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INFORMATIVO 1146 DO STF1

DIREITO CONSTITUCIONAL
Tese fixada: O art. 47 da Lei nº 6.880/80 (estatuto dos militares)
foi recepcionado pela Constituição Federal de 1988, sendo válidos, por
conseguinte, os incisos IV e V do art. 24 do Decreto nº 4.346/02, os quais
não implicam ofensa ao princípio da reserva legal.

1 Fonte https://tinyurl.com/369tt7mm
Art. 47. Os regulamentos disciplinares das Forças Armadas
especificarão e classificarão as contravenções ou transgressões
disciplinares e estabelecerão as normas relativas à amplitude e aplicação
das penas disciplinares, à classificação do comportamento militar e à
interposição de recursos contra as penas disciplinares.
§ 1º As penas disciplinares de impedimento, detenção ou prisão
não podem ultrapassar 30 (trinta) dias.
§ 2º À praça especial aplicam-se, também, as disposições
disciplinares previstas no regulamento do estabelecimento de ensino
onde estiver matriculada.

Resumo: São constitucionais — pois não violam o princípio da


reserva legal — normas do Decreto nº 4.346/2002 (Regulamento
Disciplinar do Exército) que enumeram as punições disciplinares
aplicáveis às transgressões disciplinares no âmbito militar.

Processo: RE 603.116/RS, julgado em 16.08.2024.

Inteiro Teor: Os crimes propriamente militares, cuja tipificação se


traduz em exercício do poder punitivo estatal a ser efetivado por meio
da Justiça Penal, submetem-se à reserva legal restrita (ou absoluta),
razão pela qual devem ser definidos em lei em sentido formal. Por outro
lado, as transgressões militares decorrem do exercício do poder
disciplinar da Administração Militar, cuja matéria se sujeita apenas ao
princípio da reserva legal relativa, de modo que a lei, ao descrever as
condutas das infrações disciplinares, pode deixar a cargo de atos
infralegais a estipulação dos detalhes segundo as peculiaridades dos
serviços.
Na espécie, o art. 47 da Lei nº 6.880/1980 (Estatuto dos Militares)
remete aos regulamentos disciplinares das Forças Armadas a
especificação e a classificação das transgressões, bem como a definição
da amplitude e da forma de aplicação das penalidades.
O Regulamento Disciplinar do Exército limita-se a reproduzir o
texto da referida lei e a classificar as espécies de sancionamento em
ordem crescente, motivo pelo qual há tão somente explicitação e
regulamentação de sanções já abrangidas por lei. Trata-se, portanto, de
legítimo exercício do poder normativo pelo Poder Executivo.
Ademais, conforme a jurisprudência desta Corte, as Forças
Armadas possuem características próprias que autorizam a previsão de
sanções mais gravosas mesmo para condutas que, se praticadas por um
civil, ordinariamente, não ensejariam reprovação ou imposição de
reprimenda.
Com base nesses e em outros entendimentos, o Plenário, por
unanimidade, ao apreciar o Tema 703 da repercussão geral, deu
provimento ao recurso para determinar o retorno dos autos à primeira
instância, a fim de que os demais fundamentos deduzidos na petição de
habeas corpus sejam examinados. Por fim, o Tribunal fixou a tese
anteriormente citada.
DIREITO CONSTITUCIONAL
Resumo: Encontram-se presentes os requisitos para a concessão
da medida cautelar, pois:
(i) há plausibilidade jurídica no que se refere à alegada inexistência
dos instrumentos de planejamento e inadequação de mecanismos de
controle das transferências especiais (“emendas Pix”); e
(ii) há perigo da demora na prestação jurisdicional,
consubstanciado no risco de dano ao erário e à ordem constitucional,
caso a realização das “emendas Pix” continue sem ferramentas e
procedimentos que assegurem a transparência e a rastreabilidade dos
dados (CF/1988, art. 163-A).
Processos: ADI 7.688 MC-Ref/DF, ADI 7.695 MC-Ref/DF e ADI 7.697
MC-Ref/DF julgados em 16.08.2024.

Inteiro Teor: A execução de emendas ao orçamento deve


obedecer a critérios técnicos de eficiência, transparência e
rastreabilidade, impedindo-se qualquer interpretação que confira
caráter absoluto à impositividade de emendas parlamentares. O Poder
Executivo tem o dever de averiguar, à luz dos requisitos técnicos
constantes no texto constitucional, nas normas legais e regulamentares,
a aptidão para a referida execução, de modo motivado e transparente.
Nesse contexto, revela-se incompatível com a ordem
constitucional a execução privada e secreta do orçamento público,
motivo pelo qual as emendas parlamentares impositivas não devem ficar
ao livre arbítrio ou sob a liberdade absoluta do autor da emenda.
Ademais, existe uma quantidade alta de emendas parlamentares
de execução impositiva nas normas orçamentárias já em vigor,
especialmente quando comparado com países membros da Organização
para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE).
Com base nesses e em outros entendimentos, o Plenário, por
unanimidade, em apreciação conjunta, referendou, conforme as
respectivas atas de julgamento, (i) a decisão que, entre outras
determinações, (a) obrigou, de forma prévia ao recebimento dos
recursos, a inserção (na plataforma eletrônica específica do Orçamento
da União) de planos de trabalho, objeto a ser executado, sua finalidade,
a estimativa de recursos para a execução e o prazo da execução, bem
como a classificação orçamentária da despesa, e (b) a plena incidência
dos controles externo e interno (CF/1988, arts 70, 71 e 74); (ii) a decisão
que admite, excepcionalmente, a continuidade da execução das
“emendas Pix” nas hipóteses de obras já em andamento e de calamidade
pública, caso observadas as condições específicas fixadas; e (iii) a decisão
que, além de outras medidas, sustou a execução de emendas impositivas
até que os Poderes Legislativo e Executivo, em diálogo institucional,
regulem os novos procedimentos, nos moldes dos fundamentos
decisórios.
DIREITO CONSTITUCIONAL
DIREITO AMBIENTAL
Resumo: É inconstitucional — por violar a competência privativa
da União para legislar sobre comércio exterior e interestadual (CF/1988,
art. 22, VIII) — lei estadual que prevê exceções à proibição da
comercialização de pneus usados importados.

Processo: ADI 3.801/RS, julgado em 16.08.2024.

Inteiro Teor: O arcabouço normativo federal, com o objetivo de


proteger a saúde humana, o meio ambiente e a vida animal e vegetal,
proíbe a importação de pneus usados. Ademais, não foi editada lei
complementar federal autorizadora para que o Estado do Rio Grande do
Sul legislasse sobre a matéria (CF/1988, art. 22, parágrafo único).
Na espécie, a lei estadual impugnada autoriza a importação da
simples carcaça de pneu usado e a de pneu reformado mediante
recauchutagem, remoldagem ou recapagem realizada no exterior, desde
que o importador comprove a coleta no território nacional e a
destruição, de forma ambientalmente adequada, de pneus usados
existentes no território brasileiro na proporção de um para um. Inexiste
qualquer particularidade apta a justificar a importação de pneus usados,
além de se verificar uma proteção insuficiente da tutela da vida humana
e do meio ambiente.
O texto constitucional impõe a todos os entes da Federação a
incumbência solidária para preservar o meio ambiente em cada um dos
seus aspectos, de modo que não podem se evadir da responsabilidade
de justificar a inércia em adotar as adequadas e necessárias medidas
protetivas.
Por fim, os princípios da prevenção e da precaução demandam o
afastamento de riscos e ameaças, bem como a adoção de mecanismos
de segurança e sustentabilidade em todas as ações humanas, no intuito
de proteger as gerações atuais e futuras contra danos passíveis de
previsão e contra riscos de danos cuja ocorrência ainda não é uma
certeza científica.
Com base nesses e em outros entendimentos, o Plenário, por
unanimidade, julgou procedente a ação para declarar a
inconstitucionalidade da Lei nº 12.114/2004, com as alterações
promovidas pela Lei nº 12.182/2004 e pela Lei nº 12.381/2005, todas do
Estado do Rio Grande do Sul.
DIREITO CONSTITUCIONAL
DIREITO DO CONSUMIDOR
Resumo: É constitucional — na medida em que representa norma
sobre direito do consumidor que visa à proteção dos clientes — lei
estadual que obriga as empresas prestadoras de serviços de internet
móvel e de banda larga na modalidade pós-paga a apresentarem, na
fatura mensal, informações sobre a entrega diária de velocidade de
recebimento e envio de dados pela rede mundial de computadores.

Processo: ADI 7.416/MS, julgado em 15.08.2024


Inteiro Teor: Compete privativamente à União legislar sobre
serviços de telecomunicações e definir a forma e o modo da exploração
desses serviços (CF/1988, arts. 21, XI, e 22, IV). Por outro lado, as normas
sobre direito do consumidor admitem regulamentação concorrente
pelos estados-membros (CF/1988, art. 24, V e VIII, §§ 1º e 2º).
A lei estadual impugnada não versa sobre matéria específica de
contratos de telecomunicações, pois não criou obrigações nem direitos
relacionados à execução contratual da concessão desses serviços e,
consequentemente, não compromete qualquer aspecto técnico ou
operacional dessas atividades (definidas pelas Leis nº 4.117/1962 e nº
9.472/1997). Ao contrário, ela buscou apenas ampliar os mecanismos de
transparência e de tutela da dignidade dos usuários, como legítimo
exercício da competência concorrente do estado para legislar sobre
direitos do consumidor, notadamente o direito à informação. Através
das informações exigidas pela norma, os consumidores possuem dados
úteis para verificar a qualidade do serviço à luz das condições contratuais
estabelecidas.
Ademais, a intervenção estatal no domínio econômico para defesa
do consumidor é legítima e tem fundamento no texto constitucional. Já
o princípio da livre iniciativa não pode ser invocado para afastar regras
de regulamentação do mercado e protetivas ao consumidor.
Com base nesses entendimentos, o Plenário, por maioria, julgou
improcedente a ação para assentar a constitucionalidade da Lei nº
5.885/2022 do Estado de Mato Grosso do Sul.
DIREITO CONSTITUCIONAL
DIREITO PROCESSUAL PENAL
DIREITO PENAL
Resumo: É inconstitucional — por usurpar a competência privativa
da União para legislar sobre direito penal e direito processual penal
(CF/1988, art. 22, I) — norma de decreto estadual que determina a
extinção da punibilidade pela prescrição quando não ocorrer, dentro do
prazo nela estabelecido, a instauração ou a conclusão do procedimento
destinado a apurar falta disciplinar no curso da execução da pena.

Processo: ADI 4.979/RS, julgado em 16.08.2024.


Inteiro Teor: A norma estadual impugnada versa sobre matéria de
natureza penal, na medida em que se encontra indissociavelmente
vinculada ao exercício da pretensão punitiva para a apuração de falta
disciplinar que interferirá na progressão do regime de execução da pena.
Conforme jurisprudência desta Corte, na ausência de norma
específica para regular a prescrição da infração disciplinar, deve-se
aplicar o disposto no art. 109, VI, do Código Penal, considerando-se o
menor lapso de tempo previsto, com a finalidade de preencher a lacuna
observada na Lei de Execução Penal (Lei nº 7.210/1984).
Com base nesse entendimento, o Plenário, por unanimidade,
julgou procedente a ação para declarar a inconstitucionalidade dos arts.
36, caput e parágrafo único, e 37, parágrafo único, ambos do Decreto nº
46.534/2009 do Estado do Rio Grande do Sul - Regimento Disciplinar
Penitenciário do Estado do Rio Grande do Sul.
DIREITO ADMINISTRATIVO
DIREITO PROCESSUAL PENAL
Resumo: São constitucionais e estão alinhados com as
padronizações internacionais os dispositivos do Código Brasileiro de
Aeronáutica (CBA/1986) que, em suma, dispõem sobre:
(i) a precedência da investigação do Sistema de Investigação e
Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Sipaer) no tocante ao acesso e à
guarda de itens de interesse (art. 88-C);
(ii) a previsão da comunicação à autoridade policial competente
dos indícios de crime que forem encontrados no curso de investigação
Sipaer (art. 88-D);
(iii) a vedação do uso da fonte Sipaer de “dados dos sistemas de
notificação voluntária de ocorrências”, bem assim das análises e das
conclusões da investigação Sipaer como provas em processos judiciais e
em procedimentos administrativos, restringindo o fornecimento deles
mediante requisição judicial (art. 88-I, § 2º);
(iv) a necessidade de decisão judicial para o uso das fontes Sipaer
como prova, nos casos permitidos pelo CBA/1986 (art. 88-K);
(v) a necessidade da autorização da autoridade de investigação
Sipaer para serem vasculhados ou removidos da aeronave acidentada,
seus destroços ou coisas por ela transportadas (art. 88-N); e
(vi) a necessidade da coordenação da aludida autoridade para ser
assegurado a outros órgãos o acesso à aeronave acidentada, aos seus
destroços e às coisas por ela transportadas, bem como da anuência dela
para a manipulação ou a retenção de quaisquer objetivos do acidente
(art. 88-P).
Processos: ADI 5.667/DF, julgado em 14.08.2024
DIREITO PROCESSUAL CIVIL
DIREITO CONSTITUCIONAL
Resumo: É compatível com a Constituição Federal de 1988 a norma
da Lei nº 5.478/1968 que dispensa a assistência de advogado na
audiência inicial do procedimento especial da ação de alimentos.

Processo: ADPF 591/DF, julgado em 16.08.2024.

Inteiro Teor: Esta Corte tem reconhecido, em situações


excepcionais, o caráter relativo da representação por advogado em
procedimentos especiais previstos em lei, com fundamento no acesso à
Justiça (CF/1988, art. 5º, XXXV) e para conferir celeridade a certos ritos
processuais. Nesse contexto, a instituição de um rito especial para a ação
de alimentos demonstra a necessidade de garantia do acesso à Justiça,
bem como de concretização do direito constitucional a alimentos, o qual
se ampara no princípio da dignidade da pessoa humana (CF/1988, art.
1º, III) e no direito à vida (CF/1988, art. 5º, caput).
A dispensabilidade do advogado no momento específico da inicial
da ação de alimentos é uma medida de natureza cautelar que visa
preservar a própria integridade do alimentando. É, também, uma etapa
prévia à constituição da lide, justificada na urgência da pretensão
deduzida, oportunidade em que não há partes em conflito. Ademais,
caso o credor compareça em juízo pessoalmente, sem indicar o
profissional que irá representá-lo, o próprio juiz designará, desde logo,
advogado para assisti-lo.
Com base nesses entendimentos, o Plenário, por maioria, julgou
improcedente a arguição ajuizada em face do art. 2º, caput e § 3º, da Lei
nº 5.478/1968.
DIREITO TRIBUTÁRIO
Resumo: É constitucional a concessão de isenção de ICMS na
aquisição de veículos por pessoas com deficiência, desde que haja
expressa autorização em convênio do Conselho Nacional de Política
Fazendária (CONFAZ), ainda que em momento posterior à edição da lei
estadual originária, devidamente alterada por uma nova legislação.

Processo: ADI 3.495/ES, julgado em 16.08.2024.

Inteiro Teor: Conforme jurisprudência desta Corte, a reserva de


iniciativa prevista no art. 165, II, da CF/1988, refere-se às diretrizes
orçamentárias e não se aplica a normas de direito tributário,
notadamente porque a aplicação do art. 61, § 1º, II, “b”, da CF/1988, diz
respeito às iniciativas privativas do chefe do Poder Executivo federal
exclusivamente no âmbito dos territórios federais.
Na espécie, a Lei Complementar nº 298/2004 do Estado do Espírito
Santo extrapolou o disposto no convênio do CONFAZ vigente à época de
sua edição (Convênio ICMS nº 77/2004), beneficiando contribuintes não
previstos neste normativo. No entanto, a legislação estadual atualmente
em vigor (Lei Complementar nº 684/2013 e Lei nº 10.864/2017, que
alteraram a Lei Complementar nº 298/2004, todas do Estado do Espírito
Santo), concedeu isenção de ICMS nos exatos termos em que autorizada
pelo Convênio ICMS nº 38/2012, abrangendo pessoas com deficiência
física, visual, mental severa ou profunda, ou autistas.
Nesse contexto, embora haja inegável continuidade normativa da
isenção de ICMS para pessoas com deficiência no âmbito estadual, a
alteração introduzida pela nova legislação estadual supre o vício de
inconstitucionalidade formal da lei originária. Assim, a isenção
atualmente em vigor encontra-se amparada por convênio firmado no
âmbito do CONFAZ e atende ao disposto no texto constitucional
(CF/1988, art. 155, § 2º, XII, “g”).
Ademais, a concessão de benefício fiscal para pessoas com
deficiência configura um instrumento de política pública, de natureza
constitucional, já reconhecido pelo STF e que tem como finalidade o
fortalecimento do processo de inclusão social dessas pessoas.
Com base nesses entendimentos, o Plenário, por unanimidade,
julgou improcedente a ação para assentar a constitucionalidade do
benefício fiscal previsto na Lei Complementar nº 298/2004, na redação
dada pela Lei nº 10.684/2017, ambas do Estado do Espírito Santo.
DIREITO TRIBUTÁRIO
DIREITO CONSTITUCIONAL
Resumo: É constitucional a incidência da substituição tributária e
do recolhimento do diferencial de alíquota de ICMS para as
microempresas e empresas de pequeno porte optantes pelo “Simples
Nacional”, na medida em que representa legítima opção político-
legislativa em submetê-las a procedimento diverso do recolhimento por
guia única (sistema de arrecadação unificada).

Processo: ADI 6.030/DF, julgado em 16.08.2024.


https://chat.whatsapp.com/LGLDMJoAKhS7pYQgxjVI6y

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