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RESUMO
Este artigo nasce dos estudos e pesquisas sobre os conceitos de religião, alienação, cultura e psicologia na
disciplina de “Psicologia e Ciências da Religião”, do curso de Psicologia da Faculdade Católica Dom Orione
(FACDO). Este escrito objetiva analisar como o fenômeno religioso é interpretado na prática da psicologia
clínica. Bem como, refletir a interface entre psicologia e religião na formação da estrutura psicológica dos
sujeitos. Além de atentar-se para a prática da psicologia clínica, diante da experiência religiosa de cada
indivíduo que busca a psicoterapia. A metodologia utilizada foi pesquisa teórica de cunho bibliográfico feita
através de análises de artigos, revistas, livros e em sites especializados no assunto. Os resultados mostram
que a experiência religiosa dos sujeitos deve ser considerada com relevância no processo terapêutico, e que
é fundamental uma preparação por parte dos psicólogos clínicos, para lidarem com tal demanda.
Palavras-chave: Fenômeno Religioso. Experiência Religiosa. Religião. Psicologia Clínica.
ABSTRACT
This article is the result of studies and research on the concepts of religion, alienation, culture and psychology
in the discipline of "Psychology and Religious Sciences", from the Psychology course at the Catholic Faculty
Dom Orione (FACDO). This paper aims to analyze how the religious phenomenon is interpreted in the practice
of clinical psychology. As well as, reflect the interface between psychology and religion in the formation of the
psychological structure of the subjects. In addition to paying attention to the practice of clinical psychology,
given the religious experience of each individual seeking psychotherapy. The methodology used was
theoretical research of a bibliographic nature made through analysis of articles, magazines, books and on
websites specialized in the subject. The results show that the subjects' religious experience should be
considered relevant in the therapeutic process, and that preparation by clinical psychologists is essential to
deal with such demand.
Keywords: Religious Phenomenon.Religious Experience. Religion. Clinical psychology.
1 INTRODUÇÃO
Buscamos, com este artigo, desenvolver uma análise sobre como psicologia e
religião, se conectam e se atravessam ao longo da história. Sendo, pois, o fenômeno
religioso uma experiência universal vivenciada por todos os homens, em todos os tempos,
e que muitas vezes não consegue ser explicado pelo uso da linguagem, se tratando de uma
experiência subjetiva, que apesar de ser compartilhada e institucionalizada socialmente por
meio da religião, ainda assim é única para cada sujeito. A maneira como a experiência
religiosa influencia as diversas áreas da vida, pode ser observada pela forma que a religião
se faz presente na política, na educação e nas leis. Assim como na saúde, no entanto pouco
é falado sobre os papéis que a religião exerce sobre a saúde física e mental dos sujeitos,
sendo esse último aspecto um dos focos deste artigo.
Alguns dos principais teóricos da psicologia, se debruçaram sobre as nuances que
envolvem a relação psicologia/religião, no que diz respeito ao efeito e função da experiência
religiosa sob a construção do sistema psíquico e da subjetividade dos sujeitos. Aqui iremos
nos aprofundar nos conceitos de religião para a psicologia analítica e para psicanálise.
O primeiro capítulo deste artigo visa trazer o conceito de fenômeno religioso e a sua
dimensão e importância na vida dos sujeitos, logo deixando implícito o quanto é importante
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para um psicólogo clínico ter domínio sobre esse tema. O segundo capítulo visa descrever
a relação da influência religiosa na saúde mental dos sujeitos, fará um breve apanhado
histórico da relação entre religião e psicopatologia, apresentará conceitos relacionados a
psicologia da religião, e de como esses conteúdos podem repercutir no atendimento clínico
do psicólogo.
2 FENÔMENO RELIGIOSO
Quando o ser humano tem um encontro com o Mistério, sua vida é totalmente
modificada, como por exemplo o que vive a experiência da salvação, que acontece
no encontro com o sagrado. Um novo modelo de vida surgi nesse indivíduo, até o
modo de ver o mundo muda. Ao seu redor tudo ganha um novo significado, é como
se a vida fizesse sentido, e nada mais seria por acaso, mas, tudo evocaria a
presença do Sagrado (SILVA, 2012, p. 346).
Logo, percebe-se que o fenômeno religioso também se configura como uma forma
de poder, não apenas “poder divino”, mas também um poder estruturado na sociedade que
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vive determinada crença, pois se configura como uma verdade, uma realidade, que dar
sentido a existência do ser no mundo. Essa interpretação pode ser observada desde as
sociedades e culturas mais primitivas, até as configurações religiosas pré-modernas. Eliade
fala:
O homem das sociedades arcaicas tem a tendências para viver o mais possível no
sagrado ou muito perto dos objetos consagrados. Essa tendência é compreensível,
pois para os “primitivos”, como para o homem de todas as sociedades pré-
modernas, o sagrado equivale ao poder (ELIADE, 1992, p. 14).
O encontro com o sagrado é uma experiência transformadora, que faz com que o
sujeito altere seus comportamentos e sua maneira de ver os acontecimentos da vida, o
sujeito escolhe servir a um Deus, seguir um dogma religioso. Sendo assim, o mundo
subjetivo daquele sujeito é diretamente moldado de acordo com a experiência com o
fenômeno religioso, a experiência com o sagrado e o divino (SILVA, 2012). Jung (apud
PORTELA, 2013, p.52) explica que para a psicologia da religião, o conceito de religião está
ligado a execução correta dos ritos sagrados, exigindo do homem devoto, uma conduta de
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Segundo Portela (2013) Jung buscou durante sua jornada profissional fazer uma
ponte entre a psicologia e a religião, por meio de seus escritos se torna possível observar
como ele ressalta a função da religião na estrutura psicológica, não enfatizando a ligação
de um elo entre o homem e Deus, mas de modo a demonstrar como a religião é uma
representação da experiência psicológica, como uma manifestação do inconsciente, uma
maneira do homem lidar com conteúdos que estão para além do seu controle.
A configuração dos ritos, e o apego a cultos estruturados e escrupulosamente
pensados, dão ao homem a oportunidade de observarem e terem uma experiência com o
sagrado. A religião oferece um equilíbrio entre o “eu” e o “não-eu” psíquico, sendo esse
último, forças com as quais o sujeito não consegue lidar, pois estão ligadas a conteúdos
inconscientes.
Religião enquanto uma função do sistema psíquico e uma experiência pessoal do
sujeito, pode assumir aspectos diversos sendo o primeiro, se configurar como algo positivo,
onde relacionada a imagens e símbolos, atribui qualidades a eles, transformando-os em
algo sagrado, dignos de temor, culto e adoração, pois através deles o sujeito pode
experienciar o transcendente. Em um segundo aspecto, a religião pode se mostrar como
um comportamento para a vida, o reconhecimento de símbolos da religiosidade do
inconsciente coletivo, que leva o sujeito a vivenciar em comunidade a experiência religiosa.
Ambos aspectos são de vital importância para o equilíbrio psíquico, no entanto, a maneira
como cada sujeito vivencia essas configurações da religiosidade, depende da sua
experiência pessoal, fator que não altera o fato da religião ser uma latente necessidade
humana.
Enquanto para Jung, a experiência religiosa se mostra positiva para a saúde
psíquica, Freud apresenta uma posição contrária a essa colocação. O teórico idealizador
da psicanálise, se opunha a ideia de homos religiosus de Jung, e apontava para a outra
direção, a do homo natura. Na perspectiva freudiana, o homem não possui a necessidade
de vivenciar a religiosidade, e ainda pontua que a experiência religiosa pode ser nociva a
constituição da personalidade, Freud assinala a ligação entre religiosidade e neurose
obsessiva compulsiva, onde a religiosidade em si, seria a prática neurótica obsessiva, que
o sujeito repete compulsoriamente. As contribuições de Freud para os estudos da
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4 CONSIDERAÇÕES FINAIS
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NETO, Francisco Lotufo; JUNIOR, Zenon Lotufo; MARTINS, José Cássio. Influências da
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