Filosofia - O Sagrado e o Profano
Filosofia - O Sagrado e o Profano
Filosofia - O Sagrado e o Profano
Discussão 0.5
Conclusão 0.5
Bibliografia 0.5
- Contextualização (Indicação
clara do problema) 1.0
Introdução
- Descrição dos objectivos 1.0
- Metodologia adequada ao
objecto do trabalho 2.0
Conteúdos
- Articulação e domínio do
discurso académico (expressão
escrita cuidada, coerência /
Análise e coesão textual) 2.0
Discussão
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Índice
1.
Introdução.........................................................................................................................3
1.1. Objectivos...................................................................................................................3
1.1.1. Objectivo geral........................................................................................................3
1.1.2. Objectivos específicos.............................................................................................3
1.2. Metodologia................................................................................................................3
2. Acepção das palavras Sagrado e Profano......................................................................4
2.1. O tempo sagrado e os mitos........................................................................................5
2.1.1. A sacralidade do tempo...........................................................................................7
Conclusão........................................................................................................................14
Referências Bibliográficas...............................................................................................15
1. Introdução
O sagrado pode ser entendido como algo detentor de uma certa força que foge da razão
humana e evoca a um deus. Mas existem diferentes interpretações do sagrado em povos e
culturas e alguns autores, que destacam a noção de santo e sagrado em lugar da ideia de Deus
como noção básica do pensamento religioso.
1.1. Objectivos
1.1.1. Objectivo geral
Compreender e interpretar o segundo capitulo da obra: “O Sagrado e o Profano” de
Mirceia Eliade.
1.2. Metodologia
Para a materialização do presente trabalho usou-se o método bibliográfico. Este método
baseia-se no estudo da teoria já publicada, assim é fundamental que o pesquisador se aproprie
no domínio da leitura do conhecimento e sistematize todo o material que está sendo analisado.
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2. Acepção das palavras Sagrado e Profano
O ser humano sempre passa por alguma experiência ou contacto com algo, que traz em
si uma força ou significado que foge ao mundo da razão. Essas características peculiares
atribuíram-se àquilo que se tem como Sagrado. Ser “sagrado”, geralmente, evoca a um
“deus”. Nesse sentido, o Catecismo da Igreja Católica já o coloca como “O sentido do sagrado
faz parte do âmbito da religião”.
Para Galimberti (2003, p.20), o sagrado significa separado, e religião, vem do termo
latino relegere, significando religar, ou ligar novamente, e, também significa uma crença na
existência de forças ou entidades sobre-humanas responsáveis pela criação, ordenação e
sustentação do universo e, desse modo, fazendo a conotação entre religião e sagrado como
algo que refaz a separação ao contacto regularizado por práticas e rituais a fim de evocar uma
divindade.
Ao sagrado, são designados deuses, pessoas, espaços, tempos. Assim, a religião, que
circunscreve a área do sagrado, leva, por meio de ritos, a uma organização da racionalidade
do ser humano, tornando actos conscientes a fim de introduzir, pela percepção a diferença que
há entre sagrado e o profano.
Percebe-se no entanto, que o sagrado pode ser também algo relativo porque o que é
sagrado para uma pessoa, necessariamente, não precisa ser para o outro. Nesse sentido, se
quer compreender essas manifestações no decorrer da história das civilizações e, de modo
especial, o que acontece na modernidade, quando homens buscam apoio em diferentes
sacralidades ou diferentes símbolos e, de outro lado, também acontece um repúdio ao que se
tem por sagrado e já enraizado em diferentes sociedades ocorrendo uma transformação
religiosa surgindo hoje, diferentes seitas e grupos. Pois, compreender o universo espiritual do
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homem é buscar o conhecimento geral do homem como se observa dentro da história das
civilizações.
2.1. O tempo sagrado e os mitos
Vale primeiramente argumentar que nesta fase do trabalho é feita a interpretação e o
resumo da nossa compreensão advinda da leitura do segundo capítulo da obra O Profano e o
Sagrado, de Mircea Eliade. Cabe ainda salientar que neste capítulo é analisado a diferença
entre o tempo e a religião.
“É sobretudo essa concepção arcaica do Tempo mítico que nos interessa”. (Eliade,
2001, p.66).
Segundo o autor, alguns fatos revelam com mais facilidade o comportamento do homem
religioso em relação ao Tempo. Antes, porém, o mesmo faz a seguinte observação preliminar:
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numa interdependência, quando se referem ao vínculo que se estabelece entre o homem e o
seu comportamento religioso. Assim, conclui o autor:
“A correspondência cósmico-temporal e de natureza religiosa: pois tanto um como o
outro são realidades sagradas, criações divinas”. (Eliade, 2001, p.68).
Para tornar compreensível essa correspondência entre Tempo e Cosmos, o autor cita,
como exemplo, a construção dos edifícios sagrados (templos) que representam a imagem do
Mundo, e que abrigam um simbolismo religioso, resultando, desse modo, em uma relação
tríade entre Tempo e Mundo, unidos pelos laços do religioso contido no homem. Para ilustrar
tais afirmações, o autor dá, como exemplo, o que se encontra entre os algonkins e os sioux:
(...) sua cabana sagrada representa o universo e simboliza também o ano. Porque o ano
é concebido como um trajeto através das quatro direcções cardeais, significadas pelas quatro
janelas da cabana sagrada. (Eliade, 2001, p.67).
Para ilustrar ainda mais as suas afirmações, o autor completa: “Os Dakota dizem: “O
Ano é um círculo em volta do Mundo”, quer dizer, em volta da sua cabana sagrada, que é um
imago mundi”. (Eliade, 2001, p.67).
Diz, ainda, que, na Índia se encontra o exemplo mais claro de correspondência cósmico-
temporal e, por conseguinte, de natureza religiosa. Relata o autor:
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(...) segundo Flávio José (Ant. Jud. III, 7,7), os doze pães
que se encontravam sobre a mesa significavam os doze meses do
ano e o candelabro de setenta braços representava os decanos
(quer dizer, a divisão zodiacal dos sete planetas em dezenas). O
Templo era um imago mundi: situando-se no “centro do
Mundo”, em Jerusalém, santificava não somente o Cosmos
como um todo, mas também a “vida” cósmica, ou seja, o
Tempo. (Eliade, 2001, p.68).
Espaço e tempo são os elementos através dos quais o homem manifesta a sua condição
religiosa. A proximidade entre o tempo e o espaço foi descoberta por Hermann Usener, ao ser
citado por Eliade, uma vez que, segundo ele, o espaço e o tempo são meios pelos quais o
homem religioso pode empenhar-se na sua relação trans-humana. Sobre isso, o autor
referenda:
O parentesco entre templum e tempus a que estamos nos
referindo nos textos acima, segundo o autor é de mérito de
Hermann Usener, que o conseguiu ao interpretar os dois termos
pela noção de intersecção e que ulteriormente, a través de
outras investigações, descobriu-se que templum exprime o
espacial, tempus o temporal. E o conjunto desses dois elementos
constitui uma imagem circular espaço-temporal. (Eliade, 2001,
p.68).
Sobre todos esses fatos, pode-se concluir que, para o homem religioso, o mundo
encontra, a cada ano, uma santidade provinda do originário, ou seja, do primitivo, do
primeiro, daquele que não foi copiado de modelo algum. O Mundo que se renova, tornando-se
tal qual foi construído pelo Criador. Assim, exprime-se o autor ao oferecer a sua significação
profunda desses fatos:
“A significação profunda de todos esses fatos parece ser a seguinte: para o homem
religioso das culturas arcaicas, o Mundo renova-se anualmente, isso é, reencontra a cada
novo ano a santidade, tal como quando saiu das mãos do Criador”. (Eliade, 2001, p.69).
Por outro lado, quanto ao tempo sagrado, ele não emana, não tem sua origem e nem
deriva de uma duração irreversível. No ponto de vista heideggeriano, contrário à visão
aristotélica, a ordem é que abranja o próprio ser, como aquilo que torna possível as múltiplas
existências. Assim, o tempo sagrado mantém-se sempre igual a si mesmo, não se modifica e
nem se exaure. O tempo sagrado, por isso, torna-se o reencontro com a primeira festa da
aparição do Tempo sagrado, tal qual ela se fez no decorrer do tempo. Sobre essa realidade o
autor fala:
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De certo ponto de vista, poder-se-ia dizer que o tempo
sagrado não “flui”, que não constitui uma “duração”
irreversível. É um tempo ontológico porexcelência,
“parmenidiano”: mantém-se sempre igual a si mesmo, não
muda e não se esgota. A cada festa periódica reencontra-se o
mesmo Tempo sagrado – aquele que se manifestara na festa do
ano precedenteou na festa de há um século: é o tempo criado e
santificado pelos deusespor ocasião de suas gesta, que são
justamente reactualizadas pela festa. Em outras palavras,
reencontra-se na festa a primeira aparição do Tempo sagrado,
tal qual ela se efectuou ab origine, in illo tempore. Pois esse
Tempo sagrado no qual se desenrola a festa não existia antes
das gestas divinas comemoradas pela festa. (Eliade, 2001, 64).
Exposto ao tempo e inserido nele, donde se faz e se constitui ser humano e, portanto,
subordinado ao que lhe é inerente, o homem tem as duas espécies de Tempo. Se, por estar no
mundo, lhe é conferida a realidade de viver no tempo presente histórico, lhe é possível,
também, se inserir num outro tempo: o Tempo sagrado. Por essa razão, podem existir dois
tipos de homem: um recolhido apenas ao tempo histórico e outro aos dois tempos, uma vez
que ao Tempo sagrado todo o homem pode se integrar.
Dessa forma, pode-se distinguir homem religioso e homem não religioso. O homem
religioso se recusa a crer que a existência humana está concluída com o término de seu tempo
“aqui” e, por isso, crê na vida enquanto processo constante e eterno. Por sua vez, o homem
não religioso aposta na suspensão da vida após seu término no “aqui”, parece-lhe claro que a
vida tem as suas demarcações e uma delas é a sua conclusão, o seu cessar. Sobre os dois tipos
de homens, Mircea Eliade afirma:
O homem religioso vive assim em duas espécies de Tempo,
das quais a mais importante, o Tempo sagrado se apresenta sob
o aspecto paradoxal de um Tempo circular, reversível e
recuperável, espécie de eterno presente mítico que o homem
reintegra periodicamente pela linguagem dos ritos. Esse
comportamento em relação ao Tempo basta para distinguir o
homem religioso do homem não-religioso. O primeiro recusa-se
a viver unicamente no que, em termos modernos, chamamos de
“presente histórico”; esforça-se por voltar a unir-se e um
Tempo sagrado que de certo ponto de vista, pode ser
equiparado à “Eternidade”. (Eliade, 2001, p.64).
Em busca de uma precisão, ou seja, de um absoluto rigor na determinação de medida, da
representação de Tempo para o homem não-religioso da sociedade dita moderna, o autor
afirma que é algo muito difícil de fazê-la em poucas palavras. A intenção de encontrar uma
exactidão o levaria a ingressar no estudo das filosofias do tempo contemporâneo e, ao mesmo
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tempo, descobertas dos conceitos de que a ciência se utiliza para as suas investigações. Sobre
essa questão o autor prefere enveredar-se por outro caminho: comparar a maneira de proceder
da pessoa referente ao existir. Sobre essa questão, o autor se refere:
É muito difícil precisar, em poucas palavras, o que representa o Tempo para o homem
não-religioso das sociedades modernas. Não é nosso propósito falar das filosofias modernas
do tempo, nem dos conceitos que a ciência contemporânea utiliza para as suas investigações.
Nosso objectivo não é comparar sistemas ou filosofias, mas sim comportamentos
existenciais”. (Eliade, 2001, p.65).
(...) o que se pode constatar relativamente a um homem não-religioso é que também ele
conhece uma certa descontinuidade e heterogeneidade do Tempo. Também para ele existe o
tempo predominantemente monótono do trabalho e o tempo do lazer e dos espectáculos,
numa palavra o “tempo festivo”. (Eliade, 2001, p.65).
O Tempo sagrado acontece na ruptura que se dá no tempo profano. Quando esse Tempo
se rompe e se abre uma fissura para o transcendente, se inaugura, a cada rompimento, uma
inserção no Tempo sagrado. Mas onde, em que lugar e espaço acontece esse romper-se? Na
igreja. No seu serviço religioso que se realiza no seu interior. Nesse espaço e através de seu
serviço litúrgico, a igreja recupera a paixão, a morte e a ressurreição de Jesus Cristo. Assim,
encontra-se nas palavras do autor:
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Tal como uma igreja constitui uma rotura de nível no
espaço profano de uma cidade moderna, o serviço religioso que
se realiza no seu interior marca um rotura na duração temporal
profana: já não é o Tempo histórico actual que é presente – o
Tempo que é vivido, por exemplo, nas ruas vizinhas -, mas o
Tempo que se desenrolou a existência histórica de Jesus Cristo,
o Tempo santificado por sua pregação, por sua paixão, por sua
morte e ressurreição. (Eliade, 2001, p.66).
Cuidadoso ao seu estudo e fiel a sua reflexão, o autor esclarece, no entanto, que o
exemplo acima não esvazia toda a diferença entre o Tempo Sagrado e o Tempo Profano. Por
isso, recorre ao conhecimento de outras religiões, principalmente as religiões arcaicas em que
o Tempo sagrado não se reduz à reactualização, mas a um Tempo mítico, ou seja, um Tempo
primordial, não identificável no passado histórico. O autor, sobre o exemplo acima, menciona,
no entanto, que o cristianismo inovou a experiência e o conceito do tempo litúrgico.
É preciso, contudo, esclarecer que este exemplo não
explicita toda a diferença existente entre o Tempo profano e o
Tempo sagrado, pois em relação às outras religiões, o
cristianismo inovou a experiência e o conceito do Tempo
litúrgico ao afirmar a historicidade da pessoa do Cristo. A
liturgia cristã desenvolve-se num tempo histórico santificado
pela encarnação do Filho de Deus. O Tempo sagrado
periodicamente reactualizado nas religiões pré-cristãs
(sobretudo nas religiões arcaicas), é um Tempo mítico, quer
dizer um tempo primordial, não identificável com o passado
histórico, um Tempo original, no sentido de que brotou “de
repente, de que não foi precedido por um outro Tempo, pois
nenhum Tempo podia existir antes da aparição da realidade
narrada pelo mito. (Eliade, 2001, p.66).
As diferenças entre o judaísmo e o cristianismo parecem ter relevâncias consideráveis
dentro do tema até aqui reflectido: Tempo sagrado e Tempo profano.
No entanto, tendo compreendido este capitulo que aqui recontamos, é pertinente
salientar que hoje se vêem as inúmeras “pequenas religiões” que se espalham pelas cidades
como igrejas, seitas, escolas, todas essas, mesmo que trazem aspectos aberrantes, pertencem
ao círculo da religiosidade. Nesse sentido, se tem movimentos políticos e profetismo sociais
que eclodem em fanatismo religioso, o qual Mircea Eliade faz recordar a estrutura mitológica
do comunismo e sentido escatológico que Marx enriqueceu este mito venerável de toda uma
ideologia messiânica judaico-cristã.
Não obstante, Mircea Eliade mostra no desenvolvimento de sua obra, outras atitudes,
actividades e movimentos que fazem o homem decifrar vestígios de saudade do paraíso, a
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qual restabelece a interrupção ocorrida entre as beatitudes da carne e a consciência como se vê
ao se deparar com os movimentos de liberdade sexual, nudismo e mesmo um paciente de
psicanálise ao ser convidado a ir no fundo de si mesmo para enfrentar seus traumas. Assim,
oferecer a si mesmo valores espirituais afrontando seu inconsciente a fim de atingir o “mundo
dos valores culturais”. , os quais irão possibilitar atingir o nível adulto e criador como são
concebidas no mundo moderno. Eliade salienta o significado da experiência do sagrado bem
como o papel da religião:
Conforme vimos, é a experiência do sagrado que funda o
mundo, e mesmo a religião mais elementar é, antes de tudo, uma
ontologia. Em outras palavras, na medida que inconsciente é o
resultado de inúmeras experiências existências, não podem
deixar de assemelhar-se aos diversos universos religiosos. Pois
a religião é a solução exemplar de toda a crise existencial não
apenas porque é indefinidamente repetível, mas também porque
é considerada de origem transcendental e, portanto, valorizada
como valorização recebida de um outro mundo, trans-humano.
(Eliade, 2001, p.171).
Enfim, dessa maneira, o homem sai da crise e fica receptível a valores, transpondo
situações pessoais e faz alcançar o mundo espiritual. O homem moderno traz em si muitos
anseios, sonhos e fantasias, suas experiências que não se incluem num todo ao “homo
religiosus” que, assim, não instituem um modo de viver e agir.
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Conclusão
Conclui-se, de certa forma que O conteúdo que envolve a temática que relaciona o
sagrado e o profano traz à tona um vasto campo de pesquisa. Nesse momento histórico, esse
tema proporciona uma ampla reflexão necessária para articular novos métodos e meios dentro
da Igreja para que possa agilizar uma extensa catequese e actualizar o modo de tratar o
sagrado e o profano hoje.
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Referências Bibliográficas
Eliade, M. (2001). O sagrado e o profano. A essência das religiões. São Paulo, Brasil:
Martins Fontes.
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