Solos Do Sudoeste Da Chapadal

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Solos do Sudeste da Chapada Diamantina - Bahia, Brasil. Soils of the


Southeast of Chapada Diamantina - Bahia, Brazil

Presentation · April 2013


DOI: 10.13140/RG.2.2.26069.65769

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2 4,404

3 authors, including:

Marcelo Araujo da Nóbrega Rafael Carvalho Santos


Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia Federal University of Rio de Janeiro
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SOLOS DO SUDESTE DA CHAPADA DIAMANTINA – BAHIA, BRASIL

Marcelo Araujo da Nóbrega1


Rafael Carvalho Santos 2
Genival dos Santos Rocha3

RESUMO

Este estudo tem o objetivo de caracterizar os aspectos físico-químicos dos solos do sudeste da
Chapada Diamantina – BA relacionando com as fitofisionomias desta área (Campo Rupestre, Campo
Limpo, Campo Sujo, Campo Cerrado, Caatinga, Mata seca Caatinga/Cerrado, Carrasco, Capão e
Floresta Estacional Semidecidual). Para se alcançar o objetivo da pesquisa, foram coletadas amostras
de solo em cada formação vegetal e analisadas no laboratório de solos da ESALQ – USP, a fim de
identificar a fertilidade dos solos através da determinação do pH, matéria orgânica, fósforo assimilável,
potássio, cálcio, magnésio, acidez potencial, soma das bases, capacidade de troca de cátions e
saturação em bases. Assim como, verificou-se a composição das partículas do solo, isto é, a textura,
etapa feita no laboratório de ecossistemas terrestres no Departamento de Ecologia da USP e no
laboratório de solos da ESALQ. Também foi estudado outro fator importante para explicar as variações
da cobertura vegetal da região, a variação de umidade dos solos nos diversos ambientes fisiográficos
existentes ao longo de um perfil topográfico. A escolha dos pontos foi em função dos tipos desses
ambientes encontrados de leste para oeste na área em estudo: na encosta leste da serra do Sincorá,
dentro da serra do Sincorá, na encosta leste do Pediplano Central da Chapada Diamantina, no topo
deste pediplano em três pontos com fitofisionomias distintas e, na encosta oeste deste pediplano,
também em três pontos com fitofisionomias distintas. Elas foram feitas em dois períodos, no mês de
novembro, chuvoso e, no mês de julho, seco na maior parte dos ecossistemas. Outro estudo realizado
foi uma comparação entre os dados médios de umidade dos solos da floresta estacional semidecidual
com os dados de pluviosidade média anual de Ibicoara; os dados de umidade dos solos do capão de
mata mesófila com os dados de pluviosidade de Cascável e; os dados de umidade de solo da caatinga
com os dados de Jussiape. Procedeu-se dessa forma, porque estas localidades correspondem aos
tipos fitofisionômicos definidos. Os solos encontrados nessa parte da Bahia podem ser classificados em
5 classes, predominando os latossolos (oxisolos). Todas essas classes apresentam uma grande
diversidade de propriedades físicas e químicas, como pode ser observado nas fotografias e nas
análises de granulometria e de fertilidade feitas para eles. Os solos mais profundos localizam-se no
Pediplano Central da Chapada Diamantina onde estão o campo sujo, o campo limpo, o carrasco e a
floresta estacional semidecidual (capão) e mais rasos encontrados foram os do campo rupestre, da
caatinga, e do campo cerrado, este último localizado numa encosta. Quanto às variações de água no
solo na região ao longo de um corte longitudinal ou perfil topográfico, os dados indicam que houve
grandes variações espaciais de umidade e, também, ao longo dos meses considerados, em alguns
ecossistemas. O mês de novembro é um dos mais chuvosos de forma generalizada em toda a região e,
o mês de julho, um dos mais secos na maior parte dos ambientes.

Palavras-chave: Solos; Fitofisionomias; Chapada Diamantina.

1 Doutor, professor titular do DG/UESB, e-mail: maraujonobrega@gmail.com;


2 Graduando em geografia pela UESB, e-mail: rafac.16@gmail.com;
3 Graduado em geografia pela UESB, e-mail: genivalgeografo@hotmail.com.
INTRODUÇÃO

O norte do Espinhaço é formado por vários alinhamentos serranos denominados Diamantina-


Espinhaço, prolongamentos da Cadeia do Espinhaço, no Estado da Bahia (Fig. 01). É uma extensa
área de aproximadamente 60.000 km² e cobre principalmente a porção central do Estado da Bahia e
trechos ao norte, ao sul e a oeste deste Estado, entre as coordenadas em torno de 10° a 15°S e 40° a
44°W. Considera-se normalmente como o norte da Cadeia do Espinhaço os planaltos e serras do
Espinhaço propriamente ditos e da Chapada Diamantina cobertas com rochas metassedimentares
inseridas em estruturas dobradas e falhadas, datadas do Proterozóico Médio e Superior (Nunes et al.
1981.; Mauro et al. 1982.; Nou et al., 1983). Quatro microrregiões geográficas integram está região:
Chapada Diamantina Setentrional, Chapada Diamantina Meridional, Baixo-Médio São Francisco e
Serra Geral da Bahia.
O clima dominante é o tropical do tipo sub-quente e semi-úmido da zona tropical do Brasil Central
(Nimer, 1977). A temperatura média anual varia em torno de 19° a 20°C e, a média no inverno fica
abaixo dos 18°C. A temperatura pode cair abaixo dos 10°C nos dias mais frios do inverno em alguns
pontos superiores a 1.000m. As precipitações nesta região variam entre 500 a 1.300mm anuais e
dependem de vários fatores. As chuvas ocorrem principalmente entre os meses de novembro a março
e muitas vezes têm um caráter torrencial. Ocorrem também, frequentemente, chuvas orográficas no
setor leste da Chapada Diamantina, na serra do Sincorá e na serra do Tombador, fator que favorece o
aumento da precipitação nestes locais, ficando acima de 1.200mm para as localidade de Lençóis,
Andaraí e Ibicoara.

A rede hidrográfica do norte da Cadeia do Espinhaço pertence a 5 grandes bacias: a do Rio São
Francisco, a oeste e norte; a do Rio de Contas e Rio Pardo, ambas no sul; a do Rio Paraguaçu e do
Itapicuru, ambas à leste. Normalmente, os grandes e médios rios são perenes devido a natureza da
litologia da área.

A história geológica da Cadeia do Espinhaço começa no Pré-Cambriano Médio quando começa a


sedimentação das sequencias do Supergrupo Espinhaço (Gonzalez & Araújo, 1993). Suas rochas são
metamórficas ou sedimentares. No Planalto do Espinhaço são predominantes as rochas do tipo
quartzito puro, quartzitos feldspáticos e sericíticos, arenitos feldspáticos, pelitos e rochas
metavulcânicas. Na Chapada Diamantina ou Planalto da Diamantina ocorrem com maior freqüência,
arenitos argilosos, arenitos ortoquartzíticos, siltítos, argilítos e lentes de conglomerado.

Geomorfologicamente, o Planalto do Espinhaço e o Planalto da Diamantina são divididos em unidades


menores. O Planalto do Espinhaço é constituído de três unidades que são: Serras Setentrionais, Serras
Centrais e Superfície dos Gerais e, o Planalto da Diamantina, subdividide-se em Blocos Planálticos
Setentrionais, Chapadas de Morro do Chapéu, Pediplano Central, Serras da Borda Ocidental e
Encostas Orientais.

Um verdadeiro mosaico de solos ocorrem no norte da Cadeia do Espinhaço, desde aqueles profundos,
como os latossolos (oxisolos), até os mais rasos, como os solos litólicos (entisolos) que predominam
nas áreas com relevo montanhoso. Segundo levantamento exploratório de solos realizado pelo Projeto
RADAMBRASIL (Silva et al., 1981; Krejci et al., 1982; Wake et al., 1983), existem nessa região várias
classes de solos, dentre elas, latossolos vervelho-amarelo álicos e distróficos, latossolo vermelho-
escuro eutrófico, podzólicos vermelho-amarelo eutróficos, álicos e distróficos (ultisolos), cambissolo
eutrófico, solos litólicos distróficos e eutróficos, podzol hidromórfico (spodosolos), vertissolos, areias
quartzósas distróficas (entisolos) e solos aluviais distróficos e eutróficos (entisolos). Quanto a fertilidade
são variáveis, mas predominam solos ácidos e pouco férteis.

Uma grande variedade de tipos de vegetação são encontrados na Chapada Diamantina e no Planalto
do Espinhaço, resultado em parte do seu relevo dissecado com diferentes níveis de altitude e
orientações de vertentes, que ora favorecem chuvas orográficas ora dificultam a ocorrência de chuvas.
De acordo com o mapa de vegetação do Brasil na escala de 1: 5.000.000 (IBGE, 1993), existem nesta
área, vários tipos de vegetação: floresta estacional semidecidual montana no leste da Chapada
Diamantina, nas encostas mais úmidas da serra do Sincorá e na serra do Tombador; floresta estacional
decidual montana na serra da Garapa e na serra de Caetité, no Espinhaço; savana-estépica florestada
e arborizada (caatinga arbórea e arbustiva-arbórea) no extremo norte da Chapada Diamantina, nos
Blocos Planálticos Setentrionias e em trechos das Serras da Borda Ocidental e, também, em algumas
serras do Espinhaço, dispostas em manchas; savanas arborizadas em vários trechos da Chapada
Diamantina, na serra do Sincorá, nas Serras da Borda Ocidental, na região de Morro do Chapéu e nos
Blocos Planálticos Setentrionias, e também no Espinhaço, na serra da Garapa, serra do Monte Alto,
serra de Caetité e na serra de Macaúbas; savana gramíneo-lenhosa, principalmente no Pediplano
Central da Chapada Diamantina; refúgio ecológico montano (campos rupestres) nas montanhas
normalmente com mais de 1.000m na Chapada Diamantina, sobretudo na serra do Sincorá e nas
Serras da Borda Ocidental; uma variedade de tipos ecotonais, como por exemplo, savana/floresta
estacional nas serras do Espinhaço e entre savana-estépica/floresta estacional no setor centro-norte da
Chapada Diamantina.

Por possuir sítios geomorfológicos de grande beleza e também para preservar a sua biodiversidade, foi
criado o Parque Nacional da Chapada Diamantina em 17 de setembro de 1985. Este tem uma área de
1.520km² e ocupa mais da metade da serra do Sincorá nas Encostas Orientais da Chapada
Diamantina. É uma das áreas mais belas da Chapada Diamantina, possuindo grandes desfiladeiros e
cachoeiras, como por exemplo, o desfiladeiro do rio Paraguaçu e do rio Preto com desníveis que
chegam a mais de 400m e, a cachoeira da Fumaça, considerada uma das mais altas do Brasil, com
420m de altura. Possui elevações quase sempre superiores a 1.000m com picos que ultrapassam os
1.700m, às vezes apresentando paredões imensos de rochas metasedimentares. A vegetação
dominante é a de campo rupestre apresentando muitas espécies endêmicas e, considerada por muitos
botânicos, como uma área de grande biodiversidade.

Neste sentido, o objetivo deste artigo é apresentar um estudo dos solos do sudeste da Chapada
Diamantina localizada no estado da Bahia associado as fitofisionomias presentes nesta localidade. Já
que os solos possuem uma estreita relação com os tipos de vegetação, seu porte e densidade e a
ocorrência e freqüência de certas espécies.

METODOLOGIA

O estudo dos solos aqui realizado foi em decorrência da estreita relação existente entre eles e os tipos
de vegetação, seu porte e densidade e a ocorrência e freqüência de certas espécies. Para isto, foram
coletadas amostras de solo em cada formação vegetal e analisados no laboratório de solos da ESALQ
– USP. As analises constaram das características físicas e químicas dos solos coletados. As coletas de
solos para fins de análise química foram feitas para cada tipo de fitofisionomia nas parcelas onde foram
feitos os perfis da vegetação. Em cada parcela de 50 x 4m as coletas eram realizadas em 9 pontos
diversos, três numa extremidade da parcela, três na outra extremidade e três no meio da parcela. Para
cada um desses pontos, as amostras também eram coletadas em três profundidades diferentes, uma a
nível do horizonte superficial, outra na profundidade de 25cm e a outra na profundidade de 50cm.
Houve casos de solos que não foram coletadas em todas essas profundidades devido a pouca
espessura dos mesmos. Em alguns casos em que eles não atingiam os 50cm mas atingiam, por
exemplo 40cm, então se coletava nessa profundidade. Em seguida, no laboratório se fez uma
composição dessas amostras para cada nível de profundidade (três amostras), para em seguida
proceder as análises químicas. As tabelas com os resultados das amostras se referem a média das
três composições ao longo das parcelas.

As análises químicas compreenderam determinações da fertilidade dos solos, que foram: pH (CaCl2)4,
matéria orgânica - M.O (g/dm³), fósforo assimilável - P (mg/dm³), potássio – K (mmolc/dm³), cálcio – Ca
(mmolc/dm³), magnésio – Mg (mmolc/dm³), acidez potencial - H+Al (mmolc/dm³), soma das bases - SB
(mmolc/ dm³), capacidade de troca de cátions - T (mmolc/dm³) e saturação em bases – V (%).

Para as análises físicas, verificou-se a composição das partículas do solo, isto é, a textura. Para cada
parcela, foram retirados amostras em dois locais na maior profundidade e feito uma composição. Com
relação ao tamanho das partículas, elas eram separadas em duas categorias: < que 2mm (TFSA) e >
2mm; esta etapa foi feita no laboratório de ecossistemas terrestres no Departamento de Ecologia da
USP. As partículas menores que 2mm foram destinadas às análises de textura do solo e foram
realizadas na ESALQ. Elas constaram de verificação da porcentagem de areia total, silte e argila,

4 A determinação do pH por uma solução diluída de cloreto de cálcio torna os valores 0,6 menor, se fosse feita com água.
Assim, por exemplo, o pH 4,0 em cloreto de cálcio corresponde a 4,6 em água (Malavolta, 1992).
resultando em classes de textura do solo. O resultado mostrado é a média dos dois pontos de cada
parcela nos diversos ecossistemas. As classes texturais segundo o laboratório de solos da ESALQ são:
até 14% de argila, arenosa; de 15 a 24%, média-arenosa; de 25 a 34%, média-argilosa; de 35 a 59%,
argilosa e; acima de 60%, muito argilosa.

Também foi estudado outro fator importante para explicar as variações da cobertura vegetal da região,
a variação de umidade dos solos nos diversos ambientes fisiográficos existentes ao longo de um perfil
topográfico. A escolha dos pontos foi em função dos tipos desses ambientes encontradas de leste para
oeste na área em estudo: na encosta leste da serra do Sincorá, dentro da serra do Sincorá, na encosta
leste do Pediplano Central da Chapada Diamantina, no topo deste pediplano em três pontos com
fitofisionomias distintas e, na encosta oeste deste pediplano, também em três pontos com
fitofisionomias distintas. Elas foram feitas em dois períodos, no mês de novembro, chuvoso e, no mês
de julho, seco na maior parte dos ecossistemas. As coletas de solos foram feitas nas parcelas onde
foram realizados os perfis da vegetação, exceto para o campo rupestre, onde foi escolhido outro local
de mais fácil acesso e, também numa área com vegetação cultivada - café, onde foi escolhido um local
que corresponde à encosta leste do Pediplano Central. Os solos eram coletados na superfície (0-5cm)
em cilindros de metal em 5 pontos diversos ao longo das parcelas e, no caso da área com café, em
pontos em torno de uma linha de 50m. As amostras eram depositadas em latas para secar e fechadas
hermeticamente. No laboratório, elas eram pesadas e depois abertas para secar numa estufa até peso
constante. Em seguida, elas eram novamente pesadas e observados a diferença de peso
correspondente a umidade.

Outro estudo realizado foi uma comparação entre os dados médios de umidade dos solos da floresta
estacional semidecidual com os dados de pluviosidade média anual de Ibicoara; os dados de umidade
dos solos do capão de mata mesófila com os dados de pluviosidade de Cascável e; os dados de
umidade de solo da caatinga com os dados de Jussiape. Procedeu-se dessa forma, porque estas
localidades correspondem aos tipos fitofisionômicos definidos.

RESULTADOS

Como foi mencionado na caracterização fisiográfica da região, os solos encontrados nessa parte da
Bahia podem ser classificados em 5 classes, predominando os latossolos (oxisolos). Todas essas
classes de solos apresentam uma grande diversidade de propriedades físicas e químicas, como pode
ser observado nas fotografias (Figs. 02 e 03) e nas análises de granulometria (Fig. 04 e tabela 01) e de
fertilidade feitas para eles (Tabelas 02 e 03).
A profundidade dos solos estudados variou muito, desde os mais profundos em torno de 1,5 a 2m, até
os menos profundos aproximadamente de 5 a 10cm. Os mais profundos localizam-se no Pediplano
Central da Chapada Diamantina onde estão o campo sujo, o campo limpo, o carrasco e a floresta
estacional semidecidual (capão). Segundo estudos realizados nessa área, verificou-se que eles
possuem uma profundidade média de 1,60m (Silva et al., 1981). Verificou-se também a presença de
muitos agregados, compostos por areias e argilas nas diversas profundidades estudadas. Os solos
mais rasos encontrados foram os do campo rupestre, da caatinga, e do campo cerrado, este último
localizado numa encosta. Nestes locais eles apresentavam no máximo 50 cm de profundidade e com
bastante pedregulho e seixos.

O tamanho das partículas dos solos sob as coberturas vegetais diversas varia bastante, como pode ser
observado na fig. 04. A caatinga foi o que apresentou maior quantidade de fragmentos maiores que
2mm, seguido do campo rupestre e do campo cerrado. Os solos do campo limpo, do campo sujo, do
carrasco e da floresta estacional semidecidual (capão) não apresentaram partículas maiores que 2mm.
Isto se explica pela natureza do material de origem dessas áreas que são sedimentos eluvionares e
coluvionares datadas do Terciário. Os solos das outras fitofisionomias apresentaram partículas maiores
que 2mm, mas em menor proporção que os do campo cerrado.
Fig. 02 – (a) Perfis parciais dos solos sob vegetação de caatinga, (b) mata seca entre caatinga e cerrado, (c) carrasco e (d)
floresta estacional semidecidual – Sudeste da Chapada Diamantina, BA.
Fig. 03 – (a) Perfis parciais dos solos sob vegetação de campo rupestre, (b) campo cerrado, (c) campo limpo e (d) campo
sujo – Sudeste da Chapada Diamantina, BA.
100%

90%

80%

70%

60%

50%

40%
> 2 mm
30%
< 2 mm
20%

10%

0%

Capão (F.E.S.)

Flor. est. sem.


C.Limpo

C.Sujo
C.Rupestre

C.Cerrado

Caatinga

Mata s. caat./cer.

Carrasco

Fig. 04 – Porcentagem de fragmentos maiores e menores que 2 mm dos solos estudados. Sudeste da Chapada
Diamantina, BA.

Com relação às classes texturais, apresentam-se desde arenosas, passando por classes
intermediárias, até a argilosa (Tabela 01). O campo rupestre foi o que apresentou maior quantidade de
areia (classe arenosa), seguindo-se, a caatinga, o campo cerrado e a mata seca entre a caatinga-
cerrado (ecótono) dentro da classe média-arenosa. Já os solos sob florestas estacionais semideciduais
apresentaram uma maior quantidade de argila (26%) se enquadrando numa classe de textura média-
argilosa. Por último, os solos no carrasco, no campo limpo e no campo sujo foram os que apresentaram
maior quantidade de argila (40 a 45%) se inserindo numa classe argilosa. Estas ultimas
fitofisionomias se encontram numa mesma unidade geomorfológica dominada por coberturas detríticas
do Terciário (Pediplano Central). Segundo estudos feitos por Silva et al. (1981) e Beltrão & Lamour
(1984), os solos do Pediplano Central da Chapada Diamantina variam de uma textura argilosa a média-
argilosa e, os da serra do Sincorá, de uma textura arenosa a média- arenosa. Estes dados estão de
acordo com os resultados obtidos nesta pesquisa.

TABELA 01 – Classes texturais dos solos no sudeste da Chapada Diamantina - BA.

FITOFISIONOMIA CLASSES DE TEXTURA


Campo rupestre Arenosa
Campo limpo Argilosa
Campo sujo Argilosa
Campo cerrado Média-arenosa
Caatinga Média-arenosa
Mata seca caatinga/cerrado Média-arenosa
Carrasco Argilosa
Capão (Flor. est. sem.) Média-argilosa
Floresta est. semidecidual Média-argilosa

A cor observada na maioria dos solos no campo limpo, no campo sujo e no carrasco, varia do amarelo
até o vermelho, o que indica diferentes conteúdos de óxidos de ferro e alumínio (Kiehl, 1979). Já os
solos do campo rupestre apresentam na superfície um bruno-escuro devido a alta concentração de
matéria orgânica sobre arenito e quartzito. Os solos na caatinga, no ecótono caatinga/cerrado e no
campo cerrado são de cor mais clara predominando amarelo-claro-acinzentado. No campo cerrado, na
superfície, eles eram mais escuros por causa da maior presença de matéria orgânica. Nas florestas
estacionais eles possuem uma variação maior de cor no seu perfil, indo do bruno-avermelhado-escuro
na superfície até o vermelho-amarelado na profundidade de 50cm.

Quanto as variações de água no solo na região ao longo de um corte longitudinal ou perfil topográfico,
os dados indicam que houve grandes variações espaciais de umidade e, também, ao longo dos meses
considerados, em alguns ecossistemas. O mês de novembro é um dos mais chuvosos de forma
generalizada em toda a região e, o mês de julho, um dos mais secos na maior parte dos ambientes,
como pode ser observado nas tabelas 02 e 03 e na fig. 05.

TABELA 02 – Umidade dos solos no mês de julho no sudeste da Chapada Diamantina - BA.

AMOSTRAS (% DE UMIDADE)

AMBIENTE 1 2 3 4 5 MÉDIA D.P.


Caatinga 0,12 0,24 0,48 0,13 0,20 0,234 0,146
Mata s. 3,00 2,83 2,11 0,82 1,33 2,018 0,941
caat./cer.
C. cerrado 2,75 2,90 2,34 2,26 2,72 2,594 0,278
C. limpo 4,49 5,25 7,76 10,5 8,21 7,242 2,417
Carrasco 9,56 8,42 8,87 12,13 9,46 9,688 1,441
Capão (F.E.S.) 8,67 7,58 9,22 7,85 7,54 8,172 0,742
Café 8,98 9,11 9,14 9,02 7,18 8,686 0,844
C. rup. 13,06 23,72 24,18 21,42 24,10 21,296 4,741
Flor.est. est. 23,05 21,39 24,13 17,04 19,19 20,960 2,877
sem.
TABELA 03 – Umidade dos solos no mês de novembro no Sudeste da Chapada Diamantina - BA.

AMOSTRAS (% DE UMIDADE)

AMBIENTE 1 2 3 4 5 MÉDIA D.P.


Caatinga 0,78 1,29 3,77 2,40 2,50 2,148 1,165
E. caat./cer. 6,12 6,76 5,00 3,19 10,51 6,316 2,708
C. cer. 4,48 3,93 4,13 5,65 3,16 4,270 0,910
C. limpo 11,04 11,00 11,45 10,56 11,88 11,186 0,500
Carrasco 9,99 7,24 13,77 7,78 12,04 10,164 2,772
Capão 10,56 10,93 9,91 11,79 12,22 11,082 0,931
(F.E.S.)
Café 8,77 7,74 8,27 6,06 7,76 7,720 1,020
C. rup. 17,64 20,08 30,51 18,52 17,08 20,766 5,564
Flor. est. sem. 19,91 18,61 24,66 21,47 16,67 20,264 3,023

Os maiores contrastes de umidade observados entre os meses considerados, foram verificados na


caatinga e na mata seca entre a caatinga/cerrado, sendo mais do que o dobro entre julho e novembro.
Estes locais estão a oeste da área em estudo, numa área de “sombra de chuva”. Isto está de acordo
com o diagrama ombrotérmico de Jussiape, que mostra que a região do vale do rio de Contas possui
um período seco bem definido e este ocorre principalmente no inverno. Por outro lado, os menores
contrastes foi verificado no campo rupestre, na floresta estacional semidecidual e numa área com café,
locais na serra do Sincorá e na encosta leste do Pediplano Central. Nestes locais não existe período
seco, como ficou demonstrado no gráfico ombrótermico de Ibicoara. Dados intermediários, entre o vale
do rio de Contas e a serra do Sincorá, pode ser observado no capão de floresta estacional
semidecidual, nas savanas gramíneo-lenhosas e no carrasco, ambos locais no topo do Pediplano
Central da Chapada Diamantina. São locais que correspondem ao gráfico ombrótermico de Cascavel.

Um fato a observar, são os dados de umidade do solo da área com café. Era de se esperar, que esta
área apresentasse uma umidade mais elevada, por está localizada na encosta leste do Pediplano
Central, próximo a Ibicoara. No entanto, por ser o cafezal uma vegetação arbustiva, a superfície do solo
estava pouco protegida da radiação direta do sol, favorecendo maior evaporação.
Fig. 05 – Diferença na umidade do solo entre o mês de julho e novembro nos diversos ecossistemas da área – Sudeste da
Chapada Diamantina, BA.

Na comparação feita, com os dados de umidade média dos solos com os de pluviosidade média anual,
os resultados mostram que quanto maior a precipitação tanto maior a umidade do solo nas regiões
consideradas. Foram feitas comparações de umidades de solos coletados em julho e novembro e
dados de precipitações nestes mesmos meses: os dados de umidade dos solos da floresta estacional
semidecidual da serra do Sincorá com os de pluviosidade de Ibicoara; os dados de umidade dos solos
do capão de mata estacional semidecidual do Pediplano Central com os de pluviosidade de Cascavel e
os dados de umidade dos solos da caatinga no vale do rio de Contas com os de pluviosidade de
Jussiape. Os coeficiêntes de correlações apresentados ficaram com 0.9998017 para o mês de
novembro e, 0.9988479 para o mês de julho (Fig. 06).

25 180

158,7 160
20 20,264 140
123,9 120
15
11,082 92,3
100 U.Solo/Nov.-%
80
10 Pluv./Nov.-mm
60

5 40
2,148
20

0 0
Ibicoa./F.E.S. Casc./Capão Juss./caat.
25 100
92,9
90
20,96
20 80
70
U.Solo/Julho-
15 60
%
50
10 8,172 40 Pluv./Julho-mm
33,4
30
5 20

0,234 10
0
2,7 0
Ibicoa./F.E.S. Casc./Capão Juss./Caat.

Fig. 06 - Comparações entre umidade do solo e pluviosidade: (a) no mês de novembro; (b) no mês de julho. Sudeste da
Chapada Diamantina – BA.

No que diz respeito ao pH determinado em cloreto de cálcio - CaCl2, eles são fortemente ácidos,
principalmente o solo do campo rupestre que apresentou um pH de 2,9 na superfície, seguido de solos
da floresta estacional semidecidual (capão) no Pediplano Central e o da floresta estacional
semidecidual na encosta leste da serra do Sincorá (Tabela 04). Na caatinga eles se apresentaram
menos ácidos chegando na superfície a um valor de 4,9, seguido do campo limpo com 4,1. Não houve
grandes diferenças no pH de um horizonte para outro como pode ser visto na tabela 09. O intervalo
médio de acidez de quase todos os solos coletados ficou entre 3,5 a 4,0 de pH, portanto muito ácidos.

Já quanto à acidez potencial (H+Al), os solos também são mais ácidos nas fitofisionomias onde ocorre
uma maior quantidade de chuvas, ou seja, o campo rupestre e as áreas com florestas estacionais
semideciduais submetidas a uma pluviosidade acima de 1.000mm. Nas áreas com menor precipitação,
essa acidez é bem menor como mostram os dados da caatinga, da mata seca entre caatinga-cerrado,
do campo limpo e do campo cerrado. Isto está de acordo com Kiehl (1979), de que solos ácidos são
mais comuns em regiões onde chove muito, removendo, por lixiviação contínua, as bases trocáveis do
complexo coloidal dos horizontes superiores e deixando em substituição, iôns hidrogênio. Em regiões
secas, onde a pluviosidade é baixa ocorre o contrário, havendo pouca perda ou mesmo acúmulo de
sais de cálcio, magnésio, potássio e carbonato de sódio, que saturam o complexo coloidal e dando
como resultado solos alcalinos. Também observa-se na tabela 04 uma diminuição dos valores dessa
acidez na medida que o solo fica mais profundo, exceto para o campo rupestre, caatinga e o campo
limpo que mostram seus maiores valores no horizonte em torno de 25cm.

A matéria orgânica dos solos estudados também variou muito de uma fitofisionomia para outra, como
mostra a tabela 04. O campo rupestre e as florestas estacionais tiveram os maiores valores de matéria
orgânica, seguindo-se, o carrasco e o campo sujo com valores próximos. A caatinga e o campo limpo
mostraram os menores valores. Observa-se também que a concentração de matéria orgânica diminui
muito com a profundidade, sendo mais do que o dobro, da superfície até os 50cm.

TABELA 04 – PH, acidez potencial e matéria orgânica dos solos no sudeste da Chapada Diamantina –
BA.

FITOFISIONOMIA Prof. pH H + Al Matéria Orgânica

cm CaCl2 mmolc/dm³ g/dm³


C. Rupestre 0–5 2.9 337.0 127.0
20 2.5 429.0 112.0
C. Limpo 0–5 4.1 50.3 30.3
25 4.0 53.7 25.7
50 4.0 41.0 20.7
C. Sujo 0–5 3.6 180.0 61.3
25 3.7 135.3 41.7
50 3.8 94.7 29.7
C. Cerrado 0 –5 4.0 62.3 41.0
25 3.8 47.3 23.0
35 3.9 29.5 18.0
Caatinga 0–5 4.9 17.7 23.3
25 4.0 28.0 17.0
50 4.0 28.0 14.0
Mata seca 0 – 5 3.7 80.0 47.7
caat./cerrado
25 3.4 67.3 25.0
50 3.5 44.0 18.0
Carrasco 0–5 3.6 130.0 61.3
25 3.7 89.3 34.3
50 3.8 56.0 20.7
Capão (Flor. est.. 0 – 5 3.1 297.0 116.0
sem.)
25 3.3 179.0 55.6
50 3.7 118.0 32.3
Floresta Est. Sem. 0–5 3.5 180.0 69.0
25 3.9 89.7 33.7
50 3.9 80.0 24.3

Os teores dos macronutrientes dos solos nas diferentes fitofisionomias também variaram muito como
mostra a tabela 05. O fósforo (P) mostrou seus maiores índices no campo rupestre e nas florestas
estacionais semideciduais com resultados considerados médio e baixo (entre 7 a 40mg/dm³ -
Malavolta, 1992)). Em todos os outros solos os teores de fósforo foram muito baixos (abaixo de 6)
principalmente os solos do campo limpo e do campo cerrado. Já o potássio (K) teve valores
considerados altos (acima de 0.60mmolc/dm³ - Malavolta, 1992) na maioria dos ecossistemas,
principalmente na caatinga e no ecótono caatinga/cerrado (mata seca). Os menores valores de
potássio foram observados no campo limpo e no campo sujo. O cálcio (Ca) apresentou os melhores
valores na caatinga e no ecótono caatinga/cerrado e os piores no campo sujo e no campo cerrado.
Quanto ao magnésio (Mg) apresentou teores considerados bons (acima de 0.8mmolc/dm³) em todos as
fitofisionomias (Malavolta, 1992), principalmente na caatinga. Os menores valores desse
macronutriente ficou com o campo sujo. Os dados da tabela informam também que há uma diminuição
nos valores de todos esses macronutrientes na medida que aumenta a profundidade do solo.

TABELA 05 – Macronutrientes, soma das bases (sb), capacidade de troca catiônica (t) e saturação em
bases (v) dos solos do sudeste da Chapada Diamantina – BA.

VEGETAÇÃO Prof. P K Ca Mg SB T V

Cm G/dm³ mmolc/dm³ mmolc/dm³ mmloc/dm³ mmolc/dm³ mmolc/dm³ %


C. Rupestre 0–5 23.0 2.5 9.6 7.3 19.5 356.5 6.6
20 22.0 1.4 1.0 2.0 4.4 433.4 1.0
C. Limpo 0–5 5.0 1.1 4.3 3.3 8.8 59.1 14.7
25 3.7 0.5 2.7 2.3 5.8 59.5 9.7
50 2.3 0.2 1.7 1.7 3.6 44.6 8.3
C. Sujo 0–5 6.3 0.7 1.3 1.3 4.1 184.1 2.3
25 4.7 0.5 1.0 1.0 2.5 137.8 2.0
50 3.3 0.3 1.0 1.0 2.3 96.9 2.0
C. Cerrado 0 –5 5.0 1.5 4.3 3.3 9.2 71.5 15.3
25 4.3 0.8 1.0 1.0 2.8 50.2 6.3
35 3.5 0.7 1.5 1.0 3.2 32.7 9.5
Caatinga 0–5 5.7 3.2 21.7 9.3 34.2 51.8 66.0
25 4.0 2.2 9.3 4.3 15.9 43.9 33.7
50 4.0 1.9 5.0 2.0 8.9 36.9 24.0
Mata seca 0–5 5.3 3.3 7.0 3.3 13.6 93.6 14.7
Caat./Cerrad
o. 25 3.7 1.8 4.3 2.3 11.1 75.8 10.7
50 3.0 1.1 1.3 1.0 3.4 47.4 7.3
Carrasco 0–5 6.3 1.3 7.0 5.0 13.3 143.6 9.0
25 4.3 0.6 1.7 1.7 3.9 93.2 4.0
50 2.7 0.2 1.0 1.0 2.2 58.2 4.0
Capão (Flor. 0–5 14.0 1.6 5.0 6.5 13.1 310.1 4.0
est. sem.)
25 7.7 1.0 2.7 3.0 6.7 185.4 3.7
50 4.3 0.5 1.7 1.7 3.8 121.8 3.0
Floresta Est. 0–5 9.7 2.2 8.0 6.0 16.2 196.2 8.3
Sem.
25 4.7 0.9 1.7 1.3 3.9 93.6 4.3
50 3.7 0.6 1.7 1.7 4.3 84.3 5.3

Observando a tabela 05, verifica-se que os solos que apresentaram maiores somas das bases (SB)
foram os da caatinga e os da mata seca entre caatinga/cerrado, enquanto que, os menores, ficaram
com os 3 tipos de campo cerrado, com valores próximos. Já com relação a capacidade de troca de
cátions (T ou CTC), os solos com maior capacidade dessa troca, são os do campo rupestre e o da
floresta estacional semidecidua e, os menores, nos ambientes mais secos como o da caatinga, por
exemplo. A elevada capacidade de troca catiônica dos solos do campo rupestre se deve ao alto teor de
matéria orgânica presente neles (Tab. 04), uma vez que a argila é pouco expressiva nesses solos.

O valor de saturação das bases (V) é um dos mais importantes para medir tanto a acidez como a
fertilidade de um solo, além da friabilidade, dispersão e floculação de argilas e sua influência na
disponibilidade de Ca, Mg e K às plantas. Quanto menor o valor de V%, mais ácido, portanto, com
menos bases e mais H e Al e, dessa forma, menos fértil (Kiehl, 1979; Malavolta,1992). Sendo assim,
percebe-se nitidamente pelos números das tabelas, que os solos mais férteis são encontrados na
caatinga e os menos férteis estão no campo sujo. Em seguida, os mais férteis estão no ecótono
caatinga/cerrado e campo limpo e, os menos férteis nas florestas estacionais e no campo rupestre. Isto
mostra que existe uma coincidência entre climas mais secos e solos mais férteis na área em estudo.
Também, observa-se que, de modo geral, quanto maior o valor de H e Al, menor o valor de V%. Esse
valor em V% diminui progressivamente na proporção que o solo fica mais profundo em quase todos os
ecossistemas.

Estudo realizado por Silva et al. (1981) próximo a Guiné, município de Mucugê (Pediplano Central),
indica um valor para saturação das bases de aproximadamente 27%, portanto mais elevado
comparado com os dados dos solos para esta mesma unidade geomorfológica deste estudo. A média
de valores para saturação em bases encontrada na área variou de 2,2 a 11%, dependendo da
localidade. Talvez uma das causas dessa diferença considerável sejam as precipitações que são
distintas. Na região de Guiné a precipitação é menor, ficando em torno de 600mm, enquanto na área
em estudo fica em torno de 800mm. Já um estudo dos solos litólicos álicos feito para um local próximo
à Barra da Estiva (Silva et al., 1981), mostra que a saturação em bases daquele solo foi de 7%,
estando de acordo com o valor encontrado na área de estudo, equivalente na serra do Sincorá (6,6%).

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A heterogeneidade fitofisionômica da região num espaço relativamente reduzido é consequência de


mudanças bruscas de fatores topográficos e litológicos, resultando em tipos de solos distintos e em
áreas diferenciadas quanto a precipitação e temperatura.

Os solos dos campos rupestres são muito rasos e muito ácidos, sendo os mais rasos e ácidos da
região, a ocorrência desta fitofisionomia parece estar relacionada principalmente ao tipo de solo litólico,
pouco profundo e à altitude acima de 1.000m.

A ocorrência das florestas estacionais semidecíduas está condicionada principalmente ao fator água,
seja por causa de uma precipitação acima de 1.000mm, ou então no caso dos capões de mata no
Pediplano Central, por causa da água no solo. Foi mostrado que os solos destas áreas são muito
ácidos e com baixa saturação em bases, ou seja, os solos são pobres quanto a fertilidade.

Os solos do campo sujo foram os mais pobres encontrados na região, enquanto os solos do campo
limpo e do campo cerrado são um pouco mais férteis e muito semelhantes quanto a composição
química.

Quanto a caatinga, os solos foram os que apresentaram as melhores condições de fertilidade, no


entanto, quanto as características físicas, são muito rasos e pedregosos. São os únicos solos da região
derivados de rochas magmáticas.
Os tipos ecotonais de vegetação, mata seca entre a caatinga e o cerrado e o carrasco, apresentam
solos pobres quanto a fertilidade.

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