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Ser (Neo)Hegeliano Hoje: O Espírito Enciclopédico !

2018

Almeja-se neste trabalho apresentar as linhas gerais de uma filosofia (neo)hegeliana contemporânea. A partir da questão “Como compreender a vida e a nós próprios ?”, discute-se algumas das possíveis respostas a ela, correlacionado-as com um percurso pessoal da Física à busca de uma teoria geral do ser humano, defrontando com algumas das diversas grandes questões da teoria do conhecimento e algumas de suas respostas. Uma das questões que se mostrou crucial nesse percurso é: Como compreender o sistema dos seres humanos e de seus comportamentos levando em consideração que esses comportamentos dependem do conhecimento de cada ser humano a respeito do mundo que o cerca e a respeito desse próprio sistema ? Busca-se mostrar como, a partir de tal questão e de conceitos, argumentos e teses inspirados na filosofia de Hegel, pode-se chegar ao conceito de Sistema das Autoconsciências, bem como aos conceitos de Razão e Espírito, que permitem, retroativamente, estabelecer algumas respostas gerais à aquela questão inicial, que mantêm a diversidade de visões e filosofias, sem simplesmente desprezá-las, organizando-as, conjuntamente consigo própria, em um sistema do espírito enciclopédico.

Diagramação: Marcelo A. S. Alves Capa: Lucas Fontella Margoni O padrão ortográfico e o sistema de citações e referências bibliográficas são prerrogativas de cada autor. Da mesma forma, o conteúdo de cada capítulo é de inteira e exclusiva responsabilidade de seu respectivo autor. Todos os livros publicados pela Editora Fi estão sob os direitos da Creative Commons 4.0 https://creativecommons.org/licenses/by/4.0/deed.pt_BR http://www.abecbrasil.org.br Série Filosofia e Interdisciplinaridade – 94 Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) TASSINARI, Ricardo Pereira; BAVARESCO, Agemir; MAGALHÃES, Marcelo Marconato; (Orgs.) Enciclopédia das ciências filosóficas: 200 anos [recurso eletrônico] / Ricardo Pereira Tassinari; Agemir Bavaresco; Marcelo Marconato Magalhães (Orgs.) -- Porto Alegre, RS: Editora Fi, 2018. 440 p. ISBN - 978-85-5696-358-1 Disponível em: http://www.editorafi.org 1. Filosofia, 2. Hegel, 3. Enciclopédia; 4. Interpretação; 5. 200 anos; I. Título. II. Série CDD-100 Índices para catálogo sistemático: 1. Filosofia 100 11 Ser (Neo)Hegeliano Hoje: O Esṕrito Encicloṕdico.1 Ricardo Pereira Tassinari2 Introdução: a(s) filosofia(s) Almeja-se neste trabalho apresentar as linhas gerais de uma filosofia (neo)hegeliana contemporânea. Nesse sentido, cabe salientar inicialmente que o termo filosofia será usado aqui para designar uma visão de mundo/vida/totalidade que alguém tem. Logo, assume-se aqui que, na medida em que cada um de nós tem uma concepção de mundo/vida/totalidade, cada um de nós tem uma filosofia. Cada um de nós é, portanto, um filósofo. Em geral, algumas pessoas tendem a aplicar os predicados de forma dualista, querendo dividir, por exemplo, filósofos e nãofilósofos. Aqui, as filosofias (e, consequentemente, os filósofos que as constituem) se diferenciam pelas diversas propriedades que cada uma tem. Em especial, pode-se diferenciar as filosofias por certo grau de elaboração. Em certo sentido, o grau de elaboração 1Este artigo expõe parte das reflexões realizadas no desenvolvimento das pesquisas do Projeto de Pesquisa Filosofia Especulativa e Epistemologia Genética: Construção do Objeto, Razão e Liberdade , realizadas na Université Paris 1 Panthéon-Sorbonne, sob a supervisão do Prof. Dr. JeanFrançois Kervégan, com auxílio Bolsa Pesquisa no Exterior FAPESP 2016/13547-6 da Fundação de Apoio a Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP) à qual agradeço vivamente! 2 Universidade Estadual Paulista – UNESP; ricardotassinari@gmail.com 238 | Enciclopédia das Ciências Filosóficas: 200 anos de uma filosofia está diretamente relacionado ao campo de abrangência que uma filosofia tem em relação a um conjunto de respostas que ela é capaz de fornecer. É necessário trabalho para se constituir uma filosofia. Muitas filosofias não resistem a uma pequena série de questões iniciais. Em geral, na História da Filosofia, estudamos filósofos cujas filosofias têm um alto grau de elaboração e influenciaram a história com suas concepções de mundo, vida e totalidade. São as respostas às questões sobre o mundo, a vida e a totalidade que mantém em geral o interesse pela filosofia para nós seres humanos. Note-se que, ainda que uma filosofia que se recuse admitir que as filosofias estabelecem uma visão de mundo/vida/totalidade, já a partir dessa posição mesma começa a esboçar uma visão desse tipo (em especial em relação ao papel da filosofia) e nesse sentido, assume-se aqui, que ela ainda exerce tal função. Se uma filosofia é uma visão de mundo/vida/totalidade, pode-se dizer que as filosofias têm também uma função até mesmo adaptativa, pois, no seu processo de adaptação, um ser depende de uma certa noção do seu meio-ambiente (e mais elaboradamente do mundo, da vida e da totalidade). Relativamente aos seres vivos em geral, essa certa noção do meio-ambiente tem vários graus de elaboração, deste de as noções apenas sensório-motoras até as noções conceituais e teóricas. Quanta destruição já se fez ao mundo em que vivemos, aos seres vivos em geral e a nós próprios por não compreendermos bem o mundo, a vida e a totalidade que nos cerca e a nós próprios! Em especial, um cientista necessita (e tem) uma filosofia, isto é, uma visão de mundo/vida/totalidade, que possibilita a ele coordenar o conhecimento de sua ciência específica com as demais ciências e com a sua prática e a sua atuação no mundo e na vida. Nesse sentido, cada uma das ciências contemporâneas ao tratar de um sistema de objetos específicos não constitui propriamente uma filosofia, ou melhor, é uma filosofia em grau menor de elaboração Ricardo Pereira Tassinari | 239 que uma filosofia que considere o conhecimento já alcançado por essa ciência e outras questões sobre o mundo, a vida e a totalidade. Em especial, o conhecimento de um cientista a respeito de sua ciência é (apenas) parte de sua filosofia. Como compreender pois a vida e a nós próprios? Essa é a questão que se põe para nós na medida em que compreendemos que é necessário compreender o mundo, a vida, a totalidade e a nós próprios, em suma, fazer uma filosofia. Como pois respondê-la? Heranças Filosóficas De fato, a elaboração de uma filosofia que possibilite dar minimamente conta do mundo em que vivemos, da vida em geral, de nós próprios e do sistema da totalidade exige muito tempo e trabalho. Não é fácil responder satisfatoriamente a questão: Como compreender a vida e a nós próprios? Na medida em que as filosofias dos filósofos estudados na História da Filosofia apresentam um alto grau de elaboração das respostas em relação ao mundo, à vida e à totalidade, é natural que nós nos utilizemos delas (ou do que compreendemos delas) para constituir nossas próprias visões, nossas próprias filosofias. Em especial, tem-se visto várias filosofias contemporâneas que se utilizam de (ou se inspiram em) conceitos, argumentos e teses da filosofia de Georg W. F Hegel. Talvez, o caso mais famoso seja o de Karl Marx e dos marxianos, mas não apenas. A filosofia hegeliana parece ser propícia para isso, por ser uma filosofia que intenciona: (1) Ser argumentativa desde seu início; (2) Ter o mínimo possível de pressupostos; (3) Ser uma instituição de sentidos; (4) Em especial, ser uma instituição de sentidos por meio de argumentos relacionados as mais diversas experiências da 240 | Enciclopédia das Ciências Filosóficas: 200 anos consciência, desde as mais imediatas e comuns até as relativas a visões de mundo mais elaboradas; e (5) Instituir o sentido de vários termos que abrange as diferentes esferas da totalidade da vida humana. Como anunciado no início, almeja-se apresentar aqui as linhas gerais de uma filosofia (neo)hegeliana contemporânea. Nesse sentido, visa-se aqui constituir conceitos, argumentos e teses inspirados na filosofia de Hegel para constituir uma visão do mundo, da vida, de nós próprios e da totalidade. Em especial, porque a filosofia de Hegel, além das características listadas, ainda tem a características de: (1) Ser autorreferente e instituir sentido de termos que possibilite falar de si própria; (2) Tratar das diversas formas de se ver a totalidade das filosofias sem simplesmente desprezá-las, organizando-as em um sistema; e (3) Tratar das diversas filosofias e de si própria conjuntamente em um sistema. Note-se que, como se trata aqui de apresentar uma filosofia própria, o discurso em terceira pessoa se entremeará com um discurso em primeira pessoa, contando um pouco de minha própria trajetória pessoal que desembocou na visão filosófica que hoje se apresenta aqui. Compreendendo (e Explicando) a Realidade Certamente, pode-se estudar História da Filosofia estudando o que os filósofos disseram sem se preocupar com sua aplicabilidade imediata à nossa vida. Também pode-se aplicar (ou se inspirar em) um ou outro conceito, argumento e tese análogos aos que os filósofos utilizaram. Mas podemos querer compreender a vida e a nós próprios tout court, e, como caracterizada aqui, uma filosofia é propriamente o resultado dessa atividade. Ricardo Pereira Tassinari | 241 De certa forma, sempre me ocupou a questão: Como compreender a vida e a nós próprios? De forma geral, tal questão é natural a todo ser humano, mas alguns se ocupam mais dela do que outros. Comecei estudando Física, por esta constituir uma explicação da realidade física com a clareza e a precisão matemáticas, tanto na ordenação de seus conceitos quanto na correlação desses com a experiência. Por exemplo, ao descrever como parabólica a trajetória de lançamento livre de um corpo em nosso campo gravitacional, tal parábola prevista poder ser experimentalmente verificada ponto a ponto com a trajetória estabelecida pelo próprio corpo. Entretanto, a Física é um fragmento de interpretação do Mundo. Nesse sentido, me perguntava: E os outros conteúdos? E os seres humanos? Em geral, de uma perspectiva que parte da Física, tende-se a ver o ser humano como um organismo biológico, um organismo que, a princípio, pode ser explicado por ciclos bio-químicos-físicos, no qual a Biologia é uma extensão da Química que, por sua vez, é uma extensão da Física. Digo a princípio pois não se tem (ainda?) tal explicação. Isto é, não se tem, como nas explicações da Física, uma explicação precisa da realidade humana (do homem e de seus comportamentos) a partir de um sistema de entidades da Física mais elementares e de suas relações, de forma a que haja uma perfeita correlação ponto a ponto com o que é observado na experiência (em especial, com experimentos científicos) e o mecanismo estabelecido pela teoria física que mostre perfeitamente como ocorre o que é observado na experiência da realidade humana. Com tal visão calcada na Física, eu vivia na confortável (e quase dogmática) crença de que (por princípio) tal explicação poderia ser realizada, sem de fato ela já ter sido feita, e, em certo sentido, vivia na (quase ansiosa) esperança de que aquele ainda deixasse de existir e se atingisse satisfatoriamente tal explicação. 242 | Enciclopédia das Ciências Filosóficas: 200 anos Acordando do Sonho Dogmático No contexto do estudo dos seres humanos, podemos nos perguntar: E a mudança de nosso conhecimento do Mundo? Nesse ponto, julgo interessante contar sobre certa brincadeira que um jovem amigo arquiteto faz com seus amigos a mesa de um bar. Inspirado pelo Argumento do Sonho de Descartes, de quem ele gosta muito, em especial pela significação apontada aqui, ele argumenta com seus amigos: como você sabe que não está sonhando agora? Como você sabe que realmente está bebendo comigo agora e não está dormindo, podendo acordar a qualquer instante? A brincadeira tem sabor especial para ele pois no decorrer da argumentação os amigos se sentem muito constrangidos por não conseguirem lhe dar uma resposta satisfatória, e acabam por simplesmente querer parar e mudar o rumo da conversa, ainda com o desconforto por não poderem responder satisfatoriamente à questão (para si próprios?). Por mais absurda e distante do dia-a-dia que possa parecer tal conversa, ela me faz refletir muito sobre a atual situação das ciências contemporâneas. Ninguém hoje acredita que as verdades das ciências contemporâneas são verdades absolutas. Sabemos em especial que, por exemplo, Karl Popper adota o Critério de Falseabilidade como distintivo do que deve ser contemporaneamente considerado ciência. De forma bem simples e resumida, para se constituir como conhecimento científico, as proposições de uma ciência devem ser passíveis de serem testadas experimentalmente e nesse sentido a experiência deve ter a possibilidade de responder negativamente ao que a proposição expressa; se ela passa pelo crivo da experiência retidamente, as experiências vão corroborando (mas não demonstrando) as Ricardo Pereira Tassinari | 243 proposições em teste, mas ela sempre deve poder vir a ser falseadas em um novo contexto experimental. De forma geral, como se disse, não se acredita que as verdades das ciências contemporâneas são verdades absolutas, e, em geral, pensamos que provavelmente algum dia serão falsas, como são falsos hoje o espaço e o tempo absolutos newtonianos. Mas na época de Isaac Newton (inclusive para o próprio Newton), vivia-se a realidade desse espaço e desse tempo absolutos !!! Vivia Newton em uma espécie de sonho científico influenciado pela precisão e beleza e sua teoria? (Já que hoje sabemos que não é mais assim.) Será que, ao adotarmos as atuais proposições científicas conjuntamente com nossas filosofias não estamos vivendo em uma espécie de sonho científico-filosófico? A Coisa-em-si mesma Pode-se ver nessa última questão um problema análogo ao que Hegel aponta em relação a coisa-em-si kantiana. De forma geral, para a maioria dos cientistas contemporâneos, existe uma coisa-em-si (que motiva sua própria pesquisa científica) que as teorias científicas vão desvelando cada vez mais sem nunca a desvelar completamente; nesse sentido, nossa compreensão não corresponde (e nunca corresponderá) as próprias coisas-em-si mesmas. Ora, mas ao extremo, tal concepção implica que o que vivemos a partir de nossas teorias científicas (e filosóficas) nunca será realmente a Verdade. Nossa-Verdade é uma não-verdade ! Nossa-Verdade não é mais e não busca mais ser a Verdade ! E tal concepção de Verdade, com V maiúsculo, um substantivo próprio indicando um objeto singular, parece não mais existir ! Digo mais porque, como aponta Hegel (2016, p. 47), os antigos diferenciavam opinião (doxa) e conhecimento (episteme) e nesse sentido buscavam elaborar um conhecimento da Verdade. 244 | Enciclopédia das Ciências Filosóficas: 200 anos Por exemplo, segundo a fórmula bem conhecida de Platão no Teeteto, Ciência deve ser ao menos opinião verdadeira justificada. Para a Antiguidade, o conceito de ciência da ciência contemporânea não faria sentido. Ciência que é falseável? Ciência não pode vir a ser falsa, Ciência tem que ser verdadeira. Existe aqui uma dupla Conhecimento e Verdade que estão em correlação: Conhecimento é necessariamente conhecimento da Verdade. E se algo se mostrou falso, necessariamente não era conhecimento, se o tomava como tal, mas não era. Parece, pois, que, se vivemos acreditando nas ciências contemporâneas, vivemos em um sonho. Ou ainda, sonhamos acordados, pois, em geral, nem mesmo nos damos conta desse sonho. Pode-se até dizer que vivemos em uma ilusão, a Ilusão Científico-Filosófica, de tomar por verdade nossas ciências e filosofias sem que o sejam, e sem se saber dessa ilusão. Na época em que comecei a perceber que poderia estar vivento nessa Ilusão Científico-Filosófica, comecei a perceber claramente a necessidade do trabalho filosófico e de se constituir uma filosofia, para além dos sistemas das ciências contemporâneas e das opiniões de senso comum. Mais adiante, apresenta-se uma possível solução ao paradoxo que tal Ilusão coloca. Sobre o Sistema de Seres Humanos Voltemos, por ora, a questão: Como compreender a vida e a nós próprios? Como compreender os seres humanos? Em especial: como compreender o seres humanos se para o fazer, utilizamos essa própria capacidade de compreender? Se a ciência quer explicar o ser humano, como explicar essa capacidade de conhecer do ser humano? Ricardo Pereira Tassinari | 245 Existe na resposta a essas questões um problema de circularidade, pois para explicar a capacidade de conhecer do ser humano, tem-se que se usar essa própria capacidade. Elaborar uma teoria sobre essa capacidade, implica, em última instância, em elaborar uma teoria que explique também como se elabora teorias, inclusive, tal teoria deve explicar a elaboração de si própria. Para começar a tratar do problema, pode-se utilizar aqui da noção contemporânea de sistema da Sistêmica, para tornar mais precisas tais questões. Por definição, um sistema S é constituído por um conjunto E de elementos e um conjunto R de relações entre eles. Um sistema S é pois uma unidade de pluralidades que pode ser representado por um par ordenado (E,R). Em especial, no caso da Sistêmica, o que motivou a definição geral de sistema introduzida é que, para certos sistemas físicos, químicos e biológicos, as relações de R tinham uma forma matemática e possibilitavam prever o comportamento dos elementos de E do sistema S em função dessas relações e das condições iniciais; quando não completamente, pelo menos de forma estatística. Pode-se, pois, tornar mais precisa a questão central aqui: Como compreender o sistema de seres humanos e de seus comportamentos, se o comportamento de cada ser humano dependem de seu conhecimento? Nesse caso: E = Conjunto dos seres humanos; e R = Conjunto das relações (que se expressam nos comportamentos dos e) entre os seres humanos. Soluções Específicas e Soluções Gerais Poder-se-ia tratar aqui dessa capacidade de conhecer de forma específica utilizando por exemplo o MoSEAOSS, isto é, o 246 | Enciclopédia das Ciências Filosóficas: 200 anos Modelo do Sistema de Esquemas de Ações e Operações sobre Símbolos e Signos (TASSINARI, 2014, 2016). A meu ver, de forma mais geral, tal análise leva a um tipo de filosofia do espírito teórico (HEGEL, 1995, v. 3, p. 219-263), só que de forma mais detalhada e mais diretamente correlacionada aos comportamentos que os seres humanos apresentam (e que podem ser estudados experimentalmente) durante o desenvolvimento dessa capacidade de conhecer, incluindo aqui as noções necessárias a ela, como as noções de espaço, tempo, causalidade, permanência dos objetos (no espaço), conservação da substância, dos pesos, volumes, de número, classes, etc. Entretanto, aqui não estamos tanto interessados nessa forma específica de conhecer, mas na questão mais geral da possibilidade de elaboração de uma resposta a questão: Como compreender a vida e a nós próprios? Como compreender o sistema dos seres humanos e de seus comportamentos levando em considera̧ão que esses comportamentos dependem do conhecimento de cada ser humano a respeito do mundo que o cerca e a respeito desse próprio sistema? Voltando a Questão Utilizando a conceituação relativa à Sistêmica, pode-se reformular a questão anterior da seguinte forma: Como compreender o sistema dos seres humanos (elementos do sistema) e de seus comportamentos (atividades dos elementos do sistema) levando em considera̧ão que esses comportamentos (atividades dos elementos) dependem do conhecimento de cada ser humano (elemento) a respeito do mundo que o cerca e a respeito desse próprio sistema (que se busca aqui compreender)? Viu-se que as filosofias resultam dessa própria atividade de compreensão do mundo, da vida, de nós próprios e da totalidade. Logo, a questão posta se torna: Como compreender o sistema dos Ricardo Pereira Tassinari | 247 seres humanos levando em considera̧ão que esse próprio ser humano é capaz de constituir filosofias? Sobre às Diversas Realidades A História da Filosofia nos apresenta diversas filosofias. Pode-se dizer que existem tantas filosofias quanto filósofos existem; ou ainda mais, já que um mesmo filósofo pode ter mais de uma filosofia durante sua vida. De forma geral, cada filosofia estabelece para si uma forma de compreensão do mundo, da vida, de nós próprios e da totalidade. E o comportamento de cada ser humano depende de sua filosofia. Nesse sentido, pode-se dizer ainda que: A Totalidade (para cada um de nós), incluindo nela o mundo, nós próprios e a vida em geral (para cada um de nós) é a compreensão dela (que cada um de nós tem). Pode-se dizer aqui da realidade de nossa compreensão do mundo. Pode-se dizer aqui que a realidade (para cada um de nós) é a nossa compreensão do mundo. Por exemplo, em especial, viu-se que na época de Isaac Newton, vivia-se a realidade de um espaço e um tempo absolutos. Como pois responder a questão anterior levando em conta que a realidade (para cada um de nós) é a compreensão (que cada um de nós tem) do mundo, da vida, de nós próprios e da Totalidade? Em especial, em relação a minha história de vida, a consciência dessas diversas realidades (para cada um de nós) e da realidade ser (para cada um nós nossa) compreensão do mundo, da vida, de nós próprios e da Totalidade (inclusive em relação a Ilusão Científico-Filosófica citada anteriormente, cuja questão data da mesma época), veio com o aprofundamento no estudo da Epistemologia Genética de Jean Piaget. Foi nessa época que a 248 | Enciclopédia das Ciências Filosóficas: 200 anos descoberta e a leitura da Introdução (das Lições de) à História da Filosofia de Hegel me trouxe a possibilidade racional de solução dessa questão, como se verá a seguir. O Sistema das Autoconsciências, sua Apreensão Racional e a Filosofia Como compreender o sistema dos seres humanos levando em considera̧ão que esse próprio ser humano é capaz de constituir filosofias e que para cada um sua filosofia se mostra como sendo a expressão do mundo, da vida, de nós próprios e da Totalidade para ele? No sentido de formular uma filosofia que responda a essa e às questões até aqui colocadas, introduzo a seguir alguns conceitos, argumentos e teses inspirados na filosofia de Hegel. Denominarei de autoconsciência uma inteligência (no caso, aqui, um ser humano) que tem a possibilidade de compreensão de que o mundo, a vida, nós próprios e a Totalidade para ela é a compreensão que ela própria tem deles, isto é, sua filosofia. Nesse sentido, o sistema dos seres humanos e de seus comportamentos se mostra como um Sistema das Autoconsciências . Como, o comportamento de cada um depende da filosofia que cada um tem naquele dado momento, para explicar o Sistema das Autoconsciências precisamos considerar o conjunto dessas diversas filosofias possíveis. Ou melhor, precisamos considerar, não apenas o conjunto dessas diversas filosofias, mas o sistema dessas diversas filosofias: o conjunto delas e a relações entre elas. Denominarei de Razão ao sistema das diversas filosofias possíveis, incluindo nela própria o nosso próprio conhecimento atual do mundo, da vida, de nós próprios e da Totalidade. Note-se que a elaboração do conhecimento da Razão, do sistema das filosofias possíveis (que coordena as diversas Ricardo Pereira Tassinari | 249 filosofias), é ainda a elaboração de uma filosofia. Nesse sentido, denominarei de Filosofia (com F maiúsculo designando um substantivo próprio) a atividade de elaboração de filosofias que busquem o conhecimento da Razão, do sistema das diversas filosofias possíveis. A Filosofia é assim um saber enciclopédico, segundo a etimologia do Grego enkyklios paideia, literalmente educação/formação circular, no qual o conhecimento de cada um e especial dos autores da História da Filosofia e das ciências, inclusive contemporâneas, são coordenados uns com os outros (enkyklios) com vista a formação (paideia) de um grande todo ideal. Nesse sentido, segundo os conceitos aqui introduzidos, a Filosofia se mostra ser o conhecimento da Razão e essa se mostra ser a própria Totalidade. E conhecer a Totalidade é conhecer a Razão. Em especial, é por isso que se fala em razões das coisas, como, por exemplo, razões na natureza, inclusive em razões ainda desconhecidas para nós (expressão que careceria de sentido, se a razão fosse tomada como uma mera faculdade humana e seu produto…). Não é mais um materialismo que explica a vida, mas um idealismo da Razão, no qual se reconhece o mundo como a si próprio, como manifestação da Razão. Tal concepção leva como se verá à noção de noésis noéseos – atividade cognoscente na qual conhecimento e conhecido são o mesmo (HEGEL, 1995, v. 1, § 236, p. 366). Idealidade e Realidade Em geral, se opõe ideia e realidade (como em Kant ou nas ciências contemporâneas), como se, por um lado tivéssemos a coisa-para-nós (ideia), dada pela ciência e/ou filosofia, e, por outro, a coisa-em-si mesma (realidade), que buscamos atingir, sem nunca 250 | Enciclopédia das Ciências Filosóficas: 200 anos o conseguir. De forma que a natureza da coisa-em-si mesma é distinta da coisa-para-nós. Mas como podemos saber que existe essa diferença de natureza entre a coisa-para-nós e a coisa-em-si mesma, se não temos acesso a coisa-em-si mesma? Um dos argumentos utilizados é que é diferente ter ideias (subjetivas) das coisas e as coisas (objetivas reias) nelas mesmas, e que em geral sempre nos enganamos em relação as coisas mesmas, o que mostraria que as coisas-para-nós não correspondem às coisas-em-si mesmas. Mas ainda que exista uma diferença entre a nossa compreensão atual da coisa (coisa-para-nós) e a coisa-em-si mesma, isso não implica que a natureza das duas sejam diferentes, ambas podem ter a mesma natureza, em especial, a natureza ideal (que não se opõe ao real, ao contrário lhe determina), como se argumenta aqui. Além disso, argumentam que as coisas-em-si mesmas têm certa resistência e persistência, que nossas ideias delas parece não ter. Vê-se que tais argumentos desconhecem a característica da Ideia e da Razão hegelianas, ou ainda do próprio Argumento do Sonho de Descartes. Na Razão está também a sensibilidade, as intuições etc. a tal ponto que podemos sentir, intuir, etc. os conteúdos ideais da Razão, inclusive a resistência e persistência de alguns deles que estão em nossa sensibilidade. Talvez desconheçam sua própria consciência, não sejam conscientes de si próprios, autoconscientes… E talvez seja por isso que não se tenha uma teoria que a partir da Física explique a própria capacidade de compreensão do ser humano: materialidade é apenas uma das propriedades das coisas ideias (em especial daquelas que vivenciamos em nossa realidade física) sendo o ideal muito mais amplo e contendo a nossa realidade física. Ricardo Pereira Tassinari | 251 A Compreensão da Coisa Mesma Vê-se assim que segundo a filosofia aqui apresentada, a natureza do objeto é a mesma do conhecimento do objeto, e as diversas verdades que temos sobre ele são apenas aspectos, momentos do mesmo objeto e do objeto mesmo. O verdadeiro significado do objeto é o sistema dos vários momentos que o determinam. Temos aqui, como salientado a noésis noéseos, atividade cognoscente em si e para si própria na qual conhecimento e conhecido são o mesmo. Assim, aqui não temos a dualidade coisa-em-si mesma e coisa-para-nós, pois se está sempre conhecendo a própria coisa-emsi mesma: é ela que se expõe a nós quando buscamos conhecê-la. A Razão como a Verdade A totalidade das coisas-em-si mesmas é a Razão. Nesse sentido, a Razão é a Verdade. Logo, na visão filosófica aqui apresentada existe a Verdade e não apenas verdadesfalseáveis. A Razão enquanto Verdade é o fio prumo que caracteriza o conhecimento (episteme) em oposição as opiniões (doxa), que se mantem como meras opiniões se justamente não se consideram como parte dessa Verdade, da Razão, e não a buscam. Em geral, as pessoas que não aceitam a existência da Razão e desta como Verdade argumentam dizendo ainda que nas concepções que admitem a Razão existe uma espécie de privilégio de um ponto de vista em detrimento dos outros, uma espécie de atitude autoritária. Ora, mas como se viu, a Razão se constitui em (e coordena as) diversas visões, filosofias e ciências, buscando respeitá-las na compreensão que elas próprias colocam; mas, é verdade, que a Razão se coloca como fim da reunião delas em um todo. De qualquer forma, parece-me aqui ao contrário, ou seja, que as concepções que criticam a Razão (e portanto criticam sua 252 | Enciclopédia das Ciências Filosóficas: 200 anos benevolência para com as demais filosofias e sua capacidade de reconciliação delas) parecem se colocar em um ponto de vista privilegiado em detrimento dos outros, em uma espécie de atitude autoritária, sem se colocar em relatividade com as outras visões, inclusive com as que admitem a existência da Razão. Conhecendo a Razão No sentido aqui adotado, a própria da Razão pode ser compreendida para nós como o próprio raciocinar que a busca e que nessa busca segue suas razões. Hegel usa aqui o conceito de silogismo para descrever esse processo. Como diz Hegel (1995, v. 1, §181, p. 315): O silogismo é o racional e todo o racional. Aqui, esse raciocinar esse caminhar pode ser designado como silogismo pois é um movimento que segue e tem razões. Mais ainda, pode-se compreender esse movimento como um movimento na Totalidade, no sistema dos seus momentos, que a expõe. Esses próprios movimentos se mostram no tempo, mas o próprio silogismo não dependente do tempo, no sentido de que não muda com o tempo, mas o próprio tempo está nele. A própria Filosofia pode ser compreendida como a atividade de auto-exposição da Razão e de compreensão da vida e de nós próprios. Em especial, na exposição enciclopédica e filosófica da Filosofia, na Enciclopédia das Ciências Filosóficas em Compêndio, o movimento lógico de auto-exposição da Filosofia começa com a consideração pensante dos objetos (HEGEL, 1995, v. 1, § 2, p. 40), progride para as categorias que permitem pensar seu ser na Doutrina do Ser (HEGEL, 1995, v. 1, p. 171-219), vai ao aprofundamento de uma essência que lhe esclarece esse ser na Doutrina da Essência (HEGEL, 1995, v. 1, p. 221-289), e, por fim, na Doutrina do Conceito (HEGEL, 1995, v. 1, p. 291-371), chega à atividade de auto-exposição enquanto compreensão e Ricardo Pereira Tassinari | 253 autocompreensão noésis noéseos que leva a identificação do que se conhece com a sua determinação imediata que é. O Espírito Absoluto Por fim, a noção de noésis noéseos, atividade cognoscente em si e para si própria, na qual conhecimento e conhecido são o mesmo, pode levar a uma concepção de Razão, na qual a Razão é a Totalidade consciente de si própria, sabe-se a si própria; e nós, autoconsciências no interior dela, nos auto-expomos ela, em um movimento no interior dela, seguindo suas razões ou ainda sua Razão. Pode-se chamar de Espirito à Razão assim compreendida. A realização máxima de sua compreensão é a Razão como Espírito Absoluto. (HEGEL, 1995, v. 3, § 384z, p. 26, § 385, p. 29, § 439, p.209, § 577, p. 364). Os argumentos e teses apresentados anteriormente que expõe o conceito de Razão não implicam (necessariamente) que a Razão deva ser considerada como Espírito Absoluto, mas também não o negam. Nesse sentido, a Ideia do Espírito Absoluto é a mais completa e supera (aufheben) todas as demais compreensões do mundo, da vida, de nós próprios e da totalidade, na medida em que todas estão contidas nela e ela as explica e compreende. Ela eleva ao máximo a Razão como A Verdade existente (seiende) em si e para si (HEGEL, 1995, v. 3, § 438, p. 209). Nesse sentido, a progressão na exposição enciclopédica da Filosofia, na Enciclopédia das Ciências Filosóficas em Compêndio, é a progressão da exposição e do conhecimento do Espírito Absoluto (ou ainda de Deus, como Hegel, 1995, v. 1, p. 39, anuncia no §1, para usar um termo pelo qual em geral tal objeto é representado mas não compreendido conceitualmente). Tal exposição se mostra como um caminho (filosófico) de compreensão de nossos espíritos no interior do Espírito Absoluto. E leva a conhecer a esse próprio 254 | Enciclopédia das Ciências Filosóficas: 200 anos Espírito Absoluto, como o mais belo e atraente e como o melhor, como o próprio motor imóvel, ao qual Hegel (1995, v. 3, p. 365) referencia utilizando uma citação de Aristóteles que trata desse movimentos, depois do último parágrafo da Enciclopédia que expõe a Ideia da Filosofia e o Espírito Absoluto. É um movimento interior, pois, é tanto interior ao Espírito Absoluto, em que tudo está contido, quanto interior a nós próprios, enquanto, em cada um de nossos eus, o Espírito Absoluto é a Verdade desse eu, cuja a expansão do conhecimento de si leva justamente ao Espírito Absoluto que se mostra em nós. No interior do Espírito Absoluto, tudo está em movimento, inclusive o nosso reconhecimento do Todo que ele é. Tal reconhecimento não é o conhecimento específico de tudo, mas o reconhecimento de tudo no Todo, cujo conhecimento específico para nós vai sempre se expandindo. Mas, uma vez que se chega a esse conceito do Todo como Espírito Absoluto, nele se mantém, embora os elementos mais específicos que o constituem continuem em sua eterna exposição para nós. Cabe notar, que tal esfera do Espírito Absoluto permite justificar e explicar a ética, as artes, as religiões e a Filosofia. Certamente essas atividades fazem parte do mundo humano, dos comportamentos humanos, e, nesse sentido, devem ser explicadas. Arte, Religião e Filosofia: a Auto-Exposição do Espírito Absoluto Enciclopédico Em especial, são formas de auto-exposição do Espirito Absoluto, a arte (exposição sensível dele), a religião (exposição dele na representação) e a Filosofia (exposição conceitual e adequada dele). A arte se mostra como a exposição sensível de momentos do conteúdo do Espírito Absoluto, de tudo o que pode ser vivido pela Ricardo Pereira Tassinari | 255 consciência humana, inclusive de forma ética e religiosa, que é representado em uma obra de arte sensível cuja significação ultrapassa sua realidade meramente material e é elevada a sua relação com as demais partes do Espírito Absoluto, no interior da História e da Cultura. A religião se dá pelas diversas formas de apreensão (ainda imperfeitas) desse Espírito Absoluto na representação (imperfeitas sobretudo pois a representação não é uma forma adequada de apresentar-lhe). No entanto, a religião é um momento essencial da exposição do Espírito Absoluto, pois, como diz Hegel (1969, p. 28, 1983, p. 63): A filosofia só se explicita enquanto explicita a religião, e ao se explicitar, explicita a religião . Em especial, a compreensão do Espírito Absoluto como sucintamente aqui exposta possibilita compreender o conceito de religião revelada, na qual o Espírito Absoluto se determina apenas a partir de si próprio e por meio do que lhe é próprio. Como se viu, a Razão que se sabe se mostra como o próprio Espírito Absoluto. E também como nos diz Hegel (1995, v. 1, § 19z2, 68): Só o espírito pode reconhecer o espírito. Mas, mais ainda, a partir do que se viu até aqui, pode-se parafrasear o que Hegel (1995, v. 3, § 564a, p. 347) diz citando Göschel que: o Espírito Absoluto é somente Espírito Absoluto enquanto ele sabe a si próprio; e seu saber-se é além disso sua autoconsciência no homem e o saber do homem sobre o Espírito Absoluto: saber que avaņa para o saber-se do homem no Espírito Absoluto. Nesse conceito de Espírito, o Espírito revela-se a si próprio, pois ele é a própria expressão daquilo que ele é: a compreensão disso que ele é. Por fim, a Filosofia é, como se viu, sua compreensão adequada, enquanto compreensão conceitual e racional do Espírito Absoluto. 256 | Enciclopédia das Ciências Filosóficas: 200 anos Um grande homem condena os humanos a explicá-lo , diz Hegel (1994, p. 7, 1995, v. 1, p. 375), como salienta Bernard Bourgeois. A filosofia de Hegel certamente faz parte da Razão como aqui definida e se manifesta no Sistema das Autoconsciências, na medida em que influenciam o comportamento humano (como por exemplo o que escreveu este texto). Como, pois, compreender o mundo, a vida, nós próprios e a Totalidade senão com os conceitos aqui exposto? Que você leitor com sua filosofia decida ! Enfim, pode-se falar aqui de Espírito Enciclopédico , na medida em que o Espírito Absoluto contém todos os saberes e os caminhos (paideia) que levam a si próprio como Saber Supremo e Absoluto, que conserva ainda em si todos os saberes, os coordenando em um todo (enkyklios). Referências HEGEL, G. W. F. Werke 16: Vorlesungen über die Philosophie der Religion I (Werke in 20 Bänden). Frankfurt am Main: Suhrkamp, 1969. ______. Enciclopédia das Ciências Filosóficas em Compêndio (1830). Volume I: A Ciência da Lógica. Volume II: Filosofia da Natureza. Volume III: A Filosofia do Espírito. Tradução de Paulo Meneses com a colaboração de José Machado. Petrópolis: São Paulo: Loyola, 1995. ______. Encyclopédie des Sciences Philosophiques I. La Science de la Logique. Texto integral apresentado, traduzido e comentado por Bernard Bourgeois. Paris: J. Vrin, 1994. ______. Vorlesungen. Ausgewählte Nachschriften und Manuskripte – Band 3 / Vorlesungen über die Philosophie der Religion: Teil 1. Der Begriff der Religion. Hamburg: Felix Meiner, 1983. ______. Ciência da Lógica: 1. A Doutrina do Ser. Tradução brasileira de Christian G. Iber, Marloren L. Miranda e Federico Orsini, sob a coordenação de Agemir Bavaresco, com a colaboração de Michela Bordignon, Tomás Farcic Menk, Danilo Costa e Karl-Heinz Efken. Petrópolis, RJ: Vozes; Bragança Paulista, SP: Editora Universitária São Francisco, 2016. Ricardo Pereira Tassinari | 257 TASSINARI, R. P. O Modelo do Sistema de Esquemas de Ações e Operações sobre Símbolos e Signos. Schème: Rev. Eletr. de Psic. e Epist. Gen., Marília, [Online]. v. 6, n. Especial, p. 7-44, 2014. Disponível em: http://revistas.marilia.unesp.br/index.php/scheme. Acesso em: 30 mar 2018. ______. Como é Possível a Filosofia? Uma Análise a partir do Modelo do Sistema de Esquemas de Ações e Operações sobre Símbolos e Signos. In: IV Colóquio Internacional de Epistemologia e Psicologia Genéticas: Teoria e Prática na Construção do Conhecimento. Marília - SP: Fundepe Editora, 2016. p. 1-20. Disponível em: https://unesp.academia.edu/RicardoPereiraTassinari. Acesso em: 30 mar 2018.