrabismo: O desalinhamento dos olhos faz com que imagens
diferentes sejam enviadas para o córtex visual. Eventualmente uma das imagens é
suprimida e o indivíduo passa a ter apenas um olho funcional, normalmente o
ortótrope.
- Ambliopia por deprivação: É a mais grave, ocorre quando uma das retinas não é
estimulada (ex: catarata congênita). Essa falta de estímulo faz com que o nervo
óptico não seja mielinizado corretamente, tornando o olho disfuncional.

19. O que é catarata e qual sua principal forma de tratamento?

A catarata é marcada pela opacificação do cristalino por um processo oxidativo que


leva à degeneração de proteínas e perda de suas propriedades de transparência. É um
fenômeno progressivo, de caráter senil e não completamente elucidado, causando perda de
acuidade até a cegueira. A única forma de tratamento é cirurgia, sendo a mais utilizada a
facectomia por facoemulsificação.

20. Mulher, 66 anos, hipermétrope, dor aguda ocular com vômitos e mal-estar. Qual
sua principal hipótese diagnóstica e condutas?

Epidemiologia e sintomatologia condizentes com glaucoma agudo. A primeira


conduta é reduzir imediatamente a pressão intraocular da paciente, que pode ser feito pela
infusão venosa de agentes hiperosmóticos como o manitol ou salina (vão “murchar” o olho,
muito cuidado com pacientes nefropatas ou cardiopatas). Pode-se usar também inibidores
de anidrase carbônica e colírios betabloequadores (dentre as outras classes de
medicamentos). Após a saída da crise, deve-se prescrever colírio anti-hipertensivo (timolol)
e encaminhar para o oftalmologista para avaliação de cirurgia (nesse caso, iridotomia ou
cirurgia filtrante).

21. Sinais e sintomas de conjuntivite alérgica

O paciente com conjuntivite alérgica é atópico, com outros quadros tipicamente


alérgicos: asma, rinite e dermatite atópica. Costuma ter certa sazonalidade, piorando no
inverno e na primavera (pólen) em países temperados. Paciente apresenta prurido intenso,
dermatite por abrasão, hiperemia conjuntival e secreção filamentosa. Podem ser
identificadas micropapilas em conjuntiva tarsal e pontos de horner-trantas (depósito de
células inflamatórias).
22. Escreva o nome do exame apresentado e qual doença este exame é primoridal
para diagnóstico

Campimetria, importante no diagnóstico de glaucoma.

EXTRA (QUESTÕES MEDSIMPLE)

A úlcera de córnea, ou ceratite ulcerosa, se trata de uma emergência oftalmológica


cuja principal etiologia é: infecciosa

Dentre os fatores de risco mais comum para a ceratite ulcerosa, o principal é: lente de
contato

Um paciente com 25 anos de idade, soldador, procurou Unidade de Pronto


Atendimento relatando que, durante seu ofício, retirou o protetor facial
momentaneamente e foi atingido por “flash” ocasionado pelo equipamento de solda
no olho direito. O médico clínico socorrista evidenciou apenas eritema conjuntival. O
paciente refere, nesse momento, irritabilidade e “sensação de areia” nos olhos, sem
perda da acuidade visual. Nesse caso, a melhor medida a ser adotada pelo médico
socorrista antes de encaminhar o paciente para avaliação especializada é:
A exposição à solda elétrica sem o uso de proteção adequada pode ocasionar
diferentes tipos de lesão ocular como corpo estranho ou queimaduras na córnea e
conjuntiva (fotoceratoconjuntivite). O manejo é irrigação ocular com soro fisiológico 0,9% e
encaminhamento para oftalmologista.

Na abordagem do glaucoma agudo na emergência, o médico plantonista, além de


fazer o encaminhamento de urgência ao especialista, pode lançar mão dos seguintes
recursos, EXCETO:
A) Manitol EV 20%
B) Acetazolamida
C) Atropina
D) Timolol
E) Pilocarpina
R: A atropina é contraindicada nesse caso pois ela aumenta a dilatação pupilar,
aumentando a obstrução da malha trabecular. Como o glaucoma está muito relacionado a
anatomia do paciente, pessoas com histórico de episódios de glaucoma, mesmo sem
estarem em crise, não devem também utilizar essa medicação!
Na avaliação inicial do trauma ocular, o trauma penetrante é o de particular gravidade
emergencial. A conduta ideal no primeiro atendimento é: Avaliação cuidadosa do globo
ocular, TC, Curativo não compressivo, ATB e encaminhamento ao oftalmologista.

Homem consultou por vir apresentando há 5 dias hiperemia conjuntival mais intensa
em um dos olhos, presença de folículos na conjuntiva e adenopatia pré-auricular.
Qual é o diagnóstico mais provável? Conjuntivite viral

Paciente jovem consultou por apresentar, há 24 horas, ambos os olhos congestos,


com secreção amarelada, sem adenopatia satélite e sem envolvimento corneano. A
visão estava preservada. Qual o diagnóstico mais provável? conjuntivite bacteriana

Mulher, 48 anos, consulta com queixa de dor moderada no olho direito, de início
súbito, fotofobia, visão borrada e hiperemia conjuntival. Nega secreção ocular ou
episódio de trauma recente. Ao exame com pupila miótica, apresenta pouca resposta
do reflexo pupilar. Percebe-se, também, lesões descamativas no couro cabeludo e
cotovelos. A principal hipótese diagnóstica é: uveíte aguda (está associada a doenças
inflamatórias como LES, artrite reumatoide, Psoríase)

Paciente do sexo masculino, com diagnóstico de espondilite anquilosante, HLA-B27


positivo, apresenta queixa oftalmológica. Nesse caso, a manifestação ocular mais
frequentemente observada é: Uveíte anterior, aguda, não granulomatosa e unilateral

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