FRUTICULTURA
FRUTICULTURA
FRUTICULTURA
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NOSSA HISTÓRIA
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Sumário
FRUTICULTURA ............................................................................................................ 1
NOSSA HISTÓRIA ......................................................................................................... 2
INTRODUÇÃO ................................................................................................................ 4
IMPORTÂNCIA DAS ÁRVORES E DOS FRUTOS ..................................................... 6
Árvores grandes e árvores pequenas ............................................................................ 6
Quem consome fruta e porquê ...................................................................................... 7
Por que NÃO cultivar espécies fruteiras ...................................................................... 8
Sistemas de cultivo para fruteiras ............................................................................... 10
A horta ........................................................................................................................ 10
POMARES E PLANTAÇÕES ....................................................................................... 11
Pequeno é bonito ........................................................................................................ 13
FORMA E FUNÇÃO ..................................................................................................... 15
Culturas fruteiras mono caules e culturas fruteiras ramificadas ................................. 15
Crescimento contínuo e intermitente .......................................................................... 16
Quais serão os rebentos que florescerão ..................................................................... 18
Stress e produção sazonal ........................................................................................... 19
CRESCIMENTO INTERMITENTE E CONTÍNUO .................................................... 20
Padrões de crescimento dos rebentos ......................................................................... 22
ENCAIXE DA FLORAÇÃO/FRUTIFICAÇÃO NO CRESCIMENTO DE REBENTOS
........................................................................................................................................ 24
Separação no tempo .................................................................................................... 24
Floração em locais separados ..................................................................................... 25
Botões florais nos galhos em repouso ........................................................................ 26
Sincronização da floração ........................................................................................... 26
O POMAR: ESQUEMATIZAÇÃO E ESTABELECIMENTO .................................... 28
Espaçamento das árvores ............................................................................................ 29
BIBLIOGRAFIA ............................................................................................................ 32
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INTRODUÇÃO
Sem flores não haverá frutos! Uma floração escassa é a razão principal
para a ocorrência de culturas decepcionantes nas regiões tropicais, de forma a
que o hábito da floração duma cultura fruteira é extremamente importante.
O hábito da floração está ligado ao padrão de crescimento da árvore. São
muito poucas as culturas fruteiras comuns ananaseiro, bananeira, papaieira (e
também palmeiras) que têm o porte de um só rebento grande. Em geral, quando
o seu crescimento é bom, estas fruteiras têm também uma floração e frutificação
adequadas. Quer dizer, reagem às medidas comuns para fomentar o cresci-
mento rega, adubação e proteção das culturas que todo o agricultor conhece.
Mas a maior parte das culturas fruteiras ramificam-se livremente, produzindo
centenas e até milhares de rebentos. Cada espécie fruteira ramifica-se dum
modo específico.
Razão principal para floração escassa é simples: a árvore esquece-se de
formar botões, visto que está muito ocupada com a formação de novos rebentos.
De facto, a maioria das culturas fruteiras ramificantes requerem um período de
stress. Na forma de uma estação seca ou fria para parar o crescimento dos re-
bentos em benefício da formação de botões florais. E se o stress natural não for
suficiente. Como é o caso para muitas culturas fruteiras em grandes partes das
regiões tropicais e na maioria dos anos, deverá você mesmo verificar o cresci-
mento dos rebentos. Por conseguinte, em tais culturas arbóreas devem-se alter-
nar, consoante as estações, as medidas para limitar o crescimento dos rebentos
e as medidas para o estimular. Deste modo, o fruticultor dessas espécies precisa
de aptidões especiais e deve aplicá-las no momento adequado. O objetivo é
atingir um melhor EQUILÍBRIO entre o crescimento vegetativo e o desenvolvi-
mento reprodutivo (o decorrer dos acontecimentos desde o começo dos botões
florais até o amadurecimento dos frutos).
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A poda é uma das aptidões empregues no tratamento das árvores ram-
ificantes. Mas nas regiões tropicais, os resultados da poda são, muito fre-
quentemente, negativos. A razão principal é que a poda leva a um novo cresci-
mento compensador, que retarda a formação dos botões florais. Por isso, a poda
é importante principalmente quando as árvores têm uma floração e frutificação
abundantes, de forma a que se deve fomentar o crescimento dos rebentos em
vez da floração. Sem floração não haverá frutos, mas, de igual modo: sem polini-
zação não haverá frutificação! Esta regra tem algumas exceções, mas as flores
precisam, geralmente, de ser polinizadas para frutificarem, preferivelmente atra-
vés de uma polinização cruzada. As culturas fruteiras diferem, em grande me-
dida, no que diz respeito aos tipos de flores que portam e no modo que se efetua
a polinização e a frutificação.
Figura 1
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IMPORTÂNCIA DAS ÁRVORES E DOS FRUTOS
Figura 2
Você como fruticultor colhe os frutos, não recolhe as folhas nem a ma-
deira. Infelizmente, o chamado ‘índice de produção’ – quer dizer, a proporção do
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frutos no volume total da massa orgânica produzida – é, muitas das vezes, bas-
tante reduzido, particularmente no caso da maioria das árvores fruteiras de ram-
ificação livre.
Os tomateiros, as berinjelas, abóboras etc. cultivados pelo horticultor
possivelmente não exploram tão adequadamente o ambiente como o fazem as
árvores fruteiras mas, contudo, produzem muito mais toneladas por hectare do
que a maioria das árvores. Talvez seja recomendável cultivar hortaliças.
As pessoas acham natural que as árvores cresçam até atingirem um grande ta-
manho, mas em realidade as árvores atingem este tamanho porque a floração e
a frutificação são deficientes e deixam as árvores com suficiente energia para
desenvolverem cada vez mais rebentos. Para um fruticultor o objetivo deve ser
a produção de frutos combinada com uma produção mínima de madeira! Se pu-
der fazer com que a árvore produza, anualmente, a partir de alguns anos após o
seu plantio, uma quantidade de frutos que seja abundante em relação ao seu
tamanho, nunca crescerá até atingir um porte grande. Imagine uma mangueira
madura com o tamanho dum cafezeiro e pense na facilidade da poda, da
proteção da cultura, da colheita seletiva.
Para o fruticultor o lema é “PEQUENO É BONITO”. Argumenta-se que
um tamanho grande da árvore não vai a par com uma alta qualidade: será im-
possível colher cada fruto no seu melhor momento e será difícil evitar deficiên-
cias.
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Até recentemente, as árvores fruteiras na África foram correntemente
cultivadas a partir de sementes; de forma que não havia variedades denomina-
das ou cultivares (com uma excepção importante: a bananeira). Por outro lado,
a Ásia é a zona donde provêm vários métodos importantes de clonagem, permit-
indo aos cultivadores propagarem variedades superiores.
A apreciação do sabor distinto de cada variedade desenvolveu-se no
decorrer dos séculos. Atualmente, as hortas florescem, as pessoas estão famil-
iarizadas com os métodos caseiros de conservação e prática culinária e estão
conscientes dos benefícios para a saúde tradicionalmente atribuídos a cada es-
pécie de fruta. Mas, apesar de tudo, a maioria das pessoas na Ásia têm que
contentar-se com muito menos fruta do que gostariam, efetivamente, de con-
sumir.
Figura 3
8
árvores chegarem à fase de produzir frutos, possivelmente não florescem ou não
frutificam, ou que os frutos caem prematuramente.
O fruticultor vê-se confrontado com muita insegurança na produção duma
colheita, e se se houver uma boa colheita, ainda fica a insegurança do mercado.
É verdade o ditado de que a produção duma colheita de fruta é a menor metade
do problema, enquanto que a maior metade é constituída pelo tratamento pós-
colheita e pela comercialização… É de prever que tenha prestado a devida
atenção a todos estes riscos, problemas e contratempos potenciais, visto que
neste Agrodok não podemos fazê-lo para si! Primeiro, o conteúdo limita-se à
produção de fruta. Alguns aspectos, como sejam a produção fora da época,
estão relacionados com a comercialização, mas este tema em si não é tratado
no texto.
Figura 4
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Sistemas de cultivo para fruteiras
A horta
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A proteção e os tratamentos culturais asseguram que a horta forneça
pequenas quantidades de frutos, hortaliças e ervas para completar a dieta, mas
também produtos medicinais, rações para os animais, e comodidades como
postes e paus de madeira e de bambu.
Figura 5
POMARES E PLANTAÇÕES
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visto que a produção é demasiadamente reduzida e/ou demasiado irregular e
leva muitos anos até estas produzirem frutos. Porquê plantar um pomar de durião
se se tiver de esperar até 10 anos para as árvores produzirem uma colheita que
vale a pena?
E olhe para as mangueiras na sua região: as pessoas notam uma única
mangueira cheia de frutos, mas tendem a omitir dez outras que quase não têm
frutos. De fato, a mangueira, que é uma das fruteiras mais importantes das
regiões tropicais, produz frutos com tanta irregularidade que é difícil fazer uma
estimativa de qual a produção que é “normal”. Por outro lado, o ananaseiro e a
bananeira mostram um padrão de produção muito regular e elevada. Por conse-
guinte, os investidores estão dispostos a financiar plantações de grande escala
de ananaseiro ou bananeira.
Figura 6
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Figura 7
Pequeno é bonito
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pelo rápido alcance de um nível de plena produção. Para além disso, as árvores
pequenas requerem um maneio muito mais fácil: a poda, a proteção das culturas,
a colheita, etc. podem ser feitos com muito mais eficiência. As árvores pequenas,
de maneio fácil e com uma produção rápida, devem reduzir os custos da
produção fruteira de forma a que o cultivador consiga obter benefícios mesmo a
preços de mercado muito mais baixos, permitindo que muito mais pessoas com-
prem fruta.
Figura 8
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FORMA E FUNÇÃO
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Figura 9
As culturas fruteiras mono caules formam apenas uma minoria, ainda que
uma minoria extremamente importante. A maioria das culturas fruteiras são, de
longe, árvores de ramificação. Os rebentos da maioria destas espécies ramifica-
das não crescem continuamente mas de forma intermitente. Os rebentos esten-
dem-se durante um fluxo, desenrolando rapidamente várias folhas. Pouco tempo
depois o rebento para de crescer, deixa de produzir folhas novas, e amadurece
para formar um galho aparentemente em estado de repouso. As culturas mono
caules podem crescer continuamente, visto que imediatamente depois de desen-
volverem um conjunto completo de folhas, a superfície da folhagem fica igual,
cada folha nova substituindo uma folha murcha. Quase toda a água e os nutrien-
tes necessários para uma árvore são absorvidos pelos rebentos novos.
Por conseguinte, as raízes não podem parar o seu crescimento, senão
dentro de pouco tempo já não haveria raízes novas. A superfície de folhagem,
razoavelmente constante, das plantas mono caules pode ser abastecida de água
e nutrientes se as raízes crescerem a um ritmo constante.
Se o número de rebentos e folhas aumentar desenfreadamente, as raízes das
árvores ramificadas teriam de crescer cada vez mais rapidamente. Isto não é
possível, e talvez seja a razão pela qual a maioria das árvores ramificadas
cresçam de modo intermitente em vez de contínuo.
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Figura 10
Figura 11
17
Quais serão os rebentos que florescerão
Figura 12
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Stress e produção sazonal
Figura 13
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CRESCIMENTO INTERMITENTE E CONTÍNUO
Figura 14
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Algumas plantas lenhosas podem crescer continuamente e florescem
nas axilas foliares do rebento em crescimento, tal como a papaieira mono caule.
O exemplo mais elucidativo é o das plantas trepadeiras, como sejam o mara-
cujazeiro e a videira. Em busca de luz, os seus rebentos continuam a crescer até
que com a ramificação crescente o crescimento dos rebentos abrande. A árvore-
do-pão e o cafezeiro são exemplos de culturas arbóreas de crescimento contínuo
em combinação com floração nas axilas foliares. Também a jaqueira e o durião
têm rebentos que tendem a crescer de modo contínuo, mas estas árvores flo-
rescem nos ramos principais e no tronco (`caulifloro’).
Os rebentos de crescimento intermitente (em fluxos) param de crescer
mesmo que as condições sejam ideais, enquanto que o crescimento de rebentos
do tipo contínuo para devido a condições adversas, como sejam um período
seco ou a presença duma grande quantidade de frutos em crescimento, tal como
no caso do cafezeiro e do maracujazeiro. Nesta Secção concentramo-nos nas
árvores de crescimento intermitente, visto que a maioria das culturas fruteiras,
sendo quase todas espécies importantes, pertencem a este grupo. Contudo,
mencionar-se-ão também, de vez em quando, as culturas fruteiras de cresci-
mento contínuo.
Figura 15
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Padrões de crescimento dos rebentos
Figura 16
22
São várias as culturas fruteiras que produzem rebentos determinados
(rebentos curtos ou spurs, nas culturas da romãzeira, macieira, pereira e
ameixeira) e rebentos indeterminados (rebentos compridos ou whips, nas cultu-
ras da ameixeira e da fruta-do-conde/fruta-pinha). Os rebentos indeterminados
podem ser considerados como um passo para a formação de rebentos de cresci-
mento contínuo. Poderá observar os vários padrões de fluxo nas suas próprias
árvores.
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ENCAIXE DA FLORAÇÃO/FRUTIFICAÇÃO NO
CRESCIMENTO DE REBENTOS
Separação no tempo
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Floração em locais separados
Figura 17
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ser o fator principal que limita a produção das culturas fruteiras ramificadas. Isto
aplica-se, particularmente, ao amplo e importante grupo das espécies que
formam botões florais nos galhos em repouso. Embora não haja ainda muito
conhecimento sobre o comportamento destas culturas, nas secções seguintes
apresenta-se uma abordagem para efetuar uma melhor floração.
Figura 18
Sincronização da floração
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devido tempo, hão de produzir um fluxo floral sincrónico. Há indicações de que
a floração se tornará mais abundante, se toda a árvore entrar no `modo floral’ e
não apenas os galhos individuais. Uma florescência tão concentrada também
favorece a polinização e a frutificação.
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Embora certo grau de sincronização seja corrente, a sincronização está, muitas
das vezes, longe de ser perfeita.
Não é incomum ver-se uma árvore em pleno fluxo enquanto que uma
árvore vizinha está em repouso, ou um único ramo que se encontra em fluxo,
enquanto que os outros estão em repouso, ou um fluxo espalhado de rebentos
durante toda a estação de chuvas.
Figura 19
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Espaçamento das árvores
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ventos fortes, para o plantio perpendicular à direção do vento predominante.
Atualmente, visto que os fruticultores se concentram na redução do tamanho das
árvores, através da propagação clonada e outros métodos, a tendência é para
plantar em fileiras. Ao se usar material de plantio clonado ou cultivares denomi-
nadas, recomenda-se plantar, lado a lado, várias cultivares no pomar para: Min-
imizar o risco duma cultivar que não corresponde às suas expectativas e Facilitar
a polinização cruzada.
A falta de informação crucial faz com que seja arriscado concentrar-se
numa única cultivar. Para a maioria das culturas, a informação disponível sobre
as cultivares limita-se, em grande parte, aos FRUTOS: a sua forma, cor, sabor,
tempo de armazenamento, etc. Contudo, para o fruticultor a informação sobre a
ÁRVORE, como sejam o vigor, a produtividade, a tolerância a doenças, é
igualmente importante. Os livros didáticos oferecem pouca ou nenhuma in-
formação sobre estas três características, parcialmente porque se veem muito
influenciadas pelas condições de cultivo locais (e no caso de árvores enxertadas,
estas características são determinadas tanto pelo porta-enxertos como pela cul-
tivar).
Portanto, a menos que se disponha localmente de suficiente informação,
o espaçamento adequado é um processo fortuito, os prognósticos da produção
baseiam-se em conjecturas, e as árvores podem ser destruídas por pragas e
doenças. Então, é necessário informar-se ao seu redor, consultar exte sionistas,
outros fruticultores e cultivadores do viveiro. Se não se tiver a certeza,
recomenda-se plantar a cultivar principal nas fileiras 1, 3, 5, 7, etc. e, por exem-
plo, uma outra cultivar nas fileiras 2, 6, 10, etc., e uma terceira nas fileiras 4, 8,
12, e assim por diante.
Este padrão de plantio de três cultivares criará boas condições para a
polinização cruzada. Para além disso, poder-se-á compensar qualquer cresci-
mento débil numa fileira por um crescimento mais vigoroso na fileira adjacente
(e ao saber com antecipação, poder-se-á adaptar o espaçamento dentro da
fileira conforme o vigor da cultivar). Visto que numa fileira, os requisitos para a
poda, a proteção de culturas, a colheita, etc. são iguais, que facilita os tratamen-
tos culturais.
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Figura 20
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BIBLIOGRAFIA
Embrapa Mandioca e Fruticultura Tropical Rua Embrapa, s/nº. Cruz das Almas,
BA - Brasil - CEP 44380-000 T: (75) 3621-8000, F: (75) 3621-8097 W: www.em-
brapa.br
Global Horticulture Initiative Interim Administrative Office c/o AVRDC - The World
Vegetable Center P.O. Box 42, Shanhua, Tainan Taiwan 74199, R.O.C.
www.globalhort.org/index.html
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W: www.inida.cv Jardim Botânico, Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro
Apartado 1013, 5001 - 911 Vila Real, Portugal F: (+351) 259 350 480, E: jbu-
tad@utad.pt
TOFNET, Trees on Farm Network for East and Central Africa Coordinator: World
Agroforestry Centre (ICRAF), POBox 30677-00100, Nairobi, Quénia W: www.tof-
net.org, E: tofnet@asareca.org WAFNET, West African Fruit Network Coordina-
tion: Plant Genetic Resources Centre POBox 7, Bunso, E/R, Gana
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