As péssimas decisões de Gustavo_ Capítulos extras

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Copyright ® 2023 Stefânia Cedro

Todos os direitos reservados.

Nenhuma parte deste livro pode ser reproduzida, digitalizada ou distribuída de qualquer forma,

seja impressa ou eletrônica, sem autorização.

Capa: Pietra Davanzo

Diagramação: Stefânia Cedro

Revisão: Alline Goes


Nota da autora
Capítulo extra
Capítulo extra de Natal
Conheça as outras obras da autora:
Para minhas leitoras safadas que me imploraram por

mais de Gustavo e Ayla.


NOTA DA AUTORA

Estes são dois capítulos extras do livro “As péssimas decisões de Layla”. Se você não leu
o livro, sugiro que faça isso antes de ler essas cenas. O livro tem classificação +14 e não possui
conteúdo erótico, já o primeiro capítulo extra não é recomendado para menores de 18 anos.
Porém, se você não tiver a idade necessária ou não quiser ler esse tipo de conteúdo, pode
pular direto para o capítulo extra de Natal.
CAPÍTULO EXTRA

Se eu soubesse que um encontro com a Ayla em um bar iria me trazer para o dia de hoje,
com ela me proporcionando a porra do melhor beijo que já recebi, logo depois de dizer que quer
ser minha namorada, eu teria acampado por meses em frente àquele lugar.

Caralho, eu teria comprado o bar e morado nele, esperando por esse dia.

Fazia cinco anos que eu não a via quando a encontrei naquela noite. Cinco anos desde o
dia em que ela me deixou em pedaços ao dizer que nunca corresponderia aos meus sentimentos,
que achava melhor nos afastarmos, porque estava namorando e ficaria desconfortável em
continuar com a amizade sabendo como eu me sentia em relação a ela.

Hoje eu sei que não foi ela quem mandou essa resposta à minha declaração, mas naquele
dia, ainda acreditava que sim. Eu tinha certeza de que havia superado qualquer sentimento
relacionado a ela.

Então, eu a vi.

Meu pulso acelerou.

Senti um frio na barriga.

Voltei a ser um garotinho descobrindo todas aquelas sensações estranhas que sempre
aconteciam quando ela estava por perto.

Cinco anos e meu corpo ainda reagia a ela.

Ayla estava ainda mais linda e a dor de perdê-la me alcançou de novo, como se não
tivesse passado nem um dia sequer, como se eu tivesse acabado de ler a mensagem no meio da
festa de despedida que fizeram para mim. Foi horrível passar a noite fingindo estar bem sempre
que me perguntavam se ela não viria. Enquanto mantinha o sorriso no rosto, só desejava que a
festa acabasse para que eu pudesse sentir pena de mim mesmo, então poderia me chamar de
burro por me declarar, mesmo sabendo que ela tinha aceitado namorar com outra pessoa.

Por um momento, depois de vê-la no bar, pensei em ir embora, mas, graças ao bom
Deus, mandei meu orgulho para o caralho e fui até ela, porque se não tivesse feito isso, Ayla não
estaria encaixando as pernas nas laterais da minha coxa e movendo o quadril em cima de mim.

Tento me ajeitar da melhor forma possível, no pouco espaço que temos dentro do carro,
para que ela não sinta como me deixou apenas com um beijo. Não consigo evitar que meu corpo
aja como um maldito adolescente ao lado dela. Basta me tocar. Na verdade, às vezes, até sua voz
ou a forma que me olha faz isso comigo.

Porra, eu sou louco por essa garota.

Tudo nela me excita.

Não consigo nem mesmo sentir raiva de Bernardo por ter estragado, com sua aparição,
algo que eu estava planejando há meses. Porque, para garantir que Ayla continue me beijando
como faz agora, eu não mudaria nem um segundo dessa noite.

Apesar de que, meus amigos, que perderam noites de sono me ajudando nisso, talvez não
fiquem tão felizes quando descobrirem que já mostrei o jogo sem finalizar.

Aperto as laterais do banco com força, impedindo as mãos de afundarem em sua pele.
Garanti para ela que não apressaria nada e pretendo cumprir a promessa, mesmo que me perder
completamente em cada curva do seu corpo seja o que eu mais queira, e que ela esteja tornando
minha vida bem difícil ao subir no meu colo, me beijando dessa forma. Não a deixarei pensar
que minhas palavras não foram verdadeiras, estou disposto a esperar pelo tempo que for. Para
quem já esperou por anos, alguns dias ou meses a mais não farão diferença.

Por ela, eu esperaria o tempo que precisasse e continuaria aqui, mesmo se ela me falasse
que nunca faríamos mais do que me oferece agora. Morreria com as bolas roxas e doloridas,
tendo que me contentar com as partidas de cinco contra um, no banheiro, enquanto penso nela,
mas valeria a pena se pudesse tê-la em meus braços todos os dias.

Porque nada, nunca, vai se comparar com a forma que ela me faz sentir.

Ler o blog e descobrir que isso poderia ser recíproco fez algo explodir dentro de mim.
Fiquei um pouco confuso a princípio, porque ela sempre dizia nas postagens que eu nunca a
correspondi, quando eu já tinha deixado bem claros meus sentimentos, anos antes. Achei que
poderia ser só pela brincadeira e fiquei com receio de tudo não passar de uma grande invenção só
para as pessoas ficarem interessadas no nosso romance, mas, mesmo com essa possibilidade,
resolvi expor meu coração mais uma vez.

Vim até a casa dela, com medo, depois de ler tudo, mas assim que a toquei, ela cedeu, e
eu soube que não havia mentido.

Ela também estava apaixonada por mim e acho que nunca senti uma felicidade tão
grande quanto ao ouvir isso de sua boca.

Esperei anos por essas palavras.

Não trocaria isso nem pelo melhor sexo do mundo.

A não ser que seja com ela.

E, pelo jeito, Ayla está disposta a testar todos os meus limites, pois puxa minhas mãos e
leva até suas pernas, forçando os dedos sobre os meus, fazendo-os afundar em sua pele, por
baixo da saia.

Meu pau, traidor, lateja. Mesmo que eu o mande se aquietar, ele não está muito disposto
a me ouvir. A luta contra a razão começa a vacilar, e o discurso de que ficarei bem sem sexo,
perde um pouco a força.

Ayla vai me matar antes do fim da noite.

É difícil ter controle quando a garota que desejei por anos, esfrega a bunda gostosa em
mim.

Jogo a cabeça para trás, respiro fundo e fecho os olhos.

Vamos lá, cérebro, pense em qualquer coisa que vá evitar uma ereção não desejada.

Todo o esforço para conter meu corpo se esvai quando Ayla passa a língua por meu
pescoço. Um gemido escapa de minha boca antes que eu o consiga conter.

Merda, isso é bom pra caralho.

Eu a quero agora. Quero tudo. É o que minha mente grita, mas não sei de onde tiro o
controle para falar:

— Ayla, não precisamos fazer isso se ainda não estiver pronta.

Não a olho, ainda mantenho as pálpebras fechadas, esperando pelo momento em que ela
irá se afastar, mas, em vez disso, sua mão desliza para dentro da minha blusa e ela me arranha,
enquanto responde em um sussurro:

— Eu acho que nunca quis tanto ir até o final quanto quero agora.

Volto meu olhar para ela, pronto para ponderar, para perguntar se tem certeza, mas
encontro o mesmo fogo que me queima, não vejo o medo ou a incerteza das outras vezes.

Ao notar o desejo em seu semblante, qualquer tipo de controle que eu ainda tinha, se
esvai. Minhas mãos, que já haviam sido colocadas em suas coxas, agora deslizam até sua bunda
e a puxo contra mim, afundando os dedos em sua pele.

— Olha o que você faz comigo só de me beijar — falo, certo de que ela vai conseguir
sentir. Acho que nunca estive tão duro em toda a minha vida.

No momento em que um gemido escapa de sua boca, minha sentença é traçada.

É o som mais delicioso que já escutei. Quero ouvir de novo e de novo e de novo.

— Acho que precisamos entrar, não quero dar um show particular para seus vizinhos.

Porque, se continuássemos ali, é o que eles teriam, já que meu carro tem vidros
transparentes e, hoje, a rua parece estar mais iluminada do que o normal. E, apesar de topar fazer
onde ela quiser, não sou do tipo que gosta de ser assistido, muito menos de saber que outros
podem estar vendo a minha garota daquele jeito.

Quero Ayla só para mim.

A descida do carro até estarmos dentro da casa deve ter levado menos de um minuto,
ainda assim, parece tempo demais para manter as mãos longe dela. Logo que o barulho da
fechadura preenche o cômodo, puxo-a para o meu colo, e ela não hesita em entrelaçar as pernas
em mim. Prenso-a contra a porta e nossas bocas se chocam no meio do caminho, uma em busca
da outra. Subo as mãos por suas coxas até encontrar a cicatriz.

Sua respiração acelera e ela para de me beijar, apoia a testa na minha e fecha os olhos.
Porém, dessa vez, não me impede quando deslizo os dedos pelo relevo até a borda da sua
calcinha. Sinto uma lufada de ar tocar minha pele e abro um sorriso. Ela quer que eu a toque ali,
mas ainda não farei isso, vou degustá-la lentamente.

Tiro a mão de lá e a levo até sua cintura, onde levanto um pouco a blusa até alcançar a
parte da cicatriz na barriga e afasto o rosto do seu para vê-la. Percebo que me observa com certo
receio, mas não tenta me impedir. Sei que essa parte da marca é a que tem mais insegurança,
mesmo que não tenha me falado. Ayla nunca tinha me deixado tocar ali antes e, além disso, eu
também notei que ela parou de usar os croppeds que costumava amar antes do acidente.
Apesar de não ter tido a coragem de enviar a solicitação para ela no Instagram, antes do
reencontro no bar, eu a stalkeava com mais frequência do que deveria, já que notei mudança.
Porém, só entendi que não foi uma simples alteração de estilo quando descobri tudo sobre o
acidente.

Levanto a blusa, devagar, assistindo sua reação. Seus olhos não saem de mim nem por
um segundo e ela ergue os braços para que eu tire a peça, que vai parar aos nossos pés.

Engulo em seco com a visão privilegiada de seu corpo. Traço o dedo pela cicatriz na
barriga e sorrio.

— Você é a coisa mais linda em que já coloquei os olhos — falo e percebo suas feições
relaxarem.

Coloco seu cabelo para o lado, a fim de ter acesso ao pescoço. Beijo sem pressa, a
provocando em cada toque. Suas pernas se apertam ainda mais ao meu redor e meu pau pulsa.
Continuo o caminho com a boca até a borda do sutiã, onde os mamilos já estão rígidos,
marcando o tecido, pedindo por mim e, claro, não vou negar o que eles querem. Passo a língua
naquele ponto, deixando a renda úmida.

— Gustavo — meu nome sai como um gemido de sua boca.

Puta que pariu. Acho que nunca ouvi nada tão delicioso em toda minha vida.

Ela arqueia o tronco e afunda uma das mãos em meu cabelo, segurando-me no lugar,
pedindo em silêncio para que eu faça de novo.

E farei. Muitas vezes.

Mas, não, sem antes provocá-la. Algo que pretendo fazer muito essa noite.

— Achei que você não era o tipo de garota que gemia nomes.

— Achei que você me faria gritar — responde, com a respiração entrecortada.

Solto uma risada.

— A noite está só começando. — Seguro suas pernas, firmando seu corpo no meu e a
carrego até a mesa da cozinha, colocando-a sentada ali.

Ayla desliza as mãos por baixo da minha blusa e une nossas bocas de novo. Ela explora
minha pele e um arrepio corre por meu corpo com seu toque, assim como aconteceu da primeira
vez em que fez isso, no jardim da minha avó.

Sinto um tremor em suas mãos. Ela está nervosa e preciso mudar isso. Não a quero se
controlando, quero que se entregue por inteiro, sem medo do que eu possa pensar.

As mãos, trêmulas, erguem a blusa, como um pedido para que eu a tire. Não hesito em
atender o que deseja. Passo a peça sobre a cabeça e a jogo para o lado.

Um sorriso aparece em seu rosto e ela morde o lábio. Queria observá-la por um tempo,
tão malditamente perfeita, mas meu corpo tem outros planos, pois não consegue ficar nem um
segundo apenas observando, precisa tocar e sentir tudo de uma vez.

— Gosta do que vê? — pergunto, ao tirar a blusa, a fim de deixá-la um pouco mais
relaxada com a brincadeira, e acho que dá certo.

Ayla revira os olhos da forma exagerada que eu amo e coloca a mão em meu peito,
afastando-me.

— Acho que deu por hoje, você acabou de estragar o clima.

— Estraguei? — Encaixo a mão em seu cabelo e o puxo para trás, com um pouco de
força, observando a reação dela a isso, que, para a minha surpresa, solta um “ah” muito
prazeroso ao acompanhar o movimento com a cabeça. Abro um sorriso ao saber que gosta assim.
Abaixo o rosto até seu ouvido e sussurro: — Realmente, você parece estar odiando.

Seus dedos afundam em minha pele, puxando-me mais para ela. O aperto é tão forte que
sinto as unhas me arranharem. Isso, provavelmente, deixará marca, mas, caralho, que delícia.

— Sim, estou — responde. — Pare agora!

Porém, entrelaça as pernas ao meu redor de novo, me impedindo de me afastar. Preciso


respirar fundo para não perder completamente o controle. É difícil ir devagar com o tanto que eu
a quero.

— É só você me soltar que eu paro — falo, e beijo seu ombro.

Vejo seus pelos se arrepiarem enquanto as unhas e as pernas me apertam ainda mais.

Desço a boca por seu colo e pela elevação dos seios, sentindo o vai e vem da sua
respiração, que só fica mais rápido a cada centímetro que vou para baixo. Deslizo a mão por suas
costas até alcançar o fecho do sutiã. Puxo, com os dedos, o tecido, que cede sem muito esforço, e
ela solta uma exclamação de choque, me fazendo rir.

— Meu Deus! Nem eu consigo abrir isso tão rápido e com uma mão só!

Olho para ela, que está com pura indignação estampada no rosto. É o mesmo olhar que
me lançou na noite de Natal, quando acreditou que eu estava flertando com a Bia. Mal sabia ela
que eu nunca tive olhos para qualquer outra garota.

Vou repetir isso para ela quantas vezes for preciso, até que entenda que sempre será a
única para mim, até que todas as inseguranças que aquele idiota deixou tenham sido jogadas no
lixo, uma a uma.

— Você nunca conseguiu abrir só com uma mão porque você não sou eu, louco para
chupar esses peitos — respondo, e sua expressão muda no mesmo segundo.

Seu rosto ganha tons rosados e não posso dizer que não adoro quando fica sem graça.

— Gustavo — chama minha atenção, quase em um sussurro, pois parece ter perdido a
capacidade de falar.

— O que foi? Você não quer?

Ayla aperta os lábios em uma linha fina e não me dá uma resposta, mas puxa as alças do
sutiã e o deixa cair entre nós.

— Obrigado, Deus, por me dar a mulher mais gostosa desse universo — falo.

Ela gargalha e joga a cabeça para trás. Aproveito o movimento para levar minha boca até
onde quero, contorno um dos mamilos com a língua e, no mesmo instante, a risada cessa, dando
lugar a um som tão gostoso quanto.

Levanto o rosto para admirar suas feições, mas ela está com os olhos fechados.

— Olha para mim, Ayla.

Ela balança a cabeça em negativa.

— Abra os olhos, agora.

Seu olhar encontra o meu, então envolvo todo seu mamilo com a boca e o chupo. Deixo
o piercing tocá-la, guiando-o para massagear a região. Um palavrão meio inaudível deixa seus
lábios e meu pau lateja. Terei uma complicação gigantesca para evitar que ela ache que tenho
problemas com ejaculação precoce, porque mal toquei nela e sinto que não demoraria muito para
chegar no game over.

Deslizo a língua até seu outro seio e, agora, um pouco menos tímida, ela afunda os dedos
em meu cabelo e me oferece o mamilo rígido. Abro um sorriso enquanto assisto a lufada de ar
que sai de seus lábios quando minha boca toca sua pele novamente.

Mais um check para coisas que Ayla gosta.


Subo a mão por sua coxa até a borda da calcinha. Suas pernas me libertam, dando mais
espaço para explorá-la sem que eu precise pedir. Consigo sentir o tecido molhado, e saber que
isso é por mim, me deixa maluco.

Quero sentir seu gosto, quero vê-la se contorcer em minha boca.

Ainda observo seu rosto quando brinco com seus peitos e posiciono o dedão em cima de
seu clitóris, fazendo um movimento circular. Seu corpo estremece e Ayla geme meu nome de
novo.

É a porra da cena mais linda que já vi.

— Você gosta disso? — pergunto.

Ajeito meu corpo para observá-la e faço o movimento novamente.

Ela apoia os cotovelos na mesa e aperta meu quadril com as pernas.

— Que poder é esse que você tem sobre mim? — pergunta sem me olhar.

— O mesmo que você tem sobre mim — respondo.

Ayla levanta a cabeça e encara minha calça, como se não acreditasse no que estou
falando, mas, então, parece perceber o que fez e fica vermelha.

— Você não precisa ficar com vergonha por querer me ver — falo.

— Talvez se formos para o quarto e apagarmos as luzes, eu não fique com tanta
vergonha.

Mas nem fodendo que vou perder essa visão do paraíso.

— Nem com tanto tesão — rebato. — Porque duvido que estaria molhada desse jeito se
não estivesse vendo tudo.

Ayla engole em seco quando deslizo um dedo para dentro da calcinha, sentindo toda a
umidade e comprovando o que eu acabei de falar, mas não responde, apenas aperta os lábios.

Ainda terei tempo para que ela perca a timidez no sexo, pretendo fazer isso muitas vezes
até que consiga me dizer o que gosta sem ficar com vergonha.

Minha garota puxa meu rosto e me beija, enquanto a massageio de leve, engolindo cada
um dos sons que escapam de sua boca. Então, sinto suas mãos tentarem abrir minha calça, mas
depois de algumas tentativas sem sucesso, ela para de me beijar, coloca a testa na minha e
resmunga:
— Você abre a porcaria do meu sutiã com uma mão e eu não consigo nem abrir um
botão com as duas. Eu falei que sou péssima nisso! Desculpa.

Me afasto só o suficiente para que olhe para mim. Pego sua mão, que está trêmula
novamente, e a levo até meu pau. Sinto uma corrente percorrer todo meu corpo quando ela o
toca, mesmo que seja por cima do jeans.

— Não acho que eu estaria assim se você fosse péssima. Estou com dor de tanto tesão.
Não é preciso que tudo saia conforme o planejado para que seja perfeito, e a única coisa que eu
preciso, essa noite, para ter o melhor sexo da minha vida, é que seja com você.

O sorriso que Ayla abre acelera meu coração. A inocência em seu semblante faz com que
eu seja pego de surpresa quando desliza a mão, de cima para baixo, pelo relevo evidente na
minha calça. Puta que pariu, pelo jeito, ela entendeu meu ponto, pois morde os lábios quando
estremeço com seu toque.

Dessa vez, ao tentar abrir o botão, consegue. É quase um alívio me ver livre do tecido
apertado.

— Pode tocar, fica à vontade — brinco. — Ele não morde.

— Só cospe, né? — retruca.

A piada me pega tão de surpresa que demoro alguns segundos para entender. Só quando
ela estoura em uma gargalhada percebo que disse exatamente o que imaginei de primeira.

— Depois eu sou o estraga clima. Acho que eu estou sendo uma má influência para você
— falo, em meio à risada.

— Talvez seja melhor não nos vermos mais para eu voltar a ser uma pessoa pura de
pensamentos — responde, enquanto desliza a mão para dentro da calça e me acaricia por cima da
cueca.

Solto um gemido e aperto sua coxa. Seus olhos estão vidrados em mim e parece gostar
tanto de ver minhas reações quanto eu gosto das dela.

— Essa, com certeza, é a melhor solução — concordo, assim que consigo me recuperar
de seu toque. — Porque com você rebolando na minha mão desse jeito, pureza é a última coisa
em minha mente.

Ela me olha para responder, mas coloco mais pressão em seu clitóris e ela parece
esquecer o que ia dizer, pois encosta a cabeça em meu peito, com a respiração ofegante, fazendo
cócegas em mim. Suas unhas afundam em minhas costas e ela beija minha pele, leva a boca até
meu mamilo e me pega de surpresa ao brincar com ele, assim como fiz com ela.

Achei que seria estranho, mas o movimento faz uma corrente elétrica percorrer até a
cabeça do meu pau. Não imaginei que isso pudesse ser tão bom.

Seus olhos encontram os meus e ela me morde, de leve, com um sorriso safado que eu
nunca tinha visto antes.

Gosto de vê-la perder a vergonha comigo, quero que continue assim.

Ayla aperta as pernas e percebo que está quase lá. Paro de tocá-la e não consigo evitar o
sorriso quando seu quadril se move, à procura do meu dedo.

— Não para — pede, com a voz manhosa.

Seguro seu cabelo e puxo seu rosto até estar bem perto do meu. Deixo um beijo leve em
seus lábios antes de responder:

— Calma. Quero você na minha boca primeiro. Prometi te mostrar o que eu podia fazer
com o piercing.

Passo a bolinha entre os dentes e a tombo para trás, de forma que fique apoiada com
cotovelos na mesa.

Ela não fala nada, parece ter perdido a capacidade de fazer tal coisa. Seu peito sobe e
desce, rápido, enquanto deslizo minha boca, devagar, até o cós da saia. Ayla ergue o quadril para
que eu tire a peça bem no momento em que cogito fazer isso. A calcinha de renda é linda, mas a
quero fora também, por isso, puxo o tecido delicado logo em seguida, deixando-a completamente
nua para mim.

Porra, é a imagem do paraíso.

Ayla fecha as pernas, envergonhada, quando paro para observá-la.

Coloco a mão em seu joelho e acaricio, subindo até a coxa, que se arrepia com o toque.
Então, peço:

— Afaste as pernas para mim, leãozinho. — A voz sai num timbre rouco, transbordando
todo o desejo.

Seus olhos piscam algumas vezes, enquanto puxa uma grande lufada de ar, como se
estivesse tomando coragem, mas faz o que peço.

Abro um sorriso.
— Gostosa pra caralho — falo e encaixo as mãos em seu quadril, puxando-a mais para a
beirada da mesa. — Não esconda essa visão de mim nunca mais.

Ayla morde os lábios e cerra os olhos.

— O que foi? — pergunto.

— Só estou descobrindo o tanto que meu namorado é mandão. — O sorriso que abre é o
suficiente para que eu saiba que está gostando.

Sinto o palpitar em meu peito aumentar ao ouvir a forma que se refere a mim. Parece que
a ficha ainda não caiu.

— Sou. — Dou de ombros e me ajoelho em frente à mesa, encaixo suas pernas em mim
e falo: — Quero que olhe para mim.

Seu olhar se fixa no meu e levo a boca até ela, que estremece antes mesmo que a toque.
Seguro suas coxas e passo a língua no ponto que meu dedo estava brincando há poucos minutos.
Ayla ofega e levanta mais o quadril, trazendo-o em minha direção. Uso o piercing, rodeando o
clitóris ao colocar um pouco mais de pressão.

Uma frase desconexa deixa seus lábios, enquanto suas pernas apertam minhas orelhas.
Abro um sorriso sem afastar a boca, observando cada uma das reações que consigo arrancar da
minha garota ao fazer isso.

Vê-la se desmanchar dessa forma é malditamente delicioso, seu corpo se contorcendo


cada vez que a toco com a bolinha de metal está sendo minha perdição.

Afundo os dedos em sua bunda e a puxo mais para mim.

— Gustavo. — Meu nome soa quase como uma súplica.

Sua boca está entreaberta, puxando o máximo de ar que consegue. Ela tenta manter os
olhos fixos nos meus, mas parece estar começando a perder o controle.

Está tão molhada que chega a escorrer. Passo a língua de baixo para cima, sentindo seu
sabor antes de voltar para o lugar que pede por mim. Deslizo um dedo para dentro dela e,
caralho, péssima ideia, pois Ayla o aperta e meu pau lateja indignado por não ser ele ali. Meu
saco dói, querendo o alívio.

Seus olhos se fecham e ela joga a cabeça para trás. Então, todo seu corpo estremece e,
depois de alguns espasmos, desaba na mesa.

A onda do orgasmo mal passa e já quero fazer novamente, porque vê-la dessa forma é
meu mais novo vício. Se eu pudesse gravar na memória uma cena para repetir sempre que
quisesse, essa seria a escolhida.

Saio do meio de suas pernas e me levanto. Ela tem o sorriso mais lindo nos lábios e
mantém os olhos fechados.

— Acho que vou ficar por aqui mesmo, hoje. Não consigo mais me mover — diz.

— Vem, eu te levo pra cama — falo e estendo as mãos para ela.

Ayla abre os olhos e aceita minha oferta, deixando que eu a pegue no colo.

Com o corpo mole, cruza os braços em meu pescoço e descansa a cabeça em meu ombro.

— Eu amo seu piercing — declara.

Solto uma risada.

— Você sabe que ele não fez isso sozinho, né?

— Não? — Ergue o olhar para mim com um falso choque.

— Pelo visto, vou precisar tirar ele e te fazer gozar na minha boca de novo para provar.

Seu rosto fica vermelho, mas dessa vez não fica calada, parece enfrentar a vergonha e
responde:

— Não, eu te proíbo de tirar, mas a parte de fazer de novo eu sou a favor. — Ri, fazendo
seu corpo chacoalhar em meu colo.

— Isso é bom, pois pretendo repetir muitas vezes — respondo em seu ouvido.

Sua risada cessa e vejo a forma como aperta as pernas uma contra a outra.

A coloco na cama, mas em vez de se deitar, ela se senta de frente para mim e encara
minha calça aberta. Em seguida, leva a mão até o cós, mas eu coloco a minha sobre a dela.

— Não precisamos fazer isso hoje. Você está cansada.

Ayla ergue a cabeça para me olhar, no mesmo momento em que força a mão para baixo,
descendo minha calça junto com a cueca.

— Eu quero — fala, quase em um sussurro.

E nem se eu quisesse conseguiria negar isso a ela.

Quando me envolve com a mão, sinto em cada terminação nervosa do meu corpo. É
como se nunca tivesse sido tocado antes. Minha garota desliza os dedos para cima e para baixo,
apertando-me.

Seu olhar cai para meu pau e ela morde os lábios. Então, aproxima a boca e passa a
língua por toda a glande. Uma corrente elétrica me percorre por inteiro e preciso apoiar a mão na
parede para me manter de pé.

— Caralho, que delícia. — O palavrão sai sem que eu perceba.

Isso parece dar o aval que Ayla esperava para continuar, pois, em seguida, me envolve
com a boca e desliza até o máximo que consegue, antes de voltar e repetir o movimento,
colocando mais pressão a cada vaivém.

Puta que pariu. Puta que pariu. Se concentra. Ayla pode até ter gostado de miojo, mas
ela com certeza não iria gostar que eu o copie e goze em três minutos de ação.

Fecho os olhos por alguns segundos, tentando normalizar minha respiração e me


empenhando em desviar os pensamentos, mas meu corpo não me obedece; a pálpebra se abre,
voltando o olhar para ela, a mão acaricia seu cabelo e o quadril se move em busca de mais dela.

Observá-la fazer isso é tão bom quanto o que me faz sentir. Nunca tinha estado nessa
posição antes, com nenhuma garota por quem eu tivesse qualquer tipo de sentimento, e posso
dizer que nada se compara a dividir essa intimidade com quem se compartilha mais do que um
bocado de tesão.

Ayla dá vida ao meu pau só de me olhar, mas além disso, é a razão de cada uma das
batidas dentro do meu peito. Encontrar essas duas coisas, na mesma pessoa, deve ser uma sorte
que nem todos têm o prazer de conhecer.

— Eu te amo — falo.

Ela para o que está fazendo e ri.

— Eu devo ser muito boa nisso mesmo — brinca.

Seguro seu rosto entre as mãos, inclino o corpo para a frente e a beijo, antes de
responder:

— Eu não te amo só por isso, mas com certeza entrou no meu top três dos motivos.

Ayla segura minha nuca e me beija, puxando-me para a cama, até que eu esteja deitado
sobre ela. Sentindo seu corpo com o meu.

— Quero você — sussurra entre os beijos. — Você tem camisinha?

— Tá no bolso da calça.
Ela para de me beijar e arqueia uma das sobrancelhas.

— Então você já veio mal-intencionado hoje?

Mordo seu lábio inferior e sorrio.

— Sempre estou mal-intencionado quando o assunto é você.

— Não posso reclamar disso — responde, antes de me jogar para o lado e se levantar.

Vai até o pé da cama, onde minha calça deve estar, e procura nos bolsos até encontrar o
pacote. Então, volta e sobe em cima de mim, sentando-se em minhas coxas.

Ela me entrega a embalagem e me observa enquanto abro e coloco o preservativo.

Sento-me, passo um braço por sua cintura e seguro seu rosto, para que me olhe. Ayla me
beija enquanto levanta o quadril e me coloca em sua entrada, então, desce, me envolvendo
devagar, apertando-me a cada centímetro.

Um som rouco deixa minha garganta e a puxo mais para mim. Seus lábios estão
entreabertos e os olhos fechados, consigo sentir as batidas de seu coração se misturando às
minhas. Ficamos um tempo assim, sem nos mover. Então, ela começa, em um sobe e desce lento,
diferente do frenesi de sua boca ao voltar à minha.

Nossas mãos estão em todos os lugares, como se fossemos um livro em braile que
precisamos ler agora, por inteiro.

Nada do que já tive antes chega aos pés do que estou sentindo com ela.

Sei que não vou durar muito tempo e quero que ela goze novamente comigo.

Levo uma das mãos para o nosso meio e a massageio no seu ponto mais sensível,
acompanhando o ritmo dela. Ayla se contorce e a sinto apertar meu pau com intensidade. É bom
demais. Não vou mais conseguir me segurar.

A onda de prazer começa a me tomar, mas a dela vem antes da minha. Assim como mais
cedo, seu corpo chega no ápice e é consumido por espasmos. Assisti-la assim, em cima de mim,
é minha perdição, e vou logo atrás.

Seu peso desaba sobre o meu peito em seguida. Só me movo o suficiente para tirar a
camisinha e jogá-la no lixo, depois volto a abraçá-la.

— Promete nunca mais sair do meu lado? — pergunta com a voz manhosa.

Beijo seu cabelo, antes de responder:


— Prometo. Sempre estarei aqui, leãozinho. Do seu lado, embaixo de você, em cima de
você e onde mais preferir.

Sua risada ecoa por todo o meu corpo, arranjando morada no fundo do meu coração.

Ayla apoia o queixo em cima da mão que descansa em meu peito e olha para mim com
um sorriso nos lábios. Não aquele que faz meu estômago revirar, mas o que eu conheci hoje mais
cedo, que faz outra parte minha ganhar vida.

— O que foi? — pergunto.

— Já sei como é ter você ao meu lado e embaixo de mim, mas em cima... — Sua voz
suave me causa arrepios com a sugestão. Não precisa de mais do que isso para meu pau começar
a dar sinais de vida novamente.

— Não posso deixar minha namorada com essa dúvida — respondo e inverto nossas
posições, colocando-me em cima dela.

Apoio a mão na lateral do seu rosto para conseguir observá-la e meu coração parece
quase capaz de sair do peito. Seus cachos esparramados pelo lençol, suas bochechas coradas, a
pele macia sob a minha... é perfeita.

— Se você quer mais um orgasmo comigo por cima, dessa vez, é isso que terá.

Ayla esconde o rosto nas mãos.

— Ai, meu Deus! Não acredito que sugeri isso. Estou me sentindo uma grande safada
agora, eu não sou de falar essas coisas. Não sei o que aconteceu comigo...

Já que está com a mão no rosto, não consigo calar todas as suas neuroses com um beijo,
então, vou na melhor opção que tenho no momento. Levo o rosto até seus seios e envolvo o
mamilo com a boca. Sou recompensado com um arfar surpreso, quando deixa a frase pela
metade.

Porra, eu amo fazer isso. Quero descobrir cada parte do corpo dela capaz de lhe dar
prazer.

— Acabou o discurso? — pergunto e rodeio o mamilo com a língua, brincando ali com o
piercing.

— Não! — resmunga, fingindo estar brava. É incrível que até mesmo os tons de voz dela
eu já conheço o suficiente para saber seu humor só de ouvi-la.

Suas mãos abandonam o rosto e me olha, dando-se por vencida.


— Eu não quero ouvir nunca mais você se preocupando com o que diz. — Mordo-a de
leve ali, e ela, por sua vez, aperta os lençóis com as mãos, tentando conter o tremor de seu corpo.
É muito bom saber que ela não quer que eu seja só carinhoso. Sorrio e continuo: — Pode ser uma
grande safada comigo, porque é bom pra caralho te ouvir falando safadezas.

— Mandão!

— Gostosa! — falo e aperto seu quadril, antes de puxá-lo e virá-la de costas para mim.
Ayla solta um “ah” surpreso quando, no mesmo movimento, encaixo a mão em seu cabelo e o
puxo com um pouco de força para trás. Deito-me sobre ela e ordeno em seu ouvido. — Vou te
mostrar como posso ser mandão. Empina essa bunda pra mim.

Ela vira o rosto para trás com um aquele maldito sorriso nos lábios e pergunta:

— E se eu não obedecer?

Porém, em vez de se negar a fazer o que pedi, levanta o quadril e rebola. E só isso é o
suficiente para que eu esteja completamente pronto para ela novamente.

— Caralho — mordo seu ombro e firmo mais a mão em seu cabelo. — Se não me
obedecer, vai ter que se virar para conseguir seu terceiro orgasmo com as próprias mãos.

— Talvez seja interessante te assistir se tocando, enquanto eu me toco.

Ah, merda, sim! Eu quero isso também, mas não agora.

Percebo seu rosto começar a ganhar tons vermelhos e respondo antes que ela pense
demais e comece a se arrepender do que disse. Isso provavelmente ainda acontecerá muitas vezes
até que entenda que não deve se preocupar com nada do que diz para mim.

— Tem certeza de que prefere seus dedos?

Antes que ela consiga responder, desço a mão livre por baixo de sua barriga, até o meio
de suas pernas que, para minha surpresa, desliza com facilidade, pois já está tão molhada quanto
antes.

A cabeça do meu pau lateja de a sentir dessa forma, e a sensação se intensifica ainda
mais quando a massageio, fazendo com que afunde o rosto no colchão. Solta um gemido alto e
movimenta o quadril no meu dedo.

— Então você gosta de receber ordens. Anotado — provoco.

Ayla parece tentar se recompor para responder:

— Odeio. — Mesmo com todo esforço, a voz sai trêmula.


Ajeito a mão em seu cabelo para puxar um pouco mais forte, sem machucá-la, e beijo
seu ombro, deslizando minha língua por sua pele com toda a leveza que não tenho nas mãos.

— Gus...

Não sei se ela ia falar meu nome ou era outra coisa, mas adoro o fato de não ter
conseguido terminar quando coloco mais pressão em seu clitóris.

— Afaste as pernas — falo.

Dessa vez, ela nem tenta fingir que não está gostando, apenas faz. Viro seu rosto para o
meu e a beijo de leve, porém, ela leva a mão até minha nuca e afunda as unhas em minha pele.
Ao me puxar para mais perto, morde meu lábio inferior e empina a bunda, esfregando-se em
mim.

Porra. Isso é uma delícia.

Solto a mão de seu cabelo e me estico para pegar a embalagem, largada em cima da
cômoda, com o restante das camisinhas. Afasto-me dela só pelo tempo necessário para colocar o
preservativo.

— Você estava mesmo confiante, andando com um pacote cheio dentro do bolso —
Ayla comenta com uma risadinha.

— Estou arrependido de não ter colocado mais, porque minha namorada parece
insaciável.

Ayla vira o rosto para o colchão, mas não dou tempo para suas neuroses. Puxo-a pela
cintura e a coloco de joelhos em minha frente. Aperto seu quadril contra o meu e afasto seu
cabelo para o lado. Beijo seu ombro e falo:

— Coloque as mãos na cabeceira da cama.

Ela faz o que mando e empina a bunda sem que eu precise pedir. Levo um momento para
conseguir admirar cada pedacinho daquela visão. Então, abaixo-me e passo a língua traçando sua
coluna, enquanto sinto sua respiração ficando mais ofegante e vejo o arrepio por toda a pele.

Encaixo meu corpo no dela, sentindo-a por inteiro.

Coloco-me em sua entrada, ao mesmo tempo, deslizo a mão até seu seio, apertando-o de
leve. Ayla se move em minha direção, mas seguro seu quadril.

— Calma, leãozinho — sussurro em seu ouvido. — Agora nós vamos no meu ritmo.
— Gustavo — resmunga.

Abro um sorriso e entro devagar nela, vendo seu corpo estremecer a cada centímetro,
esperando por um momento até que se acostume. Os nós de seus dedos ficam brancos devido à
força com que aperta a cabeceira. Só quando começa a relaxar que me movo, sentindo-a me
apertando.

Afundo os dedos em seu quadril com mais força, puxando-a para mim, acelerando, aos
poucos, o ritmo. Chupo seu pescoço e ela joga a cabeça para trás, com um gemido alto.

— Você é a porra do meu paraíso, Ayla.

Ela vira o rosto para o lado, em busca da minha boca. E aquele beijo é melhor do que
qualquer resposta que ela poderia me dar. Acaricio seus peitos e engulo cada um dos sons que
deixam o fundo de sua garganta.

Estou prestes a descer a mão até o meio de suas pernas, mas o que falou mais cedo me
vêm à mente, e peço:

— Se toque para mim.

Seu olhar encontra o meu pelo meio segundo em que parece pensar sobre isso, então, tira
uma das mãos da cabeceira e a leva até onde pedi. Faz um movimento leve, fecha os olhos e
afasta os lábios quando uma lufada de ar a deixa.

É a merda da cena mais erótica que já vi.

Seguro seu quadril, parando de me movimentar, ao sentir a onda de prazer começar a me


consumir. Tento segurar por mais um tempinho, mas, então, Ayla força o quadril em minha
direção, tirando-me todo o controle.

— Merda, Ayla, eu não vou conseguir segurar mais...

Como se eu tivesse falado: “por favor, continue”, ela rebola no meu pau com ainda mais
força. E essa é minha perdição.

Mordo seu ombro e aperto seu corpo junto ao meu enquanto o prazer me consome. Em
meio a isso, sinto-a se contrair, e seu corpo é tomado por espasmos novamente.

Seguro-a firme contra mim até sua respiração voltar ao normal e nós dois desabamos no
colchão.

— Meu Deus... — Ayla fala com a voz fraca. — Isso foi...

— Incrível — completo.
Ela ri e concorda com a cabeça.

— Ainda tem mais uma camisinha ali, você acha que dura até alguma farmácia abrir? —
pergunto.

Ayla bate em meu peito ainda com o sorriso no rosto.

— Não se preocupe, depois dessa pergunta você não vai precisar disso tão cedo.

— Tem certeza? Você sabe que não existe só de lado, em cima e embaixo, né? Tem
várias posições para explorarmos... e nem testamos de lado. Você sabe como é me ter ao seu
lado, mas não de ladinho...

Ganho mais um tapa.

— É tarde demais para recusar o pedido de namoro?

— Sim, sinto muito. Você vai ter que se contentar com esse péssimo namorado que te
deu três orgasmos em uma noite.

— Droga. Onde será que eu encontro um capaz de me dar quatro?

— Ayla... — Sinto uma pontada no pau, que diz: “talvez eu consiga mais uma”. Porém,
ela gargalha, tirando toda a alegria dele.

Acho que nunca me senti tão feliz e completo quanto agora.

Não nos movemos, ficamos abraçados, em silêncio, sentindo a respiração um do outro.


Acaricio suas costas e assisto seu corpo ficar cada vez mais mole, até o momento em que pega
no sono.

— Casa comigo? — sussurro, testando as palavras.

Para a minha surpresa, ela ainda não estava dormindo, então responde:

— É, acho que não sou mesmo tão ruim nisso. Bastou uma noite e já ganhei um pedido
de casamento. — Sua voz está sonolenta e ela boceja, antes de continuar falando: — Sim, eu me
caso com você.

Claro que não está levando meu pedido a sério, mas isso ainda vai acontecer, pois vou
me casar com essa garota e passar todos os dias das nossas vidas inventando maneiras para fazê-
la sorrir.
CAPÍTULO EXTRA DE NATAL

— Ayla, você não...


A porta bate e escuto seus passos se distanciando.
Merda.
Como conseguirei me concentrar em qualquer outra coisa durante a noite que não seja a
informação de que minha garota está sem calcinha? Informação esta que ela resolveu jogar em
meu colo um segundo antes de sair pela porta.
Preciso de alguns minutos para me recuperar antes de ir atrás dela. Pois só de imaginá-la
sem nada por baixo do vestido que está usando já me deixou de um jeito que eu não deveria estar
para uma ceia de Natal em família. Precisarei me controlar para não pensar nisso todas as vezes
que olhar para ela.
Depois de algumas longas respirações, saio do quarto para ir em sua procura.
Encontro a diabinha, dona de todas as minhas tentações, na sua versão angelical, usada
em todos os outros momentos em que não estamos sozinhos, conversando com minha avó perto
da árvore de Natal. Quem a vê nem imagina que está me torturando nesse exato momento,
quando seu olhar encontra o meu e arqueia uma das sobrancelhas mostrando um sorriso de canto.
Tenho vontade de jogá-la em cima do ombro e arrastá-la de volta ao segundo andar para
fazê-la se arrepender disso. Porém, meus planos são interrompidos quando sinto uma mão em
minhas costas e encontro Samuel sorridente. Provavelmente não estaria tão feliz se conseguisse
ler meus pensamentos sobre tudo que quero fazer com a filha dele.
— Sua avó é uma figura — comenta. — Bem que seu pai falava.
Abro um sorriso ao me lembrar do quanto meu pai adorava vir para cá. Ele era filho
único e tinha perdido os pais cedo, dizia que seu sonho era ter crescido numa família grande
como a da minha mãe.
— Ele era o fã número um dela.
— E eu achava que ele estava zombando da minha cara quando dizia que preferia passar
o Natal com a sogra do que ir para as minhas festas.
— Ele amava isso aqui.
Samuel e eu acabamos nos aproximando bastante desde que ele saiu da prisão. As
lembranças de meu pai são nosso assunto preferido. Ele parece sentir falta do amigo e eu adoro
conhecer o Giovani descolado e engraçado pelas memórias dele.
Agora que minha mãe está com outra pessoa, me sinto um pouco desconfortável em falar
sobre o seu falecido marido, como se isso fosse atrapalhar o que ela está vivendo. Acompanhei
todo o seu sofrimento, tenho medo de trazê-lo à tona e a fazer se sentir culpada por seguir em
frente. E, apesar de Ayla sempre estar disposta a ouvir sobre as lembranças que tenho, ela mal o
conhecia.
Conversando com Samuel, as coisas boas da minha relação com meu pai começaram a
voltar, reconectando-me com os momentos bons que tivemos juntos. Desde que o perdi, só
conseguia sentir a mágoa e a culpa sobre como tudo terminou, só lembrava da sua rigidez e das
inúmeras brigas que tivemos no fim, mas isso tem se tornado cada vez mais distante. Todos os
sentimentos ruins estão dando lugar para os bons.
Lá no fundo, quase consigo acreditar que se estivesse aqui, teria orgulho do que me
tornei, mesmo não sendo o que ele queria para mim.
— Então, sua avó falou que você vai pedir Ayla em casamento.
Olho para a senhorinha fofocando com a minha namorada e nego com a cabeça.
— Ela quer que eu peça Ayla em casamento, mas não vou fazer isso.
Samuel pigarreia, cruza os braços e franze o cenho antes de falar:
— Então, deixa eu ver se entendi. Você não quer se casar com a minha filha, mas dormir
com ela todos os dias você quer? — Seu tom de voz já não é divertido.
Ah, porra!
— Não, não é nada disso. — Me enrolo um pouco para falar e as feições dele se fecham
ainda mais. É bom que eu seja bem claro na minha explicação. — Eu me casaria com ela agora
mesmo, invadiria a igreja no meio da missa do Galo só para implorar para o padre nos casar, mas
sua filha diz ainda não estar pronta. Pode ter certeza de que no momento em que ela me der
qualquer sinal de que quer ser minha mulher, eu não hesitarei em fazer o pedido.
Desvio o olhar dele para procurar por Ayla, que agora ri de algo com a minha mãe
enquanto as duas arrumam as taças sobre a mesa. Sinto as batidas em meu peito dispararem ao
me deixar imaginá-la vindo de branco em direção a mim em um altar.
— Bom, sendo assim, você tem a minha benção — fala e aperta meu ombro.
Neste momento, minha avó passa por nós e lança uma piscadela para Samuel. Então,
entendo o que está acontecendo aqui.
Abro um sorriso e balanço a cabeça em negativa.
Velhinha ordinária. Ela não vai desistir.
— Minha avó mandou você tentar me convencer a fazer o pedido, não foi?
Samuel dá de ombros e responde:
— Ela sabe ser bem convincente.
— Isso vai acontecer em algum momento, mas não será hoje. E preciso fazer minha avó
tirar essa ideia da cabeça.
Peço licença e vou até a cozinha, atrás da mente do mal por trás de toda essa armação.
Encontro-a conversando com Maria, que lança um olhar para mim e levanta um joinha de
aprovação.
— Pode usar, sim, a aliança da vovó, ninguém vai se ressentir por isso. Todos já
sabemos mesmo que você é o neto preferido.
— Eu não tenho neto preferido — retruca Dona Amélia com sua melhor cara de
repreensão.
Por mais que gostemos de brincar sobre quem é o neto mais amado, nossos avós sempre
tentaram nos tratar com igualdade, nunca foram de dar preferência para um ou para outro, mas
sempre que podemos, implicamos sobre.
— Claro que tem — respondo. —, mas eu não preciso de nenhuma aliança.
— Você já comprou outra? — pergunta.
— Não, porque não vou pedir ninguém em casamento hoje. Nós estamos juntos há
apenas dois anos.
— E por que precisa de mais tempo do que isso?
— Porque estamos indo com calma.
— Calma? — Vovó cerra os olhos. — Vocês já estão morando juntos, isso não é ir com
calma. Só se você ainda tem alguma dúvida se ela é a pessoa certa. Talvez prefira um homem...
— Eu não sou gay — interrompo, antes que comece de novo o discurso sobre esse
assunto.
— Nós te apoiamos independente de quem você escolha amar — Maria zomba.
Fuzilo-a com o olhar, pois não estou disposto a levar sermão por mostrar o dedo do meio
ou xingá-la na frente da nossa avó.
Então, volto-me para a senhora que ainda espera por minha resposta.
— Não tenho dúvida nenhuma sobre a Ayla, vó. Sei que ela é a pessoa certa para mim
desde que eu era adolescente, mas ela acha que ainda somos muito novos para nos casarmos. A
senhora lê o blog dela, já devia saber disso. Se dependesse só de mim, eu teria me ajoelhado logo
depois daquele primeiro beijo e implorado para que dissesse sim. Eu amo aquela garota e quero
envelhecer ao lado dela. Não existe nada que me deixaria mais feliz do que usar sua aliança para
fazer o pedido, pois quero ter uma história tão incrível quanto a sua e do vovô. Quero viver cada
um dos meus dias com ela, quero tudo que ela me permitir ter, porque nunca parece o
suficiente...
Paro de falar quando minha avó abre um sorriso, olhando para algum ponto atrás de
mim. Viro-me a tempo de encontrar minha namorada com choque estampado em cada canto do
seu rosto, seu peito sobe e desce devagar, como se ainda precisasse de um pouco de tempo para
processar o que ouviu.
Nós nunca tocamos no assunto casamento, é compreensível o espanto, mas cada segundo
em que ela continua calada, sinto o aperto em meu peito aumentar.
E se ela achar que estou atropelando os passos?
E se chegar à conclusão de que não se sente da mesma forma?
E se continua dizendo que ainda não está pronta por achar que eu não sou a pessoa
certa para ela?
— Ayla — falo seu nome quase como uma súplica e seu olhar parece ganhar foco ao
encontrar o meu. — Não precisamos falar sobre isso ainda...
— Precisamos, sim — responde numa lufada de ar, me interrompendo.
Ela pisca e uma lágrima escorre por sua bochecha, meu coração erra uma batida.
Dou um passo para frente e seguro seu rosto com as mãos.
— Não chora, leãozinho, eu nunca quis apressar as coisas, nós vamos no seu tempo.
Minha avó vai se conformar com isso e não irá se meter mais onde não foi chamada.
A bufada que ouço atrás de mim diz que Dona Amélia não gostou muito disso, mas ela
vai superar.
— Você ainda não entendeu, não é? — Ayla pergunta.
Agora um sorriso começa a aparecer em seus lábios.
— Eu quero que você seja meu — continua, enquanto eu ainda tento entender do que
está falando.
— Já sou, por inteiro, cada pedacinho.
O sorriso fica ainda maior ao colocar a mão em meu peito.
— Você não costuma ser tão devagar assim para juntar dois mais dois. Sua avó só estava
me ajudando, Gustavo. Eu pedi a ela para plantar essa sugestão na sua cabeça porque eu já estou
pronta. Eu não queria tocar no assunto para poder fingir surpresa quando acontecesse.
Ela quer se casar comigo. É isso mesmo que está me dizendo?
Parece que estou mesmo mais lento do que o normal, mas ela não pode me culpar por
isso depois de falar tantas vezes no blog o contrário.
Sou muito bom em ler seus sinais, como deixei isso passar? Como não percebi que ela já
estava esperando por um pedido? Eu teria feito no mesmo segundo que percebesse. Apesar de
querer fazer uma grande surpresa, não cometeria o mesmo erro do pedido de namoro que
demorou demais e quase foi o motivo de ela me dar um belo pé na bunda.
— Você sabe que podia ter feito isso de várias outras formas para que eu entendesse
claramente e não frustrasse suas intenções, não é? — pergunto.
— Bom, não é novidade para ninguém que eu sou péssima em fazer escolhas certas,
adicione mais essa à lista das minhas péssimas decisões. — Dá de ombros e solta uma risada. —
Você parece ter sido meu único acerto e a única certeza que tenho é de que quero você comigo
para o resto da vida, e não quero esperar nem mais um segundo para isso.
Minha avó se aproxima de nós, puxa a aliança do dedo e a estende para mim. Ainda
estou com um sorriso bobo no rosto quando ela me dá um cutucão e fala:
— Se ajoelha logo, menino.
Ayla ri e eu penso em todas as formas que já imaginei esse pedido: no topo da torre
Eiffel, voando em um passeio de balão, no meio do show da Ana Vitória enquanto elas cantam
nossa música, pensei até mesmo em fazermos uma aula de produção de joias para montar a
aliança com minhas próprias mãos, mas, em vez de tudo isso, aceito a da minha avó e me ajoelho
no meio da cozinha, cheirando a Peru e biscoitos.
Não é nada como eu imaginei, mas se ela está disposta a dizer sim, não vou ficar
esperando o momento perfeito. Até porque, com ela dizendo “sim” para mim, qualquer momento
se tornará perfeito.
— Gustavo, você não precisa fazer isso agora — Ayla fala e dá um passo para trás,
cobrindo a boca com as mãos ao perceber que levei bem ao pé da letra a parte de não esperar
mais nem um segundo.
— Precisa, sim! — Minha avó responde.
— Quando eu falei que me ajoelharia e faria o pedido depois do nosso primeiro beijo, eu
não estava brincando. — Levanto a aliança enquanto tento bolar um pedido minimamente bonito
na cabeça. Então, puxo o ar para os pulmões e falo: — Ayla Andrade, você...
— Sim — responde e pula no meu pescoço, quase levando nós dois ao chão.
— Eu não terminei...
— Sim, sim, sim — continua, enquanto deixa beijinhos por todo meu rosto.
— Você nem sabe o que está aceitando...
— Não importa, eu topo qualquer coisa com você.
Seus lábios tocam os meus e sinto o sabor salgado de suas lágrimas. Agarro sua cintura,
ainda processando o que acabou de acontecer. Como, em um minuto, Ayla conseguiu virar toda
minha vida de cabeça para baixo? De novo.
— Arrumem um quarto — Maria resmunga.
Nos levantamos e pego sua mão para colocar a aliança, que se encaixa com perfeição,
parecendo ter sido feita sob medida. Apesar de já ter mais de cinquenta anos, a joia ainda brilha
como se tivesse sido recém tirada da loja. Minha avó sempre foi muito apegada a ela e nunca a vi
tirar do dedo desde que o vovô morreu. Nada poderia ser mais significativo do que pedir a mão
dela com o símbolo do amor do meu maior exemplo de casal.
Sinto meus olhos lacrimejarem ao pensar no amor dos dois. Estou com a Ayla há tão
pouco tempo comparado a todos os anos que meus avós compartilharam e já sinto um aperto no
peito terrível só de imaginar um dia não tê-la mais comigo. Se eu me sinto assim com dois anos,
não consigo nem imaginar a dor que minha avó carrega durante esse tempo sem meu avô por
aqui.
— É linda! — Ayla fala, admirando a aliança, e limpa uma lágrima que escorre. — Meu
Deus! O que são todas essas lágrimas? Olha o que você faz comigo, vai borrar toda minha
maquiagem e eu vou ficar horrorosa.
Seus olhos encontram os meus e ela percebe a lágrima em minha bochecha. Um sorriso
se abre em seus lábios e sua mão vai até meu peito. Coloco uma mecha de seu cabelo atrás da
orelha e a observo.
— Não existe nada capaz de te deixar horrorosa.
Ouço um soluço de choro e me viro a tempo de encontrar minha avó se debulhando em
lágrimas e posso jurar que até mesmo Maria limpou o rosto antes que eu pudesse ver.
— Vó.
Vou em sua direção, mas ela levanta os braços e balança a cabeça.
— Me ignorem, eu só estou emotiva. Você sabe que o Natal mexe comigo, sempre foi
uma data importante para mim e o seu avô. — Seu olhar fica vago por um momento, como se
ficasse perdida nas memórias, até que abre um sorriso e volta a falar: — Fico feliz porque depois
que eu... que quando eu não estiver mais aqui, agora essa continuará sendo uma data importante
para vocês também.
Puxo-a para mim e a aperto. Ayla vem até nós e também nos envolve com os braços.
— Não me abracem assim, não quero chorar a noite inteira e é isso que vou fazer se
ficarem todos emotivos comigo. Hoje é dia de comemorar. Você vai se casar, finalmente
desencalhei um dos meus netos. Talvez eu ainda esteja viva para ver meu primeiro bisneto
nascer.
Ayla fica pálida, provavelmente pensando se ainda dá tempo de recusar a oferta, e eu
começo a rir, pois é óbvio que minha avó não iria esperar nem mesmo um dia para já começar a
perguntar sobre filhos. E, bom, nessa parte eu concordo com a minha namorada, ou melhor,
minha noiva...
Puta que pariu, eu vou me casar!
— A Senhora ainda verá muitos dos seus bisnetos, vó, mas não espere um filho meu tão
cedo.
— Por que não? Já tenho quase noventa anos, tive nove filhos e até agora nenhum
bisneto, vocês precisam agilizar se quiserem que eu ainda esteja viva quando isso acontecer.
— A senhora ainda viverá por muito tempo — falo, mais ríspido do que gostaria, porém
não consigo evitar a mágoa que me toma sempre que ela menciona que não estará aqui por muito
tempo, algo que tem se tornado comum desde que sofreu o ataque cardíaco, mas me recuso a
pensar que isso vá acontecer em qualquer momento próximo. Eu preciso dela aqui por muito
tempo ainda.
— Mas quanto mais cedo os filhos vierem, mais tempo poderão passar comigo...
— Vó, já vamos nos casar, deixe a conversa sobre filhos para daqui uns dez anos, pelo
menos.
— Com vocês dois treinando com todo aquele barulho de ontem à noite, eu duvido que
demore tudo isso — responde e me dá um sorriso.
Ah, merda! Acho que não fomos tão silenciosos quanto tínhamos pensado.
Maria se engasga com o refrigerante e começa a tossir e rir ao mesmo tempo.
— Ai, meu Deus! — Ayla fala e esconde o rosto com as mãos. — Isso não pode estar
acontecendo.
— Ainda bem que falei para sua mãe colocar os lençóis antigos na cama de vocês —
continua minha avó. — Porém, fico feliz de saber que você sabe como satisfazer uma mulher,
querido, ninguém merece um homem que não...
— Vó! Será que podemos não falar sobre isso? — pergunto, quase em uma súplica, já
sabendo que Ayla deve estar pensando em todas as formas de fugir daqui.
Minha garota pode até ter perdido a vergonha quando está só comigo, mas ela
definitivamente ainda tem muitos receios quanto a outras pessoas saberem sobre nossa vida
sexual.
— Eu vou morrer, agora. Quero que um raio caia em cima da minha cabeça! — continua
divagando, ainda escondendo o rosto.
— Não seja boba, querida — responde minha avó e dá dois tapinhas no ombro de Ayla.
— Eu tenho tampão de ouvidos, dormi como um anjinho mesmo com vocês brincando no quarto
ao lado.
Ao tirar as mãos do rosto, encontro o puro pavor em seu olhar. Então, fala:
— Celibato, é isso que faremos até voltarmos para casa. Ou pra sempre!
Após essa fala completamente sem sentido, vira as costas e marcha para a varanda.
Não, não, não. Ela está sem calcinha e me provocando o maldito dia inteiro. Não existe
possibilidade de segurar isso por uma semana. Mal consigo manter minhas mãos longe dela
durante algumas horas, sete dias seria uma interminável tortura.
— Eu posso conversar com ela e fazê-la mudar de ideia se você for lá no bar da praça
buscar uma dose de pinga para mim — murmura.
Cerro os olhos para a senhorinha sem vergonha ao meu lado.
— Você fez isso de propósito! — resmungo.
Ela dá de ombros.
— Parabéns pelo noivado — fala e começa a me dar as costas.
— É mentira! Você não escutou nada ontem à noite, não é?
— Será que não?
Nesse ponto Maria já está quase caindo da bancada de tanto rir.
— Vó, eu te amo! — fala, entre as gargalhadas.
— Não ama nada, você não trouxe minha pinga. Uma dose não vai me matar e vocês
sabem disso. É a única coisa que me restou do Nathaniel e nem isso posso ter mais — fala e nos
deixa na cozinha, provavelmente indo à procura de sua próxima vítima.
Apesar de levar tudo na brincadeira, sinto-me culpado por tirar da minha avó sua
tradição. Queria poder fazer alguma coisa para que ela soubesse que nos importamos também em
manter a memória do vovô viva.
Vou até a varanda atrás de Ayla, que está sozinha, observando as luzinhas enfeitando
todo o jardim.
— Oi, noiva — falo.
Seu olhar encontra o meu e o sorriso mais lindo aparece em seu rosto. Dois anos desde
que a beijei nesse mesmo lugar e ainda sinto o coração acelerar todas as vezes em que sorri dessa
forma para mim.
— Oi, noivo.
Coloco-me atrás dela, apoio as mãos ao lado das suas e abaixo o rosto para beijar seu
ombro, depois seu pescoço e subo. Prenso seu quadril contra o parapeito e subo uma mão até sua
garganta. Sinto o momento em que engole o gemido e só isso já basta para me enlouquecer.
— Me beija — ordeno.
Sua língua passa pelos lábios, deixando-os molhados. O olhar encontra o meu e então
responde:
— Não, desencosta de mim. Celibato. — Sua voz sai sem nenhuma firmeza.
— Nem fodendo. — Olho para os lados, certificando-me de que estamos sozinhos. —
Você não pode me provocar a noite inteira e achar que não vou te fazer se arrepender disso.
Ayla morde os lábios.
— Bom, era exatamente essa minha intenção. Você fazendo eu me arrepender a noite
inteirinha. — Ela prolonga a última palavra, de forma provocativa. — Porém, agora, não vai
rolar mais.
Em um movimento, eu a viro e a coloco sentada sobre o parapeito. Então, deslizo a mão
por sua coxa até a lateral da bunda, confirmando que não tem mesmo nenhum tecido ali para me
impedir de alcançar o que quero. Porém, sua mão bate na minha, tirando-a de lá antes que eu
consiga fazer qualquer coisa a mais.
— Você ficou louco? Além de sua avó ter nos ouvido, agora quer dar o vislumbre de
alguém assistir?
Faço uma careta só de imaginar outra pessoa vendo Ayla da forma que fica comigo.
Gosto de saber que é uma versão dela que só eu tenho acesso.
— Não, não sou do tipo que gosta de dividir, você é só minha. — Acaricio sua bunda por
cima do tecido e recebo outro tapa, mandando minha mão para longe. — E para com isso, minha
avó não escutou nada, só queria te usar como moeda de troca para que eu comprasse a pinga
dela. Não se engane com aqueles olhos de velhinha inocente.
Ayla gargalha e se desequilibra, mas eu a seguro a tempo e ela se agarra em minha blusa.
— Acho melhor eu descer antes que caia.
— Eu nunca vou te deixar cair.
Seu olhar encontra com o meu e me perco no infinito dos seus olhos.
— Promete?
— Prometo.
— Eu te amo — fala e me puxa para ela. — Já te amava quando você me beijou aqui,
pela primeira vez, e eu acreditava que não sentia o mesmo, te amo hoje como meu noivo e não
vejo a hora de te amar como meu marido.
Acaricio seu rosto e seguro o queixo para que olhe para mim.
— Não me lembro de um dia em que meu coração não estivesse batendo por você.
Mesmo quando eu achei que tinha me rejeitado, ele se recusou a desistir ou aceitar qualquer
outra pessoa. Sempre fui seu.
Encosto a testa na dela e ficamos ali apenas sentindo um ao outro. Absorvendo que não
somos mais apenas namorados, que estamos nos escolhendo mais uma vez.
— Precisamos entrar lá e dar a notícia para nossa família — Ayla fala. — Você acha que
não vão achar ruim por conta da aliança da Dona Amélia? É uma herança de família, parece
errado ser minha.
Nego com a cabeça.
— Minha avó não está caduca, a aliança é dela e ela quis dar para a gente. — Entrelaço
nossos dedos e olho para a joia. — Você não conheceu meus avós juntos, foram mais de setenta
anos que eles compartilharam a vida e... — Engulo o nó na garganta que sempre vem quando
penso na forma em que os dois foram separados. Ayla aperta nossos dedos, como se quisesse me
dar forças para continuar. — eu nunca vi alguém amar tanto outra pessoa como eles se amavam,
mesmo depois de todos os anos juntos. E eu quero isso pra gente. Quero vir até essa varanda
daqui a setenta anos, te abraçar e perguntar se ainda se lembra do nosso primeiro beijo, quero
contar para os nossos filhos como foi uma grande aventura cada dia ao seu lado, contar que a
mãe deles ficou famosa depois de viralizar no Twitter e ouvir todas as perguntas sobre essa rede
social que provavelmente nem vai mais existir até lá, quero uma vida inteira ao seu lado, mesmo
sabendo que nem todo esse tempo será o suficiente, assim como não foi para eles.
Ao voltar meu olhar para Ayla, a encontro chorando de novo.
— Agora eu estou ansiosa para ser uma velhinha e ver tudo isso acontecer — responde,
rindo e chorando ao mesmo tempo. — E se pudermos manter a tradição deles viva através de
nós?
— Em que você está pensando?
Ayla desce do parapeito e me puxa.
— Vem comigo.
Saímos da casa pela lateral, para não sermos vistos por ninguém, e ela pede que eu a leve
até o bar que os dois se conheceram, que ainda existe na cidade.
— Ela não pode beber.
— Confia em mim — pede e insiste para que eu a leve até lá.
Ao chegarmos, o dono, Seu Antônio, abre um sorriso e pergunta:
— Então, é você que vai quebrar as regras da sua mãe esse ano?
— Na verdade, sou eu — responde Ayla. — Quero levar uma garrafa da pinga da Dona
Amélia.
— Tem certeza de que qué comprá essa briga com a sogra?
Seu Antônio cresceu com meus tios e conhece bem a personalidade da minha mãe. O bar
era do avô dele na época em que meus avós se conheceram aqui. E, até hoje, o local serve como
abrigo para todos que estão fugindo de suas próprias famílias nessa data.
— Espero que não tenha briga, porque anunciar um noivado depois disso vai ser uma
situação desconfortável — responde a ele, depois se volta para mim com aquele sorriso lindo, e
completa: — Juro que não vai entrar para a lista das minhas péssimas decisões.
Sorrio de volta, mesmo sem ter total certeza de que isso não possa acabar virando um
grande desastre. Não que minha mãe vá achar ruim por levarmos a pinga para minha avó, pois,
no fundo, ela parece sempre esperar que alguém quebre essa regra.
Todos sabemos que a saúde da matriarca da família é muito mais importante do que
qualquer tradição, mas também sabemos que a matamos aos poucos quando a proibimos de fazer
coisas que a faz sentir-se viva. É um pouco de egoísmo da nossa parte, pois ela também sabe que
isso pode fazer mal e mesmo assim decide que vale o risco, só que nós temos medo demais de
perdê-la para apoiarmos. Porém, também odiamos a ver passar dias para baixo quando não
consegue o que quer.
— Tá aqui a garrafa, mande um abraço para Amélia — Seu Antônio fala.
Ayla pega a sacola que ele oferece, agradece e me puxa porta afora.
Ao chegar em frente à casa da minha avó de novo, entramos devagar, observando se não
tem ninguém para nos dedurar. Já estamos quase na porta quando ouço um barulho nos arbustos
e me viro a tempo de ver o namorado da minha mãe se esconder e ele não parece estar sozinho.
Desço da varanda e dou alguns passos em sua direção.
— Tá tudo bem aí?
Ele se vira e levanta a mão.
— Não vem aqui, Gustavo, tá tudo bem.
Vejo um pedaço de tecido vermelho aparecer atrás do arbusto. Tenho bastante certeza de
que minha mãe estava usando um vestido verde.
— Você está traindo ela? — pergunto, já indo até lá para saber quem é a pessoa.
— O quê? — Franze o cenho e me segura, impedindo-me de passar por ele e ver quem
está lá.
— Quem está aí com você?
— Eu estou aqui, Gustavo! — fala minha mãe. — Vá embora, por favor. Não tem
ninguém me traindo.
Por que ela quer que eu vá embora? Se esse filho da puta a machucou e ela não quer que
ninguém veja, eu juro que posso acabar com a vida dele.
Indo contra os dois eu avanço mais um pouco.
— Gustavo! — Ayla grita, tentando me impedir, entendendo a situação antes de mim.
Porém, quando faz isso, já é tarde demais.
Talvez eu não tenha entendido o contexto antes porque a última coisa que eu queria
imaginar era minha mãe escapando da festa de Natal para fazer tudo que eu também quero fazer
com Ayla.
E a demora ao perceber isso faz com que eu a encontre caída atrás da planta com o pé
preso pela calcinha vermelha em um galho.
— Ah, mãe — resmungo. — Vocês não poderiam ter arrumado um quarto? Vou precisar
de terapia para o resto da vida para superar que peguei minha mãe com o namorado dela se
agarrando no meio do mato.
Queria ficar feliz por ela estar curtindo tanto o relacionamento que está agindo como
uma adolescente, mas nenhum filho ficaria feliz com essa cena.
Ela me olha em choque por um momento, mas então, explode em uma gargalhada.
— Eu juro que não é o que parece. Eu senti um bicho subindo por minhas pernas e achei
que tivesse entrado na minha calcinha.
Cerro os olhos para ela.
— Quantos anos você acha que tenho?
— O suficiente para saber que sua mãe não inventaria algo ridículo assim se não fosse
verdade. — Ela puxa com força o pé do galho e consegue se livrar dele. Então, estende a mão
para mim. — Me ajuda a levantar.
Seguro sua mão e a puxo até que esteja de pé. Porém, assim que termina de bater a
sujeira do vestido, seu olhar encontra a sacola na mão da Ayla, que até tenta esconder, mas não é
rápida o suficiente para que ela não veja o que está carregando.
— Não acredito que compraram a pinga.
— Não é pra ela, é pra mim — Ayla responde.
— Não precisa mentir, eu sabia que alguém ia ceder, só não esperava que fossem vocês.
O que ela ofereceu?
— Nada, porque não é para ela, eu juro.
Minha mãe olha para mim, como se esperasse que eu explicasse aquilo, mas não tenho
como explicar quando também não tenho ideia do que ela quer fazer.
— Ela jura. — Dou de ombros.
— Agora, vamos todos para dentro que temos uma novidade para contar — Ayla fala e
me dá um sorriso antes de entrar pela porta.
— Ela está grávida? — pergunta minha mãe, segurando-me pelo braço.
— Acho que você deveria entrar e esperar ela contar.
— Ai, meu Deus! Eu vou ser avó? Você precisa pedir ela em casamento. Samuel e Laura
já estão sabendo?
— Mãe! — seguro seus ombros e sacudo, de leve. — Não se preocupe que não
engravidei a filha de ninguém...
Ela solta um longo suspiro de alívio e eu dou risada. Já tenho vinte e cinco anos e ela
ainda tem medo de que eu seja pai na adolescência. Acho que nunca serei um homem aos olhos
dela, continuarei sempre seu garotinho muito bem instruído a não engravidar ninguém.
— Bom, não engravidei ninguém ainda.
— Só depois de se casar, não quero você dando motivo para ninguém fazer fofoca, você
sabe como é um saco essas coisas em cidade pequena.
— Então, acho melhor você entrar lá e escutar a novidade em vez de ficar fazendo
suposições.
Dessa vez, seu rosto se ilumina e ela dá um grito:
— Vocês vão se casar?
Não espera nem por uma resposta antes de me puxar para um abraço e então começa a
chorar.
— Queria tanto que seu pai estivesse aqui para ver isso. — Ela afunda o rosto em meu
peito e preciso me segurar para não a acompanhar nas lágrimas, pois eu também queria muito
que ele estivesse aqui. Tentando se controlar, coloca a mão em meu peito, olha em meus olhos e
continua: — Ele estaria orgulhoso do homem incrível que criamos.
E, assim, pela primeira vez, acredito nessas palavras.
— Obrigado!
— Vocês serão muito felizes.
— Mas eu nem confirmei que é essa a novidade...
— Mãe sempre sabe — responde e se desvencilha de mim.
— Achei que você achasse que eu tinha engravidado ela.
Minha mãe me ignora e abraça o namorado. Saio andando na frente deles, mas consigo
escutar quando ele fala baixinho:
— Ele também estaria orgulhoso de você.
O homem ganha um pouco mais do meu respeito por não ter medo da memória do meu
pai ou de tudo que ele representou na vida dela. Porém, o que ouço a seguir, eu queria não ter
ouvido. Pois pergunta:
— Você acha que ele acreditou na história do bicho?
— Óbvio que não, eu não devia ter deixado você me trazer até aqui.
— Até onde eu me lembro, foi você que ficou...
Acelero o passo porque não quero ouvir as provocações sexuais da minha mãe. Apesar
de ficar feliz que ela esteja curtindo a vida, porra, é minha mãe, prefiro imaginar que passa a
noite jogando palavras cruzadas com o namorado sempre que dormem juntos.
Entro na sala e encontro quase todo mundo reunido em volta da mesa. Vou até Ayla e
acaricio suas costas. Ela me lança um olhar rápido e olha a sacola na mão, que parece ter
escondido de todos até agora, pois ninguém está comentando sobre isso.
— Estou nervosa — fala baixinho para que só eu escute. — Se der tudo errado você
promete que continua me amando?
— Depende. Você ainda vai continuar com a ideia idiota do Celibato? — brinco para
tentar fazê-la relaxar um pouquinho.
Recebo um tapa no peito e uma risada como resposta. As conversas em volta estão tão
altas que ela nem se preocupa com alguém ter escutado.
— Não faça eu me arrepender de ter dito sim.
— De ter dito sim eu tenho certeza de que não se arrependerá. — Abaixo um pouco e
chego mais perto de seu ouvido para sussurrar. — Mas de me provocar a noite inteira rebolando
essa bunda gostosa, e sem calcinha, embaixo desse vestido, disso você vai se arrepender.
Minha diabinha abre aquele sorriso que costumo encontrar só entre quatro paredes e
responde:
— Prometo pagar por todos esses pecados sem questionar.
— Porra, Ayla. — Eu amo com todas as minhas forças a ouvir falar qualquer tipo de
safadeza para mim, mas, agora, sabendo disso, ela adora me provocar quando não posso fazer
nada. — Eu criei um monstro.
Puxo-a para minha frente, abraço-a por trás e afundo meu rosto em seu cabelo pensando
em todas as coisas capazes de evitar uma ereção não desejada, enquanto ela quase chora de tanto
rir.
— Vamos comer? — pergunta tio Roberto.
— Antes nós queremos fazer um anúncio — Ayla responde, se recompondo e eu tento
fazer isso também, mas sem sair de trás dela, só por precaução.
— Caralho, você meteu um filho nela? — Patrick pergunta.
Por que todo mundo pensa primeiro em gravidez? Até eu já estou começando a achar
que ela possa estar grávida com tanta gente perguntando sobre isso.
— Eu espero que não seja esse o anúncio — Samuel retruca e lança um olhar de poucos
amigos para meu primo.
— Sou jovem demais para ser avó — Laura continua, apoiada no braço do marido. —
Você não está grávida, não é?
A pergunta é dirigida à filha, que nega com a cabeça.
— Não estamos planejando ter filhos tão cedo, não se preocupe, mãe.
Minha sogra solta uma lufada de ar, evidenciando o alívio com essa confirmação.
— A verdade é que... — Ayla levanta a mão. — vamos nos casar e eu queria comemorar
isso de um jeito especial.
Ninguém prestou atenção na segunda parte do que ela falou, pois os gritos começaram
logo depois que ela falou que iríamos nos casar.
Os pais dela, que já estavam ao nosso lado, são os primeiros a nos alcançar. Laura já
começa a fazer mil planos sobre o local, convidados, vestidos.
— Você será uma noiva linda! Vou agendar as visitas aos ateliês para ver os vestidos
assim que voltarmos para casa...
Samuel me abraça e fala baixo para só que eu o escute:
— Não engravide minha filha antes de estarem casados e, se puderem esperar até os
trinta anos, melhor ainda. — Patrick merece um soco na cara por ter falado aquela merda. — E a
faça muito feliz. Estou confiando a você o meu maior tesouro, cuide bem dele.
— Cuidarei com a minha vida.
Ele me dá alguns tapinhas nas costas e me liberta, indo até a filha, que está reclamando
algo sobre não querer nenhum casamento grande com a mãe.
— Podemos comer agora? — alguém que não consigo identificar pergunta, enquanto
ainda estamos recebendo as felicitações.
— Ainda não, esfomeado — responde a vovó. — Ninguém vai comer se não forem
buscar minha pinga.
— Sobre isso — Ayla fala e tira a garrafa de debaixo da mesa.
— Nem casou ainda e já está mostrando as garrinhas contra a sogra... — tia Angela fala.
— Não seja ridícula, Angela, eu sabia sobre isso. Pare de querer causar intriga na
família. — responde minha mãe como se soubesse exatamente o que Ayla está prestes a fazer.
Porém, assim como eu, está apenas confiando.
Todos se calam, pois não tem nada que essa família goste mais do que uma boa
confusão. Estão curiosos para saber o que minha garota está aprontando e eu também.
— Dona Amélia foi nosso cupido. Não só hoje, mas desde o meu primeiro natal aqui,
quando insistiu para o seu neto cabeça-dura falar logo sobre o que sentia por mim.
— Eu sou cabeça-dura? — pergunto.
— Sim, se tivesse seguido o conselho dela já estaríamos juntos bem antes disso. Enfim,
não me interrompa porque eu não sou boa com palavras e estou treinando isso na cabeça desde
que pisamos aqui. Se sair errado a culpa será sua. — Recebo um olhar de repreensão e sorrio,
sem conseguir me manter sério. — Como estava dizendo, Dona Amélia foi nosso cupido antes e
hoje também, quando nos presenteou com sua aliança. E eu queria poder retribuir tudo que ela
fez por nós, queria garantir para ela que manteremos vivo o amor dela com Nathaniel.
Ayla serve a pinga nos dois copinhos a nossa frente.
— Todo dia vinte e quatro de dezembro, antes da ceia, eu e o Gustavo beberemos uma
dose de pinga para manter a tradição viva. E quem quiser, pode beber com a gente também, pois
foi um amor que vocês conheceram, que vocês assistiram ano após ano, que inspirou vocês a
encontrarem esse mesmo sentimento.
A garrafa começa a ser passada em volta da mesa e meus tios, minha mãe, todos vão
colocando uma dose em seu copo. Até a garrafa chegar em minha avó, que está de braços
cruzados olhando para tudo aquilo e, por um momento, penso que odiou. Até que seus ombros
caem e ela começa a chorar. Acho que nunca vi tantas lágrimas em um único Natal como hoje.
Quando consegue se recompor, olha para Ayla e fala:
— Obrigada.
Minha garota deixa o meu lado e vai até ela, as duas se abraçam e tenho a certeza de que
não poderia ter escolhido ninguém melhor para passar o resto da vida ao meu lado. Elas
conversam algo que não consigo escutar e, quando volta, levanta o copinho e manda todos
fazerem o mesmo.
Minha avó não bebe, mas nos observa com um sorriso no rosto enquanto todos viramos a
dose, após brindarmos.
Passo o resto da noite contando os minutos para todos irem embora e eu poder
comemorar meu noivado a sós com Ayla.
Não espero nem um segundo depois de finalmente estarmos sozinhos no quarto para
avançar sobre ela. Preciso a sentir, estou entrando em abstinência o dia inteiro sem poder tocá-la.
Seguro sua cintura com uma das mãos, o rosto com a outra e a beijo, mas ela não corresponde.
— Pare com essa história de Celibato agora — falo.
Ela sorri, mas não é o sorriso que eu esperava. É tenso, nervoso. Algo está errado. Não
está apenas fazendo doce para mim, tem algo a incomodando e no mesmo instante minhas
prioridades mudam, já não me importo com mais nada que não seja tirar aquele olhar de seu
rosto.
— O que foi?
— Por que as pessoas falaram o dia inteiro sobre uma gravidez? Eu não posso estar
grávida, não é mesmo? Nós sempre usamos preservativo, somos muito cuidadosos. Minha
menstruação está atrasada, mas ela nunca foi regular. Todas essas lágrimas e meu peito dolorido
é só a TPM, né?
Pisco para ela com o coração tentando encontrar o ritmo normal.
— Você não está grávida — falo, sem muita certeza. Como ela mesmo falou, sempre nos
cuidamos para garantir isso.
Mas pode acontecer...
— Não estou — confirma e balança a cabeça em afirmativa. —, mas e se alguma
camisinha estourou e não percebemos? Existe alguma possibilidade disso ter acontecido? Eu
acabei de afirmar para minha mãe que não será avó tão cedo. Ai, meu Deus, eu não posso...
— Ayla! — Seguro seu rosto, impedindo de entrar em toda a neurose. — Você não está
grávida. Eu vou buscar um teste de gravidez e já volto só para que pare de pensar nisso. Tá bom?
Faz que sim com a cabeça.
— Onde você vai arrumar um teste de gravidez a essa hora?
— Vou falar com a Bea. Pedir para roubar um para mim na farmácia.
Ela engole em seco e balança de novo a cabeça. Dou um beijo em sua testa e pego o
celular para discar o número da Bea, enquanto saio do quarto. Para a minha sorte, atende no
primeiro toque e, quando falo o que preciso, ela fica empolgada e diz que se Ayla estiver
grávida, quer ser a madrinha, o que me deixa mais nervoso, pois a possibilidade de escolher uma
madrinha significa que existe um bebê.
Preciso fingir que tenho tudo sob controle, porque se eu estou sendo sufocado aos
poucos com essa possibilidade, não sei como Ayla deve estar se sentindo.
Pego o teste com Bea e volto o mais rápido que consigo.
— Vai lá fazer xixi no palitinho para acabar com essa neura. — Abraço-a e dou um beijo
rápido em sua boca. — Você vai ver que não tem com o que se preocupar.
Ela não responde nada, apenas pega o teste e se enfia no banheiro. Volta uns minutos
depois e fala:
— Deixei em cima da pia. Você olha, eu não consigo ficar lá esperando o tempo — fala,
andando de um lado para o outro no quarto. — Isso é o carma. Da outra vez eu falei que nunca
mais faria sexo na vida e eu fiz...
Vou até ela e a abraço.
— Vou fingir que você não acabou de chamar o melhor sexo da sua vida de carma —
brinco.
Sou recompensado com uma risadinha.
— E quem te falou que foi o melhor? — retruca.
— Acho que já te ouvi dizer isso algumas vezes, enquanto seus olhos reviravam com
algum dos milhares de orgasmos que já te dei.
— Minha memória não deve estar muito boa, acho que terá que fazer de novo.
Abro um sorriso e aperto seu quadril contra o meu.
— Droga, eu nem queria isso.
— Nem eu — responde e desliza o dedo pelo cós da minha calça, fazendo meu pau
começar a ganhar vida só com esse toque. — Vai lá ver o resultado e volte aqui para
terminarmos isso, então.
Liberto sua cintura e vou até o banheiro, caminhando com toda a confiança de quem sabe
o resultado que encontrará.
Não existe nenhuma possibilidade de Ayla estar grávida. Afirmo antes de segurar o teste
nas mãos. Nenhuma.
Olho para o palitinho de papel em busca da listra rosa, mas em vez de uma, encontro
duas.
Eu sei o que duas listras significam, porém pego a caixinha mesmo assim, na esperança
de ser um teste diferente, e leio a embalagem:
Uma listra: negativo – não grávida.
Duas listras: positivo – grávida.
Samuel vai me matar. Eu engravidei a filha dele antes de casar. Minha mãe também vai,
mas ela não é minha maior preocupação no momento.
— Gustavo?
Viro-me para ela sem saber como contar que dessa vez não é apenas uma neura. Nós
vamos ter um bebê. Tem um serzinho nosso se desenvolvendo dentro dela neste momento.
— Ai, meu Deus! Deu positivo? — Toda a cor some de seu rosto.
Eu preciso fazer alguma coisa, preciso acalmá-la. Não é hora de surtar junto com ela.
Ayla precisa de mim.
— Vai dar tudo certo. — Não sei se falo para ela ou para mim.
— Eu acho que não consigo respirar. — Ela faz movimentos com os braços como se
puxasse ar para os pulmões.
Vou até ela e a abraço.
— Nós vamos ter um bebê.
— Não, não podemos ter um bebê. — Balança a cabeça em negativa. — Eu bebi hoje.
Mal descobri e já estou sendo uma péssima mãe, eu não sei fazer isso, Gustavo. Como vou
cuidar de uma criança? Não sei nem cuidar de mim...
Seguro seu rosto entre as mãos e tomo uma longa respiração, jogando lá no fundo todos
os meus medos para estar ali para ela.
— Nós vamos aprender a fazer isso juntos. — Limpo suas lágrimas com o dedo. — Eu
estou aqui pra você e para o nosso bebê. Não posso te dizer que vai ser fácil ou que não teremos
nenhuma dificuldade, mas posso dizer que estamos juntos nessa. Você nunca vai ficar sozinha.
Pode descontar todas as raivas e choros hormonais em mim, vou acordar de madrugada para
encontrar qualquer desejo absurdo de comida que você tenha. Faço tudo por vocês.
Posso estar tão apavorado quanto ela com a notícia, mas cada uma dessas palavras foram
verdadeiras. Nós vamos descobrir como fazer isso.
Ayla soluça e afunda o rosto em meu peito.
— Eu te amo, mas tudo que eu consigo pensar agora é que daqui nove meses terá uma
cabeça saindo da minha vagina e é culpa sua. — Ela ri entre as lágrimas. — Por que você tinha
que me seduzir e ser tão bom de cama para que eu quisesse subir em cima de você todas as vezes
que te vejo?
Acompanho sua risada.
— Sinto muito por não poder parir por você, mas não vou me desculpar pela segunda
parte.
Seu corpo treme com a risada até que para por completo e ficamos abraçados por um
momento, em silêncio. Então, ela fala:
— Você se vira para contar isso para os meus pais. Eles vão me matar.
— Eu falo com eles — respondo, fingindo não estar apavorado com a reação que Samuel
e Laura podem ter. — Você não precisa se preocupar com nada, tá bom?
Levo a mão até sua barriga e Ayla prende a respiração.
Dona Amélia ficará alucinada com a notícia, nossos pais nem tanto, mas nós vamos fazer
isso.
— Eu te amo — falo e a beijo. Logo depois me ajoelho e beijo sua barriga. — E você aí
dentro, eu prometo dar meu melhor.
— Não fale com a minha barriga. — Ayla ri. — Isso é estranho.
— Se acostume, pois pretendo conversar muito com nosso filho.
Outra lágrima cai de seus olhos e ela limpa com raiva.
— Meu Deus, eu vou chorar para sempre. Não paro nunca. Isso é culpa sua.
Levanto e a pego no colo, levo até a cama e a deito.
— Pode me culpar por tudo, leãozinho.
Deito-me ao seu lado e a abraço, sabendo que sua cabeça deve estar a mil, processando
tudo que vai acontecer daqui para frente. Afinal, eu posso dar todo apoio, ser o melhor pai e
marido, mas é o corpo dela que vai enfrentar todas as mudanças, é ela quem vai carregar nosso
filho e aguentar cada uma das dores desse processo. Talvez ela ainda vá surtar um pouco mais
quando a ficha cair ou talvez se apaixone pela ideia de ser mãe de hoje para amanhã, mas não
importa o que aconteça, eu estarei aqui.
Beijo seu cabelo e ela se ajeita, moldando seu corpo ao meu.
Em poucas horas nós passamos de namorados para noivos e pais.
Nada nunca é simples e monótono ao lado de Ayla, minha garota sempre dá um jeito de
virar tudo de pernas para o ar, essa é sua especialidade. Uma vida inteira ao seu lado será a
experiência mais incrível e caótica, e eu mal posso esperar por cada uma das emoções que
viveremos juntos.
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Um contrato. Um mês em uma ilha. Um namoro falso. Eles juram que não vão se
apaixonar.
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mas o coração acelerado e as pupilas dilatadas nunca fizeram parte de seus encontros frustrados.
Porém o destino está prestes a dar um empurrãozinho para que viva todos os clichês que ama ler.
Quando um desconhecido a contrata como babá e propõe, de quebra, pagá-la por um
relacionamento de fachada durante uma viagem, ela fica indignada apenas até enxergar nisso
uma oportunidade de conseguir o dinheiro que precisa para pagar pela cirurgia de sua tia. Certa
de que conseguiria separar bem a vida pessoal da profissional, embarca com destino a uma ilha
privativa na companhia do viúvo Matteo e seu filho.
Ela só não imaginava que o motivo de ter sido escolhida envolveria segredos que
pudessem virar sua vida de cabeça para baixo.
As péssimas decisões de Layla
Friends to strangers to lovers :: Patricinha x Badboy :: Slow Burn
Quem diabos é Layla Ávila?
Se você não ouviu falar nesse nome nos últimos dias, provavelmente está vivendo em
uma caverna. A nossa fake preferida viralizou no Twitter após seu desabafo sobre todas as suas
péssimas decisões: escolheu um curso que odeia (quem nunca?), um “presente de Deus” que a
traiu (várias vezes) e uma melhor amiga que estava abrindo (e usando) seu “presente”.
Depois de tantas decepções, desistiu de fazer suas próprias escolhas e deixou para que
nós, fofoqueiros e enxeridos, votássemos no que deveria fazer a seguir.
Layla conseguiu unir em um blog duas coisas que todo brasileiro gosta: fofocar e
interferir na vida alheia. Não tinha como dar errado.
Em meio à vingança, aparecimento de um antigo Crush e sua expulsão de casa, fica
difícil saber se tudo isso é real ou não passa de uma história fictícia. Quais são suas apostas?
Não sei a resposta, mas não vejo a hora de descobrir quem está por trás desse grande
fenômeno.
Se também quer saber, não deixe de acompanhar essa história.

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