Atividades Praticas - Deformacao - Rochas

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JORGE BONITO

ATIVIDADES PRÁTICAS
NO ENSINO DA
DEFORMAÇÃO DAS ROCHAS

- TEXTO PEDAGÓGICO-

UNIVERSIDADE DE ÉVORA

2021
ÍNDICE

1. Introdução ........................................................................................................................................ 3
2. A especificação das estratégias .................................................................................................... 6
3. Propostas de atividades práticas.................................................................................................. 9
3.1. Introdução ................................................................................................................................. 9
3.2 Objetivos ................................................................................................................................... 10
3.3. Atividade prática de laboratório (Estratégia n.º 4) ............................................................ 11
3.3.1. Materiais ........................................................................................................................... 11
3.3.2. Experimento n.º 1 - Medição de forças. Comportamento dos materiais, função da
intensidade e tempo de aplicação das forças mecânicas e da temperatura e pressão. 11
3.4. Atividade prática de laboratório (Estratégia n.º 5) ............................................................ 13
3.4.1. Materiais ........................................................................................................................... 13
3.4.2. Experimento n.º 2 - Compressão de uma série sedimentar. Formação de dobras
e de falhas inversas. Erosão de uma dobra. Discordância angular .................................. 15
3.4.3 Experimento n.º 3 - Formação de um graben. Formação de falhas normais.
Formação de um horst. Colmatação de um graben. ............................................................ 18
3.4.4. Experimento n.º 4 - Formação de uma falha de desligamento. .............................. 22
3.5. Conservação dos modelos ................................................................................................... 24
3.6. Atividades de discussão ........................................................................................................ 27
4. Referências ..................................................................................................................................... 31

2
ATIVIDADES PRÁTICAS NO ENSINO DA DEFORMAÇÃO

DAS ROCHAS1

Num quadro didático, o modelo não é um dado


de partida, mas justamente o objetivo declarado
de ensino2.

1. Introdução

As atividades práticas que se apresentam não constituem estratégias únicas a desenvolver

nesta unidade de ensino relative à deformação das rochas. Querem, antes, representar

opções fundamentadas que, uma vez utilizadas, poderão melhorar os rendimentos

escolares, permeando uma aprendizagem significativa, isto é, ativa e procedimental. Estas

atividades, por nós concetualizadas e desenvolvidas, foram objeto de reflexão pré e pós-

realização. Carecem todavia, de uma “experimentação no terreno” 3, imprescindível,

realizada na sala de aula com os alunos.

Dentro da medida do possível, a experimentação no terreno deveria ser realizada pelos

próprios professores dos grupos-turma. Tal caminho consistiria em testar a confiabilidade e

a validade das nossas propostas junto dos alunos, i.e., procurar saber em que medida as

nossas opções estratégicas representam o que pretendemos, e qual o grau de precisão

dessa mesma representação. Haverá necessidade de uma identificação e avaliação das

conceções que os alunos apresentam, por exemplo, acerca de todos os aspetos que os

modelos usados pretendem representar. Só desta forma poderemos falar, numa instância

seguinte, da utilidade, riqueza e valor didático dos materiais curriculares práticos que

produzimos, função da própria orientação dada. Precisamente por isso, é importante

ensinarmos de tempos em tempos, nas turmas onde queremos desenvolver a investigação,

fazendo-nos aceitar pelos alunos, impregnando-nos da sua atmosfera4.

Para a realização de atividades práticas, o professor e os alunos podem dispôr de

abundantes meios de procedência muito variada. Uns poderão ser confecionados ou

adquiridos em empresas especializadas em material didático ou científico. Outros porém,

1
Adaptado de Bonito (1996).
2
Johsua e Dupin (1993, p. 197).
3
Landsheere (1982, p. 43).
4
Mialaret (1954).

3
encontram-se ao alcance no campo, no parque, no recinto da escola, no supermercado, na

drogaria, na pastelaria, etc. Podemos citar alguns exemplos de materiais úteis para

observação e atividades de reflexão sobre fenómenos geológicos: fósseis, rochas, minerais,

rio, depósitos de vertente, água que corre por um rego, barreiras de estradas, arraste de

materias pelo vento, etc. Além disso, muitos objetos de uso quotidiano poderão constituir

bons materiais para observação e experimentação escolares, desenvolvendo

simultaneamente uma dupla motivação nos alunos: (a) aquela que acompanha a realização

das atividades práticas, e (b) uma outra que advém do facto de trabalharem com materiais

que eles mesmo obtiveram, ou que são do seu conhecimento diário.

Não é correto afirmar que um material didático, por ser caro, bonito ou complexo,

constitui um bom recurso didático. Algumas variáveis são fundamentais para apurar a sua

validade e riqueza didática. Os materiais didáticos usados devem reunir algumas

caraterísticas essenciais:

• Facilitar ao aluno a compreensão do fenómeno que se estuda em cada caso. Decorre

daqui a necessidade da adequação dos materiais às caraterísticas psicológicas dos alunos

e à profundidade com que se estudam as matérias, função dos objectivos exigidos.

• Apresentarem uma estrutura simples que possibilite ao aluno o conhecimento e

compreensão, mais fácil e clara, dos aspetos essenciais do(s) fenómeno(s) que deseja(m)

estudar-se.

• O seu manuseamento e construção devem ser fáceis, podendo em muito casos, os

próprios alunos prepararem os materiais que irão experimentar e observar.

• Deve procurar produzir-se materiais com um custo reduzido. Esta caraterística, arrasta

consigo três implicações: (a) o aspeto económico é muitas vezes limitante nas nossas

escolas, (b) nem sempre os materiais mais caros reunem as condições anteriores, e (c) é

ocasião para desenvolvermos um contributo à educação social, no seu aspeto ético-

económico.

Uma vez que nem todo o material didático existente oferece garantias de eficácia e

utilidade do ponto de vista educativo, apresenta-se uma grelha de avaliação do material

científico escolar (Quadro 1).

4
Quadro 1 - Grelha de avaliação dos materiais curriculares práticos, em função do seus valores científicos e
educativos5.

VALOR / CARATERÍSTICA
1. Valor científico
1.1. Conduz a conhecimentos e compreensões corretas.
1.2. A sua linguagem (ou o seu conteúdo concetual) é clara.
1.3. A sua linguagem (ou o seu grau de complexidade) é adequada ao desenvolvimento inteletual e aos
conhecimentos dos alunos.
1.4. Apresenta consistência, ou liga-se a um método de trabalho, e provoca uma atividade científica
significativa e ordenada.
1.5. A sua qualidade material possibilita o seu correto funcionamento.

2. Valor educativo
2.1. Apresenta poder motivador.
2.2. Provoca desejo de observar e de experimentar.
2.3. Induz a implementação de meios de expressão próprios das ciências.
2.4. Leva à reflexão.
2.5. Desenvolve o sentido crítico.
2.6. Desenvolve a criatividade.
2.7. Facilita o desenvolvimento de valores sociais.
2.8. Enfatiza os valores interdisciplinares e humanísticos da ciência.
2.9. O momento em que se utiliza é funcional em relação com a unidade temática do momento.

De seguida, apresentam-se algumas atividades práticas para o ensino das deformações

da crusta terrestre, enquadradas de acordo com as considerações anteriores.

5
Adaptado de Martín et al. (1992, p. 185).

5
2. A especificação das estratégias

Uma vez especificados os conteúdos e os objetivos educacionais a atingir pelos alunos, urge

concetualizar uma planificação da ação, com estratégias bem definidas, que pareçam num

primeiro momento, estarem mais adequadas e indicadas ao desenvolvimento do processo

de ensino e aprendizagem. A natureza fechada de um ciclo avaliativo é importante,

constituindo a única via que nos permite obter um certo feed-back da nossa ação. Daí

escrevermos “num primeiro momento”. O processo de feed-back é vital para manter um

verdadeiro processo educativo (aliás, como acontece na maior parte das nossas funções

fisiológicas). Em todo o caso, quer o processo, quer o produto (os resultados) devem ser

cuidadosamente observados e avaliados. Se as coisas correm bem, é indicação para

continuarmos a nossa ação. Caso contrário, há necessidade de estabelecer ajustes e

alterações à nossa operação, seja dos conteúdos, estratégias ou objetivos.

As estratégias que concetualizámos não constituem única via. Fundamentados nas

nossas considerações anteriores, estas opções parecem-nos, neste dado momento,

exequíveis em qualquer escola. Além da plena intervenção do aluno, estas estratégias

constituem uma boa fonte, a partir da qual brotarão bastantes dados, que uma vez

discutidos amplamente conduzirão a uma aprendizagem significativa, e portanto, ativa. Não

pretendemos ser exaustivos na planificação das atividades a desenvolver. Debrucámo-nos

natural e essencialmente sobre as atividades práticas, considerando sempre as sérias

limitações que cada estabelecimento escolar eventualmente apresentará. A especificação

das estratégias (Quadro 2) deixa bem abertas as possibilidades de diálogo (horizontal e

vertical), com ajustes, alterações ou modificações a uma determinada realidade pedagógica,

que só o professor do grupo-turma, melhor que outrem, conhecerá.

Quadro 2 - Especificação das estratégias para a unidade “Deformações da Crusta Terrestre”.

OBJECTIVOS ESPECIFICAÇÃO DO CONTEÚDO ESPECIFICAÇÃO DA ESTRATÉGIA

1. Conhecer diferentes 1. Deformações da crusta terrestre 1. Atividade prática de campo ou, na


tipos de deformação 1.1 Deformações no terreno: impossibilidade da sua realização, exploração de
litológica. 1.1.1. Falhas diapositivos, fotografias ou vídeos.
1.1.2. Diáclases
1.1.3. Dobras - Esta atividade deve ser orientada de acordo
1.1.4. Clivagem com os objetivos a atingir. Trata-se do nível de
1.1.5. Xistosidade domínio cognitivo mais baixo - memorização.
1.1.6. Foliação - Esta estratégia pode ser planeada como
atividade geradora de problemas, assumindo-se
como atividade prática de campo alternativa de
tipo II6.

6
Cfr. Bonito (2001).

6
Quadro 2 (continuação) - Especificação das estratégias para a unidade “Deformações da Crusta Terrestre”.

OBJECTIVOS ESPECIFICAÇÃO DO CONTEÚDO ESPECIFICAÇÃO DA ESTRATÉGIA

2. Caraterizar os ele- 2. Caraterização de dobras 2. Atividade prática de laboratório de tipo II7.


mentos de uma falha e 2.1. Flancos
de uma dobra. 2.2. Eixo da dobra - Com esta atividade pretende-se que os
2.3. Charneira alunos construam modelos que representem
2.4. Superfície axial os diferentes tipos de falhas e de dobras já
2.5. Crista introduzidos com a atividade anterior.
2.6. Quilha e plano de quilha - A construção deve ser feita com materiais
2.7. Linha de inflexão adequados ao efeito, como por exemplo,
2.8. Superfície bissetora sabão, madeira, esferovite, plasticina ou es-
2.9. Superfície envolvente ponja. Os modelos devem ser orientados no
3. Classificação das dobras sentido da sua exploração proporcionar uma
3.1. Atendendo ao fecho e às visão de alguns movimentos que ocorrem na
relações estratigráficas das formação de tais estruturas.
rochas
3.2 Baseada nos aspetos
descritivos
3.3. Baseada nos aspetos
morfológicos
4. Caraterização de falhas
4.1. Blocos de falha
4.2. Plano de falha
4.3. Espelho de falha
4.4. Atitude de uma falha
4.5. Teto
4.6. Muro
4.7. Traço de falha
4.8. Rejeto
5. Classificação das falhas
5.1 Baseada nos aspetos
genéticos
5.2 Baseada nos aspetos
geométricos
3. Conhecer alguns 6. Tensão 3. Atividade prática
fatores implicados na 7. Elipsóide de tensão
deformação das 8. Deformação - Exploração de diapositivos, transparências, e
rochas. 9. Elipsóide de deformação modelos dos elipsóides de tensão e de
10. Propriedades reológicas dos deformação.
corpos - Realização de fichas de trabalho.
11. Curvas de tensão-deformação - Atividades de discussão.
4. Caraterizar 12. Tipos de deformação 4. Atividade prática de laboratório de tipo III8.
comportamentos
elástico, plástico e - Pretende-se que os alunos preparem um
frágil dos materiais. aparato experimental (experiência) que lhes
permita (re)descobrir os efeitos de forças
5. Compreender a 13. Fatores que influenciam o sobre distintos materiais.
influência da pressão, comportamento físico dos - Procurar-se-á produzir diferentes tipos de
temperatura e tempo materiais rochosos deformações, função do tipo de material,
de atuação das forças, intensidade e duração da força aplicada,
na deformação dos temperatura e pressão.
materiais.

7
Cfr. Bonito (2001).
8
Cfr. Bonito (2001).

7
Quadro 2 (continuação) - Especificação das estratégias para a unidade “Deformações da Crusta Terrestre”.

OBJECTIVOS ESPECIFICAÇÃO DO CONTEÚDO ESPECIFICAÇÃO DA ESTRATÉGIA

5. Compreender a 13. Fatores que influenciam o 5. Atividade prática de laboratório de tipo III9.
influência da pressão, comportamento físico dos
temperatura e tempo materiais rochosos - Procurar-se-á a gestação e desenvolvimento
de atuação das forças, de experimentos que permitam a observação
na deformação dos do efeito de forças compressivas e distensivas
materiais. sobre diferentes tipos de materiais.

NOTA: Sempre que se revele oportuno, os


alunos deverão resolver exercícios práticos e
experimentos para contrastar hipóteses,
materializados, por exemplo, em fichas de
trabalho orientadas para estas atividades.

9
Cfr. Bonito (2001).

8
3. Propostas de atividades práticas
3.1. Introdução

Para abordar o estudo das deformações da crusta terrestre, os professores usam,

frequentemente, esquemas, diapositivos e fotografias para os alunos observarem e

inferirem um certo número de noções tectónicas. Todos estes recursos, ainda que

corretamente aproveitados e para além do seu contínuo grande valor, oferecem visões

estáticas dos fenómenos naturais.

Através da construção de um modelo reduzido analógico de utilização pedagógica, que

procure reproduzir cadeias montanhosas ou fossas tectónicas, é possível observar e estudar

(analogicamente), esse dinamismo que carateriza o planeta Terra. Quando a construção do

modelo é feita pelos próprios alunos verificam-se comportamentos entusiastas e

expectantes, além de abrir um leque grande de traços pertinentes provenientes da

observação do próprio modelo.

Os modelos que explorámos nas nossas três experiências, oferecem variadas e grandes

potencialidades. Graças às paredes transparentes da tina que usámos, é possível observar

as estruturas geológicas profundas em formação, como a charneira de uma dobra ou o

fundo de um graben. Inferem-se, também, os mecanismos de formação de uma falha de

desligamento. Os materiais que se comprimem são areia, gesso ou cimento. Alguns

professores têm realizado experiências muito aproximadas, embora utilizem outros

materiais (e.g., bolos amoldáveis, com distintas camadas e várias coberturas de chantilly),

obtendo resultados menos ricos que os nossos.

Estas experiências decorrem durante alguns minutos e procuram representar dezenas

de Ma na realidade. Acelerando o tempo apreendemos melhor a disposição espacial de uma

dobra, de uma falha ou a evolução das deformações. As estruturas obtidas são muito

expressivas e assemelham-se muito àquelas que a natureza nos revela. Realizando estas

experiências, podemos compreender a razão das dobras e falhas afetarem massas

consideráveis em grandes profundidades e/ou superfícies. Estas deformações dão-nos

consciência da amplitude dos movimentos que as produziram e testemunham a atividade

do globo.

9
3.2 Objetivos

Os materiais que selecionámos para utilizar nestes dois modelos, permitem atribuir-lhes

uma tripla vantagem em relação a outros similares: (a) o modelo analógico fabricado pode

conservar-se para uso em aplicações posteriores; (b) os alunos podem realizar atividades

práticas através de experiências simples e curtas temporalmente (adequadas a muitas das

aulas); e (c) este modelo é um bom recurso para todo o leigo que deseje compreender

melhor a atividade da Terra realizando as distintas experiências que propomos.

A nível cognitivo alunos deverão ser capazes de:

1. Conhecer alguns fatores implicados nas deformações dos materiais rochosos;


2. Caraterizar comportamentos elástico e plástico;
3. Compreender a influência do tempo e da intensidade da força na deformação das
rochas;
4. Relacionar a formação de cadeias montanhosas, dobras e falhas inversas, com as
diferentes forças compressivas que as originam;
5. Relacionar a formação de grabens e falhas normais, como resposta aos movimentos
distensivos;
6. Compreender os mecanismos deformação ao longo de uma falha de desligamento;
7. Inferir as figuras de deformação das rochas em zonas submetidas a um
desligamento;
8. Relacionar a distribuição das forças sísmicas e a repartição das fraturas no espaço
e no decurso do tempo;
9. Demonstrar que distintos materiais têm respostas diferentes aos mesmos agentes
deformadores;
10. Planear experiências para comprovar o efeito de forças de compressão e/ou de
tração sobre os diferentes materiais;
11. Compreender os fenómenos erosivos;
12. Reconhecer relações entre a génese sedimentar e as deformações das rochas.

Estas atividades promovem, também, a operacionalização de objetivos a nível afetivo e

psicomotor, incluindo objetivos de manipulação (de materiais, movimentos finos e precisos)

e de argumentação científica (adoção de uma atitude explicativa e resolutória de um

problema, exploração de modelos analógicos em Geociências).

10
3.3. Atividade prática de laboratório (Estratégia n.º 4)

3.3.1. Materiais

Dinamómetro; Mola metálica helicoidal; Cronómetro; Massas marcadas (m1 < m2 < m3 < m4);

Suporte; Lamparina; Materiais-Prova: fita de borracha, plastilina, lâmina (de microscopia),

lamela (de microscopia), vareta oca de vidro, prego de Ferro, fita de zinco, fita de folha-de-

flandres; argila seca; argila recém humedecida.

3.3.2. Experimento n.º 1 - Medição de forças. Comportamento dos materiais, função da


intensidade e tempo de aplicação das forças mecânicas e da temperatura e pressão.

1. Colocar o dinamómetro fixo no suporte.

2. Introduzir à vez, na argola do dinamómetro, as massas m1, m2, m3, e m4 (Figura 1).

3. Observar e anotar os valores registados na escala dinamométrica.

4. Repetir a operação 2, associando desta vez as distintas massas.

Figura 1 - Medição de massas no dinamómetro.

5. Prender a mola verticalmente a uma uma placa fixa ou, por exemplo, a um suporte.

6. Colocar na extremidade da mola a massa m1 (Figura 12.2).

7. Manter o dispositivo montado durante um minuto.

8. Observar e registar os resultados obtidos.

9. Repetir os procedimentos 2, 3 e 4, utilizando as massas m2, m3, e m4, respetivamente.

11
Figura 2 - Alongamento da mola devido ao efeito do peso do corpo.

10. Colocar a massa m4 na extremidada da mola.

11. Manter o dispositivo montado durante: a) 2 min; b) 5 min; c) 15 min; d) 25 min.

12. Observar e registar os resultados obtidos.

13. Submeter os materiais-prova, um de cada vez, aos seguintes testes:

13.1. Força distensiva;

13.2. Força compressiva;

13.3. Aquecimento com as mãos e aplicação de uma força compressiva;

13.4. Aquecimento com as mãos e aplicação de uma força distensiva;

13.5. Aquecimento da vareta oca de vidro e do prego de ferro à chama de uma lamparina.

Aplicação de uma força compressiva.

13.6. Aquecimento da vareta oca de vidro e do prego de ferro à chama de uma lamparina

(Figura 3). Aplicação de uma força distensiva.

Figura 3 - Aquecimento de uma vareta oca de vidro.

12
13.7. Pressão forte com a parte posterior de um lápis (Figura 4).

13.8. Observar e registar os resultados.

Figura 4 - Pressão forte com a parte posterior de um lápis.

3.4. Atividade prática de laboratório (Estratégia n.º 5)

3.4.1. Materiais

Para a construção deste modelo necessitamos de alguns materiais, que podem facilmente

ser obtidos no mercado local.

- Uma tina em acroleína (ou vidro) transparente (e.g., 36 cm de comprimento, 20 cm de

altura, e 20 cm de largura, 0,4 cm de espessura), perfurada em seis locais: (a) nas duas

paredes laterais de menor largura, a 3,5 cm da base, por um orifício de φ 0,8 cm; e (b) na

base, em quatro locais aleatórios com orifícios do mesmo diâmetro, de forma que uma

linha imaginária que os una forme um quadrado.

- Uma tina em acroleína (ou vidro) transparente (e.g., 50 cm de comprimento, 6 cm de

altura, e 30 cm de largura, 0,4 cm de espessura), cortada longitudinalmente ao meio;

- Uma placa em acroleína transparente (19 cm x 14 cm x 0,4 cm), furada a 3 cm da base,

sobre a qual é adaptada uma haste amovível (cilíndrica, com Ø 0,5 cm e 19 cm de

comprimento) em madeira ou metal. Este conjunto funcionará como um pistão

- Duas placas, em acroleína transparente, em forma de L. Em cada placa é adaptada uma

haste amovível igual à supra-referida. A largura da parte vertical da placa em L tem que

corresponder à largura do interior da tina (29 cm), e a altura situar-se aproximadamente

nos 14 cm. A parte horizontal da placa em L apresenta dimensões de 19 cm x 7 cm x 0,4

cm;

13
- Uma placa de madeira ou em acroleína (8 cm x 8 cm x 0,4 cm), com uma haste idêntica

à descrita anteriormente, embora com um comprimento mais reduzido (15 cm). Esta

placa funcionará como um maço, destinado a compactar o material utilizado;

- Uma placa de madeira ou de acroleína (70 cm x 50 cm x 1 cm);

- Dois sarrafos (50 cm x 1cm x 0,5 cm);

- Corantes em pó: ocre amarelo (± 250 g), ocre vermelho (± 250 g), ocre castanho (± 250

g), azul-ultramar (± 250 g), preto-Itália (± 250 g), amarelo-metilo (± 250 g);

- Farinha (± 500g);

- Gesso (± 2 kg);

- Lacre (± 1 kg);

- Uma barra de sabão “azul-e-branco”;

- Cimento branco e cinzento (± 1 kg);

- Areia crivada a 4 granulometrias: (a) grão < 60 mesh; (b) 60 mesh < grão < 25 mesh; (c)

25 mesh < grão < 18 mesh; (d) 18 mesh < grão < 14 mesh. (± 1 kg)10;

- Plastilina (vários rolos de diferentes cores);

- Argila (± 3 kg);

- Pregos para madeira;

- Parafusos para madeira ou para metal;

- Chave-de-fendas para parafusos;

- Duas folhas de papel vegetal;

- 50 cm de napa branca autocolante;

- Quatro canetas de feltro (azul, vermelho, preto e verde);

- Um serrote de mão;

- Uma colher das de sopa;

- Uma faca de cozinha;

- Uma espátula de metal;

- Água;

- Uma máquina fotográfica;

- Uma máquina videográfica, e um tripé.

10
Conversão da escala Mesh na escala métrica:
Sistema Mesh Sistema Métrico
60 250 m
25 710 m
18 1,00 mm
14 1,4 mm

14
3.4.2. Experimento n.º 2 - Compressão de uma série sedimentar. Formação de dobras e de
falhas inversas. Erosão de uma dobra. Discordância angular.

1. Montagem do dispositivo experimental:

1.1. Colocar a placa de acroleína (19 cm x 14 cm x 0,4 cm) no interior da tina e adaptar, a

partir do exterior, a respetiva haste (Figura 5). Uma vez controlada do exterior, permitirá

que o sistema funcione como um êmbolo.

Figura 5 - Montagem do dispositivo experimental 11.

1.2. Repartir os diversos tipos de areia (com diferentes cores, resultado da adição dos

vários corantes) em camadas de espessura regular (aproximadamente de um cm) e

horizontal (Figura 6A). O maço ajudará a nivelar as camadas de areia (Figura 6B),

compactando-as de seguinda (Figura 6C).

1.3. Fotografar, gravar, marcar na tina ou desenhar (à escala) em papel vegetal, as

camadas sedimentares horizontais compactadas, que servirão posteriormente de

referência.

Figura 6 - Deposição, na tina, dos diferentes tipos de areia. A - Devem formar-se estratos regulares e horizontais;
B - bem nivelados e; C - compactados12.

11
Com base em Pierron – Asco & Celda (2021).
12
Com base em Pierron – Asco & Celda (2021).

15
2. Estruturas resultantes de forças compressivas

2.1. Segurar firmemente na tina, e imprimir uma força compressiva apoiando-se na haste

do pistão (Figura 7A). A deslocação do pistão dentro da tina exerce uma compressão

sobre as camadas de areia (Figuras 7B e 7C).

Figura 7 - Aplicação de uma força compressiva sobre as camadas de areia. A - Segurar com firmeza a tina e a haste
do pistão; B - Empurrar o pistão no sentido do topo oposto da tina; C - À medida que a força compressiva assume
maior intensidade, assim se formam estruturas deformadas, mais evidentes e diferentes 13.

2.2. Marcar na tina, fotografar, gravar ou desenhar (à escala) em papel vegetal, os

diferentes momentos e estruturas de deformação (Figura 8), consequência dos

incrementos de intensidade aplicados.

13
Com base em Pierron – Asco & Celda (2021).

16
Figura 8 - Estruturas resultantes da aplicação de uma força compressiva sobre as camadas de areia.

3. Erosão uma dobra:

3.1. Com o auxílio de uma colher, escavar um talvegue no relevo, retirando pequenas

porções de areia.

3.2. Observar as camadas coloridas que são colocadas a descoberto (Figura 9).

3.3. Fotografar, gravar, marcar na tina ou desenhar (à escala) em papel vegetal as

estruturas produzidas no relevo.

Figura 9 - Talvegue escavado nas camadas de areia dobradas14.

14
Com base em Pierron – Asco & Celda (2021).

17
4. Produção de uma discordância angular:

4.1. Retirar mais sedimentos, até obter uma superfície plana (peneplanície).

4.2. Depositar em cima várias camadas (coloridas) horizontais de areia (Figura 10).

4.3. Fotografar, gravar, marcar na tina ou desenhar (à escala) em papel vegetal as

estruturas produzidas no relevo.

Figura 10 - Contacto de camadas por uma superfície de erosão (discordância angular) 15.

3.4.3 Experimento n.º 3 - Formação de um graben. Formação de falhas normais. Formação


de um horst. Colmatação de um graben.

1. Montagem do dispositivo experimental:

1.1. Colar a napa ao longo do bordo terminal horizontal de cada placa em forma de L,

numa faixa de 4 cm, de forma que apenas 2 cm fiquem em contacto com a acroleína.

1.2. Colocar as placas de acroleína em forma de L no interior da tina e adaptar, a partir

do exterior, as respetivas hastes (Figura 11). As duas placas devem ficar colocadas, de

maneira que se sobreponham ligeiramente.

Figura 11 – Montagem do dispositivo experimental com as placas de acroleína em forma de L 16.

1.3. Repartir os distintos tipos de areia (com diferentes cores, resultado da adição de

vários corantes) em numerosas camadas (no mínimo 6) de espessura regular

(aproximadamente 1 cm) e horizontal (Figura 12A). A areia deve estar muito bem seca.

15
Com base em Pierron – Asco & Celda (2021).
16
Com base em Pierron – Asco & Celda (2021).

18
O maço ajudará a nivelar as camadas de areia (Figura 12B), compactando-as de seguinda

(Figura 12C).

Figura 12 - Deposição, na tina, dos diferentes tipos de areia. A - Devem formar-se estratos regulares e horizontais;
B - bem nivelados e; C - compactados17.

1.4. Marcar pequenos orifícios circulares na superfície da última camada para visualizar

melhor as deformações a produzir.

1.5. Fotografar, gravar, marcar na tina ou desenhar (à escala) em papel vegetal, as

camadas sedimentares horizontais compactadas, que servirão posteriormente de

referência.

2. Formação de grabens e horsts

2.1. Aplicar, suavemente, uma força distensiva sobre as duas hastes que estão ligadas às

placas que suportam as camadas de areia (Figura 13).

Figura 13 - Aplicação de uma força distensiva sobre as camadas de areia 18.

17
Com base em Pierron – Asco & Celda (2021).
18
Com base em Pierron – Asco & Celda (2021).

19
2.2. Fotografar, gravar, marcar na tina ou desenhar (à escala) em papel vegetal as

estruturas produzidas (Figuras 14 e 15).

Figura 14 - Formação de falhas normais e grabens19.

Figura 15 - Formação de falhas normais e graben no modelo.

Outros materiais referidos, como, por exemplo, o lacre, a plastilina, o cimento e o sabão

azul-e-branco, podem ser igualmente usados em vez de areia. Os resultados obtidos com

estes últimos, devem ser sempre confrontados com aqueles resultados dos experimentos

com areia.

Identificámos dois condicionadores dos resultados que pretendemos obter com este

experimento: (a) a espessura total das camadas, e (b) a quantidade de água retida nos poros

da areia. O deslizamento, ao longo de falhas normais, é dificultado por uma espessura

sedimentar global demasiadamente fina, e pela presença de água nos poros da areia.

19
Com base em Pierron – Asco & Celda (2021).

20
Quando um destes fatores, ou ambos, estão presentes num experimento, pensamos que é

sempre conveniente explorar os resultados obtidos, investigando as suas causas.

Como solução, é possível arranjar uma carga litostática que facilite o deslizamento das

camadas através dos planos de falha. Um saco de plástico fino, com uma massa de areia no

seu interior, pode ser suficiente para anular a fraca espessura global das camadas de areia,

ou a presença de água. A pressão gerada pela “carga litostática” deve ser repartida

uniformemente ao longo de toda a superfície de areia (Figuras 15 e 16).

Figura 16 - Aplicação de uma carga litostática (saco com areia) para compensar a reduzida espessura global das
camadas sedimentares e/ou a presença de água nos poros da areia 20.

Podemos ainda procurar obter dois grabens separados por um horst. Para que se produza

tal efeito, procedemos da seguinte forma:

2.3. Deixar um espaço de 2 cm entre as duas placas. As camadas sedimentares ficarão,

desta forma, sobre as duas placas e simultanea e diretamente sobre o fundo da tina.

Nestas condições obter-se-ão dois grabens (Figura 17).

Figura 17 - Formação de dois grabens21.

2.4. Fotografar, gravar, marcar na tina ou desenhar (à escala) em papel vegetal as

estruturas produzidas.

3. Colmatação de um graben

3.1. Aplicar sobre o graben gerado, areia de cor diferente (ainda não utilizada),

procurando deixar visíveis os bordos da fossa.

20
Com base em Pierron – Asco & Celda (2021).
21
Com base em Pierron – Asco & Celda (2021).

21
3.2. Fotografar, gravar, marcar na tina ou desenhar (à escala) em papel vegetal, as

estruturas, que servirão posteriormente de referência.

3.3. Aplicar, no prosseguimento, uma força distensiva nas hastes das placas em L.

3.4. Voltar a encher a depressão produzida com areia de outra cor.

3.5. Repetir os passos 3.3 e 3.4 até que se queira (e seja possível).

3.6. Fotografar, gravar, marcar na tina ou desenhar (à escala) em papel vegetal as

estruturas produzidas.

3.4.4. Experimento n.º 4 - Formação de uma falha de desligamento.

1. Montagem do dispositivo experimental:

1.1. Traçar sobre a placa de madeira linhas transversais equidistantes a 0,5 cm, com 50

cm de comprimento.

1.2. Pregar longitudinalmente os dois sarrafos, cabendo entre eles a tina de acroleína (50

cm x 30 cm x 6 cm).

1.3. Unir as duas metades da tina de acroleína e colocá-la entre os sarrafos.

1.4. Depositar várias camadas de areias, compactadas com o maço (Figura 18), ou uma

camada espessa (2-3 cm) de argila.

Figura 18 - Deposição de camadas de diferentes areias, compactadas por um maço 22.

2. Formação de falhas de desligamento

2.1. Aplicar uma compressão horizontal, progressiva e gradual, numa das metades da

tina, deslizando-a lentamente sobre a placa de madeira (Figura 19).

22
Com base em Pierron – Asco & Celda (2021).

22
2.2. Fotografar, gravar ou desenhar (à escala) em papel vegetal as estruturas

sucessivamente produzidas.

Figura 19 - Ao aplicar uma compressão horizontal numa das metades da tina, surgem pequenas fraturas,
denominadas fendas de tração.

À medida que se faz deslizar um compartimento da tina em relação ou outro, começam

a surgir pequenas fraturas de tração, dispostas em degraus. O espaçamento das aberturas

é regular e depende da espessura das camadas. As fendas permitem o deslocamento ligeiro

da matéria deformável. Gradualmente, o comprimento das fraturas aumenta, e

simultaneamente, giram no sentido da abertura do cisalhamento. A partir das fracturas en

échelon formam-se lentículas de cisalhamanto. De seguida, a falha paralela ao desligamento

do soco recorta as fendas en échelon (Figura 20).

Figura 20 - Exemplo do resultado de uma experiência de desligamento esquerdo23.

A grande falha aparece, após as pequenas fracturas en échelon, pela união de uma

sucessão de ruturas alinhadas, torcidas, produzidas em cascata. Enquanto se formam as

fissuras, o regime geral de forças compressivas provoca zonas elevadas com dobramentos

e cavalgamentos, permitindo o desenvolvimento de um relevo no corredor de desligamento.

No início, a deformação é simples, lenta e progressiva. Rapidamente os campos de falhas

tornam-se cada vez mais complexos, com junção de fraturas que crescem, acentuando-se o

relevo.

23
Com base em Pierron – Asco & Celda (2021).

23
Com base na atividade prática laboratorial (estratégia n.º 4), pode desenvolver-se um

sistema que mede a intensidade das forças aplicadas, quer sejam compressivas ou

distensivas. Para conseguirmos tal efeito, procedemos do seguinte modo:

- A tina fica solidamente fixa à bancada por intermédio de parafusos;

- Cada haste do pistão é furada na parte terminal, e adaptada uma argola de metal

Para forças compressivas, prendem-se dois fios de nylon à argola. Cada fio passa pelas

paredes laterais da tina, reunindo-se ambos numa outra argola, onde é aplicado o

dinamómetro.

- Um dinamómetro é seguro na argola.

No estádio inicial, a força de aplicação é nula (σ1 = 0). Os incrementos de força são

aplicados no dinamómetro, especificamente, na extremidade oposta à que está copulada à

argola. À medida que a força se produz, é possível verificar os registos da sua intensidade

na escala dinamométrica. Quando se interrope a operação, o marcador da escala volta ao

zero. Ao reiniciar a aplicação de forças, as suas medias devem ser adicionadas às anteriores.

Pode acontecer que não esteja ainda claro para os alunos, a relação entre a força e o tipo

de materiais a dobrar, ou seja, por exemplo, a necessidade de aplicar forças de módulo

elevado a fim de dobrar camadas muito espessas. Com uma atividade simples, daremos

uma ideia dessa relação.

Distribuímos uma folha inteira (4 páginas) de jornal a cada aluno e solicitamos-lhes que

a dobrem ao meio, o número de vezes que conseguirem. À medida que o papel está mais

dobrado torna-se mais difícil voltar a fazê-lo novamente, uma vez que a quantidade de papel

duplica cada vez que as duas partes são sobrepostas. Com esta estratégia, simples e prática,

podemos desenvolver uma ideia aproximada das relações entre intensidade das forças e as

respetivas deformações produzidas.

Podemos ainda controlar, com uma margem bastante reduzida, o fator tempo. Trata-se

de desenvolvermos as experiências com uma lentidão muito acentuada, ou pelo contrário,

aplicar presteza na sua execução. Analisando os resultados das duas situações, podemos

procurar uma melhor aproximação, indutiva, acerca dos processos reais, e da influência do

fator tempo na deformação de materiais, embora naturalmente, bastante limitada.

3.5. Conservação dos modelos

Para conservarmos o modelo, para estudos ou ilustrações posteriores, podemos adicionar

cimento e água à areia da tina, formando argamassa. Este método traz contudo, alguns

24
inconveniente desagradáveis: (a) a manipulação do cimento, para algumas pessoas, produz

reações alérgicas, pelo que é necessária uma máscara para se proteger das poeiras; (b)

assim que endurece a argamassa, surgem traços brancos do cimento, havendo necessidade

de envolver tudo muito bem com água, destruindo obviamente as estruturas; (c) o tempo de

secagem da argamassa é prolongado, e (d) o modelo depois de seco é dificilmente serrado.

Para evitar estes dissabores, podemos usar gesso, menos incómodo na manipulação, e

mais fácil de serrar quando está ainda húmido, com a ajuda de um vulgar serrote. Além

disso, a fina espessura do pó de gesso e a sua cor branca permite desenvolverem-se

estruturas muito precisas.

Os procedimentos descritos anteriormente, a respeito da deposição de camadas de

areia, devem ser seguidos com igual cuidado quando aplicamos gesso. Os corantes devem

ser usados na proporção 4 colheres de corante para 1 kg de gesso.

Após a realização das distintas experiências, a tina com o modelo é imersa numa outra

tina, alguidar, ou pia, com água, desde que as suas dimensões sejam significativamente

superiores à primeira. A água infiltra-se no gesso através dos orifícios laterais e basais da

tina, expulsando o ar contido nos poros do modelo (Figura 21).

Figura 21 - Imersão do modelo em gesso numa tina com água 24.

O nível de água deve subir gradualmente, a fim de evitar a erosão da superfície por

inudação. Devido às duas placas em forma de L do modelo de estruturas distensivas, a água

infiltra-se facilmente no gesso a partir dos lados (Figura 22).

24
Com base em Pierron – Asco & Celda (2021).

25
Figura 22 - Infiltração da água no modelo em gesso. A - nível da água; B - entrada de água; C - água; D - gesso25.

No modelo de estruturas compressivas devemos aplicar uma segunda placa (um

segundo pistão, ou placa) no lado oposto, evitando desta maneira, que a água ao entrar pelo

orifício da tina contacte logo diretamente com o gesso, correndo o risco de causar danos ao

modelo, aumentando ainda o tempo de imersão necessário (Figura 23).

O tempo de imersão necessário é aproximadamente de 20 min. Após este tempo, a tina

(alguidar ou pia) com água deve ser esvaziada, ou na impossibilidade de tal realização, elevar

a tina que contém o modelo, emergindo-a da água, deixando-a secar cerca de duas horas.

Uma vez seco, o modelo é desenformado da tina facilmente. Podemos rodar a parte superior

da tina 180º, para que fique com a abertura para baixo, e por acão da gravidade, o modelo

cairá.

Figura 23 - Aplicação de um segundo pistão ao modelo de estruturas compressivas, evitando o contacto inicial
direto da água com o gesso26.

O gesso pode depois ser facilmente serrado em blocos paralelos (Figura 24). A serragem

deve ser suave e delicada, aliviando os dois blocos com a mão livre. Se o serrote encrava no

gesso, pode-se molhá-lo regularmente em água, facilitando o exercício.

25
Com base em Pierron – Asco & Celda (2021).
26
Com base em Pierron – Asco & Celda (2021).

26
Figura 24 - Corte, em blocos, do modelo em gesso 27.

3.6. Atividades de discussão

A “discussão na aula deve ser encarada como um complemento” das práticas laboratoriais,

“centro das atividades de aprendizagem”28. A partir da nossa representação de atividades

práticas laboratoriais é impensável terminá-las com a simples arrumação dos materiais.

Após a realização dos experimentos ou das experiências (ou outro tipo de atividades

práticas), deverá desenvolver-se uma discussão na qual se analisam os resultados obtidos,

se procura uma interpretação, e se tecem considerações conclusivas, envolvendo o aluno

numa atividade inteletual que contribuirá para a compreensão do verdadeiro significado da

atividade desenvolvida.

Ao mesmo tempo que o aluno chega ao conhecimento em si por intermédio de atividades

de discussão, atingem-se igualmente objetivos no domínio sócio-afetivo. Neste nível, um dos

objetivos mais importantes é o “saber escutar”. A maior parte das pessoas ouve

parcialmente, isto é, capta um ou outro ponto da conversação ou discussão ao mesmo

tempo que tem o pensamento em qualquer assunto diferente. Saber escutar requer, no

entanto, toda a nossa concentração e, muitas vezes, não implica sequer, uma resposta. O

cerne da comunicação com um interlocutor é sentir tanto quanto possível o que ele sente,

ser capaz de captar o que os seus olhos e as suas expressões tentam “dizer” e que as

palavras não transmitem.

As linhas de discussão que teceremos não constituem uma síntese das fases de discussão

no nosso assunto. Querem antes servir como operações de “focagem”, estabelecendo os

conteúdos ou tópicos e operações cognitivas a realizar, podendo ainda apresentarem-se

27
Com base em Pierron – Asco & Celda (2021).
28
Domingos, Neves, e Galhardo (1987, p. 162).

27
como “extensão” do processo de discussão, ou seja, transferirem o pensamento para outro

patamar, ainda dentro do mesmo nível cognitivo29.

Atividade prática de laboratório (estratégia n.º 4)

1. Enunciar os fatores de deformação em estudo.

2. Relacionar o tipo de deformação sofrida pela mola com:

2.1. A intensidade da força atuante; e

2.2. O tempo de atuação da força.

3. Caraterizar os vários comportamentos manifestados pela mola.

4. Inferir acerca da força necessária para mover determinada massa.

5. Completar o Quadro 3, utilizando a seguinte chave: E - Comportamento elástico; P -

Comportamento plástico; R - Comportamento rígico; F - Comportamento frágil.

Quadro 3 - Comportamentos dos materiais-prova em resposta aos diferentes testes a que foram submetidos.

Testes 13.1 13.2 13.3 13.4 13.5 13.6 13.7 Outro

Objetos

1. Fita de borracha

2. Plastilina

3. Lâmina

4. Lamela

5. Vareta oca de vidro

6. Prego de ferro

7. Fita de zinco

8. Fita de folha-de-Flandres

9. Argila seca

10. Argila húmida

6. Um mesmo material apresenta comportamentos distintos face a diferentes condições.

6.1. Explicar as condições intrínsecas do material que podem alterar o seu

comportamento.

6.2. Identificar condições extrínsecas que podem modificar o comportamento de um

material.

6.3. Inferir acerca da possível maneira de alterar o comportamento dos materiais-

prova 6 e 7.

29
Cfr. Taba, citado em Klinckman (1981).

28
6.4. A partir dos resultados comportamentais obtidos, referir o tipo de materiais a que

a maioria das rochas pertence.

6.5. Relacionar os testes a que foram submetidos os materiais-prova, com as

condições existentes em meio natural.

6.6. Inferir as condições naturais que podem modificar o comportamento das rochas.

7. Sob uma mesma intensidade de esforço compressivo, inferir o comportamento dos

seguintes tipos de rochas:

7.1. Argila;

7.2. Petróleo;

7.3. Calcário;

7.4. Granito.

Atividade prática de laboratório (estratégia n.º 5)

1. Identificar o tipo de tensão a que se encontram sujeitos os estratos da Figura 7.

2. Descrever o tipo de acidente tectónico sofrido que os estratos representados na Figura

14 simulam.

3. Indicar os objetos do dispositivo experimental representado na Figura 14 que

simulam:

3.1. A pressão litostática;

3.2. A pressão dirigida.

4. Explicar os comportamentos detetados ao aplicar forças de tração.

5. Comparar os comportamentos observados na estratégia n.º 4 com os obtidos com

estes materiais quanto à duração da deformação sofrida.

6. Comentar as seguintes afirmações:

6.1. Assim que as pressões excedem o limite de elasticidade das rochas, surge uma

rutura num ponto: o foco.

6.2. As falhas resultam sempre da atuação de tensões compressivas.

7. Confrontar a espessuras máximas dos estratos no estádio inicial e durante os outros

momentos com a formação de cadeias montanhosas.

8. Calcular, em percentagem, os rejetos verificados nos estratos, comparando o número

de falhas que surgem logo após o início da compressão com aquele imediatamente

anterior ao estádio final.

9. Comparar as estruturas formadas dentro da tina com um corte simplificado do

carreamento da Carrapateira.

29
10. Descobrir os parâmetros que diferenciam as experiências laboratoriais dos

fenómenos geológicos.

11. Explicar a inclinação e a disposição das camadas de um lado e do outro da superfície

de erosão.

12. Comentar as seguintes afirmações:

12.1. Nos sedimentos, é possível encontrarmos rochas vulcânicas. A menos de 10 km

de profundidade, a temperatura de fusão das rochas poderá ser suficiente para

ocorrerem incursões astenosféricas numa zona de adelgaçamento.

12.2. Ao longo das falhas existem fontes termominerais gasosas, consideradas como

manifestações vulcânicas.

13. Explicar o adelgaçamento progressivo da crusta continental e a separação das duas

margens continentais.

14. Relacionar os movimentos compressivos e distensivos com a disposição cronológica

dos estratos num anticlinal e num sinclinal.

15. Num vale cujas vertentes apresentam 45º de pendente, aflora um estrato horizontal.

A espessura da camada no afloramento é de 4 m. Calcular a espessura deste estrato.

16. Refere se numa falha normal o ângulo formado entre o muro e o plano de falha é

maior ou menor que 90º. E numa falha inversa?

30
4. Referências
Bonito, J. (1996). As atividades práticas no ensino das Geociências. Contributos para o ensino da
deformação das rochas no ensino secundário. (Dissertação de Mestrado não publicada).
Universidade de Coimbra.

Bonito, J. (2001). As atividades práticas no ensino das Geociências. Um estudo que procura a
concetualização. Instituto de Inovação Educacional.

Domingos, A. M., Neves, I. P., & Galhardo, L. (1987). Uma forma de estruturar o ensino e a
aprendizagem. Livros Horizonte.

Johsua, S., & Dupin, J.-J. (1993). Introduction à la didactique des sciences et des mathématiques.
Presses Universitaires de France.

Klinckman, E. (1981). Manual do professor de Biologia (2.ª ed.). Fundação Calouste Gulbenkian.

Landsheere, G. (1982). Introduction a la recherche en éducation. Armand Colin-Bourrelier.

Martín, C., Campo, J., García, A., & Wehrle, A. (1992). Enseñanza de las ciencias en la educación
secundaria. Ediciones Rialp.

Mialaret, G. (1954). Nouvelle pédagogie scientifique. Paris: Presses Universitaires de France.

Pierron – Asco & Celda (2021). Maquette de démonstration tectonic.


https://www.pierron.fr/tectodidac.html

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