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Diagnóstico Imunológico da Doença de Chagas

O diagnóstico da Doença de Chagas é realizado por uma combinação de testes


parasitológicos, clínicos e sorológicos, sendo que os testes imunológicos são fundamentais
para confirmar a presença do Trypanosoma cruzi, especialmente nas fases aguda e crônica da
doença.

Fases da Doença e Diagnóstico Imunológico:

Fase Aguda:

● Parasitológico: O diagnóstico é baseado na identificação direta do parasita, que está


circulando no sangue, podendo ser visualizado em exames microscópicos.
● Exame de sangue: O parasita pode ser observado em esfregaços de sangue,
especialmente no início da infecção. A microscopia direta permite observar a forma
tripomastigota do parasita.
● Cultura do sangue: Pode ser usada para tentar isolar o T. cruzi.
● Reação de xenodiagnóstico: Técnica que envolve a infecção de insetos vetores
(barbeiros) com o sangue do paciente, permitindo observar o parasita no intestino do
vetor.
● Sorológico: A detecção de anticorpos IgM contra o T. cruzi é usada na fase aguda. Os
testes sorológicos podem ser realizados através de:

ELISA: Detecta anticorpos específicos produzidos contra o parasita.

Imunofluorescência Indireta (IFI): Técnica que usa anticorpos fluorescentes para detectar a
presença de anticorpos anti-T. cruzi no soro do paciente.

Hemaglutinação Indireta (HAI): Teste sorológico utilizado para a detecção de anticorpos.

Fase Crônica:

● Sorológico: A maioria dos casos crônicos não tem parasitas circulando em níveis
detectáveis no sangue. Portanto, o diagnóstico sorológico torna-se fundamental.
● ELISA (Enzyme-Linked Immunosorbent Assay): Esse é o teste mais utilizado para
detectar anticorpos IgG. O ELISA é altamente sensível e específico, sendo utilizado
para detectar a presença de anticorpos contra o T. cruzi.
● HAI (Hemaglutinação Indireta): Esse teste sorológico também pode ser utilizado para
detectar anticorpos IgG e avaliar a resposta imunológica do paciente.
● IFI (Imunofluorescência Indireta): Utiliza antígenos do T. cruzi em combinação com
anticorpos fluorescentes para verificar a presença de anticorpos específicos. É uma
técnica sensível, mas menos utilizada em larga escala.

Testes Sorológicos Detalhados:


ELISA (Enzyme-Linked Immunosorbent Assay): O ELISA é um dos métodos mais utilizados
para o diagnóstico da Doença de Chagas, tanto na fase aguda quanto na crônica. Esse teste
pode ser dividido em:

● ELISA Indireto: Detecta anticorpos específicos contra o T. cruzi no soro do paciente.


Quando a amostra de soro do paciente é incubada com antígenos do T. cruzi, a
presença de anticorpos provoca uma reação enzimática visível, geralmente colorida.
● ELISA Direto (ou Sanduíche): Detecta diretamente os antígenos do T. cruzi no soro
do paciente. Anticorpos ou antigênicos específicos fixados em uma superfície
capturam o antígeno presente na amostra.
● ELISA de Competição: A amostra do paciente compete com um antígeno marcado
para se ligar a um anticorpo específico. O resultado é visualizado com uma reação de
cor, sendo usada para distinguir entre infecção ativa e reações cruzadas.

HAI (Hemaglutinação Indireta): E Hemaglutinação Indireta é um teste sorológico que utiliza


hemácias sensibilizadas com antígenos do T. cruzi. Quando anticorpos anti-T. cruzi estão
presentes na amostra, ocorre a aglutinação das hemácias, indicando um resultado positivo. A
leitura da aglutinação pode ser qualitativa ou quantitativa. Na forma quantitativa, diferentes
diluições de soro são feitas para determinar o título de anticorpos (última diluição que ainda
apresenta aglutinação).

● Leitura Qualitativa: A presença de aglutinação indica um resultado positivo, enquanto


a ausência de aglutinação indica um resultado negativo.
● Leitura Quantitativa: O título da amostra é determinado pela diluição máxima que
ainda gera aglutinação.

IFI (Imunofluorescência Indireta): A Imunofluorescência Indireta (IFI) é usada para detectar


anticorpos IgG contra o T. cruzi no soro. Neste teste, o soro do paciente é incubado com
antígenos do parasita fixados em lâminas de vidro, e os anticorpos ligados ao antígeno são
visualizados sob fluorescência quando o anticorpo é conjugado com um marcador
fluorescente. Esse método é altamente específico e pode ser usado como um teste
confirmatório.

Testes Moleculares:

Embora os testes sorológicos sejam os mais comuns, os testes moleculares, como a PCR
(Reação em Cadeia da Polimerase), também podem ser usados para o diagnóstico da Doença
de Chagas, especialmente na fase aguda, quando o parasita está circulando no sangue. A PCR
pode detectar o DNA do T. cruzi diretamente no sangue do paciente, sendo uma ferramenta
útil para a detecção precoce da infecção.

Diagnóstico Diferencial:

É importante que o diagnóstico da Doença de Chagas seja confirmado com mais de um teste,
pois existem doenças que podem causar resultados falsos positivos nos testes sorológicos. O
diagnóstico diferencial deve ser feito com base em:
● Reações cruzadas com outras infecções (como leishmaniose, doença de Lyme ou
doenças autoimunes).
● Histórico epidemiológico do paciente (informações sobre exposição a áreas
endêmicas e possíveis formas de transmissão).
● Avaliação clínica dos sintomas do paciente.

Interpretação dos Resultados:

Resultados Positivos:

○ Fase Aguda: Resultados positivos para anticorpos IgM indicam infecção


recente, podendo ser confirmados por testes parasitológicos diretos.
○ Fase Crônica: A presença de anticorpos IgG é um indicativo de infecção
crônica, mesmo na ausência de parasitas circulantes. O teste pode indicar
infecção ativa ou resposta imune residual, dependendo do nível de anticorpos.

Resultados Indeterminados:

○ Em casos de resultados indeterminados, pode ser necessário repetir o teste ou


usar outro método (por exemplo, ELISA com diferentes antígenos ou outros
testes sorológicos como HAI ou IFI). A titulação quantitativa pode ser útil
para verificar se a infecção está ativa ou latente.

Resultados Falsos Positivos:

○ Resultados falsos positivos podem ocorrer devido a reações cruzadas com


outras doenças infecciosas ou condições autoimunes. A combinação de testes
sorológicos e a análise clínica ajudam a minimizar esse risco.

Tratamento e Monitoramento:

Após a confirmação do diagnóstico, o tratamento da Doença de Chagas é iniciado, com


benznidazol ou nifurtimox sendo os medicamentos mais utilizados, especialmente na fase
aguda. Na fase crônica, o tratamento pode ser mais difícil e focado no controle das
complicações cardíacas e gastrointestinais, como cardiomiopatias e megacólon.

O monitoramento regular é essencial, especialmente na fase crônica, para detectar possíveis


complicações e ajustar o tratamento de acordo com a evolução da doença.

Conclusão:

O diagnóstico imunológico da Doença de Chagas é um processo complexo que envolve a


combinação de métodos sorológicos, parasitológicos e, quando necessário, moleculares. A
utilização de testes como ELISA, HAI e IFI fornece uma alta taxa de sensibilidade e
especificidade para a detecção da infecção, sendo cruciais para o manejo da doença,
especialmente em sua fase crônica, onde o parasita não é mais facilmente detectável no
sangue. O diagnóstico precoce e a confirmação do diagnóstico com múltiplos métodos são
essenciais para a eficácia do tratamento e prevenção de complicações graves.

O que é o Cut-off?

O cut-off é o ponto de corte, ou limite, usado para diferenciar entre uma amostra positiva ou
negativa para o patógeno (ou anticorpos contra ele). O cut-off é baseado em dados de testes
realizados em amostras de controle, e pode ser determinado a partir da média dos resultados
de uma população saudável ou não infectada.

Fórmula do Cut-off= Cnx + 0,300 DP (desvio padrão média).

Cnx → média de leitura dos controles negativos.

Reagente → resultado do Cut-off + 10%.

Não reagente → resultado do Cut-off - 10%.

Zona indeterminada → o meio que é mais próximo do resultado do Cut-off.

Cálculo do Cut-off:

● O cálculo do cut-off pode ser baseado em diferentes abordagens estatísticas, mas uma
das mais comuns é a média + 3 desvios padrão (DP) dos resultados de uma população
saudável ou de controle.
● Em alguns casos, 10% acima ou abaixo da média de um grupo de controle pode ser
utilizado para definir o cut-off, dependendo do teste e dos parâmetros do fabricante.

Exemplo de Cálculo do Cut-off:

Vamos supor que você tenha feito um teste ELISA para detectar anticorpos contra o
Trypanosoma cruzi (parasita causador da Doença de Chagas) e obteve uma média de 0,300 na
amostra de controle (sem anticorpos presentes) com um desvio padrão (DP) de 0,010. O
cálculo seria:

● Cut-off = Média + 3 DP
● Cut-off = 0,300 + (3 * 0,010)
● Cut-off = 0,300 + 0,030 = 0,330

Isso significa que qualquer amostra com absorbância superior a 0,330 seria considerada
positiva para anticorpos contra o Trypanosoma cruzi, e uma amostra abaixo desse valor seria
negativa.

Interpretação:
● Positiva: Se a amostra tiver uma absorvância maior que o cut-off (por exemplo,
0,350), ela será positiva para a doença, indicando que o paciente tem anticorpos
contra o Trypanosoma cruzi.
● Negativa: Se a amostra tiver uma absorbância menor que o cut-off (por exemplo,
0,290), o paciente provavelmente não tem a infecção ou a quantidade de anticorpos é
muito baixa para ser detectada.
● Zona de indeterminação: Valores que ficam muito próximos ao cut-off, como 0,320
ou 0,340, podem ser classificados como "indeterminados", o que significa que o teste
precisa ser repetido ou mais testes devem ser feitos para confirmação.

Considerações Importantes:

● Fatores que afetam o Cut-off: O cut-off pode ser influenciado por vários fatores, como
a qualidade dos reagentes, a variabilidade técnica do laboratório e características do
próprio paciente (como fase da doença ou características imunológicas).
● Testes de Confirmação: Quando os resultados ficam na zona de indeterminação, é
comum realizar testes adicionais (como HAI ou IFI) para confirmação. Além disso, a
combinação de métodos (ELISA + HAI, por exemplo) aumenta a precisão do
diagnóstico.

Exemplo prático com valores de cut-off:

Imaginemos que você fez o cálculo do cut-off para um teste ELISA e obteve 0,330. Agora, ao
testar uma amostra, você tem a seguinte leitura de absorbância:

● Amostra A: 0,350 → Resultado positivo.


● Amostra B: 0,310 → Resultado negativo.
● Amostra C: 0,330 → Resultado indeterminado (zona de corte, precisa de repetição).

HIV x AIDS: Definição e Distinção

HIV (Vírus da Imunodeficiência Humana) é o agente infeccioso responsável pela destruição


progressiva do sistema imunológico. O HIV ataca especialmente os linfócitos T CD4+,
células essenciais para a defesa imunológica do organismo. Quando essas células são
destruídas em grande número, o indivíduo fica vulnerável a infecções oportunistas e doenças
associadas à imunossupressão.

AIDS (Síndrome da Imunodeficiência Adquirida) é o estágio final da infecção pelo HIV,


quando o sistema imunológico está severamente comprometido, e o paciente é suscetível a
infecções graves, como tuberculose, candidíase, pneumocistose, entre outras, além de alguns
tipos de câncer, como o linfoma.

Estrutura e Tipos de HIV:


O HIV é um retrovírus, o que significa que possui um RNA como material genético. Ao ser
infectada, a célula hospedeira utiliza a enzima transcriptase reversa para transformar esse
RNA em DNA viral, o que permite que o vírus se integre ao genoma da célula.

Estrutura do HIV:

● Núcleo: Contém duas cópias de RNA de cadeia simples, que representam o material
genético viral.
● Capsídeo: Camada proteica que envolve o RNA.
● Envelope lipídico: Formado pela membrana da célula hospedeira, contendo proteínas
virais importantes, como gp120 e gp41, que são essenciais para a entrada do vírus na
célula.
● HIV-1 é o tipo de HIV mais comum e prevalente no mundo todo.

HIV-2 é mais prevalente na África Ocidental, e sua progressão clínica é mais lenta, além de
produzir uma carga viral mais baixa. A evolução da infecção por HIV-2 tende a ser mais
branda, em comparação com a infecção por HIV-1.

Subtipos do HIV:

● HIV-1 é dividido em grupos (M, N, O, P), sendo o grupo M o mais prevalente e


responsável pela maior parte das infecções ao redor do mundo.
● O grupo M é subdividido em subtipos (A, B, C, D, E, F, G, H, J, K), sendo o subtipo
B o mais prevalente no Brasil.
● Esses subtipos e grupos são definidos por variações genéticas, o que pode influenciar
a resposta imune e a eficácia dos tratamentos.

Diagnóstico Imunológico: O Papel das Antibodies e Antígenos

O diagnóstico imunológico baseia-se na detecção de anticorpos contra o HIV ou de antígenos


virais (como o p24, que é uma proteína do capsídeo do HIV). Dependendo do momento da
infecção, os testes podem identificar diferentes marcadores.

Fases da infecção e resposta imunológica:



● Fase Eclipse (10 primeiros dias): O vírus está presente no organismo, mas os testes
ainda não conseguem detectar o RNA viral nem os anticorpos, pois eles ainda não
foram produzidos.
● Fase Aguda (21 a 28 dias após a infecção): O vírus começa a se replicar ativamente e
os anticorpos IgM são os primeiros a serem produzidos, seguidos pela produção de
IgG (que caracteriza a infecção crônica).
● A detecção de IgM e IgG serve como uma marca para distinguir entre a infecção
aguda e crônica.
Testes Diagnósticos Imunológicos:

A escolha do teste depende da fase da infecção e da sensibilidade do teste. Existem vários


tipos de testes, incluindo testes rápidos, ELISA e Western Blot.

Testes Rápidos:

São imunoensaios simples realizados com amostras de sangue (geralmente por punção
digital) ou fluido oral. A principal vantagem é o tempo rápido de resultado, que pode ser de
até 30 minutos.
O teste de imunocromatografia de fluxo lateral é uma das tecnologias mais utilizadas. Esses
testes têm baixo custo e aumentam o acesso ao diagnóstico, principalmente em áreas de
difícil acesso.

ELISA (Ensaio Imunoenzimático):

O teste ELISA foi uma das primeiras formas de detecção do HIV. Com o tempo, evoluiu para
detectar diferentes tipos de anticorpos e antígenos.

● 1ª Geração (1985): Detectava IgG, com uma janela de soroconversão de 6 a 8


semanas. Ou seja, esse teste só era positivo após esse tempo.
● 2ª Geração (1987): Utiliza antígenos recombinantes (produzidos em laboratório), o
que aumentou a sensibilidade do teste. Detecta IgG com uma janela de soroconversão
de 25 a 35 dias.
● 3ª Geração (1994): Detecta tanto IgG quanto IgM, utilizando uma técnica de
sandwich ELISA (onde os anticorpos ou antígenos ficam "presos" entre duas camadas
de anticorpos). A janela de soroconversão é de 20 a 30 dias.
● 4ª Geração (2013): Este é o teste mais atual, e detecta IgM, IgG e o antígeno p24. A
detecção do antígeno p24 permite a identificação precoce da infecção, com uma
janela de soroconversão reduzida para 15 dias.

Western Blot:

O Western Blot é considerado um teste confirmatório, utilizado para detectar proteínas


específicas do HIV após a realização de um teste imunológico preliminar, como o ELISA.
O processo envolve várias etapas técnicas complexas:

● Extração de proteínas: Proteínas do HIV são extraídas de uma amostra de sangue.


● Fracionamento: As proteínas são separadas por eletroforese em gel, de acordo com o
seu peso molecular.
● Transferência para membrana: As proteínas separadas são transferidas para uma
membrana de nitrocelulose ou PVDF (fluoreto de polivinilideno), criando uma réplica
exata da separação realizada no gel.
● Bloqueio: Para evitar que os anticorpos se liguem a locais não específicos na
membrana, usa-se uma solução de bloqueio, geralmente contendo albumina.
● Detecção: Anticorpos específicos para as proteínas do HIV são aplicados. Quando
esses anticorpos se ligam à proteína, uma reação enzimática ocorre, gerando um sinal
visível, como uma mudança de cor, que indica a presença da proteína do HIV.

No Western Blotting, a presença das proteínas gp120, gp41 (do envelope viral) e p24 (do
capsídeo viral) confirma a infecção pelo HIV. A combinação de proteínas do envelope e do
capsídeo é considerada um critério diagnóstico reagente, de acordo com os protocolos de
confirmação para HIV.

Testes Moleculares (PCR):

PCR (Reação em Cadeia da Polimerase) é uma técnica altamente sensível e precisa para
detectar o material genético do HIV (RNA ou DNA), mesmo antes da produção de
anticorpos. A vantagem do PCR é sua capacidade de detectar o HIV em fases muito precoces
da infecção, antes de a resposta imunológica ser desencadeada.

Diagnóstico e Monitoramento Pós-Infecção:

Carga viral: Após a confirmação da infecção, todos os indivíduos recém-diagnosticados


devem realizar o teste de carga viral, que mede a quantidade de RNA viral no sangue. Esse
exame é fundamental para:
● Monitorar a replicação viral.
● Avaliar a eficácia do tratamento antirretroviral (TAR).
● Determinar a necessidade de ajustes terapêuticos.

Testes de resistência: É importante realizar testes de resistência aos medicamentos,


especialmente se houver falha no tratamento ou resistência a determinados antirretrovirais.

Teste PrEP:

O PrEP (profilaxia pré-exposição ao HIV) é um tratamento preventivo para pessoas com alto
risco de contrair o HIV. Consiste no uso de medicamentos para reduzir a chance de infecção.
Se você está se referindo aos testes relacionados ao PrEP, aqui está um resumo:

Testes antes de começar o PrEP:

● A pessoa precisa ser testada para HIV antes de iniciar o PrEP para garantir que esteja
HIV-negativa. Isso é importante porque o PrEP não é recomendado para pessoas que
já são HIV-positivas.
● Também são realizados testes de função renal e hepática, além de exames para
infecções sexualmente transmissíveis (ISTs), para garantir que a pessoa esteja
saudável o suficiente para começar o tratamento.

Testes durante o uso do PrEP:

Após iniciar o PrEP, são necessários testes regulares a cada 3 meses, que incluem:

● Teste de HIV para garantir que a pessoa permaneça HIV-negativa.


● Exames de função renal para monitorar possíveis efeitos colaterais do medicamento.
● Exames para ISTs, pois pessoas em uso de PrEP podem ter um risco maior de contrair
outras infecções.
● Testes de gravidez para pessoas que podem engravidar.

Eficácia e Adesão ao Tratamento:

● Os testes regulares ajudam a garantir que a pessoa está seguindo corretamente o


regime de PrEP e que o medicamento continua sendo eficaz.
● Além disso, os exames ajudam a identificar quaisquer problemas de saúde
precocemente, permitindo o tratamento adequado.

A PrEP é uma estratégia preventiva que utiliza medicamentos antirretrovirais em pessoas


soronegativas, mas com maior risco de exposição ao HIV, para reduzir significativamente o
risco de infecção. Não é uma vacina, não substitui o uso de preservativos e é utilizada antes
da exposição.

Conclusão:

O diagnóstico precoce do HIV é fundamental para iniciar o tratamento antirretroviral o


quanto antes. Isso pode prevenir a progressão para a AIDS, melhorar a qualidade de vida do
paciente e reduzir a transmissão do HIV para outras pessoas.
A evolução dos métodos de diagnóstico, como os testes rápidos e as tecnologias moleculares,
ajudou a aumentar a precisão, rapidez e acessibilidade ao diagnóstico de HIV, especialmente
em populações vulneráveis e áreas de difícil acesso.

Hepatite: Definição e Causas

Hepatite é a inflamação do fígado, que pode ser causada por diversos agentes, como:

● Vírus: A causa mais comum, levando a diferentes tipos de hepatite viral.


● Substâncias tóxicas: Como o álcool e drogas que afetam diretamente as células do
fígado.
● Doenças autoimunes: O sistema imunológico ataca as células hepáticas, levando à
inflamação.
Hepatites Virais: Características Gerais

As hepatites virais são infecções que afetam especificamente as células do fígado, resultando
em uma resposta inflamatória. Dependendo do tipo de vírus, a infecção pode ter diferentes
evoluções:

● Infecção autolimitada, com recuperação completa.


● Infecção crônica, que pode levar a complicações graves a longo prazo, como cirrose
hepática e câncer de fígado.

As principais hepatites virais são causadas por cinco vírus:

1. Hepatite A (HAV)
2. Hepatite B (HBV)
3. Hepatite C (HCV)
4. Hepatite D (HDV)
5. Hepatite E (HEV)

Características de Cada Tipo de Hepatite Viral:

Hepatite A (HAV):

● Transmissão: Via fecal-oral, principalmente em ambientes com saneamento


inadequado.
● Evolução: Geralmente autolimitada, raramente evolui para complicações crônicas.
● Sintomas: Icterícia, cansaço, náuseas, febre baixa, dor abdominal.
● Profilaxia:
○ Vacinação eficaz (disponível no SUS para crianças de 15 meses a 4 anos).
○ Medidas de higiene e saneamento básico.
● Recuperação: Normalmente completa, sem sequelas permanentes.

Hepatite B (HBV):

● Transmissão: Por fluidos corporais (sangue, sêmen, secreções vaginais), através de


transfusões de sangue, compartilhamento de agulhas, e transmissão vertical (de mãe
para filho durante o parto).
● Evolução: Pode ser aguda ou crônica, com risco de cirrose e câncer hepático
(carcinoma hepatocelular).
● Sintomas: Icterícia, dor abdominal, mal-estar, cansaço, perda de apetite.
● Profilaxia:
○ Vacinação disponível e amplamente recomendada (parte do calendário
nacional de vacinação).
○ Práticas seguras de sexo e uso de materiais descartáveis em procedimentos
médicos.
○ Triagem rigorosa de doadores de sangue.
● Tratamento: Antivirais disponíveis para controle da infecção crônica.
Hepatite C (HCV):

● Transmissão: Principalmente por contato com sangue contaminado


(compartilhamento de agulhas por usuários de drogas injetáveis, transfusões de
sangue não testadas).
● Evolução: Em muitos casos, a infecção se torna crônica e pode levar a complicações
graves, como cirrose e câncer de fígado.
● Sintomas: Muitas vezes assintomática nas fases iniciais, mas pode evoluir para
sintomas de hepatite aguda (icterícia, dor no fígado).
● Profilaxia: Não há vacina disponível.
○ Prevenção: Evitar o compartilhamento de agulhas, controle de doações de
sangue, medidas de proteção nos ambientes médicos.
● Tratamento: A terapia antiviral eficaz disponível, com alta taxa de cura nos
tratamentos mais recentes.

Hepatite D (HDV):

● Transmissão: Só ocorre em pessoas já infectadas pelo HBV, pois o vírus D precisa do


HBV para se replicar.
● Evolução: Pode causar uma forma mais agressiva de hepatite, com risco de cirrose e
insuficiência hepática.
● Sintomas: Semelhantes à hepatite B, mas mais intensos.
● Profilaxia:
○ A vacinação contra a hepatite B também previne a infecção pelo HDV, já que
o HDV depende do HBV para replicação.
○ Práticas de higiene e controle de fluídos corporais.
● Tratamento: O tratamento é principalmente para a hepatite B, mas pode envolver
antivirais para o HDV.

Hepatite E (HEV):

● Transmissão: Também via fecal-oral, como o HAV, e é mais comum em áreas com
saneamento precário.
● Evolução: Na maioria dos casos, é autolimitada, mas pode ser grave em gestantes.
● Sintomas: Icterícia, cansaço, febre baixa, dor abdominal.
● Profilaxia:
○ Vacinação disponível em alguns países (não no Brasil).
○ Medidas de controle sanitário e higiene.
● Tratamento: Não há tratamento antiviral específico, a recuperação é principalmente de
suporte.

Fases da Hepatite Aguda:

A hepatite aguda pode ser dividida em três fases principais:


1. Fase Pré-ictérica (Início da infecção até o surgimento da icterícia):
○ Sintomas iniciais: Febre baixa, náuseas, vômitos, cansaço, perda de apetite,
dor abdominal, diarreia, dores musculares.
○ Sinais adicionais: Urticária, dor nas articulações, erupções cutâneas.
2. Fase Ictérica (Aparecimento de icterícia):
○ Icterícia visível (coloração amarelada da pele e olhos).
○ Hepatomegalia (aumento do fígado) e, às vezes, esplenomegalia (aumento do
baço).
○ Sintomas iniciais, como febre e náuseas, podem diminuir, mas o fígado ainda
está inflamado.
3. Fase de Convalescença (Recuperação):
○ Desaparecimento da icterícia e de muitos sintomas, mas o paciente ainda pode
apresentar fadiga e fraqueza por semanas ou até meses após a infecção.

Risco de Cronificação

● O risco de cronificação varia entre os tipos de hepatite:


○ Hepatite B: 90% de chance de cronificação em bebês; 10% em adultos.
○ Hepatite C: Entre 60% a 90% de chance de cronificação, sendo mais comum
em homens e pessoas com idade acima de 40 anos.
○ Hepatite D: 70% de chance de cronificação nas superinfecções (HBV +
HDV), e 5% nas coinfecções (infecção simultânea por HBV e HDV).

Diagnóstico Imunológico das Hepatites Virais:

O diagnóstico imunológico é crucial para identificar o tipo de hepatite, seu estágio (aguda ou
crônica) e a presença de imunidade. Isso é feito por meio de marcadores sorológicos e testes
moleculares (como PCR).

Hepatite A (HAV):

● Anti-HAV IgM: Indica infecção aguda.


● Anti-HAV IgG: Indica infecção prévia ou imunidade.

Hepatite B (HBV):

● HBsAg: Antígeno de superfície do HBV, indica infecção ativa.


● Anti-HBc IgM: Indica infecção aguda.
● Anti-HBc total: Indica infecção prévia ou crônica.
● Anti-HBs: Indica imunidade (por vacinação ou infecção curada).
● HBeAg e Anti-HBe: Avaliam a replicação viral e o risco de transmissão.

Hepatite C (HCV):
● Anti-HCV: Indicador de infecção (aguda, crônica ou curada).
● RNA do HCV por PCR: Confirma infecção ativa e é usado para monitorar a carga
viral.

Hepatite D (HDV):

● Anti-HDV IgM: Indicativo de infecção aguda.


● Anti-HDV IgG: Indica infecção prévia ou crônica.
● A presença de HBsAg confirma infecção pelo HBV e, em caso de coinfecção ou
superinfecção, também pelo HDV.

Hepatite E (HEV):

● Anti-HEV IgM: Indica infecção aguda.


● Anti-HEV IgG: Indica infecção prévia ou crônica.

Conclusão

● Diagnóstico precoce e preciso das hepatites virais é essencial para prevenir


complicações graves, como cirrose e câncer hepático.
● O uso de testes imunológicos (como ELISA e PCR) permite detectar infecções virais,
monitorar sua evolução e indicar tratamentos adequados.
● Vacinação contra hepatite A e B é uma medida preventiva eficaz, enquanto para
hepatite C e D, o foco é na prevenção por práticas seguras (como não compartilhar
agulhas e uso seguro de sangue).
● O diagnóstico e tratamento eficaz no SUS seguem protocolos rigorosos, garantindo o
manejo adequado dos pacientes.

Resumo:

● Hepatite A: Prevenível por vacina.


● Hepatite B: Prevenível por vacina, que também confere proteção cruzada parcial
contra a hepatite D, já que esta depende da infecção pelo vírus da hepatite B (HBV).

Por outro lado:

● Hepatite C: Ainda não possui vacina disponível, sendo a prevenção baseada em


medidas de segurança, como evitar contato com sangue contaminado e práticas de
risco.
● Hepatite E: Existe uma vacina disponível em alguns países, mas não é amplamente
distribuída globalmente.
Hipersensibilidade Imunológica

Hipersensibilidade é uma resposta imunológica exagerada que causa dano aos tecidos.
Existem quatro tipos principais de hipersensibilidade, classificados conforme o mecanismo
imunológico envolvido.

Tipo I - Hipersensibilidade Imunológica Imediata (IgE-mediada)

● Mecanismo: A hipersensibilidade do tipo I é mediada por IgE (imunoglobulina E).


Quando um indivíduo previamente sensibilizado entra em contato com um alérgeno, o
IgE se liga a mastócitos e basófilos, desencadeando a liberação de mediadores
inflamatórios como histamina, leucotrienos e prostaglandinas.
● Exemplos: Alergias respiratórias (asma, rinite alérgica), alimentos (alergia a
amendoim, leite), picadas de insetos, anafilaxia.
● Sintomas: Coceira, urticária, rinite, dificuldade respiratória (asma), anafilaxia
(choque, dificuldade respiratória grave).
● Testes diagnósticos:
○ Prick Test: Aplicação de pequenas quantidades de alérgenos na pele e
observação de reações imediatas (vermelhidão, inchaço). Ideal para alergias
respiratórias e alimentares.
○ ImmunoCAP: Teste de laboratório que mede níveis de IgE específica para
uma gama de alérgenos (como pólen, ácaros, alimentos). Mais preciso que o
antigo RAST (RadioAllergoSorbent Test).
○ Teste de IgE total: Para medir a quantidade total de IgE no sangue, útil para o
diagnóstico inicial, embora não seja específico.

Tipo II - Hipersensibilidade Imunológica Mediadas por Anticorpos (Citotóxica)

● Mecanismo: Neste tipo de hipersensibilidade, anticorpos IgG ou IgM se ligam a


antígenos presentes na superfície celular. Isso pode induzir opsonização, que é a
marcação das células para destruição pelo sistema de complemento ou células
citotóxicas (como células NK). A ativação do sistema complemento leva à lise das
células-alvo.
● Exemplos: Anemia hemolítica autoimune, miastenia grave, doença hemolítica do
recém-nascido (RH), algumas formas de rejeição de transplante.
● Sintomas: Dependem do tecido-alvo, podendo incluir fraqueza muscular (miastenia
grave), icterícia (anemia hemolítica), ou insuficiência renal (doença hemolítica
neonatal).
● Testes diagnósticos:
○ Teste de Coombs Direto: Detecta anticorpos ligados às células sanguíneas do
paciente, usado no diagnóstico de anemia hemolítica autoimune.
○ Teste de Coombs Indireto: Identifica anticorpos circulantes no plasma contra
os glóbulos vermelhos, frequentemente utilizado em transfusões ou gravidez.
○ Testes de anticorpos específicos: Como no caso da miastenia grave, que é
diagnosticada com anticorpos anti-receptor de acetilcolina.

Tipo III - Hipersensibilidade Imunológica Mediadas por Imunocomplexos

● Mecanismo: A formação de imunocomplexos (complexos antígeno-anticorpo) pode


ocorrer quando há excessiva produção de anticorpos contra um antígeno. Esses
complexos se depositam em órgãos e tecidos, ativando o sistema complemento e
levando a uma resposta inflamatória crônica, o que pode causar danos teciduais.
● Exemplos: Lúpus eritematoso sistêmico (LES), artrite reumatoide, vasculite,
glomerulonefrite.
● Sintomas: Depende do órgão afetado, como lesões cutâneas, artrite, comprometimento
renal (glomerulonefrite), e outros sinais de inflamação sistêmica.
● Testes diagnósticos:
○ FAN (Fator Antinuclear): Teste usado para detectar autoanticorpos contra
componentes nucleares das células. É sensível, mas não específico, com
resultados positivos em várias doenças autoimunes.
○ Anticorpos Anti-DNA de Cadeia Dupla (dsDNA): Usado para confirmar o
diagnóstico de Lúpus Eritematoso Sistêmico (LES), altamente específico.
○ Complemento C3 e C4: Níveis reduzidos de C3 e C4 podem indicar ativação
do sistema complemento, comumente observado em doenças como o lúpus.

Tipo IV - Hipersensibilidade Imunológica Tardia (Mediada por Células T)

● Mecanismo: A hipersensibilidade tipo IV é mediada por células T. Essas células T


ativadas liberam citocinas que recrutam e ativam outras células do sistema
imunológico, como macrófagos, para a área afetada. Essa resposta inflamatória pode
levar a danos celulares.
● Exemplos: Dermatite de contato, reação ao teste tuberculínico (PPD), doenças
inflamatórias intestinais (Doença de Crohn, colite ulcerativa).
● Sintomas: Vermelhidão e inchaço local, erupções cutâneas (dermatite de contato),
reações de hipersensibilidade pulmonar (como no teste tuberculínico).
● Testes diagnósticos:
○ Teste tuberculínico (PPD): Utilizado para testar a resposta imunológica à
infecção por Mycobacterium tuberculosis.
○ Patch Test: Para diagnosticar alergias de contato (a produtos como cosméticos,
metais, ou produtos químicos), onde pequenos alérgenos são aplicados
diretamente na pele e observados após 48 horas.

Doenças Autoimunes

Doenças autoimunes ocorrem quando o sistema imunológico ataca os próprios tecidos do


corpo. As células do sistema imunológico falham em distinguir o "próprio" do "não-próprio",
levando à produção de autoanticorpos.
Principais Doenças Autoimunes:

● Lúpus Eritematoso Sistêmico (LES): Caracterizado por lesões cutâneas, artrite,


nefropatia e envolvimento de múltiplos órgãos. A presença de anticorpos anti-DNA e
anticorpos anti-Sm são altamente sugestivas de LES.
● Artrite Reumatoide: Acomete principalmente as articulações periféricas, com
deformidades progressivas. Fator Reumatoide (FR) e anticorpos anti-CCP
(anti-peptídeos citrulinados cíclicos) são os principais biomarcadores.
● Esclerose Sistêmica (Esclerodermia): Caracterizada por fibrose e endurecimento da
pele e órgãos internos. Anticorpos anti-Scl-70 e anticorpos anti-centromero são
comuns.
● Miastenia Grave: A doença compromete a transmissão neuromuscular, levando à
fraqueza muscular. Os anticorpos anti-receptor de acetilcolina são diagnosticamente
relevantes.
● Diabetes Tipo 1: Uma doença autoimune em que as células beta do pâncreas são
destruídas. Anticorpos anti-ICA (ilhas de Langerhans) e anti-GAD (ácido glutâmico
descarboxilase) são usados no diagnóstico.

Testes Diagnósticos para Doenças Autoimunes:

● FAN (Fator Antinuclear): Teste de triagem que detecta autoanticorpos dirigidos contra
componentes nucleares das células. Pode ser positivo em diversas doenças
autoimunes.
● Anticorpos específicos:
○ Anti-dsDNA: Específico para o Lúpus Eritematoso Sistêmico.
○ Anti-CCP: Para a Artrite Reumatoide.
○ Anti-Scl-70: Indicativo de Esclerose Sistêmica.
● Complemento C3 e C4: Níveis baixos são encontrados em várias doenças autoimunes,
especialmente em Lúpus e Vasculites.

Testes Diagnósticos no Diagnóstico Imunológico

Os testes imunológicos desempenham papel fundamental no diagnóstico de alergias e


doenças autoimunes.

RAST (RadioAllergoSorbent Test)

● Descrição: Teste antigo para detectar IgE específica para alérgenos no sangue.
Atualmente, foi substituído por métodos mais modernos, como o ImmunoCAP,
devido a sua maior sensibilidade e especificidade.

Prick Test
● Descrição: Teste cutâneo que avalia a reatividade a um alérgeno específico por meio
da aplicação do alérgeno na pele. Se o paciente for alérgico, ocorre uma reação
imediata (vermelhidão e inchaço).
● Indicações: Diagnóstico de alergias respiratórias, alimentares e picadas de insetos.

ImmunoCAP

● Descrição: Teste mais moderno para medir IgE específica no sangue, permitindo a
detecção de alergias a diversos alérgenos com alta precisão.
● Vantagens: Mais preciso que o RAST, oferece resultados mais confiáveis para
diagnóstico.

FAN (Fator Antinuclear)

● Descrição: Teste imunológico usado para detectar autoanticorpos contra o núcleo


celular, um marcador importante em doenças autoimunes, especialmente em Lúpus e
Artrite Reumatoide.

Teste de Coombs (Direto e Indireto)

● Descrição: O Teste de Coombs Direto identifica anticorpos ligados a células


sanguíneas do paciente, enquanto o Teste Indireto detecta anticorpos livres no plasma.
São usados para diagnósticos de doenças como anemia hemolítica autoimune.

Teste da Tuberculina (PPD)

● Descrição: Teste de hipersensibilidade do tipo IV usado para detectar a exposição ao


Mycobacterium tuberculosis, causador da tuberculose.

Resumo:

O FAN com título elevado (1:640) e padrão nuclear homogêneo é típico de lúpus eritematoso
sistêmico (LES). A presença de anticorpos anti-DNA de fita dupla (anti-dsDNA) reforça o
diagnóstico, pois esses anticorpos são altamente específicos para LES. Os sintomas clínicos
de Ana também são compatíveis com a doença.

Ana apresenta lúpus eritematoso sistêmico (LES), resultados necessários:

● Título do FAN elevado (ex.: 1:640).


● Padrão de fluorescência nuclear homogêneo ou pontilhado grosso.
● Presença de anticorpos anti-DNA de fita dupla (anti-dsDNA) e/ou anti-Sm, que são
altamente específicos para LES.
● Sintomas clínicos como fotosensibilidade, artrite, febre, lesões cutâneas e
comprometimento renal.

Ana apresenta artrite reumatoide, resultados necessários:


● FAN positivo, mas com título geralmente mais baixo (ex.: 1:160).
● Padrão de fluorescência pontilhado fino ou citoplasmático (não específico, mas
sugestivo em alguns casos).
● Presença de fator reumatoide (FR) e/ou anticorpos anti-CCP (peptídeo citrulinado
cíclico), que são marcadores específicos para artrite reumatoide.
● Sintomas clínicos típicos incluem rigidez matinal prolongada, dor e inflamação
articular simétrica (ex.: mãos e punhos).

Os resultados laboratoriais descartam doenças autoimunes, resultados necessários:

● FAN negativo ou de título muito baixo (ex.: 1:40, que pode ocorrer em indivíduos
saudáveis).
● Ausência de anticorpos específicos (anti-dsDNA, anti-Sm, anti-CCP, etc.).
● Nenhum padrão fluorescente sugestivo de doença autoimune.
● Ausência de sintomas clínicos relevantes ou achados que possam ser atribuídos a
doenças autoimunes.

Ana apresenta síndrome de Sjögren, resultados necessários:

● FAN positivo com padrão pontilhado fino ou nuclear homogêneo.


● Presença de anticorpos anti-Ro/SSA e/ou anti-La/SSB, que são altamente específicos
para a síndrome de Sjögren.
● Sintomas clínicos característicos incluem olhos secos (xeroftalmia) e boca seca
(xerostomia), além de possíveis artralgias ou fadiga.

O diagnóstico ainda é inconclusivo, necessitando de outros testes sorológicos, resultados


necessários:

● FAN positivo, mas com padrão ou título que não é específico (ex.: pontilhado fino,
citoplasmático, ou título baixo como 1:80).
● Ausência de anticorpos específicos (anti-dsDNA, anti-Sm, anti-Ro, etc.), mas
presença de sintomas clínicos que sugerem doenças autoimunes.
● Este cenário indicaria a necessidade de exames complementares, como biópsia (em
caso de suspeita de lúpus cutâneo) ou outros autoanticorpos para direcionar o
diagnóstico.

A sensibilidade de um teste imunológico avalia sua habilidade de detectar a presença de


anticorpos, mesmo em concentrações muito baixas. Já a especificidade garante que a reação
seja direcionada exclusivamente ao anticorpo específico para o antígeno alvo, evitando
reações cruzadas e garantindo maior precisão no diagnóstico.

A técnica ImmunoCAP utiliza uma fase sólida revestida com alérgenos específicos para
capturar anticorpos IgE presentes no sangue do paciente. Um anticorpo secundário marcado
com substâncias fluorescentes é usado para detectar a IgE ligada, permitindo resultados
quantitativos classificados em diferentes classes (de 0 a 6). A técnica é moderna, altamente
sensível e requer apenas pequenos volumes de amostra, sendo ideal para avaliar múltiplos
alérgenos de forma simultânea.

O teste de ASLO mede a presença de anticorpos contra a estreptolisina O, uma enzima


produzida por estreptococos do grupo A. Níveis elevados de ASLO (800 UI/mL) indicam
uma infecção estreptocócica recente. Associado aos sintomas de febre, poliartrite e sopro
cardíaco, o quadro clínico de João é compatível com febre reumática.

Conclusão:

O diagnóstico imunológico de alergias e doenças autoimunes envolve um conjunto de testes


laboratoriais e clínicos que avaliam a resposta imunológica do corpo. Para as alergias, os
principais testes incluem o Prick Test e o ImmunoCAP. Para as doenças autoimunes, os testes
mais utilizados são o FAN, os anticorpos específicos, como os anticorpos anti-DNA, e a
dosagem de C3 e C4. A interpretação correta dos resultados desses exames deve ser feita por
profissionais da saúde, levando em consideração o quadro clínico do paciente e outros fatores
de risco.

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