MPC Bruna Fernandes Dissertacao
MPC Bruna Fernandes Dissertacao
MPC Bruna Fernandes Dissertacao
Metadados
Data de Publicação 2015-11-17
Resumo O presente trabalho fez parte integrante do estágio académico de
mestrado em psicologia clínica, iniciou-se em Outubro de 2014 até
Junho de 2015 e foi desenvolvido em contexto escolar na escola EB2,3
Moinhos da Arroja, no Serviço de Psicologia e Orientação ao Aluno
com periodicidade semanal e em contexto clínico de estudo de caso, no
qual a intervenção psicológica se realizou com duas crianças de doze
e catorze anos, frequentando o 6º e 9º ano do ensino básico, sendo este
acompanhamento uma vez ...
Palavras Chave Adolescentes - Aconselhamento, Psicologia do adolescente, Psicologia
clínica - Prática profissional, Escola E.B. 2/3 Ciclos Moinhos de Arroja
(Odivelas, Portugal) - Ensino e estudo (Estágio)
Tipo masterThesis
Revisão de Pares Não
Coleções [ULL-IPCE] Dissertações
http://repositorio.ulusiada.pt
UNIVERSIDADE LUSÍADA DE LISBOA
Faculdade de Ciências Humanas e Sociais
Instituto de Psicologia e Ciências da Educação
Mestrado em Psicologia Clínica
Realizado por:
Bruna Dias Fernandes
Supervisionado por:
Prof.ª Doutora Túlia Rute Maia Cabrita
Orientado por:
Dr.ª Sara Mónica Fonseca Costa
Constituição do Júri:
Lisboa
2015
U N I V E R S I D A D E L U S Í A D A D E L I S B O A
Lisboa
Outubro 2015
U N I V E R S I D A D E L U S Í A D A D E L I S B O A
Lisboa
Outubro 2015
Bruna Dias Fernandes
Lisboa
Outubro 2015
Ficha Técnica
Autora Bruna Dias Fernandes
Coordenadora de mestrado Prof.ª Doutora Tânia Gaspar Sintra dos Santos
Supervisora de estágio Prof.ª Doutora Túlia Rute Maia Cabrita
Orientadora de estágio Dr.ª Sara Mónica Fonseca Costa
Título Intervenção com adolescentes em contexto escolar
Local Lisboa
Ano 2015
Intervenção com adolescentes em contexto escolar / Bruna Dias Fernandes ; coordenado por Tânia
Gaspar Sintra dos Santos ; supervisionado por Túlia Rute Maia Cabrita ; orientado por Sara Mónica
Fonseca Costa. - Lisboa : [s.n.], 2015. - Relatório de estágio do Mestrado em Psicologia Clínica,
Instituto de Psicologia e Ciências da Educação da Universidade Lusíada de Lisboa.
LCSH
1. Adolescentes - Aconselhamento
2. Psicologia do adolescente
3. Psicologia clínica - Prática profissional
4. Escola E.B. 2/3 Ciclos Moinhos de Arroja (Odivelas, Portugal) - Ensino e estudo (Estágio)
5. Universidade Lusíada de Lisboa. Instituto de Psicologia e Ciências da Educação - Teses
6. Teses - Portugal - Lisboa
1. Teenagers - Counseling of
2. Adolescent psychology
3. Clinical psychology - Practice
4. Escola E.B. 2/3 Ciclos Moinhos de Arroja (Odivelas, Portugal) - Study and teaching (Internship)
5. Universidade Lusíada de Lisboa. Instituto de Psicologia e Ciências da Educação - Dissertations
6. Dissertations, Academic - Portugal - Lisbon
LCC
1. BF724.F47 2015
Dedico este trabalho,
À minha família.
Agradecimentos
Agradeço à escola EB 2,3 Moinhos da Arroja pela oportunidade de estágio, por tudo o que
aprendi na relação com as crianças da mesma. Há minha coordenadora de curso, Sara Costa e
à Alexandra Silvestre, pelo apoio e espírito de grupo e entreajuda. Agradeço aos dois pacientes,
que abriram a porta do seu coração, revelando os seus medos e angústias, permitindo-me assim,
entrar no seu mundo interno, e ao lado de quem muito aprendi. Agradeço à coordenadora de
mestrado a Prof.ª Doutora Tânia Gaspar pela dedicada coordenação do mestrado académico e
à orientadora de estágio Prof.ª Doutora Túlia Cabrita, pelo apoio e incentivo durante a
Andreia por ter partilhado e vivenciado em conjunto comigo esta fase mais complicada que
requereu tanto esforço e dedicação de noites em branco. Agradeço ao meu namorado Ricardo
Por fim, não menos importante, agradeço aos meus pais pelo amor incondicional e pelos
valores que me passaram, e principalmente há minha avó pelo amor e carinho e por ter aturado
próprios fins"
(Alfred Adler)
Resumo
clínica, iniciou-se em Outubro de 2014 até Junho de 2015 e foi desenvolvido em contexto
psicológica se realizou com duas crianças de doze e catorze anos, frequentando o 6º e 9º ano
do ensino básico, sendo este acompanhamento uma vez por semana. Como recolha de dados
foi elaborada uma entrevista clínica, recolha de Anamnese, observação e utilizados os seguintes
recursos pessoais dos pacientes e promover o bem-estar psicológico, para uma adaptação
sendo fundamentados através de literatura científica onde os diversos autores de longa data nos
psicológico e emocional.
This work was an integral part of the academic master's internship in clinical psychology,
started in October 2014 until June 2015 and was developed in school contexto, in school EB2,3
Moinhos da Arroja in the Psychology Service and Orientation Student every weeks and in a
clinical context of the case study, in which the psychological intervention took place with two
children with 12 and 14 years old attending the 6th and 9th grade of primary education, this
monitoring was once a week. As data collection a clinical interview was drafted, anamnesis
collection, observation and used the following evaluation instruments, CDI, ICAC, Family
Drawing Test, Raven Progressive Matrices and Zelazowsca. For the practice of clinical
psychology, psychological counseling was one of the forms of intervention used throughout
the stage, in order to improve the personal resources of patients and promote psychological
well-being, to a satisfactory adaptation against the state in which they are. Cognitive behavioral
therapy was also essential for the follow-ups in order to find strategies for restructuring
support psychotherapy and adolescence, being grounded through scientific literature where
many longtime authors bring us an understanding of adolescents, their attachment and their
Tabela 1 – Participantes
Lista de Abreviaturas, Siglas e Acrónimos
Introdução………………………………………………………………………………….... ..1
Psicólogo clínico…………………………………………………………….. 12
Intervenção clínica…………………………………………………………………... 13
Psicoterapia de apoio………………………………………………………... 15
Aconselhamento…………………………………………………………….. 15
Avaliação psicológica……………………………………………………….. 15
Entrevista clínica……………………………………………………………. 17
Modelos de intervenção.……………………………………………………………. 19
Técnicas utilizadas…..………………………………………………………. 26
Ludoterapia…………………………………………………………………...27
Perturbações na adolescência……………….………………………………………. 29
Conceito de adolescência….….……………………………………………... 29
Perturbação da ansiedade….…….………………………………………...… 32
Método…………………………………………………………………………………….... 39
Participantes……………………………………………………………………….... 39
Procedimentos………………………………………………………………………. 40
Instrumentos……………………………………………………………………….... 41
Questionário do Zelazowsca………………………………………………….46
Caso J………………………………………………………………………………………...47
História……………………………………………………………………………….47
Avaliação……………………………………………………………………………. 48
Diagnóstico………..………………………………………………………………….50
Conclusão…………………………………………………………………………….58
Caso D……………………………………………………………………………………….59
História……………………………………………………………………………….59
Avaliação………………………………………………………………………..........60
Diagnóstico diferencial………………………………………………………………62
Conclusão…………………………………………………………………………………….71
Reflexão Final……………………………………………………………………………......73
Referências Bibliográficas……………………………………………………………….......74
Lista de Anexos………………………………………………………………………………80
Intervenção com adolescentes em contexto escolar
Introdução
ao longo do ano de, outubro de 2014 a Junho de 2015 realizado no Serviço de Psicologia e
Orientação, inserido na escola EB 2,3 Moinhos da Arroja, com crianças do segundo e terceiro
relatório também apresenta dois casos clínicos, com duas crianças de 12 e 14 anos de idade,
Após a caracterização da escola EB 2,3 Moinhos da Arroja, com todas as suas valências, fez-
população do bairro, onde a escola está inserida e da qual pertencem os alunos. Seguidamente
trabalho em geral e especificamente nos dois casos clínicos, cujo modelo de intervenção recai
Estatística das Perturbações Mentais – Texto Revisto (DSM-V-TR) (APA, 2002). Para
finalizar o enquadramento teórico foi feita uma breve contextualização sobre o conceito
e défice de atenção, visto terem sido estas umas das principais questões salientadas nestes
casos clínicos. Para concluir, apresenta-se a reflexão albergando um balanço geral das
Caracterização da Instituição
O Agrupamento tem uma existência legal desde 2004 e é formado por três
pluricultural.
A Escola Preparatória da Ramada foi contruída em 1982. Mais tarde, em Agosto de 1984,
com o alargamento da escola ao 3º Ciclo, passou a designar-se Escola C+S da Ramada. Com
Urbanização da Arroja, foi criada para servir esta urbanização e o Bairro da Ramada que,
então, fazia parte da freguesia de Odivelas. Com a criação das Freguesias da Ramada e de
Famões, que resultaram da divisão de Odivelas, a Escola EB 2,3 da Ramada ficou implantada
na zona limítrofe norte de Odivelas, a escassas centenas de metros da Freguesia que lhe dava
o nome.
Nos últimos anos foram construídas duas outras Escolas nas imediações: a Escola EB 2,3
(atualmente com a designação de EB2,3 Vasco Santana). Este facto fez com que a atual
Escola EB2,3 Moinhos da Arroja tivesse mudado mais uma vez de nome. Inicialmente foi
Loures contrapôs para Escola EB 2,3 Isabel de Portugal, nome que foi aceite pelos órgãos de
Moinhos da Arroja – Escola sede; EB1/JI Porto Pinheiro; EB1/JI Manuel Coco; JI Dr João
Santos.
A EB2,3 Moinhos da Arroja é constituída por dois edifícios cobertos, sendo estes um
bloco único com dois pisos e um pavilhão gimnodesportivo. No edifício onde funciona a EB
1/JI Porto Pinheiro. Existe um pavilhão polidesportivo fora do edifício que permite a prática
melhor prática pedagógica e um maior conforto para os alunos e para todos os que aqui
casas de banho e balneários. Existindo ainda um campo de jogos ao ar livre, delimitado por
A escola oferece ainda para os alunos com dificuldades de adaptação ao currículo regular,
Sendo que, no ano letivo de 2012/2013, funcionaram duas turmas PCA (percursos
na área da informática. Atualmente estão a funcionar duas turmas de PCA e três turmas de
cursos vocacionais: o PCA de 5º ano tem como vocacional TIC e movimento e expressão
corporal e artes gráficas e o PCA de 6º ano tem a matriz curricular idêntica à do ensino
regular.
As turmas dos cursos vocacionais têm as seguintes áreas: CV1 e CV3- vocacionais de
Conta com dois psicólogos a meio tempo e uma técnica de serviço social, tendo como
SPO é uma estrutura especializada de orientação educativa, inserida na rede escolar, com o
papel basilar de acompanhar o aluno ao longo do seu percurso escolar, contribuindo para
identificar os seus interesses e aptidões, intervindo em áreas de dificuldade que possam surgir
Caracterização da População
socioeconómico baixo.
oriunda numa fase inicial, essencialmente dos PALOP, Brasil e países de leste, que vieram à
procura de melhores condições de vida, porém, têm profissões relacionadas com a construção
civil, serviços de limpeza, e uma elevada percentagem que se encontra desempregada. Nos
comunidade cigana que foi realojada no bairro da Arroja, contudo a maioria não chega a
encarada como um local de recurso, onde as crianças são deixadas durante o dia, delegando
No que respeita aos alunos, as problemáticas que mais se evidenciam são o abandono
escolar, indisciplina na sala de aula, comportamentos agressivos entre alunos, nos intervalos
estão relacionadas com a desestruturação familiar, com o fraco rendimento económico e /ou
práticas marginais. É também de salientar a falta de participação das famílias na vida escolar
dos alunos.
falta de verbas por parte do estado, défice de estratégias de pedagogia diferenciada e a grande
carência de psicólogos.
Enquadramento Teórico
A psicologia clínica
(Marques, 1999), e passa assim a ser caracterizada como um dos ramos da psicologia que
surgiu num contexto científico (Pedinielli, 1999), através da prática com doentes em
sofrimento (Brito, 2008), e crianças com debilidades mentais e físicas (Leal, 1999).
clínicos, por forma, à elaboração de um plano de intervenção. Sendo que, uma vez que a
em relação a estas (Pedinielli, 1999). A psicologia é definida como a ciência que se concentre
no comportamento e nos processos mentais (Davidoff, 2001), e tem como principal método
de estudo, o ser humano como ser uno e psíquico (Brito, 2008), sendo que, o comportamento
e as emoções apresentadas por este ser, estão na base do estudo, por forma a tentar
Willig, 2000), e cujo objetivo é que a intervenção incida nos comportamentos e emoções
Para além do estudo das emoções e do comportamento humano (Pierón, 1968), visa
também compreender a origem das perturbações mentais e as suas causas (Marques, 1999),
baseando-se para isso na observação, análise dos casos (Pierón, 1968), meios de diagnóstico e
Psicopatologia, como acima referido, é considerada como uma área da saúde mental, sendo
Americana (APA), que refere que o objetivo desta passa pelo estudo dos comportamos e as
Psicólogo clínico
Para uma prática clínica de excelência, é crucial que o psicólogo tenha adquirido e
continue a adquirir durante toda a sua carreira, conhecimentos científicos e empíricos de uma
(Marques, 1994), que promova o diálogo com o paciente para cumprir os objetivos propostos,
e que lhe facilite a transmissão a outros técnicos de saúde do seu ponto de vista (Brito, 2008).
sua integração e ligação saudável com o meio envolvente. Assim o psicólogo clinico
considera os sintomas num sentido próprio a ser descodificado, sendo que, o discurso do
adotar uma atitude compreensiva em relação ao seu objeto de estudo (Moita, 1983). Assim
como, é através do modelo teórico e método clínico, que o psicólogo consegue chegar à
sendo que, deve orientar a sua intervenção segundo determinadas regras e princípios éticos,
deste último poder decidir se aceita, recusa ou estabelece limites ao serviço ou prestação
(Simões & Almeida, 2003), assim como, o psicólogo deve ter cuidado para não deixar as suas
atitudes e crenças, levarem-no a fazer juízos de valor e a tecer críticas para com o paciente O
psicólogo deve ter sempre uma atitude empática e compreensiva com paciente, contudo, o
psicólogo deve saber dominar as suas emoções, para que consiga manter o distanciamento
profissional desejado para uma boa prática clínica. Deve ainda manter o segredo profissional
que lhes são efetuados (Brito, 2008), uma vez que podem trabalhar em diversos contextos
instituições sociais, clínica privada (Brito, 2007; Aguilar, Oliva & Marzani, 2003), serviços
de saúde, contextos de crise, entre outros (Leal, 2005). No entanto, há três polos que são
consagra a todos estes polos, mas eles representam os pontos fundamentais do trabalho do
entrevistas iniciais, com a criança e com a família, devem-se sobretudo à multiplicidade das
Assim o psicólogo clinico infantil deve ter algumas especificidades, tais como, a necessidade
de criar laços com as famílias, pois na relação terapêutica com as crianças, os pedidos são
mediados por terceiros. São os pais que encontram um argumento para levar a criança ao
psicólogo, sendo estes geralmente que acompanham a criança às consultas. Por tal, os pais
querem falar com o psicólogo e geralmente, são os pais que vão à primeira entrevista,
Posto isto, o psicólogo na sua prática recorre, a técnicas lúdicas para obter informação, como
o recurso ao jogo, que apela aos recursos internos da criança, onde esta se constrói, e através
As escolas oferecem um fácil acesso aos dados referentes à avaliação naturalista, acerca
do funcionamento das crianças em diversas situações da sua vida e que abrangem vários
domínios importantes do seu funcionamento (Power, Atkins, Osborne & Blum, 1994 citado
por Brown, 2004). A informação disponível através das escolas é inestimável para determinar
o tipo e a gravidade dos problemas das crianças, bem como, os recursos que têm disponíveis
para lidar com estes e ter sucesso no percurso escolar (Brown, 2004).
O funcionamento emocional das crianças pode ser avaliado através de informações obtidas
no uso de entrevistas e checklists aplicadas aos pais, professores e às crianças (Kendall et al,
Intervenção psicológica
Psicoterapia de apoio
A psicoterapia de apoio é uma das formas mais comuns de psicoterapia (Bloch, 1979;
Cordioli, 1988 citado por Leal, 2005). Pode ser definida “como uma forma de tratamento
psicológico realizado a um paciente num longo período de tempo, às vezes, durante anos, de
forma a mantê-lo psicologicamente estável, uma vez que ele é incapaz de gerir a sua vida
adequadamente sem esta ajuda a longo prazo” (Bloch, 1999). Gilbert e Ugelstad (1994)
salientam que esta psicoterapia visa apoiar e fortalecer o potencial funcionamento do ego
Esta terapia foca-se num modelo eclético de psicoterapia, sendo que, os pacientes
submetidos a este tipo de terapia são aqueles que apresentam psicopatologias mais graves
Esta terapia de apoio não pertence a nenhuma escola específica, atuando ateórica e
pragmaticamente. Desta forma utiliza técnicas de diferentes abordagens teóricas, sendo por
isso utilizada por terapeutas de diferentes escolas. Visa ser pragmática, centrando-se naquilo
terapeuta que assume uma posição de autoridade, dando-lhe orientação, apoio e realiza o teste
Segundo Rosenthal e colaboradores (1999), esta é uma terapia que leva a melhorias a nível
Os objetivos têm por base as características dos pacientes, sendo estas, a idade,
tornar o paciente consciente da realidade, acerca da sua situação, para que este tenha noção
do que pode ou não ser atingido em terapia; prevenir uma recaída, de forma a evitar a sua
1999).
Aconselhamento
psicoterapia breve destinando-se a pessoas com uma clara e forte motivação para a mudança,
inúmeras abordagens. Privilegia-se assim, ajudar o paciente a obter uma maior compreensão
da relação consigo próprio, com os outros e com o mundo, tendo em conta a sua história de
vida e as suas circunstâncias. Para esta compreensão é fundamental um certo tipo de relação
terapeuta-paciente, que acaba por ser o veículo e a fonte dessa compreensão (Dias, 2006).
O aconselhamento deve-se focalizar sempre que possível nas dificuldades atuais presentes
2006).
Avaliação psicológica
psicólogo utiliza estratégias de avaliação psicológica, com objetivos bem definidos, para
encontrar respostas a questões propostas com vistas à solução de problemas (Cunha, 2000).
utilizar na avaliação psicológica que têm que ser coerentes com a vertente teórica, fortemente
Numa consulta de psicologia clínica em que são utilizadas provas psicológicas para
(Leal, 2006).
propósitos clínicos, o psicólogo tende a utilizar teste qualitativos e quantitativos, por forma a
testar a consistência e a fidelidade dos resultados obtidos, para chegarem a inferências com
(Cunha, 2000).
Entrevista Clínica
mesmo tempo um método que engloba a observação e que suporta também a avaliação
instrumental através da aplicação de testes e escalas (Bénony & Chahraoui, 2002). Constitui
também um método de recolha de dados que visa obter factos ou representações situacionais
sobre a sua vivência e acentuando a relação. Faz parte do método clínico e das técnicas de
suas dificuldades de vida, os acontecimentos vividos, a sua história, a maneira como esta gere
as suas relações com os outros, a sua vida íntima, os seus sonhos e os seus fantasmas (Leal,
Assim, a entrevista clínica é parte de um processo, que deve ser concebido como um
processo de avaliação, que pode ocorrer e apenas uma sessão e ser dirigido a fazer um
profissional deve utilizar a sua sensibilidade, flexibilidade e criatividade, para que possa obter
os dados suficientes e estabelecer uma adequada relação terapêutica. Meeks (1975) refere que
o adolescente inicial, geralmente nega os seus problemas e não se apercebe dos seus
conduta. Desta forma, é necessário a presença de uma abordagem mais ativa por parte do
Existem elementos importantes que podem ser dados no contacto inicial, para a
grave, ou ainda se carece de motivação, sendo que, o primeiro contato pode ficar delegado
aos pais. Tendo em conta, que a entrevista com os pais, tem por objetivo a obtenção de
familiar do paciente. O avaliador deve ser cauteloso, de forma a não transformar a entrevista
num interrogatório, no qual os pais se possam sentir julgados pela situação do filho, sendo
que, deve tentar atenuar a angústia e o sentimento de culpa existentes (Aberastury, 1987
citado por Cordioli, 1998). Tem-se sinais de motivação e maturidade, quando é o próprio
Posto isto, cabe ao terapeuta, num primeiro momento, estar atento a todas as manifestações
período da adolescência, as manifestações extra verbais são muito ricas, sendo que, o
psicoterapeuta, para uma melhor compreensão do adolescente, deverá estar atento, ao seu
adolescente, muitas vezes, utiliza discos, fitas, cartas e diários para transmitir informações
acerca da sua pessoa, sendo que estas devem ser acolhidas pelo terapeuta (Cordioli, 1998).
Modelos de intervenção
Terapia cognitivo-comportamental
sujeito tendo em conta o seu quadro clínico e as suas particularidades. No âmbito do presente
estágio académico, foi realizado o apoio psicológico, dando especial destaque a determinadas
As terapias comportamentais têm por base as teorias de aprendizagem (Leal 2005) que
remontam aos trabalhos de Pavlov (Leal, 1999), onde tentam aplicar o método experimental
Eysenck, Bandura, entre outros (Leal 2005). Contudo, existem várias propostas de definição
desta terapia, sendo que uma delas refere que se trata de uma coleção de tratamentos que têm
por hipótese que a perturbação psicológica tem origem nos comportamentos aprendidos, que
agir e atuar dos indivíduos (Leal, 1999) e nos motivos pelos quais perante determinadas
desadaptativos, assim como os fatores envolvidos na sua manutenção (Lopes, Lopes &
Lobato, 2006), olhando para os indivíduos como um todo e para o ambiente onde se
encontram inseridos, de forma a identificar as áreas com potencial para mudança (Bloch,
1999), uma vez que estes comportamentos devem-se a uma aprendizagem adquirida através
de observação ou convivência (Leal, 2005), bem como ao mundo interno das crenças, ideias,
estabeleceu que um estímulo neutro pode ser condicionado em conjunto com o estímulo
absoluto, para que quando se apresenta apenas o estímulo neutro, seja desencadeada a reação
reforçada, o comportamento tende a tornar-se mais frequente, contudo se a resposta não tiver
substituído pela punição, uma vez que as consequências sejam as mesmas. Tanto o reforço
como a punição devem ser imediatos e temporalmente sequenciais para que haja
Alguns dos conceitos utilizados são, o contra condicionamento, que tem como objetivo a
para o qual não houve reforço. Por fim temos a aprendizagem social por imitação de
De modo geral esta terapia visa a extinção ou substituição de sintomas (Leal, 2005), pela
problema (Bloch, 1999). Esta terapia mostra-se eficaz em diversas perturbações, sendo
algumas delas, perturbações fóbicas (Leal, 2005), de tiques, anorexia nervosa, bulimia,
infância e vida adulta (Bloch, 1999) através de mudanças no comportamento, com base na
A terapia cognitiva teve início entre as décadas de 1950 e 1970 (Anderson, 2004), sendo o
(Shinohara,1997; Shaw & Segal, 1999, cit. por Bahls & Navolar, 2004). O significado
próprio. Sendo que, devido à sua estrutura cognitiva cada pessoa reage e comporta-se de
Segundo Beck e Alford (2000) a teoria cognitiva articula a maneira através da qual os
nos a compreender o comportamento mal adaptativo (Lopes, Lopes & Lobato, 2006). A
tríade cognitiva consiste: na visão negativa de si mesmo, sendo que a pessoa tende a ver-se
como inadequada ou inapta; na visão negativa do mundo, incluindo relações sociais, laborais
armazenadas que influenciam a forma como percebemos e respondemos ao meio (Pervin &
John, 2001/2004, cit. por Lopes, Lopes & Lobato, 2006) que podem ser padrões habituais da
(Leal, 2005). Desta forma estas estruturas cognitivas determinam a forma como o indivíduo
atividade (Lopes, Lopes & Lobato, 2006). Às estruturas vai-se depois juntar os conceitos de
processos e produtos cognitivos, sendo que, a relação que se estabelece entre as estruturas e
padrões estáveis que foram adquiridos ao longo da vida. Sendo por isso regras e crenças
sensíveis à ativação de fontes primárias como o stress levando a estratégias ineficazes por
resistir-lhes, muitas vezes as pessoas não têm noção destes e precisam de ajuda para o fazer.
A terapia cognitiva tem por objetivos, reduzir a angústia dando ferramentas ao paciente
para que este adquira aptidões que lhe permitam reconhecer, avaliar e mudar processos
aos temas destas cognições inadaptadas para que se dê uma modificação ao nível das atitudes
Para Beck os objetivos terapêuticos passam pela avaliação das estruturas, processos e
que incidem na alteração das imagens distorcidas; estratégias emocionais de aceitação das
O processo terapêutico requer tanto um conjunto de técnicas como uma boa relação
terapêutica. Desta forma o terapeuta deve conseguir criar uma aliança de colaboração com o
paciente orientado para a tarefa, onde a empatia é fundamental, assim como, um foco ativo e
relação aos pensamentos e sentimentos elaborando experiencias para as testar, visando assim
desenvolver nos pacientes uma atitude questionante e curiosa acerca da sua condição. Outra
paciente sobre o significado de uma determinada cognição até chegar ao cerne da questão
(Cordioli, 2008). É também importante pedir ao paciente que faça trabalhos de casa, de forma
a generalizar na sua vida quotidiana, aptidões adquiridas na terapia. Estas técnicas visam
A partir dos anos 70 com os trabalhos de Bandura, começou-se a dar um maior enfâse e
principalmente devido aos processos mediadores entre estímulos e respostas (Moorey, 1996,
citado por Leal 1999), que englobam os processos de pensamento, perceção, memória,
atitude, valores e crenças, que fizeram com que estes começassem a devolver um maior
interesse pelas cognições. Que deu origem à fusão das duas correntes teóricas (cognitiva e
técnicas e conceitos que provêm de duas abordagens terapêuticas distintas, sendo estas a
Navolar, 2004).
tratamento em vários transtornos mentais com índices elevados de eficácia (Beck, 2005;
Beck, 2007; Foa, 2006, cit. por Porto et al., 2008). Esta terapia oferece uma perspetiva
interessante para a integração com o campo da neurociência, uma vez que qualquer
O modelo teórico desta terapia permite a utilização de várias técnicas terapêuticas, que
resolução de problemas, entre outros, que confere ao paciente um maior controlo da situação.
Esta abordagem dá uma maior enfase à psicoeducação (Cade, 2001 citado por Cordioli,
reavaliação e correção dos seus pensamentos. Para que isto aconteça, o paciente é ajudado a
pensar e agir de forma realista e adaptada, em relação aos seus problemas, reduzindo assim,
Técnicas utilizadas
modelagem, entre outros, que foram durante alguns anos o suporte a esta terapia (Leal, 1999).
Também a explicação dada ao paciente sobre a sua condição e tratamento são essenciais,
sendo o primeiro passo a adotar. A maioria dos programas requer que os pacientes façam
trabalhos de casa (Bloch, 1999). As técnicas aqui apresentadas serão apenas as que incidiram
nas estratégias utilizadas na condução dos casos clínicos referentes ao estágio académico.
estímulos ansiogénicos, começando com o que causa menos ansiedade até ao mais
incompetência ou inabilidade social. Salter (1961) e Wolpe (1973), afirmaram que estavam
maus hábitos aprendidos como resposta a determinados estímulos. Esta técnica compreende
se dar conta deles, este passo tem por objetivo promover esta consciencialização discutindo o
frequência com que os repete (Bloch, 1999); treino de respostas competitivas que requer a
descoberta de uma atividade que seja incompatível com o hábito, estimulando o paciente a
realizá-la sempre que sinta o impulso para realizar o hábito (Bloch, 1999); motivação para o
controlo do hábito que visa incutir no paciente o pensamento sobre os resultados negativos do
Ludoterapia
Apesar de ter sido dada uma maior atenção e ter-se explorado mais o modelo cognitivo-
comportamental, foram também utilizadas algumas ideias e técnicas que advém do modelo
Winnicott.
Para Winnicott cada intervenção era plena de significado e restruturante, sendo que
propagou a ideia de que o meio familiar desempenha também ele um papel terapêutico,
envolvendo para isso a família e sendo esta um de extrema importância para as necessidades
do bebé.
Winnicott dá especial relevância ao brincar, sendo que fala do jogo como uma
organizada, mas no sentido do brincar, ou seja, como algo em que o bebé se pode expressar
livremente e explorar toda a sua criatividade. É através do jogo e de um espaço potencial para
a criatividade, onde o bebé tem a possibilidade de ser criativo e de criar o seu próprio mundo,
que este consegue alcançar um desenvolvimento afetivo bem conseguido. Contudo, para que
o bebé desenvolva esta capacidade de brincar é essencial que tenha desenvolvido com a mãe
uma relação de confiança e fiabilidade, para que se torne autónoma em relação a esta, o que
vai permitir a capacidade de brincar em conjunto e vai levar a uma descoberta de si, através
realidade interna e externa do bebé. Uma vez que este espaço neutro, que se denomina de
espaço transicional, possibilita que haja uma evolução no desenvolvimento da criança, lhe vai
permitir perceber e aceitar a realidade socialmente construída. Isto acontece, porque este
espaço transicional serve como mediador entre a ilusão que o bebé tem de omnipotência em
relação à criação do seu mundo e a desilusão quando se apercebe e aceita que a realidade é
construída pelo meio social (Winnicott, 1975). A capacidade de brincar é também a base para
a descoberta e construção do seu verdadeiro self, bem como de todo o viver criativo (Franco,
2003), pois favorece a capacidade de experimentação, que tem início quando este é ainda
bebé, mas que se repete ao longo da sua vida (Hansen & Drovdahl, 2006).
Desta forma, podemos concluir que é através do brincar que se mobilizam todos os
Perturbações na adolescência
Conceito de adolescência
A adolescência é o período de transição entre a infância e a vida adulta, que se estende dos
ficam consolidadas (Eisenstein, 2005). O termo adolescência parece estar vinculado às teorias
psicológicas, que consideram o indivíduo como um ser psíquico, modelado pela realidade que
o rodeia e que vai interferir diretamente na construção da sua identidade, assim como, pela
A teoria de Bowlby dá uma maior relevância à vinculação e ciclo de vida, tendo uma
maior enfâse na infância. Este conceito de vinculação tem implícito a noção de apego e de
figura de apego como sendo fulcral para a criança nos seus primeiros anos de vida, em que a
psicopatologia. O que Bowlby trouxe de inovador com esta teoria, foi a necessidade de
funcionamento emocional é crucial que tenha desenvolvido um padrão de apego seguro, para
que deste modo, seja capaz de explorar o mundo sem medo. Contudo, se esta desenvolver
pela criança na relação de vinculação, que se trata da procura de proximidade por parte da
criança pelas figuras de apego e que estabelece diferentes modelos funcionais internos
(Bowlby, 1989).
A vinculação tem uma função dupla, a função de proteção e segurança fornecidas pelo
adulto que se mostra capaz de defender a criança vulnerável de qualquer agressão, e uma
função de socialização, que através dos ciclos de vida faz com que a vinculação inicialmente
estabelecida com a mãe passe para os familiares, depois para estranhos e por fim para grupos
Erickson (1976), foi um dos autores que definiu a adolescência, a partir do conceito de
(Bock, 2007).
A adolescência está implícita no desenvolvimento humano e foi sempre vista como uma
etapa natural do mesmo, que apresenta um carácter universal e abstrato, sendo também
caracterizada por ser uma fase difícil, devido aos conflitos gerados nela (Bock, 2007).
David Levinsky (1995) define a adolescência como sendo uma fase do desenvolvimento
evolutivo, em que a criança gradualmente passa para a vida adulta de acordo com as
condições ambientais e a sua história pessoal. Levinsky entende a adolescência como sendo
etária. Estas podem, contudo, ser confundidas com doenças mentais ou manifestações
comportamentais inadequadas (Peres e Rosenburg, 1998 citado por Jatobá & Bastos, 2007).
estruturação da personalidade. Abrangendo a faixa etária dos 10 aos 19 anos, dividindo esta
por duas etapas, nomeadamente, a fase da pré-adolescência (dos 10 aos 14 anos), e a fase da
adolescência em si (dos 15 aos 19 anos) (OMS/OPS, 1985 citado por Silva & Lopes, 2009).
vergonha, medo, inibição, tristeza e isolamento social. De facto, qualquer um dos dois tipos
Perturbações de ansiedade
que se refere ao foco da ameaça. Enquanto que, por exemplo, no caso das fobias específicas,
da fobia social, o medo é do abandono e da crítica por parte dos outros, respetivamente e, no
apresentando sintomas de ansiedade psíquicos e somáticos. Devido a estes não terem uma
causa ou situação específica determinada, isto leva a que estes indivíduos comecem a evitar
agorafobia. Um episódio típico de ataque de pânico tem 3 fases. Sendo estas, um início
abrupto com o desenvolvimento ao longo de uns minutos dos sintomas, seguido de um estado
minutos a algumas horas. Por fim, o indivíduo consegue restabelecer o autocontrolo através
psíquico proeminente, sendo que o que mais receiam é o medo de enlouquecer ou de morrer.
durantes os ataques de pânico, sendo que estes experienciam sensações como se estivessem a
separar-se do seu próprio corpo, de irrealidade e de que o mundo parece diferente (Fontaine
nas extremidades do corpo, sensações corporais de calor e frio, sudorese, actividade motora
rápida (agitação), fraqueza, tensão muscular, náuseas, tonturas, sensação de desmaio e dores
de cabeça, o que pode levar o indivíduo a pensar que tem algum problema de saúde física.
Devido a estes sintomas procuram ajuda em várias especialidades médicas, contudo, não é
encontrada nenhuma causa orgânica para estes. Entre os ataques de pânico, a maioria dos
está associada a altos índices de procura de ajuda médica com mais frequência, quando
comparados com indivíduos com outra patologia psiquiátrica. Markowitz et al. chegaram à
Sendo que, as semelhanças entre estas duas patologias são o facto de ambos apresentarem
uma fraca saúde física e emocional, uma maior tendência para o consumo de álcool e para o
abuso de substâncias, e uma taxa mais elevada para comportamentos suicidários, quando
dentro dos distúrbios mentais em adultos e adolescentes. Estas podem ir das mais ligeiras, às
moderadas e até às mais graves, sendo que, pelo menos um quarto dos indivíduos que sofrem
desta perturbação irão em algum momento da sua vida experienciar sintomas graves e
mortalidade devido às taxas de suicídio associadas a estes. Os indivíduos que sofrem destes
distúrbios procuram com bastante frequência ajuda médica, contudo, apenas uma pequena
parte destes indivíduos recebe ajuda médica especializada para o seu problema (Cassano,
nas respostas e dificuldade em esperar (Carvalho, 2007). As crianças que apresentam esta
vezes, estas crianças tornam-se adolescentes e adultos mal sucedidos a nível social e
2007)
Quando se fala em ética profissional refere-se a um conjunto de normas morais pelas quais
Princípios Éticos e Deontológicos, sendo que, estes procuram atender as demandas sociais a
partir das normas éticas, que asseguram uma relação de confiança dos profissionais com os
seus pares, permitindo desta forma que o profissional obtenha as competências necessárias
que permita desenvolver a sua atuação e deste modo proteger e sustentar o seu espaço na
trabalho, lealdade nas relações laborais, respeito pela dignidade humana, sigilo profissional,
código de ética bem objetivo, para facilitar a compreensão dos seus profissionais (Francis,
2004).
assim como a sua organização e ligação com a legislação em vigor. Relativamente aos
princípios gerais- estruturais, têm como objetivo orientar os profissionais para uma atuação
centrada nos ideais da intervenção psicológica, combinando a prática e teoria. De forma mais
particular, os princípios gerais do vigente código são: Princípio A - Respeito pela dignidade e
No que concerne aos princípios específicos do presente código são delimitadas regras de
conduta ética dos psicólogos, os diversos contextos onde os psicólogos exercem a suas
funções profissionais e também incluem os conflitos éticos que estes poderão encontrar. Têm
ainda como objetivo a promoção de qualidade de vida e proteção do público-alvo com quem
intervêm, tal como a orientação e formação dos membros da OPP. Os princípios específicos
aplicação, das consequências, dos métodos e técnicas que usa e dos pareceres profissionais
A competência, deve ser suportada por uma adequada formação teórica e prática de alto
direitos fundamentais das pessoas, da sua liberdade, da sua dignidade, da preservação da sua
com o paciente. Caracteriza-se pelo respeito da autonomia que o profissional deve privilegiar
estabelecer contacto profissional com clientes que estejam a ser acompanhados por outro
Deve ser sempre respeitada a dignidade o valor das pessoas, assim como os seus direitos à
religiões, orientação sexual, entre outras, não devendo também colaborar nem ser
condescendentes com outros profissionais que apresentem este tipo de preconceitos (APA,
2010).
Objetivos Propostos
nas reuniões interdisciplinares com parceiros internos e/ou externos ao SPO; colaboração no
Método
Participantes
Tabela 1 - Participantes
Motivo da Instrumentos de Nº de
Nome Idade Sexo Consulta Avaliação Sessões Observações
Zelawoska; CDI,
Problemáticas BDI, Matrizes de Acompanhamento
Paciente J 14 F sociais e Raven, Desenho 18 Psicoterapêutico
emocionais da Família contínuo
Zelawoska; CDI,
Problemáticas BDI, ICAC,
Paciente D 12 M referentes ao Matrizes de 18 Acompanhamento
comportamento Raven, Desenho Psicoterapêutico
em sala de aula da Família contínuo
Absentismo Acompanhamento
Paciente N 13 F escola e baixa 10 Psicoterapêutico
auto-estima contínuo
Acompanhamento
Paciente G 10 M Comportamento 5 Psicoterapêutico -
impulsive Alta
Absentismo Acompanhamento
Paciente R 14 M escolar e Zelawoska 4 Psicoterapêutico -
consumo de Desistiu
substâncias
Acompanhamento
Paciente B 12 F Perturbações 2 Psicoterapêutico
emocionais – Desistiu
Acompanhamento
Psicoterapêutico
Paciente A 14 F Absentismo 1
requerido pela
escolar e própria no entanto
desistiu
tristeza
Procedimento
criança que tive a oportunidade de acompanhar, procedeu-se à recolha de dados com recurso
sessão. Nos casos clínicos, os principais objetivos específicos para além da observação
interação com os pais a finalidade foi tornar claro o papel do psicólogo na instituição,
que necessário e a oferta de informações para o paciente e a sua família com o objetivo de
são parte integrante de todo o processo de intervenção psicológica, realizado com, os dois
informações dos alunos. A participação nas reuniões do concelho de turma referente aos
com os professores, sendo aqui possível dar-lhes algumas estratégias de como lidarem com as
ainda realizadas também duas visitas domiciliárias referentes a um caso específico por
vocacional para treino e ainda a presença numa visita de estudo à futurália. Realizou-se ainda,
todas as quintas-feiras uma reunião com o Gabinete de Apoio Social, no sentido de partilha
de informações referentes aos casos que estavam sinalizados nos dois serviços.
Instrumentos
qualquer lugar e sozinha (Luquet, 1979). Desta forma a criança projeta-se no que desenha,
pois as suas escolhas conscientes ou inconscientes na figura que desenha, a forma que lhe dá,
a cor que lhe atribui, são resultados da sua subjetividade. O que a criança produz
os conteúdos do seu mundo interno. A interpretação dos desenhos tem como base a teoria
avaliar o equilíbrio afetivo, as emoções, os seus desejos (Kolck, 1984), a sua estrutura de
Esta prova permite observar o modo como a criança se diferencia dos restantes familiares,
expressão, pode também ser uma terapia, pois há uma libertação de toda uma carga pulsiona,
criança que desenhe uma família imaginaria, isto irá permitir à mesma ser espontânea e na
qual se irá projetar mais facilmente. Em seguida é feito um questionário sobre o desenho que
a criança realizou. Na segunda etapa é solicitada a desenhar a sua família real, e é igualmente
Este teste pode ser aplicado a crianças a partir dos cinco anos de idade e tem a vantagem
de ser um teste bem aceite pelas crianças pois é realizado com agrado o que facilita a relação
projeção o que vai por sua vez facilitar a perceção por parte do examinador no que diz
Os materiais necessários para proceder à aplicação deste teste são, duas folhas brancas A4,
lápis de cor e o questionário. Existem três níveis de interpretação do desenho: o nível gráfico,
relacionado com a amplitude, força, pressão do traço, tamanho das figuras, o grau de
estruturas formais, exprime o próprio esquema corporal da criança que progride o seu grau de
perfeição à medida que vai tendo mais idade, observando desta forma o seu grau de
tendências afetivas da criança podem modificar a sua visão do real (Campos, 1969 &
Corman, 1982).
mundo real, pode significar uma tendência para a racionalidade, o que poderá ser um
(Bahls, 2002), que surgiram diversas escalas de avaliação, nomeadamente o CDI, adaptado de
Beck (1977) e Kovács (1985). Este é um instrumento de rastreio que permite identificar
Trata-se de uma escala composta por 27 itens, que visa identificar a presença e severidade
deve escolher em cada item, a alternativa que melhor descreve o seu comportamento nas
correspondentes aos sinais de depressão, sendo que, as questões abordadas remetem para o
Metade dos itens inicia as escolhas com a frase correspondente à gravidade máxima e a
outra metade inicia com as frases correspondentes à gravidade mínima, sendo que cada item
está inserido numa escala de resposta de 3 pontos, em que 0 corresponde a nada e 3 a muito,
perfazendo o resultado final através do somatório da pontuação obtida em cada um dos itens,
O índice discriminativo, para fazer o despiste de depressão, situa-se na pontuação 16, para
a faixa etária dos 8 aos 12 anos e na pontuação de 19, para a faixa etária dos 13 aos 17 anos
(Kovacs, 1985).
perguntas cuja gravidade tem um grau crescente, de forma a situar cada sintoma numa das
sua intensidade.
Aplica-se a partir dos 13 anos de idade e é necessário que o indivíduo tenha o quinto ano
afirmação, e por ordem crescente com 3 para as últimas afirmações. A pontuação máxima
corresponde a 63 pontos, sendo que, no caso de terem sido assinaladas mais do que uma
Zelazowsca
questões. Apresenta-se sob a forma de completar frases, que remetem para situações do dia-a-
intelectual de crianças e adultos, podendo ser aplicado individual ou coletivamente. Tem por
objetivo medir o fator G (coeficiente de Spearman), que avalia a capacidade mental geral.
avaliar a aptidão do indivíduo, no momento da prova, para apreender figuras sem significação
(reflexão).
estável. Podendo também ser definido como a perceção que o indivíduo tem de si próprio
Este teste visa avaliar os aspetos emocionais e sociais de autoconceito, procura medir a
maneira de ser habitual do indivíduo e não o estado transitório em que se encontra (Vaz
Serra, 1995). É uma escala do tipo likert, em que cada item tem um valor mínimo de 1 e
máximo de 5. Desta forma um resultado total pode ir de 20 a 100. Assim quanto mais elevada
Caso J
História
que condicionam o seu desenvolvimento global e as suas aquisições escolares, uma vez que J.
apresenta uma história de vida traumática marcada pela violência, que se traduz em carência
afetiva, baixa autoestima, ansiedade, somatização e depressão, sendo que estas informações
mais ou menos dois anos J. apresentava enquanto sintomas físicos, somatização cutânea,
desmaios, tensão baixa, medo de ter uma doença grave, agitação noturna elevada, indo ao
serviço de urgência com frequência, por ficar muito pálida e com suores frios nas mãos. A
nível da dinâmica familiar o padrasto de J. que vive com ela há 10 anos, agride fisicamente a
mãe desta, tendo sido o caso remetido para a CPCJ. Não há absentismo escolar por parte de
J. faz parte de uma fratria de 5 irmãos, sendo todos eles de pais diferentes, atualmente J.
vive com a mãe, com o padrasto que é o pai do irmão mais novo, vivendo também com eles
uma irmã que é mais velha. Em relação aos outros dois irmãos mais velhos J. não tem grande
contacto com estes. A fonte de rendimento é o café do padrasto onde a mãe dela trabalho
sendo por isso dependente dele. J. começou a ter episódios de ansiedade elevada, quando a
senhora que ela considerava ser uma avó e que tomava conta dela faleceu, sendo que esta avó
era o seu porto de abrigo, onde esta se refugiava a maior parte das vezes, dos problemas em
casa e onde começava passar os fins-de-semana. J. está numa ama desde que nasceu e com
quem tem uma boa relação, quer em termos afetivos como de segurança. É de referir ainda
deixa bastante ansiosa, porém, a sua principal preocupação é retirar o irmão mais novo do
local. Relativamente ao pai biológico de J., este não é uma figura presente nem permanente
na vida desta.
Avaliação
disposta e colaborativa, contudo houve sessões em que apareceu mais triste e cabisbaixa e até
quando havia a possibilidade de a mãe descobrir a sua situação escolar, mostrando-se nestas
No que diz respeito à avaliação psicológica, foram realizadas as provas cognitivas, CDI;
Na prova CDI J. não apresenta qualquer sinal ou sintoma significativo de depressão, sendo
que, apresenta como somatório dos resultados atribuídos de cada item, uma pontuação de 8
que corresponde ao nível médio de depressão. No entanto durante as sessões não demonstrou
indícios de que estivesse com algum tipo de depressão, mas sim de questões mais
Na prova BDI J. apresenta ausência de depressão sendo o valor total de 6, não havendo
Na prova Matrizes Progressivas de Raven J. obteve um valor total de 36, que corresponde
mostra ser bastante apegada à mãe e aos irmãos “se fosse para uma ilha deserta levaria
comigo a minha mãe e os meus irmãos”. Em relação ao pai biológico mostra-se indiferente,
ignorando as questões referentes a este. J. evidencia alguns problemas relacionados com a sua
autoestima “tenho muita pena por causa de não ser bonita ou muito bonita e de ser magra”,
“eu queixo-me muito de ter os dentes para fora”. Mostra uma grande necessidade de ajudar os
outros “se eu tivesse muito dinheiro, ia até áfrica e dava metade do meu dinheiro aquele
país”. Em relação à escola J. quer ser advogada e mostra ter uma boa relação com os
professores e colegas. Relativamente a sua vida futura enquanto casal “nunca quereria ter um
marido que me batesse”, estando esta afirmação relacionada com a atual situação da mãe.
afetivo da criança, a vivência e dinâmica familiar. Através deste teste demonstra que é muito
ligada à família, tendo desenhado uma escada crescente onde estão presentes a irmã, o irmão,
a mãe, a ama e a psicóloga, sendo que, a mãe é o elemento que se situa mais abaixo, e nas
posições mais elevadas estão a ama e a psicóloga, que são sentidas como figuras de apoio. Na
Diagnóstico
apresentados por J., e com base nos resultados da avaliação psicológica, perfazem um
Com base nos critérios de diagnostico do DSM-V, o critério A diz que os ataques de
pânico podem ser recorrentes e/ou inesperados. O ataque de pânico é um surto abrupto de
medo intenso ou desconforto intenso que alcança um pico e minutos e durante o qual ocorrem
pelo menos quatro ou mais sintomas, sendo desta lista de sintomas os que J. apresenta os
sensação de tontura ou desmaio e medo de morrer. O critério B não se encontra presente, pois
os ataques de pânico de J. são do tipo esperados, pois existe um fator precipitante que
desencadeia o ataque de pânico. O critério C também está presente pois os ataques não são
pois estes ataques não são melhores explicados por outra perturbação do foro mental.
emocional e afetiva.
escola referindo que gosta da mesma, dos professores e dos colegas, o que mostra uma boa
adaptação social. Em relação às aulas J.admite que por vezes não se aplica, principalmente
nas disciplinas que não gosta, não se esforçando para ultrapassar as suas dificuldades, apesar
de ter capacidades. Em relação à família J. refere que se sente mais ansiosa e nervosa quando
assiste às discussões entre a mãe e o padrasto, pois já assistiu por diversas vezes a mãe a ser
agredida por este, sendo que, esta situação já atingiu uma gravidade tal que a mãe de J. foi
irmão mais novo. Relativamente à sua relação com este padrasto J. diz gostar dele pois este
nunca lhe fez mal e têm um bom relacionamento. Durante a sessão chorou bastante quando
foi abordado o tema referente à avó que faleceu há dois anos, pela culpa que diz sentir das
coisas que ficaram por dizer à mesma, J. encontra-se ainda em sofrimento e mostra uma
atitude critica e de julgamento perante a forma como as pessoas reagiram à morte da avó “no
velório estava lá imensa gente, todos a chorar, mas hoje já ninguém quer saber, são todos uns
Na segunda sessão foi realizado o jogo dos sentimentos de Graça Gonçalves, sendo este
um baralho constituído por 66 cartas que correspondem a diferentes emoções. Para além de
ser uma maneira muito interessante e numa vertente mais lúdica de ajudar a identificar,
sozinha, referindo uma situação em que os irmãos mais velhos com quem atualmente não tem
contacto, foram viver lá para casa, mas segundo esta “não me davam atenção nenhuma (…) a
minha irmã mais velha só saía com a minha outra irmã”, fazendo-a sentir-se sozinha. Na carta
alegre, J. não especifica o sentimento de felicidade para com a família nuclear, mencionando
apenas situações com a avó que faleceu e com a ama. Na carta orgulhosa, é de salientar o
que se sentiu assim por não estar ao lado da avó quando esta faleceu e quando quer fazer
alguma coisa mas n consegue. Na emoção de tristeza, destaca a morte da avó, mencionando
que gostava de ir ao cemitério visitá-la, uma vez que nunca lá foi e considera que isso era um
passo importante para ultrapassar o luto. Refere também que se sente triste quando pensa que
pode perder as pessoas que ama. Na carta realizada J. fez menção ao canto como sendo algo
Na terceira sessão, J. trouxe uma história que fez durante as férias de natal, esta história é
dirigida a avó que faleceu e nela J. refere “o meu coração até 2012 tinha 2 peças, era
completo (…) no dia 8 de agosto de 2012 o meu coração passou a ter 1 (…) a minha segunda
mãe ela foi-se, ela morreu, a tristeza permanece no meu dia-a-dia”, J. descreve pormenores
que caracterizam a avó de forma carinhosa. “Até hoje ando neste sofrimento, já não é tão
constante mas ainda permanece (…) tenho apoio e muito mas as pessoas não percebem o que
eu sinto, o meu puzzle está em reconstrução”. Nesta história evidencia-se a falta e a tristeza
que J. sente ainda em relação à perda da avó. Quando se refere aos outros que não a
compreendem e desvalorizam aquilo que sente está a referir-se à mãe, dizendo “não confio
nela, não partilho com ela as coisas que sinto”. Foi ainda pedido a J. que dissesse que cidade
seria e o quê que ela e cada um dos elementos da sua família nuclear seria nessa mesma
cidade, sendo que J. diz que seria um escritório de advogados para poder resolver todos os
problemas em sua casa; a mãe seria a polícia pois controla e resolve tudo; o padrasto seria
uma bomba de gasolina porque quando se irrita explode; a irmã seria uma loja de
Na quarta sessão não se pôde fazer o planeado, pois J. recebeu uma chamada da mãe, onde
esta lhe disse que ia até à escola para falar com a diretora de turma e receber as notas, o que a
esta ter mentido à mãe acerca das notas escolares e por recear que esta a punisse, pondo-a de
obrigando J. a ir ter com ela, após ter ouvido uma conversa em que considerou que a diretora
de turma estava a inferiorizar J. dizendo que esta faltava às aulas, não sendo por isso a melhor
opção para ajudar uma outra colega que tem algumas dificuldades. Devido ao facto da mãe de
J. estar bastante alterada manifestando o seu desagrado aos gritos com a diretora de turma e
com J. perante toda a escola, o que provocou em J. um aumento da sua ansiedade por se
sentir exposta por esta de forma humilhante e depreciativa, proibindo-a de estar com a melhor
amiga e de deixar de ir almoçar ao refeitório da escola para ficar a fazer companhia a esta
amiga, disse ainda “J. não tem uma boa estrutura física, é demasiado magra, tem problemas
de saúde (…) veste o tamanho 6 de cuecas”. Posto isto houve uma necessidade de retirar J. do
local, levando-a para o gabinete para tentar estabilizá-la, contudo, J. continuava bastante
nervosa por ter que ir para casa com a mãe com medo do que esta pudesse fazer, o que
transpareceu quando a mãe a foi buscar ao gabinete e J. agarrou na mão da psicóloga como
forma de pedido de ajuda, apesar de a mãe ter verbalizado quando entrou que não estava
zangada com ela mas sim com a diretora de turma, tentando acalmá-la.
Na quinta sessão precedeu-se à aplicação das provas, CDI e Zelazwosca. Tendo havido
ainda tempo para conversar um pouco com J., onde esta contou que o pai biológico tinha
aparecido no café do padrasto para saber dela. De salientar que J. já não tinha contacto com o
pai há mais ou menos três anos, porém, apesar de a mãe de J. considerar esta tentativa de
reaproximação estranha, J. mostra-se muito contente e diz querer dar uma oportunidade ao
pai.
Inventário de Beck. Após a aplicação das provas J. manifestou-se preocupada com a saúde do
avô materno, por este estar bastante debilitado e com medo que este pudesse morrer. J. voltou
a falar em ir visitar a avó ao cemitério, contudo tem receio de o fazer, pois não sabe como vai
reagir “não faz sentido, porque não lhe posso tocar, não sei como vou reagir ao lá chegar,
tenho medo”.
Na sétima sessão J. mostrou- se orgulhosa por ter subido duas negativas, referiu ainda que
se sente ignorada e tratada de forma diferente pelo professor de educação física. J. disse que
refletiu sobre a ida ao cemitério e que tinha decidido ir, manifestando vontade de o fazer com
a psicóloga, contudo, tem receio que a mãe fique com ciúmes, por isso pediu a esta que fosse
com ela. A mãe desvalorizou esta vontade de J. dizendo-lhe para ir sozinha ou então que
atividade.
situação em casa, pois a mãe e o padrasto tinham discutido e esta estava a ponderar sair de
casa. Enquanto falava sobre este assunto J. começou a chorar devido ao medo que sente de o
padrasto ir atrás da mãe ao saírem de casa. Sente-se também revoltada pelo facto de a mãe já
ter tido outras oportunidades de emprego que não o café do padrasto, e rejeitou-as por este
não querer, refere “estamos nesta situação por culpa da minha mãe”. No final da sessão ficou
ainda acordado que no próximo atendimento iriamos ao cemitério a pedido desta “espero
Na décima sessão conforme acordado anteriormente, fomos ao cemitério, o que fez com
que J. se sentisse mais aliviada e que tinha dado um passo importante para ultrapassar o luto.
Durante esta ida ao cemitério J. referiu ainda que tinha faltado a uma visita de estudo devido
a um mal-estar geral, que a levou ao hospital por duas vezes, sendo que, os sintomas
apresentados por J. são perda de apetite, vómitos e mal-estar gástrico, o que corresponde a
realização da prova J. encontrava-se novamente triste, pois tinha vindo do tribunal, onde iria
ser definida a sua pensão por parte do pai, contudo este não apareceu. Voltou a reforçar a
situação vivida em casa, sendo que, a mãe e o padrasto continuam sem falar, porém a mãe de
J. garantiu que esta situação ia ficar resolvida até junho, pois iriam sair de casa. Mais para o
fim da sessão J. começou a chorar ao contar que tinha baixado novamente as notas todas e
que por isso “ vou passar de uma menina esperta a uma menina burra (…) não vou ao baile
de finalistas, porque já não faz sentido, vou chumbar”, esta é uma área que parece afetar
bastante J. por se sentir incapaz de reverter a sua situação escolar. J. voltou ainda a mencionar
que continua sem apetite e que quando come, fica mal disposta.
profissionais caso J. transitasse de ano, sendo esta uma preocupação da mesma. Ainda no
decorrer da sessão J. referiu que a mãe e o padrasto já tinham feito as pazes, porém, a mãe de
J. disse a esta que apenas iriam lá ficar até ao fim das aulas, contudo J. não acredita que isto
vá acontecer e refere “é tudo uma fantochada”. De salientar ainda que J. já foi a uma consulta
com a médica de família, onde esta a mandou fazer vários exames e análises.
entendido que teve com as amigas da turma, e que foi no atendimento falado percebido e
aceite por J. Após este assunto estar encerrado, J. voltou a mencionar a reconciliação da mãe
com o padrasto referindo “continua tudo a mesma fantochada (…) nunca os vi tão felizes”,
parte da mãe em relação a esta situação. J. contou ainda que o pai biológico lhe tinha ligado
para saber se estava tudo bem, mostrando-se indiferente a este telefonema, desvalorizando-o.
Na décima quarta sessão J. fez referência ao mal-entendido com as amigas que tanto a
que o pai biológico lhe ligou no dia de anos, porém J. não se mostra muito entusiasmada com
continuar tudo na mesma e que esta também já lhe começa a ser indiferente, dizendo “eu já
não me preocupo com eles”. No fim da sessão J. entregou uma história que tinha sido pedida
anteriormente e que consistia em desenhar uma flor com a qual se identificasse, e construir
uma história onde esse mesmo desenho fosse a personagem principal, adicionando uma
personagem secundária à sua escolha à história. Na história J. desenhou uma rosa cheia de
espinhos que representavam segundo ela os amigos e a família que gozavam com ela, até que
conheceu uma rosa macho de quem se tornou amiga e começou a gostar, o que fez vir ao de
cima sentimentos bons que fizeram desaparecer os espinhos e que fizeram com que a rosa
com a qual J. se identifica se aproximasse cada vez mais de ser a rosa perfeita que esta
ambiciona ser. No final da história J. deixou uma nota em que diz que o amor vence a maioria
Na décima quinta sessão, começou-se por abordar o assunto das notas, J. está preocupada
e confusa em relação à escolha do curso profissional caso passe de ano, porém também estava
preocupada por achar que não vai conseguir passar de ano. Referiu que a mãe teria que ir à
escola receber as notas e falar com a diretora de turma, mas que esta diz que quer falar com a
psicóloga em vez de falar com a diretora de turma, devido a questões referidas nas sessões
anteriores. J. contou que tinha recebido uma mensagem do pai biológico, onde este lhe dizia
“o pai adora-te”, perante esta mensagem, J. continua com a mesma postura de indiferença e
culpabilização do pai dizendo “se adorasse tanto adorava-me (…) achei melhor não responder
porque estas coisas não se dizem por mensagens (…) ele foi-se embora porque quis, por isso
ele é que tem de ligar e não eu, o problema é dele”. Voltou a referir a situação vivida entre a
mãe e o padrasto com a mesma indiferença dizendo “ agora estão mais calmos, já não andam
Na décima sexta sessão, foi feita uma retrospetiva dos temas que têm vindo a ser
abordados com J.. Relativamente ao assunto da avó que faleceu, J. disse que aquilo que teria
ficado por dizer, foi que a avó lhe tinha dito que quando esta completasse os 18 anos, lhe
contaria algo sobre a sua mãe, e que agora nunca vai saber o que era, pois a sua mãe também
não lhe vai contar. J. diz ainda que se sentia culpada por não ter estado presente no dia em
que a avó faleceu. Referiu ainda no decorrer da sessão que os seus colegas gozam com ela
por ser demasiado magra e por ter os dentes para fora, mostrando-se bastante triste e afetada
com esta situação, porém diz que até gosta do que vê quando se olha ao espelho, sendo o
único aspeto negativo que aponta, os seus dentes, referindo que gostava de usar um aparelho
para melhorar a sua aparência. J. voltou a tocar no tema das notas e na preocupação em não
conseguir passar de ano, referindo que “se chumbar primeiro choro, depois choro, depois
Na décima sétima sessão J. chegou mais triste e cabisbaixa, pois já tinha conhecimento de
que tinha chumbado o ano, mostrando-se triste e zangada acabando por chorar, ao contar que
sabe que que chumbou por culpa própria e por não se ter esforçado o suficiente, e que está
farta que a mãe e a ama a estejam constantemente a relembrar disso. Na tentativa de fazer um
último esforço para recuperar as notas, decidiu que vai fazer os exames de equivalência a
frequência.
Conclusão
sintomas ansio génicos que J. apresentava pela diminuição destes. J. mostra-se agora mais
calma e ponderada quando exposta às situações que anteriormente lhe causavam esta subida
da ansiedade. Conseguiu também ultrapassar o luto interrompido da morte da avó, sendo esta
uma situação que lhe causava bastante sofrimento, apresentando de uma forma geral uma
Caso D.
História
resistência a respeitar ordens e indicações dos adultos, desinteresse pela escola, falta de
atenção, falta de concentração, e ainda por revelar alguma agressividade verbal e por vezes
até física.
D. vive com os pais e com um irmão mais novo de 5 anos que nasceu quando este tinha 6
anos, tem alguns problemas relacionais com o pai que já vêm desde muito novo, sendo que,
estes problemas podem estar relacionados com uma fase em que o pai de D. bebia e por isso
tinha também problemas a nível do seu casamento, o que afetou bastante D. por assistir a
estas discussões, uma vez que é bastante ligado à sua mãe. Devido a esta má relação com o
pai, D. apresenta sentimentos de inveja pelo irmão mais novo, por este ter uma boa relação
com o pai, algo que D. nunca conseguiu estabelecer, já em relação à mãe, D. tem ciúmes do
irmão mais novo, por sentir que este está a ocupar o seu lugar.
Em casa de D. predomina a falta de regras e de limites, sendo que, este acaba por fazer
Relativamente ao seu percurso escolar, D. apresenta uma retenção no 5º ano devido ao seu
destas, levantando-se várias vezes sem autorização do professor, não consegue estar quieto na
cadeira, está constantemente a conversar com os colegas e a virar-se para trás. Atualmente o
mesmo continua a acontecer, uma vez que D. revela-se desmotivado, referindo que não gosta
de estudar e que não consegue ficar quieto e calado durante as aulas mesmo que assim o
queira.
No que diz respeito a tratamentos de cariz pedopsiquiátrica, D. já havia sido seguido por
um psicólogo, que o diagnosticou como hiperativo, tendo feito medicação para tal. O
abandono destas consultas prende-se pelo facto de o psicólogo ter dito aos pais que a culpa de
este ser assim estaria relacionada também com estes, sendo que estes não aceitaram e por sua
Avaliação
resistência e relutância em assuntos que envolvessem o pai, recusando-se até muitas vezes a
falar.
No que diz respeito à avaliação psicológica, foram realizadas as provas cognitivas, CDI;
mostrou-se colaborante e não apresentou qualquer sinal de dificuldade aparente, contudo não
No CDI D. não apresenta qualquer sinal ou sintoma significativo de depressão, sendo que,
apresenta como somatório dos resultados atribuídos de cada item, uma pontuação de 13 que
corresponde ao nível médio de depressão. De referir que a escala onde D. apresentou uma
durante as sessões não demonstrou indícios de que estivesse com algum tipo de depressão,
mas sim de questões mais relacionadas com a falta de regras e de limites, apresentando um
Na prova Matrizes Progressivas de Raven J. obteve um valor total de 45, que corresponde
ao nível bom do rendimento intelectual, o que demonstra que D. tem capacidades intelectuais,
respostas, sendo que, aquilo que se evidencia são os seus traços narcísicos e a sua postura
despreocupada “eu gosto de ver que estou a ser melhor que os outros”, “sonho algumas vezes
que sou o melhor jogador do mundo”, “eu não quereria nunca perder algo”, “se tivesse muito
dinheiro comprava mais roupa”. Em relação à família a única coisa a apontar é a sua ligação
com a mãe quando refere “quando vejo a mãe chorar eu sinto-me triste”, e a indiferença
perante o pai “quando o meu pai volta a casa não acontece nada, é indiferente vir ou não”.
No Desenho da Família, D. desenhou duas famílias que consistiam na mãe, no pai, irmão e
D. praticamente iguais tanto na real como na imaginária, sendo que, a única coisa que as
diferenciava era a roupa, uma vez que na família imaginária estão todos vestidos de igual
forma. Em ambos os desenhos D. identifica-se como o mais feliz e mais simpático, não
havendo nada de relevante a identificar, apenas que na pergunta se fossem dar uma volta de
carro quem é que ficava, D. primeiro respondeu que seria o pai porque gosta mais da mãe e
do irmão, mudando depois a resposta para se não ia um, então não ia ninguém.
Diagnóstico diferencial
D. não apresenta sintomas que permitam fazer um diagnóstico, como tal vai-se proceder a
padrão de desatenção D. frequentemente não presta atenção aos detalhes, ou comete erros em
tarefas escolares, no trabalho ou durante outras atividades, porém, isto não acontece por
descuido mas sim porque este não quer fazer as coisas, é uma tomada de decisão consciente
por parte dele. D. não apresenta dificuldades em ouvir quando lhe dirigem a palavra
diretamente, uma vez que ouve o que lhe dizem e até responde de forma mal criada. Não
segue as instruções até ao fim, não consegue terminar os trabalhos não porque perde o foco e
facilmente perde o rumo, mas sim por pertencer a uma turma indisciplinada em que estão
todos com a mesma postura que ele, sendo que, estes comportamentos evidenciam-se mais
nas aulas de português e matemática que são lecionadas pelas professoras que ele menos
gosta. Tem dificuldades em organizar tarefas e atividades porque não é algo do seu interesse
e agrado e não porque tenha dificuldades em gerenciar estas, pois até tem capacidades. O
perante diferentes contextos, se for em ambientes que não sejam do seu agrado como por
exemplo as aulas de português e de matemática que é onde apresenta mais queixas, este tem
estar constantemente a levantar-se da cadeira, virar-se para trás, falar com os colegas,
interromper a aula com questões que nada têm a ver com esta, sendo que, estes
comportamentos são para chamar a atenção para si e para os pais. Desta forma, não é possível
fazer um diagnóstico, pois D. noutras situações, como por exemplo durante as sessões de
da própria importância, por exemplo, D. tem perfeita noção das suas capacidades ao dizer que
pode perfeitamente ir para um teste sem estudar porque tira boa nota na mesma ao contrário
dos outros. Apresenta uma grande necessidade de admiração quando numa tarefa respondeu
que gostaria de ser a placa de Hollywood para que todos o pudessem ver. É também
preocupado com fantasias de sucesso ilimitado, quando diz que vai ser o melhor jogador do
mundo. Apresenta ainda sentimentos de possuir direitos, quando afirma que a professora de
português se vai embora este ano, porque ele quer. Contudo isto são apenas traços que podem
levar mais tarde a que desenvolva uma personalidade narcísica, porém neste momento são
autorresponsabilização;
diminuição da impulsividade;
de confronto e objetividade.
Na primeira sessão D. relativamente a assuntos escolares, refere que não gosta de estudar
e que não consegue estar os 90 minutos na sala, pois é muito tempo, como tal começa a
pensar noutras coisas que tem para fazer e que tem que sair da sala. Afirma “vou para o GAD
(gabinete de apoio disciplinar) muitas vezes”. Diz ser muito influenciável, dizendo que os
seus comportamentos são influência daquilo que vê os outros a fazerem. O primeiro teste de
ciências, refere que não fez porque não lhe apeteceu, contudo, sabe que tem capacidades. Em
relação à família D. tem uma relação instável com o irmão mais novo, sendo que, estão
sempre a implicar um com o outro. Mantém uma boa relação com a mãe, já com o pai tem
uma relação mais conflituosa, afirmando “quando era mais novo não gostava dele”. Aquilo
que lhe dá mais prazer fazer é jogar futebol e playstation. É de salientar que fez uma história
Na segunda sessão o tema abordado focou-se sobretudo em tentar perceber o porquê deste
comportamento desajustado de D. D. afirma “nas outras aulas ainda vá, agora a português e
matemática elas abusam (…) quem é que pensam que elas são para me falar assim”, porém o
facto é que cada vez que ele vai parar ao GAD os pais são contactados, e isto pode ser visto
Na terceira sessão foi feito um contrato comportamental com D., onde este se
comprometia a cumprir alguns objetivos que foram realizados em conjunto com o próprio
acerca do seu comportamento dentro e fora da sala de aula e em casa, sendo que este último
letivo. Caso cumprisse estes objetivos teria direito a jogar playstation e a inscrever-se no
futebol, caso contrário ficaria sem as duas coisas. Este acordo foi feito em conjunto com os
pais. D. refere que vai ser muito difícil conseguir cumprir estes objetivos, porque lhe é
bastante difícil estar quieto e sem falar durante as aulas, mas vai tentar fazê-lo.
da sua relação com o pai, onde se refere a este como uma pessoa que lhe é totalmente
indiferente, não havendo manifestações de carinho entre os dois a não ser que seja um dia
especial, afirmando “só acontece em aniversários ou quando o dia está a correr muito bem”.
Conta ainda que com o irmão e o pai já tem uma relação mais afetuosa, que D. diz não o
afetar pois diz já estar habituado, contudo não parece que esta relação com o irmão seja
totalmente indiferente para D. Chega a afirmar que o que o afetaria seria se a mãe mudasse de
comportamento com ele, uma vez que considera esta como a sua melhor amiga.
não tem acontecido o mesmo, e por isso ficou acordado que se conseguisse ficar duas
semanas sem ir parar ao GAD, teria direito a duas horas semanais de playstation, caso
ICAC. Após a avaliação D. mencionou que tirou negativa a historia e que tinha sido
encaminhado para o GAD uma vez durante toda a semana, mas fugiu e foi por isso parar à
direção. Por este motivo irá continuar sem playstation em casa. Referiu ainda que tem feito
um esforço para melhorar o seu comportamento, porém assume que está a ser bastante difícil,
Na sétima sessão D. chegou eufórico à sessão contando que tinha tirado um 89 a ciências
sem estudar. Voltou a reforçar o facto de não conseguir ter um comportamento ajustado
dentro da sala de aula, afirmando que está convencido que não vai passar de ano por este
motivo. Em casa continua a seguir as regras estabelecidas, contudo, nas férias do carnaval os
pais permitiram que fosse brincar para a rua com os amigos, mesmo estando de castigo. Esta
situação demonstra mais uma vez a falta de limites e regras não impostas pelos pais de D. No
fim da sessão D. referiu mais uma vez que vai tentar novamente e que quer mesmo melhorar
Na oitava sessão D. chegou com uma postura diferente do habitual, muito pouco
comunicativo e parecia estar aborrecido com alguma coisa do qual não quis falar,
vezes “estou normal”. No fim da sessão foi realizado o jogo dos sentimentos, onde este
mudou a sua postura, adotando uma atitude mais alegre e bem-disposta, mostrando-se
suas crenças. Referiu ainda que tinha ido parar ao GAD duas vezes nesta semana durante a
aula de matemática, mas que não foi por culpa sua, afirmando que teria sido “injustiçado (…)
os outros também se portam mal e provocam-se mas só eu é que vou para a rua”.
A nona sessão andou à volta do mesmo assunto, notas e comportamento de D., onde se
tentou fazer compreender a este que não ganha nada com o seu mau comportamento por não
gostar das professoras, chegando a reconhecer que por vezes é mal-educado com a professora
de matemática, mas contrapõe esta afirmação ao dizer que ela também lhe falar mal e goza
com ele, usando isto para justificar o seu comportamento, pois sente-se injustiçado “eu não
sou o único que se porta mal, mas só eu é que vou para a rua”, por este motivo diz também
“vai ser quase impossível não ir para a rua nas aulas de matemática”.
Na décima sessão após uma reunião com os pais de D., onde havia sido acordado que
aulas, as datas dos testes, para que haja um maior controlo de D. e por sua vez uma possível
melhoria no seu desempenho escolar. Ao falar com D. percebe-se que houve algumas
melhorias, nomeadamente não ter ido para o GAD nas duas últimas semanas, e que em casa
D. apresentou alguma resistência dizendo que não sabia desenhar. Após a avaliçao, contou
que já tinha ido para o GAD duas vezes durante a semana a português e matemática,
reforçando novamente que estaria a ser injustiçado, pois os colegas é que o estavam a
acabou por ir para a rua também na sua aula pelo acumular de situações anteriores. É de
salientar que por vezes passa a sensação de que D. está rotulado por este comportamento,
havendo por isso pouca tolerância para com ele. D. refere ainda estar triste com ele próprio
pela situação em que se apresenta, pois já tinha combinado com os amigos jogar playstation
durantes as férias, contudo, tal não irá acontecer, pois não cumpriu com a sua parte do
acordo.
Na décima segunda e décima terceira sessão D. contou que durante as férias pôde jogar
todos os dias apesar das suas 7 negativas, denotando-se aqui a falta de interesse por parte dos
despreocupada e de desleixe nos pais que se observa em D. Desde que recomeçaram as aulas
não houve uma mudança de atitude da parte de D., podendo dizer-se que o seu
comportamento piorou bastante, pois tem ido constantemente parar ao GAD. Esta atitude de
D. prende-se ao facto deste saber que já está chumbado e que por isso não vai mudar “sou
assim e acabou, os professores é que têm que mudar e aceitar-me como eu sou”. Em casa diz
estar novamente de castigo não podendo jogar playstation. Por este motivo refere que vai
Na décima quarta sessão a atitude de D. mantém-se, sendo que, acabou por ser suspenso
durante três dias. Tem andado a faltar às aulas de matemática para evitar ir para o GAD,
encontra-se completamente alheio a tudo o que diz respeito à escola, reforçando que não vale
a pena esforçar-se para mudar porque já está chumbado “eu sou assim, não tenho que mudar,
os professores é que têm que se adaptar a mim. Em casa continua de castigo, os pais apenas
disseram que era uma vergonha a sua suspensão, não se mostrando muito preocupados com
esta.
Na décima quinta sessão D. veio com a mesma atitude dizendo que por ele não vinha mais
à escola este ano, pois já está chumbado, voltando a ter o mesmo discurso já referido
anteriormente.
Na décima sexta sessão D. diz que a sua relação com o pai está melhor pois este “está
diferente e brinca mais comigo”, contudo diz continuar de castigo, mas joga na mesma pois
sabe onde é que os comandos estão escondidos. Esta situação demonstra a falta de controlo
Na décima sétima sessão incidiu-se sobre a postura que iria adotar no próximo ano letivo,
ao que D. responde que no próximo ano será melhor, pois D. tem a fantasia de que as
professoras de quem ele não gosta se vão embora dizendo “ a professora de matemática vai
para a reforma porque já tem idade para isso (…) a professora de português vai-se embora
porque eu quero”.
Na décima oitava sessão D. contou que o pai lhe tinha batido em frente aos amigos por ter
ido à escola e D. não estava lá, o que o deixou com vergonha pelo facto de os colegas terem
presenciado esta situação. Em relação ao pai D. verbaliza “eu não gosto do meu pai, nunca
gostei (…) é maluco não bate bem da cabeça”. Depois desta situação D. voltou-se a dar mal
com o pai, porém não quis falar mais sobre este, pois não se sentia à vontade para falar sobre
este assunto neste momento. Refere que gosta da mãe e do irmão mais ou menos “ ele é bué
Conclusão
Durante todo o acompanhamento D. mostrou ter um percurso com altos e baixos, sendo
que houve uma maior consciencialização da sua parte para o seu mau comportamento e
havendo tentativas por parte deste de mudança. Contudo esta mudança acabou por não
acontecer a nível escolar, pois também não houve uma responsabilização por parte dos pais
em promover essa mudança, o que aliado ao rótulo que D. já tem na escola com os
professores culminou naquilo que se observou. D. é um rapaz que mostra ter capacidades
arrogante perante situações que não são do seu agrado. É de salientar que D. estabeleceu
desde o início uma boa relação com a psicóloga, nunca tendo faltado às sessões.
Conclusão
dos dois casos clínicos, como ao nível da aquisição de competências teóricas pela
melhor compreensão dos processos internos do ser humano, e que desta forma vão ser
contacto profissional dentro da área, não só através do acompanhamento dos casos clínicos,
mas também das relações estabelecidas com outros profissionais, com as quais se criou uma
amizade e se pôde receber a sua sabedoria e partilha de experiências, sendo este também um
clínicos a evolução foi bastante favorável, levando à diminuição do uso das defesas operantes
em cada caso, tendo sido a relação terapêutica construída. No entanto, foi sentido que quando
e mais rica, sendo esta mais espontânea, chega-se ao fim desta caminhada, mas, aconselha-se
foram positivos, sem dúvida, porque foram verbalizados pelas próprias crianças.
Durante este ano, foram desenvolvidas muitas competências técnicas e profissionais, mas
Reflexão Final
Psicologia Educacional.
uma enorme diferença entre o que se adquire a nível académico e o modo como temos de
Posso afirmar, que os primeiros momentos dessa experiência são seguramente angustiantes,
pois é nesse momento que sentimos o que nós representamos para o outro, que procura em
nós a solução dos seus problemas psicológicos, e que se apresenta numa situação de
serão esquecidos. Sentimos, e tomamos consciência nesse momento, das nossas próprias
limitações e do caminho que teremos ainda de percorrer para considerarmos a nós próprios,
capacidades que, em retrospetiva, permitem fazer uma avaliação positiva de todo o processo
de estágio.
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Lista de Anexos
ANEXO A
ANEXO B
ANEXO C
ANEXO D
ANEXO E
ANEXO F
ANEXO G
ANEXO H
ANEXO I
História I – Caso J.
ANEXO J
História II – Caso J.
ANEXO K
ANEXO L
ANEXO M
ANEXO N
ANEXO O
ANEXO P
ANEXO Q
ANEXO R
ANEXO S