Sobre Levar Os Outros A Sério
Sobre Levar Os Outros A Sério
Sobre Levar Os Outros A Sério
LEVAR OS
OUTROS A
SÉRIO
Tim Ingold
O AUTOR:
“Os filósofos são almas reclusas, mais inclinadas a voltar-se para dentro, em um
exame cuidadoso dos textos canônicos de pensadores como eles próprios – em
sua maioria, embora não exclusivamente, homens brancos mortos – do que a se
envolverem diretamente com as realidades desordenadas da vida cotidiana. Os
antropólogos, ao contrário, praticam sua filosofia no mundo. Eles estudam –
sobretudo por meio de um envolvimento profundo na observação, no diálogo e na
prática participativa – com os povos entre os quais eles elegem trabalhar. A
escolha depende das experiências e dos interesses particulares, mas, em princípio,
poderia ser qualquer povo, em qualquer lugar. Na minha definição, a antropologia
é a filosofia com as pessoas dentro” (INGOLD, 2019, p. 8).
• Nunca esse tipo de filosofia foi tão
necessário.
• O mundo vive um momento crítico.
• Crescimento populacional: mais de 7
bilhões de pessoas; projeção de 11 bilhões
até o fim do século XXI.
• Urbanização; Não produzem seus
alimentos, como no passado.
• Florestas destruídas em nome da produção
de gêneros alimentícios em larga escala.
• Queima de combustíveis fósseis.
• Mudanças climáticas.
• Contradições econômicas.
“O mundo permanece refém de um sistema de
produção, distribuição e consumo que, embora
tenha grotescamente enriquecido a poucos, não
apenas privou incontáveis milhões de pessoas
de necessidades básicas, condenadas à
insegurança, à pobreza e à doença crônicas,
mas também causou destruição ambiental em
uma escala sem precedentes, deixando muitas
regiões inabitáveis e entupindo solos e oceanos
com lixo tóxico e imperecível. Esses impactos
humanos são irreversíveis e, provavelmente,
sobreviverão ao mandato de nossa espécie
neste planeta” (INGOLD, 2019, p. 9).
• “Antropoceno”.
• O “mundo-no-fio-da-navalha é o único
mundo que temos”.
• Não há como mudar para outro planeta
nem voltar ao passado.
• Os seres humanos são autores da sua
própria história, mas sob circunstâncias
que não são de sua escolha (Karl Marx).
“As nossas condições atuais foram
moldadas pelas ações de gerações
passadas que não podem ser desfeitas,
assim como as nossas próprias ações, por
sua vez, conformarão irremediavelmente
as condições de futuro” (INGOLD, 2019,
p. 9).
• Como então devemos viver agora?
“Encontrar o nosso caminho em meio às ruínas é uma
tarefa de todos nós. É aí que entra a antropologia, e é
por isso que – em nosso mundo incerto – ela tem
tanta importância” (INGOLD, 2019, p. 9).
• Não há falta de informações ou conhecimentos.
• Inundação de informações.
• Conhecimentos válidos de diversas áreas.
• Cientistas e humanistas acreditam serem capazes de
tomar a “medida do mundo”, fazendo afirmações
sobre seu funcionamento com uma autoridade
negada às questões mundanas da vida cotidiana.
• A Antropologia também agiu assim.
• O autor propõe outro olhar: “Não se trata de interpretar
ou explicar o comportamento dos outros; não se trata
de colocá-los em seu lugar ou consigná-los à categoria
dos ‘já conhecidos’. Ao contrário, trata-se de
compartilhar da sua presença, de aprender com as suas
experiências de vida e de aplicar esses conhecimento às
nossas próprias concepções de como a vida humana
poderia ser, das suas condições e possibilidades
futuras” (INGOLD, 2019, p. 10).