Capítulos de Livros by Rogério Modesto
Bookmarks Related papers MentionsView impact
Rogério Modesto, no texto Não esquecer, não aceitar:
a denúncia “quando se exige silêncio” e a c... more Rogério Modesto, no texto Não esquecer, não aceitar:
a denúncia “quando se exige silêncio” e a construção discursiva do antagonismo, produz um gesto de escuta da resistência-
-denúncia de mães, mulheres negras, moradoras de periferia em
relação à violência policial em suas comunidades. O autor analisa recortes de discursos extraídos do documentário Menino Joel
e do livro Auto de Resistência e compreende como a violência é
significada: produz dor, medo e impõe silêncios, mas, ao mesmo
tempo, materializa denúncia e resistência. Denúncia “como forma de fazer cicatrizar sem deixar de passar pelo tempo de fazer
sangrar”, e resistência no “falar quando se exige silêncio, antagonizar, entender ou não entender de que lado se está no batimento
entre eles/nós”. Trata-se, pois, de uma reflexão que denuncia o
Estado brasileiro e suas práticas de extermínio das populações de
periferia, especialmente a juventude negra.
Bookmarks Related papers MentionsView impact
A partir do episódio de violência dirigida a Valéria Lúcia dos Santos, advogada, mulher, negra im... more A partir do episódio de violência dirigida a Valéria Lúcia dos Santos, advogada, mulher, negra impedida de levar adiante seu trabalho por uma juíza leiga e, em seguida, algemada no 3º Juizado Especial Cível de Duque de Caxias-RJ, Rogério Modesto analisa o grito como forma de denúncia que textualiza o conflito social, colocando em xeque o juridismo, produtor de um imaginário de igualdade na formação social. O gesto em análise, ao contrapor o ordenamento vigente e perturbar o ritual dos sentidos postos para os corpos negros, irrompe o idílio produzido pelo juridismo, configurando-se enquanto resistência. Nas palavras do autor: "Colocar-se em risco, denunciar as fronteiras do social que se tornaram visíveis quando a ilusão da igualdade jurídica cai por terra, gritar: eis a saída para a mulher negra que exige seus direitos".
Bookmarks Related papers MentionsView impact
Artigos by Rogério Modesto
Revista Interfaces, 2022
Resumo: Neste texto, apresento uma análise do verbete mulato em dicionários de língua portuguesa,... more Resumo: Neste texto, apresento uma análise do verbete mulato em dicionários de língua portuguesa, datados entre os séculos XIX e XX. A análise é feita com base nos pressupostos teóricos da História das Ideias Linguísticas e da Análise de Discurso que se orienta por uma perspectiva materialista. A partir da análise do verbete em questão, busquei recuperar o debate brasileiro em torno da noção de mestiçagem, noção cara à discussão em torno da identidade do Brasil e do brasileiro. As conclusões apontam para o fato de que diferentes vertentes teóricas sobre a mestiçagem parecem comparecer espelhadas nos dicionários de língua portuguesa. Nesse sentido, tanto a ideia de que o mulato é o "mestiço brasileiro" ou o "verdadeiro brasileiro" quanto a ideia de que este só pode ser aceito socialmente se o elemento branco sobressair na formação de sua identidade cultural se fazem presentes.
Bookmarks Related papers MentionsView impact
O texto apresenta reflexões a respeito da potencial produtividade teórica e heurística do conceit... more O texto apresenta reflexões a respeito da potencial produtividade teórica e heurística do conceito de “discursos racializados” para o campo da análise de discurso materialista. Do ponto de vista teórico, o conceito proposto ressalta a compreensão de que a tensão racial é um problema constitutivo à formação social brasileira, tendo em vista o modo de produção que a domina, fato que coloca questões para a noção de condições de produção e para o eixo de constituição discursiva. Do ponto de vista analítico, o conceito em pauta impõe a necessidade de, na mobilização do dispositivo de análise, exercer uma profunda escuta discursiva que considere as determinações históricas dos processos de racialização na sua relação com as materialidades do discursivo, refletindo, então, sobre os eixos da circulação e da formulação dos discursos. Através da reflexão empreendida no texto, chega-se à conclusão de que os discursos racializados não se limitam a discursos de ou sobre raça, podendo então interferir em outras instâncias discursivas
Bookmarks Related papers MentionsView impact
Revista Entremeios, 2020
Resumo. Através da Análise de Discurso materialista, nosso texto analisa o funcionamento do discu... more Resumo. Através da Análise de Discurso materialista, nosso texto analisa o funcionamento do discurso a partir da constituição da posição-sujeito "mulher negra de pele clara". No texto, evocamos os debates sobre o mito da democracia racial e sobre o colorismo e os relacionamos ao processo complexo e contraditório que produz uma identificação gendrada e racializada. A análise é feita a partir de um vídeo retirado de um canal do YouTube da blogueira Rayza Nicácio, em que ela fala de si mesma identificando-se como "mulher negra de pele clara". Em nosso gesto de análise, nos deparamos com dois funcionamentos discursivos regulares: a criação de um "efeito de certeza" a partir da imposição do olhar do outro, bem como a recorrência às formulações linguísticas identificadoras.
Palavras-chave: discurso; identificação; mulheres negras de pele clara.
Abstract. Through the materialist Discourse Analysis, our text seeks to analyze the functioning of the discourse from the constitution of the subject-position "black woman with light skin". In the text, we evoke the debates about the myth of racial democracy and colorism, and we relate this to the complex and contradictory process that produces a gendered and racialized identification. The analysis is made from a video taken from the YouTube channel of blogger Rayza Nicácio in which she speaks of herself identifying herself as a "black woman with light skin". In our analysis, we saw two regular discursive operations: the creating of the "certainty effect" by the imposition of the other's watch, as well as the recurrence of identifying linguistics formulations.
Bookmarks Related papers MentionsView impact
Bookmarks Related papers MentionsView impact
Revista Macabéia, 2019
In this article, we present the object of analysis of the History of Linguistic Ideas: the metali... more In this article, we present the object of analysis of the History of Linguistic Ideas: the metalinguistic knowledge and the form in which the national languages are structured. We describe the particularities that make possible the theoretical and methodological aspects of this current of linguistic studies, more specifically in the knowledge production space of the Brazilian territory. From this understanding, we perform two very particular reading gestures that put into operation a way of understanding the facts of language through the
Bookmarks Related papers MentionsView impact
Através de uma tomada de posição que visa a considerar a problemática da interpelação ideológica ... more Através de uma tomada de posição que visa a considerar a problemática da interpelação ideológica em relação à questão racial, apresento, neste artigo, uma análise discursiva que busca dar consequência a tal relação no modo como ela se materializa no grito “Você é negro!” que se encontra em uma das cenas do filme Ó paí, ó!. O artigo perpassa três eixos teórico-analíticos, a saber: a) a questão da interpelação ideológica tomada por uma visada que considera a problemática racial; b) o problema da denúncia no intercruzamento entre interpelação e raça; e c) a materialidade vocal do grito como forma de denúncia. Toda discussão é feita assumindo os pressupostos da Análise de Discurso de orientação materialista.
Bookmarks Related papers MentionsView impact
O objetivo deste artigo é compreender o funcionamento discursivo de gestos de fuga textualizados ... more O objetivo deste artigo é compreender o funcionamento discursivo de gestos de fuga textualizados em cenas prototípicas. Adotamos uma perspectiva discursiva materialista que nos permite pensar a fuga em sua relação com o simbólico, situando-a como prática que se quer de resistência no bojo das relações de poder, sem deixar de reconhecer uma possibilidade de resistência no espaço da contradição. As diferentes formulações visuais e sonoras colocadas em paráfrase fazem perceber regularidades que, remetidas ao interdiscurso, permitem compreender os movimentos dos sentidos na imagem em seus silêncios e em seus excessos capazes de textualizar o conflito por meio da denúncia.
Bookmarks Related papers MentionsView impact
Bookmarks Related papers MentionsView impact
Bookmarks Related papers MentionsView impact
Bookmarks Related papers MentionsView impact
Bookmarks Related papers MentionsView impact
Bookmarks Related papers MentionsView impact
Bookmarks Related papers MentionsView impact
Resenhas by Rogério Modesto
Bookmarks Related papers MentionsView impact
Apresentações by Rogério Modesto
Bookmarks Related papers MentionsView impact
O título de minha comunicação faz referência a um dos desdobramentos dados por Michel Pêcheux à r... more O título de minha comunicação faz referência a um dos desdobramentos dados por Michel Pêcheux à resistência no célebre Delimitações, inversões, deslocamentos. Nesse texto, Pêcheux elenca uma série de resistências que se incubam sob a dominação ideológica mas que precisam aparecer nos furos e nas falhas do ritual de interpelação, porque só assim será possível começar a desconstruir os sentidos que reproduzem os discursos da dominação, de modo que o " irrealizado advenha formando sentido do interior do sem-sentido " (PÊCHEUX, 1990, p. 17). Dentre as resistências de Pêcheux está aquela que se realiza ao " falar quando se exige silêncio " (PÊCHEUX, 1990, p. 17). Mas o que significa " falar quando se exige silêncio " ? Que gestos ou eventos essa formulação busca representar? P
Bookmarks Related papers MentionsView impact
Tese by Rogério Modesto
Nesta tese, busco compreender o funcionamento discursivo da denúncia nas fronteiras do social. Is... more Nesta tese, busco compreender o funcionamento discursivo da denúncia nas fronteiras do social. Isso significa que meu foco recai sobre o acontecimento de denúncias em condições de produção diferentes das do aparelho jurídico formal de nossa formação social capitalista. Trata-se, desse modo, de analisar a denúncia como desdobramento de práticas sociais que textualizam as tensões produzidas nas relações sociais que são sustentadas na evidência do antagonismo. Essas práticas são possíveis em razão do modo como os sujeitos-de-direito são interpelados de maneira a entender a denúncia como transparente e inequívoca. Compreendo, então, a denúncia como uma discursividade que se desenvolve no social, materializando-se em diferentes formas. A partir disso, proponho o conceito de formas da denúncia para dar visibilidade a um funcionamento discursivo que não se restringe ao domínio do discurso jurídico (domínio em que a denúncia é um instituto do direito penal, uma formalidade processual), mas que acontece em diferentes formas materiais. Ao propor a noção de formas da denúncia, recorro à noção de forma material tanto porque ela permite romper com a separação forma e conteúdo, quanto porque ela possibilita uma abertura de compreensão em que o jurídico (enquanto aparelho localizado formalmente) dá lugar ao juridismo (funcionamento social da compreensão jurídica). Essa dupla permissão, de um ponto de vista prático-analítico, se traduz no fato de que a denúncia não poderá jamais ser restrita a um documento cujos conteúdos devem ser esquematizados, porque, em seu funcionamento difuso no social, ela acontece pelo equívoco do qual se originam variadas possibilidades de enunciação e textualização. Além disso, traduz-se também na possibilidade de compreender os gestos de linguagem de maneira ampla não reduzindo a denúncia ao ato de linguagem de atribuição de culpa já que outros gestos podem dar a ver o seu funcionamento discursivo. A reflexão que produzo na tese é possibilitada pela mobilização de um arquivo composto por quatro materiais específicos, a saber: i) o Relatório da Anistia Internacional do Brasil de 2015; ii) o livro Auto de resistência: relatos de familiares de vítimas da violência armada; iii) o documentário Menino Joel; e iv) o filme brasileiro Ó paí, ó!. A partir desse arquivo, empreendo três grandes gestos analíticos. No primeiro, produzo uma escuta de diferentes testemunhos de mães, mulheres negras, moradoras de periferias que denunciam os assassinatos de jovens negros de periferia cometidos pela polícia militar brasileira. No segundo, considero a configuração da figura discursiva do porta-voz, pois os testemunhos analisados desse arquivo estão em circulação em virtude do trabalho dessa figura. Por fim, trago diferentes materialidades significantes para dar consequência ao fato de que a denúncia se textualiza por diferentes gestos, diferentes formas materiais. Nos dois primeiros gestos analíticos, empenho-me em compreender o funcionamento da denúncia no batimento que se dá nas diferentes possibilidades de relação entre um eu-nós e um eles. No último, trago à baila a evidência da denúncia sendo materializada em cenas prototípicas, bem como chamo atenção para a materialidade significante vocal como disponível aos sentidos produzidos pelo discurso da denúncia.
Bookmarks Related papers MentionsView impact
Uploads
Capítulos de Livros by Rogério Modesto
a denúncia “quando se exige silêncio” e a construção discursiva do antagonismo, produz um gesto de escuta da resistência-
-denúncia de mães, mulheres negras, moradoras de periferia em
relação à violência policial em suas comunidades. O autor analisa recortes de discursos extraídos do documentário Menino Joel
e do livro Auto de Resistência e compreende como a violência é
significada: produz dor, medo e impõe silêncios, mas, ao mesmo
tempo, materializa denúncia e resistência. Denúncia “como forma de fazer cicatrizar sem deixar de passar pelo tempo de fazer
sangrar”, e resistência no “falar quando se exige silêncio, antagonizar, entender ou não entender de que lado se está no batimento
entre eles/nós”. Trata-se, pois, de uma reflexão que denuncia o
Estado brasileiro e suas práticas de extermínio das populações de
periferia, especialmente a juventude negra.
Artigos by Rogério Modesto
Palavras-chave: discurso; identificação; mulheres negras de pele clara.
Abstract. Through the materialist Discourse Analysis, our text seeks to analyze the functioning of the discourse from the constitution of the subject-position "black woman with light skin". In the text, we evoke the debates about the myth of racial democracy and colorism, and we relate this to the complex and contradictory process that produces a gendered and racialized identification. The analysis is made from a video taken from the YouTube channel of blogger Rayza Nicácio in which she speaks of herself identifying herself as a "black woman with light skin". In our analysis, we saw two regular discursive operations: the creating of the "certainty effect" by the imposition of the other's watch, as well as the recurrence of identifying linguistics formulations.
Resenhas by Rogério Modesto
Apresentações by Rogério Modesto
Tese by Rogério Modesto
a denúncia “quando se exige silêncio” e a construção discursiva do antagonismo, produz um gesto de escuta da resistência-
-denúncia de mães, mulheres negras, moradoras de periferia em
relação à violência policial em suas comunidades. O autor analisa recortes de discursos extraídos do documentário Menino Joel
e do livro Auto de Resistência e compreende como a violência é
significada: produz dor, medo e impõe silêncios, mas, ao mesmo
tempo, materializa denúncia e resistência. Denúncia “como forma de fazer cicatrizar sem deixar de passar pelo tempo de fazer
sangrar”, e resistência no “falar quando se exige silêncio, antagonizar, entender ou não entender de que lado se está no batimento
entre eles/nós”. Trata-se, pois, de uma reflexão que denuncia o
Estado brasileiro e suas práticas de extermínio das populações de
periferia, especialmente a juventude negra.
Palavras-chave: discurso; identificação; mulheres negras de pele clara.
Abstract. Through the materialist Discourse Analysis, our text seeks to analyze the functioning of the discourse from the constitution of the subject-position "black woman with light skin". In the text, we evoke the debates about the myth of racial democracy and colorism, and we relate this to the complex and contradictory process that produces a gendered and racialized identification. The analysis is made from a video taken from the YouTube channel of blogger Rayza Nicácio in which she speaks of herself identifying herself as a "black woman with light skin". In our analysis, we saw two regular discursive operations: the creating of the "certainty effect" by the imposition of the other's watch, as well as the recurrence of identifying linguistics formulations.
Essa voz-presença revive a vida e a morte daqueles que já foram. Ela deixa as feridas abertas. Uma forma de denúncia que funciona “como ferida aberta esperando outros modos de cicatrização e que deixa o sangue fluir por precisão e não porque se gosta da dor” (MODESTO, 2019, p. 143). Ser a voz dos mortos, a presença deles entre nós, mobiliza a dor, o luto, a tristeza, a desesperança e a quebra dos sonhos, mas também, em alguma medida, a felicidade, o soerguimento, a luta. Tudo isso em favor de uma militância que (re)significa o(s) afeto(s) colocando-o(s) na tensão entre o social e o político.
É assim, então, que escolhemos falar do afeto em sua relação com o social. Um afeto contraditoriamente marcado pela dor e pela força, pelo luto e pela luta. Concordando com Frantz Fanon, compreendemos ser possível percorrer pelos sentidos da dor, da miséria, do luto e da luta de modo “táctil e afetivamente” (FANON, 2008, p. 86). Ressaltamos, nesse sentido, os efeitos do político e do social no afeto e na dor-luto-luta (ou na dor-luto-luta como afeto), para marcarmos outra posição diferente daquela para a qual tanto a dor quanto o afeto configurariam como alegorias entre o privilégio e o sentimento de culpa humanista e burguesa.