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DEFEITOS DO NEGÓCIO JURÍDICO

A declaração de vontade é elemento estrutural ou requisito de existência do negócio jurídico. Porém, para ser válido, é necessário que a vontade manifestada não decaia em defeito na sua formação e declaração, porque, caso contrário, a vontade manifestada com algum vício pode tornar o negócio
anulável (GONÇALVES, 2023). Conforme o Art. 171., inciso 2, é anulável o negócio jurídico que contenha vícios. São eles: erro, dolo, coação, estado de perigo, lesão, fraude contra credores e simulação.

Erro Dolo Coação Estado de perigo Lesão Fraude contra credores Simulação

Conceito O erro é uma falsa representação da Dolo é o artifício ou expediente Defini-se como “coação capaz de “Configura-se quando o agente, Podemos definir lesão como “o A fraude contra credores não é vício de consentimento1, A simulação é caracterizada por uma
realidade (GONÇALVES, 2023, p. astucioso, empregado para induzir viciar o consentimento, toda diante de situação de perigo prejuízo resultante da desproporção mas sim vício social2. A vontade manifestada do agente é declaração de vontade enganosa,
161). É uma modalidade de vício de alguém à prática de um ato que o violência psicológica apta a conhecido pela outra parte, emite existente entre as prestações de um exatamente o seu desejo, que se trata da vontade sendo conceituada como uma
consentimento onde o agente se prejudica, e aproveita ao autor do dolo influenciar a vítima a realizar declaração de vontade para determinado negócio jurídico, em face exteriorizada com intenção de prejudicar terceiros. É “celebração de negócio jurídico que
engana sozinho, ao contrário do ou a terceiro. Consiste em sugestões ou negócio jurídico que a sua vontade salvaguardar direito seu, ou de do abuso da inexperiência, “todo ato suscetível de diminuir ou onerar seu patrimônio, tem aparência normal, mas que, na
dolo, que é quando o agente é manobras maliciosamente levadas a interna não deseja efetuar.” pessoa próxima, assumindo necessidade econômica ou leviandade reduzindo ou eliminando a garantia que este representa verdade, não pretende atingir o efeito
induzido ao erro por outro contratante efeito por uma parte, a fim de conseguir (STOLZE, 2024, p. 99). Vício de obrigação excessivamente onerosa.” de um dos declarantes” (STOLZE, para pagamento de suas dívidas, praticado por devedor que juridicamente devia produzir”
ou por terceiro. São poucas as ações da outra uma emissão de vontade que consentimento que se traduz por (STOLZE, 2024, p. 103). Estado de 2024, p. 71). insolvente3, ou por ele reduzido à insolvência” (STOLZE, 2024, p. 74).
anulatórias com base no erro, porque lhe traga proveito, ou a terceiro meio da violência psicológica, perigo é também reconhecido como (GONÇALVES, 2023, p. 179). O devedor insolvente, A simulação, diferentemente do erro,
é difícil identificar o que passou na física ou moral que inibe a Estado de necessidade, está realizando negócio como se não o fosse, está dispondo dolo, coação, lesão e estado de perigo,
mente do autor na hora de firmar o declaração de vontade. vinculado a um período ou situação de valores que não mais lhe pertencem. O legislador, ao não é um vício de consentimento, mas
negócio. Alguns erros invalidam atos incomum de risco contra seu direito, tratar de fraude, deve optar entre proteger o interesse do um vício social, visto que nela a
e negócio jurídico, e outros são ou de alguém próximo, o declarante adquirente de boa-fé. Dessa forma, “o credor só logrará vontade que foi manifestada não
irrelevantes, acidentais, não o realiza o negócio por conta do risco. invalidar a alienação se provar a má-fé do terceiro possui a intenção inicialmente
adquirente, isto é, a ciência deste da situação de anunciada.
insolvência do alienante” (Ibid.).

Elementos Não é qualquer erro que anula o o engano do negócio jurídico é Segundo Stolze, 2024 é Pressupostos para caracterização de Segundo Stolze, a lesão é composta São dois: elemento objetivo (a própria insolvência, que Os elementos essenciais para a
essenciais negócio jurídico. Conforme a provocado, induzido ao erro pelo necessário para caracterização de estado de perigo como vício: a) por dois elementos básicos, sendo o constitui ato prejudicial ao credor, eventus damni) e simulação do negócio jurídico
doutrina, o erro pode ser substancial, emprego De meios falaciosos da outra coação: a) violência psicológica; b) necessidade de se salvar ou a outra primeiro requisito a desproporção de elemento subjetivo (má-fé do devedor, consciência de consistem em: a) discrepância
escusável e real (GONÇALVES, parte, uma elaboração Da malícia alheia declaração de vontade ser pessoa do ciclo familiar; b) dano prestação (elemento objetivo ou prejudicar terceiros, consilium fraudis) (GONÇALVES, proposital entre o efeito pretendido e a
2023, p. 161). Ou seja, pode recair considerada viciada; c) receio conhecido pela outra parte; c) nexo material) e o segundo a necessidade 2023). A notoriedade da insolvência pode se revelar “pela declaração do efeito pretendido; b)
sobre aspectos relevantes do negócio sério e fundado de grave dano à causal entre o negócio e o fato; d) da leviandade ou inexperiência - parte existência de títulos de crédito protestado, de protestos simulação de um acordo entre as
(substancial), pode ser inevitável, pessoa, à família (ou pessoa negócio necessariamente oneroso. lesada - e o dolo da parte beneficiada judiciais contra alienação de bens e de várias execuções partes; c) intenção de prejudicar ou
invencível ou desculpável (que não próxima) ou aos bens do paciente. (elemento subjetivo, anímico ou ou demandas de grande porte movidas contra o devedor”. enganar o terceiro.
deriva de culpa do agente, ou seja, Considera-se também o disposto imaterial). Dessa forma, os contratos se presumem fraudulentos “a)
escusável) e pode ser efetivamente no Código Civil “Art. 152. No pela clandestinidade do ato; b) pela continuação dos bens
causador de prejuízo concreto ao apreciar a coação, ter-se-ão em alienados na posse do devedor quando, segundo a
interessado (real). conta o sexo, a idade, a condição, natureza do ato, deviam passar para o terceiro; c) pela
a saúde, o temperamento do falta de causa; d) pelo parentesco ou afinidade entre o
paciente e as demais devedor e o terceiro; e) pelo preço vil; f) pela alienação de
circunstâncias que possam influir todos os bens” (RODRIGUES, 2003 apud Ibid., p. 180).
na gravidade dela”. (BRASIL,
2002)

Espécies 1. Erro substancial: O que recai Principal: Sem o lesado não teria A coação divide-se em coação 1. Atos de transmissão gratuita de bens ou remissão Segundo Pablo Stolze temos duas
sobre circunstâncias e aspectos praticado o ato (cabe a anulação do moral e física, classificando como de dívida: poderão ser anulados pelos credores espécies de simulação:
relevantes do negócio. É causa negócio) coação física aquela imposta quilografários, “como lesivos dos seus direitos”, os 1. Absoluta: o negócio é
determinante para o agente, ou seja, Acidental: o ato teria sido praticado, sobre o corpo da vítima e a moral “negócios de transmissão gratuita de bens ou remissão formado por uma declaração
se não existisse, o agente não porém, de forma menos onerosa não como aquela que impõe medo de dívida”, quando os pratique “o devedor já insolvente, de vontade ou confissão de
celebraria negócio. prejudica a validade, mas reparação) constante na vítima, capaz de ou por eles reduzido à insolvência, ainda quando o dívida, a qual não gerará
2. Erro acidental: erro que se opõe perturbar seu espírito, fazendo ignore”. O estado de insolvência é objetivo, e existe efeito jurídico.
ao substancial, porque se refere a Omissivo: quando entende que tinha um com que tome a atitude de independente do conhecimento do insolvente. Nesses 2. Relativa (dissimulação):
circunstâncias de menor importância dever de informar consentir o negócio jurídico por casos os credores não precisam provar o concluio declaração de vontade ou
e que não acarretam efetivo prejuízo, medo. fraudulento (subjetivo, consilium fraudis), pois a lei confissão falsa que possui o
são qualidades secundárias do objeto Dolo de terceiro: Só enseja a anulação presume a existência do propósito de fraude. intuito de encobrir algo de
e da pessoa. Se conhecida a se conhecido de uma das partes, o 2. Atos de transmissão onerosa: em casos de natureza diversa, com os
realidade, mesmo assim o negócio lesado poderá pleitear perdas e danos anulabilidade do negócio jurídico oneroso, exige-se a efeitos previstos e desejados
seria realizado (GONÇALVES, 2023). daquele que agiu com dolo insolvência (eventus damni/objetivo) e o conhecimento pelo agente.
3. Erro escusável: erro justificável, dessa situação pelo terceiro adquirente (consilium
desculpável. O homem médio Bilateral: Dolo mútuo, nenhuma das fraudis/subjetivo).
enquanto conceito é adotado para a duas poderá alegar o Dolo para pleitear 3. Pagamento antecipado de dívida: figura do credor
aferição da escusabilidade a anulação quirografário (oq ue tem seu crédito decorrente de um
(compara-se a conduta do agente título ou documento escrito): regido pelo art. 162, o
com a da média das pessoas). Dolus bonus: garanta que se faz em objetivo é colocar em situação de igualdade todos os
4. Erro real: o erro, para invalidar o relação ao negócio a ser praticado, credores quirografários, onde todos devem ter as
negócio jurídico, precisa ser real, ou exagerando- se nas suas qualidades, mesmas oportunidades de receber seus créditos e de
seja, efetivo, causador de prejuízo para alguns autores seria tolerado, não serem aquinhoados proporcionalmente.
concreto ao interessado. acarretando a anulação do negócio 4. Concessão fraudulenta de garantias: referente ao
5. Erro obstativo ou impróprio: erro jurídico. art. 163 do Código Civil, as garantias que o dispositivo se
que implica profunda divergência refere são as reais. “A paridade que deve reinar entre os
entre as partes, impedindo que o Dolus malus: revestido de gravidade, credores ficará irremediavelmente comprometida se
negócio jurídico se forme. Inviabiliza exercido com o propósito de enganar e houver outorga, a um deles, de penhor, anticrese ou
o negócio jurídico. prejudicar. hipoteca” (GONÇALVES, 2023, p. 182).
5. Ação pauliana ou revocatória: “ação anulatória do
negócio jurídico celebrado em fraude contra os credores.
Visa a prevenir lesão ao direito dos credores causada
pelos atos que têm por efeito a subtração da garantia
geral, que lhes fornecem os bens do devedor, tornando-o
insolvente” (Ibid.).

1
Quando a vontade não é manifesta de forma livre e não corresponde com o querer de uma das partes.
2
Quando a vontade não é manifesta de boa-fé.
3
O devedor insolvente é aquele que tem prestações a cumprir superiores aos rendimentos que recebe (dívidas superiores ao patrimônio).
Subespécies O erro substancial pode ser por conta Coação de terceiro, vicia o Estão legitimados a ajuizar ação pauliana (legitimação
conceituadas de a)erro sobre natureza do negócio: consentimento, quando o não ativa): a) os credores quirografários: por eles não
uma das partes manifesta a sua coagido, o beneficiário do negócio, possuírem a garantia especial do recebimento de seus
vontade pretendendo e supondo deveria ou tem conhecimento créditos; b) só os credores que já o eram ao tempo da
celebrar determinado negócio e, sobre a ação sofrida pela vítima. alienação fraudulenta: os que se tornam credores depois
acaba celebrando outro; b) erro sobre da alienação já encontram desfalcado o patrimônio do
o objeto principal da declaração: devedor e mesmo assim negociam com ele, ou seja, já
quando a manifestação de vontade sabiam. Além disso, a ação pauliana também pode ser
recai sobre o objeto diverso daquele dada em legitimidade passiva, conforme o art. 161 do
que o agente tinha em mente; c) erro Código Civil, o qual enuncia que “a ação anulatória deve,
sobre alguma das qualidades pois, ser intentada (legitimação passiva) contra o devedor
essenciais do objeto principal: insolvente e também contra a pessoa que com ele
quando o motivo determinante do celebrou a estipulação considerada fraudulenta, bem
negócio é a suposição que o objeto como, se o bem alienado pelo devedor já houver sido
possui determinada qualidade que transmitido a outrem, contra os terceiros adquirentes que
vê, após celebrado o contrato, que hajam procedido de má-fé” (GONÇALVES, 2023, p. 184).
não existe; d) erro quanto à
identidade ou à qualidade da pessoa
a quem se refere a declaração de
vontade: pode ocorrer em relação ao
destinatário da manifestação de
vontade, como também com o
beneficiário; e) erro de direito: falso
conhecimento ou interpretação
errônea da norma jurídica aplicada à
situação concreta (GONÇALVES,
2023).

Previsão legal Art. 138. São anuláveis os negócios Artigos Do Código civil: Seção II Previsto nos seguintes artigos do “Art. 165. Configura-se o estado de Previsão no seguinte artigo do Código Art. 158. Os negócios de transmissão gratuita de bens ou Possui previsão legal no Códico Civil
jurídicos, quando as declarações de Do Dolo Código Civil de 2002: perigo quando alguém, premido da Civil de 2002. remissão de dívida, se os praticar o devedor já insolvente, de 2002, no seguinte artigo:
vontade emanarem de erro Art. 145. São os negócios jurídicos Art. 151. A coação, para viciar a necessidade de salvar-se, ou a Art. 157. Ocorre a lesão quando uma ou por eles reduzido à insolvência, ainda quando o Art. 167. É nulo o negócio jurídico
substancial que poderia ser anuláveis por dolo, quando este for a declaração da vontade, há de ser pessoa de sua família, de grave dano pessoa, sob premente necessidade, ignore, poderão ser anulados pelos credores simulado, mas subsistirá o que se
percebido por pessoa de diligência sua causa. tal que incuta ao paciente fundado conhecido pela outra parte, assume ou por inexperiência, se obriga a quirografários, como lesivos dos seus direitos. dissimulou, se válido for na substância
normal, em face das circunstâncias Art. 146. O dolo acidental só obriga à temor de dano iminente e obrigação excessivamente onerosa. prestação manifestamente Art. 159. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, e na forma.
do negócio. satisfação das perdas e danos, e é considerável à sua pessoa, à sua desproporcional ao valor da prestação negligência, ou imprudência, violar direito, ou causar § 1º Haverá simulação nos negócios
Art. 139. O erro é substancial acidental quando, a seu despeito, o família, ou aos seus bens. p.u: Tratando-se de pessoa não oposta. prejuízo a outrem, fica obrigado a reparar o dano. jurídicos quando:
quando: I - interessa à natureza do negócio seria realizado, embora por Parágrafo único: Se disser pertencente à família do declarante, o § 1º Aprecia-se a desproporção das Art. 160. Se o adquirente dos bens do devedor insolvente I - aparentarem conferir ou transmitir
negócio, ao objeto principal da outro modo. respeito a pessoa não pertencente juiz decidirá segundo as prestações segundo os valores ainda não tiver pago o preço e este for, direitos a pessoas diversas daquelas
declaração, ou a alguma das Art. 147. Nos negócios jurídicos à família do paciente, o juiz, com circunstâncias.” (BRASIL, 2002). vigentes ao tempo em que foi aproximadamente, o corrente, desobrigar-se-á às quais realmente se conferem, ou
qualidades a ele essenciais; II - bilaterais, o silêncio intencional de uma base nas circunstâncias, decidirá Art. 178. É de quatro anos o prazo de celebrado o negócio jurídico. depositando-o em juízo, com a citação de todos os transmitem;
concerne à identidade ou à qualidade das partes a respeito de fato ou se houve coação. decadência para pleitear-se a § 2º Não se decretará a anulação do interessados. Parágrafo único. Se inferior, o adquirente, II - contiverem declaração, confissão,
essencial da pessoa a quem se refira qualidade que a outra parte haja Art. 152. No apreciar a coação, anulação do negócio jurídico, negócio, se for oferecido suplemento para conservar os bens, poderá depositar o preço que condição ou cláusula não verdadeira;
a declaração de vontade, desde que ignorado, constitui omissão dolosa, ter-se-ão em conta o sexo, a contado: suficiente, ou se a parte favorecida lhes corresponda ao valor real. III - os instrumentos particulares forem
tenha influído nesta de modo provando-se que sem ela o negócio não idade, a condição, a saúde, o concordar com a redução do proveito. Art. 161. A ação, nos casos dos arts. 158 e 159, poderá antedatados, ou pós-datados.
relevante; III - sendo de direito e não se teria celebrado. temperamento do paciente e todas I - no caso de coação, do dia em que ser intentada contra o devedor insolvente, a pessoa que § 2º Ressalvam-se os direitos de
implicando recusa à aplicação da lei, Art. 148. Pode também ser anulado o as demais circunstâncias que ela cessar; com ele celebrou a estipulação considerada fraudulenta, terceiros de boa-fé em face dos
for o motivo único ou principal do negócio jurídico por dolo de terceiro, se possam influir na gravidade dela. ou terceiros adquirentes que hajam procedido de má-fé. contraentes do negócio jurídico
negócio jurídico. a parte a quem aproveite dele tivesse ou Art. 153. Não se considera coação II - no de erro, dolo, fraude contra Art. 162. O credor quirografário, que receber do devedor simulado.
Art. 140. O falso motivo só vicia a devesse ter conhecimento; em caso a ameaça do exercício normal de credores, estado de perigo ou lesão, insolvente o pagamento da dívida ainda não vencida,
declaração de vontade quando contrário, ainda que subsista o negócio um direito, nem o simples temor do dia em que se realizou o negócio ficará obrigado a repor, em proveito do acervo sobre que
expresso como razão determinante. jurídico, o terceiro responderá por todas reverencial. jurídico; se tenha de efetuar o concurso de credores, aquilo que
Art. 143. O erro de cálculo apenas as perdas e danos da parte a quem Art. 154. Vicia o negócio jurídico a III - no de atos de incapazes, do dia recebeu.
autoriza a retificação da declaração ludibriou. coação exercida por terceiro, se em que cessar a incapacidade. Art. 163. Presumem-se fraudatórias dos direitos dos
de vontade. Art. 149. O dolo do representante legal dela tivesse ou devesse ter (BRASIL,2002) outros credores as garantias de dívidas que o devedor
de uma das partes só obriga o conhecimento a parte a que insolvente tiver dado a algum credor.
representado a responder civilmente até aproveite, e esta responderá Art. 172. O negócio anulável pode ser Art. 164. Presumem-se, porém, de boa-fé e valem os
a importância do proveito que teve; se, solidariamente com aquele por confirmado pelas partes, salvo direito negócios ordinários indispensáveis à manutenção de
porém, o dolo for do representante perdas e danos. de terceiro. estabelecimento mercantil, rural, ou industrial, ou à
convencional, o representado Art. 155. Subsistirá o negócio subsistência do devedor e de sua família.
responderá solidariamente com ele por jurídico, se a coação decorrer de Art. 165. Anulados os negócios fraudulentos, a vantagem
perdas e danos. terceiro, sem que a parte a que resultante reverterá em proveito do acervo sobre que se
Art. 150. Se ambas as partes aproveite dela tivesse ou devesse tenha de efetuar o concurso de credores. Parágrafo
procederem com dolo, nenhuma pode ter conhecimento; mas o autor da único. Se esses negócios tinham por único objeto atribuir
alegá-lo para anular o negócio, ou coação responderá por todas as direitos preferenciais, mediante hipoteca, penhor ou
reclamar indenização. perdas e danos que houver anticrese, sua invalidade importará somente na anulação
causado ao coacto. da preferência ajustada.

Efeitos De acordo com Gonçalves (2023): Cabe anulação ou reparação a Coação física: Os efeitos são a Quando o negócio jurídico é firmado A lesão pode ocasionar a anulação do A fraude contra credores acarreta a anulabilidade do A simulação absoluta não gera efeito
Erro substancial: recai sobre depender do caso inexistência do negócio. “A sob estado de perigo pode causar a negócio jurídico, como previsto no art. negócio jurídico. jurídico algum, já a simulação relativa,
aspectos relevantes do negócio. É doutrina entende que este tipo de anulabilidade, não deixa de existir 178 do Código Civil de 2002, ou Atos de transmissão gratuita de bens ou remissão de também chamada de dissimulação,
causa determinante, que se coação neutraliza completamente pois houve a declaração de vontade, revisão judicial com a diminuição do dívida: o” Código Civil menciona expressamente a fulmina a invalidade do negócio, onde
conhecido o erro, o negócio não seria a manifestação de vontade, mas pode ser causa para invalidade proveito da parte favorecida, como remissão ou perdão de dívida como liberalidade que se declara a nulidade absoluta do
celebrado. . tornando o negócio jurídico do negócio. previsto no inciso II do art. 157 do também reduz o patrimônio do devedor, sujeita à mesma negócio.
Erro escusável: quando não inexistente, e não simplesmente Código Civil de 2002. consequência dos demais atos de transmissão: a
acarreta efetivo prejuízo, por se tratar anulável.” (STOLZE, 2024, p. 99). anulabilidade” (GONÇALVES, 2023, p. 181).
de características secundárias, ou Coação moral: Causa invalidade Atos de transmissão onerosa: “Ocorrerá a
seja, mesmo assim há a celebração ou anulabilidade, pois embora anulabilidade dos contratos onerosos, mesmo havendo
de negócio. Encaixa-se aí o erro de viciada houve manifestação de contraprestação, tanto no caso de conhecimento real da
cálculo, que autoriza a retificação da vontade mesmo que por medo. insolvência pelo outro contratante, como no caso de
declaração da vontade, ou seja, não Coação por terceiro: “Se a parte conhecimento presumível, em face da notoriedade ou da
há um vício exatamente na não coagida de nada sabia, existência de motivos para esse fato” (Ibid.).
manifestação de vontade, mas sim subsiste o negócio jurídico, Pagamento antecipado de dívida: Todos os devedores
uma distorção na transmissão, que respondendo o autor da coação quirografários devem ter as mesmas oportunidades de
pode ser modificada. por todas as perdas e danos que receber seus créditos. Se vencida a dívida, o pagamento
Erro real: invalida o negócio, pois é houver causado ao coacto” não é mais do que uma obrigação do devedor e será
efetivo, causador de prejuízo (STOLZE, 2024, p. 100), se a parte considerado normal e válido. Se o devedor salda débitos
concreto para o interessado. tiver conhecimento responderá vincendos, comporta-se de maneira anormal. Aí
Erro substantivo ou impróprio: Por solidariamente. presume-se, na hipótese, o intuito fraudulento, e o credor
divergência das partes, inviabiliza a beneficiário fica obrigado a repor, em proveito do acervo,
existência do negócio jurídico. o que recebeu (Ibid.).
Concessão fraudulenta de garantias: se os negócios
Quando há transmissão errada da fraudulentos anulados tem por único objetivo atribuir
vontade, caracteriza-se como vício direitos preferenciais, mediante hipoteca, penhor ou
que propicia a anulação do negócio. anticrese, sua invalidade importará somente na anulação
Além disso, o falso motivo (que trata da preferência ajustada, ou seja, o que se anula é
das ideias, razões subjetivas, somente a garantia.
acidentais e sem relevância para a Ação pauliana ou revocatória: os credores impugnam
apreciação de validade do negócio), os atos fraudulentos ao seu devedor. “Tem natureza
só vicia a declaração de vontade desconstitutiva do negócio jurídico. Julgada procedente,
quando anula-se o negócio fraudulento lesivo aos credores,
determinando-se o retorno do bem, sorrateira e
maliciosamente alienado, ao patrimônio do devedor”
(Ibid., p. 182).

Exemplo 1. O alienante transfere o 1° credora hipotética que convenceu o 1. Ameaça contra a vida de 1. A família de uma pessoa 1. Alguém com necessidade de 1. Aquisição de bem por preço vil (muito baixo). 1. Um homem casado quer
bem a título de venda, e o síndico a promover nova avaliação do alguém para que ela faça uma sequestrada não tem todo o dinheiro continuar suas atividades, 2. Devedor que aliena imóvel a irmão e cunhada, doar um bem a sua amante,
adquirente o recebe como prédio hipotecado, mediante promessa doação. para o resgate e vende todos seus paga um preço exorbitante não demonstrada a existência de outros bens mas encobre o fato
doação; de novo negócio (acidental, cabe 2. Violência psicológica para que a bens. para ter fornecimento de que não os alienados, obstando o registro da simulando um contrato de
2. O agente quer alugar, mas reparação) pessoa assine um divórcio contra 2. Uma pessoa da família está em água em tempo de seca. penhora efetivada nos autos da execução. compra e venda.
escreve vender; sua vontade situação de risco e oferece uma 2. Uma pessoa em situação de 3. Devedor que deve para um determinado credor, 2. Em caso de divórcio um dos
3. O sujeito adquire um 2° venda de trator cujo ano de 3. Um homem obriga a uma doação para quem ajudar. dívidas vende seu imóvel vende todos os seus imóveis, no mesmo dia, cônjuges simula dívidas com
veículo de 2005, pensando fabricação Não corresponde ao pessoa de idade não letrada a 3. Um indivíduo muito doente que se por um preço muito abaixo para parentes próximos, com o intuito de um terceiro, para desviar o
ser de 2009. informado (acidental, cabe reparação) assinar um contrato, pegando na compromete a pagar o triplo do valor ao do mercado. prejudicar o credor. patrimônio da partilha de
sua mão e a levando. para se atendido 3. Uma pessoa extremamente bens do divórcio.
3° pessoa que faz seguro de vida e doente, paga um valor muito 3. Venda com um preço fictício
omite moléstia Grave (omissivo) mais alto que o de mercado com o objetivo de fraude.
em algum medicamento ou
4° contraente que silencia sobre a tratamento para tentar se
circunstâncias de se achar insolúvel curar.
(omissivo)

JULGADOS

ERRO
1. APELAÇÃO CÍVEL. “AÇÃO DE DESPEJO POR FALTA DE PAGAMENTO CUMULADA COM COBRANÇA DE ALUGUÉIS E ACESSÓRIOS DA LOCAÇÃO”. “AÇÃO DE NULIDADE DE CONTRATO DE COMPRA E VENDA DE QUOTAS SOCIAIS DE ESTABELECIMENTO DE ENSINO”. SENTENÇA CONJUNTA.
OFENSA AO PRINCÍPIO DA DIALETICIDADE RECURSAL. PRELIMINAR REJEITADA. CONTRATO DE COMPRA E VENDA DE EMPRESA. VÍCIO DE CONSENTIMENTO. ERRO SUBSTANCIAL EM RELAÇÃO À NATUREZA DO NEGÓCIO. INTELIGÊNCIA DO INCISO I DO ARTIGO 139 DO CÓDIGO CIVIL.
INOCORRÊNCIA. COMPRADORES QUE NÃO EMPREGARAM DILIGÊNCIAS MÍNIMAS PARA PERQUIRIR A VIABILIDADE DO NEGÓCIO A SER ADQUIRIDO. ÔNUS DA PROVA. APELANTES QUE NÃO SE DESINCUMBIRAM DO SEU ÔNUS PROBATÓRIO. ARTIGO 373 DO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL.
SENTENÇA MANTIDA. RECURSO CONHECIDO E NÃO PROVIDO. (TJPR - 17ª Câmara Cível - 0004011-22.2021.8.16.0194 - Curitiba - Rel.: SUBSTITUTA ELIZABETH DE FATIMA NOGUEIRA CALMON DE PASSOS - J. 09.09.2024
2. APELAÇÃO CÍVEL. VENDA DE ESTABELECIMENTO COMERCIAL. DÉBITOS PERANTE O CONSELHO PROFISSIONAL. DATA DE TRANSFERÊNCIA DE RESPONSABILIDADE NA FASE DE ASSINATURAS DO CONTRATO. ERRO SUBSTANCIAL DOS COMPRADORES. COMPORTAMENTO DOS
VENDEDORES APÓS O NEGÓCIO JURÍDICO QUE CORROBORA SUA RESPONSABILIDADE PELOS DÉBITOS. ART. 113, §1º, I, CC. DESCUMPRIMENTO CONTRATUAL. CLÁUSULA PENAL DEVIDA. TAXA SELIC. APLICAÇÃO APÓS A CITAÇÃO. RECURSO PARCIALMENTE PROVIDO. (TJPR - 4ª Câmara
Cível - 0006833-52.2019.8.16.0194 - Curitiba - Rel.: DESEMBARGADOR CLAYTON DE ALBUQUERQUE MARANHAO - J. 15.07.2024)

DOLO
1. Ação de anulação de negócio jurídico, cumulada com indenização por danos materiais e morais – Sentença de procedência – Insurgência do réu – Réu que agiu com dolo quando da celebração do negócio jurídico com o autor – Requisitos caracterizadores do dolo que restaram configurados no caso, quais sejam: a
intenção de obter proveito às custas de outrem, o uso de artifícios fraudulentos e ser o dolo o motivo determinante da realização do ato jurídico viciado – Ocorrência de erro – Autor firmou um negócio jurídico que não pretendia, sendo induzido, dolosamente, a erro substancial quanto à natureza do negócio jurídico –
Danos morais – Configuração – Transtorno que extrapola o mero aborrecimento – Fixação do valor de indenização em R$ 10.000,00 que atende aos princípios da razoabilidade e proporcionalidade – Sentença mantida – Recurso não provido. Nega-se provimento ao recurso. (TJ-SP - AC: XXXXX20198260601 SP
XXXXX-87.2019.8.26.0601, Relator: Marcia Dalla Déa Barone, Data de Julgamento: 10/07/2020, 4ª Câmara de Direito Privado, Data de Publicação: 10/07/2020)
2. DIREITO PROCESSUAL CIVIL, CONSTITUCIONAL e administrativo. AGRAVO INTERNO MANEJADO CONTRA DECISÃO MULTITEMÁTICA QUE NEGA SEGUIMENTO A RECURSO EXTRAORDINÁRIO, com base NO ARTIGO 1.030, INCISO I, ALÍNEA “a”, CPC, E O INADMITE QUANTO AO RESTANTE. 1)
ADMISSIBILIDADE: PARCIAL COGNIÇÃO. NÃO CONHECIMENTO DOS ARGUMENTOS CONTRA A PARTE INADMITIDA DO RECURSO ESPECIAL, NÃO FUNDADA NO ART. 1.030, INC. I, CPC. AGRAVO INTERNO CABÍVEL SOMENTE CONTRA A PARCELA QUE NEGA SEGUIMENTO AO APELO NOBRE
POR FORÇA DO DISPOSITIVO MENCIONADO. FUNGIBILIDADE RECURSAL: INAPLICABILIDADE. PRECEDENTES. 2) MÉRITO: TEMA Nº 1.199 DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL, FIRMADO NO JULGAMENTO DO RECURSO EXTRAORDINÁRIO COM AGRAVO N° 843.889/PR, SUBMETIDO À
SISTEMÁTICA DA REPERCUSSÃO GERAL. 2.1) TESE PELA EXPANSÃO DO ENTENDIMENTO FIRMADO NO LEADING: REJEITADA. ESCOPO RESTRITIVO DA MATÉRIA. PRECEDENTES. 2.2) RESPONSABILIDADE SUBJETIVA POR ato de improbidade administrativa: NECESSIDADE DE COMPROVAÇÃO
DO DOLO NA CONDUTA DO RÉU. MATÉRIA PACIFICADA PELO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL (TESE 1). ACÓRDÃO QUE ASSENTOU A CONDUTA DOLOSA DO ORA AGRAVANTE QUANDO SE VALEU DA ESTRUTURA ORGÂNICA E DO ERÁRIO DO MUNICÍPIO DE QUE ERA PREFEITO PARA O
PATROCÍNIO DE SEU INTERESSE PRIVADO EM CAUSA JUDICIAL CONTRA SI. REEXAME DE MATÉRIA FÁTICA INVIÁVEL. TEMA QUE NÃO ABARCOU A SUPOSTA NECESSIDADE DO DOLO ESPECÍFICO. INEXISTÊNCIA DE SUA MÁ APLICAÇÃO POR NÃO SE ADENTRAR A ESSE DEBATE: IGUAL
LÓGICA DE RESTRITIVIDADE DO LEADING. AGRAVO INTERNO PARCIALMENTE CONHECIDO E, NESSA EXTENSÃO, NÃO PROVIDO.
3. (TJPR - Órgão Especial - 0024801-77.2024.8.16.0014 - Londrina - Rel.: JOECI MACHADO CAMARGO 1 VICE - J. 17.09.2024)
4.

COAÇÃO
1. DIREITO CIVIL e PROCESSUAL CIVIL. APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO ANULATÓRIA DE ESCRITURA PÚBLICA DE DOAÇÃO. VÍCIO DE CONSENTIMENTO. COAÇÃO. NECESSIDADE DE COMPROVAÇÃO ROBUSTA. TESE DE AMEAÇA DE ABANDONO. PROVA ORAL E DOCUMENTAL INSUFICIENTE (ART. 373,
INC. I/CPC). SENTENÇA MANTIDA. NEGATIVA DE PROVIMENTO.1. (TJPR - 20ª Câmara Cível - 0001339-54.2021.8.16.0125 - Palmital - Rel.: DESEMBARGADOR FRANCISCO CARLOS JORGE - J. 30.08.2024).
2. RECURSO INOMINADO. MATÉRIA RESIDUAL. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS CONTRATUAIS. TERMO DE RESCISÃO. ALEGAÇÃO DE COAÇÃO NA ASSINATURA. VÍCIO DO CONSENTIMENTO. ARTIGO 151 E 153, DO CÓDIGO CIVIL. ÔNUS DA PROVA QUE COMPETE AO REQUERIDO COMO FATO
IMPEDITIVO DO DIREITO DO REQUERENTE (ARTIGO 373, II, DO CPC). PARTE RÉ QUE NÃO SE DESINCUMBIU DE COMPROVAR. DIREITO RECONHECIDO. PEDIDO CONTRAPOSTO. FATOS DIVERSOS DO OBJETO DA CONTROVÉRSIA. ARTIGO 31, DA LEI 9.099/95. SENTENÇA MANTIDA POR SEUS
PRÓPRIOS FUNDAMENTOS. RECURSO CONHECIDO E NÃO PROVIDO. (TJPR - 2ª Turma Recursal - 0022948-23.2021.8.16.0019 - Ponta Grossa - Rel.: JUIZ DE DIREITO DA TURMA RECURSAL DOS JUIZADOS ESPECIAIS IRINEU STEIN JUNIOR - J. 04.08.2023)

ESTADO DE PERIGO
1. APELAÇÃO CÍVEL. DIREITO PRIVADO NÃO ESPECIFICADO. AÇÃO DE COBRANÇA. - ESTADO DE PERIGO. COBRANÇA DE DESPESAS HOSPITALARES. CONTRATAÇÃO. LICITUDE. A PRETENSÃO DE NULIDADE FUNDADA NO ESTADO DE PERIGO EXIGE PROVA DOS PRESSUPOSTOS PREVISTOS
NO CÓDIGO CIVIL, QUAIS SEJAM, A SITUAÇÃO PESSOAL VIVIDA PELO CONTRATANTE, O CONHECIMENTO PELO CONTRATADO ACERCA DE TAL SITUAÇÃO E A ONEROSIDADE EXCESSIVA DA OBRIGAÇÃO QUE É A ESTIPULAÇÃO ABUSIVA COMPARADA COM AS CONDIÇÕES NORMAIS DE
CONTRATAÇÃO. CIRCUNSTÂNCIA DOS AUTOS EM QUE SE IMPÕE MANTER A SENTENÇA QUE RECONHECEU A REGULARIDADE DA COBRANÇA.RECURSO DESPROVIDO. (TJ-RS - AC: XXXXX20168210001 PORTO ALEGRE, Relator: João Moreno Pomar, Data de Julgamento: 26/09/2023, Décima Oitava
Câmara Cível, Data de Publicação: 02/10/2023)
2. RECURSO INOMINADO. AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS E MATERIAIS. RECUSA INDEVIDA DE COBERTURA PROCEDIMENTO CIRÚRGICO DE URGÊNCIA. AUTOR QUE SE ENCONTRAVA INTERNADO EM HOSPITAL CONVENIADO AO SAS. SENTENÇA IMPROCEDENTE. INSURGÊNCIA
RECURSAL DA PARTE AUTORA. SENTENÇA QUE CONSIDEROU TAXATIVO O ROL DE PROCEDIMENTOS (ART. 12, XIX, DO DECRETO 8.887/2010). ESTADO DE PERIGO DO RECORRENTE. EMINENTE RISCO A MANUTENÇÃO DA VIDA. EXAME REALIZADO EM HOSPITAL CONVENIADO AO SAS
DURANTE INTERNAÇÃO DO AUTOR QUE RECONHECEU A NECESSIDADE URGENTE DE PROCEDIMENTO CIRÚRGICO. APLICAÇÃO DO ENTENDIMENTO MAIS FAVORÁVEL DECORRENTE DO GRAVE ESTADO DE SAÚDE. DEVER DE COBERTURA. TRATAMENTO INICIAL PRESTADO PELO SAS,
TRANSFERÊNCIA DO AUTOR PARA O SUS QUE SE MOSTROU DESARRAZOADA. SENTENÇA PARCIALMENTE REFORMADA A FIM DE CONDENAR O ESTADO DO PARANÁ AOS DANOS MATERIAIS SUPORTADOS PELO AUTOR. DANO MORAL NÃO VERIFICADO. APLICAÇÃO DA SÚMULA 608 DO STJ.
AUSÊNCIA DE RELAÇÃO CONSUMERISTA. BENEFÍCIO ASSISTENCIAL DE SAÚDE DISPONIBILIZADO PELO ESTADO DO PARANÁ POR FORÇA DO DECRETO N. 8.887/2010. TRANSTORNOS QUE NÃO ULTRAPASSAM O MERO ABORRECIMENTO. RECURSO CONHECIDO E PARCIALMENTE PROVIDO.
(TJPR - 6ª Turma Recursal dos Juizados Especiais - 0002729-93.2022.8.16.0167 - Terra Rica - Rel.: JUIZ DE DIREITO DA TURMA RECURSAL DOS JUIZADOS ESPECIAIS HAROLDO DEMARCHI MENDES - J. 24.08.2024)

LESÃO
1. APELAÇÕES CÍVEIS. ANULATÓRIA DE NEGÓCIO JURÍDICO. SENTENÇA DE PROCEDÊNCIA. 1. ALEGADA CONFISSÃO FICTA, NOS TERMOS DOS ART. 385 E 386 DO CPC. DECISÃO QUE FOI FAVORÁVEL AO RECORRENTE. AUSÊNCIA DE INTERESSE RECURSAL. 2. NEGÓCIO JURÍDICO FIRMADO
ENTRE AS PARTES EIVADO DE VÍCIO DE LESÃO. TERMO DE ACORDO E QUITAÇÃO ELABORADO UNILATERALMENTE PELA SEGURADORA EM RAZÃO DE ACIDENTE DE TRÂNSITO SOFRIDO PELO AUTOR E O VEÍCULO SEGURADO. ELEMENTOS SUBJETIVOS E OBJETIVOS DEVIDAMENTE
PREENCHIDOS. PARTE QUE, EM ESTADO DE NECESSIDADE, EM RAZÃO DO ACIDENTE DE TRÂNSITO SOFRIDO, ACEITOU PROPOSTA DESPROPORCIONAL. ANULAÇÃO DO TERMO FIRMADO ENTRE AS PARTES, COM DEVOLUÇÃO DO QUANTUM RECEBIDO, SOB PENA DE ENRIQUECIMENTO
ILÍCITO. 2. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS QUE DEVERÃO SER FIXADOS COM BASE NO VALOR DA CAUSA. AUSÊNCIA DE CONDENAÇÃO. MAJORAÇÃO DO PERCENTUAL PARA 20% (VINTE POR CENTO), A FIM DE REMUNERAR O ADVOGADO ADEQUADAMENTE. ART. 85 DO CPC. APELAÇÃO 1
CONHECIDA E PARCIALMENTE PROVIDA. APELAÇÃO 2 PARCIALMENTE CONHECIDA E, NA PARTE CONHECIDA, PROVIDA. (TJPR - AC: 0005417-17.2016.8.16.0077 CRUZEIRO DO OESTE, Relator: Juiz Subst. 2ºGrau Guilherme Frederico Hernandes Denz, Data de Julgamento: 26/02/2021, Décima Câmara
Cível).
2. EMENTA: RECURSO INOMINADO. PLEITO REVISIONAL DE CLÁUSULA CONTRATUAL DE HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. PEDIDO FUNDADO EM LESÃO. ART. 157, DO CC. PRETENSÃO SUJEITA AO PRAZO DECADENCIAL DE QUATRO ANOS, PREVISTO PELO ART. 178, II, DO CC. PRECEDENTES DO
STJ. DECADÊNCIA DO DIREITO OPERADA. SENTENÇA REFORMADA. RECURSO CONHECIDO E PROVIDO. (TJPR - AC: 0007399-24.2023.8.16.0044 APUCARANA, Relator: Manuela Tallão Benke, Data de Julgamento: 05/09/2024, Quinta Turma Recursal dos Juizados Especiais).

FRAUDE CONTRA CREDORES


1. CIVIL E PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL. AÇÃO PAULIANA. NEGATIVA DE PRESTAÇÃO JURISDICIONAL. AUSÊNCIA. BEM DE FAMÍLIA. MANUTENÇÃO DA DESTINAÇÃO. IMPENHORABILIDADE. RECONHECIMENTO. FRAUDE CONTRA CREDORES AFASTADA. CERCEAMENTO DE DEFESA.
CONFIGURAÇÃO.1. Ação pauliana ajuizada em 31/03/2015, da qual foi extraído os presentes recursos especiais interpostos em 28/02/2020 e 02/03/2020 e conclusos ao gabinete em 04/02/2021.2. O propósito recursal é decidir se a) houve negativa de prestação jurisdicional; b) a doação de imóvel onde reside a
família configura fraude contra credores e c) houve cerceamento de defesa.3. É firme a jurisprudência do STJ no sentido de que não há ofensa ao art. 1.022 do CPC/15 quando o Tribunal de origem, aplicando o direito que entende cabível à hipótese soluciona integralmente a controvérsia submetida à sua apreciação,
ainda que de forma diversa daquela pretendida pela parte. Precedentes.4. A ocorrência de fraude contra credores requer: (i) a anterioridade do crédito; (ii) a comprovação de prejuízo ao credor (eventus damni) e (iii) o conhecimento, pelo terceiro adquirente, do estado de insolvência do devedor (scientia fraudis). O
eventus damni trata-se de pressuposto objetivo e estará configurado quando o ato de disposição impugnado pelo credor tenha agravado o estado de insolvência do devedor ou tenha levado-o a este estado.5. A fraude contra credores na hipótese de alienação de bem impenhorável, especialmente de bem de família,
exige uma ponderação de valores pelo Juiz em cada situação particular: de um lado, a proteção legal conferida ao bem de família, fundada no direito à moradia e no mínimo existencial do devedor e/ou sua família e, de outro, o direito à tutela executiva do credor. "O parâmetro crucial para discernir se há ou não fraude
contra credores ou à execução é verificar a ocorrência de alteração na destinação primitiva do imóvel - qual seja, a morada da família - ou de desvio do proveito econômico da alienação (se existente) em prejuízo do credor" (REsp 1.227.366/RS).6. Na hipótese, os recorrentes e seus filhos residem no imóvel desde o
ano 2000. Embora esse bem tenha sido doado, no ano de 2011, pelo casal aos filhos menores, a situação fática em nada se alterou, já que o bem continuou servindo como residência da entidade familiar.Ou seja, o bem permaneceu na posse das mesmas pessoas e teve sua destinação (moradia) inalterada. Essas
peculiaridades demonstram a ausência de eventus damni e, portanto, de disposição fraudulenta.7. A jurisprudência do STJ é no sentido de que a proteção instituída pela Lei 8.009/1990, quando reconhecida sobre metade de imóvel relativa à meação, deve ser estendida à totalidade do bem.Precedentes. Assim, não
sendo a esposa devedora, a doação de sua quota-parte sobre o imóvel (50%) não pode ser tida por fraudulenta.E, haja vista que os donatários residem no local, por mais essa razão, o imóvel está protegido pela garantia da impenhorabilidade do bem de família.8. Há cerceamento de defesa na hipótese em que o
magistrado julga antecipadamente a lide, indeferindo a produção de provas previamente requerida pelas partes, e conclui pela improcedência da demanda com fundamento na falta de comprovação do direito alegado. Precedentes.Na hipótese, o devedor também doou sua quota-parte de outro bem imóvel. Para
comprovar a solvabilidade, postulou a produção de prova pericial, mas tal requerimento não foi examinado pelo juiz, que julgou o mérito de forma antecipada e contrariamente aos interesses do devedor sob o fundamento de que este não comprovou a sua solvência. Portanto, houve cerceamento de defesa.9.
Recursos especiais conhecidos e providos.(REsp n. 1.926.646/SP, relatora Ministra Nancy Andrighi, Terceira Turma, julgado em 15/2/2022, DJe de 18/2/2022.)
2. APELAÇÃO. Ação pauliana. Sentença de procedência. Irresignação dos devedores. Alegação de ausência dos requisitos para caracterização da fraude contra credores. Não cabimento. Compra e venda de imóveis. Anterioridade do crédito demonstrada. Devedores que venderam nove imóveis para parentes próximos
(pai/sogro) na mesma data, demonstrando intuito de prejudicar o credor. Devedores que não comprovaram a solvência. Eventus damni e consilium fraudis verificados. Sentença mantida. Recurso não provido.(TJSP; Apelação Cível 1002094-92.2023.8.26.0196; Relator (a): Pedro Paulo Maillet Preuss; Órgão Julgador:
24ª Câmara de Direito Privado; Foro de Franca - 5ª Vara Cível; Data do Julgamento: 18/12/2023; Data de Registro: 18/12/2023)

SIMULAÇÃO
1. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO EM SEDE DE APELAÇÃO CÍVEL. TRANSFERÊNCIA DE QUOTAS SOCIETÁRIAS. MANUTENÇÃO DA SENTENÇA QUE RECONHECEU A SIMULAÇÃO DO NEGÓCIO JURÍDICO. ALEGAÇÃO DE OMISSÃO. DESCABIMENTO. AUSÊNCIA DE VÍCIOS NO ACÓRDÃO.
MANIFESTAÇÃO EXPRESSA ACERCA DE TODOS OS PONTOS ESSENCIAIS TRAZIDOS NO RECURSO. MERO INCONFORMISMO COM NÍTIDO PROPÓSITO DE ALTERAÇÃO DO JULGADO. RECURSO CONHECIDO E REJEITADO. (TJPR - AC: 0008163-15.2024.8.16.0031 GUARAPUAVA, Relator:
Desembargadora Ângela Maria Machado Costa, Data de Julgamento: 12/07/2024, Sexta Câmara Cível).
2. APELAÇÕES CÍVEIS. JULGAMENTO SIMULTÂNEO DA AÇÃO ANULATÓRIA C /C PEDIDO LIMINAR DE MANUTENÇÃO DE POSSE, CANCELAMENTO DE REGISTRO IMOBILIÁRIO E RESTITUIÇÃO EM DOBRO E DA AÇÃO DE IMISSÃO DE POSSE C/C PERDAS E DANOS. SENTENÇA DE PARCIAL
PROCEDÊNCIA DA PRIMEIRA E DE IMPROCEDÊNCIA DA SEGUNDA. APELAÇÃO CÍVEL Nº 0016089-74.2020.8.16.0035 1. ALEGAÇÃO DE VALIDADE DA PROCURAÇÃO E DA ESCRITURA PÚBLICA. INVIABILIDADE. PROCURAÇÃO OUTORGADA EM FAVOR DE UM DOS RÉUS COMO ESPÉCIE DE
GARANTIA DO EMPRÉSTIMO REALIZADO ENTRE AS PARTES. RÉU, COM CIÊNCIA DE TAL FINALIDADE, QUE REALIZA A VENDA DO IMÓVEL DADO EM GARANTIA A DESCENDENTE. AUSÊNCIA DE QUALQUER PROVA DA NEGOCIAÇÃO DE COMPRA E VENDA. SIMULAÇÃO DE NEGÓCIO JURÍDICO.
ESCRITURA PÚBLICA QUE POSSUI PRESUNÇÃO RELATIVA DE VERACIDADE. COMPROVAÇÃO DO PAGAMENTO DOS VALORES EFETIVAMENTE PAGOS PELO AUTOR EM RELAÇÃO AO EMPRÉSTIMO, BEM COMO DA OCORRÊNCIA DE AGIOTAGEM. DATA DA PROCURAÇÃO QUE COINCIDE COM A
DATA DO DEPÓSITO DE R$ 50.000,00. CONJUNTO PROBATÓRIO DOS AUTOS QUE DEMONSTRA A EXISTÊNCIA DE VÍCIO NA ESCRITURA PÚBLICA DE COMPRA E VENDA. NEGÓCIO JURÍDICO NULO POR SIMULAÇÃO. INTELIGÊNCIA DO ART. 167, §1º DO CPC. DECISÃO MANTIDA. 2. QUALIDADE
DE TERCEIRO DE BOA-FÉ QUE NÃO PODE SUBSISTIR FRENTE À NULIDADE DO NEGÓCIO JURÍDICO. 3. SUCUMBÊNCIA INALTERADA. MANUTENÇÃO DA DISTRIBUIÇÃO. 4. HONORÁRIOS RECURSAIS. REGRA DE DECISÃO. POSSIBILIDADE DE FIXAÇÃO. APELAÇÃO CÍVEL CONHECIDA E NÃO
PROVIDA APELAÇÃO CÍVEL Nº 0016088-89.2020.8.16.0035. 1. PLEITO DE IMISSÃO NA POSSE DO IMÓVEL. IMPOSSIBILIDADE. AUSÊNCIA DOS REQUISITOS PARA A IMISSÃO DO AUTOR NA POSSE DO IMÓVEL. INVALIDADE DA PROCURAÇÃO OUTORGADA PELOS RÉUS, BEM COMO DA
ESCRITURA PÚBLICA DE COMPRA E VENDA POR SIMULAÇÃO. PROPRIEDADE DOS RÉUS ACERCA DO IMÓVEL RECONHECIDA NA APELAÇÃO CÍVEL Nº 0016089- 74.2020.8.16.0035. DESCUMPRIMENTO DO ÔNUS DO ART. 373, I, DO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL. NÃO DEMONSTRAÇÃO DO FATO
CONSTITUTIVO DO AUTOR. 2. SUCUMBÊNCIA MANTIDA. 3. HONORÁRIOS RECURSAIS. REGRA DE DECISÃO. POSSIBILIDADE DE FIXAÇÃO. APELAÇÃO CÍVEL CONHECIDA E NÃO PROVIDA. (TJPR - AC: 0016089-74.2020.8.16.0035 CURITIBA, Data de Julgamento: 30/07/2024, Décima Nona Câmara
Cível).

REFERÊNCIAS

GAGLIANO, Pablo Stolze; PAMPLONA FILHO, Rodolfo. Manual de Direito Civil. 8. ed. São Paulo: Saraiva, 2024. 1384 p

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