Bioquímica Dos Alimentos
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INDICE
UNIDADE I
PROTEÍNAS 03
LIPÍDEOS 05
UNIDADE II
CONSERVANTES 15
REAÇÕES DE ESCURECIMENTO ENZIMÁTICO 20
REAÇÕES DE ESCURECIMENTO NÃO-ENZIMÁTICO 25
UNIDADE III
ANTIOXIDANTES NOS ALIMENTOS 29
UNIDADE IV
BIOQUÍMICA DO LEITE 34
BIOQUÍMICA DO PÃO 40
BIOQUÍMICA DA CARNE 46
UNIDADE V
TRANSFORMAÇÕES BIOQUÍMICAS APÓS A COLHEITA DE FRUTOS E
54
HORTALIÇAS
REFERÊNCIAS 64
UNIDADE I
PROTEÍNAS
As proteínas constituintes dos organismos, quaisquer que sejam as suas funções, estão
continuamente sendo renovadas. Observe na Tabela abaixo o tempo de meia-vida de algumas
proteínas. Esta renovação, ou “reciclagem”, de proteínas alimenta e utiliza o “pool” de
aminoácidos, que deve ser entendido não como um reservatório estético de moléculas, mas
como um conjunto de aminoácidos em trânsito entre os processos de síntese e degradação.
Com a degradação protéica, há portanto, uma perda constante de nitrogênio, que se
manifesta mesmo quando um indivíduo é submetido, por vários dias, a uma dieta isenta de
proteínas. Daí a necessidade da ingestão freqüente de alimentos que contenham proteína em
sua composição.
Para se ter uma idéia sobre o conteúdo protéico de alguns alimentos, observe a tabela
abaixo:
quando comparadas a proteínas de origem vegetal. Isso porque os vegetais tão alto teor de
fibras não-digeríveis o que diminui a absorção intestinal de nutrientes.
Ainda que a digestibilidade seja alta, uma proteína pode apresentar baixo valor
nutricional, em virtude do seu conteção inadequado de aminoácidos essenciais.
A gelatina, por exemplo, tem alta digestibilidade, mas é uma proteína de baixa
qualidade, porque é deficiente em aminoácidos essenciais. Para que uma proteína seja
nutricionalmente satisfatória, deve conter aminoácidos essenciais em proporções adequadas é
síntese das proteínas humanas.
LIPÍDEOS
CONSIDERAÇÕES GERAIS
CLASSIFICAÇÃO
Muitas classificações são propostas dependendo do ponto de vista, se químico ou
biológico. Desta forma, encontra-se na literatura especializada, várias formas de organizar os
lipídios de acordo com a abordagem, o que pode complicar a compreensão do assunto.
Entretanto, todas as classificações propostas baseiam-se em características comuns às diversas
moléculas de lipídios existentes na natureza, sendo apenas uma forma didática de agrupá-las.
Assim sendo, vamos agrupar os lipídios em dois grandes grupos para melhor entendê-los:
aqueles que possuem Ácidos Graxos em sua composição e aqueles que não possuem.
1. Os Lipídios com Ácidos Graxos em sua composição são saponificáveis, pois reagem com
bases formando sabões.
2. Os Lipídios que não contêm Ácidos Graxos não são saponificáveis. As vitaminas
lipossolúveis e o colesterol são os principais representantes destes Lipídios que não
energéticos porém desempenham funções fundamentais no metabolismo.
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FUNÇÕES
Os Lipídios além de serem uma importante fonte calórica na dieta, podem exercer as
seguintes funções: fornecer ácidos graxos essenciais; agente protetor e transportador de
vitaminas lipossolúveis (A, D, E e K); ação lubrificante; agente aerador em sorvetes e massas;
contribui para o sabor. Também possuem funções importantíssimas para o metabolismo
celular, podendo-se relacionar como principais as seguintes:
Formam uma película protetora (isolante térmico) sobre a epiderme de muitos animais
(tecido adiposo);
São vários os usos dos Lipídios, seja na alimentação (óleos de grãos, margarina,
manteiga, maionese), seja como produtos manufaturados (sabões, resinas, cosméticos,
lubrificantes). Várias pesquisas nacionais recentes indicam os Lipídios como importantes
combustíveis alternativos, como é o caso do óleo vegetal transestereficado que corresponde a
uma mistura de Ácidos Graxos vegetais tratados com etanol e ácido sulfúrico que substitui o
óleo diesel, não sendo preciso nenhuma modificação do motor, além de ser muito menos
poluente e isento de enxofre.
Por fornecer energia para o corpo, esse tecido poupa proteínas para a síntese de tecidos
ao invés destas serem utilizadas como fonte de energia. Auxiliam a manter órgãos e nervos em
posição e protegê-los contra choques e lesões traumáticas. A camada subcutânea de gordura
isola o organismo, preservando o calor e mantendo a temperatura do organismo. As gorduras
auxiliam no transporte e absorção de vitaminas lipossolúveis. Deprimem as secreções
gástricas e tornam mais lento o esvaziamento gástrico. Além disso, as gorduras adicionam o
paladar da dieta e produzem uma sensação de saciedade após a refeição.
Ácidos Graxos - Os ácidos graxos de cadeia longa são os principais componentes dos óleos e gorduras. Estes
compostos são constituídos por átomos de carbono e hidrogênio (cadeia hidrocarbonada) e um grupo carboxila.
Quando estes ácidos graxos possuem apenas ligações simples entre os carbonos são denominados de ácidos graxos
saturados, ocorrendo uma ou mais duplas ligações serão denominados de insaturados (monoinsaturados ou
polinsaturados, respectivamente).
- Ácidos Graxos saturados (SFA) - estão concentrados em alimentos animais como a
carne bovina, frango, porco, laticínios) e alimentos vegetais (palmeira e óleo de coco).
- Ácidos Graxos monoinsaturados (MUFA) - Ácidos oléicos. Azeite, óleo de canola,
óleo de amendoim, amendoins, nozes, peçã, amêndoas e abacate.
- Ácidos Graxos poliinsaturados (PUFA) - predominante na dieta é o ácido linoléico.
Sementes vegetais e os óleos que eles produzem. Existem duas principais famílias desse
grupo de Ácidos Graxos: ômega 3 e ômega 6. Estes têm funções ainda não muito bem
conhecidas no tratamento de muitas doenças do organismo, como por exemplo: esclerose
múltipla, artrite reumatóide e dermatite atípica, assim como na prevenção de aterosclerose.
- Ácidos Graxos essenciais - Ômegas 3 e 6 são conseguidos apenas através da dieta e
não são produzidos pelo organismo e por isso são essenciais.
- Ácidos Graxos trans ou cis - É uma forma diferente na posição dos hidrogênios nas
cadeias dos MUFA´s. Estão presentes nas margarinas que são preparadas na forma de
hidrogenação (transformação de óleos líquidos em semi-sólidos e mais estáveis, como as
margarinas, frituras comercializadas, produtos de panificação, ricos em gorduras e lanches
salgados.
Colesterol - Componente essencial das membranas estruturais de todas as células dos
mamíferos é o principal componente do cérebro e das células nervosas. É encontrado nas
glândulas supra-renais, aonde os hormônios adrenocorticais são sintetizados e no fígado onde
é sintetizado e armazenado. O colesterol é participa na formação do ácido biliar, hormônios
adrenocorticais (aldosterona) e hormônios sexuais (estrogênios, testosterona e progesterona).
É encontrado em apenas alimentos de origem animal.
podem ser sintetizados no organismo, com exceção dos ácidos graxos essenciais, exercem
funções energéticas (fornecem 9 Kcal/grama quando oxidados no organismo), estruturais e
hormonais (SANTOS, 1998), e são encontrados tanto em fontes animais como vegetais.
Os óleos e gorduras são substâncias insolúveis em água (hidrofóbicas), de origem
animal ou vegetal, formados predominantemente por ésteres de triacilgliceróis, produtos
resultantes da esterificação entre o glicerol e ácidos graxos. Os triacilgliceróis são compostos
insolúveis em água e a temperatura ambiente, possuem uma consistência de líquido para
sólido. Quando estão sob forma sólida são chamados de gorduras e quando estão sob forma
líquida são chamados de óleos. Além de triacilgliceróis, os óleos contêm vários componentes
em menor proporção, como mono e diglicerídeos (importantes como emulsionantes); ácidos
graxos livres; tocoferol (importante antioxidante); proteínas, esteróis e vitaminas.
Segundo Fennema (2000), os óleos oriundos de frutos, como o azeite de oliva, são
denominados azeites. Os óleos vegetais possuem de uma a quatro insaturações (ligações
duplas) na cadeia carbônica, sendo líquidos à temperatura ambiente; as gorduras são sólidas à
temperatura ambiente, devido a sua constituição em ácidos graxos saturados. Assim, gorduras
animais como a banha, o sebo comestível e a manteiga, são constituídas por misturas de
triacilgliceróis, que contém um número de saturações maior do que o de insaturações,
conferindo-lhes maior ponto de fusão (sólidos à temperatura ambiente. De maneira análoga,
os óleos por possuírem um número maior de insaturações, expressam menor ponto de fusão
(líquidos à temperatura ambiente).
Óleos: são constituídos de ésteres derivados da glicerina com ácidos graxos, líquidos na
temperatura ambiente.
Gorduras: são constituídas de ésteres derivados da glicerina com ácidos graxos, sólidos na
temperatura ambiente.
Ceras: são constituídos de ésteres de ácidos graxos com álcoois superiores.
PROPRIEDADES QUÍMICAS
Os triglicerídios e os ácidos graxos apresentam reações de particular importância que
são utilizados em muitos métodos analíticos e nos processos de industrialização dos óleos e
gorduras
Glicerídeos
Os glicerídeos são definidos como produtos da reação de uma molécula de glicerol
com até três moléculas de ácido graxo. Através da reação de esterificação os ácidos graxos
são incorporados à molécula de glicerol. A reação inversa é a reação de hidrólise, que provoca
o desmembramento das moléculas de ácido graxo do glicerol. Os monoglicerídeos apresentam
uma molécula de ácido graxo incorporado à molécula de glicerol. Di e triglicerídeos
apresentam duas e três moléculas de ácido graxo incorporados ao glicerol, respectivamente.
Não Glicerídeos
Os principais representantes deste grupo são os fosfatídios. Todos os óleos e gorduras
brutos contêm uma variedade de fosfatídios. Estas moléculas possuem uma região de grande
afinidade pela água (hidrofílicas) e outra hidrofóbica, representada pela cadeia
hidrocarbonada. Estruturalmente possuem um poliálcool (usualmente, mas nem sempre, o
glicerol) esterificado com ácidos graxos e com ácido fosfórico (H3PO4), este último
esterificado com um álcool aminado (colina, etanolamina) ou um aminoácido (serina) ou o
inositol (poliálcool cíclico). Durante o processo de refino de óleos brutos, na etapa de
degomagem, ocorre a remoção dos fosfatídios. Os principais fosfatídios são:
Esfingomielinas
Lecitinas
Cefalinas
Fosfatidil inositol
Outros não glicerídeos de menor importância são os esteróis, ceras, hidrocarbonetos.
São compostos incolores, inodoros, insípidos e relativamente inertes do ponto de vista
químico.
Lecitinas- Apresenta grande importância nutricional. Por ser anfótero, é largamente
empregado como emulsificante em sorvetes, sorvete, chocolate, margarina, leite em pó (para
torná-lo instantâneo).
Esteróis - São álcoois cristalinos, de elevado ponto de fusão e de estrutura complexa.
Um dos principais esteróis de origem animal é o colesterol (zoosterol). Nos óleos vegetais são
encontrados freqüentemente os seguintes fitosteróis: b-sitosterol, campesterol e o
estigmasterol. Estes constituem materiais de partidas para síntese de hormônios sexuais,
vitamina D sintética em sua maioria a matéria insaponificável.
Ceras - São álcoois monohidroxílicos de longa cadeia hidrocarbonada, ocorrem nos
óleos e gorduras quase sempre esterificados com ácidos graxos. Óleos de milho, arroz e soja
possuem quantidade de ceras (0,005%) suficiente para torna-los turvos quando a temperatura
é baixa.
Hidrocarbonetos incolores - São hidrocarbonetos de cadeia longa, saturados ou
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OLEAGINOSAS
São plantas vegetais que possuem óleos e gorduras que podem ser extraídos através de
processos adequados. Os óleos extraídos são substâncias insolúveis em água (hidrofóbicas),
que na temperatura de 20° C exibem aspecto líquido. As gorduras distinguem-se dos óleos por
apresentar um aspecto sólido à temperatura de 20° C. O termo azeite é utilizado
exclusivamente para os óleos provenientes de frutos, extraídos através de processos
mecânicos ou físicos, particularmente condições térmicas, que não levem a deterioração. São
formados predominantemente por triglicerídios, compostos resultantes da condensação entre
um glicerol e ácidos graxos. Além dos óleos de origem vegetal (oleaginosas), existem os
óleos de origem animal e microbiana.
Os principais óleos e gorduras vegetais comercializados são: Óleo de soja, canola,
girassol, milho, arroz, uva, óleo ou gordura de coco de babaçu, óleo ou gordura de coco, óleo
ou gordura de palma, óleo ou gordura de palmiste, gergelim, óleo misto ou composto, óleo
vegetal saborizado e azeite saborizado, azeite de oliva e azeite de dendê
Óleo de linhaça: É considerado um óleo de alta qualidade. O óleo é uma fonte de fitosteróis,
fitostanóis, ferulato éster de sitostanol e campesterol, e são utilizados como produto redutor de
colesterol.
Azeite de oliva: É o óleo comestível obtido diretamente do fruto da oliveira (Olea europaea
L.) e representa cerca de 4% do total mundial da produção de óleos. De acordo com o
processo aplicado o azeite pode ser dividido nas seguintes categorias:
-Azeite virgem de oliva: que é obtido do fruto da oliveira unicamente por processos
mecânicos ou outros meios físicos, particularmente condições térmicas que não deteriore o
azeite;
- Azeite de oliva refinado: é o azeite virgem de oliva refinado, com acidez não superior a 0,5 g
/ 100 g (ácido oléico);
- Azeite de oliva: é a mistura do azeite de oliva refinado com o azeite virgem de oliva extra,
fino ou comum. O azeite de oliva não poderá ser misturado com o azeite de oliva lampante. A
acidez deverá ser de 1,5 g / 100 g (ácido oléico);
- óleo de bagaço e/ou caroço de oliva refinado: óleo refinado obtido do bagaço e/ou caroço de
oliva com acidez não superior a 0,5 g / 100 g (ácido oléico). Quanto à acidez expressa em
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azeite virgem de oliva comum ou semi-fino ou corrente: acidez não superior a 3,3 g /
100 g;
azeite virgem de oliva lampante: acidez superior a 3,3 g / 100 g. Não pode ser pré
embalado quando destinado diretamente ao consumidor final. Não pode ser destinado
para o consumo alimentício.
Óleo de soja: É extraída da leguminosa Glycine Max e submetido ao processo de refino.
Domina o mercado de óleo comestível e atualmente é o mais consumido no Brasil. Este
produto apresenta coloração clara e deve obedecer requisitos obrigatórios de qualidade, como
odor, sabor, ser isento de impurezas.
UNIDADE II
CONSERVANTES
A principal causa da deteriorização dos alimentos é causada pela presença de
diferentes tipos de microorganismos (bactérias, fungos, etc). A deteriorização microbiana dos
alimentos tão provocado perdas econômicas substanciáveis, tanto para os fabricantes (perda
das matérias primas e dos produtos antes de sua comercialização, descrição da marca, etc)
como para distribuidores e consumidores (deterioração dos produtos depois da compra e antes
do consumo). Calcula-se que mais de 20% dos alimentos produzidos no mundo se percam por
ação de microorganismos. Por outro lado os alimentos modificados podem ser prejudiciais à
saúde do consumidor. A toxina botulínica encontrada em conservas mal esterilizada ou
embutidos é uma das substâncias mais tóxica que conhecemos, chega a ser mil vezes mais
tóxica que o cianureto. As alfatoxinas, substancias produzidas por certos fungos, são potentes
agentes cancerígenos. Existem algumas razões poderosas para evitar a alteração dos
alimentos. Os métodos físicos, como o cozimento, desidratação, irradiação e congelamento,
podem se associar os métodos químicos que causem a.
Morte dos microorganismos ou pelo menos evitem seu crescimento. Em muitos
Alimentos existem de forma natural substancias de caráter antimicrobiano. Muitas frutas
contém diferentes ácidos orgânicos, como ácido benzóico e o ácido cítrico. A relativa
estabilidade dos iogurtes quando comparada ao leite se deve ao ácido lático produzido durante
a sua fermentação. Os alhos, cebolas e outros temperos contém potentes agentes
antimicrobiano, ou percussores que quando misturados se transformam nestas substancias.
As condições de uso dos conservantes estão regulamentadas em todos os países do
mundo. Usualmente existem limites para a quantidade de cada conservante e da quantidade
total de conservantes no alimento. Os conservantes alimentícios, nas concentrações
autorizadas não matam em geral os microorganismos, eles apenas evitam sua proliferação.
Portanto são úteis apenas em matérias prima de qualidade.
CONSERVANTES TRADICIONAIS
Açúcar
Os doces do tipo compotas de frutas e geléias são compostos de fruta e açúcar numa
proporção, geralmente, de 1:1. Eles conservam-se muito bem durante longo período porque
uma bactéria que entre neste ambiente de alta concentração de açúcar morre rapidamente por
desidratação – a água do citoplasma passa muito rapidamente para o exterior da parede celular
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por osmose.
Sal – Cloreto de sódio
O processo de conservação por salga ou salmoura é utilizado para conservação de
peixes (bacalhau), carnes de porco, carne bovina (carne seca) e vegetal (chucrute). Apesar da
eficiente conserva microbiana, continua ocorrendo a degradação química, portanto os lipídeos
oxidam-se – e a carne e o peixe podem ficar rançosos apesar de estarem na salga.
O principio de conservação pelo sal é basicamente o mesmo que com o açúcar – as
bactérias morrem por desidratação – como o meio externo contém alta concentração de sal
(30%), a água do citoplasma passa rapidamente para o exterior da parede celular por osmose.
Ácido acético
O ácido acético em forma de vinagre, que é essencialmente uma dissolução deste
ácido em água é utilizado como conservante pelo menos desde 5000 anos. Como conservante
ele ・ pouco eficaz, sendo eficiente apenas contra alguns mofos. A utilidade do ácido acético
como conservante é garantido naqueles produtos em que a acidez ou o aroma típico são
desejados ou característicos, como em salmouras ou alimentos curtidos. Suas aplicações não
resultam em acidez desagradável e deve-se utilizar algum outro tratamento conjunto para
estabilizar o produto, como por exemplo, pasteurização, ou a combinação do ácido acético
com outros conservantes.
OUTROS CONSERVANTES
Ácido sórbico e sorbato
O ácido sórbico é um ácido graxo insaturados, presente em alguns vegetais, e
fabricado quimicamente para uso como conservante alimentício. Possui a vantagem
tecnológica de ser ativo em meios pouco ácidos e não ter praticamente sabor. Seu principal
inconveniente é o preço alto em relação aos outros conservantes e que se perdem em parte
quando submetidos à ebulição. São muito eficazes contra fungos e mofos, mas tem pouco
resultado contra bactérias.
O sorbato também é um ácido graxo e é utilizado em bebidas, em derivados de carne,
queijos, azeitonas em conservas, doces de leite com frutas, manteiga, marmeladas e etc. Na
indústria de fabricação de vinho ele encontra aplicação como inibidor da fermentação
secundária permitindo reduzir os níveis de sulfetos em contra partida, este composto não deve
ser usado em produtos em cuja elaboração seja usada fermentação, porque inibe a ação das
leveduras. Cada vez mais se usam nos alimentos sorbatos no lugar de outros conservantes
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enxofre.
Os sulfetos podem causar reações cutâneas ou diarréia em pessoas com o suco gástrico
pouco ácido. Os sulfetos não apresentam efeito teratogênico nem cancerígenos e não
apresenta risco à maioria das pessoas, nas quantidades presentes nos alimentos. Devido aos
efeitos nocivos dos anidridos sulfurosos e sulfetos para algumas pessoas, especialmente
pessoas asmáticas, têm sido estudada sua substituição por outros conservantes, porém parece
improvável que isso ocorra no caso de sua aplicação na indústria de vinho, especialmente
devido a suas ações antioxidantes.
- Teste da peroxidase
Observa-se a coloração que aparece no produto, se houver presença de peroxidase vai
ficar marrom. O guaicol garante o substrato devido a sua estrutura que pode sofrer oxidação
igual aos compostos fenólicos. Colando-se um redutor com o substrato, retarda-se e
escurecimento enzimático do produto, um exemplo é o ácido ascórbico.
Todo o produto que for congelado deve ser branqueado anteriormente.
Resultado: se após o branqueamento os testes da catalase e/ou da peroxidase são
positivos, conclui-se que a inativação não foi completada.
Reação de oxidação
Os centros de insaturações dos ácidos graxos são facilmente oxidados por agentes
oxidantes com formação de vários compostos (aldeídos, cetonas, ácidos, álcoois , etc)
Rompimento das cadeias insaturados de ácidos graxos, originando diversos
carbonilados de peso molecular mais baixo, responsáveis pelo odor desagradável.
Reação: Só ocorre com ácidos insaturados. Mecanismo de radicais livres, através de
três etapas ou fases:
1ª fase - é a da indução. Não ocorre cheiro de ranço e formam-se os primeiros radicais
livres 2ª fase - é a propagação. Já apresenta cheiro e sabor que tendem a aumentar. Ocorre a
formação de peróxidos e de seus produtos de degradação. São as reações em cadeia.
3ª fase - terminação. Os radicais reagirão entre si formando moléculas inativas.
Caracteriza-se pela formação de sabor e odor fortes, alterações de cor e viscosidade do lipídio
e alteração de sua composição.
Mecanismo - Ocorre à formação de radicais livres que reagiria com O2 atmosférico
formando um radical peróxido. Inicialmente necessita de uma fonte de energia externa
(radiação, Calor, luz, íons metálicos).
Após a formação suficiente de radicais livres a reação é propagada pela remoção do
H+ da dupla ligação. A adição do Oxigênio nesta posição resulta um radical peroxil (ROO-),
este radical remove novamente o H+ da dupla ligação produzindo o peróxido (ROOH) e
radicais livres e estes reagem com o oxigênio e a reação e repete ou formam produtos
inativos.
Aceleram a reação: O2, luz (UV), metais (Cu e Fe), enzimas (lipoxidases) e oxidantes
naturais, temperatura
Inibem a reação: Antioxidantes físicos (embalagem / luz e temperatura) Químicos
(carotenóides, ácido Cítrico, tocoferóis, BHT, BHA).
Escurecimento Químico
Também chamado de “browning químico”. É o nome de uma série de reações
químicas que culminam com a formação de pigmentos escuros chamados de
MALANOIDINAS, que são polímeros insaturados, coloridos e de composição variada.
Desejável: Doce de leite, café churrasco, caramelo, cerveja, batata-frita,
Indesejável: frutas secas, sucos de frutas.
Caramelização
Compostos polihidroxicarbonilados são aquecidos a temperaturas altas, ocorrendo
desidratação com a formação de aldeídos muito ativos. HMF é intermediário da reação.
Degradação de açúcares na ausência de proteínas ou aminoácidos, a + de 120 ºC.
Facilitada em condições ácidas e na presença de certos sais.
redução no tamanho do anel
desidratação de açúcares
formação de bases de Shift anoméricas
quebra de ligações glicosídicas
formação de novas ligações glicosídicas
termólise com formação de anéis anidros
introdução de duplas ligações em anéis de açúcares
formação de furanas
polimerização com partículas de 0,46 a 4,33 nm de diâmetro
ligações duplas conjugadas absorvem luz e produzem cor
compostos poliméricos de elevado peso molecular podem ser formados – evitar as
huminas, com sabor amargo e composição semelhante a carvões.
Reações de Maillard
É a Reação entre um açúcar redutor e um grupo amina de aminoácidos, formando
pigmentos escuros de composição variada denominados melanoidinas.
Principal causa de escurecimento não enzimático produzido durante o aquecimento e
armazenamento prolongado.
UNIDADE III
ANTIOXIDANTES NOS ALIMENTOS
Tocoferóis
Muitos estudos não mostram efeitos adversos, em ratos alimentados com -tocoferol,
até 0,4 e 5% por dia, durante um mês.
Administração de 0,63 a 1% de -tocoferol, durante 7 dias, mostrou ser hemorrágico
em ratos.
Em ratos alimentados com doses diferentes de acetato de dl--tocoferil, verificou-se
redução de peso corporal, diminuição de densidade óssea, aumento do tamanho do coração,
aumento dos níveis de lipídios no fígado.
Tocoferóis mostraram acção inibitório contra alguns carcinogênicos conhecidos
Catecóis
Em sistemas de mamíferos, por outro lado, os fenóis usualmente não têm efeitos
adversos porque estes sistemas possuem um adequado mecanismo de defesa e podem
desintoxicá-los, principalmente por conjugação com 2 tipo de enzimas.
Apenas com uma dose excessiva em que o potencial de desintoxicação é excedido e os
produtos oxidados, quinonas que reagem rapidamente com as proteínas, providenciam
evidência de toxicidade.
BHA
O BHA é uma substância irritante para a pele, mas não parece causar irritação após a
ingestão nos níveis de uso permitidos, nem outros efeitos tóxicos agudos em animais
experimentais ou indivíduos que manuseiam o composto (24).
O BHA é uma substância carcinogênica e por isso deve-se cuidar seu uso e sua IDA.
BHT
O BHT apresenta baixa toxicidade aguda. Embora cause irritação à pele, conforme
estudos realizados com porcos, o composto não parece causar irritação após ingestão no
níveis de uso permitidos em alimentos. Em estudos de exposição aguda realizados com
camundongos, o BHT demonstrou efeitos tóxicos nos pulmões, incluindo hiperplasia,
hipertrofia e uma desorganização geral dos constituintes celulares.
Os resultados obtidos em estudos de interação do BHT com compostos carcinogênicos
mostraram que o antioxidante pode inibir ou potencializar a atividade carcinogênica destas
substâncias, de acordo com a espécie animal envolvida, o carcinógeno testado, o órgão alvo
examinado e também quanto momento em que o BHT é administrado em relação ao
carcinógeno. De maneira geral, quando o BHT é administrado antes ou ao mesmo tempo que
o composto carcinogênico, a incidência de tumores é reduzida e , se administrado após o
carcinógeno, a incidência de tumores aumenta.
TBHQ
O TBHQ apresenta uma baixa toxicidade aguda e, embora em estudos realizados com
porcos tenha apresentado uma discreta irritação á pele, não é considerado um composto
irritante, ingerido nos níveis permitidos em alimentos. Algumas evidências indicam que o
TBHQ apresenta um baixo potencial genotóxico podendo ser discretamente mutagênico em
altas doses.
Os antioxidantes não podem reverter o processo oxidativo e nem prevenir a rancidez
hidrolítca. Para ser empregado em alimentos, o antioxidante deve ser efetivo em baixa
concentração (0,01% ou menos), deve atender aos seguintes requisitos: ser compatível com o
substrato; não conferir odor ou sabor estranhos ao produto, ser efetivo durante o período de
estocagem do produto alimentício, ser estável ao processo de aquecimento e ser facilmente
incorporado ao alimento.
Segundo o mecanismo de ação, os antioxidantes podem ser:
Primários (ou bloqueadores) - atuam interrompendo a cadeia da reação através da
doação de elétrons ou hidrogênio aos radicais livres, convertendo-os em produtos
termodinamicamente estáveis e/ou reagindo com os radicais livres, formando complexo
lipídio-antioxidante que pode reagis com outro radical livre, a exemplo do BHA, os ésteres do
ácido gálico, butilhidroquinona, tocoferol e favonóides;
Secundários (ou complexantes) - atuam retardando a etapa de iniciação da
autoxidação, por diversos mecanismos que incluem complexação com metais; sequestro de
oxigênio; decomposição de hidroperóxidos para formar espécie não radical; absorção da
radiação ultravioleta ou desativação do oxigênio singlete.
ANTIOXIDANTES NATURAIS
O interesse pelos antioxidantes naturais teve início nos anos 80 diante da comprovação
de efeitos maléficos causados por doses elevadas de BHT, BHA e TBHQ (t-
butilhidroquinona) sobre o peso do fígado e marcada proliferação do retículo endoplasmático,
entre outras. Como conseqüência, ênfase foi dada à identificação e purificação de novos
compostos com atividade antioxidante, provenientes de fontes naturais, que possam atuar
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traços de ferro e de sais de cobre os tocoferóis podem atuar como pró-oxidantes. Uma
atividade antioxidante satisfatória é conseguida utilizando tocoferol, juntamente com ácido
ascórbico, ácido cítrico, alguns aminoácidos, agentes quelantes ou antioxidantes sintéticos.
Os vegetais possuem consideráveis quantidades de diferentes tocoferóis e tocotrienóis
em sua fração lipídica.
Para o emprego efetivo das substâncias se faz também necessário a otimização dos
processos de extração e isolamento dos compostos bioativos a partir de fontes naturais tendo
em vista obter isolados que exibam maior atividade que o extrato bruto.
UNIDADE IV
BIOQUÍMICA DO LEITE
O leite, independentemente da espécie considerada, é um alimento natural quase
completo do ponto de vista nutricional por conter proteína, lipídeos, carboidratos, sais
minerais e vitaminas. Isto tornou o leite de vaca ou de outras espécies, conforme a
disponibilidade local ou hábito cultural, uma importante fonte alimentar para pessoas de todas
as idades.
Deve-se salientar, contudo, que o leite natural tem um conteúdo relativamente baixo de
ferro e cobre e das vitaminas D e C, esta última sendo ainda destruída pelo processo de
pasteurização.
Considerando-se apenas os aspectos nutricionais para as crianças, o leite de vaca pode
substituir o leite materno se for apropriadamente diluído com água para compensar as
diferenças nas concentrações de proteína e sais minerais entre os leites de vaca e humano, e
adicionado de lactose ou sacarose, pelo mesmo motivo, mas refletindo a maior concentração
relativa de carboidrato no leite humano.
A aparência branca "leitosa" característica do leite deve-se em parte à presença de
gordura emulsificada e em parte à presença de caseinato de cálcio, sal formado entre íons
Ca++ e caseína, a proteína mais abundante do leite. A presença de pigmentos como caroteno e
xantofila podem dar tom amarelo ao leite de vaca. A composição do leite de uma espécie pode
variar consideravelmente em função da alimentação da lactante e do tempo decorrido desde o
início da lactação, já que esta sofre controle hormonal.
O pH do leite fresco fica em torno de 6,66,8 e quando não esterilizado pode se
acidificar pela fermentação por microorganismos.
Vários derivados do leite são produzidos industrialmente ou artesanalmente, cujas
propriedades nutricionais dependem das frações do leite que predominam no produto. Na
manteiga e no creme de leite predominam as gorduras do leite enquanto em alguns queijos
(ex. prato) há enriquecimento de proteínas e gorduras. O processo de fabricação da ricota faz
com que ela tenha conteúdo relativamente alto de proteínas e baixo dos outros componentes
do leite. Existem tabelas especializadas que discriminam os porcentuais da composição de
laticínios, informando ainda as cal/g correspondentes.
Todas as espécies de mamíferos produzem leite com o propósito de que este composto
sirva de alimento principal para sua prole nos seus primeiros dias ou meses de vida.
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Entretanto, o leite servirá de alimento para o homem por toda sua vida, sendo utilizado puro
ou nas diversas receitas culinárias.
Uma composição aproximada do leite bovino apresentada na Tabela abaixo.
Estão presentes também enzimas (peroxidase, catalase, fosfatase, lipase), gases (O2,
N2) e vitaminas (A, D, C, tiamina, riboflavina, outras).
A composição pode variar segundo as condições climáticas e geográficas, e com a
dieta de cada mamífero.
Vamos rever neste espaço as principais biomoléculas (lipídeos, carboidratos e
proteínas) e associá-las ao leite.
Minerais
O leite apresenta uma composição de sais minerais distinta da encontrada no plasma,
fruto da atividade secretória das glândulas mamárias. As concentrações de Na+ e Cl no leite
tem valores significativamente abaixo dos encontrados no plasma, ao contrário daquelas para
Ca++, K+, Mg++ e PO4, que são consideravelmente superiores.
O leite é a fonte mais abundante em Ca++ dentre os alimentos comuns, e a utilização
deste elemento é favorecida pela presença de PO4 no leite em proporções ideais. Lembrar que
99% do Ca++ nos vertebrados encontra-se no esqueleto ósseo, cuja composição mineral é
predominantemente de Ca++ 3(PO4)2. Os conteúdos de Fe++ e Cu++ no leite são
relativamente baixos, talvez insuficientes para suprir as necessidades de crescimento da
criança após alguns meses de idade. Crianças e animais de experimentação nutridos
exclusivamente com leite desenvolvem anemia característica por falta deste elementos.
Lipídeos
As gorduras do leite são principalmente triacilgliceróis, dispersos na forma de
emulsão, correspondendo a 3,55 % da composição do leite de vaca e a 34 % do humano. No
leite de vaca são encontrados nos triacilgliceróis ácidos graxos saturados com cadeias de 4 a
18 carbonos e alguns insaturados, com predominância dos ácidos oleico (insat; 32%),
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mirístico (20%), palmítico (15%), esteárico (15%) e láurico (6%). O leite humano tem
composição semelhante, com exceção dos ácidos graxos de cadeias C4C10. Pequenas
quantidades de colesterol e fosfolípides estão presentes no leite. A composição do leite de
vaca pode variar com a estação do ano, alimentação e raça do gado.
Gorduras e óleos são insolúveis em água, devido ao seu caráter hidrofóbico, e solúveis
em solventes orgânicos (como clorofórmio) e em detergentes. São derivados de ácidos graxos,
cuja cadeia carbônica pode ser saturada (ligação simples entre átomos de carbono) ou
insaturadas (com dupla ligação). Dois ácidos graxos são mostrados na Figura 1.
Outras classes de lipídeos presentes no leite são os fosfolipídeos (0,8 %) (com caráter
mais hidrofílico que os triacilgliceróis) e o colesterol (0,3 %).
Proteínas
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Outra importante classe de biomoléculas são as proteínas, as quais são constituídas por
diferentes aminoácidos (unidades de formação das proteínas), constituídos de um grupo
amino, um grupo carboxila e um grupo lateral de tamanho variável, ligados a um átomo de
carbono (Figura 3).
A lactose representa cerca de 4,8 a 5,2% do leite. Sua molécula pode sofrer hidrólise
pela ação da enzima lactase (β - D- galactosidase), ocorrendo separação dos dois
monossacarídeos.
Vitaminas
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BIOQUÍMICA DO PÃO
Podemos observar que a substância mais abundante na farinha de trigo é o amido, mas
o que é o amido??
O amido pertence a classe de compostos orgânicos denominada carboidratos, também
são conhecidos como açúcares, sacarídeos, glicídios, oses, hidratos de carbono. Literalmente a
palavra carboidrato significa carbono hidratado, devido à composição química geral destes
compostos Cn(H2O)n. Certos carboidratos (açúcar comum e amido) são a base da dieta na
maior parte do mundo. Estruturalmente, os carboidratos podem ser vistos como aldeídos
polihidroxilados (poliidroxialdeído) ou cetonas polihidroxiladas (poliidroxicetona); ou, ainda,
compostos que, pela hidrólise, podem se transformar nestes.
Aldeído: a carbonila (=O) está ligada há extremidade da cadeia carbônica.
Cetona: a carbonila (=O) está ligada a dois outros carbonos.
uma rede protéica denominada glúten. é a formação do glúten que torna a massa elástica,
adequada para a produção do pão fermentado.
Figura: Três estágios distintos das proteínas insolúveis na massa de pão. Na primeira
figura à esquerda temos a situação inicial e na da direita a rede de glúten já formada.
O glúten também apresenta uma importância química, pois é capaz de desencadear
uma doença denominada Doença Celíaca. Esta doença afeta mais de 300 mil brasileiros e é
caracterizada pela intolerância ao glúten, especificamente à glutenina, uma proteína
encontrada no trigo, aveia, cevada, centeios e seus derivados. Pacientes portadores da doença
celíaca produzem anticorpos contra a glutenina, fazendo com que o sistema imunológico
reconheçe e ataque as células do intestino delgado, atrofiando-o.
Fermento para pães – Leveduras
Antes de começermos diretamente com o papel das leveduras para o fabrico dos pois
vamos fazer uma pequena introdução histórica sobre estes incríveis seres.
A levedação do pão e a fermentação alcoólica são claramente os primeiros processos
biotecnológicos utilizados de que se tem notícia. Muito antes do ser humano ter cunhado esse
termo, a transformação de farinha e água em um pão macio e saboroso, do suco de uva em
vinho, e da cevada e centeio em cerveja já era realizada há milênios de pela humanidade,
tanto para nutrição quanto para diversão.
Biotecnologia é o conjunto de conhecimentos científicos e técnicos que compreendem
processos, ou produtos, que utilizem entidades vivas ou nela produzam modificações. Mesmo
beneficiando-se da ação desses microrganismos há muito tempo, na produção de alimentos,
foi somente por volta de 1857 que Louis Pasteur em seus trabalhos sobre os processos
“fermentativos” observou o papel causal destes seres microscópicos. Alguns historiadores
descrevem essas demonstrações iniciais como o início da Bioquímica.
As leveduras são um tipo de fungo unicelular (eucariotos pertencentes ao reino Fungi).
A levedura mais utilizada na produção de massas, como o pão, é a Saccharomyces cerevisae.
Já para a produção de bebidas alcoólicas são utilizadas outras espécies cuja utilização gera
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Alguns polímeros são amargos e dá a cor marrom. Se for aquecido ainda mais, ele adquire
tons cada vez mais escuros. Se o processo não for interrompido o açúcar se decompõe em
vapor d’água e carbono. A palavra caramelizar é usada para o douramento de diversos tipos de
alimentos, mas, no sentido restrito da palavra, caramelizar significa o douramento induzido
pelo calor de um alimento que contenha açúcares e não proteínas. Quando o açúcar
・ aquecido na presença de proteína, a reação é outra: reação de Maillard. Esta reação foi
primeiramente descrita em 1912, por Louis-Camille Maillard – daí o nome da reação. O
aldeído do açúcar reage com o grupo amino das proteínas e várias reações subseqüentes
formam polímeros de coloração vermelha e marrom e substâncias químicas que dá o gosto
acentuado. Essas reações são responsáveis pelo sabor agradável do dourado da crosta do pão,
bem como carnes grelhadas e assadas (as carnes contém açúcar).
A reação de Maillard também é responsável pelo envelhecimento de nosso organismo.
Muitos químicos vão pesquisando drogas que interrompam as reações de Maillard numa
tentativa de minimizar os efeitos do envelhecimento em nosso corpo.
BIOQUÍMICA DA CARNE
A carne é uma de nossas principais fontes de proteína. O conhecimento da estrutura e
dos constituintes da carne, bem como das reações bioquímicas que ocorrem no músculo, é
necessário para entendermos os diferentes modos de preparo e os valores nutricionais.
O principal componente da carne é o músculo, cuja composição está apresentada na
Tabela abaixo.
Os músculos são formados por feixes paralelos de numerosas células muito longas, as
fibras musculares, cuja membrana plasmática chama-se sarcolema. O citoplasma dessas
células contém centenas de filamentos contráteis organizados em paralelo, as miofibrilas, as
quais são constituídas por dois tipos de filamentos protéicos: filamentos grossos (miosina) e
filamentos finos (actina), que são responsáveis pela contração e relaxamento muscular (Figura
abaixo).
que apenas 30% do total da gordura bovina são constituídos por ácidos graxos (palmítico e
mirístico) que podem causar a elevação do nível de colesterol do sangue. Portanto, pode-se
dizer que as gorduras presentes na carne encontram-se em proporções adequadas para as
necessidades humanas (crescimento, manutenção e suprimento energético). Além disso,
podemos controlar a quantidade de gorduras da carne que queremos ingerir, pois elas se
encontram presentes na superfície dos cortes, podendo ser retiradas.
Durante o aquecimento das carnes, à medida que os músculos se contraem devido. As
mudanças na estrutura da proteína, que está sendo desnaturada, a carne torna-se. Mais dura.
Podemos imaginar o que pode levar a este “endurecimento” da carne? O calor que flui para o
interior da carne durante a cocão o faz com que mais Proteínas sejam desnaturadas, levando,
portanto a uma maior rigidez das fibras. Musculares. Mas por outro lado, não é possível
mastigarmos as hélices triplas de. Colágeno presentes na carne, dada a sua rigidez, mas sendo
desnaturadas em. Temperatura acima de 60oC torna-se uma gelatina macia. Diante desses dois
importantes fatos que ocorrem durante a coccão o, deve-se perceber que tanto um.
Aquecimento muito elevado das fibras musculares quanto um aquecimento
insuficiente.
Para desnaturar o colágeno resultam em uma carne dura. Deve-se, portanto procurar.
Um meio termo para serem atendidos os dois requisitos. O componente em maior proporção
na carne é a água, que dentre todas as. Moléculas apresentadas como componentes das carnes,
é a mais simples. Qual seria A função da água na carne? Vamos pensar no corte da carne, no
seu processo de cocção e também no seu congelamento. Quando um pedaço de carne é
cortado, um pouco de água é liberado, mas a. Maior parte das moléculas de água fica presa
por algumas proteínas da carne. Ao serem desnaturadas as proteínas, partes dessas moléculas
podem escapar e começam. A fluir da carne (isso pode ser facilmente observado quando
refogamos carne moída). (Ou pedacinhos de carne). Se essa água for significativamente
perdida, a carne. Adquirirá um aspecto muito seco. Durante o congelamento de carne crua, há
transformação da água em cristais. De gelo, o que pode liberar as moléculas de água
aprisionadas nas proteínas, e. Quando houver o descongelamento, a água escapará mais
facilmente. Mas podemos imaginar o que dá cor às carnes?
Por que existem carnes brancas e Vermelhas?
Outro fator, a umidade relativa (UR), pode alterar a atividade da água do alimento,
alterando, portanto sua susceptibilidade ao ataque microbiológico. A carne fresca, com alta
Aa, quando colocada em um ambiente com baixa UR, perde água, ocorrendo ressecamento de
sua superfície.
Um dos métodos mais utilizados na conservação da carne é o congelamento. O
processo de congelamento, quando feito em casa, deve seguir algumas normas de higiene e
atentar a alguns fatores que podem interferir na qualidade e na conservação da carne, e o
primeiro deles é o aspecto da carne no ato da compra (as características da carne serão
abordadas adiante).
Poucas alterações na carne são obtidas se o congelamento for rápido, pois desse modo
garante-se a maciez da carne, não ocasionando grandes danos ao tecido muscular e evitando a
formação de cristais de gelo grandes a ponto de romper as células do tecido muscular. Esses
cristais podem alterar a suculência da carne. Isso implica no congelamento de porções
pequenas de carne, geralmente divididas para o uso no dia-a-dia, pois grandes pedaços levam
um tempo maior para congelar.
Deve-se também estar atento ao congelamento da carne moída, pois esta se deteriora
mais rápido. Por passar por um processo no qual há quebra das fibras em partículas pequenas,
aumenta-se a área do alimento exposta a fatores de deterioração, como os microorganismos.
Preferencialmente este tipo de carne deve passar pelo processo no ato da compra e logo ser
embalado, pois isto diminui os riscos de contaminação.
Estando congelada, a carne deverá ser descongelada para consumo seguindo
novamente alguns passos, que garantirão um alimento nutritivo à mesa. O descongelamento
ideal é aquele feito de maneira gradual, natural e no interior do refrigerador (lembrando
sempre que a exposição da carne ao ambiente pode levar a um comprometimento
microbiológico, ou seja, crescimento bacteriano).
O sal seco tem a capacidade de retirar a umidade da carne (e também de outros
alimentos). Esse na verdade é um dos métodos mais antigos utilizados para a conservação de
carne. Como a carne apresenta alto teor de água, sendo coberta com sal sólido, uma parte do
sal dissolve-se na umidade superficial, retirando água de dentro da carne para a formação de
uma película de solução salina extremamente concentrada; nesta película, quantidade de água
é menor do que na célula.
O cozimento dos alimentos torna-se necessário, pois muitos alimentos não seriam
apetitosos nem facilmente digeríveis se fossem consumidos da maneira como se apresentam;
um exemplo é a batata. Além disso, o cozimento pode destruir toxinas e microorganismos
presentes no alimento, podendo modificar também a textura e o sabor.
Qual a diferença entre calor e temperatura?
O conhecimento desses dois conceitos leva-nos a compreender melhor os métodos de
cocção. Calor é a energia que flui de um corpo quente para um corpo frio. Temperatura é a
medida da forma que o calor fluirá. Se dois objetos de diferentes temperaturas são colocados
em contato, haverá fluxo de calor a partir do objeto que apresenta maior temperatura para o
que apresenta menor temperatura. O processo ocorre de maneira que os dois objetos alcancem
a mesma temperatura; quando isto ocorre, o calor deixa de fluir.
Formas de transferência de calor para o preparo dos alimentos.
Através do processo de condução ocorre a transferência de calor no interior de
qualquer sólido. Por exemplo, quando colocamos uma panela no fogão, a parte inferior dessa
panela, em contato direto com a chama é aquecida e, à medida que o tempo passa, a
distribuição da temperatura se modificará, e parte superior também será aquecida.
Um dos métodos mais utilizados para o aquecimento em culinária é a convecção. Por
este processo ocorre a transferência de calor de um fluido (líquido ou gás) para o meio
ambiente. O fluido, sendo conservado em movimento, é capaz de absorver calor da fonte que
produz esse calor. Na cozinha podemos citar muitos exemplos, entre eles, a circulação do ar
aquecido no forno, que promove o aquecimento dos alimentos. Durante uma fritura, o óleo
aquecido circula em torno do alimento e, portanto, transfere calor para ele.
Outro método é a radiação (os corpos, quando aquecidos, irradiam calor). Na culinária,
essa forma de transferência de calor é observada quando grelhamos uma carne, por exemplo –
a superfície do alimento absorve o calor que é irradiado da grelha. Neste tipo de cocção, o
interior do alimento é aquecido por condução do calor produzido pela superfície da grelha. A
temperatura atingida pela superfície é determinada pela quantidade de energia recebida por
essa superfície, a qual depende da distância entre a grelha e o alimento. As microondas
também são uma forma de irradiação – as moléculas de água absorvem o calor.
Quando aquecida em microondas, a carne bovina é rejeitada pelos júris de degustação
por sua cor externa acinzentada, uniformidade de sua cor interna, dureza e falta de suculência
que resultam num gosto sem graça. Isto tem fundamento? A temperatura das microondas é
inferior a 100oC e assim a oximioglobina não é desnaturada, conservando sua cor.
Nós estamos acostumados a comer carne marrom por fora e vermelha por dentro; isso
porque o calor do aquecimento conduzido através do ar (assado) ou da água (cozido) para a
superfície da carne é reduzido no interior da carne que não conduz bem o calor. A carne deve
permanecer no forno até seu interior chegar à temperatura de 70ºC para transformar todo o
colágeno em gelatina (para quê mesmo?).
O coração do forno microondas é um aparelho chamado magnetron, que emite ondas
eletromagnéticas de freqüência igual a 896megahertz (em cada ponto do espaço atravessado
por um feixe de microondas, o campo elétrico e o campo magnético oscilam 896 milhões de
vezes por segundo). Estas ondas são guiadas por meio de um tubo de alumínio até dentro do
forno. Quando o alimento é irradiado por microondas, estas fazem vibrar e girar as moléculas
que possuem assimetria elétrica como a água. Estes movimentos das moléculas excitadas
perturbam as outras moléculas, não excitadas, de forma que o conjunto é posto em movimento
e, assim, aquecido. Progressivamente, as moléculas excitadas se desexcitam por colisão com
as moléculas circundantes. Como a maioria dos alimentos contém uma grande quantidade de
água, eles são aquecidos porque a água é excitada.
O início da degradação das proteínas ocorre no estômago onde o pH está entre 1,0 e
2,5 devidos é presença do ácido clorídrico, o que promove o desenovelamento das proteínas
tornando as ligações peptídicas mais susceptíveis á ação das enzimas hidrolíticas (pepsina),
transformando assim a longa cadeia polipeptídica em uma mistura de peptídeos menores. Ao
serem transferidas para o intestino, encontram um pH em torno de 7, provocado pela liberação
de bicarbonato pelo pâncreas. Lá as enzimas proteolíticas tripsina e quimiotripsina (também
liberadas pelo pâncreas) clivam os fragmentos peptídicos, ocorrendo também a atuação das
enzimas carboxipeptidase e aminopeptidase, localizadas nas membranas do epitélio intestinal.
Os aminoácidos liberados com estas clivagens são transportados através das paredes
Do intestino para o sangue.
No metabolismo de degradação dos aminoácidos há a remoção (desafinação) e
Excreção do grupo amino (na forma de uréia) e a oxidação das vinte cadeias carbônicas
resultantes, sendo convertidas a compostos comuns ao metabolismo de Carboidratos e
lipídeos: o piruvato (glicólise e gliconeogênese), acetil-Coa e intermediários do ciclo de
Krebs. Certos aminoácidos exercem também a função de serem precursores de importantes
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biomoléculas, como nucleotídeos, o grupo heme, a glutationa (um tripeptídeo com função
redutora que pode auxiliar na remoção de peróxidos tóxicos formados durante o
metabolismo), hormônios e neurotransmissores (dopamina, norepinefrina, epinefrina,
aminobutirato (GABA), histamina e serotonina.
UNIDADE V
TRANSFORMAÇÕES BIOQUÍMICAS APÓS COLHEITA DE FRUTAS E VEGETAIS
Ao contrário dos produtos de origem animal, como o leite ou a carne, frutas e
hortaliças continuam vivas depois de sua colheita, mantendo ativos todos seus processos
biológicos vitais. Devido a isso e por causa do alto teor de água em sua composição química,
frutas e hortaliças são altamente perecíveis. Para aumentar o tempo de conservação e reduzir
as perdas pós-colheita, é importante que se conheça e utilize as práticas adequadas de
manuseio durante as fases de colheita, armazenamento, comercialização e consumo.
No Brasil, estima-se que entre a colheita e a mesa do consumidor ocorrem perdas de
até 40% das frutas e hortaliças produzidas. A maioria ocorre devido ao descuido, a má-
conservação e a falta de conhecimento das medidas específicas que poderiam ser tomadas
para evitar o estrago. Além de prejudicar a competitividade agrícola, estas perdas poderiam
estar alimentando parte da população brasileira que se encontra faminta e fortemente
desnutrida.
Para agir contra esta realidade, é imprescindível que se conheçam os fatores biológicos
e ambientais que provocam a deterioração pós-colheita de frutas e hortaliças, entendendo que
conservar significa manter, e não melhorar, a qualidade de um produto, pelo menos durante
um período de tempo.
Um primeiro passo é ter uma noção dos principais processos fisiológicos de uma
planta viva.
Respiração
Do ponto de vista da fisiologia, respiração é o processo pelo qual um organismo vivo
troca oxigênio e dióxido de carbono com o meio ambiente. O oxigênio é necessário para a
respiração celular, enquanto que o dióxido de carbono é um subproduto do metabolismo e
deve ser retirado do organismo.
Com a grande diversidade de organismos multicelulares, entre animais e plantas,
existe igualmente uma grande variedade de aparelhos respiratórios, para além de que muitos
organismos de pequenas dimensões realizam as trocas gasosas por difusão através da sua
epiderme.
Respiração das Plantas
Entre as "plantas" (de acordo com a taxonomia de Lineu, incluindo algas e fungos),
apenas as plantas vasculares têm um verdadeiro "aparelho respiratório" formado por estomas,
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pequenos orifícios na epiderme por onde entra o ar para os tecidos onde se realiza a respiração
celular e a fotossíntese. Os restantes grupos de plantas respiram por difusão dos gases - quer
atmosféricos, quer dissolvidos na água - por difusão através da superfície dos seus órgãos.
Os vegetais autotróficos (que realizam a fotossíntese) necessitam de dióxido de
carbono para essa função e, por isso, durante o dia solar, absorvem tanto este gás como o
oxigênio necessário para a respiração celular; à noite, as plantas verdes consomem oxigênio e
expelem dióxido de carbono.
Os fungos, que são heterotróficos, utilizam apenas o oxigênio na respiração e expelem
dióxido de carbono.
Raízes
Ø Substrato: Proveniente da parte aérea, pelo floema.
Ø Formação de novas raízes e absorção e acúmulo de nutrientes minerais
Ø Oxigênio: parte aérea e solo.
Caule
Ø Câmbio: formação de novas células e crescimento.
Folhas
Ø Respiração praticamente constante em seu ciclo vital.
Ø Em algumas plantas há um aumento seguido de queda na respiração antes da
abscisão.
Ø Ao atingir sua expansão máxima, a via das pentoses-fosfato é mais importante na
degradação dos açúcares.
Frutos
Ø Atividade respiratória intensa nos estágios iniciais da formação, utilizando
substratos das folhas vizinhas e de produtos translocados.
Ø Decréscimo gradual da respiração até senescência.
Ø Frutos climatéricos: Aumento da respiração no fim da fase de maturação
(relacionado ao etileno).
Ø Climatéricos: Abacate, banana, maracujá, mamão, manga.
Ø Não climatéricos: Uva, limão, laranja, abacaxi, caju, goiaba.
Germinação de sementes
Ø Exigências: água e oxigênio.
Ø Embebição ® ativação de enzimas hidrolíticas e produção de GA3, que promove a
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Lembra daquele maracujá verde que você colheu e não amadureceu depois?
Por que algumas frutas amadurecem mesmo sendo colhidas verdes e outras não?
Será que ocorre a mesma situação com as hortaliças?
A colheita de frutas e hortaliças deve ser feita quando as plantas atingem o mínimo de
qualidades organolépticas (sabor, cor, aroma e textura) e nutritivas. Estas qualidades variam
com a espécie e variedade cultivada, época de plantio, clima, tipo de solo, práticas culturais,
assim como outros fatores.
A fim de conhecer o momento certo da colheita é preciso conhecer cada espécie
cultivada e seu estágio ideal de maturação, pois estas características referentes á qualidade,
estão relacionadas à esta época. Isso porque somente neste momento os fatores físicos e
químicos necessários ao processo de amadurecimento tornam-se presentes no fruto.
Vale ressaltar que mesmo após o processo da colheita, frutas e hortaliças continuam
vivas, com suas atividades biológicas em funcionamento, amadurecendo até atingir o estágio
de deterioração.
Para conseguirem se manter vivas, elas necessitam de energia a qual é obtida através
do processo de respiração. A perecibilidade e o envelhecimento das hortaliças e frutas são
proporcionais ao tipo e á intensidade de respiração de cada espécie. A partir daí surgem duas
classificações: produtos climatéricos e produtos não-climatéricos.
Produtos climatéricos são aqueles que, logo após o início da maturação, apresentam
rápido aumento na intensidade respiratória, ou seja, as reações relacionadas com o
amadurecimento e envelhecimento. Exemplos: banana, goiaba, manga, mamão, caqui,
melancia e tomate.
Produtos não-climatéricos são aqueles que necessitam de longo período para
completar o processo de amadurecimento. Exemplos: laranja, tangerina, uva, berinjela,
pimenta, alface, couve-flor, o pepino, limão e o abacaxi. Com isso, são deixados na planta até
atingirem seu estágio ótimo de amadurecimento, quando são colhidos.
Agora sabemos porque aquele abacaxi do domingo estava tão azedo e amarelo claro...
Por que algumas pessoas embrulham banana para que esta amadureça mais rápido?
A produção de gás etileno, um composto químico de maturação e envelhecimento de
vegetais, ocorre naturalmente durante a fase de amadurecimento dos frutos, principalmente
dos climatéricos. Ao embrulhar o fruto, provoca-se um acúmulo de gás etileno ao seu redor e
consequentemente seu amadurecimento é favorecido.
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Verduras e Legumes
Cada vez mais pessoas tornam-se preocupadas em manter boas condições de saúde e
bem estar, almejando, então, usufruir maior qualidade de vida. E para garantir uma maior
qualidade de vida não se poderia esquecer da alimentação. Dentre os diversos ditos populares
em relação à alimentação, um que faz muito sucesso é aquele que muitos de não costumamos
ouvir frequêntemente: quanto mais “colorido” o prato, melhor. Neste contexto, o termo
“colorido” se refere à diversidade de alimentos presentes na refeição. Ou seja, apresentar
porções de diferentes tipos de alimentos, por exemplo, vegetais cozidos e ou crus, estando
naforma de salada e ou na forma refogada. O consumo regular de legumes e verduras pode
prevenir diversos tipos de doenças, por exemplo, o câncer, o diabetes tipo II e a osteoporose.
A cenoura, por exemplo, é rica em vitaminas A e E, as quais são excelentes para a visão e na
prevenção do câncer de pele. Além de conter vitaminas e sais minerais, as verduras são
excelentes fontes de fibras, importantes na manutenção do “bom funcionamento” do intestino.
O valor nutricional de um vegetal depende da sua preparação. Na tabela nutricional de
hortaliças publicada pela Embrapa (Tabela 1) podemos observar algumas diferenças.
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Terra adorada,
Entre outras mil,
És tu, Brasil,
Ó Pátria amada!
Dos filhos deste solo és mãe gentil,
Pátria amada, Brasil!