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Artigo Sonia

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Influência da qualidade do ensino secundário no desenvolvimento económico de

Moçambique: caso da Escola Secundária Samora Machel- Mocuba


Sónia Armando Benzane

Resumo
O estudo “influência da qualidade do ensino secundário no desenvolvimento
económico de Moçambique” teve como objectivo principal analisar a influência da
qualidade do ensino secundário no desenvolvimento económico de Moçambique, em especial
no Município de Mocuba. No entanto, para o alcance dos objectivos do estudo, foi
profundamente necessário recorrer a uma abordagem qualitativa; quanto aos procedimentos
de colecta de dados, o estudo contou com o uso do inquérito e observação para dados
primários e, consulta bibliográfica e documental para os dados secundários. Com base nos
resultados, o estudo conclui que a queda do PIB e a baixa qualidade da educação, podem
estar estreitamente interligados, pois isso pode revelar fraca qualidade de mão-de-
obra, resultando na baixa produtividade e busca de soluções para o desenvolvimento;
para mais detalhes da conclusão do estudo são abordados no interior do presente
artigo.
Palavras-chaves: Educação, Ensino, Qualidade de ensino, Desenvolvimento.

Abstract
The main objective of the study “Influence of the quality of secondary education on the
economic development of Mozambique” was to analyze the influence of the quality of
secondary education on the economic development of Mozambique, especially in the
Municipality of Mocuba. However, in order to achieve the objectives of the study, it was
deeply necessary to resort to a qualitative approach; As for data collection procedures, the
study used survey and observation for primary data and bibliographical and documentary
consultation for secondary data. Based on the results, the study concludes that the drop in
GDP and the low quality of education may be closely intertwined, as this may reveal poor
quality of labor, resulting in low productivity and the search for solutions for development; for
more details of the completion of the study are covered within this article.
Keywords: Education, Teaching, Teaching Quality, Development.

1. Introdução
1.1. Contextualização
Uma economia somente se desenvolverá realmente quando toda sua população
estiver com um grau de educação e instrução avançada, pois somente pessoas
munidas de bons conhecimentos poderão contribuir para um aumento da
produtividade e desenvolvimento económico.

1
Entretanto, entende-se que a preocupação sobre a qualidade da educação, a nível
global, e em Moçambique em particular, continua a ser agenda de destaque por parte
do Governo, dos profissionais do campo da educação, dos académicos, dos
movimentos sociais, pais, e da sociedade em geral. Esses actores têm-se debruçado
sobre essa problemática, no sentido de entender suas causas e garantir a sua melhoria.
Os Objectivos de desenvolvimento sustentável - Agenda 2030 (ONU, 2023), no seu
objectivo 4, abordam o tema educação: garantir o acesso à educação inclusiva, de
qualidade e equitativa, e promover oportunidades de aprendizagem ao longo da vida
para todos; que todos os alunos adquiram conhecimentos e habilidades necessárias
para promover o desenvolvimento sustentável, inclusive, entre outros, por meio da
educação para o desenvolvimento sustentável.
O Plano de Acção para a Redução da Pobreza Absoluta (PARPA) refere-se à qualidade
da educação como elemento fundamental que contribui para aumentar a capacidade
dos cidadãos de resolverem os seus problemas e melhorarem o nível de participação
na vida da sociedade. E é, por essa razão, segundo refere o PARPA que o Governo
deverá investir em todos os níveis e subsistemas da educação para aumentar a
qualidade dos recursos humanos e o rendimento coletivo e individual (Zucula, 2021).
Considerando a preocupação dos diversos intervenientes no que concerne à qualidade
da educação, surge o presente estudo, tendo como objectivo analisar a influência da
qualidade de ensino secundário no desenvolvimento económico em Moçambique.
Por forma a acomodar a sua compreensão, o estudo está estruturado em cinco
capítulos, da seguinte forma: o primeiro foi reservado para a introdução, sendo que
esta contém os seguintes itens nomeadamente contextualização, problematização,
objectivos (geral e específicos) e justificativa; o segundo capítulo contém a revisão da
literatura; o terceiro reserva-se para os procedimentos metodológicos da pesquisa; o
quarto faz-se uma análise e a devida discussão dos dados e, finalmente o quinto, que
apresenta a conclusão e respetivas fontes bibliográficas consultadas.

1.2. Problematização

2
Actualmente nota-se enormes dificuldades na leitura, escrita e realização de
operações matemáticas elementares nos alunos do ensino secundário, que muitas das
vezes graduam com as mesmas dificuldades, levando consigo essas dificuldades aos
subsequentes locais de formação e emprego, pondo em causa a qualidade nas futuras
intervenções no trabalho que consequentemente influencia no desenvolvimento do
país. Outrossim, observa-se de forma considerável a precaridade das salas de aulas,
superlotação dos alunos nas salas, a inexistência de condições que facilitem um
excelente ambiente de ensino e aprendizagem. Aliado a isso, verifica-se um aumento
do número de estudantes graduados, a admitir nas instituições de formação com notas
muito baixas.
Considerando que a educação é uma ferramenta indispensável para o
desenvolvimento económico sustentável de qualquer nação e os factos ora arrolados,
levanta-se a seguinte questão: até que ponto a qualidade do ensino geral influencia
no desenvolvimento económico do país?

1.3. Objectivos
1.3.1. Objetivo geral
 Analisar a influência da qualidade de ensino secundário no desenvolvimento
económico em Moçambique.

1.3.2. Objectivos específicos

 Descrever a qualidade de ensino secundário em Moçambique;


 Verificar as condições do processo de ensino e aprendizagem na Escola
Secundária Samora Machel- Mocuba;

 Explicar a influência da qualidade do ensino no desenvolvimento económico do


país.

1.4. Justificativa
A Organização das Nações Unidas (ONU) instituiu em 2015 (até 2030) os Objectivos do
Desenvolvimento Sustentável (ODS), destacando a educação - ODS 4 (Ipea, 2019):
assegurar a educação inclusiva, equitativa e de qualidade; sendo Moçambique
3
membro da ONU e signatário da agenda 2030, tem a responsabilidade de melhorar os
indicadores com vista a atingir as metas, em prol do desenvolvimento sustentável.
Actualmente, em Moçambique, diversas vozes da sociedade reclamam da deficiente
qualidade no sistema educativo e, está o baixo rendimento dos alunos nos exames
nacionais consolidando a crença de que a escola moçambicana não oferece uma
educação de qualidade à população que a procura.
Há que se levar em consideração que a educação assume um papel absolutamente
central no desenvolvimento de uma nação, sendo que uma baixa qualidade desta,
pode comprometer a evolução da sociedade; tendo em conta que Moçambique é um
país ainda em desenvolvimento, uma educação excelente é chave indispensável para o
alcance do desenvolvimento sustentável.

2. Revisão bibliográfica
2.1. Base conceptual
 Educação: segundo Libâneo (1990) a Educação corresponde a toda modalidade
de influências e interações que resultam na formação de traços de
personalidade social e de carácter; a actividade educativa acontece nas mais
variadas esferas sociais. Ainda de acordo com o mesmo autor, a educação
escolar constitui-se num sistema de instrução e ensino com propósitos
intencionais, práticas sistematizadas e alto grau de organização.

 Ensinar: é uma forma sistemática de transmissão de conhecimentos de modo a


possibilitar que o aluno vá além dos conhecimentos cotidianos (Piletti, 2004).
 Qualidade de ensino: a concepção de qualidade é voltada para eficiência e
eficácia dos sistemas educativos. Neste sentido Zucula, Moreira, Aguiar, &
Viana (2016) afirmam que:
educação passa a ser o espaço e o indicador crucial de qualidade, porque representa a
estratégia básica de formação humana. Educação não será, em hipótese nenhuma, apenas
ensino, treinamento, instrução, mas, especificamente formação, aprender a aprender,
saber pensar, para poder melhor intervir, inovar.

4
 Desenvolvimento: o processo de melhorar a qualidade de todas as vidas e
capacidades humanas, elevando os níveis de vida, auto-estima e liberdade das
pessoas (Todaro & Smith, 2012).

2.2. Processo de ensino e aprendizagem (PEA)


O PEA é o sistema de trocas de informações entre professores e alunos, que deve ser
pautado na objetividade daquilo que há necessidade que o aluno aprenda. Para que o
PEA tenha melhores resultados, é necessário que haja condições suficientes para a sua
condução, desde infraestrutura adequada, salas de aulas em condições, professores
formados, capacitados e bem motivado, alunos interessados com a aprendizagem,
bibliotecas apetrechadas, etc.

2.3. Qualidade da educação


Para Moacir (2013) sob a óptica das Nações Unidas, a qualidade é percebida como a
categoria central do novo paradigma da educação sustentável e deve ser
acompanhada da quantidade. A educação está intimamente ligada ao bem-estar de
toda a comunidade e o contínuo investimento na formação dos professores, pois, não
pode haver a qualidade na educação sem a participação da sociedade na escola. Para o
autor, tanto a escola como as universidades precisam fundamentalmente de três
condições básicas: professores bem formados, como elementos chave e referência
estratégica da qualidade, condições de trabalho e um projeto político pedagógico.
A discussão sobre a “qualidade da educação” é mundial. Em Moçambique, também se
constata que esta temática tem sido objecto de discussão; estudos e análises são feitos
por parte de professores, pesquisadores, gestores e administradores escolares e pela
sociedade em geral, com o intuito de melhorar continuamente a qualidade educativa.
Para os autores Dourado & Santos (2007) asseguram que:
a qualidade da educação é um fenómeno complexo, abrangente, que envolve múltiplas
dimensões, não podendo ser apreendido apenas por um reconhecimento da variedade e das
quantidades mínimas de insumos indispensáveis ao desenvolvimento do processo de ensino-
aprendizagem; nem, muito menos, pode ser apreendido sem tais insumos. Ela envolve
dimensões extra e intra-escolares e, sendo assim, devem se considerar os diferentes autores, a
dinâmica pedagógica, bem como os diferentes factores extra-escolares que interferem directa
ou indiretamente nos resultados educativos.
5
A existência de instalações condignas, quantidade aceitável (não superlotação) de
alunos nas salas de aulas e material de trabalho adequado, participação activa dos pais
e encarregados de educação são também requisitos fundamentais para uma melhoria
da qualidade educativa.
Conforme Carnoy (1992)
...a educação básica cria famílias mais saudáveis, que podem, por sua vez educar melhor suas
crianças. Uma educação de qualidade aumenta a produtividade econômica, desenvolve um
moral social e psicológico mais elevado e proporciona um senso maior de participação social e
política, à medida que a população conquista seus direitos. Essa participação gera um
desenvolvimento mais profundo, abrindo caminhos para mudanças estruturais de longo prazo,
sustentadas pela capacidade das pessoas de melhorar suas próprias vidas… .

2.4. Desenvolvimento Econômico


O desenvolvimento econômico sempre foi abordado, desde a obra seminal de Adam
Smith, da perspectiva exclusiva da expansão das “forças produtivas”, cujo eixo
fundamental assentava-se no trinômio divisão do trabalho, especialização e
produtividade. Esta visão era oferecida pela noção de PIB per capita, que oferecia um
indicador geral do quanto a produtividade social disponibilizava potencialmente de
renda/produto a cada indivíduo (Smith, 1985).
Segundo Furtado (2000) o desenvolvimento como crescimento económico passou a
ser questionado depois da Segunda Guerra Mundial: as primeiras ideias sobre
desenvolvimento econômico que definiam este como um mero aumento do fluxo de
bens e serviços, foram progressivamente substituídas por ideias que faziam referência
as transformações do conjunto de uma sociedade, ligando este fluxo de bens e
serviços à satisfação das necessidades humanas.
Para Todaro & Smith (2012), desenvolvimento económico é transformação da
estagnação para crescimento da economia, de baixa renda para status de alta renda, e
superação dos problemas de pobreza absoluta. Em suma, o desenvolvimento
económico é o aumento da produção e que isso incida na melhora da qualidade de
vida das pessoas de forma equitativa.

2.5. Educação e Desenvolvimento Económico

6
Para Smith (1985) a educação tem papel central para o aumento de produtividade, ou
seja, trabalhadores mais qualificados produzem mais e melhor do que aqueles que não
o são.
Quanto mais instruído ele for (o povo), tanto menos estará sujeito às ilusões do entusiasmo e
da superstição que, entre nações ignorantes, muitas vezes dão origem às mais temíveis
desordens. Além disso, um povo instruído e inteligente sempre é mais decente e ordeiro do
que um povo ignorante e obtuso. As pessoas se sentem, cada qual individualmente, mais
respeitáveis e com maior possibilidade de ser respeitadas pelos seus legítimos superiores e,
consequentemente, mais propensas a respeitar seus superiores (Idem, p. 217).

Segundo Sen (1999) em seu livro "Desenvolvimento como Liberdade", não há


desenvolvimento sem qualidade de vida, sem liberdade. Mas essa liberdade (que
contribui eficazmente para o progresso e desenvolvimento econômico) depende
também de alguns determinantes, como as disposições sociais e econômicas (por
exemplo, os serviços de educação e saúde) e os direitos civis (por exemplo, a liberdade
de participar de discussões e averiguações públicas).
Nóbrega (2005) apresenta de forma clara como a educação pode ter um papel
fundamental em países que busca o desenvolvimento:
(. . .) a educação é fundamental para gerar mão-de-obra qualificada, incluindo sua capacidade
de iniciativa, adaptabilidade e atitudes. É daí que se criam as condições para a elevação da
produtividade, sem a qual o processo de desenvolvimento não é sustentável. Por isso, o
conceito da economia clássica de que o trabalho era um dos factores do crescimento foi
substituído pela noção de capital humano (. . .).

3. Fundamentos metodológicos
Numa primeira fase, foi fundamental recorrer a pesquisa de fontes documentais
disponíveis, onde foi possível aceder a informações mais aprofundadas e abrangentes
sobre a qualidade do ensino em Moçambique.

3.1 Tipo de pesquisa


No que diz respeito ao tipo de pesquisa, o presente artigo contou com o apoio da
pesquisa qualitativa (quanto a abordagem), básica (quanto a natureza), descritiva
(quanto aos objectivos) e bibliográfica e aplicada (quanto aos procedimentos técnicos).
A escolha destes tipos de pesquisa deve-se ao facto de estas proporcionarem maior

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familiaridade com o tema em análise.

3.2 Técnicas de recolha de dados


No que concerne às técnicas de recolha de dados, o presente estudo recorreu à
consulta bibliográfica e documental, que consistiu nas leituras de livros, artigos
científicos, jornais académicos e relatórios que abordam questões sobre os aspectos
de educação e desenvolvimento, para os dados secundários. O estudo também contou
com o uso do inquérito (dirigido aos professores da Escola Secundária Samora Machel
de Mocuba) e observação, para dados primários.

3.3. Técnicas de análise de dados


Este estudo recorreu às técnicas de análise de conteúdos que consistiu na leitura de
diversos documentos, sua profunda análise e, interpretação dos dados colhidos do
questionário dirigido aos professores.

3.4. Universo e amostra


O estudo contou com um universo de 88 professores da Escola Secundária Geral
Samora Machel de Mocuba. Quanto ao tamanho da amostra, foi-se selecionado do
universo desta pesquisa, um total de 10 professores que lecionam as disciplinas de
Português e Matemática. Assim, para se garantir a representatividade da amostra, o
estudo contou com o apoio da amostragem não probabilística pois, neste tipo de
amostragem a determinação do tamanho da amostra depende essencialmente do
pesquisador.

4. Resultados e discussão
4.1. Qualidade da educação em Moçambique
Em Moçambique a qualidade da educação tem sido alvo de discussão pela sociedade.
É nesse contexto que, o Governo desde a independência, em 1975 encara a Educação
como um direito fundamental de cada cidadão, um instrumento para a afirmação e a
integração do indivíduo na vida social, económica e política, um factor indispensável
para a continuação da construção de uma sociedade moçambicana e para o combate à

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pobreza; uma alavanca decisiva na preparação do capital humano indispensável à
promoção do desenvolvimento socioeconómico e do bem-estar do cidadão.
Além disso, o Governo tem priorizado a criação e a expansão de oportunidades para
assegurar que todas as crianças possam ter acesso e completar uma educação básica
de nove anos. Todavia, reconhece-se que a Educação Básica não é suficiente para
apoiar e sustentar o desenvolvimento nacional num contexto de uma economia e
sociedade globalizada em constante mudança (MINED, 2012).
Apesar da universalização do ensino e com a expansão existem, em Moçambique, a
nível das primeiras classes, alunos que terminam a sexta classe sem dominar
plenamente a leitura, a escrita e aritmética básica. E neste período os alunos já estão
em transição para o ensino secundário e levando consigo uma gama de dificuldades, e
pela numerosidade das turmas dificilmente o professor consegue seguir os problemas
enfrentados pelos alunos, dificuldades essas que poderiam ter sido sanadas nas classes
anteriores. Uma das causas que faz com que a educação perca a qualidade é a
passagem automática, onde o aluno não precisa se dedicar as aulas, mas só pelo facto
de ele estar presente em algumas aulas se beneficia da passagem automática e
colocando o professor em uma situação de quem não esta habilitado para o
leccionamento das aulas.
Do inquérito efetuado na Escola Secundária Samora Machel de Mocuba, dos 10
professores inquiridos, 50% afirmam que entre 5 a 10 alunos apresentam problemas
de escrita, conforme a figura 1 abaixo; para operações matemáticas, 40% afirmam que
também entre 5 a 10 alunos têm problemas, como mostra a figura 2.

Figura 1. Alunos com dificuldades de leitura e escrita Figura 2. Alunos com dificuldades de operações matemáticas

4.2. Condições do Processo de Ensino e Aprendizagem em Moçambique


No contexto moçambicano, não se pode deixar de observar as condições em que o
ensino é lecionado e deixa a desejar porque tem-se verificado que há muito
investimento para as infraestruturas e, os mesmos se mostram sem

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qualidade/durabilidade. E pela falta de qualidade das infraestruturas os alunos
recebem aulas ao relento e em condições não adequados para o ensino (as famosas
salas-sombra, salas-machimbombo, salas-improviso, falta de luz nas salas, quadros não
reunindo condições, a falta de carteiras, a falta de livros nas bibliotecas), e deparou-se
com a problemática da progressão semi-automática, por sua vez os alunos tem
recebido influência de certos actores educacionais como os professores e os
encarregados de educação que acabam desmoralizando a prática de aprender lhes
consciencializando sobre a progressão automática.
A progressão automática é uma prática vinda do ocidente e geralmente essa prática é
feita em países altamente desenvolvidos que reúnam condições para o mesmo efeito.
Mas para o caso de moçambique que é um pais ainda em via de desenvolvimento a
pratica não condiz com a realidade, mas havendo necessidade de procurar satisfazer as
estatísticas dos financiadores internacionais, o país acabou adotando a progressão
automática, e como resultado final do processo de ensino e aprendizagem o cidadão
que é formado encontra-se em um estado de analfabetismo funcional. Os professores
se sentem “pressionados” em fornecer estatísticas positivas no fim do ano sem que
haja uma observação profunda da qualidade de ensino.
Ainda sobre o inquérito efetuado aos 10 professores da Escola Secundária Samora
Machel de Mocuba, sobre as condições da infraestrutura, 100% afirmam ser razoável,
como ilustra a figura 3; a figura 4, revela que até o refeitório é utilizado como sala de
aulas; a figura 5, mostra que algumas salas de aulas têm condições inadequadas para o
ensino; e por fim, a figura 6 indica que acima de 50% dos professores inquiridos
afirmam que há superlotação das turmas.

Figura 3. Condições da Infraestrutura Figura 4. Espaço do decurso de aulas Figura 5. Condições da sala de aulas Figura 6. Nº médio de alunos na turma

4.3. Relação entre a qualidade da educação e o desenvolvimento económico


De acordo com o último censo geral da população 2017 (INE, 2019) a taxa de
analfabetismo baixou de 50,4 para 39,0 em 2017, o que não deixa de ser preocupante.
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A população economicamente activa representando a força de trabalho, baixou de
69,2 para 57,6%; o PIB passou em baixa de 458 em 2007 para 453 em 2017.
A queda do PIB e a baixa qualidade da educação, podem estar estreitamente
interligados, pois isso pode revelar fraca qualidade de mão-de-obra, resultando na
baixa produtividade e na busca de soluções para o desenvolvimento.

5. Conclusão

A qualidade da educação constitui o grande desafio do Governo de Moçambique, que


desde a independência, em 1975 tem priorizado a criação e a expansão de
oportunidades para assegurar que todas as crianças possam ter acesso e completar
uma educação básica de nove anos, aumentando a quantidade de número de vagas
nas escolas moçambicanas. Apesar dessa universalização, a qualidade ainda tem sido
reduzida e nota-se uma baixa produtividade e rendimento, pois, ainda existem alunos
que terminam o ensino primário, de seis classes, sem dominar a leitura, a escrita e
aritmética e por consequência os alunos enfrentam dificuldades no ensino secundário,
onde também alguns permanecem com as mesmas dificuldades até a sua conclusão.

O país/distrito tem investido muito na educação e suas infraestruturas, mas mesmo


assim, ainda nos deparamos com dificuldades que interferem para o alcance da
qualidade do ensino, caso concreto da Escola Secundária Samora Machel Mocuba,
onde existem alunos que frequentam aulas no refeitório e em salas anexas sem
condições, insuficiência de carteiras (para os alunos) e secretárias adequadas para
professores, a falta de água potável; além disso, a educação moderna não toma em
consideração as diferentes manifestações culturais dos diferentes povos
moçambicanos, causando ainda mais dificuldades para o ensino.

Tendo em conta que Moçambique é um país em Desenvolvimento e que de acordo


com o último censo houve queda do produto interno bruto, contribuindo assim para o
aumento da pobreza, e que a educação de qualidade é indispensável para o
desenvolvimento económico e social, a baixa qualidade da educação pode estar a

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contribuir para o fraco desenvolvimento económico do país, devido à baixa qualidade
de mão de obra.

A queda do PIB e a baixa qualidade da educação, podem estar estreitamente


interligados, pois isso pode revelar fraca qualidade de mão-de-obra, resultando na
baixa produtividade e na busca de soluções para o desenvolvimento.

Para uma qualidade de ensino é necessário que exista uma valorização dos
profissionais de educação, a melhoria dos salários e condições adequada nas
infraestruturas escolares, bibliotecas; laboratórios, material didático, disponíveis para
os alunos e professores, redução dos alunos para a não superlotação nas turmas ; é
também fundamental o envolvimento massivo da comunidade e outras instâncias
educativas para uma construção e melhoria do conhecimento sustentável.

Bibliográfia
Carnoy, M. (1992). Razões para investir em educação básica. Brasília: Unicef.
Dourado, L. F., & Santos, C. d. (2007). A qualidade de Educação (Vol. 29). (J. S. Moraes,
Ed.) Brasilia: Inep/MEC.
Furtado, C. (2000). Introdução ao desenvolvimento: enfoque histórico-estrutural. Rio
de Janeiro: Paz e Terra: São Paulo: Companhia Editora Nacional.
ipea. (31 de 01 de 2019). Objetivos de Desenvolvimento Sustentável. Obtido de
Objetivos de Desenvolvimento Sustentável.
Libâneo, J. C. (1990). Didática. São Paulo: Cortez Editora.
Moacir, G. (2013). Qualidade na educacão: uma nova abordagem. In: Congresso de
Educacão básica: Qualidade na Aprendizagem (Vol. 1). Florianópolis: COEB.
Nóbrega, d. M. (2005). O futuro chegou: instituicoes e desenvolvimento no Brasil (1
ed.). São Paulo: Globo.
ONU. (14 de Maio de 2023). Nações Unidas Brasil. Obtido de Nações Unidas Brasil:
https://brasil.un.org/pt-br/sdgs/4
Piletti, C. (2004). Didática Geral. Campinas- São Paulo: Ática.
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Sachs, I. (2004). Desenvolvimento includente, sustentável, sustentado. Rio de Janeiro:
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Sen, A. (1999). Development as Frredom/ Desenvolvimento como Liberdade. São Pulo:
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Smith, A. (1985). A riqueza das Nações: investigação sobre a natureza e suas causa (2
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Smith, A. (1985). A Riqueza das Nações: investigação sobre a natureza e suas causas.
São Paulo: Nova cultura.
Todaro, M. P., & Smith, S. C. (2012). Economic Developmemnt. Boston - EUA: Pearson.
Zucula, A. F. (03 de Julho de 2021). Qualidade da educação em Moçambique: Uma
análise a partir dos indicadores educacionais. Qualidade da educação em
Moçambique, p. 3. Obtido em 16 de Maio de 2023, de https://revistas.uneb.br ›
abatira › article › view
Zucula, A. F., Moreira, F. A., Aguiar, M. d., & Viana, I. (15 de junho de 2016). Avaliação
e qualidade de educação em Moçambique.

Anexo: Questionário aplicado aos professores


Dados de identificação pessoal e profissional
1. Sexo: M □ F□
2. Formação Psicopedagógia: Sim □ Não □
3. Habilitações Literárias:
Nível médio □ Bacharelato □ Licenciatura □ Mestrado □ Doutoramento □
4. Anos de experiência de docência: 0-5 □ 5-10 □ 10-15□ 15-20□ +20□
5. Alguma vez se beneficiou de alguma capacitação escolar:
Nunca apenas uma vez □ + de duas vezes □
6. Condições da infraestrutura (edifício, casa de banho, espaço para o recreio, água potável):
Péssima □ Razoável □ Boa □ Excelente □
7. Em que espaço decorrem as aulas: Sala de aulas □ Salas anexas □ Refeitório □ Ginásio □
8. Condições das salas de aulas (secretária do professor, carteira para alunos, quadro preto, luz):
Péssima □ Razoável □ Boa □ Excelente □
9. Número médio de alunos na turma: 30-45 □ 45-60 □ 60-75 □ +75□
10. Quantos alunos apresentam dificuldades de leitura e escrita? 1-5 □ 5-10 □ 10-20 □ +20 □
11. Que acompanhamento é feito aos alunos com dificuldades de leitura e escrita?
Nenhum □ orientação para fazer copias □ trabalho da biblioteca □
12. Quantos alunos apresentam dificuldades de operações matemáticas? 1-5 □ 5-10 □ 10-20 □ +20
13. Que acompanhamento é feito aos alunos com dificuldades de operações matemáticas
Nenhum □ Ficha de exercícios de cálculos □

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