Direito Civil Resumo Com Bibliografia AV3
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II - Por vício resultante de erro, dolo, coação, estado de perigo, lesão ou fraude
contra credores.
I – O Erro
O erro consiste em uma falsa representação da realidade, no código o erro é
igualado a ignorância, sendo esta a falta de conhecimento da realidade do fato. Neste
vício o agente engana-se sozinho, se ele for induzido ao erro, se caracterizaria como dolo.
Na doutrina majoritária não é qualquer espécie de erro que torna o negócio jurídico
anulável, sendo de consenso da doutrina tradicional que o erro deve ser escusável,
substancial e real. O erro pode se subdividir em várias espécies, algumas delas sendo:
Erro Substancial: É o erro que sem que sem ele o ato jurídico não se realizaria.
Segundo Carlos Roberto Goncalves, o “Erro Substancial ou essencial, é oque recai sobre
circunstâncias e aspectos relevantes do negócio jurídico”. Código Civil art. 139:
Art. 139. O erro é substancial quando:
III - sendo de direito e não implicando recusa à aplicação da lei, for o motivo único ou
principal do negócio jurídico.
Erro Escusável: Escusável é o erro que pode ser justificado, o contrário do erro
grosseiro, decorrente do não emprego da diligência ordinária.
Erro Real: É o erro que causa efetivamente o prejuízo do interessado.
Erro Acidental: É o oposto dos erros ditos anteriormente, este diz respeito a
circunstâncias de menos relevância, e que não causariam um efetivo prejuízo.
Erro Impróprio: É oque impede a formação do negócio jurídico, a confusão
podendo ser tão grave que o torna inexistente.
II – O Dolo
“O dolo é o artificio ou o expediente astucioso empregado para induzir alguém a
prática de um ato que prejudique e aproveite ao autor do dolo ou a terceiros.” (Beviláqua,
1927 apud Gonçalves, 2021, p. 360). Diferentemente do erro, que é cometido unicamente
pelo autor do mesmo, o dolo é uma influência externa da outra parte ou de terceiros de
forma intencional. O dolo civil então são os artifícios para se enganar alguém. O dolo
distingue-se também da simulação, neste a vítima é lesada sem participar do negocio
simulado, e também é diferente de fraude, esta se concretiza sem a participação pessoal
do lesado no negócio. Assim como o erro o dolo se divide em algumas espécies,
destacarei abaixo algumas das mais relevantes.
Dolo Principal (dolus causam) e Dolo Acidental (dolus incidens): É a principal
classificação, descrita no Art. 145 do Código Civil. O primeiro quando é a causa do
negócio, apenas este causa a anulabilidade, e o segundo, quando a seu despeito o negócio
seria realizado, só que por outro modo.
Art. 145. São os negócios jurídicos anuláveis por dolo, quando este for a sua causa.
Art. 146. O dolo acidental só obriga à satisfação das perdas e danos, e é acidental
quando, a seu despeito, o negócio seria realizado, embora por outro modo.
Dolus Bonus e Dolus Malus: o primeiro é um dolo tolerável, não torna o negócio
anulável, pois as pessoas já o esperam e não se envolvem. O segundo tem o propósito de
prejudicar, podendo ocorrer como atos e palavra, este sim causa a anulação do negócio
jurídico.
Dolo Positivo (comissivo) e Dolo Negativo (omissivo): O dolo também pode
ocorrer por ações maliciosas e comportamentos omissivos, surge então a classificação de
dolo comissivo e omissivo, este é disposto no Art. 147 do Código Civil.
Art. 147. Nos negócios jurídicos bilaterais, o silêncio intencional de uma das partes a
respeito de fato ou qualidade que a outra parte haja ignorado, constitui omissão
dolosa, provando-se que sem ela o negócio não se teria celebrado.
Dolo Unilateral e Dolo Bilateral: Em geral o dolo é uma ação Unilateral, exercida
por apenas uma das partes, contudo quando este é exercido por ambas as partes é disposto
no Art. 150 do CC
Art. 150. Se ambas as partes procederem com dolo, nenhuma pode alegá-lo para
anular o negócio, ou reclamar indenização.
Art. 151. A coação, para viciar a declaração da vontade, há de ser tal que incuta ao
paciente fundado temor de dano iminente e considerável à sua pessoa, à sua família,
ou aos seus bens.
Art. 155. Subsistirá o negócio jurídico, se a coação decorrer de terceiro, sem que a
parte a que aproveite dela tivesse ou devesse ter conhecimento; mas o autor da
coação responderá por todas as perdas e danos que houver causado ao coacto.
VI – Estado de Perigo
O estado de perigo é um vício de consentimento que consiste quando uma pessoa
celebra um negócio jurídico em situação de extrema necessidade com o risco de sofrer
dano moral ou material da própria pessoa ou de familiares.
Art. 156. Configura-se o estado de perigo quando alguém, premido da necessidade de
salvar-se, ou a pessoa de sua família, de grave dano conhecido pela outra parte,
assume obrigação excessivamente onerosa.
No Art. 156 do CC, há alguns requisitos para que haja o estado de perigo, sendo
eles:
1 – Uma situação de necessidade;
O Art. 178, II do CC, declara que é anulável o negócio jurídico celebrado em estado
de perigo, contudo não será anulado se a obrigação assumida não for excessivamente
onerosa. Se o for, cabe ao juiz para evitar o enriquecimento sem causa, apenas reduzir a
um valor razoável.
Art. 178. É de quatro anos o prazo de decadência para pleitear-se a anulação do
negócio jurídico, contado:
II - no de erro, dolo, fraude contra credores, estado de perigo ou lesão, do dia em que
se realizou o negócio jurídico;
V – Lesão
A lesão é o prejuízo resultante de uma enorme desproporção existente entre
prestações de um contrato, no momento de sua celebração, determinada pela premente
necessidade ou inexperiência de uma das partes. Sendo esta um vício que pode acarretar
na anulação, salvo disposto no §2° do Art. 157.
Art. 157. Ocorre a lesão quando uma pessoa, sob premente necessidade, ou por
inexperiência, se obriga a prestação manifestamente desproporcional ao valor da
prestação oposta.
Não é apenas nas transmissões onerosas pode ocorrer fraude contra credores, mas
também pode ocorrer em outras três outras hipóteses.
Transição onerosa – para prova-la os credores tem que provar o eventus damni e o
consilium fraudis.