Teoria Organismica
Teoria Organismica
Teoria Organismica
Os estudos feitos por Kurt Goldstein foram implementados dentro da área de pesquisas
da neurofisiologia e sempre dedicados a acompanhar as mudanças que ocorriam em
pessoas vítimas de sequelas produzidas por diversos tipos de lesões cerebrais causadas
por ferimentos da guerra. No entanto Goldstein deixa claro a importância dos seus
estudos também para a compreensão dos processos de funcionamento adaptativos
das pessoas.
Perls adotou grande parte dos resultados dessas pesquisas para a Gestalt-terapia,
sendo algumas literalmente transcritas e adaptadas para explicar a visão de homem
global da Gestalt-terapia.
· Autorregulação organísmica
Esse conceito se refere a forma do organismo de interagir com o mundo, segundo o qual
o organismo pode se atualizar, respeitando a sua natureza. De acordo com Goldstein,
a emergência de tarefas, desafios, ou ações necessárias para o bom funcionamento
do organismo surgem, em determinado momento, como prioridades para uma pessoa.
Essas necessidades são satisfeitas ou atualizadas na relação com o meio. O equilíbrio
acontece quando o organismo consegue se atualizar, através de suas perfomances,
lidando simultaneamente com as demandas do meio.
Para esse autor a lei que governaria o funcionamento dos organismos é a da tendência
para atualizar-se. A Gestalt-terapia foi construída a partir desse conceito.
· Centragem
Esse conceito se refere a ação que o organismo exerce no meio para buscar aquilo que
ele está precisando.
· Necessidades emergentes
Necessidades emergentes são tarefas, desafios ou ações necessárias para o bom
funcionamento do organismo. Quando surge uma necessidade o organismo entra em
desequilíbrio e isso gera uma tensão. Essa tensão é o que gera força e energia para ação,
que é a centragem.
· Equalização
Se refere ao equilíbrio interno. É quando a tensão gerada pela necessidade emergente
volta ao normal. É o momento em que efetivamente resolvemos a situação em que
estamos envolvidos.
Goldstein dizia que este modo de funcionamento se dava de forma semelhante à lei
de figura-fundo da Psicologia da Gestalt. Quando surge uma necessidade, uma figura
emerge do fundo. Quando essa necessidade é satisfeita ela volta para o fundo e outra
necessidade se torna figura.
Uma vida saudável, para teoria organismica, significa você ser capaz de satisfazer suas
necessidades com o menor esforço possível, isto é, fazendo uma centrarem adequada
e uma boa equalização.
Quando uma necessidade não é satisfeita, a tensão gerada por esse necessidade fica
no organismo. O acúmulo dessas tensões, geradas por necessidades não satisfeitas
(gestalts abertas) é o que gera a ansiedade.
· Sintoma
Para Goldstein, sintoma é uma tentativa de adaptação do organismo. É uma resposta
do organismo, sem sucesso, buscando equilibrar-se entre as demandas do meio e as
necessidades prioritárias para o funcionamento do organismo. Eles podem variar em
relação ao mesmo distúrbio.
Todo sintoma tem um sentido, buscar o sentido faz com que nos apropriemos dessa
situação e tende a fazer com que o sintoma desapareça. No nosso consultório, não
vamos focar apenas no sintoma. A intenção é olhar para o fundo. O sintoma é aquilo que
aparece como figura, porém, ao aprofundarmos nele, tendemos a entrar em contato
com a gestalt aberta, para ressignifica-la e, assim, o sintoma tende a desaparecer.
O sintoma é uma alerta; um sinal que o organismo está desajustado e pedindo seu
equilíbrio. Se utilizamos dele como rótulo, não aprendemos a lição que ele veio trazer.
· Ansiedade
A ansiedade é um acúmulo de gestalten abertas, isto é, de necessidades não satisfeitas
que geram acúmulo de tensão. Na perspectiva da Gestalt-Terapia, a experiência da
ansiedade é considerada como uma constante na personalidade do neurótico, como
um dos traços mais marcantes e presentes. A ansiedade gera imobilidade, uma postura
de evitação das situações e de mau funcionamento, portanto, do mecanismo holístico
natural da auto-regulação organísmica.
Goldstein também fala da diferença entre o medo e a ansiedade. Medo diz respeito a algo
ou situação específica, já a ansiedade não se relaciona com nenhum objeto específico.
O movimento da pessoa em situações de medo é o de livrar daquilo que lhe causa medo,
podendo o medo se tornar ansiedade quando a pessoa se encontra impossibilitada de
realizar isso. Na experiência de ansiedade o movimento é de evitar a situação de escapar
dela.
Por isso, Goldstein chama ansiedade de evitação ansiosa, já que considera que a
ansiedade é o desejo de evitar uma situação que já foi dolorosa.
· Evitação ansiosa
Se refere a evitação de situações novas por causa da experiência vivida da impossibilidade
de reagir diante das demandas do meio. É medo da readatpação.
Toda evitação ansiosa vem acompanhada de uma expectativa catastrófica que é uma
fantasia mental de que algo ruim pode acontecer.
· Ajustamento criativo
Em ajustamento criativo, o organismo é capaz de criar, de forma criativa, formas de
satisfazes suas necessidades e se atualizar, lidando com as demandas do meio.
Neste sentido, Goldstein deu grande importância ao papel da criatividade como um dos
potenciais naturais do ser humano que lhe possibilitam se autorregular.