Per162493 1945 05005

Fazer download em pdf ou txt
Fazer download em pdf ou txt
Você está na página 1de 88

' "'/-•:'.'-*•' <'--CTrr. .

r"""",''"* •" jl.


^^ j^.j,

••A #
¦
¦
* *

jáÈÈÊk A

.:»',' ^^ jE-W imÊUÈÍki h* ,** rifei'- ¦!?¦*

INSTITUTO NACIONAL DE CIÊNCIA POLÍTICA '^'


í-i-U %-#. -Vr.: . jVj I
V É * V. '•':
BOLE T I M FascicvÉ|V vV # J
' ' DIRETOR RESPONSÁVEL - PEDRO VERGARA
#: %
MEN SAL VÔLUMEPí v
-, 3
fim tSSSSSmSSm»

"*
-li
,>""l,s ifr^l*
-Si-,.--. '

^»MStt«*í
¦Síi»

O'- o2 c/ $ «W*'

1.
SUPOSTAS TENDÊNCIAS TOTALITÁRIAS rk*
'1*.í
m,
"A
Constituição de 1937 foi acusada de tendências totalitárias.
fr Essa argüiçâo náo tem fundamento. Fizeram-se a respeito muitas con- *

fusões, uma para justificar juízos apressados e superficiais e outras l


"i

' * ' \it propositadas, com o simples objetivo de exploração política. Os regi-^ - IP* r*d .a
m
mes totalitários têm fundamentos doutrinários e estrutura inteiramente
diferentes do instituído pela Constituição de 37, Para não nos alcn-
garmos num exame completo que a oportunidade não comporta, basta
&
lembrar' que nos regimes totalitários o Estado monopoliza tudo absor- :'¦¦
'¦.'--''.""" -

vendo os indivíduos, espiritual e economicamente, Exprimem ideolò-


¦

¦¦'¦iSiíí¦-'•'¦¦ '¦'
¦ i
r-' r I

¦gicamente uma concepção da vida e das relações sociais — concepção ;y t,:


>

oposta, como se sabe, aos fundamentos cristãos, da sociedade brasi- •# *

ieira, que foram expressamente declarados e respeitados pela Consti-* ,- «

tuição de 37. 0 totalitarismo, como organização política se caracte-


riza, ainda, pelo partido único, pelo poder absoluto do Estado — su- •¦ '...:&?•".%¦'&&¦¦*'¦''¦ ¦ :.¦- ¦ '

premo senhor e distribuidor de direitos — pela imposição despótica


,;¦",». '
'':¦•¦

¦ *:¦:
¦,-.-.

de padrões uniformizadores de cultura e.de convivência social, assu-


mindo no "nazi-fascismo" a forma de estatolatria pura, num enquadra- ' '
:' •?: <

mento único de toda a,vida nacional, até abranger os extremos limites da tM


raça e da fé religiosa e transformar-se em imperialismo de conquista Ijí
%
e dominação armada. Onde essas características em nossa Constitui-
ção? Pelo fato de havermos deixado de parte a formulação clássica
dos regimes representativos eleitorais concluíram, afoitamente ou de ?$
K/ má fé, qué nos fizéramos totalitários. O regime de 37 é, sem dúvida,
m> -
um regime forte, de concentração de poderes. Mas ser isso nã% *
'realmente para
Ü*'
precisava ser, como não é, totalitário. É muito diferente. .*.
l'v l
Instituindo novo processo de consulta às necessidades e opiniões da .«f^M
.população,^ através de corpos econômicos e-agremiação de caráter pn>
dutivo, tivemos em vista precisamente dar realidade ao princípio demo-
'É3
çrático segundo o qual os poderes públicos devem ser apenas órgãos W

de execução da vontade pcpular, eliminando a clássica oposição entre


governantes e governados e corrigindo o desvirtuamento do sistema
representativo pelos grupos partidários ou de interesses particularistas.
As nossas relações diplomáticas com a Alemanha e a Itália sofreram .*•!'.
rf" fortemente em conseqüência das leis de nacionalização e há episódios
de importância, que a história divulgará um dia. Foi com o auxílio ^8sir
"nazi-fascista",

estrangeiro, provocadamente que se tentou o golpe de m
maio de 1938 contra o regime da Constituição de 37 e diretamente
contra o Presidente da República. Víamos, assim, paradoxalmente, um,
'
regime dado como totalitário assaltado e agredido pelos maiorais d#
•-«¦

totalitarismo".
ií $

a fã (Da entrevista concedida pelo Presidente da República aos jor-


naüstas nacionais e estrangeiros, em 2 de março de 1945) . \

t
( *
^BMM

—BN
^Bmfti wjtotUàtHfmitPMm* MmmÊmim mBaJmmum

-f \
¦*¦-
% *4
¦ t..\ R!ô DE JANEIRO o M i
V.
^ -Vk >..*.„*:¦ ^ -taé
:í.,^.u-j:.:.'^..- ,£*£&>,*.„!.
À - -
*

1i
PENSAMENTOS DE GETÜLIO VARGAS
"Precisamos
pôr em execução um plano completo de sanea-
mento rural e urbano, capaz de revigorar a raça e melhorá-la
como
capital humano aplicável ao aproveitamento inteligente das nossas
condições excepcionais de riqueza." ("A Nova Política do Brasil" —-
>•' ^ Vol. II, pág. 117).

"Por

maiores que tenham sido as transformações trazidas
pelo pro-
gresso mecânico dos métodos de faxer a guerra, o elemento humano
C/°/!hliUÍ sendo tão imP°r*ante como o aparelhamento material." —
'}'"¦'¦''.'ÀA. ¦'¦',-' '-¦'¦ - (Nova Política do Brasil — Vol. VIII,
pág. 231).
bbbr

"Se
o governo solveu os partidos políticos,
encerravam porque eram forcas
que sua atividade nos limites dos Estados, não
mitir, também, que elementos estranhos, vindos poderia per-
de fora, procurassem
perturbar a tranqüilidade das populações coloniais, tentando arrastá-las
°^?n.,Zf,"las
!da Pátria. — p"a ° «e«icio de atividades contrárias aos interesses
(Nova Política do Brasil, Vol. VII,
pág. 197).

Ir
"A nossa
tarefa de povos jovens consiste em sanear, educar,
*2d7 °S povoar,
concnidat,á<* " vantagens e os benefícios da
IíaTJTv
vida civilizada." — ?«SaSOk,
("A Nova Política do Brasil" — Vol. IX,
pág. 28).

*
"Já
adquirimos bastante experiência,

lx*i7sr*m -(Nova
'; '"'
para não acreditarmos no
*"""*"•" Poii-
.' ;• .'

sttaSítw,
tetichismo das formulas, e reconhecermos
que o bem público não deve


xiSHi v ¦¦:-';
. num «ruP° S0cjal ou nacional a
1!!?l,jndo produção deixa ia ser
de utilidades para ser de mercadorias somente, sobrevêm
inevitavelmente f
desequilíbrios profundos, de conseqüências fatais
mar.
porque a
para a ordem social
parte maior desse grupo passará a sofrer restrições e necessi- II
pronunciado em L° de mai0 d« '944, em São
s
' '. ,
Pauto) rS°

"Nenhum

sacrifício, nesta hora grave, será bastante; nenhuma
vi-
gilancia excessiva para a defesa da nossa bandeira, do nosso
nossas tradições." — (Nova Política do Brasil — idioma das
Vol. VI pág 74)
*

indispensável estarmos preparados para tudo e aptos
race, com exper.enca a fazer
ampla, às exigências dos movimentos de
defesa
quaisquer que sejam o teatro e as formas de operação." —
litica do Brasil — Vol. (Nova Po-
VII, pág. 258).

#*.
OFICINAS GRÁFICAS DE «A NOITE"
:.;;

m
¦''2'
m
'''XÁ.?'.-',. -.A:
«Pi»; A... -¦•'

wmi
X'., .
"¦'.,"¦¦

'¦!Pç
¦,

Um balanço de quinze anos de Governo


0 Presidente Getúlio Vargas no dia i.° de maio
pronunciou,
úc 1945, no estádio do Vasco da Gama, o seguinte e
importante
discurso, que foi irradiado --.XXX-'' ¦ aXXaaj
para todo o país e estrangeiro:
',. "TRABALHADORES i

DO BRASIL:
*
- '

Aqui estou ao vosso lado


para associar-me às comemorações do
lha do Trabalho. x ¦ ¦
Este primeiro de maio reveste-se,
para mim e ima vos, de mar-
¦cante significação. Estamos
participando de grande? acontecimentos
e assistimos ao alvorecer de uma nova
fase da civilização. A nossa
Pátria, até há pouco considerada
país semi-cotonial, cresceu prós-
penm. tornou-se urna nação capaz de influir na resolução dos mag- -

'4
¦;

nos problemas mundial. Isso deve encher.nos w


de orgulho e dar-nos 'M
ao mesmo tempo a noção exata das nossas responsabilidades
atuais
f futuras.
«5 : :¦ : !_

Num balanço de consciência da minha atuação '¦¦¦

à frente do go- -

''*. ..-' ':*..


¦•r

mmo nacional, nestes


quinze anos,-pão tenho saldo de ódios e estou'
certo de haver trabalhado com afinco, incessante
e desinteressada-
mente, pelo bem gemi,
pela segnmnça e maior prosperidade do
Brasil ¦
¦ *_'_

Em relação aos trabalhadores, realizamos


quanto foi prometi-
4o, e mesmo muito mais. As
promessas do candidato da Aliança
Liberal e m afirmativas do discirno de
posse do Chefe do Covêrno
Provisório, em j de novembro de 1030,
foram ultrapassadas, pois
¦conseguimos organizar o trabalho
nacional segundo os .
cristãos da justiça social, sem abalos econômicos principfm
% políticas.
O trabalhador brasileiro
possui hoje * ** código de dheüo^
a sua carta de emancipação econômica. E sabe
perfeitamente o que
uto vale. o que isto representa como
patrimônio cultural e mate-
ml, sobretudo na hora de lutas e incertezas
que vive o mundo
quando <os povos civilizados sofrem provocações tremendas,
dividi- -...'. - À : -Tx''': 'V'
dos r dizimados pefa
guerra.
Não passo, por cmã.qMmh,
fugi,- m dever de lembrar ,mÍÂ
uma vez. aos fmnem de trabalho a necessidade
de evitar dissídios
de manter coesão em tomo dos
problemas fundamentais do adis dê
éefender a «rdem a qualquer
preço, sobrepondo os supremos inte-
reses da, cokt&dodc às me.sqimhm
competições de
grt^K». ás ri-
¦¦'•'¦. '

^
2 CIÊNCIA POLÍTICA
.

AA>: :y:,. "


•l ', '' ,' \

validadas de classe, aos choques das paixões políticas. Ê o apelo pa-


TY''"-.'"','
triótico que desejaria fosse ouvido de todos os trabalhadores, no
'¦¦

-'' *'
'

¦
'
' momento em que o país se encaminha para rumos novos, e possível-
'• '; . Y ; *.Y'Y
mente mais amplos, óom a reestruturação das suas iniciativas há-
sicas.
/á fiz a minha parte na grande tarefa de mobilizar, para o en-
' '.,,Y' '^
grandecimento comum, as forças criadoras da nacionalidade. Ultu u'
.&¦


mada a recomposição política e reajustados os quadros governamen- /

tais, retornarei às atividades de simples cidadãos, recolhendo-me à


vida privada. Que outros assumam as pesadas responsabilidades do
futuro e proporcionem ao nosso povo o quanto merece de bem-es-
'.*"'

¦ ¦¦
¦'
*
""

'-.
'¦¦,.';'
¦'"¦¦-

'
¦¦'¦'¦' -v '¦
'¦¦*'¦

¦¦''¦"

tar e felicidade, de progresso material e Cultural. Reivindico, ape-


nas, como galardão de trabalho, a sinceridade patriótica e o amor
à causa publica. A essa sinceridade e a esse amor devo a coragem
construtwa, a resistência a todos os choques, a obstinada vontade
de ser útil ao país. Se desilusões sofri, não se originaram dos vossos
atos; se "traidores houve algumas vezes", não saíram das vossas fi-
feiras. Por isso mesmo, quero repetir o que disse noutra oportuni-
dade: - Os trabalhadores nunca me decepcionaram. Encontrei
é neles, invariavelmente, incentivo para governar acima das preocu-
pações particularistas, para lançar os grandes empreendimentos na-
'<*»'
cionais e decidir, nos momentos difíceis, sobre ps nossos destinos
comuns. Em compensação por essa solidariedade inquebrável, em-
penhei-me a fundo pela concessão de garantias legais e de amparo
TY

econômico a todas as classes de trabalhadores.


- v, '¦'" '..
- Ao assumir ¦o governo, em 1930, nem ao menos era observada
-¦ ,

. ¦¦¦ ¦• ¦ . .*,. 1
legalmente a recomendação do Tratado de Versalhes, que preconi-
zâva a jornada de oito horas. Além dos dispositivos esparsos da lei
y civil e cofnèrcial sobre aviso prévio e o contrato de locação de semi-
ços, somente, a lei que criou as caixas de aposentadoria e pensões para
os ferroviários e portuários e a de acidentes, de 1919, podem ser con-
siderados legislação trabalhista. Nada mais existia de sério, mesmo
porque, na mentalidade dós políticos de então, muitos dos quais
hoje se apresentam como campeões da democracia
para disputar as
: simpatias populares, as reivindicações do proletariado não
"casos passa-
, vam de de policia", que se resolviam nas prisões e deporta-
çoes sumárias.
Vitoriosa a revolução de 30, uma das primeiras iniciativas do
governo foi a criação- do Ministério do Trabalho. Isso por si só de-
:m^
i
'¦-.
••;'<,/.'»'¦ ¦¦'.'. ¦ '77~- ]

CIÊNCIA POLÍTICA ". *ísF%


¦ .. '\' -:.»'-è $

..¦:¦¦:'

¦7

finia os rumos políticos daquele movimento revolucionário. Daí


por diante a nossa atuação desenvolveu-se sem hesitações, abran-
gerido todos os setores da legislação social, a saber: - nacionali-
zação do trabalho com a. lei dos dois terços; normas
gerais e espe-
ciais de tutela do trabalho; duração do trabalho
no comércio, na '
f •*"¦

indústria, nos serviços


públicos e atividades privadas; concessão de
férias; proteção ao trabalho da mulher e do menor; contrato indi-
vidual e contrato coletivo de trabalho; organização^indical;
fiseali-
zaçao das leis ¦trabalhistas;
justiça especial do trabalho; estabilida-
de no emprego e indenização
por acidentes; higiene, alimentação
e ensino do trabalhador, com a instalação de refeitórios
populares,
escolas de ofício, institutos e aprendizados
profissionais; proteção
ao lar do trabalhador com a concessão do "abono
familiar" e faci-
lidades para a construção da "casa
própria"; instituição do salário
mínimo, sua adaptação às condições regionais, salário adicional
e
possibilidade de novas revisões; amparo econômico a todas as cias-
ses de trabalhadores, com a organização dos institutos e caixas
que
distribuem os benefícios comuns e especiais do seguro social, man-
lendo, além disso, assistência médica e hospitalar,
financiando a
construção de casas operárias e ampliando direta e indiretamente *" *\ * -77;.

¦ ¦

os meios de elevar o nível ' .:?'


.•..'iv-...-.v.-:.5

profissional, de melhorar a saúde e pro-


ver a segurança do lar e a educação da ' . 7- ¦ . ¦ ¦y.\y'y\í'yls

prole do trabalhador.
Sobre tudo isso se legislou de 1930 a u^j, formando um corpo
completo de leis, que pode servir ê jà serve de
padrão a outros po-
vos que ainda não conseguiram implantar definitiva e
pacifica-
mente, nas suas relações de vida, os
postulados da justiça social.
A obra executada comporta ampliações que já se acham em
exame, aproveitando-se a experiência adquirida. O Ministro Mar-
condes Filho, com a invulgar atenção que dedica aos assuntos de
sua importante pasta, estuda presentemente a forma de melhoria
dos salários, tendo em vista as necessidades atuais e o custo da vida
em cada região. Para tanto basta aplicar a legislação em vigor
que 7 ¦ . :. ¦ .:'''¦¦-

previdentemente criou as convenções coletivas, que permitem en-


tendimentos amigáveis entre patrões e operários. Com a assistência
dos órgãos legais podem ser alterados os
padrões de remuneração,
consullando-se os interesses de cada grupo e tendo-se em vista as
oscilações de preço das utilidades. Felizmente, na adoção dessas me- '
.7: * ¦¦¦'¦'.. -
'..•>¦
yy-ppil-lyl-l.-
'*,':,

didas contamos sempre com a cooperação dos empregadores


que, '
à semelhança dos empregados, compreendem bem o alcance ,1 >•

patrió-
CMSNCIA POLÍTICA

íifco do ajustamento harmônico das atividades produtoras. Antes


de deixar o Governo, pretendo ainda fundir os atuais institutos de
previdência e assistência e criar o Instituto dos Serviços Sociais,
base de uma vacta organização que abrangerá todos os brasileiros
de mais de dezoito anos, sem distinção de classes e profissões, para
prover necessidades fundamentais de alimentação, cuidados medi-
cos, higiene e ensino. Com isso daremos mais um largo passo para
¦'ííiv
,
integrar o Brasil no mundo de após-guerrâ, que só se poderá teor-
ganizar orientado por princípios de equidade e %egurança social
Eis, em síntese, as nossas realizações em beneficio dos homens
de trabalho — realizações que desafiam a crítica dos négativistas e
mãlsinadores. Se tivéssemos de levá-los ao tribunal da consciência
v y: ,t. ;¦>
¦,¦
;¦; ¦¦. ¦
¦
pública, muitos dos que hoje andam a exibir-se como paladinos de-
mocráticos, haveriam de ser condenados por crimes de opressão,
riV*,:./.
*>;. -ç"»r"--í-V--'-"" V, -r V.
de incúria governamental, de incapacidade, de extorsão e ganância
contra os legítimos interesses do povo brasileiro — que bem os
identifica entre os oportunistas e reacionários que durante decênios
sustentaram no Brasil a política do Estado-polícia, apenas chamado
a intewir quando se fazia necessário exercer coação e abafar pela
força as reivindicações do povo, dos trabalhadores — os verdadei-
rçs produtores da riqueza da JSJação. E esse povo os conhece de so-
bra e sabe que deles nunca teve nada e nenhum benefício pode /¦'

esperar.
Com os preliminares da reforma institucional e a próxima pro-
mulgação da lei eleitoral, que vai dar ao país os meios de escolher
livremente os delegados da sua confiança, surgirá a oportunidade
de apurar democraticamente os legítimos valores nacionais. O povo
há de preferir, por certo, os que trabalham aos que vivem parasi*
iàriamente, os que realizam aos que fazem a campanha do "contra"
por esperteza ou incapacidade.
A. demagogia profissional e a agitação facciosa dos saudosistas
do poder não conseguiram, apesar do destempero de linguagem e
atitudes, impressionar a opinião publica, que não se ilude mais com
os processos do sensacionalismo jornalístico, nem se mostra disposta
a tolerar os excessos de licenciosidade política. O pronunciamento
das urnas virá liquidar esses remanescentes de mentalidade retar-
dada e do partidarismo provinciano, que parecem haver adormeci-
do em 1930 e despertado em 1945, usando os expedientes desmora-
lizados, os truques e os chavões de propaganda eleitoral da velha
í

A X/'')&

CIÊNCIA POLÍTICA 5
' v. ,, —, ,—, ,,
i— ,( . , iw_n | ,

Republicassem se aperceberem que o Brasil


¦.'

progrediu considera-
velmente nos últimos anos, que a receptividade do
povo é bem
outra, o ambiente diverso e os tempos muito diferentes daqueles
em que os grupos oligárquicos faziam do ¦

pais urríá colônia do finan. Wi>:-wAí-'A-<xj


VX :••'., .'vi
..ííét-:;
cismo internacional, sugàndo-lhe as reservas através de emprésti- '
.
:

¦'
.
¦

¦,
-
'
I

XX-
mos escorchantes, empobrecendo-o cada vez mais e empurrando-o >„¦!:•> :

aceleradamente para a desagregação.


Digam o que disserem, neguem por negar, a
qualquer observa-
dor de bom senso não escapa a evidência do
processo que alcança-
mos no curto prazo de quinze anos. Éramos, antes de 1930, um
paü
fraco, dividido, ameaçado na sua unidade, retardado cultural e eco-
nômicamente, e somos hoje uma nação
forte e respeitada, desfru^
tando de crédito e tratada de igual
para igual no concerto das po
tencias mundiais. E essa é a nossa obra trabalhadores; esses ¦

são os
nossos títulos de confiança"pública; essa é a situação excepcional '.'"',"V.>. ¦ -

:. ¦.:;'-!¦-'.'¦¦••'^

¦ -

que criamos para a nossa Pátria e que ninguém pode ter a ousadia,
o desplante de menosprezar e denegrir. Mas essa obra é também do 1

Estado Nacional Refletindo, com serenidade, sobre esse


período tão
malsinado da vigência da Constituição de 10 de novembro o
que
encontramos concretamente, como fatos inabaláveis, são: - a reor-
ganização e o reaparelhamento do Exército e da Marinha, que se ¦X/'-'AíàX^li
tornaram capazes de participar condignamente das operações de .

¦
.¦.

¦',
¦


¦
"

guerra; a criação do Ministério da Aeronáutica e o desenvolvimen- ¦vv

to da aviação civil e militar, atingindo o nível atual de capacidade


técnica e preparação industrial; o reforço da unidade nacional
pela
centralização, que permitiu entrarmos em
guerra sem conflitos in-
ternos; a reforma administrativa,
que elevou a qualidade do serviço
público; a exploração mineral e organização das indústrias metalúr.
gicas; a ampliação do crédito agrícola e industrial; a complementa-
ção das leis sociais e a instalação da justiça trabalhista; a ^stabili-
zação dos nossos compromissos externos,
que reclamavam uma amor- Lir- ,?¦&.¦

tização cie dois bilhões de cruzeiros anuais e reduzimos a seiscentos


milhões de acordo com as possibilidades normais da balança de co-
mèrcio. Vale assinalar que essa monstruosa dívida externa repre-
senta a obra remarcável e principal dos novos aspóstolos da demo-
cracia, ansiosos por fazer retornar o Brasil àqueles ominosos tempos
em que Estados e simples municipalidades comprometiam o crédito
nacional em operações ruinosas e sem finalidade certa. Al'

Não é demais repetir aos que, por teimosia, paixão ou má fé,


/;

6 CIÊNCIA POLÍTICA
^X.j.

I
... >"' atribuem ao Governo tendências totalitárias, ter sido esse mesmo
¦ ¦
Governo que colocou o "fascismo" fora da lei muito antes de defla-
grar a guerra mundial, que preparou o país para a defesa contra a
agressão "nazi-fascista" e o conduziu, mais tarde, aos compromissos
com as Nações Aliadas, Os nossos atuais acusadores se esquecem de
que, mesmo antes de sermos agredidos e levados à beligerância, já
mantinhamos estreita cooperação politiça, econômica e militar com
os Estados Unidos, fornecendo-lhes materiais estratégicos e
permi-
tindo-lhesutilizar as nossas bases aero-navais do Nordeste. E tal
contribuição foi proclamada de grande valia
pelos próprios aliados
e se fortaleceu ainda mais com a nossa participação na campanha
antusubmarim, na organização de comboios e finalmente com a
presença dos heróicos soldados brasileiros na frente de batalha da
Europa, onde combatem com demonstrações dê eficiência e deste-
mor à altura das nossas gloriosas tradições militares, Mas enquanto
assim procedíamos e ainda procedemos, fiéis aos compromissos e às
deliberações das conferências internacionais em
que tomamos par-
te, que faziam muitos dos que agora se arvoram em
•V'" .'•.'.¦"'' paladinos e
máximos defensores das conquistas democráticas?

v Adormeciam no comodismo farto, deixavam-se ficar à sombra


das leis do regime que hoje condenam como ilegal e caduco,
fomen-
lavam através de boletins anônimos a sabotagem da
quinta-coluna
estrangeira, tentando impedir o envio da Força Expedicionária, des-
prestigiando as. forças armadas e semeando o pânico nas popuia-
ções. Na hora de combater, banqueleavam-se e faziam discursos,
corno na hora atual de construção
¦Aí :*¦'
pregam a anarquia e se fazem
apóstolos da desordem.
As candidaturas em campo já demonstraram,
felizmente, as suas
tendências. Enquanto uma das correntes arregimenta forças bolíti-
cas com raízes na.s formas de convivência
pacífica, com programa
Jíff.v" ¦ AÍ
'¦ ¦ ¦ partidário a que se incorporam as conquistas da nossa política so-
ciai, ficando assegurada a
possibilidade da reforma constitucional
pelo próprio Parlamento que vai ser eleito, a corrente de oposição
concita à desobediência, faz-se arauto da indisciplina,
prega a sub-
versão. O seu grande e mágico remédio, capaz de dar
à Nação o lu-
gar que merece e reclama entre os povos vitoriosos, consiste em su-
primir ó poder executivo constituído, transferindo-lhe as funções ao
judiciário, que assim teria também subvertidas as suas atribuições
de distribuidor de justiça è intérprete das leis. Estranha mentalidade
CIÊNCIA POLÍTICA

- a dos inimigos do Governo! Reclamam


democracia, voto, elei-
ções; mas, quando se lhes dá oportunidade para isso, em vez de con-
correr para a preparação de um
prélio honesto e amplo, esclareceu-
do previamente a opinião
pública, expondo idéias de governo, pro- !"'<-"-.'
'v*

pondo soluções para os magnos problemas do país, entregam-se à ¦; ¦'" ...' ¦.'**!7 ;.,.:

mais desenfreada demagogia. A violência dos ataques, o


de desprestigiar a autoridade, de propósito
perturbar o ambiente de tranqüi-
lidade de que tanto carecemos
para trabalhar e produzir - tradu-
zem fraqueza ou absoluta falta de educação
política.
É lamentável que isso aconteça,
principalmente no momento
histórico que atravessamos,
quando mais necessária se faz a coesão
interna e maior é a prcmência dos encargos
que nos imporá a liqui-
dação da guerra. Ainda assim, não modificaremos a conduta adota-
dae levaremos o pais a manifestar-se nas urnas, num
pronuncia-
mento verdadeiramente plebiscitário. Com esse
fim foram tomadas
todas as medidas preparatórias indispensáveis. A elaboração mm
da lei mmê
eleitoral, confiada a uma comissão de representantes da alta magis-
iratura, se acha quase .ultimada. Existe completa liberdade
de dis-
cussão é de crítica.
Concedeu-se a anistia. As forças
políticas se organizam em tor- A.)
no de candidatos já apresentados,
que, se manifestaram de público.
Não pode haver dúvidas,
por conseguinte, sobre os rumos da cam-
panha de recomposição da vida política do pais, que deverá
cessar-se democraticamente, em' condições de absoluta segurança. pro- :':V.p,

»A Candidatura do General Eurico Gaspar Dutra, chefe militar -..->¦;

com assinalados sewiços à defesa nacional, merece a confiança da


Nação e já reúne a maioria das suas forças
políticas. Reconhecendo
isso, os adversários se desvairam, manejando as armas da intriga
e conspirando na sombra. Ora
propalam que devo ser deposto, ora fí
assoalham que pretendo, por um golpe de força, continuar no « ,- r '

po-
der. Como não se apoiam em idéias, como não têm
programa de
ação pública, adotam os processos fáceis e
gastos da turbulência ¦
¦
¦

demagógica. Nada conseguirão. O


!

povo brasileiro está politicamente


amadurecido para escolher o •:i\
que lhe convém.
O personalismo exacerbado dos ataques dirigidos de
preferên»
cia ao chefe do Governo não nos entibia o ânimo. Pelo contrário,
mais reforça a nossa deliberação de não permitir violências ou
per-
seguições e de prosseguir nas atitudes refletidamente assumidas,
opondo um dique ao desvairamento dos maus Ar.»
políticos e às injúrias

. >
¦

8 CEÍNCIA POLÍTICA
¦•¦¦¦».;
¦ ¦"¦...;:. : .'.¦¦• ;

ty;*,-.' . ri ¦¦;¦'¦'.. c-y-',

/íc;::H.^.ri,v' ":'•• '


dos gazeieiros, que se comprazem em denegrir reputações e enve-
nenar o ambiente. Quanto aos "golpistas" e aos reacionários de
•' . y.'V'!,';v

toda espécie que pretendem interromper o trabalho e a tranqüili-


dade do povo brasileiro, eu desafio que o façam. Qualquer tentati-
vá de perturbação cia ordem será reprimida severamente. Sem te-
mer ameaças, cumprirei o compromisso de garantir a todos a livre
manifestação das opiniões e o exercício do direito de voto. Mante- i
rei a ordem, realizarei as eleições e passarei o
poder a quem for le-
gitimaniente eleito pelo povo.
Trabalhadores do Brasil!
Depois de tão longo período de colaboração compreensiva, in-
iérprete por. três luslros das vossas justas aspirações,
quero signifi-
car-vos o meu agradecimento pela solidariedade
que de vós sempre
¦í v.'ÍJí-i<- >"¦ v,v<* recebi. Se nas incertezas do futuro houver ocasião em
- que possa,
mesmo ausente das responsabilidades
governamentais, trabalhar
pelo vosso bem-estar ê felicidade, contai comigo e com a minha coo-
. ¦•'• ,'-'y
¦ ¦*¦ VY -

peraç&o leal e desinteressada.


As agressões e as injúrias com
que se tem procurado atingir o
chefe da Nação nada significam
para mim. Considero-as, também,
um ânus da vida pública. Numa épom de
v/ri^^v'-^' graves preocupações como
ã que vivemos, torna-se imperioso
pensar com justeza e serenidade.
f' \ " i'

A hora nacional é de esforço, de coesão


para fins mais altos. Oue
os mea pazes de construir,
pqr deformação natural ou vocação anar-
quisto, prossigam na sua triste e desmoraliza dota tarefa. Ptoce-
dendo de m-aneira diversa, fazemos
questão de só oferecer aos bra,
súeiros mensagens de confiança e exemplos de encorajamento
cívico.
Chegamos no fim da guerm. Os
que a provocaram e nos agre-
dtram. estão sendo afogados no sangue, vitimas do cata-
próprio
cltsmo que descntedemm, .0 "nazi-fascismo" está morto
e o seu
sonho de dominação mundial desfeito armas vitoriosas das
Nações Unidas. Entre elas o Brasil assumiu pelas
posição digna e relê-
vante, participando da luta sem hesitações
e levando aos campos
to batalha, onde se cobriram de os bravos soldados da sua
t'oHa hxpedmomma. Rendamos glória,
graças a Deus pelo fim de, calas-
írqfe e exortemos todos os brasileiros amantes
da >pa.z a cooperar
;.com>a maior energia na reconstrução do mundo, cujos
nao mau comporiam soluções de ódio e problemas
nmis do que nunca rech-
mam compreensão, boa vontade e trabalho.
A humanidade é uma só, os dependem uns dos outros
enao podem vwer isolados. Desejando povos
a paz Mra todos e preser.
vando a nossa própria tranqüilidade,
ideais de fraternidade humana e contribuiremospermaneceremos freis am
ao mesmo tempo •
piira o engmndecim-enio da Paina Brasileira"'
¦ a ¦ ¦
¦

'
,-y-y'. y - ¦ ¦ '.- ¦ ¦¦ .¦'- :' *., •¦ ¦ r :-
\

CIÊNCIA POLÍTICA
'.¦¦¦¦
{;¦ v

"¦'.'.;
"¦ -
¦'
*

INSTITUTO NACIONAL DE CIÊNCIA POLÍTICA ¦


¦ yy
r.: !¦.¦,-¦

DIRETOR RESPONSÁVEL - PEDRO VERCARA


BOLETIM
MAIO DE 1945 Fascículo V
MENSAL
VOLUME X
A

EURICO GASPAR DUTRA ¦ ¦yyK- ^7 7777 7777


' - -'7'¦--.-;-7.
. :

Inteligência e açáo ao serviço da Pátria


PEDRO VERGARÁ
., - -''7-7

' ' •'•7/Íl

Poucas pessoas conhecem, neste à vida afanosa, fecunda e


país,
nobihtante cio General Eurico Gaspar Dutra.
Há, em verdade, a seu respeito, noções talhas, erradas
ou de-
turpadas.
O que sabemos dele, - ou pelo menos o dele sabe o pÚ-
que
blico, é muito pouco ou muito vago, ou muito empírico* é um sol- ¦ •
'.
• ... ¦ ' • . '•¦ ¦ yii
,;7
:7
'^

dado valente, dizem uns; é um militar de tema disciplina,


dizem
outros; é um trabalhador formidável, admitem alguns; é o rcmode- "
laclor do Exército, reconhecem os seus amigos; é o homem Ip)'
que or-
gamzou e fêz embarcar, para os campos de batalha da Europa, a .*¦:••'

•a.77
Eorça Expedicionária Brasileira, -
:.¦-¦¦¦:¦¦-ji-^i •¦¦¦¦¦.¦> '

WÊk
proclamam os patriotas.
Mas, na flutuação e na fragmentação desses super-
'. ~:.yy..t
ti**

lidais e parciais, Eurico Gaspar Dutra continuajulgamentos


menos que um enigma; é ainda a metade de unia esfinge;
a ser um pouco ri
nece tgual a uma incógnita, cuja revelação ficou em perma-
meio.
Mas, o certo é que st trata de uma vida insigne todos os
'ir™

títulos; a sua personalidade, quando vista de por


-dios perto, nos seus episó-
particulares e na complexidade e no conjunto dos seus dotes,
e das suas lutas e. da sua obra, - é um exemplo meritório
para oi
fortes ç para os- fracos-, - um padrão
para toda a cidadania, - um
estímulo para todos os- homens que têm caráter, ideal e esperança.

ilKi
uem o vê pela primeira vez, - logo lhe sente, na fisionomia,
çte traços- dmcndtdos. de pele seca, de linhas quase ascéticas - a
¦..a -;.' 7;.

invencível firmeza do caráter.


'X WÍPP
¦ :• f i, y

. f? .... v.

2
10 CIÊNCIA POLÍTICA

'
y""
N>
A boca apertada, de lábios finos, apenas perceptíveis; a expres-
são simples, mas retraída; o olhar sem arrogância, mas franco e aten-
to; o porte modesto, despido de falsos garbos militares, o sorriso
- -.- súbito, — generoso e compreensivo; a educação requintada; o pra-
zer discreto da convivência e da cortezia; o respeito e a considera-
ção pelo interlocutor; a amizade solícita e a lealdade para com os
amigos; — quem se aproxima do General Eurico Gaspar Dutra e
quem penetra nos meandros da sua psicologia, — se apercebe, sem
esforço, — que este homem possui as virtudes que fazem do soldado
um arquétipo dos seus pares, e que fazem do civil um cavalheiro,
um gentleman, um fidalgo.
Fardado, na labuta dos deveres do seu posto, é um general
autêntico, e a sua presença impõe a disciplina, a construção, a or-
dem; à paisana, - como um civil, - num círculo social, - espalha
vi - -X.,
'; '.¦ .¦'¦x ¦¦¦''.x:a- a simpatia, atrai o interesse, suscita a cordialidade.
Nele se fundem, dessa forma, as forças morais
que elevam o
soldado e o civil; pode ser, assim, ao mesmo tempo, ou sucessiva-
mente, uni militar, de vigorosa capacidade de comando, e ser
um cidadão de insuperáveis virtuosidades pode
gregárias.
É realmente, bastante enérgico, para impor a sua vontade e
comandar; e tem a modéstia, a despretensão, a simplicidade a
que
vida civil exige, para que os homens de valor sejam simultânea- •
:<.'
mente superiores, desejados e obedecidos.
«

III

Um homem, - com essa ambivalência de força e brandura, -


.vç,r.' é o homem ideal para o poder supremo, - num como o nos-
país
so, - onde campeiam a indisciplina e a condescendência, e onde,
também, por isso mesmo, as soluções do Estado, nas suas formas
executivas, mais relevantes e mais diretas, não
podem nunca che-
gar.à sua eficácia extrema, sob pena de esbarrondar-se nas resistên-
cias agressivas ou de diluir-se e anular-se nas evasivas e nas fugas
do dever.
Foi, possivelmente, essa contingência do nosso caráter coletivo,
que pôs na boca de um estadista americano, com sutilezas de psi-
cólogo e sociólogo, estas palavras, em se casam a nossa rebeldia
e a nossa largueza: - o Brasil é o que
país mais difícil de governar.
Nem é preciso realizar escavações históricas o
assêrto. para provar
Podemos valer-nos de exemplos de ontem e de hoje.
Gs presidentes que só possuíam a autoridade e a força, e que,
por isso, apenas lograram utilizar a violência, no exercício do po-
der, - não lograram governar; ou tiveram de apelar o regime
para
de exceção, coartando cada uma e todas as liberdades do indiví-v
M
; '
¦. ¦¦ '" :
. .

CIÊNCIA POLÍTICA 11
% :f
duo; ou foram depostos/despidos das insígnias do mando e depor-
tados; um deles, foi o Sr. Artur Bernardes; Outro, foi o Sr. Wash-
irigton Luís.
Mas, um presidente que além da força e da autorida-
possuía,
de, - as nobres e pacientes virtudes do coração; era, a uma só
que
vez, enérgico e bom, - destemeroso e apaziguador, - conseguiu
vernar o seu país com o aplauso, o louvor e a cooperação go-
de todas
as classes sociais, ainda mesmo os sempre se mostraram mais
que
ciosos de prerrogativas e franquias democráticas; esse homem
foi
Getúlio Vargas.
Com a desordem civil gritando às do Palácio; colocado
em seguida nas ante-vésperas da portas
guerra mundial; depois arcando
com as responsabilidades do
país em guerra, - o grande presidente
precisou, sob o beneplácito e a garantia das classes armadas - de
suspender o exercício de algumas liberdades, - especialmente
Ias de que se alimenta e de aque-
que se fortalecem a demagogia e a desor-
dem civil: a liberdade de imprensa, a liberdade de
a liberdade de reunião, - cada uma e todas, na pensamento e
esfera estritamente
política.
Mas, que vimos, então?
_ Os brasileiros compreenderam os imperativos
inexoráveis da
hora; os homens de espírito, os intelectuais,
os escritores, os pro-
tessores, na sua imensa maioria, se submeteram
às exigências que
'¦¦
¦ ¦'--.¦¦:' ¦
¦¦*.

emanavam dos deveres, mesmo, do


Mas; o que tornou, sobretudo, patriotismo.
exeqüível esse recesso do nosso
°' ~ a COmpasSÍva' a magnanimidade do ,v

ovêrn Patriarcal ¦-''-...


.;:k

Nessa hora crucial da nossa história, - Getúlio


Vargas foi o ho-
ÍnÍH>Cn',Vel C i,lsllbstituível: teve a coragem , '*-'
ditar r^enaal
S as leis e as medidas coercitivas e restritivas, para
que o momento
COntK,rÍavam °* "ossos hábitos e as nossas tendências ..-,,.¦ >-yr^f:- ¦¦¦

S?ilí,l'e teVe'.'an]lbén1' ao °Posto> as necessárias reservas


&^n^«~W " amemdade> Para ser violento, e
Ír^
decer e respeitar, sem tornar-se odioso para fazer-se obe-
e cruel
••
' IV ' •
V . , , Ã
':¦
-

Nós que conhecemos ao General Enrico Gaspar


vemos, ja, numerosas oportunidades Dutra, que ti. >/;•'¦".:

para vê-lo e senti-lo de perto • d..

no convívio social; - nós,


particularmente, que perscrutamos, - d vxr\
--. J monajidaáe, através de atitudes,
. -rionzam, a definem é a exornanv
nos julgamos em condições de dizer agora, -
dado e este ilustre cidadão, - que este bra™ sol'
possui, - guardadas as neculi^Sl
"iaS COnlh,emcs' m fizeram de Getúlio
vÉióliÉIf^
Vargas o homem de
governo mais sábio, mais justo, mais oportuno
' ' '
¦

12 CIÊNCIA POLÍTICA
.f.'iík ¦..&¦¦. Yv'v

¦»<• : .: , e mais adequado ao nosso meio, que já dirigiu os destinos do nos-


so país.
Como Getúlio Vargas, - Eurico Gaspar Dutra é um espírito
pragmático, objetivo, realístico; como Getúlio Vargas educou a von-
tade na rude porfia do estudo, do trabalho, da ação; como Getúlio
Vargas, conhece os nossos problemas pelos seus aspectos mais prá-
¦¦''.
ticos e mais condizentes com a realidade e os interesses do país;
como Getúlio Vargas, é vigoroso, intransigente e irredutível nas de-
cisões que lhe dita o bçm público; como Getúlio Vargas, coloca a
ordem, a paz, a segurança e o progresso da Nação acima de todas
a$ coisas; como Getúlio Vargas, é bom, suasório, cordial, tolerante.
Eleito, pois, Eurico Gaspar Dutra, — não tenhamos dúvida:
dentro do programa do Partido Social Democrático do Brasil, —
com o apoio integral das forças sociais e das classes armadas, — êle
continuará a obra social, política, administrativa, interna e exter-
na, — que Getúlio Vargas empreendeu e que não pode terminar.

Í| ¦'. :
Essa continuidade será uma alavanca do seu governo; sob esse
signo, levará adiante, concluirá, muitos dos extraordinários em-
preendimentos que Getúlio Vargas não pôde ver definitivamente
ultimados; com essa bandeira congregará, em torno de seu nome
e da sua personalidade, a imensa massa de trabalhadores, de agri-
cultores, de industriais, que tinham no pensamento e na ação de
Getúlio Vargas o seu estímulo e a sua garantia.
;' VI
%
Para levar a efeito esses empreendimentos, que já estão esbo- íi

çados, - e que dependem do seu sprit de suit, ~ dessa continuida-


de administrativa, essencial à vida e ao progresso das nações, e sem
a qual terão de cair na desordem, na decadência e nas tentativas
¦-Ar
frustrâneas, - Eurico Gaspar Dutra não precisará mais do
que
olhar para o passado; bastar-lhe-á invocar as lições do seu grande
antecessor; no setor das forças armadas, será suficiente que
prossi-
ga no desdobramento da sua própria atividade, — pois foi, duran-
te 9 anos, - de 1935 até hoje, - o Ministro da Guerra de Getúlio
Vargas, - e o gestor mais atilado, mais dinâmico, mais fecundo e
mais útil que jamais teve o Exército, através de toda a sua
glorio-
sa história, desde a Independência aos nossos dias.
<

.. vn . ,
Mas, a obra governamental de Eurico Gaspar Dutra não fica-
rá, não poderá ficar enclausurada, sem horizontes e sem iniciativas
próprias, numa simples repetição ou numa acanhada emulação do
passado.
. ": r

CIÊNCIA POLÍTICA 13

Nem o Partido Social Democrático lhe imporia tal subordina- mm

çao; nem Getúlio Vargas se sentiria honrado com semelhante de-


pendência; nem os interesses do país permitiriam tal condição; nem
os imprevistos e contingências do dia de amanhã, tornariam pos-
sível uma subordinação completa aos critérios de conduta e às de-
cisões de, uma fase histórica ultrapassada.
O próprio Presidente Getúlio Vargas, se devesse continuar no
- de que se afasta voluntariamente,
poder, quando podia disputar,
com êxito completo, o sufrágio das urnas, - teria de reconsiderar,
— sob a pressão dos novos acontecimentos em
perspectivas, - ai-
guns dos seus métodos de governo; teria de modificar uns, de reti-
ficar outros, de substituir diversos.
Já a vida normal de um país, evolve, se transforma, se nega,
¦¦'¦¦-¦ *""¦;.
¦¦¦,A:--x'

¦;...;¦ wc, -¦• .-¦ j


r..;¦¦;,;*"t..-:(*-• "* ¦¦

se altera, pela simples decorrência do tempo; imagine-se, agora, , í'i>

que subversão e refuzimentos, não trará ao nosso país, - em plena


projeção universal e em plena pletora de crescimento, - a confu-
são, a proteiforme, o tumultuoso conflito de problemas de toda
ordem com que se vai, de súbito, defrontar o mundo, no após-
guerra.
Não devemos, pois, exigir do novo Presidente uma sujeição de-
masiada ao passado; devemos, antes, - nos conselhos de patriotis-
mo, - desejar e querer que êle disponha de luzes, de inspiração,
de acerto, bastantes, para guiar-se por si mesmo e com a devida uti-
lidade para o país, nas horas graves, indevassáveis e difíceis que nos
esperam.

VIII

Mas, uma coisa podemos* dizer: na obra política e administra-


tiva que Getúlio Vargas concebeu, — há a parte normativa e a par-
te prática, — os lineamentos e a execução, — os princípios e os fa-
tos, — o que pensou fazer e. o que fêz.
Sob o primeiro aspecto, isto é — no que toca aos esquemas de
governo, — a sua doutrina terá uma repercussão enorme no futuro;
as suas idéias, — as que pôde exprimir em fórmulas, e as que se
podem deduzir dos fatos, através dos métodos de sua execução ou
de sua lógica espontânea, — que vêm a ser os seus efeitos e as suas
conseqüências.
Portanto, — mesmo diante dos acontecimentos incertos e des-
conhecidos, que sobrevirão, — o sucessor de Getúlio Vargas poderá
encontrar no pensamento do grande presidente, as diretivas mais
adequadas para a solução dos novos problemas que se lhe depara- ».„.;;

rem; é que esses problemas nem sempre serão tão novos, que não
possam caber na compreensão dos critérios gerais, já formulados,
na hora presente.
A Constituição de 10 de novembro por exemplo; a nossa legis-
lação social; a nossa política inter-americana, ~ tais como Getúlio
• t,
14 CIÊNCIA POLÍTICA

Vargas lhes deu vida/as animou e as pôs em movimento, -


prefi-
guram mesmo na sua larga possibilidade imprevisão, - os árduos,
intrincados e multifoimes problemas do após-guerra.
O General Eurico Gaspar Dutra terá de voltar, constantemen-
te, a'sua atenção e a sua preocupação, para esses preciosos linea-
mentos, - para essas fórmulas
v que a experiência de Getúlio Vargas
pretraçou e que, indiscutivelmente, - pela sua genialidade, pela
sua impregnação de bom senso e de valor social, - atravessarão o
tempo. '"
. ¦ IX
Seja, porém, como fôr, - é com a sua própria inteligência, an-
tes de tudo e acima de tudo, que terá de contar o General Eurico
". ' \ Gaspar Dutra, para levar a termo, através dos seis anos do seu
mandato, a íatigante e afariosa tarefa de
¦sileira. governar a Nação bra- /
/
/

Mas, sob esse aspecto, não tenhamos dúvidas: o Brasil não será
¦
¦
¦ decepcionado: o General Eurico Gaspar Dutra é um dos oficiais
mais talentosos e mais brilhantes
que jamais honraram as forças
armadas do país,
A sua modéstia, o seu retraimento, a sua moderação, -
em
suma - o seu equilíbrio, lhe torna odiosa toda e
arrivista, bovárica, sublimada. qualquer atitude
O seu horror ao cabotinismo, à ostentação, aos lances
tescos e espetaculares, corre quicho
parelhas com a profunda consciência
que tem das responsabilidades e dos deveres que lhe incumbem
Não se conhecem, por isso, episódios notáveis, eloqüentes
lhantes, da vida de Eurico Gaspar Dutra, como homem bri-
de talento
E, contudo, a sua carreira, na vida militar, está assinalada
uma serie excepcional de acontecimentos por
que encheriam de oreu-
llio e de gloria a qualquer outro soldado desse valor à publici-
dade e as aclamações da turba. que
Quantos andam por aí, dentro e fora do Exército, com menos
credenciais do que êle, mas, apesar disso, com maior
fama com
maior aplauso, com maior reclamo nas
gazetas. ..
t que Eurico Gaspar Dutra não de falar de si; as entre-
vistas pouco interesse lhe suscitam; não gosta
quis ser jamais um orienta-
dor teimoso da opinião; e à auto-valorização,
indiretos, - preferiu, em por meios diretos ou
qualquer oportunidade, essa vida quase
obscura quase desconhecida,
quase anônima, de um soldado total
que se levanta, diariamente, às 4 horas, e mergulha no quartel
1101,C que
eStudar' resoIver e Praticar as
ír.n!'
que ? TtC' a
interessam, a fundo, questões
sua profissão e os seus misteres
X
Para
tara que se analise o valor de Eurico - como
homem de inteligência, e Gaspar Dutra,
para que se perceba como soube, - numa
¦m
CIÊNCIA POLÍTICA , 15

paixão profissional que dura já quarenta anos, - aplicar a sua


mentalidade superior, e com ela a sua cultura, - ao serviço das
armas, - seria bastante recordar que o seu curso, como cadete, foi
tirado, quase todo, com distinção; e
que, rio curso da Escola do
Estado-Maior, revelou tal competência, tal contração ao estudo, tal
eficiência, — que foi colocado em primeiro lugar na turma. :'X'i^'-XX.

A Missão Militar Francesa, que então instruía o nosso Exerci-


to, e que era chefiada por Gamelin, - o homem veio a ser
que
depois o chefe do Exército francês, - lhe conferiu a nota Três bien,
- que só era atribuída aos valores exponenciais.

: Esses dois acontecimentos da sua vida de soldado, - as notas


distintas da Escola de Guerra, - e o primeiro lugar, a nota Três
bien, na Escola do Estado-Maior, - são bastantes,1 realmente,
apresentá-lo como um homem de alta linhagem mental; é para
que, de
fato, sem uma inteligência de escol, sem um espírito vasto e
trante, - sem vigorosas qualidades psíquicas, - não é pene-
possível con-
quistar essas posições que marcam, para sempre, no julgamento dos
mestres e dos colegas, a reputação de um homem de cultura ou de
ciência. / ¦ ¦¦¦*¦ ¦
i
Eurico Gaspar Dutra, numa palavra,
para adotarmos a lin-
guagem das escolas civis: foi aluno laureado, duas vezes.
?

XI

À maneira como êle soube aproveitar, no seio da tropa, e de-


pois, à frente da pasta da Guerra, os profundos conhecimentos que
adquiriu nas academias, - está documentada fartamente; de um
lado ressaem as obras que publicou; de outro lado, aí está a sua
fé de ofício; trata-se de um acervo e uma sucessão de êxitos, de
triunfos, de galardões.
Enquanto aos livros que deu à luz, - "Exercícios de quadros"
e "Duas táticas em confronto", calcadas sobre os ensinamentos da
primeira Grande Guerra, e publicados em plena juventude, isto é
— em 1916, — se tornaram clássicos, nas escolas militares do
país.
Enquanto à sua fé de ofício, não seria possível enumerá-la
aqui, — tão profusa, tão cheia de episódios, tão extensa nos aparece.
O Coronel Lima Figueiredo resumiu essa trajetória, — quase
sempre nos anais militares do Brasil, — nesta obra, por todos os
títulos merecedora de ser lida e meditada, — "Os grandes soldados
do Brasil", publicada este ano- ;.tô;>.

Com um esforço beneditivo, num estilo sóbrio, sem excesso de x1


¦".-;.¦.'-¦

entusiasmo, — desejoso, tão só de fazer justiça e informar, — o bri-


lhante oficial nos apresenta o General Eurico Gaspar Dutra, ao
lado de Caxias, Osório, Deodoro, etc, na plenitude da sua vida
militar.
¦'>'"¦ '.¦''; ¦.'¦¦ :'¦%',;.! :'T-.,--:'>¦ ¦¦¦*¦>.;?..¦
;.•¦¦¦. ¦'"'¦.!'"¦¦!', ¦ ¦',-' l --:-.'-. r.

XXAx> ' '!• CIÊNCIA POLÍTICA

Lá estão no livro do Coronel Lima Figueiredo, em ordem cro-


nológica, os atos mais salientes, mais típicos e mais dignos de refe-
renda na sua carreira.
Em todos os corpos onde servia, — deixava assinalada a sua
estada, por atos fora do comum, e todos, os comandantes desses cor-
pos, quando â êle se referiam, externavam o seu entusiasmo na
exaltação das suas excelsas virtudes.

XII

Em 1912, quando simples tenente, serviu no 13.0 Regimento


de Cavalaria e eis como dele se despede em ordem do dia, o res-
pectivo comandante:
''Louvo-o com
a mais digna satisfação e cumprindo
um dever, pelos seus extraordinários e competentes ser-
viços prestados ao Regimento, sempre com muita dedi-
cação e zelo.
"Sua competência
militar fica por demais firmada
entre seus colegas é lhe assegurará brilhante futuro na
carreira que, com tanto amor, [abtaçou e a
"* *a a sua energia/* que dedica

1 Quando capitão, - eis o que disse dele o General Gil de Al-


»:,.
meida:
S..fí'

E um oiicial capaz, digno do alto conceito cm


é tido, - verdadeiro oficial do Estado-Maior.'' que
**.

Eis o que disse também, a esse tempo o General Meria Barreto:


** .i.

O Capitão Enrico Gaspar Dutra é sobejamente



conhecido, entre os nossos chefes e camaradas, como
oficial de elite do nosso Estado-Maior, nao sendo
-Al,
surpresa sua maneira de proceder como chefe da pois
3.a se-
ção, onde, mais uma vez, pôs em relevo os excepcionais
predicados de que é dotado."
•i-\,

O General Tasso Fragoso dá este definitivo testemunho:

lenho imensa satisfação em expressar aqui, mais


<kT-!

'uma vez, o meu elevado


conceito sobre este oiicial. . .
a
encontrei nele um colaborador assíduo, cokpe-
tente e iíiíatigável
'Ar
1
•^'^..¦¦'¦'!T::
' ¦ V
A: '¦-.¦;;¦'.iílffi
•* •
, <
¦'¦'¦¦¦

CIÊNCIA POLÍTICA 17 ¦*$-£" S1

r'-r
"Nunca apelei em vão
para o seu concurso e êle r
¦A-
': A-': i,
fA.
|

sempre se saiu brilhantemente de todas as tarefas que


lhe cometi.
"O Capitão Dutra
é um distinto oficial dè Estado-
Maior. A sua volta a esta Repartição, qualquer que
seja o momento em que se realize, constituirá para mim
motivo de júbilo." .

Q citado Gameiin fêz, a seu respeito, esta declaração consagra-'-


dora, após as manobras de 195; 1-1928, no Rio Grande do Sul:

"Inteligência de
primeira ordem. Compreende rà-
pidamente, concebe com presteza e executa com rapi-
dez. Enérgico, calmo e trabalhador, além disso muito
instruído. Poderá ser empregado em qualquer lugar e -'¦
;
¦;.¦.;>'
'

em qualquer circunstância."
¦-"¦¦'..'•¦- ?rfi.í.i
-„- mm

£ ainda do Capitão Eurico Gaspar Dutra que trata o General ".


'

Azevedo Coutinho, em 1925;


.--¦-..
"¦.-..'
" - '? 'M
".;" "
.

A---'- ¦ ¦¦•¦¦¦' ¦A'./.':,

'

'
¦¦-:.. vl> ¦
(.-'

. Y ;

"O Capitão Dutra rjÊÈÊ


dedicou todas as suas energias 'AA-w.-i ' ¦'¦>-. '^$W!sÊmÊÍ

e patriotismo à grande obra em que estamos empenha- ¦ ¦ ¦'. >'¦ ¦•'¦ '.

.
-'¦¦'::¦;-,

dos.
'}'¦"',
¦ .::..',/",:¦
' "$s||
¦ -¦!

<»/-•!
rara competência, ilustração, tato é tenaci- ¦¦ •-¦. '."¦1^-^:'%-. Mi
¦'¦-¦•...Sf
dade, trabalhou incessantemente, em defesa da ordem ¦ ¦
Y' -
f

e da lei, estudando as operações realizadas, redigindo ¦

¦ rr ¦
¦ -
,,»
-

as ordens expedidas, orientando-me sempre, com o seu


¦'.¦;¦

.-.;:.«,.».-.;r.; ¦

¦ A ¦ '-
'''¦:'¦'¦
':¦¦:

':¦¦'¦: '¦'¦',

conselho leal e franco nas resoluções que tomei é acom-


•'¦'-''.¦¦'" •'¦

panhando-me em todas as visitas que fiz à frente. A


dedicação, competência, firmeza e elevação de caráter
e notável capacidade de trabalho do meu ineomparável
chefe da 2.* secção, devo todo o sucesso obtido nessa ^^^^^B

canipanha >>

êli
Em 1929, o General lasso Fragoso tornava a elogiá-lo; ¦;.Y-'¦¦"'" .-

.¦;.,.l»-fíM;S: >.l

"...Sobejam-lhe conhecimentos da
profissão e tra- ¦•.;:.<

ta cios problemas capitais cie um Estado-Maior. ¦Kl •v 'Ml

r quer que se encontre,, será sempre figura


de modesta aparência, porém cie grande valor iiurín-
*&
seco."

3
18 I
• CIÊNCIA POLÍTICA
,.,....•;¦'.'•

Em 1930, o General Bertoldo Klinger pode lançar esta ordem


do dia, em que não é possível fazer maior elogio de um oficial:
'-. ¦ '.;'^;.''.V.í'
¦',;;'¦ ;V y; ¦" y .';-¦
-•¦/// /¦ ¦-'' V,- ;-X .'"''' ^fvy.T;.' y:'/'~/'' ;y /y/V-Y"
"O seu a seu dono.
"Ao Sr. Tenente-Coronel Eurico Gaspar Dutra,
chefe do Estado-Maior da direção das manobras de
Mioac, compete a indiminuível glória de haverem sido
os mesmos tão bem sucedidos, como foram, mais do que
;.¦'¦'

esperávamos, acrescentando ao nosso legítimo júbilo a


de todos quantos nas mesmas tomaram parte.
"Este comando não abdica de responsabilidades
nem méritos: sei que o que me competia, como chefe
— meditar, conceber e; resolver.
"Mas, o meu
pujante Estado-Maior, tendo como
chefe esse extraordinário oficial, fêz o que a êle compe-
tia, - colaborador irrestrito do comando, preparou as
suas resoluções: apreender, adotar e elaborar, prática-
mente, as suas diretivas e opiniões, supervigiar a exe-
cução.
"Nada adito em
palavras de louvor que não se
acharia na altura do merecimento desse camarada.
"Com êle no Estado-Maior, não havia missão
diíí-
cil para um chefe.
* "As
suas altas qualidades assentam, ademais, como
não pode deixar de ser para a competência profissio-
nal, meramente livresca, no conhecimento prático das
virtudes e fraquezas, necessidades e gestos, corpo e alma
Ivv .'.
da tropa/'

Por ocasião da revolução de 1932, - o então Coronel Eurico


Gaspar Dutra praticou atos de bravura e reveladores de grande
competência militar; o comandante do Destacamento do Exercita
de Leste, com quem servia, - depois de assinalar os seus feitos, diz:

"Atitudes e exemplos
tais merecem ser imitados
por todos quantos se achem investidos de qualquer par-
cela de comando."

E o General Góis Monteiro, - então chefe do Estado-Maior do


í ¦

Exército, é com estas palavras que lhe exalça o seu nome:

"envio abraço
ao Coronel Dutra, cujo valor dia a
dia mais recomenda e eleva as suas virtudes militares."'
CIÊNCIA POLÍTICA 19
-. ¦¦
.,¦¦.¦ .¦ .--.,:...-

¦
¦

Foi tal a ação do Coronel Dutra, na campanha de 1932, — que


nesse mesmo ano era promovido a General. "¦'..'kP^SC:

Para que se veja o prestígio do General Dutra, a esse tempo, Pyp


no seio do Exército, — aqui estão estas referências do Comandante
4o Exército de Leste:
"O Governo da
República acaba de promover ao
posto de General de Brigada, o Coronel Eurico Gaspar
Dutra. Esse oficial, por um passado brilhante, de gran-
des serviços prestados à Pátria e ao Exército, conquistou
em sua classe uma posição de destaque. É portanto um
motivo de grande júbilo para este comando o ter de
publicar a sua promoção, não só porque ela constitui
uma justa recompensa do seu elevado mérito, como pela
circunstância feliz e auspiciosa de se achar servindo nes-
ta Divisão. Felicitando o nobre camarada, este coman- .v-í7-*
' >t7

do felicita também os valentes soldados que êle vai co- yyyy^


mandar, na próxima etapa da vitória."
H

Por fim, — nao resistimos ao interesse de citar esta ordem do ¦ ':':-'; 7 ''¦¦.
¦ 7

<Iia do General Mariante:


7 ' "''

"...A
¦¦'P:' -~i>- s

sua passagem por esta Brigada traça mais


uma fase brilhante da sua carreira militar, útil ao Exér- .a'-;-:

cito, seja qual fôr o prisma por que fôr encarado. Des- 7
velado na instrução, cioso das suas prerrogativas de co-
mando, principalmente no ponto de vista disciplinar, "¦..'- . '
•*• 7-7-'." ¦?¦

quis e soube torná-la, sem favor algum, uma das mais


eficientes do Exército, no seu estado atual.
"Trabalhador tenaz c modesto
até o retraimento,
valoroso, esclarecido e ponderado, mesmo em momen- .¦¦7yV. ..'¦

-
¦'".:¦ ".7;^f
:P

tos das mais agudas crises, o General Dutra é, por exce- ¦y

s-, ¦¦*-:..yyytl
lenda, o tipo do Chefe que nunca erra o verdadeiro
rumo que deve imprimir à situação da tropa cujo co-
mando lhe fôr confiado. Se os benéficos exemplos que
rem disseminando entre os seus subordinados, encon-
iranclo ambiente apropriado, frutificarem, e que estes,
honrando ao mestre, criarem novos prosélitos, estou certo
'-
que não tardará o dia em que teremos o Exército que P 1
almejamos, um Exército com a consciência plena de
sua finalidade/*

Detentor dessas virtudes, senhor desse prestígio, com essa fama, $¦iy'
es-sa estima e essa tradição, entre os seus camaradas, — o General
Eíifico Gaspar Dutra foi nomeado Ministro da Guerra em 1936.

"'
';¦'•'
-

V
- -v; ; T*í V

•>,.*
¦¦

.•

¦¦:. ¦*-¦

* nV •'.;¦¦'¦;;
. .
.¦;
¦

20 CIÊNCIA POLÍTICA
*m0*^mtj**ÊÊm*mM0tQl %

O que êle fêz, desde então, à frente dessa pasta, - é sabido de


todos os brasileiros.
Executor fiel e eficiente do pensamento do Presidente Getúlio
Vargas, — pode-se dizer que sob a orientação do grande chefe mi-
litar, as nossas forças de terra atingiram e viveram o período mais
intenso, mais fecundo e mais glorioso de toda a sua história.
-Veja-se isto: construiu nada menos de 40 quartéis, além de um
quartel-general e o Palácio da Guerra; construiu 6 grandes hospi-
tais militares, - 28 pavilhões para departamentos, sanatórios, labo-
ratórios, etc; estão sendo construídos, por sua ordem, 9 enferma-
rias; construiu ainda: 4 escolas, — de Estado-Maior, Técnica do
¦

Exército, de Artilharia de Costa e de Saúde do Exército; estão sen-


do construídas: a Escola Militar de Resende; o Colégio Militar, a
Escola de -Intendência; construiu, também: 4 depósitos de material,
— veterinário, sanitário, engenharia e transmissões; fábrica de
pól-
- -
:''- ¦.¦¦¦
'
.;/¦>¦¦-.v;-"
vora de base dupla (ímpar na América do Sul); estão sendo am-
pliados: fábrica de material contra gases, de canos e sabres, de esto-
jos e espoletas, de projéteis de artilharia, de material e transmis-
soes, de viaturas; Arsenal de Guerra General Câmara; Arsenal de
Guerra do Rio; Usina de Bica do Meio; construiu, ainda, ou am-
pliou: 5 caudelarias, 4 depósitos de reprodutores; 1 depósito de re-
monta; 15 vilas militares (construídas); 7 vilas militares (em cons-
trução), 5 vilas militares (ampliadas).
Intensificou o emprego dos batalhões ferroviários na constru-
ção de estradas de rodagem e de ferro; destas construiu, só no Rio
Grande do Sul, 308 quilômetros; daquelas construiu, no país, mais
de 1.500 quilômetros.

XIV

Tal é o homem que a nação vai escolher para guiar-lhe os des-


tinos, no próximo sextênio.
Quando examinamos a sua profícua existência, - toda dedica-
da ao Exército e à Pátria, - não podemos deixar de evocar as
vras de Joseph Chamberlain, para quem "O homem de Estado pala-
vive no passado é um pedante. O que vive no que
porvir é um visio-
nário".
O essencial, para o grande político inglês é o homem viva
no presente, ainda que sejam 5 minutos. que
Mas, de Eurico Gaspar Dutra, se pode dizer soube utili-
zar-se do presente, para prevenir o futuro; foi que
por isso, que se bateu
sempre pela cultura e pelo aparelhamento do Exército.
Dir-se-ia que adivinhava os dias trágicos e sombrios esta-
vam. por chegar. que
O resultado é que nos deu um grande Exército e, com este
Exército/logrou, - sob a sábia orientação e a firnie vontade de Gè-

V
i "•* v. d-

CIÊNCIA POLÍTICA 21

túlio. Vargas, — dar-nos, também, uma nação respeitada, coesa, de


projeção mundial. <•:
- -d-d

xv ./-•". "'íSWí-iífc.

A sua elevação ao, poder é, portanto, um imperativo da Pátria. d"' -;'d'ddy<


- . d

Se êle realizou a parte mais importante do plano governamen-


-..-„:•'¦¦
:.„¦¦',,

tal de Getúlio Vargas, — e se Getúlio Vargas não quer continuar


no governo, ~ e lhe cede o lugar, — então é necessário que receba
o sufrágio dá nação, que assuma o poder e. que prossiga nessa obra
sem precedentes, a que deu, já, o melhor cia sua inteligência e do
seu patriotismo.
Hoje, as nações precisam ser duplamente poderosas, — pelas
suas indústrias e pelas suas armas; e se as contingências do momen-
to não exigem que uma nação se arme, — é mister, contudo, que
ela esteja aparelhada para se armar, — se esta eventualidade sobre-
viver.
Ora, a melhor maneira de uma nação estar em condições de
armar-se, a qualquer momento, — é ter indústrias ricas, numerosas,
-
proteiformes.
Mas, o parque industrial de uma nação, — precisamente, por-
que deve atender às possibilidades dá própria defesa armada, —
deve ser construída e orientada no sentido dos planos dessa defesa.
Assim, pois, — ou uma nação já está armada, ou dispõe de tudo
o que é indispensável para poder armar-se, de um momento pára
outro.
Não há nada mais compreensível do que isto.
Nem alimentemos a ilusão de que o termo desta guerra será
também o termo de todas as guerras.
A verdade é que outras guerras virão
OuNrtos preparamos para essas eventualidades ou arriscamos
de ser arrastados na voragem dos acontecimentos ou de ficar à mar-
gem da história.
É aos homens que têm espírito e consciência militar e ao mes-
mo tempo experiência e hábito de governo, que incumbe esta orien-
tação nacional, no sentido industrial e militar, a um tempo.
O Chefe de uma Nação, pois, deve ser um homem que tenha
a consciência das suas responsabilidades históricas, qué disponha
de visão prática, que saiba ver nas realidades da hora presente, que
tenha o hábito de construir para o bem comum e que, cõnstruin- -¦-*
¦ -.;¦
"-.-.'¦¦
¦
í

do, saiba ver e fundir os interesses da defesa da Pátria com os in^ ¦¦.'..^k*\-sy?í

terêsses da sua prosperidade e da sua grandeza material e moral.


No Brasil, o homem capaz de levar adiante esse objetivo, — é
o; General Eurico Gaspar Dutra.
^-SSF-

ATIVIDADES DO INSTITUTO NACIO-


NAL DE CIÊNCIA POLÍTICA

SESSÃO DO DIA 5 DE MAIO DE 1945

O Instituto Nacional de Ciência Política, como fora amplamente no-,


ticiado, realizou, neste dia, no .salão do Conselho cia A. B. I., mais uma
de suas sessões semanais,, que se revestiu de grande brilhantismo, achan-
do-se o recinto repleto de seleta assistência.
¦ '¦ '¦
'¦.

Presidiu a sessão o Dr. Pedro Vergara, que convidou para tomarem


¦,¦•¦>

-,' '
.¦•,.«¦¦...',

- assento à mesa os Srs.Drs. Amélio de Morais, Leopoldo P. da Silva


e.Bohdan A. Mdeniewshi.
. -
Essa sessão revestiu-se da maior significação, porque teve por ii-
na! idade exaltar e criticar o importante discurso proferido pelo Presi-
dente Getúlio Vargas, no dia 1.° de maio. no estádio do Vasco da Gama.
Analisando a notável peça oratória do Presidente da República, falaram
os Drs. Leopoldo. P. da Silva, Benjamim Vieira, Pedro Versara e a
Dra. Ilná Secundino, que ressaltaram a excelência do atual governo e
suas grandes realizações, como marcos imperecíveis na nacionalidade e
nos destinos gloriosos do Brasil, que caminha para um grande período
de progresso, graças às vigas, mestras lançadas pelo atual Presidente no
cenário político e econômico da Nação.
:_>

Seguiu-se na tribuna o Dr/ Bohckn A. MeleniewshL que discorreu


sobre o tema "O Brasil dentro cia continuidade política do continente
Americano". Iniciou o orador seu trabalho, por fazer um retrospecto
histórico das várias lutas políticas na Europa até à época da descoberta
do Brasil e, depois, analisou a formação do Brasil, desde essa época até
nossos dias,, mostrando as influências vindas de além mar, principalmen-
te da revolução francesa,, para, finalmente, afirmar ser admirável a con-
tinuidade política do Brasil em relação aos demais povos do continente,
sem que essa - orientação tenha sofrido qualquer desvio até os dias de
hoje. E frisou que essa mesma continuidade é presentemente seguida
pelo governo de Getúlio Vargas, que nunca deixou de compreender os
sábios ensinamentos do passado histórico do Brasil. Dis*se que'entre as
nações que formam o quadro político do continente americano, o Brasil'
representará sempre- uma admirável continuidade política, como corpo
unido por sua língua e legislação, formando uma união nacional indisso-
íúvel. Concluiu dizendo que o que o Brasil dará ao mundo não só as"'
suas riquezas materiais., mas também de sei. rico mundo espiritual, eomo
A.;x<:i

CIÊNCIA POLÍTICA 23
ii»iwiw">i**' ¦*!¦«* iMimWii.» ¦¦ ."¦ (•*mr+mjm<mmàMqm

¦. ¦'¦ -¦ '-Wí
- *:-;¦¦¦•-

¦¦ '
. ...
- ¦ . -; -
,-i

país de formação cristã, que jamais violou suas idéias religiosas e qtuc
jamais delas se afastou. ¦

-'"íA ' Xr :*'í


Ocupou, após, a tribuna o Dr. Leopoldo P. da Silva, agrônomo de
nomeada no país, que proferiu um notável trabalho subordinado ao tema .-"¦'¦
"'¦"':¦
>.' :'V:"í'A- •',;.•;-

"O homem, a terra e o gado em face do ruralismo brasileiro". Princi-


-'¦¦. ¦:->":'¦:¦
. ...

piou o orador por mostrar o ambiente brasileiro no que diz respeito às


atividades do homemi no campo, bem como do meio em que vive, traçando AM

para isso uma síntese topográfica) das várias regiões do país. Mostrou,
¦»

a seguir, quão importante é o problema do ruralismo no Brasil, ante - r .


,-

tantas diversidàdes de climas e, depois;, passa a estudar a nossa riqueza


pecuária e agrícola, para frisar existir imperiosa necessidade de uma ' 'V "' X
""».¦/

unidade de pensamento entre os técnicos e os criadores, com o fim de


¦
"¦¦ '*X:-1
¦:'-/'* ;
¦ V.

se atender às finalidades e objetivos brasileiros, pois a luta que se nota


entre esses dois elementos nada a justifica, e encarece a união do téc-
nico e do criador. Estuda a seguir a zootecnia brasileira, dizendo ser
ela inteiramente nossa, não se apresentando com roupagens importadas
do estrangeiro, porque criada após longos anos de labuta incessante nas
%
estâncias do sul e nos campos do centro é do norte. Finalmente, depois
de mostrar como o artificialismo de nossa indústria está arruinando a
pecuária, com o atrair ao seu seio os braços que fazem tanta falta no
camípo, declarou que graças ao Presidente Getúlio Vargas, o reformador
da pecuária e criador da mística do ruralismo no Brasil, caminhamos para
horizontes de grande progresso nesse importante campo de nossa riqueza,
e afirmíou que a obrai do Presidente nesse setor tem sido admirável, pois,
entre muitas outras coisas, regulamentou a profissão do agrônomo e do
veterinário, criou laboratórios agronômicos, estações experimentais e ins- '
. '*-'-v--.". ,r:'-'

titutos agronômicos em várias partes do país, multiplicou os certames '¦


-íf : í'íí'A

àgro-pecuários, importou levas e levas de reprodutores, criou novos, re-


gistros genealógicos e ampliou os existentes, reajustou a lavoura e a pe-
cuária e amparou a pesca e os pescadores, realizando, assim, no Minis-
tério da Agricultura, uma obra verdadeiramente ciclópica que jamais
será esquecida e servirá de luzeiro aos futuros administradores e às novas ¦x x '-•' . í
-- —'
gerações. * - '¦A-'-^:-":\-AAv ]

Encerrando a sessão o Dr. Pedro Vergara agradeceu a contribui- :x:0ià


^ :.XM\
ção dada pelos oradores à obra que o Instituto vem realizando em prol
_
;. jgP**
da divulgação de relevantes assuntos para o país.

SESSÃO DO DIA 12 DE MAIO DE 1945

O Instituto Nacional de Ciênjcia Política realizou, nesta data. no


salão do Conselho da A. B. I., mais uma de suas sessões semanais, que
¦
, -,;':.;v; !

se revestiu de grande êxito, dada a grande oportunidade dos assuntos


nela abordados.
Presidiu a sessão o Dr. Pedro Vergara, que convidou para fazerem
parte da mesa o Desembargador Álvaro Belford, Drs. João Raja Ga-
•¦x~
*y riy~'v YYY-rM>Y.v:

24 CIÊNCIA POLÍTICA
Y-yv' ¦ ,;

baglia, Eduardo Santos Maia, Sílvio Ernesto Cocchiarelli e Washington


Euís de Campos.
Usou da palavra, inicialmente, o Dr. João Raja Gabaglia, que, com
;j ::. ¦ 'íl, ¦¦ '.-¦ }V ¦:-¦;¦.¦ muita erudição., abordou o interessante tema "O papel do governo de
i

;éy.-
Getúlio Vargas na estrutura do ^Biteü", em que, depois de dizer que a
,»v
promulgação da Constituição de 1937 é uma demonstração cabal de que
o governo do Presidente Getúlio Vargas cogitou como nenhum outro do
problema verdadeiramente histórico da consolidação da unidade nacional,
afirmou que bastam três princípios constitucionais para demonstrar a
**•¦ ,V¦-..
« v..

YL
asserção: 1/, a unificação do Direito Processual — unidade jurídica; 2/,
Y^J^ry;.--.
organização pelo poder federal das forças públicas estaduais ¦— equilí-
brio de forças; 3/, fixação pelo poder federal das diretrizes educado-
nais —- unidade educativa. Concluindo seu magnífico trabalho, o orador
disse — "Propugnador da unidade nacional, é cie um grande papel bis-
tórico o governo do Presidente Vargas que deve ser considerado como
o de Lincoln nos Estados Unidos, — o verdadeiro consolidador da uni-
dade nacional.''
Ocupou, após, a tribuna, o Dr. Eduardo Santos Maia, <jue discorreu,
com muita propriedade sobre o tema "A. função do DA SP no plano do
governo do Presidente Vargas'\ Principiou o orador por dizer, (pie há
uma relação de simetria que se exprime por uma fórmula cie proporção:
o DASP está para a democratização da burocracia nacional, assim como
o governo do Presidente Vargas está para a democratização dos hábitos
político-administrativos do povo brasileiro. Prosseguindo, afirmou que o
Presidente Vargas trouxe um grande programa democrático, consubstan-
ciando tôdas as aspirações do povo, proteladas há muitos anos. Para
exequi-lo, nuclçou em sindicatos e cooperativas os trabalhadores do país.
Codificou os seus direitos e obrigações, sobrepondo o Estado ao indivíduo
jrara que as leis fossem cumpridas, sem infcervemènckt dos interesses con-
trariados.. O Ministério do Trabalho e o DASP tornaram-se os órgãos
.prhnaciais da incumbência alevantada. Em outra
passagem de seu ótimo
trabalho, expressou o orador que, o plano democrático do governe do
Presidente Vargas se reflete na tarefa seletiva do DASP como o
perfil d«
uma árvore que ste debruça á borda de um lago. Ressaltou a função
pa-
triótica do DASP. abrindo as portas dos cargos públicos aos
jovens inte-.
ligentes do povo, e concluiu dizendo que este acabou com o feudalismo
burocrático, instituindo a democracia da inteligência nas repartições
públicas.
y Seguiu-se com a palavra o Dr. Sílvio Ernesto Çocchiarellj
"Getúlio que àbor-
"brasileiro'
dou o oportuno tema Vargas na gratidão do povo \,
em que ressaltou as grandiosas realizações do governo do Presidente Var-
gp, em todos os setores da atividade do país, — o que faz com que es-
teja na gratidão do nosso povo — pois que, disse, o candidato da Aliança
Liberal à sucessão presidencial do Sr. Washington Luís. cumpriu in-
tegralmente as promessas feitas em sua notável plataforma, lida na tarde
¦:b' * .

:¦; b'b 'bbb:§

CIÊNCIA POLÍTICA 25

SfcK^
de 2 de janeiro de 1930, na Esplanada do Castelo. Em suas considera-
ções, frisou que o Presidente Vargas foi o renovador das íiossas classes
amnadas, possibilitando assim: que elas elevassem, na luta que acaba de
terminar, o prestígio do Brasil no cenário político internacional.
Falou, após, o acadêmico Washington Luís Campos, sobre o tema
"O momento
político .nacional", em cujo trabalho ressaltou a excelência
<la candidatura do General Eurico Gaspar Dutra à presidência da Re~
pública, como o homem capaz de continuar a obra admirável, de reali-
zações grandiosas, do Presidente Vargas, cujo programa seguirá, am-
pliando-o no que fôr de necessidade imediata da nação, como imposi-
ção da nossa ordem evolutiva, o que faz presumir, desde já, uma esma- •; ¦ 'Ir

gadora maioria na luta das urnas que se aproxima, pois o programa


todos já o conhecem e o seu resultado todos o sabem: a emancipação
econômico-financeira do país.
'Palou esse orador como
presidente do Comitê Universitário Pró-
Candidatura General Dutra, e seguiram-se no uso da palavra os aeadê-
micos José de Castro Mota, que hipotecou solidariedade ao referido Co-
-irrite; Maurício Gonçalves,
que prestou homenagem aos mortos da FEB,
pedindo que os presentes permanecessem, de pé, um minuto de silêncio;
Anjsio de Alcântara, que exaltou os feitos heróicos da FEB no campo de
batalha e elogiou o General Eurico Gaspar Dutra como seu admirável or-
gànizador. Falaram, ainda, o Dr. Benjamim Pinto, que teceu comenta-
rios sobre as conferências pronunciadas, e o Desembargador Álvaro Bel- ("'¦'' '

ford, que fêz comentários sobre a Constituição de 10 de novembro e elo-


gtou os atributos do General Gaspar Dutra, candidato nacional à presi- X :\

dencia da Republica. f
...

SESSÃO DO DIA 19 DE MAIO DE 1945

O instituto Nacional de Ciência Política, em prosseguimento ao


seu programa ,de estudo e conferências, realizou, iieste dia, no salão do
-Conselho da A. B. I., mais uma dè suas sessões semanais, que se re-
vestiu de' grande brilhantismo.
Presidiu a sessão o Dr. Pedro Vergara, que convidou para tomai-
/rem assento ;i mesa a íDra. Ilftá Secundinó, Dr. Aristóbulo Cabral, Te-
nente Rivadávia Leal e os acadêmicos Ramão Belo e João Vida! de Car-
Talho, membros do Comitê Central Universitário Pró-Candidatura Dutra.
Dada, inicialmente, a palavra ao Tenente Rivadávia Leal, discorreu . -•:¦' i n

êle sobre o tema "Os Generais do Exército nas crises políticas do país",
em cujo trabalho mostrou a atitude assumida pelos nossos generais pe-
rante a nação ao assumir a responsabilidade de transformações políticas,
detefido-jsé, especialmente, no estudo da fase republicana, e concluiu sua
•oração ressaltando os dotes morais e cívicos do candidato nacional à su-
prema magistratura do país.
! - ig&Mfiam i

Ji M.. .-.*.¦¦¦

26 CIÊNCIA POLÍTICA
<:'-'^>--':"':¦ ¦ ¦
j' ¦¦

Seguiu-se no uso da palavra a Dra. Uná Seeundino, que falou sôbre


¦¦<
¦ ¦

"O
papel da mojcidade estudantil no momento político brasileiro", em
que ressaltou o dever da mocidade de estar vigilante na garantia da har-
monia e da paz, mantendo uma atitude serena e disciplinada para giaran-
ívt
*'. '¦ "-¦''¦
V1''
tia da unidade nacional.
»

Após, ocupou a tribuna o Dr. Aristóbulo Cabral Costa, que dis-


sertou sobre "O Presidente Vargas, sua obra e as razões da candidatura
% -
'- "V. ' '
.
do General Dutra". O orador analisou as realizações do Presidente
Vargas à frente do governo, impulsionando o Brasil para destinos
mais amplos e progressistas,, em todos os setores da administração, graças
ao seu grande amor à causa pública, e mostrou, com dados concretos, o
seu esforço ao bem público e em benefício do povo, dizendo que êle,
conquistando o povo é hoje uma conquistai do povo, que o quer e estima
sinceramente. Concluindo o seu trabalho, mostrou a excelência da can-
didatura do General Eurico Gaspar Dutra à presidência da República,
por ser êle o detentor da confiança nacional, pelos seus inequívocos nré-
ritos e sua já muito expressiva projeção no cenário político do país e que
será um digno continüador da grandiosa obra encetada pelo Presidente
Vargas.
Seguiu-se, no uso da palavra, o acadêmico Riamão Belo, membro do
" Comitê Central Universitário Pró-Candidatura General Dutra",
que fa-
lou sôbre "A capacidade de organização do Sr. Ministro da Guerra no
enriquecimento do patrimônio nacional". Principiou o orador por res-
saltar a figura do General ,Eurico Gaspar Dutra, como representante de
um, patrimônio de civismo, de abnegação, e de honestidade, dentro do
próprio patrimônio nacional, que foi enriquecido, graças a administra-
ção do soldado e cidadão, que se orientou com inflexibilidade na linha
mestra traçada pelo estadista emérito <— Getúlio Vargas. Disse que a
cooperação do ilustre militar no setor da administração civil é notória,
ressaltando, por exemplo, a construção de centenas de quilômetros de
ferrovias, espalhadas pelo hinterlamd brasileiro, simbolizando a civili-
zação que marcha para o interior sôbre trilhos. Concluindo afirmou que
as vitórias que obtivemos, recentemente, no cajmpo político e econômico)
não foram obra exclusiva dos diplomatas, mas tamibém uma vitória do
General Eurico Gaspar Dutra que a. todos sobrepujou nestes últimos cinco
anos em matéria de organização e administração e que graças aos es-
forços conjugados de Vargas e Dutra conseguimos a liderança política,
econômica e militar no continente sul-americano.
Falou, a seguir, o acadêmico João Vidaíl de Carvalho, que discorreu
sôbre "O papel do Comitê Central Universitário Pró-Candidatura Du-
tra". Em seu trabalho, o jovem aicadêmico mostrou o que aquele Comitê
vem realizando em prol da candidatura do Generail Eurico Gaspar Dutra,
na arregimentação da juventude acadêmica em torno do nome desse ilus-
tre patrício, que é bem a aspiração do povo brasileiro, para o prosse-
guimento da obra getuliana, que precisa ser levada a bom termo, sem a.
y

CIÊNCIA POLÍTICA 27

influência dos políticos demagógicos passadistas. Disse que a era pre-


sente,, de remodelação nacional, precisa do patriótico devotamento da
juventude acadêmica brasileira, em prol do engrandecimento da Pátria,
sentimento esse.nunca desmentido através de nossa história. Mostrando
coirio bemj recebida foi a (candidatura Dutra, disse que ela não se apresen-
ia com o nrçatiz amarelado das campanhas eleitorais de uma época morta.
Pelo contrário, possui um sentido novo na política brasileira, por ser
aquela que mais consulta aos interesses do povo, descrente dos políticos
passadistas, que desejam alcançar as posições perdidas unicamente por
desforra. Contrai eles estão os jovens de pensamento arejado, que apoiam
o General Dutra à presidência da República.
Finalmente, falou o Dt. Benjamim Vieira, que se congratulou com
«o Instituto Nacional de Ciência Política, pelo fato de mais-uma vez, nas
suas reuniões, se fazer ouvir a voz da juventude brasileira.
Encerrando a sessão o Dr. Pedro Vergara agradeceu aos oradores
a contribuição que prestaram á obra que o Instituto vem realizanlo.
~
SESSÃO DO DIA 26 DE MAIO DE 1945 V;AA .A
ml

Perante seleto e numeroso auditório, o Instituto Nacional de Ciên-


cia Política realizou, neste dia, às 17 horas, no salão do Conselho da
A. B. I, mais uíma sessão cultural. Presidiu-a o Dr. Pedro Vergara
•que convidou para tomarem assento à mesa as seguintes pessoas: Pro-
fessor Leopoldo P. da Silva, o Sr. Romeu Ramos Ferreira e os acadê-
.,¦¦..

¦ -ila

micos Inocêncio Vasconcelos, Anísio Rocha e Moacir de Oliveira. ,;M

Foi dada inicialmente a palavra ao Professor Leopoldo P. da Silva,


brilhante conferência subordinada ao tema: "A fuga da
que proferiu
.terra''. O orador desenvolveu sua palestra defendendo a necessidade de
fixar o homem ao solo, mostrando que se deve evitar a fuga do campo, «
com uma política de reatamento do homem à terra, provando que todas
as civilizações, mesmo as mais remotas, tiveraim suas origens na terra e
que os países que abandonaram a agricultura fracassaram, só voltando
à abastância depois que retornaram" ao campo. Mostrou, também, os fato-
res que concorrem para o divórcio do homem com o campo e a razões .
da fuga da terra, terminando por concluir pela necessidade de valorizar-
o homem, valorizar a terra, valorizar a produção, como síntese, expres- ^
siva da trilogia: povoar, sanear e educar com que o Presidente. Getúlio
Vargas acenou a marcha para o Oeste.
Em seguida falou o Sr. Romeu R^mos Ferreira da Silva, que abor-
dou o tema "Getúlio Vargas e sua política administrativa'', em que fêz
um apanhado geral da .política do atual Chefe da Nação, ressaltando em
X particular as medidas tomadas .em benefício cias classes operárias, decre-
tando imp sábia legislação sodal-trabalhista e instalando a justiça do
trabalho, graças ao que, hoje, o trabalhador brasileiro goza de. proteção
eficaz e pode desenvolver a sua atividade tranqüilamente, porque todos os

'...Ftffi
28 CIÊNCIA POLÍTICA
ppè
seus direitos estão plenamente assegurados. Deteve-se, ainda, na apre-
ciação da obra governamental de Getúlio Vargas no tocante às classes
armadas, mostrando, num contraste bem expressivo, a situação das nossas
forças militares, antes de Í930 e agora: naquela época inteiramente desa-
parelhadas, os oficiais,mal pagos, etc, e hoje, Exército Marinha e Aero-
.*y.-y ¦ .y ¦

náutica possuindo tudo o que de mais moderno se exija em equipamentos,


os oficiais e inferiores bem treinados, dando ao Brasil posição de desta-
'
)i "
:¦ '.::.¦ .'"'
>!¦

que entre as grandes potências e atravessando o Atlântico para auxiliar


a vitória final das Nações Unidas.
Ocuparam a tribuna, .ai seguir, os acadêmicos, representantes do Co-
mité Universitário Pró-Candidatura Eurico Dutra. O primeiro deles foi
o Sr. Inocêncio Vasconcelos, que desenvolveu o tema "O estudante e a
situação política". De início, agradeceu ao Instituto Nacional de Ciên-
cia Política, na pessoa do seu presidente, Dr. Pedro Vergara, pelo in-
centivo que esta entidade dá à mocidade acadêmica da capital do país,
proporcionando-lhe a oportunidade de vir manifestar as suas opiniões po-
líticas num meio culto e. seleto. Exaltou o entusiasmo e o patriotismo da
classe acadêmica que, agora, como sempre, tem se empenhado com o maior
ardor nas grandes campanhas cívicas, destacando o papel do Comitê Cen-
trai Universitário Pró-Candidatura Eurico Dutra, e que congrega a
grande maioria dos universitários cariocas. Exaltou, também, as grandes
i"'*.»*' /.**¦
'
7 , ¦.
qualidades de estadista do Presidente Getúlio Vargas, o grande amigo dos
estudantes, como declarou, para, em seguida, analisar a personalidade do
General Eurico Gaspar Dutra, colmo estadista, militar e político, ôrgani-
zador da valorosa força expedicionária brasileira, orgulho de todos os
nossos patrícios, e que, por isso mesmio, conta .com ai simpatia da grande
maioria da nação nas próximas eleições..
Falou, tajmbém, o acadêmico Anísio Rocha, igualmente membro do
Comitê Central Universitário Pró-Eurico Dutra que proferiu brilhante
discurso, focalizando a figura do General Eurico Dutra a quem os aca-
dêmicos brasileiros rendem a sua grande simpatia, hipotecam inteira so-
lidariedade e por cujo nome se empenharão vivamjente, certos de que, uma.
vez eleito, o ilustre chefe militar realizará um programa de governo capaz
de dar ao país o progresso de que é merecedor.
Ocupou ainda a tribuna o aicadêmico Moacir de Oliveira, que leu
uma brilhante página literária, de suà autoria, consagrada à vitória. Subiu
-7*- à tribuna o acadêmico José da Costa Mota que, em brilhante oração, exal-
tou as qualidades do General Eurico Gaspar Dutra, como organizador e
patriota e que na presidência da República será o continuador da obra do*
Presidente Getúlio Vargas, qüe tudo deu para o bem do Brasil. Final-
mente o acadêmico Alímpio Mendes, em brilhante improviso, prestou uma
homenagem aos heróis da FEB.
Encerrando a sessão o Dr. Pedro Vergara pediu à assistência per-
manecesse de pé durante um minuto, aclamando os heróis da FEB. .

->~»!5,^v,*^.~:.^,,_i.8j;,:,.J -,, ,.--!• -..''••M:..^-:


É

¦ -
;¦;¦;¦',''''¦

• A , •'
'.

¦<

¦ X
¦

nXX '
¦' •¦
•'<•

.''.'- '-.¦'¦¦--. ;"-"í\'Ktx\y\

ií"
Kkí :.-?¦¦

, Aí
Presidencialismo e Democracia na Cons- /-:¦.¦
';¦',•¦ '¦':
L)í;x ¦ -J":

,'
',-A'
m
X)
tituição de 10 de Novembro "¦¦'¦"¦'

¦'. w
iit

* .* - '¦tí *
;„ t-ij

£>/?. /. LEONEL DE RESENDE ALVIM

(Conferência pronunciada no Instituto Nacional de Ciência Política,


em 18 de novembro de 1944)
¦ :,¦-•, ,f*?r;.r
'
'.'^ '*
¦
-

O Instituto Nacional de Ciência Política dia a dia aprimora seu sen-


timento de brasilidade, pois em verdade, cultua o patriotismo e o amtor
ao Brasil.
Sendo delineamento db seu programa o estudo da ciência política e
o anseio de bem servir a nossa terra, cujas tradições gloriosas resultam
no escrínio da nossa história, o dtever de patriotismo exige também do
Instituto o tributo prestado no altar da Pátria nas datas assinaladas
pelos grandes acontecimentos políticos, com a natural e viva homenagem
aos vultos que fizeram a grandeza do passado, construindo uma pátria
digna e vitoriosa, conto aos que nos rios da vida pública e no serviço do
Brasil, sabem guardar as tradições dos nossos maiores e realizam o des-
tino de engrandeci mento presente e futuro da nacionalidade.
E\ senhores, de significativa vibração cívica o tema das conferên- >¦> ¦

cias hoje realizadas sobre o "Presidencialismo e Democracia na Consti-


.

Wsàâ
tuição de 10 de novembro", como justa é a manifestação da nossa homé-
nagem na data aniversár.a da proclamação do regime republicano de 15 ' -'A-Ü*
*íV.

de novembro de 1889 e também' das grandes realizações do Estado Na-


cional em novembro de 1937, acontecimentos nacionais que o Instituto,
¦;
>:.>•¦• A-¦"¦' •*¦.: -
'
'"' •';'

**.,'.

nesta hora, enaltece e rememora. - '


A &',''?'•
'X,
: ," ' '-,¦
¦ .,t~

Memorável é a reunião desta tarde, neste recinto, porque o assunto


t,

¦
de palpitante interesse que se estuda e discute, no afã de bem servir o
* *.: '¦''
¦ ". T*r--.'* ; • '¦¦¦'•"'¦'
-' ¦ iX*.

Brasil, foi espionado, com invulgar beleza, pela palavra fluente e pelo
inscritos.
prestígio notório dos eminentes conferencistas
Alio-me entre, eles, não para seguir a trajetória luminosa de seus
discursos que deikaram eco vibrante nas sonoridades do ambiente, mas
simples, a afirmação ca-
para juntar às deles, embora de maneira mais
'¦'¦'.
,''-A,- h ¦-.

tegórica e reiterada - da minha confiança na grandeza e felicidade do


Braisil com a criação do Estado Nacional, que- nobremente realiza o ideal
da nossa democracia,
. > -
>'¦¦/.

s 30 CIÊNCIA POLÍTICA

Em verdade, a estrutura política da Constituição de 1937 veio


real-
car a obra patriótica e foi de uma grande coragem cívica,
¦.

por ter sido


o clarim de alarma num dos momentos angustiosos da nossa
história po-
lítíça, no instante amargo em que velhos métodos de luta

-A
"'
dissolvente
comprometiam a grandeza da nossa vida com a revivescência
de uma de-
magogia iconoclasta, que
ja implantação do Estado Nacional conteve no
limiar do abismo e proporcionou, em seguida, o alargamento
de hori-
zontes de prosperidade no marcante
período das realizações notáveis
destes sete anos, que valem pela afirmação eloqüente de um
surto de
progresso jateis verificado, em tão estreito período de tempo, na his-
tória política de outros povos.
A Constituição de 1937 realiza uma das
grandes inspirações de pa-
triotismo, porque concretiza, de maneira admirável, o ideal nobre
de um
povo; obedece, em magnífica realidade, os imperativos do povo brasileiro;
assinala uma época de realizações concretas e imperécíveis
e constrói um
monumento de grandeza, que falará pelos'séculos
' :' '¦
porvindouros.
í
A Constituição de' 1937, corrigindo erros e ceifando equívocos
comprometiam a ideologia republicana, alterou que
princípios das anteriores,
mas naquilo em que foi necessário para o bem do
povo e grandeza da
Njação, guardando, porém, as linhas mestras do credo republicano,
surgiu para salvação da nacionalidade e seus porque
gloriosos destinos, sem fugir
ao espírito e (convicção do ideal democrático,
que sempre inspira e em
tudo orienta o povo brasileiro.
Foi mesmo para presservar o espírito democrático
"legítimas que ela emergiu,
atendendo ás inspirações do povo brasileiro, à paz
política e
social" abalada por fatores de desordem.
Nasceu, como assinala seu preâmbulo, como atíteparo a uma notória
propaganda demagógica, que buscava desnaturar em lutas de classes,
pos-
sibilitando, pelo fascínio desvairado de conflitos ideológicos, movidos
mtx
pelo punho da ambição e violência, a catástrofe de uma guerra civil e a
perspectiva dolorosa da maior desventura, que seria o sacrifício da uni-
dade nacional.
Por isso mesmo, a Constituição de 1937 é democrática.
E' democrática pelos ideais que revestem a sua estrutura e
^ pelo con-
teúdo cristalino de sua preocupação
predominante em afirmar que o
poder político emana do povo e é exercido em nome dele e no interesse
de seu bem-estar, da sua honra, da sua independência e da sua '¦
prospe-
ridade.
IV democrática, porque prescreve, com afirmação inicial,
qm o
Brasil é uma República, noção significativa de critério democrático,
por-
que se em verdade e em outras eras, República não foi 'considerada como
equivalente de Democracia, como aconteceu na Republica de Veneza,
é incontestável agora que a sua significação e destino se '
prendem à es-
¦" V -.

CIÊNCIA POLÍTICA 31
—~j

trutura do regime republicano, nesse belo conceito que acentua Carl


Schmitt, completado com, a definição dássica de Madison de que "go-
vêrno republicano é aquele em que todos os poderes procedem, direta ou
indiretamente do Povo, e os administradores servem- pelo período lirrii-
tado ou enquanto bem procederem, invocados ambos estes publicistas na
obra de "Araújo Castro", (Comentários à Constituição de 1937).
Diante, pois, desta finalidade precípua e dentro da estrutura lapidar
em que se assentam, as bases de um ideal republicano, democracia não
pode significar uirta mal entendida liberdade que sacrifique os ideais e que ,y

crie um ambiente permanente de desassossêgo e luta entre o cidadão e o


Estado, porque então esse liberalismo levaria a um (conceito negativo da
própria democracia, uma vez que em ,seu tablado se implantaria a dema-
a luta estéril de camípanário
gogia,'-''.;¦;" e a "",:'"¦anarquia.
¦-'.'¦''¦
,b:.Xb '-..'•'' ' ' ' " '''¦/b:''¦¦¦\\.':"-;-^.b.
¦,,;-..,' b\b: •":•' ;;'" /,r...X':b': ^b.'.- X'b'¦ ::''':'b'-:: . :

Já no fundo remoto dos séculos o ensinamento de Aristóteles punha


em salvo que a democracia é o governo do povo para a sua felicidade e
grandeza e nessas condições o ideal democrático é o que dirige a ação
no sentido do bem do povo; ideal jamais realizado, em alcance positivo,
se fugir da realidade ambiente e dos imperativos do povo a que se propõe
tornar feliz.
Deste modo a lógica, que ilumina, leva o espírito do homem pátrio-
ta à consciência segura de que embora a democracia tenha conteúdo de-
íinido, há de se plasmar em! harmonia com: a realidade imperativa do
povo; ttm de observar as suas necessidades, sondar as suas diretrizes e
convergir para a sua felicidade.
Resulta, por força da própria lógica que o ideal democrático não
pode se arraigar, cotmo na insistência de um fanatismo, a princípios e
postulados que se choquem ou entrem em conflito com a realidade social,
ou que se escravizem a "ensinamentos meranHente dialéticos", como po-
sitiva Francisco Capipos em "Os problemas do Brasil e as grandes so-
luçoes do novo regime".
A Constituição de 1937 não se alheiou dos princípios democráticos,
sempre dominantes em tôdias as paginais- d!e nossa história política, 'antes
procurou fortalecê-los, traçando-os, como mandamentos cívicos, nas lá-
pides da carta constitucional, como dando-lhe vida e realce nos aconteci-
mentos marcantes e no surto luminoso das realizações magníficas pelo
Estado Nacional.

Quem melhor o afirma e demonstra, com abundância de argumen-


tos incontestáveis, a autoridade do seu saber de hoiríem público e cultor
do direito, é o eminente Dr. Marcondes Filho, titular da Pasta da Jus-
tiça, abrindo a conferência dos Conselhos Administrativos dos Estados,
ao falar sobre o momento constitucional brasileiro, teve estas frases la-
pidares:
-
¦:¦¦¦.¦'

: ;i

32 CIÊNCIA POLÍTICA

"A Constituição de 10 de novembro


veio para aprimorar conceitos e
¦i:rJ:. :¦>'¦
melhorar as instituições".
"Diminuiu a intensidade federatiya da
','
'';'; •* ¦'
primeira República, tendo em
vista que o sistema anterior, reagindo violentamente contra a excessiva
f-ijYy-JVf ;'•

centralização do Império, trouxe em seu bojo o perigo do separatismo,"


Revigorou o poder executivo, dando melhor expressão constitucional
á uma exigência da realidade, porque "se a autoridade do Estado se di-
•;' '¦.¦.'":l:
vidisse em diversos poderes justapostos e iguais, nenhum deles poderia-
possuir o caráter de domínio; e, conseqüentemente, a autoridade total de
que todos eles são elementos constitutivos e parciais, ficaria ela própria
v sem esse caráter".
"Lançou as bases de uma ordem
econômica, no campo da produção,
porque jamais resolveríamos o problema do Direito Social ignorando a
existência das classes, província da industrialização do país, nem solucio-
liaríamos a controvérsia das classes sem lhes dar uma organização."
"Estabeleceu uma democracia]
política econômica-social, capaz de re-
sol ver, por um conjunto de serviços e funções, os problemas nacionais
r básicos, sufocados pela política regional que impedia o progresso do país."
"Enfim iniciamos, em 1937,
uma expressão constitucional para a rea-
lidade brasileira." , '
':¦ ..-..V-
- Quem medite com ânimo sereno, inteligência tranqüila e desejo de
construir uma grande pátria, há de convir, por convicção honesta,
que o
verdadeiro sentido democrático da nossa formação constitucional, aliás ,
orientação indestrutível em toda a nossa história política, é a de reali-
zar melhor os ideais republicanos e portanto democráticos, oara atingir-
n*os ao alto fim da imortalidade e patriotismo, objetivo
que não pode fugir
ao propósito de respeitar esses ideais dentro de nossa realidade social.
Assim jamais se poderá comprometer tão nobre finalidade com a
observância de princípios puramente dogmáticos, que
querendo afirmar
destróiem o espírito democrático, como se não pode negar realidades con-
cretâs que são próprias de.cada povo.
Naturalmente o principal valor da democracia está concretizado no
respeito aos que estão subordinados ao Estado, ou dos que formam o
concerto da iNaçao, pois (certo é que a vontade do povo é a única voz so-
berana na Democracia. V'
Uma manifestação cie tamanha significação se aíere principalmente,
pelo apreço que o povo dá a seu governante; pelo aplauso, contínuo e vi-
brante a seus atos e pela solidariedade fotografada na eloqüência das con-
centraçÕes das classes e na vibração cívica das manifestações populares.
A melhor constituição é a que conjuga e consubstancia nos seus
preceitos as aspirações, as tendências, as afinidades e as expressões po-
pulares, como o melhor governo é o que sente as realidades concretas e
Íl
¦7 : II
-Ai
CIÊNCIA POLÍTICA 33

tem a larga visão profética para resolvê-las coin sabedoria, coragem, e


patriotismo.
,v7-\-.': ¦
¦ '

O bom estadista antevê e prescruta os problemas que tecem às gran-


dezas do povo e resolve-os com clenôdo, ai fim- de que se realizem frutos
promissores, evitando retardamentos e tibiezas que alicerçam muitas vezes
associação de problemas cia mais premente e difícil solução.
O bom condutor de homens é o que tem em si a preocupação cons- p
tante do bkíii públijco e está vigilante para engrandecer a Pátria e fazer
',
felizes os cidadãos. ¦7.7 y^"i

Dentro do objetivo cias realidades contemporâneas, fiel à promessa


de bem servir a nacionalidade, resoluto e intemerato ria defesa dos prin- . " 7í;*
cípios republicanos, decidido na preocupação constante de engrandecer o '»•

Brasil, preocupado em. tudo e por tudo em melhorar a situação do povo


em defendendo-lhe os direitos, ninguém melhor tem praticado esses prin- ¦¦•- 7

cípios republicanos no Brasil do que o eminente chefe do Governo, Sr.


Dr. Getúlio Vargas.
Que mais belo espetáculo de respeito ao puro espírito republicano do
povo brasileiro pode-se ter do que aquele que praticou o chefe dá rèvo-
hição vitoriosa e triun tante contra os males da primeira República, quan- :m
do ao assumir a direção do Estado, sem compromissos políticos, rfesplf
veu por ato próprio respeitar todos os princípios democráticos, os direi-
tos dos cidadãos, visando única e exclusivamente elevar o Brasil !
Quem melhor do que êle soube respeitar todos os direitos indivi- 7
duais, calar ressentimentos, proscrever todo e qualquer assomo de vin-
gança, esquecer inimigos, pela preocupação constante de levar o Brasil
para a frente e para o alto. '
Quem, como êle, tomando um compromisso espontâneo e assumindo
as culminância? do poder, realizou a promessa feita aos homens do tra-
"yy:'^üm
balho de lhes proporcionar solução equâmme para. as suas justas aspi-
íVv-ü
rações, criando a legislação social como o mais belo florão de glória de
um período governamental e que por si só basta para tornar imortal e ¦ y .-'„,'

-' '
impereeível a história gloriosa de um povo. '¦¦•¦
V
.7
té,

Criou no Brasil o direito social, de que é ele o inspirador e o cons- ¦ ¦¦¦ :''yyy ;£íjí

trutor máximo, alargando progressivamente essa conquista dentro de uma


linha de equilíbrio memorável, de maneira que o benefício dado ao pro-
letariado não é uma vitória de luta de classes, capaz de animar reivin-
dkacoes tumultárias. mas significa o entendimento humano entre empre-
•gado e empregador, a fim de que conjugados os interesses de ambos,
•'alicerce-se futuros
promissores para a grandeza do Brasil e felicidade de
> '<"í

seus filhos.
v Se de algum modo os amparos da legislação social se restringem, às
classes dos trabalhadores, nao é menos verdade que benefícios ainda mais
<¦¦ y

importantes se realizem para proteção,-amparo e felicidade do povo em

5
!X;-!,':/-x^;x ¦ ¦'» ¦


'oi.

i'

34 CIÊNCIA POLÍTICA

';
Do vale do rio Doce emerge, como umia realidade de "El Dorado",
e triunfo das construções grandiosas e primorosas, fruto exclusivo do Es-
tado Nacional, como das planuras de Volta Redonda, onde nasce uma-
cidade fulgurante, se assenta a oficina da maior, admirável e vitoriosa %
da nossa siderurgia, fonte da maior prosperidade do Brasil com a
produ»
ção do ferro e do aço, elementos econômicos da alta importância para a
riqueza de um povo.
ilvXX".''.-.".
;'-
A.A.'..-,/ . ¦A\
;.'•<.,-.'_¦¦
- ¦•'
'¦¦.'¦'
( O plano do desenvolvimento ferroviário distende-se em todos os re-
cantos, facilitando o intercâmbio industrial do Pais e das Nações co-
irmãs, ao mesmo tempo que possibilita ò maior congraçamento dos
pai- ...
ses sul-americanos. ."'... -
Cònstroiem-se notáveis edifícios públicos, incrementa-se a produção,,
fortalece a indústria, progride o comércio e aviva-se o espírito da inicia-
\ •' tiva particular no afã do desenvolvimento das riquezas nacionais.
Há um surto de prosperidade em todos os Estados e para maior
pos-
sibilidade da grandeza nacional foram criados diversos Territórios para
facilitar o surto do progresso.
.K Dentro das realizações do Estado Nacional o Exército Brasileiro
chegou a uma afirmação notável de grandeza, aparelhado como está
para •
demonstrar aos povos, como está acontecendo com honra e glória
para o
Brasil, que é um dos mais brilhantes exéijcitos do mundo.
A nossa Marinha de Guerra é uma afirmação de pujança, alcançan-
do cada vez mais o aperfeiçoamento., para cumprir os seus
gloriosos
destinos e nossa Aviação já se afirma heróica, intemerata e
pujante
em seu invejável desenvolvimento.
Todo este programa de realizações beneméritas e magníficas ema-
X nam do respeito aos ideais democráticos, que o eminente Presidente res-
peite e pratica de conformickdie com a nossa realidade e aplausos do
povoam todas as classes sociais, e que lhe permitiu salvar, com o maior
padrão de glória, a nossa unidade nacional, desfraldando o lábaro tri-
unfal em que se inscreve a vontade soberana do
povo brasileiro, levan-
do para os seus gloriosos destinos e
para as portas de outro da poste-
ridade o nome imperecível do Brasil,

Se me perguntardes qual o programa do Estado Novo, eu vos di-


tei que esse programa é cortar o
país de estradas de ferro, de estradas
de rodagem, de vias aéreas; é incrementar a sua
produção, amparar a
sua lavoura e fomentar o crédito agrícola; é desenvolver
a sua expor-
tação; é aparelhar as suas forças armadas,
para que elas estejam sem-
pre prontas a encarar todas as eventualidades da Pátria; é organisar a
opinião civil, para que ela seja de corpo e alma um só
pensamento
brasileiro." — (Nova Política do Brasil — Vol. V,
pág. 300).
.

¦
.

..

y ¦'¦'£>,<
- ¦
,

' >h
\":'7«i|

A função do D. A. S. P. no plano de
Governo do Presidente Vargas
'¦'...''' '•¦ ''¦'¦¦
''
Y
DR. BDVAimO SANTOS MAM -"¦ .' '
V ' -. V i

:/M
• (Cmfermciu prommdaéa mo Institotto Nacionai de' Çiêncm Política, ;V
ewi 12 de mah (k .1945) ;*
I-. ¦ ri

yt
Y*'p-
¦v
T

Ha uma relação de simetria que se exprime por uma fórmula de


proporção: o D. A. S. P. e?tá paru a dsnnocratização da burocracia na-
t:

eional assim como o governo í\o Presidente Vargas está para a deraocra- /
tkaçâo úm hábitos político-aénimMrativos dn povo brasileiro.
Senão vejamos: O decreto-lei n/ 579, de 30 de julho de 1938, qm
organizou o líepart.aai.ren.to Administrativo do Serviço Público, rasgou
no chaò dos nossstos1 costumas bafúcráttcos" o roteiro por omfc transita-
ria a idéia trhmíánie da concretização do plano debuxado no famoso dis- m
•enrso da Esplanada do Castelo.
A legislação do trabalho emancipou o proletário em geral, dando-
|$S direito de estabilidade, valia de serviço e eficiência de ação em pro|
da família e da Pátria.
' "¦¦'':

O advento do D. A. S. P. possibilitou a triagem dos servidores ':¦•:.


y.;-':"'-

públicos, orientando os aptos, física è inteketuahnente, através do crivo


ãm concursos, à ascensão (tos cargos,' subordinados a currículos inteli- .
ígeàitts^poHjufi sistemáticos. Instituiu cursos aíeiçoados às espécies buro-
crâticas, fundou bibliotecas especializadas,. estimulou a iniciativa parti-
cuiar. nesse mister, numa obra; beneditina de selecionar valores, assim
¦ .: "
riV-tV:

de orientação como de técnica; imprimindo a todas .aí suas deliberações


•de caráter transitório ou permanente ó rigoroso cunho da honestidade,
os dois princípios ternos da Moral e da Justiça.
posta entre vY
Dessa fonte tòaghífièa, surtiu a linfa esplêndida da democracia nas ¦

normas burocráticas do país. Em redor da juventude e dos homens me- Y>

¦notres de 35 anos, criou-se uma atmosfera sagrada de respeito e de dig-


nidade, envolvendo as provas de seleção instituídas pelo órgão sefecio-
nador das serventuários públicos da nação. As sif&s decisões tomaram
cunho de fetichisimo e ninguém ousa sofis-mar o espírito de justiça das
$aas conclusões filiais-.
V,¦-'¦ i
36 CIÊNCIA POLÍTICA

* De começo, alguns exploradores da ingenuidade popular tentaram


' ¦
¦¦¦'.

embair a evidência dos fatos, abrindo suas tendas de vendilhões à vizi-


nhança da nobre instituição que vigia os interesses da Pátria e dos seus
funcionários, sopesando o ridículo e comprometedor sistema de dar em-
pregos-a filhotes políticos, em detrimento dos competentes, dos moços
"pescadores de
pobres e desprotegidos. E assim foi que alguns desses
águas turvas" foram envolvidos em processos administrativos, bem rui-
dosos... Felizmente, a nuvem de gafanhotos passou, deixando incólume
a dignidade dos homens que escolhem pela capacidade moral, intelectual
e física os servidores públicos, no vastíssimo campos das suas especia-
lizações.
í
O .plano democrático do governo Vargas se reflete na tarefa sele-
tiva do D. A. S. P. como o perfil de uma árvore que se debruça à borda
de um. lago. As Repartições abriram suas portas aos jovens do povo, aos
qtie se tenham' apresentado às bancas' examinadoras levando, apenas, um
lapis-tinta ou uma' caneta-tinteiro, ao invés de uma carta de recomenda-
çao, escrita sem, critério por deputado, senador, ministro, chefe político,
e quejando... tal se fazia, antigamente...
Antes de se submeter o candidato ao exame intelectual, êle passa
pelo gabinete dos .médicos, a fim de ingressar no serviço* público, são
de corpo e preparado de espírito.
!e vai trabalhar para a Pátria, num ambiente saneado, ao contrário-
do que se via outrora, quando a sífilis e outras moléstias contagiosas in-
festavam os departamentos de trabalho, (Conspurcando os rapazes e as
moças que lá entravam, sadios, na, grande esperança de serem úteis k
Pátria e à família, elaborando a grandeza imortal do Brasil, lúcido, fortes
e próspero.
Tempo houve em qrue a burocracia nacional se constituiu em casta,
vedaindo-se o ingresso a quem fosse inteligente e saudável, mas que não
possuísse um'"pistolão", um empenho de político e, até mesmo, de certa
espécie de mulher... Os filhos sucediam os pais; os parentes mais pró-
ximos uns aos outros, numa sucessão irritante, numa oligarquia torpe !
Os genros, os cunhados, a caterva obtusa dos paredros repimpavam-sc
nos melhores cargos, objetivando, apenas, a pecúnia e a importância pro-
venientes de suas funções, olhando de cima os interesses do serviço pú-
blico e os filhos do povo que se conservavam à distância...
O D. A. S. P. acabou com o feudalismo burocrático, instituindo a
democracia da inteligência nas repartições públicas. Como legítimo órgão -
de seleção, perquire nos candidatos o valor intrínseco de suas aptidões,
submetendo-os a "tests" vários, pelos quais se apura a faculdade apreen-
dedora e analítica dos que desejam, deveras, servir a Pátria, em determi-
nado setor de suas atividades.
País como o nosso, de formação étnica complicada, cheia de comple-
xos, tanto morfológicos como morais, a democracia dos nossos hábitos.

%
CIÊNCIA POLÍTICA 37

se vêm processando mui lentamente, numa falta de compreensão cala-


mitosa !
A verdadeira democracia, a que se enraíza no conceito público, é a
que sai do centro para a periferia, a que sobe de baixo para cima, que
evolui da massa para as elites.
Machado de Assis e Alcindo Guanabara surgiram de uma tipogra-
fia; Nilo Peçanha, de uma padaria; Casemiro de Abreu, de uma loja;
Humberto de Campos, de um armazém; Manuel Vitorino, de uma marce-
na ria; Miguel Couto., de um casebre da Saúde; José do Patrocínio, de uma
ru& excusa da nossa capital; Luís Gama, de uma senzala... A série dês-
ses legítimos democratas é longa, muito longa. Isto é que é democracia
,- ^
fidedigna, pura, natural, compreensível. ~:''X:0b

Ha, porém, a que se exibe por aí fora, afetada, superficial, insin-


cera, apenas digna de quem a pratica... Lopes Trovão andava nos bon-
des e trens de 2.a classe para parecer democrata... Os Senhores Pires
Ferreira, Irineu Machado, e Frontin, e muitos outros próceres da Repú-
blica Velha, apertavam a mão aos operários e sorriam ao poviléu, de-
mocràticamente....
Não vale confundir democracia com exibicionismo, com atitudes de
interesse preconcebido...
democracia real é conviver com o povo, governá-lo com entendi-
mentos, ir de encontro às suas necessidades, sem f accionismo, sem
pra-
ridos de aristocratas. Mais ainda: fazê-lo co-participante da vida nacio-
nal, em todas as suas fases, facilitando meios de assomar a tona a mor
parte dos elementos submersos no fundo das correntes sociais, para
que se renovem, periodicamente, as células do organismo pensante e ja-
borioso da nação, forma única de se coibir a estagnação, a estratifica-
ção de camadas privilegiadas...
Há uma lei biológica que determina a renovação dos elementos es-
senciais dos corpos vivos, em correlação com a que delibera a mutação
dos organismos sociais, na faina do aperfeiçoamento e da estética das
sociedades progressistas. Ao tempo que a higiene realiza, uma, a demo-
cracia efetua outra, no equilíbrio sensato das prescrições fatais. Contra-
fiá?la é a crise, no primeiro caso; é a anarquia política, na segunda
hipótese..:
O Presidente Vargas trouxe um grande programa democrático, con-
substanciando todas as aspirações do povo, proteladas há muito anos.
Para exeqtií-lo, nucleou em sindicatos e cooperativas os trabalhadores
do país. Codificou seus direitos e suas obrigações, sobrepondo o Estado
ao indivíduo para que as leis fossem cumpridas, sem interveniência dos
interesses contrariados. O Ministério do Trabalho e o D. A. S. P. tor-
naram-se os órgãos primaciais da incumbência alevantada.
t Por (agora, só nos interessa a nobilitante ação democrática do De-
parlamento Administrativo do Serviço Público, encarregado de "renovar
38 CIÊNCIA POLÍTICA

as células cio organiaiio pensante e laborioso" da burocracia nacional.


Como hábil cirurgião, vem praticando a exerese do que é nocivo ou m-
pérfluo no corpo burocrático brasileiro. Já agora, há urbanidade nas
repartições públicas, há inteligência e vivackíade nos fimcionários, há
rendimento e presteza nos serviços, a par da higiene mental e física da
juventude que nelas se encontra.
Os filhos do povo, o pobre rapaz e a mxxlesta moça, vindo de lares
proletárias, ali estão por força do direito que os concursos lhes deram,
garantidos, apadrinhados na lei, cooperando para o ffuturo da família e a
economia da pátria',; Porque entraram pela porta larga de uni merecimen-
to inconteste, nâo tentem ser atirados pela janela estreita da mesquinhez
e da vingança. Vivem- mim ambiente - detiiocrata, travando o mesmo bom
combate da dignidade funcional, graças às normas da democracia dp go-
verno Vargas, «através do seu importante Órgãos de seleção que visa servir
o Brasil,, mobilizando todos os seus valores de competência e de préstimo.
O tom de energia, conscieftte e comedida, que acentua as delibera-
ções do D. A. S. P., hão dá margem a que.se procure adulterar o pen-
samento exato do seu escapo habitual de agir, no amplo sentido de uper-
íeiçoar pela seleção e garantir pelo merecimento. A üm de o salvaguar-
dar das diatribes, das: descontentes,, o governo o subordinou, só e ,>a, á
Secretaria da República, fi^calizando-o diret&otente. Assim, tão alto co-
locado, as pedradas e os apodos não o. atingem.1 O fogo passional dos
descontentamentos não carboniza as sua# bases e nem % política, direta
ou indireta, positiva ou reflexa, interfere nas suas decisões definitivas.
Bsse departamento democrático do governo, na vibração d.o seu pr-es-
tígio e da. sua eficácia, vem pulverizando os seus detratores, destruindo
os sofisnías dos pseudos democratas, -na obra meritória de restaurar as
límpidas fontes da informação e orientação tia opinião pública, no tacaai-
te à padronização do material e do serviço. -.Na fixação das origens do
'êle.'
imti funcionamento da máquina burocrática do país, abriu inquérito,
apurou as faltas, instituiu normas reivindicatórias dos abusos cometidos,
reajustando, ao cabo, a honra do funcionalismo, lia- sua expressão ge~

Hoje, a burocracia brasileira está a ombros eom as poucas que, rç.ál-


mente, merecem ser tratadas com admiração e respeito.
Daqui para o futuro a obra vai-se agigantando, impossibilitando que
os iconoclastas destruam o seu templo de ordem;, de trabalho,, de equidade
e de justiça, assim apareça um Deus Tronante que sopre tempestades sô-
bre a democracia que o Presidente Vargas imaginou e o D. A. S. P.
executou, no âmbito das classes trabalhistas.
As repartições públicas deixaram'de s;e.r o, viveiro de eleitores "enca-
brestados" para se tornarem o laboratório onde se processa o aperfeiçoa-
mento dos serviços públicos e a independência morai dos funcionários
da nação brasileira. '

Rio- 12*5«945 #
t

' \A-

O Presidente Vargas, sua obra e as razões


da candidatura do General Dutra ¦ -.< s <X:'

DR. ARISTÓBUW CABRAL COSTA

(Conferência pronunciada no Instituto Nacional de Ciência PoUtka


em 19 de maio de 1495)

¦•'¦.-•¦

FJ a primeira vez que me defronto a tão ilustre auditório, por um


-rxx

gentil convite, para dissertar sobre assunto político, cujo tema tem uma
íx '¦'AAk

sedução encantadora pela expressão envolvente no tempo e no espaço, ¦:.¦¦¦¦.:•¦.. .»-rx-'

X
X £fej
l\ I'ií

sobre duas das ntais destacadas personalidades do momento histórico da


nacionalidade.
Quis um mero acaso que assim fosse e como não é feitio próprio " • :\^'
fugir dos momentos, eis-me à vossa presença para o fim colimado.
(Nunca trepidei nem, tive esmoretintentos quando a razão prudente
guia-me às necessidades da Pátria. Vou, que importa o sucesso bom ou
mau se vou pela razão num assomo de consciência, que, i— termômetro i-ffl

dos meus sentimentos, -— gradua os ímpetos imponderados do meu co-


ração insubmisso; vou, e, ao cabo sinto-me feliz porque cumpro um de-
ver de consciência, porque .atendo aos impulsos do coração.
Senhores! Quando subo à tribuna para expor meus pensamentos,
sinto que escalo vagarosamente um vulcão; nela agita-se todo meu or-
ganismo; o coração bate pressuroso; o sangue circula rápido às minhas
veios; o cérebro tem ardências de brasidos; cuido que se transforma
A ,'i
toda a atmosfera, que eu mesmo sou uma'completa metamorfose e quan- '¦-,'<

do, no calor do estusiasmo, a palavra aflora aos lábios tem o mesmo


ardor da combustão incandescente das lavas, — queima e, em vez de pro-
nunciar um discurso, ateio um incêndio.
Como -não *ser assim se ainda tenho esperança e fé, eu que não
creio no impossível porque respirei, no meu primeiro vagido, os ares pri-
vilegiados desta soberba natureza brasileira que é sinceramente uma hi- '¦¦'¦
.A.

pérbole do Divino ,Obreiro.


O coração, bjajnhado pelo esplendor da razão, anima sempre um fra-
ternal sentimento que se origina da Fé; eis porque são felizes todos aquê-
les que acreditam e esperam, porque a Fé e a Esperança são os alicerces
da mais expressiva e duradoura vitória.
40 CIÊNCIA POLÍTICA

Quando a mais pura convicção pôs nos lábios santos do Divino Rabbi
da Galiléia a máxima eloqüente de Amor e Verdade que Êle ditou à mui-
ticlão que o seguia: — "Uni-vos para a Glória" — era porque a íulgu-
rante da Vitória já lhe banhava sublime a santa feição humana. Bem-
aventurados, pois, os que acreditam e esperam, porque a Fé é a bendita
cornucópia da ventura que os céus bondosos entornam sobre á cabeça dos
predestinados e a Esperança é a bênção de Deus para a Glória com-
pensadora do triunfo.
Unamo-nos, pois, em torno do nosso ideal; este deve ser nosso
lema de hoje e de sempre, porque a união é a mais formosa grandeza
moral que garante e justifica todas as vitórias terrenas,
A homogeneidade deste conjunto poderoso, a grandeza deste con-
clave significativo de cidadãos bem intencionados, a grandeza iudescrití-
vel desta reunião, a magna expressão de tudo isto que vedes, sentis c re-
f M>: presentais, sintetiza a promissora esperança de vitória futura da cansa
sagrada do povo, porque não é mais do que o reflexo vivo da vontade
inabalável de lutar para vencer,
Foi pela fé que a religião santa do patriotismo «fecundou; pela atração
positiva e leahcle acomethuentos idênticos; pela fraternidade dos mesmos
ideais; pela simpatia da mesma nobilíssima causa; pela afinidade dos
mesmos princípios que despertei ao vosso solene apelo, Sr. Dr. Presi-
dente, e aqui me tendes, não para a defesa de interesses bastardos que os
'
não possuo, mas para participar dos mesmos ardentes entusiasmos e das
mesmas esperanças benditas que nos uniffcaiu, que nos irmanam, feli-
zes nos mesmos sentimentos e princípios vitoriosos com os quais cons-
traímos o sólido alicerce caríssimo dos nossos arrebatados ideais.
.-A -"" "

O puro sentimento do civismo; o apostulado consciencioso do bem


público, a cruzada eloqüente e pacífica da prosperidade cia minha Pátria
querida foi e será sempre, por mercê de Deus, catecismo da minha de-
votada religião sim, meus senhores, porque eu não sei de outro ideal mais
nobre que o de bem servi-la, bem honrá-la para melhor merecê-la.
Eu só (comparo o amor da Pátria á religião de Deus, porque se esta
é a fé santa e divina do espírita, a outra é a esperança sagrada e su-
blime do coração.
Por ela, ante o auri-verde .pavilhão" desfraldado ás çarícias da brisa
benfazeja do Brasil, num dia de gala memorável ei. brilhante e glorio-
sa História Nacional, eu jurei, ante os testemunhos de Deus, do meu
caráter e do meu coração, esquecer tudo para defendê-la e cumprirei,
custe, para tanto, o sacrifício da minha própria vida. }£
Estou aqui para isto. sim, estou aqui para ajudar-vos com a força, da
minha solidariedade, com a expressão dos meus princípios, com a cer-
teza das minhas convicções a manter indenes. a (conservar intangíveis os
bote e sãos intuitos do governo, deste governo que soube com a elegin-
cia do seu gesto e a nobreza cie seus atos conquistar o. Brasil pelo es-
plendor de sita acr isolada e excelsa benemerência e que pela Pátria agora
s
\

'¦>'¦'¦%¦'
fi

v 4

Hér.
CIÊNCIA POLÍTICA 41
%'V<

conquistada penm&necerá, pela unânime vontade do povo agradecido, para


sua grandeza em notae da ordem e do progresso.
iJeff-

Este discurso não é uma oração laudatória porque nele não cabe o
elogio de umj estadista tão proeminente, cujo passado é um galardão de
honras pelos seus inequívocos merecimentos de homem perfeito, de ci-
'dadão completo, de amigo reconhecido e leal, generoso e desprendida
que
tantas e insofismáveis provas tem dado, posto que ainda mal compreen- è ;T:
dido, na modelar direção dos destinos da nossa Pátria estremecida. Não
4 um panegírico do benfeitor do povo brasileiro que o quer sinceramente,
por êle está na carcérula do seu peito, Ixim no íntimo do seu corafcão. ¦¦¦ £
¦M

Já p-ercute em meus ouvidos, bem longe embora, a voz da poste-


ridade expressiva de gratidão por quem sabe no presente preparar a ¦¦y.yy"
:$-]!
¦. •'"'¦'

grandeza da Nação para aqueles que hão de vir. Só eles poderão desá-
*v.'-. ..¦.'.:.-. ¦ i;
' r-2...

•:-7«ff§i
" 1p
'-¦J<i
paixouadamente julgar o grande estadista que nos governa com o íulgor ¦
7 .7777
de sua inteligência, com a expressiva grandeza de suas ações, com o . ..; .77'vf;íf

valor de sua dedicação tantas vezes comprovadas e, sobretudo, com sua


inabalável vontade de querer o bem público.
Os predestinados só podem ser julgados pela posteridade. ¦ ¦ ¦-. y'.yyP:-.

O povo lhe deve uma gratidão profunda e expressiva e a Nação um


•monumento para que, fique perpetuado no bronze a magna expressão dessa
giMidão na grandeza desse eterno reconhecimento. >
Senhores, por mais que se busque, se queira e se tente descobrir um
':'•¦ '¦;'¦''
gesto ou intuito inconfessável nestas.minhas palavras, no què desafio ¦" SP
i 77

provas, não -encontrareis, vos asseguro criteriosamente, porque sou per-


feitamente livre de pensar e de sentir.
Produto legítimo de mim mesmo, do meu esforço próprio, se nada
valho, devo, entretanto, somente a mini o que sou; portanto, tifdo quanto
ouvis, é ditado num simples gesto de simpatia espontânea por quem smtbe,
s.e impor, ao sentimento de admiração e de respeito dos verdadeiros bra- C\-'l ' •
"
J

sileiros.
Eu não conheço o Presidente Vargas, nunca tive a honra, nem expe- :.:,:
¦-¦
..

nmçntei o prazer de lhe falar pessoalmente, em* verdade também pessoal- ;V*

mente nada lhe devo, o que vale dizer que a êle tão pouco me sinto preso
por princípios de gratidão pessoal, entretanto, o bem que êle fêz e eòn-
tinua fazendo ao^povo e à Nação reflete-se em mim grandemente, ex-
pressivament.e. e, porque faço parte da comiunida.de brasileira, reconheço,
"nesse,
grande estadista, um benemérito da Pátria.
í';, portanto, sem constrangimento algum que me n.iani testo e se
muilm opuvião.cxpe-ndida pudesse tomar vulto no país e ser acatada sem
menor discrepância,, Getúlio Vargas, o pioneiro incansável do listado
-Nacional, o batalhado!* invencível cia Democracia, o construtor incom-
¦ :p;'P'~."\'-:y

parável do hem público, s^ria conclamado para continuar a vultosa obra


de fefomra que já vai ern meio e da reconstrução do país, onde há muito ¦. • 'és
• *
•ainda que fazer,
¦',¦''' '•<
.- ¦'¦"-¦ $-7.
"¦.','
. ¦-¦ i y

yy:- -yfi
* < i--., í
.-)
íi
.
¦¦

42 CIÊNCIA POLÍTICA
¦.^..^b..,»*.

Nas drásticas ambições que se revelaim no momento que vivemos, \


governar uim país cofmo o nosso só é dado às supremas . vocações herói-
cas e desinteressadas, portanto o estadista que nos governa só pode ser
e só deve ser substituído por Getúlio Vargas e deste modo êle se vè.obri-
gado à «contingência absoluta de repetir o que já dissera:
"Nunca me seduziram as regalias do poder. Aceitando a indicação
do meu nome, curvo-me ante o dever de completar o programa esboçado,
pois outro propósito não poderia ter quem) sabe das agruras e inquietu-
des peculiares a vida pública." •
Senhores, o cenário político nacional, desde o evento do descobri- ;
mento do Brasil, já experimentou cinco diferentes fases e em cada uma
delas um só homtem iluminou fulgurantemente a consciência nacioníal.
Brasil colônia, teve Eusébio de Matos; o Brasil Reino teve José Bonifà-
cio; o Brasil Império teve Tobias Barreto; o Brasil República teve Rui
Barbosa e o Brasil Estado Nacional temi Getúlio Vargas, unificador ge-
nial da Nação, conseqüentemente a chave de ouro do poema político-social
brasileiro. • i
Getúlio Vargas é um patrimônio nacional, não se pertence portanto,
foi o que me veio à mente quando atenciosamente li seus dois últimos me-
moráveis discursos.
'.•¦.'¦¦

A Pátria que tudo nos dá, o ar que respiramos, a água que bebemos,
o páo que comemos, a liberdade que fruímios, o lar que temos, a família
que constituímos, a terra — urna sagrad|a onde repousam os restos dos
nossos entes queridos — nada nos pede em troca, senão a própria manu-
tenção integral e intangível do que é nosso, a cobiça do estrangeiro e
quando, o que raramente soe acontecer, exige um; sacrifício, não nos é
dado olhair condições para seu cumprimento; se é mister pois continuar
seu mandato que Getúlio Vargas se sacrifique, portanto, em holocausto
à Pátria.
Há poucos dias, quando silenciaram as bocas rubras e fumfegantes
dos diabólicos engenhos mortíferos nos campos europeus, onde o vigor
belicoso dos nossos bravos irmãos escreveu com sangue e incomparáveí
denôdo mais um capítulo de glórias da grandiosa História Nacional,
assisti, eu mesmo, na comemoração festiva da paz, a expressão ardente
e viva da simpatia grandiloqüente que o brasileiro, sem distinção de
côr e de credo, tem pelo seu eminente chefe. De todos os lados surgiam,
avenida a fora, grupos e mais grupos, arrastando multidão incalculável,
que se manifestada feliz pelo grande acontecimento, carregando enormes
'«ma
cartazes, onde significativa inscrição traduzia o legítimo anseio do
— "Queremos Getúlio Vafgas".
povo: A

Essa verdadeira consagração na festiva explosão da alegria incon-


tida, irmanada à vontade indômiita do povo,na manifestação do seu es-
pontâneo sentimento, não pode. ser relegada ao esquecimento.
CIÊNCIA POLÍTICA 43

Getúlio Vargas, presentemente, c uíma grande e esplêndida conquis-


ta nossa. O Brasil tem o direito de usar sua vontade e paria nós êle é o
próprio Brasil.
Mas... eis -aí, meius senhores, .uma simples palavra, uma comum in-
variável adversativa, que bem melhor seria clarificada -- contrarian-
£C —. porque encerra tinta profunda proposição, mas... quando em 1.°
de maio falou o Presidente Vargas no estádio do Vasco da Gania, para a ' li
'JsKísi?

grande multidão que o enchia literalmente e para p Brasil inteiro pelas


ondas artesianas, que levavam *ua vibrante palavra, pos confins mais lon---
gínquos do pais, observei atenciosamente um dos principais períodos de
¦'¦¦(¦ '

"já i\z a minha


¦>-.

ma notável alocução: parte na grande tareta de mofei- - ir


luar, para d engrandecimento comum, as íòrças criadoras da naciona-
Ikfade. Ultimada a recomposição política e reajustados m quadros go-
vernamemais, retornarei às atividades de simples cidadão, recolhendo-mc
à vida privada. Que outros assumam aá pesadas responsabilidades, do
fulwo e proporcionem aci nosso povo o quanto merece de bem-estar e ie-
licidade, de progresso material e éulturâd^ E£ mais adiante, ao referir-se
!*.. • -'.V

"A candidatura do
is candidaturas, disse com ênfase muito expressiva: -,¦•¦¦ m.

General Eurico Gaspar Dutra, chefe militar cotò assinalados .serviços á


defesa nacional» merefce a confiança da Nação e já reúne a-maioria das
*um forças políticas."
É0é eamli-dato a curul presidencial, em verda.de. merece todo o nosiSD
•apoio.. todo no&so respeito, e mais., toda nassa admiração e eloqüente-
solidariedade, nlo só por haver eònxpusta.do a confiança da Nação e já
reunir %m torno do seu festejado nome a rmuorâ. das forçai políticas
nacionais, couro ainda ppr todos % cfotes de civimto é twmude/, que m
•exornam am :i^speitabiií*staa persxmalidade. »

Cidadão impertérrito, cujo pagado de. tradições glorb^as vale bem


o atestado presente da posição que ocupa e em: cuja função tem se revê
lado o homem extraordinário do mamento-.
% Projeiau-Ke na vida, que su;a feliz vocação escolhera, em 21 de ir-
reretro -de 1902, com 17 anos incompletos, e peía tempera do seu inso-
fisróvel valor foi se elevando á nwfida exata do tempo sempre por nté-
Fedmento pelas suas brilhantes atitude-., que o destacavam no conceito
unânime de seus pares-,
r Soldado, há sido inconfundível e, na amplitude elástica do civismo,
tmx se revelado homem perfeito na m&is lídima expressão do pensa-
mento.
Em sua brilhante fé de oficio, em rigor, nao poábmos separar o ho- '¦-.A,

mem tfo soldado, pois mm é o complemento perfeito do outro.


• Soldado, é o camarada atencioso, solícito e sempre disposto à uti-
íidade de seus subordinado® no âmbito limitado das possibilidades dos
regulamentos e disposições legais; homem, é o cidadão moderado, gentil
.' £
e obsequioso, desde que a justiça do mister mereça o empenho dos seus
cuidadtvs.
'**¦**-•'"

':.'¦"¦¦
ÀA\XA-

44 CIÊNCIA POLÍTICA

^Militar, nenhum pode gabar-se de modéstia tão sincera, de sobrie-


dadç, tão completa e fortuna de reflexões íntimas mais pródigas. No .cum-
primento exato de seus deveres ninguém, o sujperou; provam-no, vá-
br^ntemente, a .História dó Exército Nacional e sua formosa fé de ofício.
Seim ambições e sefm vaidades, surpreendeu-o a notícia de sua can-
cMatura, para cujo trabalho, até então, nada fizera, mas, habituado a
ver mundo em, derredor do ,alto da Esperança, a sentir a humanidade tal
como a fêz apatureza, sem os preconceitos sociais mascarando as con-
veniências factícias, sem a deform-idiade teriatblógica das paixões vás, sem
o miserável vírus contagioso da corrupção imoral, sem as escravizantes
peias das instituições liberticidas, concordou em aceitada e icoritinuou sem
modificações de quaisquer naturezas a vida calm!a do afã quotidiano,
sabendo, como bom e sincero cristão que não se pode mudar a rota do
destino, e continuou a olhar o céu com; a, audácia dia inteligência, tal
como o desenha a consciência, sem as noites dolorosas da superstição
doentia, que empanam o brilho das estrelas da fé; sem o fogo obcedante
do fanatismo, que desfigura a própria face de Deus.
Senhores, neste grande país, nacJa verdadeiramente grande vingou
ainda pelo esforço individual; tudo nasce do conjunto de indivíduos, do
agrupamento de elementos que se destimaitif a ülm fim único, sinceros, des-
prendidos e leais; fortes, unidos e disciplinados; da reunião positiva das
forças dê muitos. Eis porque todo o indivíduo deve estar em pleno gozo
dos seus direitos políticos, para bem servir ao seu país, reunindo-se, con-
gregando-se a outros, formiando partidos políticos para a defesa dos in-
terêssiés;sociais, que são indubítàvelniiente os' seus próprios interesses, não
esses partidos que se transformam completamente na luta e que depois
da vitória, só resta deles o nome de alguns símbolos do seu pensamento.
A política, sabemo-lo, é a arte de bem governar, portanto, da ciên-
cia da escolha depende o progresso do país que é o futuro do seu povo
no concerto universal, assim os candidatos devem apresentar um passado
e justificá-lo com a pauta de seus serviços prestados à Nação.
O General Dutra, cuja personalidade tento esboçar, é uma das fi-
guras de real destaque na vida nacional e posso mesmo, semi temor de
oposição, afirmar que êle é o pensamento e a ação; o estudo e o exerci-
cio; a vontade e a disciplina. Animado pelos mais formosos sentimen-
tos patrióticos é de fato o reformador notável que cimientou a vontade
da disciplina na disciplina da vontade com a boa argamassa das suas
convicções.
E' difícil, muito difícil analisar-se uma vida quando ela ainda es-
plende na capacidade de maiores acometinientos e é perfeitamente o que
m:e acontece neste momento ao estudar umía vida de belas
projeçõs a que
falta ainda o úiltimo ato.
O General Dutra sempre foi escolhido para grandes missões e todas
as vezes que teve oportunidade de chefiar, revelou-se tão bom orienta.-
li
V; :>¦':'

CIÊNCIA POLÍTICA
'¦'•¦¦ '..,'¦¦

45
i.

q|

dor quão executante, miostrando notáveis qualidades de condutor de ho-


•- v
mens pois sempre deles obteve o quanto desejava. •ri

-'¦;,;., 'V
.

Como Ministro da Guerra, integrado na idéia do Governo, de educar,


sanear e construir, edificou escolas e hospitais, deu grande desenvol- ¦ s WiV

vimento ao Serviço de Saúde do Exército, dotando-o de tudo o que fosse - r.i:

'
necessário. .-Y ¦ *

Em sua brilhante administração, seu esforço se positiva na grande :t


obra de inúmeras construções de quartéis, de estabelecimentos de saúde,
de escolas, de fábricas e arsenais, de estabelecimentos de serviço de re- ¦ ¦"'r

monta e veterinária, de vilas militares, de estradas de ferro e de roda-


*

gemi; etc.
iEJ esse o grande soldado do Brasil, o fator decisivo de muitos mo- . .;'¦-

mentos decisivos, cujiadevotada lealdade ao Presidente Vargas ficou pú~


no dia 11 de niaio de 1938, com o esmagamento do .• Y
blicamente patenteada "',
"putsch" integralista,
¦

•' y
quando expôs a própria vida desassombradamente. Y\ ..rx%
.'•

Sua plataforma apresentada à guisa de entrevista aos numerosos jor-


nalistas, que foram em seu gaíbinete recebidos, é verdadeiramente uma <.

positiva demonstração de continuação da admirável política db Presi-


dente Vargas.
Esse formidável criador e preparador da Força Expedicionária Bra- YY-N

sileira, que tantas e expressivas glórias deu à nossa Pátria, nos campos
europeus, hombreando sem o menor esmoreci mento e sem diferença abso- RHr
• yy '

lutamente alguma com os melhores e mais adestrados camaradas de armas, MUrfíí»


''''¦
V
¦<i?.1;

tem sabido estar à altura dos graves acontecimentos de nossa história I


recente, positivando, assim, que é, com! razoes abundantes, o homem que
merece a confiança da Nação.
Aí" estão as razões da candidatura do General Eurico Gaspar Dutra, ¦"í

embora pàlidamente apreciadas.


Meus senhores.
Y^jjfi
Para podermos ser sinceramente livres, realmente prósperos, eficaz-
¦¦--¦V,!.'
;.»',(-'!

,.V.-- Vi*
•- YyY'
¦ :''.'M\Pv'^
mente grandes, se em verdade afmainos com acrisolado amor a nossa ' —¦¦ . ¦Md"

Pátria, se de fato anelamos para ela, para as gerações porvindouras nesse


formoso cenário brasileiro um futuro glorioso, invejável como sua vir- ; .."•

gem natureza física, esplêndido como o céu que, lhe serve de cúpola, fe-
cundo e firme como o solo que Deus lhe deu por arena, contemos co-
nosco mesmo, com, o nosso esforço pessoal; arregimentemo-nos no ser- t

viço das grandes jcausas sob o patrocínio dos Poderes Constituídos, asso- '
Y !"*'•*

ciemo-nos para o sucesso dos nobres fins e dos intuitos bons e sãos do :í! v.

governo; abracemo-nos eni nome dos santos princípios nacionais e para




¦

a glória sem par cio Brasil — sejatmos brasileiros.


Vamos, pois, romeiros da Esperança, em busca do ideal que acalen- %

tamos; o caminho está traçado, não desanimemos, vamos seguros da vi-


tória porque o futuro nos pertence.
Brasil, detentor da continuidade política
no Continente Americano
BOÍWAN A. MELHMinWSKJ
(Corft'spoíideí:ite do jumal *Newi Swiut, dé New York) *

Antes de tudo queira a ilustre assistência perdoar o meu português,


'!nia|
que, possivelmente, mm, sempre strá o correio, espero, nao obstante
isso, poder expressar >as minhas idéias.
Minha atividade de jornaiista-correspoadente estrangeiro comporta a
necessidade de abordar, às vezes, problemas que devem ser o mais breve
tempo possível expostas aos leitores, numa síntese breve, ciam e imparcial.
A única solução consiste, a meu ver, na análise meticulosa do* resultados
alcançados: — um balancete entre causas^ intenções, esforço e resultados...
'Palando do Brasil, não se
pode separar este complexo político dos da
América como bloco, como também dá interdependência deste continente do
resto do mundo, líotadamente do outro Moco: o euro-asiático.
A história da política americana, no sentido moderno e claro, começa
com a descoberta deste imenso continente no fim do século XV. lv daro,
também, que os descobridores trouxeram consigo imM civilização e etfí-
tura próprias, já com todos os valores positivos e negativos, acumulados
durante milênios. •"
> Cabia, portanto, ao novo mundo digerir e selecionar esta herança.
Ifeste fato consiste -a esperança deste mundo, pois aqui aconteceu o mi-
lagre do abandono de mistificações seculares, preconceitos e mentiras,
fontes inesgotáveis 4e desgraças, conflitos e guerras. '
Vamos, para dar uma idéia do quadro, traçar, em linhas gerais., a
política européia que precedeu .as descobertas,
A cultura mediterrânea, à-qual pertencemos, culminou com a incor-
¦ -poraçâo dos povos du Mediterrâneo ao seio do Império roím*no,
pague
na sua divisão em. senhores e escravos. A "ler" romana, possivelmente
a mais perfeita expressão do espírito lumiano.. regula o complexo da vida
cie todos os povos .ao alcance do gládio do Império até o dk de hoje, -ser-
vindo como base de qualquer legislação moderna. Devida à decadência,
em que surgem tantas dificuldade,* administrativas, necessitando imediata-
e pronta decisão, divjde-se este Império nas frações cio Oriente e do Oci-
dente. E' preciso dizer, que naquele momento, uma idéia noxn — a do
cristianismo.. —. da fraternidade., da igualdade e do amor, vinda do Orien-
te, começou a mi»r o edifício da força.
>:> W.

CIÊNCIA POLÍTICA 47

O colap.so do Império roma!no ocidental, junto com todo o complexo


se precipita pelas trasmigrações dos povos da Europa boreal e as inva- ¦I--:.

soes da Itália. Eram dois mundos,totalmente diferentes: o bizantino,


densamente povoado e regido pelo lex justinimii, e o outro, onde, como o
tempo, devido ao caos de nom&dismo, se formou um novo bloco de na-
ções, que, no fim do século IX, adotou como solução, entre o centro civi-
lizador e cultural: — Roma —, e o do poder temporal: — Aquisgrana —.
um sistema de compromisso: — o feudalismo, que tem como finalidade
criar uma solução ideal, entre a liberdade e o domínio, numa hierarquia..
nascimento, regida pelo código canôndco.
basteadòa em direitos patriarcais de...
assim, um novo Império com o título de "Santo, romano e da
Surge,
nação germânica'*, que, uma vez recebida a tarefa da catequizaçâo do
mundo, logicamente transforma seu mandato espiritual, em poder político.
Os dois impérios, porém, — têm seu antagonista na ameaça do islamismo,
que conquistou desde o século VIII, boa parte do Oriente Próximo é o
Norte da África, invadindo a península ibérica. ¦¦: '''A

Localizada esta ameaça nos Pirineus, o novo Império, quase que


imediatamente, começa <a luta secular contra seu mandatário: — o Papado
romano, a fim de transformá-lo num brinquedo insignificante,
A expansão do poderio teuto pelo Oriente entrega ao Papado uma
arma inesperada: — solicitam os povos desta região o batismo sim, mas
diretamente das mãos de Roma, sem a interferência do poder imperial.
Esta força motriz, no xadrez europeu, ifôrça nova e capaz de fazer
frente às hordas de Genghis-khan, temperada nas lutas seculares contra os
imperadores, (que fracassam nas tentativas de reconquistar a Terra San-
ta), chegou a libertar a Santa Sé do pesadelo alemão, criando a primeira
Federação de povos não imperiais, oriunda na igualdade dos direitos, de-
veres e generosidade para com o próximo em todos os sentidos: — da
descendência, raça e religião, adotando o anti-feudal princípio da elegibi-
lidade do reinante, ao exemplo do papado e das florescentes repúblicas de
Veneza e Gênova. Esta força surge paulatinamente no início do séc- XV.
Acaba com o poderio teuto, que perde a fina flor de seus exércitos durante
a batalha de Grunwald, em 1410, solidificando, asim, o seu baluarte da
Europa no Oriente, enquanto lutava, também, contra os tártaros e turcos.
A nova divisão do "balance of power" da Europa causa uma revisão
de idéias entre os povos.
O "santo império alemão" perde a razão de sua existência. Os
Habsburgos ficam com o título de imperadores, os reis da França consi-
deram-se como herdeiros e trazem de Roma para Avignon os Papas.
. Os espíritos europeus mais ilustres procuram soluções.
Aproveitando esta situação e consolidado império turco, conquista
os últimos pedaços do Bizâncio e chega a tomar Constantinopla, (1453),
o que tem por conseqüência a divisão dos tesouros dessa cultura milená-
ria. Alguns sábios com as suas bibliotecas foram salvos, fugindo para a
Itália, onde, dos seus livros, começa a brotar uma fonte clara do hele- V
nismo, base da Renascença. Os políticos vão para Moscou, então sede da
•;!¦'-,! -.'.<: . ,

* ''
• '¦ ,'¦'

48 CIÊNCIA POLÍTICA

ortodoxia do Pátriareado de Constantinopfci, junto com a herdeira do


trono bizantino: Sofia Paleolog. — Em conjunto, destroem a União reli-
giosa, laboriosamente alcançada durante o Sinodo de Florença (1438-45),
para com a simultânea fundação de "terça Roma" de Filoteto, criar os
rrr '
alicerces do futuro império das Rússias.
*,T'..f>')...

'
Termina, assim, a segunda divisão cultural, religiosa e política do
mundo europeu, no Oriente e no Ocidente. A União religiosa, o sonho
da Roma papal transforma-se, logo, nas "heresias" alemãs da Reforma,
de Lutero e Melanchton, seguidos de Knox, Calvino, Zvvinglio e Erasmus-
Começa, então, a época do Humanismo.
Justamente neste momento, dá-s!e a descoberta do Novo Mundo.

Como bem sabemos, Colombo recebe os navios e homens, que lhe


permitem sua imortal aventura, no momento oportuno, cia revanche da
Europa pelo revés de Constantinopla. Os reis espanhóis, uma vez liber-
tada a Espanha dos mouros, querem também dividir as riquezas dos seus
vizinhos, os portugueses, que, desde algum tempo, chegaram a
quebrar,
de modo misterioso, o monopólio veneto e genovês do comércio com o
Oriente.
O rei português, D. João Ií (1481-95),. homem de sua época, a Re-
nascença, mantém seu serviço de informações em todas' partes da Eu-'
ropa, e, político habilíssimo e amador de ciências, conhece as descobertas
astronômicas de João de Brudzewo,, professor e pai espiritual de Copérnico,.
e suas tabelas elaboradas em Cracóvia (1445). Q soberano português,
em face da volta de Colombo, reage no Tratado de Tordesilhas (1493),
Com as misteriosas cláusulas, que colocam as terras do Brasil, descobertas
em 1500 por Oabml, -sob o domínio de sua coroa, -sete anos antes da des-
coberta oficial... Este rei impulsivo, mas enérgico,
previdente e sábio,
deixa seu trono a seu sobrinho D. Manoel I, o "Venturoso"
(1945-1521),
<3tie só cinco anos depois de tomar o cerro, manda a esquadra de Cabral
tomar posse das praias conhecidas ou presumidas
pelo ilustre monarca.V
E, .em 1500, manda o almirante real, de volta a Lisboa, uma nau com
a notícia da descoberta da "Terra (k .Santa Cruz" ou "Vera Cruz",
prós-
seguindo a esquadra para o Oriente. Os
portugueses são detentores tio
magno segredo das vias marítimas para as Índias.
Querem despistar os-
concorrentes. Todas as energias do país são destinadas a conquistar e a
-consolidar um império bem melhor
do que as praias desertas do Conti-
nente desconhecido, pois, uo Oriente, as mercadorias amontoam-se nos
cais dos portos, sem despesas de plantação, mão de obra ou colonização,
ja,prontas para o embarque. ,
As demais nações marítimas — França-, Inglaterra, Holanda e ita-
lia —, devem contentar-se com escutar as lendas das riquezas trazidas da
América, pois o Tratado de Tordesilhas, estipulado e confirmado
pejo
Papa Alexandre VI divide o mundo, além do Cabo Finisterra, entre os
rei-s de Portugal e Espanha,, ameaçando os fiéis de excomunhão-, no caso
tfi.

ClâNCIA POLÍTICA 49 ¦'_•;


:.-.-¦
¦_"¦;;

£AW
de violação deste direito ... E' curioso de observar, que justamente t
ri ,

os povos deserdados dão a maioria de prosélitos aos reformadores reli-


:xia
giosos neste tempo ... ..XXL' >¦'.

Mas o fenômeno da erupção de riqueza, que vem de além mar, a ava-


lanche de ouro e prata da América, constitui um fator político primor- ¦¦¦ 4,

: o do dinheiro-poder* — E eis que aparecem os Hahsburgos ale-


-y',--. .•¦L..''\'lj

mães, príncipes austríacos, mas detentores do título imperial que, através


¦.'-,

...
<ie uma série de seus usuais truques de política dinástico-matrimonial. che- ¦¦XX'
¦
¦¦
:
'-¦

gam a se apoderar dos tronos ibéricos, proprietários destes tesouros, para.


"Monarquia Ura ver-
por uni momento, atingir o auge do poder imperial, rife ,]••¦

sal" de Carlos V, projetada por este monarca na Liga de Cogriac


(22-V-l526j. Os mares, especialmente o Atlântico, nestes dias, estão 1
cheios de aventureiros de todas as nações. Uma corrida louca começou,
desde que foi divulgada a existência de um novo inundo cheio de íoríu-
nas incalculáveis. v
Começa a pirataria marítima oficia], que vai durar por ttíàis ele tres .X

séculos. *
Rnt.rementes, acontece, que 1). João 111 (1521-57). percebe o erro
de deixar em abandono as suas possessões de Santa Cruz e,. especialmente,
depois da relação sobre a viagem da esquadra real (1526) sob o comando
de Cristóvão Jaques, que fundou íeitorias-fortins em Itamaraeá e Per-
nambuco,, depois de ter combatido com corsários bretoes ali radicados.
A.X-'
A respeito das riquezas do ]>aís, o almirante aconselhou como forma admi-
nistrativa da colônia a criar o sistema feudal das capitanias, do tipo
|ttè m
existia na Madeira, nos Açores etc, e onde haviam dado bons resultados.
"Martim ?*WllP*
Mais unia esquadra, a de Afonso (1530), captura vária.-
naus irancesas, quando chega em Pernambuco (1551), e ao entrar m ¦ >¦

baía de Todos os Santos encontra Diogo Álvares, radicado ali há 22


anos.; com seus numerosos filhos havidos duma índia convertida, e.
prós-
seguindo viagem, chega até o rio da Prata, .semeando homens
pelo litoral
e fundando S. Vicente; uma das caravelas vai até o rio Gurupi no Ma-
•ranhão, explorando, assim, todo
o litoral brasileiro. Um ano depois dis-
tribui o Rei D. João J1 í
¦magnânimas (1534), as doze investiduras das capitanias.
com todos os privilégios, que têm por fim atrair gente, desa- SE'Mf
' -íAíA

gravando o tesouro das despesas da colonização e assegurando os direitos ' 't


da coroa. '
, ¦'íd.

A experiência feudal em terras da América não deu, então, resuí-


tidos.
A maioria dos concessionários, èm tentativas de tomar posse de seus,
vem, é sumariamente devorada pelos índios bravios, pais, em vez de ¦ 'V
'•!'

criar um centro de colonização e trabalhar com sistema, as forcas, divi-


4

,
¦•^tè\
,..-
-,Xí:,xx -

didas, desagregam-se facilmente. Mas esta legislação, este XX\:A


precedente ju-
rtdic.o da seiivi-independéncia, reconhecido âs Capitanias,
praticamente
•tuna liberdade inteira, os
privilégios são um gernie fecundo, na formação .
da política do Brasil. A situação do futuro brasileiro é ineomparàvel-
mente superior aos hispano-americanos, -
pois são reconhecidos oá direitos
<fa cksse de colonos, de uma espécie de burguesia rural, agrícola e comer-

7 .
50 CIÊNCIA POLÍTICA

ciai, que laboriosamente e muito mais tarde aparece no restante das Ame-
ricas. Aqui, ao longo da costa e no "hinterland", esta burguesia, audaz,
inteligente, operosa, resistente à cupidez estrangeira e às exigências da
Metrópole, está apta a libertar-se da mentalidade européia, para adotar
uma "formamentis" e um "habitus moral" puramente brasileiro. Toma
ela imediatamente a liderança e passa a representar um papel importantís-
simo na história da América. Em vez de uma história colonial, faz uma
história nacional. Em última análise, o sistema das capitanias, dirigido
por um poder central, chegou a criar a concepção federalista da vida
pública, que mais tarde vence e faz a força do Brasil moderno. Outro
fator importantíssimo, na formação da nacionalidade brasileira, foi o cru-
zamento do português com a mullier índia, ao exemplo de Caramuru
(Diogo Alvares, ou do não menos célebre patriarca de proles numerosís-
simas, João Ramalho). Desde então, os imigrados portugueses contraem
regulares núpcias com as selvícolas, muito bem dispostas a estas uniões,
pois se libertam, assim, da escravidão na própria tribo. Tal não se dá
sem conflitos, mesmo graves, mas, assim, os valores das duas raças se
unem para criar uma nova nação. Foi posto em prática, com pleno êxito,
a experiência do "melting pot".
O fracasso das capitanias impõe uma administração de um "Governo
Geral do Brasil" (1548), nome do país, escolhido pelos próprios habitan-
tes e primeiro sinal de autonomia. — íi>stQ Governo Geral não com-
porta diminuição nos direitos da população, ao contrário, introduz mili-
cias obrigatórias, centros políticos-admíinistrativos e favorece o desenvol-
vimento de culturas; assim, pois, em breve, aparecem os primeiros, "enge-
nhos", que servem ao aproveitamento de riquezas naturais.
Graças ao Brasil, o açúcar começa a " falar português", pois é o seu
maior produtor, tornando-se, assim, íator econômico mundialmente conhe-
cido e mais atraente para os que cobiçam terras e bens alheios... Começa,
então, a época das invasões estrangeiras imperialistas nas brasílias praias.
A invasão pacífica dos Jesuítas (1553), que traz, com os padres da
Companhia, muitos valores positivos: catequização pacífica dos índios,
ensino primário e secundário, — cria, por sua vez, muita rivalidade e con-
flitos entre colonos leigos e os Padres... Politicamente, os padres da
Companhia de Jesus foram, uma arma potente em defesa do "status qno'?
— dos direitos da coroa portuguesa em suas colônias, em face das tenta-
tivas unitárias de Habsburgos espanhóis, que, então, ocupam também o
trono de Lisboa. — A armada dos franceses (1558), que vem se esta-
belecer na baía de Guanabara, com o fim. de criar a "France Antarctí- _ :

que" — calvinista —, vai ser a primeira demonstração da maturidade po-


lítica deste povo, pois o une, sob o comando de Mem de Sá (1560), na
luta contra o invasor. Desde o chefe hierárquico, que encontra a morte
lutando ao dirigir as forças dos colonos, que afluem de toda parte, tam-
bem das missões dos jesuítas, até aos índios do cacique Ararigboia, vindos
do Estado do Espírito Santo, 1567.
i , E este quadro vai se repetir na história do Brasil colonial, por todo
o tempo da dominação espanhola em Portugal. As guerras contínuas,
;._. .
t

\
CIÊNCIA POLÍTICA 51
'
pi
entre os Habsburgos e os demais países marítimos, tèm seu eco nas costas ''¦PM
r

brasileiras, que vão defender-se, heroicamente, contra todos, que, sob o


pretexto de guerra movida contra o rei da Espanha, devastam a obra do
colono brasileiro.
"Norte e Sul
A experiência da divisão em (1573)", acaba logo. As
descobertas de ouro e pedras preciosas atrai leigos e eclesiásticos, e as
riquezas desmesuradas dos Jesuítas, fazem chegar Beneditinos, Carmeii-
tas e Franciscanos em tal número, que a corte tem, a frear este afltixo
(1609). Mas foi oportuníssimo este aumento de população. O Brasil
precisa de braços, pois vai entrar na sua íase heróica da luta contra uma yyy;

invasão bem organizada, premeditada e executada pelos holandeses.


V.j'. :v

"Duth West India|í


Conhecemos todos as origens da empresa da que
"New NethetiandM
quer estabelecer um (1623), seguindo o exemplo dos
fundadores de São Luís do Maranhão (1616), os franceses... Depois
de tentativas isoladas, vem uma ocupação holandesa sistemática, que, com
todos os meios de persuasão, procura atrair os brasileiros para o seu lado-
E dá-se o milagre: o povo unânime, encabeçado pelas suas autori-
dades tradicionais, por seu bispo ancião e chefes de milícias, refugia-se no
mato, para lutar pela liberdade de seu país. A ajuda espanhola. (1624)
não tem êxito, mas o povo não deixa o invasor em paz. — Comandados
-
¦ ¦¦
.; = :

pelo General Bagnoli (1638), crescem os futuros chefes da batalha final:


"capi-
o branco Vidal de Negreiros. o preto Henrique Dias, este famoso
tão e governador de negros", que combate mesmo depois de perdido um
braço, e o índio, o lendário ^Felipe Camarão, que luta ao lado da esposa,
Ftmdem-$e, assim, nas batalhas, os três elemento-s da Nação brasi-
leira, em combates por uma causa comum, em obediência ao sentimento
da Pátria;, que no Brasil amadureceu muito mais cedo cio que no resto
da América. Depois da restauração era Portugal (1640), mesmo a-ssi-
nado um armistício que reconhece os holandeses, que adornam. Recite
com monumentos de arte, o Rei D. João IV, sempre ajuda os brasileiros,
Inconscientemente preparando as .bases da futura separação. — A epo-
péia dos insurrectos: Os independentes (1645), chefiados por Vidal de ¦y.
"Negreiros e numa luta, que dura nove anos.
João Fernandes Vieira,
cheia de gloriosos feitos de armas-, depois das duas batalhas cie Guarani-
pes (19-IV-1648 — 19-11-1649), e o final cerco e tomada de Recite
(1653-54), acabam com o domínio holandês. A paz de paia (1661) res- -> ¦ 7
titui a Afonso VI todos os seus direitos jurídico* de soberania, mas m
nove anos de lutas nesta guerra, travada por brasileiros e chefiada por
brasileiros, que une as três estirpes do país numa fraternidade de sangue
derramado, num heroísmo de prodígios, de valor e audácia, deram ao
Brasil estes valores, que só depois de um século e meio vão repontar ms
margens do Prata —: a Metrópole, incapaz a sustentar diretamente a
oposição contra os invasores, manda e auxilia seus súditos coloniais, sem
tomar em conta, que, deste modo, revela a estes as suas capacidades c
valores militares altíssimo>, m forças indispensáveis e diretas para a
f ua indepelulência.

¦m
¦--.. •
: y';

.'1'' ' * Y . . Y.

52 dlNCIA POLÍTICA

A Europa entra, nesta altura, na última fase da liquidação das- força*


do íendalismo. O período da luta, entre Kabsburgos e os Bourbons, com
suas dissidências de guerras religiosas, termina com.o fracionamento da
Alemanha em mais de 200 reinos e principados feudais, enquanto se soli-
difica na França a centralização do poder real, ideado por Richelieu, ló-
gica conseqüência do desenvolvimento de armas de fogo, mais eficazes do
que a força do braço.., Entre os alemães f racionados e divididos, no
norte protestantes e no sul católicos,, onde reina o desumano compromis-
c--: %o: Cujus regne ejus. religio — aparece uma nova força cheia de vigor
e de sede de domínio e poder, à espeta de uma oportunidade: — a Prússia.
Inicia-se a época do absolutismo, baseado na centralização de poder
político e de forças armadas, arregimentadas, estandartizadas, com ad-
missão ao serviço militar cia burguesia e do povo, até então exclusivi-
dade da nobreza. ]

As perseguições religiosas dãovcausa a que, a partir de 1607, nume-


rosos grupos imigrem para a America do Norte, onde os primeiros riú*
cleos de sectários, batistas e quaquers, vivem livres, preparando com seu
trabalho as bases para uma nova potência mundial.
Mas precisa-se constatar; que na hora ern que New York (1664) re-
1; cebe seu' atual noraie, e os "Piigrim -Fathers", de Mayflower (1620),
ainda-vivem criando a primeira geração, no Brasil temos um povo já
temperado em lutas pela própria liberdade; com indústrias da agricultura
I especializada e florescente; com o seu " Glod-rush", constrói-se o pri-
meiro navio no Rio de Janeiro (1679), e, antecipando de um século Pom-
I
bal, -combatesse os Jesuítas. E' preciso, pois, dizer que a segunda metade
do século XVII, é uma seqüência de conflitos, mais ou menos violentos,
com a Companhia de Jesus. Mesmo no Norte, onde lutas comuns criam
um ambiente de fusão e os sofrimentos da guerra deixam uma comuni-
dade de sentimentos entre o povo, eternos conflitos entre municípios e
colégios chegam até a causar a revolução de Bekman (1684) no Mara-
nhâo, e os bandeirantes invadem a república jesuíta de Paraguai. O es-
pírito autonomista característico dos europeus-imigrados para as colo-
nias não pode conviver em paz com a disciplina teocrática. Surgem ou-
tros conflitos: contra a república de Palmares (1697), ou o curioso con-
flito de raças e interesses de Olinda contra Recife, a revolta contra os
"Mascates"
(1710), que cria um profundo dissentimento entre portu-
guêses e os filhos da terra brasileira, como também a dissenção que de-
genera em verdadeira anarquia da revolta contra os "Emboabas" (1694),
no distrito, aurífero de Minas... Mas com tudo isso, com• desordens bem
compreensíveis num imenso país, onde cada dia se descobrem riquezas
inesgotáveis de ouro, diamantes e pedras preciosas, a vida cultural nada
sofreu, pelo contrário, as condições ' culturais são bem melhores do
que
em todo o resto das Américas. Faltam, apenas, universidades, pois o
ensino primário e médio em mãos de Jesuítas dá o impulso a uma ati-
CIÊNCIA POLÍTICA 53

-v idade mental, que se externa na criação da Academia dos Esquecidos na


Bahia e ha razão de existir, desde 1747, uma tipografia no Rio., mais de
meio século antes de Buenos Aires. Existem, também, a partir do fim
do séc. XVII, escolas de engenharia e artilharia militar em Bahia,
como de mineração e metalurgia. — Artistas, arquitetos, pintores e escul-
tores trabalham em todo o país. À testa dos inventores encontramos o fa-
moso,precursor da navegação aérea: Bartolomeu de Gusmão (1685-1724).
A população em fins do séc. XVIII é calculada em 3.248.000 almas.
Os decretos de Pombal (3-IX-1759), liquidando os Jesuítas, e laici-
zando o ensino, obrigam a concessão de todas as facilidades aos estudan-
tes brasileiros em Coimbra, facilitando também os estudos de jovens mé-
dicòs em Montpelier, onde a mocidade toma contato com as novas idéias
européias e americanas.
No tempo em que um Conde cFAranda propõe, em previsão do que ¦¦V\Oi>
¦¦<m.i

ao império hispano-americano, a "União Ibérica'',


possa acontecer que
segundo tal projeto devia assegurar aos Bourbons as terras da Espanha
e de, Portugal em troca do Império Atlântico-Pacífico para, os Bragança,
composto do Brasil, Chile e Peru, — em Nimes toma contato com Jeffer-
son o médico brasileiro Maia, que, junto com os doze de Coimbra, mais
ps médicos de Montpelier, querem voltar à Pátria para propagar as idéias
revolucionárias. — A "Conspiração mineira'' (1789), que custou a vida a
Tiradentes, herói da independência brasileira, foi acolhida pela mocidade
intelectual, e até eclesiástica, entusiàsticamente.

Na Europa, convulsionada pelas guerras absolutistas, com o caos de


idéias de uma plêiáde de filósofos, escritores e pensadores, que querem
descobrir novas receitas de felicidade, como base para um sistema capaz
de contentar a todos, aparecem as sociedades secretas, que, em face de
absolutismo insuportável, preparam a reação das idéias, para, depois,
passar aos fatos da revolução. Ainda se verificam guerras de sucessões,
como as da Áustria e da Polônia, em prol de direitos dinásticos, — que
são a esperada "chance" para a Prússia de Frederico II, pois, desde o
início do séc. XVIII, entrou no xadrez europeu uma potência até então
desconhecida: a Rússia.
— Este misterioso país. que desde a avalanche tártara de Genghis,
no séc.XIII, desapareceu dos negócios da Europa, e depois de três sé-
culos de domínio, da "horda de ouro", apenas esporadicamente faz falar
de si, como na ocasião da união religiosa no séc. XV, reaparece, de uma
':mÊÊÈ$

feita, potência de primeira ordem, dona de um imenso território que se


estende até ao império celeste da China, capaz de desafiar e vencer o me-
lhor exército de seu tempo, — o da Suécia de Carlos XII, — de abrir
sua "janela para o Ocidente" em S. Petersburgo. — Seu imperador, Pe-
dro I. o grande reformador dos hábitos de seus súditos pela força, desa-
parece (1720), deixando apenas uma filha, dominada pelo regente-íavo-
rito alemão -- Biron, barão báltieo. Segue-se .a obra da •europização da
54 CIÊNCIA POLÍTICA
t

Rússia. Em 1755 é criada a primeira Universidade e a Academia de


Belas Artes. — A imperatriz, sem Herdeiros, eleva ao trono, seu sobri-
nho, filho da irmã e do príncipe alemão de Holstein- Gottorp. — A este
jovem imbecil e perverso é dada uma esposa: a prima Sofia de Anhalt-
Zorbst filha de alemão, feld-marechal íredericiano, que toma o nome
russo de Caterina JL A imtensa Rússia cai; deste modo, nas mãos de
uma dinastia puramente alemã, vinculada á Prússia. Assim, a história
da segunda metade do séc. XVIII será a da fundação e consolidação
do poderio prussiano no centro do leste europeu. A guerra dos 7 anos,
as partilhas da Polônia, eis o fruto de uma estreita colaboração de novos
fatores polítiço-niilitares.
Somente a revolução francesa, com a subida ao poder do ditador Bo-
naparte, interrompe esta estreita colaboração russo-prussiana, que visa
a criação de um império alemão protestante no centro enropeu. Napoleão,
mesmo estrangeiro, pois de origem italiana, é acolhido na França, mesmo
revolucionária e republicana, com o maior entusiasmo; foi êle a personi-
ficação de uma aspiração secular de um império nacional. Seus sucessos
ininterruptos, a glória de cem batalhas, seu domínio da Europa, fazem
com que o mundo veja nele «m precursor.

A epopék napoleôniea, está estreitamente ligada aos destinos do


Brasil, pois foi a causa direta da chegada do rei português ao Rio de
Janeiro (21-1-1808). A transferência da çôrte portuguesa para o Brasil
dá a este país uma situação privilegiada, pois, de uma colônia, muda-se
em capital do único reino em toda a América. Km represália à ocupaçã*
de Portugal, é ocupada a Guiana francesa (1809); abrem-se os
portos part
o comércio com o intuído (1810), a fluem de toda a parte artesãos e artis-
tas, atraídos pelos esplendores reais, que arruinam a economia do
país,
mas criam inúmeras indústrias até. então desconhecidas. A
primeira mo-
narquia americana, aumenta suas possessões, estabelecendo nova írontei-
ra no rio ibicui. O Brasil recebe o título de reino
(1815), em contrasta
com. a desintegração do império hispano-americano, onde revoluções, che-
fiadas por Simão Bolívar, criam repúblicas. i

O Congresso de Viena (1815), que, corifowne o malicioso Metternich,


reuniu os "ires Reis Magos", - soberanos da Rússia, Áustria
"Inglaterra e Prússia,
retirando-se a deste trio de absolutismo e violenta: reação. —
com a proclamação da "Santa-Alianca"
(1826), firmam a-s bases de con-
fhtos e revoluções, que vão ensangüentar a Europa, até, e depois
da "Pri-
ínavera de Povos".

O mesmo Congresso faz. voltar aos franceses a Guiana


u (1875)., esta
janela do Brasil pajra o: mar das Cat-a.ibas'". A exemplo de outros países
'.Ai

¦;¦•••»

A
CIÊNCIA POLÍTICA 55 fü
A
IP
¦ !

na
do Continente, no Brasil há movimentos revolucionários e conjuras
.':¦..:. ¥>¦<:

Bahia e Pernambuco (1817), até que, depois da partida, do Rei para Por-
tügál (24-IV-1821), o infante D. Pedro, deixado a braços com os pro-
blemas brasileiros, intimado a voltar para Lisboa (19-1-1822), forte com
o apoio do Rio e de S. Paulo, lança o grito de Ipiranga (7-1X-1822).
declarando a Independência e crianda o Império do Brasil, o qual é aco-
lhido com o maior entusiasmo em todo o país. A questão dinástica, em
face da reação da Santa-Aliança e da doutrina de Monroe (20-XII-1823),
é sabiamente resolvida (1831), com a simultânea proclamação do Impe-
rio e da abdicação em favor de D. Pedro I.
As dificuldades do novo Império e da Regência, depois da perda de
novas províncias de Uruguai e da pacificação são por demais conhecidas.
As coisas tomam novos rumos, uma vez declarada a maioridade de Pe-
dro II (1840). Este jovem monarca recebeu uma educação apuradissi-
ma e, cheio de entusiasmo e de boa vontade, inicia uma época, que só as
seu reino parece
gerações futuras poderão apreciar no seu justo valor. O
o canto de cisne de uma estirpe real multissecular, que reuniu todas as
virtudes, como para demostrar e deixar o exemplo de até onde se. po-
deria chegar com o sistema monárquico. O Brasil ingressa, então, no grê-
mio das nações miais modernas, anexando cada nova invenção, desenvoi-
vendo seu sistema de comunicações, acolhendo cada melhoramento cien-
ti fico ou prático, apenas provada a sua utilidade para o país. O que me-
lhor de tudo faz compreender a alma do homem, que dirigia a mentali-
dade brasileira, é a viagem do imperador à Europa e a escolha dos per-
sonagens que êle visita em vez de Bismarck — Victjor Hugo, em vez de ,a1

Cavour — Mancini... Seu gesto final, da abdicação (1889), parece ser


soberano.
a maior prova de seu devotamento filial ao Brasil, do qual foi"Ventre
¦,X-

A abolição desejada por êle, desde a declaração chamada do li- -A.--- a

vre" (1871) — com a inevitável revolução econômica, sob outro regime


X

causaria menores dificuldades. — Deixando o seu lugar, entregou o cetro


em máòs de homens, que foram formados na sua'mentalidade, perfeita-
mente seguro de que o Brasil não podia perder nada e que as mãos que
lhe tomam o leme são firmes.. ?!
' -.X
'X*í
ÍSSj

de homens, nasceram e cresceram sob os


Entre uma plêiade que
olhos deste grande brasileiro, vamos pensar em três nomes: o de Santos
Dumont, que, usando a técnica moderna, reata o velho sonho brasileiro
da
de Gusmão, dando asas à humanidade; de Osvaldo Cruz, apóstolo
aos
saúde de seu povo, e da "Águia de Haia", que é capaz de impor-se
le-
estadistas mundiais logo que aparece para indicar, rumos certos na •fj

gislação internacional.
As convulsões do início da República, com o choque violento do aban- : :

dono do tradicional sistema da economia nacional, foram mitigadas. A


externa, entregue às mãos de um Barão do Rio Branco, vai em
política
breve dar a safra da .emente plantada: — maisde 900,000km2, negados
w.

56 CIÊNCIA POLÍTICA

ao Imperador, vão ser entregues depois de laboriosa obra ao ministro re-


pnblicano, incansável, verdadeiro suicida de trabalho. — A escola, como
também a escolha tio Imperador, foi boa... '

A mais jovem República do Continente adota na sua nova Consti-


tuição a mais americana forma dos EEiUU- com a divisão em Estados
federados. Vamos, aqui, ter causas de separatismos sem gravidade, pois
a forma republicana e a vastidão do território ajudam a evolução de par-
ticularismos, que por sua vez causam reações do poder central.

Os EE.UU, do Brasil, nascidos em fins do século, têm a defrontar


todas as forças até eutão desenvolvidas. O imenso poder, acrescido nos
EE.UU., fêz com que as repúblicas latino-americanas queiram defeu-
.
der-se da política do dólar, que penetra nas economias, aceitando ajudas
extra-continentais, bem em oposição às idéias de Monroe e do Pan-<ameri-
canismo. .
Êstt ideal da união do Continente, que vem da configuração geográ-
fica, pois as direções naturais vão do Norte para o Sul, sem maiores obstá-
culos a vencer na marcha de regiões árticas ou temperadas para os trópi-
cos, convidam a uma união econômica e política. Mas as causas da idéia
lançada por Bolívar, foram externas: — o rnêdo de uma intervenção para
restaurar o domínio espanhol nas recém libertadas Repúblicas, especial-
mente pelo Rússia do Czar Alexandre 1, que, dono de Alasca no solo ame-
ricano, apoderou-se neste tempo do arquipélago de Havaí, ameaçando a
» costa do Pacífico. Aqui residem as raízes das declarações de Monroe e
de Bolívar... Demonstra a história do Pan-americanismo que sem o
Brasil, o projetado organismo não podia, existir. Desde 1826 até 1884,
não se chegou a. maiores resultados, e convidando-se o então Império
que
se muda durante a conferência de 1889^90, em República, chega-se a re-
í'rír '
suhados positivos. A colaborarão brasileira,
já em 1902, conforme a pro-
posta de Rio Branco, muda-lhe o nome em "Ofício internacional das Re-
publicas Americanas'í è a organização depois de, trabalhos no Rio de ja-
neior em 1906 adota em Buenos Aires o uome de "União.Pan-americana".
As idéias-bases deste organismo, inicialmente divididas em negativas: —
a exclusão da Europa dos negócios americanos, e
positivas: — de federa-
tismo continental na comunidade de interesses, encontram no Brasil
.;'
adeptos fervorosos, pois- correspondem ao espírito da sua tradição
federal ista,
Id-
¦
%¦'¦•'<

Mas, no mundo, aconteceram, desde o Congresso de Viena,


profuri-
das modificações: -- a potentíss-ima Rússia, líder da Sa-nta-A-lia-nca, regítk

II
CIÊNCIA POLÍTICA 57

por imperadores alemães, perde todas as guerras que trava no séc. XIX.
e a dinastia, in-capaz de se libertar da. tradição absolutista. é combatida
pelo próprio povo e nenhum dos Czares desaparece de morte natural. No
centro europeu, com as partilhas da Polônia, desapareceu o fator antigo
anti-imperial. E é assim, que vontades e rivalidades imperiais combinam-
se como nas guerras: austro-prussiana (1866) e franco-prussiana (1870),
ehé^ando-se ao império de Hohenzollem. Por obra de Disraeli, consoli-
da-se o império inglês. As potências do antigo Continente, no Congresso
de Berlim, — divktem o mundo em colônias. — No Oriente, aparece o
mais jovem dos imperialisníto, o do Japão (1858), capaz de se medir com
o colosso russo (1905)'. Todas estas forças, vigorosíssimas, querem mais
•espaço para sua expansão. Concluídas novas alianças, prepara-se um
choque violento. Explode, então, por uma causa sem maior significado,
a guerra mundial de 1914-18, que custa 30 milhões de vidas, destrói va-
lores imensos, demonstrando no fim a fraqueza da matéria, em face do
espírito. Os três impérios da Santa-Aliança, crescidos e baseados na
violência e obscurantismo, desaparecem vergonhosamente, pois o mundo :*£*?

inteiro se une para combate-los.


As idéias americanas, de união dos povos, conseguem lançar uma
luz de esperança nos campos de batalhas, e as idéias brasileiras, expostas
por [Rui Barbosa, de igualdade de soberanias e da supremacia da justiça
•acima da política, parecem vencer, com a criação da Liga de Nações
por Wilson-.
:x
¦v

A história entre as duas guerras mundiais é bem conhecida: — da


desgraça da carnificina, surge uma Alemanha, dominada por Berlim,
unida peta primeira ve2 na sua Ijistária, que, magnânimameute socorrida
por seus vencedores na reconstrução econômica, usa suas indústrias para
os armamentos cia revanehe, depois da comédia da República de Weimar,
a qual, de antemão, aproveitando-se da revolução russa, lança seus agen-
tes, munidos de todos os recursos, segundo a idéia materialista alemã de
Àfarx, — com o fim de aproveitar, ainda uma vez, a máo de obra e as ma-
térias-primas deste país em seu proveito, — o que demonstra qüe não pode
existir a pa* no mundo, enquanto existirem impérios e idéias imperialistas.

O Brasil, .que tomou parte ativa na guerra mundial, pelos seus avia-
res e fiscalizando o Atlântico, entra de boa vontade na Liga de Nações.
— Porém, os acontecimentos — a supremacia, manifesta das potências
que negam o justo lugar ao maior pais aníericauo representado neste con-
selho, — hztm que ameace se .retirar.

8
58 CIÊNCIA POLÍTICA
^<MW~w*WWf. i. ~--vtf—

Internamente, infiltram-se todos os extremismos, que, em face de


uma mais ou menos próxima prova de forças, querem criar prosélitos
de suas ideologias, e os particularismos, até sem perigo, são bem aprovei-
tados para fins inconfessáveis por estrangeiros sem escrúpulos.

O instinto de uma Nação vigorosa e sã permite, então, a subida ao po-


der de um homem, que, em 15 anos de trabalho político, lógico e conseqüen-
te, mesmo acusado de todas as tendências que comjbate, chega a conduzir o
seu povo, uma vez libertado das idéias separatistas e de certas particular:-
dades, às mais difíceis de vencer neste século, para uma união, jamais
vista desde as lutas contra o invasor holandês — para, antecipando o mo-
mento da vitória, uma vez desaparecido o período do perigo imediato
restiturr aos concidadãos as liberdades democráticas.

y.

Entre as nações, que formam o quadro político do continente ameri-


cano, o Brasil representará, sempre, a maior continuidade de existência
como corpo unido, por sua língua e legislação, que lhe dão essa admirável
união nacional num território intenso. — O "sonho-heróico e brutal"
de conquistadores espanhóis foi desconhecido na formação política deste
país, dedicado, desde a sua descoberta, ao trabalho e à colonização de
suas terras, em benefício de todo o continente. Não conheceu este país
guerras religiosas, ao contrário, chegou a integrar-se para sempre nas
idéias do amor e fraternidade cristã, que são a antítese do feudalismo é
do imperialismo, causadores das violências èontra os fracos Seu espírito
federalístico, instintivo, para criar uma união nacional, aparece espon-
tâneamente, em face da ameaça estrangeira. O miaterialismo desmesu-
rado, que aparece em outros países, e as ambições de toda a espécie, são
aqui moderadas, pelo bom senso, e mais ainda: tem na sua legislação tra-
dicional um freio tão forte, contra os expansionfemos, contrários à jus-
tiça e à compreensão de que todos têm seu lugar sob as estrelas, que se
faz paladino deste ideal na legislação internacional, claro que reclaman-
do seu justo lugar na comunidade dos povos, mas sempre sem exageros
e vontade de supremacias.-insanas.
O que o Brasil dará ao mundo no futuro, já se pode antever, através
do quadro de suas riquezas. Não será somente as riquezas do seu solo
e da sua natureza generosa. Muito mais tem o mundo a esperar, no
campo espiritual, deste único país do mundo latino, de gente formíada
nas idéias cristãs, que jamais as violou e que jamais se desviando da sua
tradiçã'o, que, com justo orgulho, lapidarmente escreveu sobre sua ban-
deira vitoriosa, em que são sua aspiração e esperança: Ordem e Progresso.
i* _;..

O MOMENTO POLÍTICO NACIONAL ¦¦¦ V' <

<WSW

WASHINGTON LUÍS DE CAMPOS ¦'¦¦"::.:¦

•¦:¦¦ -

pronmiciuda no instituto Nacional de Ciência PoUtka,


(Conferência
em 12 de maio de 1945)

Foi com o mais profundo desvanecimento que acedi ao honroso con-


vite com que o Dr. Pedro Vergara nse distinguiu para falar nesta ses-
mo do Instituto Nacional de Ciência Política. Falo-vos, neste momento,
também uo do uComdté Universitário
não $o em meu próprio nome como
Central Pró-Candidatura Enrico Dutra", ontem solenemente instalado
nesta Capital.
O Instituto Nacional de Ciência. Política é uma in^tituàçãt) que já
tomou vulto excepcional no cenário político da Nação.
os valores que o'integram, seja-me permitido destacar, neste
Dentre 'personalidade
momento, a de seu Presidente, Dr. Pedro Vergara, para-
digma.de honradez, de inteligência e de cultura.
O Instituto Nacional de Ciência Política é, hoje, uni culto e unia .:

«scola. um altar e uma cátedra.

consciência modelou-se naqueles princípios eternos


A nossa jurídica
do U_-
do direito natural, a que se refere Caio no famoso fragmento 9."
comuns a toda humanidade e que so' eom ela desaparecerão; retém-
festo, com a sua cia-
o Presidente Vargas,
perou-.se no cadinho em que grande
-:.*^_;«Í^.-"jw!ÍS

fividència de jurisconsulto emérito, sociólogo profumlo e polmco egrégio,


nacional '-guarda ftdelt-
foriou o direito que nos é próprio, o direito que
nosso
dade às nossas tradições" e reflete as realidades palpitantes do
meio, purificado dás- importações alienígenas. ^ 'A
¦~A
ideal, e que eom-
Empolgado por esta- crença e identificado com este
hoje. a esta solenidade, como fervoroso adepto da candidatura do
pareço,
Céu.' Enrico Gaspar Dutra, homem ilustre, cujas tradições de honra,
lealdade e vibrantepatriotismo têm sido e serão sempre um penhor se-
.guro à confiança com que o egrégio Presidente Vargas vem distinguindo
S. Excia, no alto posto governamental da República que lhe foi cpfftwdo.
O Instituto Nacional de Ciência Política vem, nas lições do passado
e nas conquistas do presente, aprimorar o seu cabedal cientifico, que tem
e grandeza lo-
por escopo pricípuo o progresso do Brasil, cuja glória
¦'
';A;
:
A

*.".;
Y '¦¦¦',¦ -/, ••. Y'' A

60 CIÊNCIA POLÍTICA

brigo nos arcanos do porvir, porque creio e espero na potencialidade cria-


clara e na bravura indomável dos seus filhos, irmanados, neste momento
épico de nossa história de norte a sul, de leste a oeste, pelos laços de uma
união sagrada e indestrutível, em continência ao paladino do direito na-
cional, o incuto Presidente Vargas, que lhes acolhe, carinhosamente, o
holocausto do sangue, oferecido perante o altar da Pátria, em cuja cúpula
azul do Supremo Artífice do Universo esculturou, com a palheta do seu
verbo, a predestinação da invencibilidade de nm povo, no mesmo signo re-
fulgente da vitória de Constantino.
As sessões promovidas pelo Instituto Nacional de Ciência Política já
se tornaram uma tradição em nossos meios científicos e culturais.
Nas suas evocações, essa instituição opera o estupendo milagre de
identificar as três modalidades do tempo, o passado, crepúsculo vesper-
tino de uma tarde que agonizou, o presente, sol radiante do zênite e o
futuro, aurora sinfônica de alvoroços e esperanças.
Vós deveis assistir a todas essas reuniões, a fim de terdes oportuni-
dade de ouvir os vários oradores e conferencistas sobre assuntos
palpitau-
tes e de grande atualidade, homens que dispensam elogios ou referência
porque bem conhecidos de todos quantos, nesta capital, se dedicam à cul-
tuna do direito e da justiça, dessa justiça que é o ideal supremo de todos
os seres e dentro da qual, na expressão de Rui, cabe
por inteiro a noção
de nossa felicidade na terra. São nomes que já se impuseram em nossos
meios intelectuais, pelo muito que já legaram e ainda vão fazer em
da terra comum. prol
Nâo temos dúvidas em afirmar que mais esta reunião "do Instituto
Nacional de Ciência Política, que tem a animá-la o apoio de uma
juven-
fcude entusiasta e ardorosa, produzirá bons frutos e há de receber os aplau-
sos de todos os brasileiros.
Meus senhores! Muito se tem criticado sobre o governo de S. Excia.
o Sr. Getúlio Vargas, mas ninguém poderá negar o dinamismo desse es-
tadista, ninguém poderá ofuscar a sua obra digna
por todos os títulos,
tendo a estruturá-la, principalmente, o
que de mais notável num governo,
o estabelecimento do equilíbrio orçamentário do impor '
país, sem outros
."¦"V:. encargos às classes produtoras da Nação, e sem sacrificar a ação
jurí-
dico-social do poder público. Todos os atos
praticados por S. Excia. são
mentórios. São as glórias de um
passado honesto e digno, emprestando
uma dedicação sem limite à execução do seu
programa de governo.
E' nosso dever dignificar o trabalho, enaltecer o amor à causa
pública
e exaltar os predicados que constituem o caráter do eminente estadista
Getúlio_Vargas, como homem e como cidadão. Os seus exemplos e as
suas lições têm sido para nós um bem e uma conquista.

* *

Ao ser convidado pelo eminente jurista


pátrio, Dr. Pedro Vergara,
para compartilhar desta sessão, pensei, a princípio, em proferir uma con-
ferencia sobre a grande obra social-administrativa empreendida
pelo Sr.
CIÊNCIA POLÍTICA 61

Getúlio Vargas, mas devido serem essas realizações já bastante conhe-


cidas dos brasileiros, pois S. Excia. traçou o seu programa o vem
cumprindo desde que assumiu o Governo, em outubro de 1930, resolvi
fazer apenas um modesto discurso.
¦

"¦¦

1 Meus senhores! O Brasil vive, neste instante, uma época histórica.


Dentro em pouco assistiremos às eleições presidenciais, e, então, nas ur~
nas, o povo brasileiro terá oportunidade de escolher livremente o futuro
dirigente do Brasil. As correntes políticas do país se movimentam, umas
em torno do candidato escolhido pelos politiqueiros retrógrados e oportu-
nistas, e outras apoiadas pelas forças vivas da Nação.
Quando no conclave político dos Campos EHseos, em S. Paulo, o
interventor Fernando Costa e o Governador Benedito Valadares apre-
sentaram à Nação o nome do candidato à suprema magistratura do país,
tiíihatn esses governantes e mandatários do povo a absoluta certeza da
aprovação de todos os brasileiros, porque o Sr. Gen. Eurico Gaspar Du-
tra é o candidato consagrado pelas mais fortes correntes políticas nacio-
nais e reúne todos os predicados para ser o futuro presidente da Repú-
blica, quer pelo seu passado, quer pela sua conduta cívica. Êle será o con-
tinuador da monumental obra social-administrativa, realizada pelo insig^
ne estadista Getúlio Vargas. Bem por isso, não devemos poupar esforços
no sentido seja coroada de pleno êxito a campanha política que iremos
dentro em pouco iniciar em todo o Brasil.
O nome do candidato nacional é prestigiado por toda a Nação, pelo
simples motivo de ser o Gen. Dutra, o homem indicado para dirigir os
destinos do Brasil. E esse brasileiro, com assinalados serviços prestados
à. Nação, ao aceitar a sua candidatura à Presidência da República conse-
guiu impor respeito às correntes políticas da oposição, desmoralizando-as
elegantemente pela sua atitude serena e pacífica de quem deseja, antes de
tudo, o bem-estar do povo, a tranqüilidade e a ordem pública, com o único
intuito de que as próximas eleições se realizem num ambiente de calma,
obedecendo aos princípios comezinhos de educação política, de Direito e
de Justiça. "
.' .•'-.¦•.=¦¦¦¦ 7 '.•¦¦¦' .'-¦-.¦-.' .'a ¦ ¦

As aspirações do povo brasileiro não são outras senão de ver a com»


tinuação da gigantesca obra de reconstrução do país, tão brilhantemente
iniciada e executada pelo Presidente Vargas.
Ninguém poderá negar os benefícios que o Chefe da Nação trouxe
aos brasileiros, pois o seu nome já está' gravado nas páginas de ouro da
história do Brasil, das Américas e do mundo.
Ao Gen. Dutra caberá prosseguir em linha ascencional essa gran-
diosa obra, conservando o mesmo ritmo de trabalho, os mesmos proces-
sos na conquista de glórias imorredouras para o Brasil, mantendo sem-
pre no exterior o prestígio nacional •
62 CIÊNCIA POLÍTICA

O que se verifica neste instante é tão somente o congraçamento de


todos os espíritos sadios em torno da candidatura do Gen, Enrico Gaspar
Dutra, pois só este poderá interpretar as legítimas aspirações do povo
brasileiro. -.--.-.
\x . x
M Deixemos sempre na "berlinda" os politiqueiros ambiciosos, pois
eles não sabem o que fa^em; pensam que agindo da maneira como têm
agido, proferindo palavras vexatórias e deprimentes ao brio e à digni-'
dade das autoridades constituídas do pais, conquistarão o poder. Mas
jamais o conseguirão por esses processos. Enganam-se os que pensarem
o contrário.
ft)pe minimis nem curai
pmelof', das mínimas coisas não cuida o
pretor, quer dizer que os espíritos superiores não se prendem às futili-
dades.
O S'i\ Getúlio Vargas não de^çji outra coisa 0fi$o o bem-estar do
povo; S. Excia. nm só propugna por um ambiente da mais absoluta
ordem e tranqüilidade, a fim de que os brasileiros trabalhem eficiente-
mente, como até oferece a sita leal cooperação^ quando retornar, após as
1
eleições, à atividade privada de simples cidadão.
¦¦¦¦¦¦¦ .-¦

Ko momento presente quando todas as forças do país se, movimentam


os brasileiros precisam desfraldar a bandeira das realizações governa-
mentais aos olhos das correntes políticas da oposição, Porque não adianta
propaganda sem programa definido; não é com amfeaças e períídias qm
m politiqueiros retrógrados conquistarão a simpatia do povo,
O que mais caracteriza e «explfca a vSÍtiíaç,ã-o angustiou desses opor-
ttmistas é a palhaçada que se vê nas ruas e praças da cidade, quando eles
realUam m seus já famosas comícios políticos. Concorrem, com isso,
para a desagregação de sitas próprias forças, se é que eles a*s possuem.
Os castelos construídos por esses "manequins ^i^ulÀ^íes" não têni
bases sólidas; são castelos feitos de cartas de baralho que caem por terra
com o débil sopro de imia criança. E diante cias verdades implacáveis
esses manequins procuram acomodações.
Eis os motivos que me levaram a contribuir com o meu trabalho na
campanha politica que dentro em breve o "Comitê Universitário Centrai
Pró-Caudidatura Enrico Dutra3' iniciará em todo o Brasil.
*

Tenho certeza que. comigo estão todos os brasileiros que sentem no


coração um fogo intenso de amor à Pátria, um anseio indeiinível de
vê-la livre dos perigos que ameaçam tão de perto a nossa integridade de
»- ¦
povo livre.
Apoiemos, portanto., a candidatura do grande Gen. Dutra. Iorque
assim procedendo teremos dado mais um passo para o progresso, grandes
e civilização do Brasil.
Sufragar nas urnas o nome do Gen. Enrico Gaspar Dutra é o mesmo
que glorifioa-r o nome do Brasil.

X:
.: 11

A CAPACIDADE DE ORGANIZAÇÃO
DO SR. MINISTRO DA GUERRA ¦*
- í&
$$&

7?om^o ##&p >¦

(Conferência pronunciada no Instituto Nacional de Ciência Política,


em 19 de maio dt 1945)

.,.-,

Nós, preliminarmente, membros do "Comitê Central Universitário Pró-


Candidatura Eurico Dutra'', em nome do presidente agradecemos a de-
ferência e colaboração do Dr. Pedro Vergara, ifigura de relevo em nossos
meios culturais cujas atividades políticas coincidem no mesmo terreno
democrático que presentemente constituem as nossas aspirações que são
as de todos os brasileiros.
Respeitável auditório !
Não tendes em mim um orador na acepção da palavra; apenas, um
observador das ações dignas e de justo orgulho para a mocidade, que
realmente sabe amar e venerar o altar sagrado da Pátria. Evidenciando
os reais valores que se impuseram pelo trabalho, pela honestidade, pela
abnegação e heroísmo nos momentos difícies que o Brasil teve de vencer,
quer na política interna quer na externa, Essas espectaculares vitórias
políticas e militares, devemos a duas lúcidas inteligências: Vargas e Dutra.
Juntos, construíram os alicerces -sólidos de uma- Nação moderna, apoiada
em duas ordens de forças, sem cujo concurso, impossível se tornaria a
obtenção do êxito :
• — as forças morais; ~v

"— as forças materiais.


As primeiras forças são identificadas pelos ideais e sentimentos no- _

bres que se evidenciam nos indivíduos de caráter digno, os quais o Go-


vêrno procura evidenciar e incentivar em proveito da força e coesão da
sagrada União Nacional.
As segundas forças, representam o próprio Exército, com seu equipa-
mento bélico obtido com grandes sacrifícios em tempo de paz para ser uti-
üzado pelo povo em armas, no momento incerto da, guerra, da qual já sen- .;-."¦'

¦
.'-,¦:¦

.¦d.^-.d*"'
:¦¦:¦

.-
¦;>¦¦¦

timos seus efeitos. Se não tivéssemos tido uma orientação perfeita, de ¦ "Aid

ordem intelectual, moral e material, deslizaríamos para o áspero caminho i


¦r..rr,
'Vií

TA&

da derrota.

\~:\
' ''
Y>
TLL-.'' V'v'Y

64 CIMCIA POLÍTICA
¦^»*-.".jfffa.-"*jii;-. n. ii./,>«,i

Se tivemos a suprema felicidade de ver o inimigo batido em Monte


Castelo, Gasteionuevo, etc, devemos agradecer ao intrépido e valoroso
Gal. Eurico Gaspar Dutra, de vez que, desde o alvorecer, até altas horas
cia noite, permanecia em seu gabinete, concentrando seus esforços em prol
do Exército mobilizado, do qual, o destino de 42 milhões de brasileiros
dependia, nesse perigoso e nefasto jogo— a guerra! Infelizmente, dentre
eles, encontram-se os vulgares demagogos da oposição, muitos deles, filhos
adotivos e defensores perpétuos da Câmara e do Senado, hão por serem
¦......
«£> v
verdadeiramente democráticos, porém porque investidos de tão altos cargos
poderiam satisfazer as suas ambições pessoais, elementos que concorre-
ram em parte para o estado lamentável em que a revolução vitoriosa de 30
veio encontrar o nosso glorioso Exército.
As glórias do Corpo Expedicionário não foram um milagre., é um
produto de forças conjugadas e concentradas durante vários anos çr-acas
ao devotamento profissional e pessoal do ilustre Gen. Dutra em beneficio
da Pátria e posteriormente da humanidade.
O nome do candidato a Suprema Magistratura, do País, Gal. Eurico
Gaspar Dutra, representa um patrimônio de civismo, de abnegação, justiça
e honestidade dentro do próprio patrimônio nacional, que, foi enriquecido
graças a administração do soldado t cidadão, que se orientou com inflexi-
bilidade na linha mestra traçada pelo estadista dos estadistas — Presi-1
dente Vargas. A sua cooperação no setor da admíni atração civil é noto-
ria do qual ressalta-se como exemplo, centenas de quilômetros de ferrovias
em construção, espalhadas pelo "hinterland" brasileiro, era a civilização
que marchava sobre os trilhos, já em 1940 existia •aproximadamente 1403
kms de rodovias em tráfego e 1287 em construção. Esses trabalhos rsali-
zados representam muitos milhares de Cruzeiros economizados, para os .
cofres públicos, porque, foram construídos pela engenharia militar. As
mais longiquas cidades, que durante moitas décadas viveram completa-
mente esquecidas pelos pseudos-democratas da oposição foram lembradas
e. beneficiadas pela administração do Gal. Gaspar Dutra. Podemos ana-
lisar sob o ponto de vista econômico os benefícios usufruídos com as fer-
ro vias e rodovias por onde trafegam milhares de toneladas de
produtos
indispensáveis àquelas longiquas cidades, outrora servidos
por deficientes
.meios de comunicações, hoje ampliados, e iiíellmrados em sua totalidade-
Por exemplo: as estradas de rodagens Curitiba-Ribeira com 124 kmi, La-
gesrPasso do Socorro 65 klm, Campo Grande-Cuiabá 850 klm, em recons-
trução, Campo Grande-Boliebo Seco 49 klm, Aguidauna-Nloac-Bela Vista
225 klm. Fazenda Jardim-Porto Murtinho 220 klm.,
jaquaráo-S. Borja
/ 223 klms. Santiago-Cerro Azul 179 klm, e mais de 338, klm em construção
ei. 079 ddm em estudos.
Nao falando nas inúmeras obras de artes, nos
quartéis, nas escolas,
nos hospitais, nas fábricas,, e nas vilas militares, etc.
Lssas obras de valor incalculável na vida social e econômica de nosso
povo-, passaram tão. despercebidas do conheckiieiito publico, porque;, o ftítu-
CIÊNCIA POLÍTICA 66
,.,i- ,.,.,,,.««,.

ro magistrado à Nação, Sr. Gen. Gaspar Dutra, nao é homem de publi-


cidade; a sua modéstia, é tírn índice de um caráter firme e de uma con&ciên-
cia tranqüila perante a pátria e perante Deus.
O brilho cintilante do Brasil novo, se ofuscará senão tiver como
continuaclor da obra grandiosa do Presidente Vargas, a figura magnâni-
ma do Sr. Gal. Eurico Dutra, dois elementos indispensáveis aos homens
tio presente e às gerações brasileiras do futuro..
As vitórias que obtivanos no campo político e econômico, não fora
obra exclusiva de. diplomatas, também foi uma vitória do Gal. Dutra, que
suprepujou a todos nos últimos 5 anos em matéria de organização e admi-
nistr&ção, Graça a ação conjugada de Vargas e Dutra, conseguimos a li-
derança política, econômica e militar no continente Sul Americano. A voz
do Brasil, antes do advento do governo atual não tinha influência decisiva
no tabuleiro da política internacional. Hoje, a voz do Brasil, é a voz da
América, repercutindo no velho mundo, não apenas com o ribombar de
•nossos canhões que se fizeram ouvir na terra de imortal Garibaldi. filho
adotivo do Brasil também na mesa da paz onde democraticamente na Con-
ferência de^S. Francisco cooperamos na solução dos problemas políticos
econômicos e.militares a serem adotados no-futuro pelas Nações Unidas.
Eis pois em síntese, mçus senhores, um pequeno retrospecto da gran-
diosa obra realizada pelo nosso candidato, obra essa que merecerá acen-
tuacla análise em posteriores palestras que aqui se realizarão com o apoio
e solidariedade, dos membros de tão brilhante instituição que de. há muito
vem tomando pública a grandiosa obra do Pres. Vargas que terá como
seu digno e justo continuaclor a figura impar do Gal. Dutra.
Salve o cérebro do Exército Brasileiro è inclito defensor das ins.ti-
•tuições democráticas que deram ao Brasil glórias e esplendor.

u'As
observações e as acontecimento* quotidianas demonstram que,
Nu desenvolvermos as nossas virtualidades econômicas, possuitmos
i* fato riquezas da nossa ferra e ustifrurias om lugar de guartía-Us
conto avarentos a incapazes, precisamos formar uma geração de téc-
nicos aptos a resolver os problemas do nosso crescimento e a formu-
Sar a equação 4o nosso progresso material, que é, m realidade, •
baio de todo aperfeiçoamento mental e moral." (UA Nova Política
do Brasil".— Vol. VII, pie. 16-5).

"Numa
época em que o dogma da fraternidade humana adquiriu
novo e mais amplo sentido, não pode haver preferência entre Noite e
Stal do Brasil." — (Nova Política do Brasil ~~ Vot, II, pág, 163).

"Problsma
fundamental para a nossa expansão interna e **Um*,
o dos transportes e comunicações constitui preocupação diária do
Ottftm*" ("A Nova Politica do Brasil" — Vol. VII, pág. 113).

9
jtç^JÍ ¦¦"¦

¦

¦

O ESTADO NACIONAL E A
EDUCAÇÃO FÍSICA
'
PROF. SEBASTIÃO J.F.NASClMmTO
(Presidente da Associação do Ensino Primário Particular)

(Discurso pronunciado no Instituto Nacional de Ciência PoUtká,


em V dê novembro de 1944)

Dedicado ao ensino primário particular, a que me tenho integrado com


o máximo de meus esforços, atento a tudo que interessa à educação, ao
civismo e à saúde da criança, venho acompanhando com o mais vivo inte-
rêsse o evolver da educação física entre nós, sonhando com o dia em
que
para a criança do curso primário chegue também a dose de saúde desti-
nada, por força de lei, até o momento, somente aos alunos dos cursos se-
cundários: ginasial, comercial e profissional.
A inclusão dos alunos do curso primário na Juventude Brasileira, que
o ilustre Chefe do Estado Nacional em sábio decreto houve por bem
levar a efeito, provocou de. minha parte, em testemunho de minha grati-
dão a mensagem levada ao Catete por numerosa comissão de alunos do
nosso educandário e que aqui transcrevo o principal trecho cuja resposta
guardo no meu arquivo: "Rio de Janeiro, 26 de fevereiro de 1942. —
Exmo. Sr. Dr. Getúlio Dorneíes Vargas, Digníssimo Presidente da Re-
pública. O Colégio Marquês de Olinda vem felicitar a V. Excia. pelo
ato altamente patriótico, que reorganizou a Juventude Brasileira, nela
incluindo o Brasil em botão, o Brasil alicerce das gerações futuras — os
alunos do curso primário. Este Colégio vê no ato |e V. Excia. a satis-
facão de uma de suas mais caras aspirações, que é a inclusão da criança
no movimento cívico, sem precedentes; criado por V. Excia. no Brasil.
Cumprindo um dever patriótico, este Colégio fundou e vem mantendo
como uma centelha viva de civismo, "O Grêmio literário Euclides da
Cunha", que além de suais atividades internas, ma educação lítero-oientífica.
de seus gremistas alunos, tem promovido solenidades públicas tais como a
que atesta o comprovante junto. Outrossim, aproveitando a oportunidade,,
a direção deste, Colégio tem a honra de trazer ao conhecimento de V.
Excia., que por esse motivo tomou a liberdade de dar à sala principal
de sua sede. educacional, a alta designação de "Sala Presidente Vargas"."
E realmente nada miais justo que tal inclusão, com todos, os direitos a
gozar, porque essas crianças nas ruas de Madureira, já vinham por anos

%
CIftNCIA POLÍTICA 67
"-V

¦". ¦¦• '-li

a conclamarão de "O Radical- e na mais entusiástica de- ¦

consecutivos, sob
monstração cívica, realizando nos memoráveis dias da nacionalidade, os
'"

'*$
¦.:¦
X X;i£

espontaneidade e ; V.Xf
desfiles mais empolgantes de que se tem memória, pela
fervor patriótico; em continência à Bandeira da Pátria e às altas autori-
dades do país, que sempre têm assistido a essas solenidades, pessoalmente ,
ou por seus dignos representantes, que nunca racionaram os seus incentiva-
aplausos a essas escolas primárias — batalhões de soldadinhos còns-
4otes
cios de seus deveres cívicos, que no dizer do Cel. Válter Prestes, brincam ;-.;k.í-1tí».Á

de soldado.
K por falar nesse ilustre militar, vem-me a memória o seu fulgurante
"A no "O- Radical"* em que sua Excia.
artigo alma suburbana" publicado
^teriorisou em elevada e entusiástica adjetivarão o que lhe foi dado assis-
tir na parada de 19 de novembro de 1941 em Madureira, ao lado do Ge-
neral Meira de Vasconcelos, Cel. lonas Correia e outras autoridades.
gJ que mal $t movimentara o grande desfile colegial, desabou violento
temporal e as crianças a exemplo dos seus professores continuaram a des-
filar numa alegria contagiam*, sem perder o alinhamento e sem desacertar
o paèso e ao passar frente ao palanque das autoridades, ao lado do qual tre*
mtilava o querido pavilhão, era de ver o respeitoso entusiasmo com que a
continência era feita e o povo diante de tão edificante exemplo de brasili-
dade, compreendeu o seu grande papel e éoj^primmdo-se contra os cordões
de isolamento râo se moveu do seu posto! E', pois,, séohore?, desta efknça
assim credenciada que vos faío neste instante!
1' sabido que a maioria dos alunos, principalmente dos subúrbios, eu-
cerram no curso primário o cabedal dos seus conhecimentos, porque filho*
de pais pobres, precisam de trabalhar para ajudar os seus maiores e mes-
.¦ :

mo porque nem só cie doutores U constitui uma Naçlo. | por islo até
àqueles o&o chegam os benefícios da educação física, que lhes proporcio-
liariam a necessárk predisposição e. o gosto para a continuação cie tão sa-
lutar prática, lo envés de adquirirem e cultivarem vícios e de-regra-meu-
tos que só lhes podem prejudicar. K até mesmo para os que. prosseguem
nos cursos secundários os seus estudos, a continuação da educação física
I % meu ver, para professores e alunos melhor que ter de principiar nesta
fase da instrução. Rara é a escola particular primária que mantém sob '
orientação técnica o ensino da educação física e nos subúrbios só conheço
nm único professor'desta disciplina que se dedica exclusivamente ao curso
primário: que é o Sr. Prof. Virgílio de Brito, porque é um verdadeiro
apóstolo do civismo e ninguém o excede em dedicação pela criança. '
"

As escolas primárias .particulares ria sua quase totalidade não dispõem


-¦' X

4e área., para prática de educação física e a maioria das que providenciai-


mente as possuem ressentem-se da falta de recursos para aquisição de ma-
rierial e financiamento do professando e por isso abstêm-se de tal prática
o que é'preferível; pois, a meu ver,-não é aconselhável que um curioso
"para
¦conduza a uma praça de esportes um grupo de crianças praticar
eéicéção fiskaJ', correndo risco de haver entre as mesmas algum cardíaco
¦oü portador de outra deficiência física qualquer, que a impossibilite de
68 CIÊNCIA POLÍTICA

praticar tal exercício e que a ignorância do improvisado professor, embo-


ra animado da melhor boa vontade pode trazer funestas conseqüências.
Isto posto, ocorreu-me servir-me desta oportunidade para fazer um
grande apelo à Escola Nacional de Educação Física: Não só nos subúr-
bios, mas também nos bairros e até no centro da cidade há inúmeras es-
colas particulares que padecem da falta de espaço; o meu apelo consiste
no sentido de ser utilizados logradouros públicos como sejam o Campo de
Santana, a Quinta da Boa Vista e outros e ainda todos os Campos de
Football e outras praças de esportes, onde professores e alunos da Escola
Nacional de Educação Física ministrem aulas aos alunos das escolas
márias particulares, que não dispõem de áreas e orientação técnica. pri-
Este grande apelo faço extensivo à Saúde Pública e à Secretaria de
Saúde e Assistência a fim de que contribuam com o serviço médico, orga-
nizado em diversos locais, para exame dos candidatos à Educação Física
e desta-forma, os que forem julgados capazes,
poderão sem susto, prati-
carem sob assistência técnica, os exercícios apropriados às suas idades,
desde os jogos infantis até os exercícios que exigirem maior soma de
esforços.
E para terminar, Srs., permiti-me que embora como leigo em técnica
de Educação Física e sem querer praticar charlatanismo, afirme-vos uma
convicção própria, fruto da mais acurada observação: creio
que se tal me-
dida fôr posta em prática, a começar por aqui e
posteriormente por todo
Brasil, a Escola Nacional de Educação Física terá conquistada a
da Pátria e o Estado Nacional completado uma de suas mais carasgratidão
finali-
dades; pois, não tardarão a ser colhidos os seus benéficos resultados:
os
postos de saúde terão futuramente menos atropelo e mais eficiência e a
curva alarmante da tuberculose descerá sensivelmente,
progressivamente,,
até tocar às abssissas das nossas estatísticas demográficas.

Com todas as suas possibilidades, o território matogrossense


esti
destinado a transformar-se, em futuro
próximo, num centro poderoso
de produção e distribuição de riqueza." (A Nova Política
do Brasil —
vol. IX, pág. 103).

A realidade, que entra pelos olhos e não


pode ser contestada, é
que o Brasil vive próspero e progride com ritmo acelerado, mesmo
nas contingências particularmente delicadas e
perigosas o mundo
atravessa." -^ ("A Nova Política do Brasil" — Vol. IX, que
pág. 145).


tempo de reconhecermos e praticarmos o
princípio segundo o
qual todo imposto que dificulta a livre circulação das mercadorias re-
sulta anti-econômico e deve ser abolido.".— (Nova
Política do Brasil,
Vol. VII, pag. 77).
'.¦¦"-¦;¦-- .-. :.'<•
, .

NOTAS E COMENTÁRIOS

ACONTECIMENTOS DE IMPORTÂNCIA ; _ Fim da guerra na Itá-


OCORRIDOS NO MÊS DE MAIO lia — Foi oficialmente
anunciado, no dia 1.°, pelo
comando aliado, que a guerra terminou em território italiano, com a
rendição total dos exércitos alemães, tendo a rendição se tornado efetiva a
partir do meio-dis do dia 2, depondo as armas mais de um milhão de
homens.
— Novo governo alemão — O Almirante Doenitz, em dramática alo-
c.ução irradiada pela emissora de Hamburgo, aminciou, no dia 1.°, que fora
escolhido por Hitler para formar um novo governo alemão.
— Hitler teria morrido — Na sua dramática alocução, dirigida no
dia 1.° ao povo alemão, o Almirante Doenitz anunciou que Hitler havia
morrido em seu posto de honra, em combate, na chancelaria do Rekh. Os
aliados, porém, não deram muito crédito a esta declaração, tudo levando a
crer que o asqueroso chefe do nazismo tenha fugido para o exterior ou
esteja escondido em algum lugar da Alemanha.
— Berlim conquistada — O marechal Stalin comunicou, no dia 2,
em ordem do dia, que a cidade de Berlim, a arrogante capital da Alemã-
nha nazista, havia sido totalmente ocupada pelo exército russo.
— Libertada a Birmânia — Enquanto na Europa os exércitos ale-
\ mães se desintegram, na zona de guerra do Pacífico, os japoneses vão so-
frendo cada vez maiores revezes. No dia 5, telegramas procedentes do
Ceilão informaram que as tropas aliadas terminaram definitivamente a li-
bertação da Birmânia.
— Lei orgânica dos serviços sociais — O Presidente da República
assinou, no dia 5, um importante Decreto-lei, promulgando a Lei Orgânica
dos Serviços Sociais no Brasil.
— htsta distinção — O General Henry H. Arnold, chefe da Força
Aérea Norte-Americana, em visita ao nosso país, foi condecorado, no dia 5,
com a Grã-Cruz da Ordem do Mérito Aeronáutica, a mais alta que pos-
suímos e até hoje somente concedida a êle e ao Presidente Getúlio Vargas.
8—0 Dia da Vitória — A rendição incondicional da Alemanha
que vinha sendo aguardada a qualquer momento, foi, finalmente, anunciada,
na manhã do dia 7, causando tão sensacional notícia, — a mais grata
de todas quantas se poderiam esperar — o maior júbilo e a mais expansiva
alegria entre o povo brasileiro, como de resto entre todos os povos do
mundo.
v;';*-77,;

70 CIÊNCIA POLÍTICA

Esta capital viveu momentos de indescritível entusiasmo, que não po-


demos descrever neste breve registro. Mas com a orgulhosa Alemanha
vencida em seu próprio território, é de se esperar que seu povo com-
preenda a sua dramática situação e auxilie, agora, os aliados a ganhar a
paz. O Coronel Custa v jodl, chefe do Estado-Maior do Almirante Düemtz,
.'-,<V-Í J
foi quçm assinou os termos da rendição incondicional de todas, as forças
alemães, tendo esse acontecimento de grande transcendência histórica se
verificado na cidade de Rheims, França.
— Cessa de tronr o cwnhão — Bm coíT^eciüência da assinatura- da
rendição incondicional da Alemanha, no dia 8, às 11 horas, silenciaram
todas as armas na Europa.
10 — Ratificação áa rendição mconéickmd — A derrota definitiva
da Alemanha verificou-se na madrugada do dia 9, quando o Marechal
Keitcl, chefe do alto comando alemão, ffirmou, no quartel general do ma-
rechal Khurkov, na devastada capital do Reich, a ratificação final da
rendição incondicional.
11 — Cotrferêncw de TeresópoUs — Foi encerrada, m dia 10, em
T*resópol:s, o importante conclave das classes produtoras, ali realizado
p'àm estudar as necessidades e aspirações da, classe. Nessa importame
reunião, que passou a se chamar "Conferência de Terfcsópolis", foi apro-
vado importante documento, que tomou o nome de "Carta Econ-àmica do
Brasil", o qual está destinado a ter grande repercussão nó futuro eco*
frõttiiço do país-
11 — Uom£umjm% a Rwsmwtt — No salão de eonferència.À. do. Pa-
íáçio Itamarati., -realhsouT&t% no dia 12, uma ^ssáo. solew de homenagem
a Roosevelt, promovida pelo Governo brasileiro, tendo o Presidente Ge-
túlio Vargas pronunciado uma expressiva oração-
13 — ''TeiDeitm" du wtârh — O Governa é& Republica, portão-
tive da vitória dai forças aliadas, u&mdou celebrar, no dia Í4, na Igreja
da Candelária, um ;ílVDetmv,}, que constituiu um verdadeiro espetáculo-
de fé cristã e de civismo, ao qual compareceu o Presidente Getúlio Var-
gas e todo o Ministério.
14 ~- $0a Proewaéor Gere dú RepàbUcà — O Presidente da Rfc-.-
pública, por decreto assinado ifo dia 17, nomeou o Dr. Haàncstanh GuP
maráes pára o cargo de Procurador Geral da República.
15 — Falecimento de Armmdo Saks dt Otímint — Vítima de cruel
enfermidade faleceu, no dia 17, em São Paulo, o Dr. Armando Sales de
Oliveira., que há pouco havia; regressado dó exílio, sendo, sem dúvida,
uma eis principais figuras da atual oposição política.
16 -7 Homemigom ao Presi-deulc Vargas — Quatro mil marítimos
realizaram, na tarde do dia 19, uma passeata, comemorativa da Vitória
das Nações tinidas, partindo da Praça Mmú e terminando no Palácio do
Catete., onde esses trabalhadores homenagearam o chefe do
governo.
17 — Fmmciawmto da lavoura da- Café — O Presidente da Repú-
blica assinou, no dia 19, um Decreto-lei., dispondo sdhre o ^financiamento
da lavoura do Café em São Paulo e Paraná.

s-
.

CIÊNCIA POLÍTICA 71

18 — Falecimento do OaJ. Sousa Bocea — Na manhã do dia 21, fa-


leceu subitamente o Gentral Emílio (Fernandes de Sousa Docca, Diretor da
Intendên.cia do Exército. Com o seu falecimento perdeu o Exército uma
das suas figuras de maior destaque e o Brasil um historiador de mérito.,
19 — Anistia fiscal i— No dia 22, o Presidente da República assinou
importante decreto-lei, autorizando, até 30 de junho, a cobrança sem multa
de dívida fiscal em atraso.
T>0 — Arquivos e bens da embaixada alemã — O Presidente da Repú-
blica assinou, no dia 22, um decreto-lei, instituindo uma Gomisslfo com o
üm de receber da Embaixada da Espanha os arquivos e os bens móveis
e imóveis da antiga Embaixada da Alemanha. •

21 — Hinimler suicidou-se — Segundo noticiaram as agências tele-


gráficas estrangeiras, no dia 24, Henrich iHimmler, a figura mais asquei-
rosa do nazismo, mundialmente repudiado por seus hediondos crimes e
que havia sido aprisionado no dia 21, quando o médico aliado examinava
sua boca, antes que este tivesse tempo de o impedir, conseguiu ingerir
forte dose de veneno que ali escondia num vidro, morrendo 15 minutos
mais tarde. r
22 — Batalha de Tuiuti — As forças armadas comemoraram dia 24,
mais um aniversário da batalha de Tuiuti, reverenciando a memória dos
que escreveram essa página gloriosa de nossa história^ tendo se realizado
expressiva solenidade cívica, na Praça 15 de Novembro, frente à estátua
do General Osório.
23 — Extinto o DJ.P. — O Presidente da República assinou no
dia 25, um Decreto-lei, extinguindo o Departamento de Imprensa e Pro-
paganda e criando, em substituição, o Departamento Nacional de Infor-
maçoes.
24 — Lei Eleitoral — No dia 28, o Presidente da República assinou
um Decreto-lei; promulgando a lei eleitoral, a qual estabelece a realiza-
ção no dia 2 de dezembro das eleições para Presidente da República, Con-
selho Federal e Câmara dos Deputados, e a 6 de maio de 1946 das elei-
çôes para governadores dos Estados e Assembléias legislativas •
25 — Mais tipvios para a Marinha —< Em solenidade presidida pelo
Presidente da República, realizou-se, no dia 30, no Arsenal da ilha das
Cobras o lançamento ao mar dos contra-torpedeiros "Acre" e "Apá" e a
incorporação à Esquadra dos caça-submarinos "Rio Pardo'\ e "Rio
Negro".
26 — Homenageado em Juiz de Fora o Presidente Vargas — A con-
vite das classes conservadoras, trabalhistas, acadêmicas, liberais e da
sociedade em geral, o. Presidente Getúlio Vargas presidiu, no dia 31, em
Juiz de Fora, a cerimônia do lançamento da pedra fundamental do mo-
numento que lhe será erguido, como homenagem pelos grandes serviços
prestados pelo seu governo àquela cidade. O Presidente foi alvo de gran-
des manifestaçõeSj tendo pronunciado importante discurso-
72 CIÊNCIA POLÍTICA

ORDEM DO DIA AO EXÉRCITO Em conseqüência da rendição in-


SÔBRE A VITÓRIA condicionai de todas as'torças ar-
macias alemãs, o Ministro da
Guerra, General Eurico Gaspar Dutra, baixou a seguinte Ordem do Dia
ao Exército ;
*'A capitulação de todas as forças terrestres, aéreas c navais
ale-
mas, pôs termo à guerra contra as potências nazi-fascistas da Europa,
com triunfo completo das Nações Unidas, que após mais de um lustro de
lutas e tremendos sacrifícios vingaram pelas armas aniquilar o inimigo
comum e salvar de total naufrágio a Civilização e a própria dignidade
humana-
Em justo e imperativo revide à covarde agressão de que foi vítima e

no cumprimento de compromissos soberanamente assumidos no concerto
das Nações da América, engajou-se na luta o Brasil e tomou posição não
apenas simbólica, e ainda quando incerta pendia a sorte das batalhas, nas
linhas de combate aliadas!em-que os próprios destinos do Mundo se ha-
viam de decidir.
Db que foi nosso esforço é testemunha a Nação. E o valor de nossa
contribuição em sangue e vidas, como em trabalho è ação, ninguém me-
lhor no4a pode confirmar que a consciência do dever cumprido, os lou-
vores uníssonos de nossos nobres e brav^os aliados e o próprio respeito do
inimigo, conquistado por nossos expedicionários, de armas na mão e cie
visei ra erguida.
Pela primeira vez em nossa história lutou o soldado brasileiro em
terras de além-oceano, fazendo com honra e bravura sua estréia de vi-
tórias nos campos de batalha do Velho Mundo, onde soube manter as tra-
dições guerreiras herdadas de nossos maiores e conquistar
para a Pátria,
com louros e troféus obtidos, um maiè forte prestígio e um maior renome.
Distância, clima e ambiente, dificuldades de idioma e improvisação
de processos e meios, tudo arrostou nossa
gente com ânimo viril e tenaz
decisão, resoluta no empenho de não desmerecer da confiança do Brasil
e correr ao encontro cio orgulhoso adversário
para também combatê-lo e
vencê-lo, ombro a ombro com nossos irmãos de causa.
O alvorecer da vitória que 'faz rebriíhar de
glórias as armas aliadas,
também nas baionetas brasileiras cintila e as dobras de nossa Bandeira
inunda da luz do triunfo.
Honra, portanto, e louvores merecem da Pátria os chefes, oficiais,
graduados e praças da campanha da Itália. O Exército se alinha
jubiloso
em continência a seus bravos camaradas de Monte Prp.no,
Bargano, Mon-
•te Castelo, La Serra, Castel movo,
Mvntese, Epcca, Panara", Céllechio,
Fornovo de Taro e Bania, orgulhoso de seus feitos
que tanto lhe enrique-
ceram os fastós.
•_ Por toda a vastidão de nossa terra ecoam
as claridadés festivas dos
triunfo» da F. E. B. e todos os corações brasileiros
pulsam de emoção
e saudade por seus soldados'heróicos. Mas, acima de todos,
perdura i-mor-
. >'

CIÊNCIA POLÍTICA 73

redoura ua lembrança e na gratidão de nossa gente a memória daqueles


•que com o Brasil no coração, transfigurados pela bravura, conquistaram
com sacrifício da, vida a vitória e a própria vida da Pátria. !
Honra e hosanas do Exército á F\ E. B., que tão alto e tão long
plantou vitoriosa a Bandeira da Pátria-"

TROCA 1)K TELEGRAMAS

O General Eurico Gaspar Dutra, Ministro da Guerra, recebeu do Go-


neral Hayes Kroner, Adido Militar da Embaixada Americana nesta Ca-
pitai, o seguinte telegrama :
. "Queira V- Excia. aceitar minhas efusivas congratulações motivo
nossa vitória mútua, para a qual tanto auxiliaram as ilustres tropas sol*
o seu comando. O sangue brasileiro derramado no campo da luta, será
lembrado numa historiada qual os brasileiros poderão orgulhar-se. Espe-
remos que essa vitória constitua o primeiro passo paru a obtenção de uma ;
paz duradoura para todos os povos livres. Sua previsão e sua excelente
direção da V. E. B. esse conflito, tornam-se orgulhosos de ter V. Excia.,
como um amigo pessoal. Queira aceitar meus sinceros cumprimentos:.''
Em resposta ao telegrama acima o Ministro Enrico Dutra endereçou
ao General iHayes Kroner o seguinte telegrama» :
'¦Sua
querida e amiga mensagem de congratulações pelo final glo-
rios-a da "guerra encheu-nos da justifiçada alegria. Unidos pelos laços do
sangue e do sacrifício na guerra, rogo a Deus a mesma fraterna união
das nossas Pátrias na conquista de uma paz etérill. Abraço-o afetuo-
1.,
>Q%1'

O.FIM DA LUTA NA ITÁLIA Anunciando o término da campanix


•na Itália e a conseqüente vitória das
armas aliadas, entre as quais se conta a Força Expedicionária Brasileira
sob seu comando, o General Mascarenhas de Morais dirigiu, ao Presiden-
ie Getúlio Vargas o seguinte telegrama: — "Dr. Getúlio Vargas — Pala-
cio Rio Negro. — Coin o encerramento, no dia 2 elo corrente, da campa-
'nha no teatro
das operações da Itália, com a- fulminante e integrai vitória
cias armas aliadas, em cujo âmbito as forças brasileiras tiveram desem-
penho à altura da confiança que lhes foi outorgada pela Nação, sinto-me -m
orgulhoso de tê-las comandado em tão transcendentais circunstâncias.
.umprida a nossa árdua missão, estamos liberados para regressar à Pá-
tria com a consciência tranqüila por tê-la bem servido, atraindo para seu
nome glorioso a estima e o respeito dos povos que amam a liberdade.
V^ng^atido-nie com Vossa Excelência, Chefe da Nação Brasileira, por
nos ter proporcionado o excepcional ensejo de revelar ao mundo civilizado
& determinação de nossos soldados, em cumprir os sagrados compromissos
de sua Pátria- (a.) General Mascarenhas de Morais/'
74 CIÊNCIA POLÍTICA

Respondendo ao telegrama que lhe foi enviado pelo General Masca--


renhas de Morais, o Presidente Vargas assim se dirigiu ao ilustre coman-
dante da Força Expedicionária Brasileira na Itália :
"General Mascarenhas de Morais. —
Quartel General da Força Ex-
BKWSSíV
pedicionária — Nápoles — Itália: iRecebi sua'comunicação sob o fim
das operações militares da Força Expedicionária -Brasileira que, sob o
seu eficiente comando tanto se destacou junto aos gloriosos Exércitos
aliados. Como Chefe do Governo e como brasileiro sinto-me orgulhoso
pelos feitos dos nossos bravos expedicionários. O povo brasileiro, sempre
acompanhou com grande carinho e entusiasmo cívico a gloriosa atuação
dos nossos soldados e almejando seu breve regresso irá acolhê-los com
inequívocas demonstuaições de júbilo e exaltação patriótica, incorporando
definitivamente os nomes dos nossos heróis às legítimas glórias da
pá-
tria. Envio-lhe as minhas congratulações tornando-as extensivas a todos
os seus dignos e bravos comandados, (a.) Getúlio Vargas."

GLORIOSO FEITO DA F.E.B. O General Mascarenhas de Morais,'


Comandante-Chefe da Força Expe-
dicionária Brasileira, em operações de guerra na Itália, em vá-rios tele-
gramas, que abaixo publicamos, enviados ao General Eurico Gaspar Dur
tra, Ministro, da Guerra, explicou, detalhadamente, o glorioso feito de
nossas armas, que culminou com a prisão de uma divisão alemã inteira,
num total de 19 mil homens :
"Em continuação operações
direção Collecdiio — Fernavo ditare,
nossa tropa depois de várias horas de combate conseguiu rendição famo-
sa cento e quarenta e oito Divisão Alemã e restos divisão Itália e noven-
ta- Divisão Infantaria panzer granadier. Nossa presa de guerra consta
de mais de seis mil prisioneiros, 4 mil cavalos,, mil viaturas automóveis e
grande cópia de. material bélico. Entre os prisioneiros grande número
de oficiais de todos os postos, inclusive General Divisão Mario Carloni,
^ comandante Divisão Bersaglieri "Itália" e todo seu Estado-Maior já
apresentados e Ma. OT-Genenal Oto Freser Pico, comandante 48a Divisão
e seu Estado-Maior que se devem apresentar hoje, dia trinta. Informo
ainda vossência, prossegue apresentação prisioneiros e entrega material.
Enviarei depois maiores detalhes. Comando Americano regozija-se entu-
" -
siàsticamente nosso sucesso," ¦
"Em aditamento meu rádio 142,
hoje, retransmito, vossência entu-
siásticas expressões General Truscott, comandante 5.° Exército, em tele-
grama ontem datado: "General Mascarenhas Morais — Acabo ter conhe-
cimento sua grande vitória, com rendição da 148° Divisão. Peço aceitar
minhas mais calorosas felicitações, não só meu nome, como todo Exército
e minha Pátria. Seus valorosos soldados cobriram-se hoje
glórias e sei
que seu povo no Brasil, está justamente orgulhoso deles. Meus cumpri-
¦'•.' "¦
¦

A ¦ AA.-AA v.'.:-'
' '"
' ' ''¦

CIÊNCIA POLÍTICA 75

mentos a todos. Sinceramente teu. General Truscott Júnior, Comandante


5.°. Exército.''
"Aditamento meu rádio 142, hoje, retransmito vossência calorosas
Grittemherger, comandante 4.° Corpo, em telegrama
palavras General"General
ontem datado: Mascarenhas de Morais — Belo feito F.E..B.
Todo Quartel General A.n Corpo junta-se a mim nas congratulações seu
grande sucesso• Major-General Grittemherger."
"Nosso Serviço Saúde, cuja capacidade técnica
profissional, espírito
abnegação e. despreendimento, diante perigo teem sido comprovados desde
início operação em todos seus escalões, acaba dar nova prova eficiência e
interesses evacuando e aplicando primeiros socorros grande número feri-
dos alemães pertencentes 148 Divisão e restos Divisão Bersaglieri "ítá-
lia'' e Novepta Panzer Granadier, renderam-se incondicionalmnte tropa
brasileira."
O listado Maior do Exercito, recebeu do General Mascarenhas de
Morais, Comandante da 1.* D.f.E. en: operações de Guerra na Itália, o
seguinte telegrama :
"Congratulo-me. com a segura e brilhante orientação com
que o Es-
tado Maior da F.E.B. vem conduzindo as nossas operações, desde início
da campanha, culminada a ação ofensiva iniciada a quatorze de abril e
conseqüentemente rendição incondicional da famosa 148 Divisão Alemã
e os restos da Divisão Bersaglieri "Itália1' e 9-0 Divisão Panzer Grana-
dier, capturando Major-General Otto Fretter-Pico. alemão e o General de
Divisão Mario Carloni. italiano, seus Estados Maiores e mais oitocentos
oficiais, num total de dezenove mil prisioneiros na mesma ofensiva."'
"Continuando minhas informações sobre' nossas brilhantes vitórias,
•informo Vossência capturamos inicialmente combates Colecchio, Fernovo,
Di Tare,, .três mil é cem prisioneiros., posteriormente» após ato rendição
incondicional inimigo, aprisionado* 2 generais, oitocentos e vinte oficiais
e. doze mil e oitocentos praças. Total prisioneiros, capturados nossas ofen-
sivas desencadeadas desde 14 de abri!, com captura cidade Montese, atinge
dezenove mil prisioneiros. Prosseguimos perseguição inimigo em diver-.
sas direções e em face natureza operações está, desde dia 30 de abril, nfossa
Divisão desdobrada temporariamente três agrupamentos táticos, coman-
•dados Generais Zenóbio, Cordeiro* e Falcouieri. Estados moral e físico
tropa excelentes, apes-ar contarmos já percurso mais de duzentos e oiten-
ta quilômetros após inicio operações ofensivas. Oportunamente informa-
rei sobre material apreendido. Com encerramento esta ofensiva, congra-
tulo-me Vossência nossos últimos sucessos que se refletem todo Exercito
Nacional."' ;
. "E' de justiça informar, Vossência brava e eficiente colaboração
'Generais Zenóbio e Cordeiro, nossas operações ofensivas. Pela sua ener •
gia. denodo e capacidade profissional teem estes distintos camaradas dado
•melhor seu esforço e conduta operações, fazendo assistência
pessoal fases
mais agudas combate. Flexibilidade nossa tropa diante rapidez persegui-
-.ção aperfeiçoa-se cada vez mais pela organização dada e orientação Ge-
¦ ..-•»

'. ' ' ''¦:


;(:'-J •
.' . ,' . . : .

•\f!* ¦•

76 CIÊNCIA POLÍTICA
. A ¦:

¦¦>;¦¦

i
neral Cordeiro suas unidades artilharia sentido desdobrá-las/ em ór°aí>
combate e órgão transporte infantaria que atingiu máximo mobilidade.
Aponto-os como notáveis íatores sucesso na nossa destemida ofen-
siva/'
\ ¦¦ <

: "Com primeiras notícias rendição incondicional tropa


alemã e mes-
mo antes conhecimento exato número total prisioneiros, Genenal Mark
Clark passou-me seguinte telegrama tenho prazer transmitir Vossência:
"Minhas mais calorosas felicitações
pela brilhante ação que capturou a
148" Divisão Infantaria Alemã. A prisão de seis mil oficiais e
praças;
mil veículos de todos os tipos e quatro mil cavalos evidencia o espírito
combativo da F.E.B. Este fato constitui tun ótimo climiax da esplêndida.
contribuição que sua organização vem dando para-o nosso sucesso na
'
Itália." "
i i

Esse glorioso feito das armas brasileiras foi comunicado ao Presi-


dente da República pelo General Mascarenhas de Morais, no telegrama
que a seguir transcrevemos, o qual mereceu do Chefe do Governo exprés-
si vas congratulações :
'.'Nápoles —
Congratulo-me com V. Excia. e com a Nação
brilhantes vitórias alcançadas em nossas operações ofensivas e pelas
balizadas
durante os combatas de Moirtese, Zocca, Marano Depanaro, .Collechi
e
Fornovo Ditaro e a conseqüente rendição incondicional da
famosa cento
quarenta oito divisão alemã e os restos da divisão de "bersaglieri" ria
Itália e noventa divisão Panzer Granadier, tendo sido capturados,
até
agora, dezenove .jnil prisioneiros, inclusive o Major-General
Otto Freter
Pico, alemão, eo General de Divisão Mario Carloni,
italiano, seus esta-
dos maiores e mais de oitocentos oficiais- O, sucesso
da nossa atuação
na presente campanha tem merecido as maiores exaltações
no Alto Co-
mando Americano e constitui o reflexo soberbo do
valor do povo brasi-
Ieiro que soube revidar com energia a afronta
recebida em suas próprias
águas. (ar) General Mascarenhas d^ Morais."
¦-.'••'• •
/'¦¦'¦'¦-

AS CONGRATULAÇÕES DO OHBFE DO GOVERNO


-: ' " : " ¦; ~rrr -
. ;-,; . - ( - : >
, O Presidente Getúlio Vargas em resposta endereçou ao General Mas-
carenhas de Morais a seguinte mensagem :
"Rio —
Com vivo entusiasmo felicito-o e aos bravos oficiais e solda-
dos da nossa Força Expedicionária pelos brilhantes feitos
que me narra
no seu telegrama, do dia 2. A ação dos'nossos homens, segura, discipli-
nada e heróica está sendo acompanhada no Brasil com legítimo
e, como-
vido orgulho e entre os nossos.aliados com respeito e admiração
do que-
dao .testemunho os comentários estrangeiros divulgados
pela imprensa,
(a.) Getúlio Vargas." 4
(,
'¦¦:'.'¦..
....

CIÊNCIA POLÍTICA 77

A RENDIÇÃO DA ALEMANHA () povo carioca viveu momentos in-


descritíveis de intensa vibração cívica
e deu vazão ao seu entusiasmo, por muito tempo reprimido, ao ter conhe-
cimento da sensacional notícia da rendição incondicional da Alemanha.
Isso representava o fim da guerra na Europa, a qual nos dizia mais dire-
tamente respeito por ali termos nossos soldados queridos e mesmo porque
com o término da luta naquela parte da terra estaríamos em condições de
fazer frente a sérias dificuldades relacionadas com o transporte de cabo-
tagem e, portanto, melhorar as comunicações do norte com o sul do país.
íMas não foi por isso que o povo carioca saiu para as ruas a dar ex-
pansão ao seu contentamento. *Foi, antes de tudo, por saber estar defini-
tivamerite eliminado da face da terra essa praga daninha que se chamou
> nazismo, o regime de maior prepotência que já conheceu a história.
A alegria que inundou todas as almas foi'como que um banho lustrai
de otimismo a mostrar os ridentes dias do futuro, em que os homens hão
de ter uma vida mais humana e justa.
Na improvização das passeadas, que íüesse 7 de maio se fizeram, em
homenagem às Nações Unidas e, em especial, à iFôrça Expedicionária
Brasileira, uma se revestiu de grande significado. Foi aquela que, es-
pontâneamente organizada, se dirigiu ao Palácio Presidencial para saudar
o Chdfe do Governo, pela vitória das nossas armas, já que fora êle quem,
auscultando.os sentimentos unânimes do povo brasileiro, não teve dúvida,
indo ao encontro dessas justas aspirações, de declarar guerra aos países
nazi-fascistas.
Foi uma justa manifestação, porque ao Presidente da República se
deve esse magnífico panorama que o Brasil desifruta no conceito inter-
nacional.
O povo não esqueceu o seu Chefe amigo, o mais liberal de todos os
Presidentes que já teve o Brasil, em|bora seu governo se revista de auto-
ridade, mas autoridade que em casos de transcendental importância, como
na guerra, está apta a tomar atitudes másculas, sem que se caia no his~
terismo prejudicial da verborragia calamitosa.
•Getúlio Vargas mereceu ess'a homenagem do
povo carioca, o que vale
dizer do povo brasileiro- A Vitória das Nações Unidas tem uma parcela
de seu gênio administrativo.

MENSAGEM DO PRESIDENTE TRUMAN

O Presidente Truman enviou a seguinte mensagem de congratulações


ao Presidente Getúlio Vargas, pelo papel desempenhado pelas forças brasi-
leiras ao tornar possível a vitória na Europa :
"Na sua
profunda satisfação com a rendição incondicional das hor-
das nazi-fascistas, o povo norte-americano não esquece a valorosa e efe-
tiva contribuição que as forças armadas do Brasil, operando com forças
americanas na Itália, deram à vitória aliada sobre o inimigo comum na-
queíe teatro vital de guerra.
78 CIÊNCIA POLÍTICA

As forças armadas dos Estados Unidos se orgulham da sita asso


ciação com os seus camaradas de armas brasileiros nesta histórica e vito-
ri os a campanha. "

JORGE VI A EISENsHOWER

A gratidão do povo britânico pela "completa e esmagadora vitoria"


sobre a Alemanha, foi expressada pelo Rei George VI numa mensagem
enviada ao General Eisenhower-
:"iH.á onze meses, chefiastes as. forças expedicionárias
aliadas através
do Canal da Mancha, levando convôseo as esperançai e as orações de mi-
lhòes de homens e mulheres de muitas nações.
"A essa força foi confiada a tarefe de aniquilar
os exércitos ale-
mães no Oeste da Europa, assim libertando os povos que haviam escra-
vizado. ¦ i ¦
- "Todo o mundo sabe agora
que., após terríveis e contínuos combates,
esta força realizou sua missão com uma decisão nunca atingida por outra
força expedicionária na história,
"Em nome de todos meus
povos, peço a vós, seu comandante supremo
que digais a vossos soldados quão profundamente lhes estamos agrade-
cidos e quão ilimitada é nossa admiração pela coragem, e decisão com
que, sol) vossa hábil liderança, realizaram sua tarefa de completa e esma-
gadora vitória.
"Peco-vos, também, transmitais
uma mensagem especial.de congratn-
tóções as minhas própria^ forças, agora, sob vosso coroando.. Durante tpda
a campanha tiveram uma atuação, em todos os serviços, valorosos e dis-
tinta-, pelo qual .seus concidadãos os honrarão eternamente."

ALEMANHA DERROTADA Todo aquele que vivesse na Europa, como


quem escreve estas linhas,, nos fins de
1933., quando se verificou a subida de Hitler ao
poder, não teria dúvida
eiri atirmar de que a guerra estava
por pouco. .Aliás isso era voz cor-
rente, entre todas a-s camadas sociais, e somente, talvez,
no seio da alta
diplomacia internacional não era essa verdade compreendida
na sua ver-
dadeira amplitude.
Ante as perseguições aos judeus, desde logo iniciadas,
para poderem
os nazistas obter o dinheiro com
que iriam incrementar a produção de
guerra em massa, ante o expurgo hediondo imediatamente
posto em prá-
tica entre as fileiras do exército, durante o
qual rolaram por terra os
corpos daqueles que nunca poderiam
pactuar com aquela aloatéia de tara-
dos, ante as arrogantes e histéricas afirmações do louco
de Munich, qne
liavi^vergonhosamente traído o velho Marechal Hindenburgo.
enfuu.
ante esses e muitos outros acontecimentos
que se verificaram-, ninguém
CIÊNCIA POLÍTICA 79
¦M.

de bom senso poderia acreditar nos fingidos propósitos de paz que, então,
a Alemanha reafirmava aos quatro ventos.
A politica do espaço vital foi um argumento de grande importância
para os políticos arrivistas da orgulhosa Alemanha e seu povo, sedento
de vingança, alimentou esses paranóicos nos seus desejos de conquista do
mando, dando-lhe os meios de que necessitavam para levar avante sua
denegrada política de guerra.
A guerra viria, todos afirmavam isso, naqueles tempos de 1933. Sò-
mente as grandes potências não queriam ver a precipitação dos aconteci-
mentos. A Inglaterra, pela primeira vez, mostra-se fraca e Chamberlain,
com seu guarda-chuva impenitente, desde do alto de seu pedestal e vai a
Alemanha coníerenciar com Hitler. Estabelecem normas, que indicavam
ter sido conjurado o perigo da guerra. iHitler, porém, seguindo a política
prussiana de que os tratados são pedaços de papel, continuou a fomentar
.a discórdia intermacional e surge a questão da Áustria e a invasão da Che-
coslováquia. O rriundo pasma ante tamanha arrogância e Hitler, sorridente,
vai caminhando, de vitória em vitória, abocanhando pequenos países indefe-
sos. Quer fazer o mesmo com a Polônia, país de tradições guerreiras, cujo
espírito, acostumado ao sacrifício, através de gigantescas lutas em defesa
de sua liberdade tantas vezes espezinhada, reage firmemente ante a agres-
são inopinada da Wermatch. Só então as potências ocidentais caem em
si e verificam não mais ser possível contemporizar com um país gover-
nado por loucos varridos. A guerra é desencadeada contra a Alemanha
e esta poderosamente armada, vence, um após outro, quase todos os
países da Europa ocidental, inclusive a França- A Inglaterra, como a
trança, que não estavalm preparadas para essa gigantsca luta, — coisa
incompreensível já que não havia dúvida de que a guerra era imíinence
— vê-se seriamente ameaçada com a invasão de seu território. Reage à
altura de suas tradições gloriosas e Hitler sofre, no ar, a sua primeira
derrota. Com o caminhar dos tempos e com a entrada na guerra dos
Estados Unidos e da Rússia, ao lado dos aliados, e da Itália ao lado
da Alemanha, a luta toma uma outra 'feição e já é possível prognosticar
a derrota futura da Alemanha, muito embora as operações se tenham es-
tendido ao Pacífico, em virtude da covarde agressão japonesa a Pearl
Harbor.
A Alemanha avança perigosamente para o oeste e chega às portas
de Stalingrado. Mas aqui, embora íHitler tivesse profetizado sua rápida
conquista e que falaria ao mundo do alto do Kremilim, a sorte da Alemã-
nha é selada com fraçrorosa derrota. Passam os exércitos alemães a
recuar, a recuar sempre para o covil de fera de seu chefe, que não mais
dança nem ri e mesmo sua palavra deixa de ser ouvida pelo povo alemão,
que se acostumara a apreciar seus gritos de alienado. *
Conquistado o Norte da África, invadida a Itália e 'finalmente a
França, os exércitos aliados começam a apertar o círculo de ferro e fogo
sôbre a Alemanha propriamente dita.
Por sua parte, o Brasil, solidário com os Estados Unidos, por motivo
I
80 CIÊNCIA POLÍTICA

da agressão de que fora vitima por parte do Japão e em, conseqüência, dos
compromissos assumidas em memoráveis conferências internacionais,
manda a sua 'Força Expedicionária lutar nos campos de batalha da Eu-
ropa, onde se encheu de glória e ajudou as Nações Unidas a ganhar a
vitória.
Hitler e sua caterva cie apaniguados vão sendo aos poucos acuados
para seus covis e o cerco cada; vez se torna mais forte e impossível de
romper. A Alemanha nazista náo tem mais o que escolher. Só lhe regia
a rendição incondicional; Os aliados, desta vez, não aceitarão o armis-
tíeio, como o que se verificou em 11 de novembro de 1918. A rendição
incondicional é a única coisa que temi para oferecer a Hitler. Este, po-
rém, quando as tropas russas estavam na iminência de tomar Berlim, por
cálculo ou por medo., não quis pedir a rendição e, ou se suicidou, — nin-
guém acredita que tenha morrido lutando no edifício da Chancelaria do
Reich — ou fugiu [vara lugar ignorado, dando assim oportunidade que
uni seu delegado, o Almirante Doenitz aceitasse a rendição incondicional-
Esse acontecimento, anunciado na manhã do dia 7, constituiu a. no-
ticia mais sensacional dos últimos tempos. O pova de todo o immclo vi-
brou de entusiasmo e alegria, sendo realizadas as maiores manifestações
já vistas até o presente. - - .'
A arrogante Alemanha havia baqueado ante o poderio d'as armas
aliadas e surgira no horizonte o anjo branco da paz a acenar aos homens
a vinda de uma nova era de rendenção, de amor e de bem-estar.
Sejamos dignos dessa paz- Saibamos compreender as necessidades
dos povos infelicitados pela mais cruenta guerra de todos os tempos
E aqueles que choram a morte de seus ente^ queridos terão o conforto de
Deus. porque Jesus disse: "Bem-aventurados os que choram, porque serio
consolados'",
M.C. .

,. ORDEM DO DIA DA VITÓRIA Antes do colapso final da Alemanha


na Europa, o qufe se verificou no
dia 7 de maio de 1945, e logo após a rendição total na Itália, o General
Mascare» has de Morais, Comandante-Cheíe da
gloriosa Força Expe-<
diciònária Brasileira, baixou a seguinte e expressiva "Ordem do Dia"
ü seus comandados :
— "A ordem de cessar fogo'' acaba de ser dada
a todas as tropas
que combatem ira Itália.
Glória a Deus nas. Alturas e Paz na Terra aos Homens de Boa
Vontade,
Depois de quase seis anos de pesadas lutas que ensangüentaram
todos os quadra-ntes da Europa e fizeram profundas cicatrizes em seu
progresso, a Civilização volta a reviver em paz nos campos e cidades,
y que ainda ontem estremeciam sob a explosão das granadas e tingiam-se
r-- —•¦—¦-
CIÊNCIA POLÍTICA 81

do sangue dos bravo, qüe deram a vida em nome de uni ideal


e pelo adven-
to de um mundo melhor.
. O conflito que arrasou nações fortes e fracas,
grandes e pequenas.
ricas e pobres, chegou fi seu término neste teatro
de óperáéões e está
prestes a encerrar-se em toda a Europa-
•m. Ontem eram milhões que tinham as mãos sôbre
%
armas mortíferas
-o espirito insensível ao sofrimento,
o coração fechado às emoções e o'
pensamento fixo ua vitória da causa comum.
Hoje, é quase toda a Humanidade
qüe' se ajoelha cõntfita. com o
espirito reammado pela esperança. 0 coração revivido
pela Fé e o pen-
samento voltado para a reconstrução do mundo e
o tem da coletividade
Quis o Destino que-, entre as armas vitoriosas neste intente
se e-nsanlhain, estivessem as no-bras armas brasileiras, que
lançadas nesta
grande ronllagraçâo mundial em defesa, não somente' da .honra
e da
dignidade nacionais, como também em nome da solidariedade
•e pelo restabelecimento da humana
confiança e do respeito entre a- Naçõe^'
quaisqirer que sejam as suas base,, os seus coloridos, a sua força
e a Vi
estrutura política e econômica,
A Força Expedicionária que representou o -Brasil nesta
sanguino-
lenta guerra cumpriu galhardamente a missão
que lhe foi confiada* uu-r-
ee de seu valor e a despeito das condições e circunstâncias
adversa*
Num terreno montanhoso, a cujos píncaros o homem chega
"veiocom dificui-
dades. num inverno rigoroso que a totalidade da
tropa enfrentar
pela p-nmeira vez-, e contra um inimigo audacioso, cnmhativo
e muito
bem instruído — podemos dizer
que. assim mesmo e pôr isso mesmo os
¦ nossos bravos soldados uão
desmereceram à confiança
taram seus Chefes e a própria Nação brasileira. que neles depo-sí-
Após oito meses de lutas em
que, como todos os exércitos, ^iremos
pesados revezes eobti vemos brilhantes vitórias, o balanço dé uns e ou-
iras é ainda favorável às nossas ârmás. .Desde o
dia 16 de setembro de
.1^4. quando .á nossa tropa recebeu o batismo de fogo em terras
"fM-Í.JS." euro-
peias a percorreu, conquistando ao inimigo palmo a palmo.
-c»rea- de
quatrocentos (piilômetros. desde I.ucca até Aiessaiufria. pelos
vales dos rios Serchio. Reno e Panara,
pela planície do "duas Pó; — libertou
quase meia centena de vila, e cidades; sofreu, mais de vezes, mij
baixas entre mortos, feridos e desaparecidos —
fêz o considerável nú-
mero de nrai.s de vinte mil
prisioneiros inimigos, vencendo pelas armas
e impondo a rendição incondicional a duas divisões
inimigas.
li' tira registo deveras honroso e de vulto
para uma Divisão de la-
xantarta. CJni dia se reconhecerá que seu esforço foi superior ás suas
possibilidades materiais, porém, plenamente consentâneo com a noção
¦dever -e de amor à responsabilidade de
revelados pelos nossos homens, em
-todos os degraus e escalões cie
hierarquia, e em todas as crises e circtms-
tancias da campanha
que neste instante acabamos de encerrar.
Regressaremos com feridas ainda sangrando dos últimos
encon-.
tros, mas nuaca_
pej.a nossa atuaç.-(a 0 prestjo-i0 e 0 nome do Brasil peH-

u
?V??!f k "fr^Ha.1.
82 CIÊNCIA POLÍTICA

ditaram ou íoram comprometidos- E' bem verdade e vale a pena afir-s


mar que foi tem alto o preço que pagamos por esse resultado. O sangue
de nossos bravos camaradas tingiu de vermelho essas belas e verde-es-
curas montanhas dos Apeninos, e algumas centenas de nossos compa-
nheirocs já não retornarão a Pátria conosco, porque dormem o sono
eterno sob as terras úmidas e as verdejantes planícies da Toscana.
Não foram muitos os meses que aqui pasamlos: — muitos foram,
entretanto, os triunfos que incorporamos ao nosso rico patrimônio, e às
nossas belas tradições militares: — Caniari, Monte Prano, e Bargano,.
no vale do rio Serchio; — Monte Castelo, Bela Vista, La Serra, Castel
Nuovo, no vale do rio Reno;. — Montese, Zocca, Maramo de Panaro.,
Ia
no vaie do rio Panaro; — Coílecchio e Fornovo de Taro, na rica pia-
nicie do Pó. •
¦;.{; Esses nomes inscrever-se-ão, por certo, entre aqueles que recebem
o culto das gerações patrícias, porque na Itália, como nos. campos de
batalha sul-americanos,. o Exército brasileiro mostrou-se digno de-seu
passado e. à altura do conceito que seus cheifes e soldados de outrora
firmaram com sangue, e selaram com o sangue das seus legítimos e
sempre venerados Heróis.
Oficiais e. Praças da Força Expedicionária Brasileira !
Sinto-me justamente orgulhoso de vos ter comandado nesta niemo-
rávéj campanha.
Considero a presente oportunidade . como o maior e o melhor prê-,
mio que poderia receber pelos meus quarenta e seis anos de efetivo ser-
viço ao Exército e ao Brasil.
Vós também ppdereis estar orgulhosos por terdes cumprido digna-.
mente o vosso dever e concorrido brilhantemiente para que à nossa Fá-
tria fosse reservado um lugar de relevo entre as Nações que velarão
pela paz vindoura e pela futura reconstrução do mundo.
¦¦•V..;.
Coní orgulho e sem jactância, com uma confiança sem exageros,,
retornemos aos nossos lares, aos nossos quartéis e aos nossos postos de
'* ¦
trabalho.. , - .
Prosseguiremos em nossa faina sagrada de fazer um Brasil forte
e respieitado, num mundo livre e feliz."

'¦ '
¦ ¦'¦* ... v

O PBESIDENTE E OS GPERAEIOS Como nos anos anteriores, o-


Presidente da República falou
aos operários brasileiros, no dia 1.° de maio. O memorável discurso que
pronunciou por essa ocasião teve, em todo o país, a maior (repercussão,
pelos conceitos altamente patrióticos nele expendádos. A propósito, o
brilhante matutino "A Manhã" publicou o seguinte comentário que, data
' vênia, aqui transcrevemos :
- "Ficou-patente, mais uma vez, que existe mútua e perfeita com-
preensão entre o Presidente Vargas e o proletariado brasileiro-
.

CIÊNCIA POLÍTICA 83

A concentração operária realizada no estádio do Vasco da Gama é a


melhor prova disso.
Mais de 50.000 trabalhadores encheram a
grande praça de esportes
para ouvir o Chefe do Governo, e o que êste disse correspondeu inteira-
mente aos sentimentos e à vontade desse formidável auditório.
• Raramente se terá ouvido um discurso
que despertasse tanto entusias-
mo como o que pronunciou o primeiro magistrado da Nação na tarde
de
1.° de maio. A enorme massa popular
que se comprimiu no estádio se-
guiu atentamente, o pensamento do Sr. Getúlio Vargas e aclamou-o,
do ele traçou os rumos da política social executada em seu quan-
çovêrno
desde 1930- •
A mesma vibração encheu os ares, quando o orador anunciou
as
novas medidas que pretende tomar no
quadro da política trabalhista e
quando assegurou que manteria a ordem, de qualquer maneira, faria
eleições honestas e entregaria o governo a.
quem fosse eleito.
O entusiasmo não diminuiu quando o. Presidente lançou um
de vista para o panorama internacional. Pode-se dizer golpe
que a compreen-
são entre o orador e. o auditório foi perfeita, do
princípio ao fim do
discurso.
O grupo oposicionista, que teceu em torno dessa concentração
de
trabalhadores, as mais disparatadas fantasias, nio
pôde jamais imagina-
que ela conseguiria um êxito tão absoluto, através do
qual se afirma,
de modo cada vez mais vivo, o leal e franco entendimento existente
entre'
o Presidente Getúlio Vargas e o operariado brasileiro.
O estadista da nova democracia brasileira soube sentir os
da massa enquanto que esta entendeu claramente o problemas
pensamento do Chefe
do Governo e alcançou-lhe o alto sentido de benemerência."
-

A QUEDA DE BERLIM Na seqüência dramática dos


de acontecimentos
guerra, que nestes primeiros dias de maio,
trouxeram o mundo suspenso à espera do desfecho final, avulta,
pelo seu
simbólico significado, a queda de Berlim.
A orgulhosa capital da Alemanha nazista, onde Hitler e sua corja
de bandidos imundos praticaram os mais nefandos crimes 'contra a digni-
ú?Ae humana, sempre gozou através da história, que nos é descrita
pelos
alemães, de um halo de superioridade, com relação às demais capitais do
mundo. Tudo quanto de belo ou monumental ali despertasse a atenção
do-viajante curioso, não tinha igual no resto do planeta, segundo o dizer
de qualquer cicerone, oficial ou, não muito nianei-roso,
parecendo ter man-
leiga na voz.
Berlim era, pois, a cidade-orgulho do povo alemão. Para este, a ca-
pitai significava a deificaçao da própria pátria.
Não admira, pois, que os alemães e as suas tropas bem organizadas
se fortificassem dentro dos mufos da cidade
para opor uma das mais
84 CIÊNCIA POUTICA

ferozes resistências de toda esta guerra. Infelizmente, de nada lhes valeu


esse: preparo bélico, nem as. barricadas postas nas ruas para impedir o
avanço das tropas russas, que, vindo desde Stalingrado, de vitória em vitó-
ria, irromperam através das íortiíicações externas da cidade e, após* luta
sangrenta, entraram triun tantes na grande tirbs alemã, quase totalmente
arrasada, sendo a bandeira da vitória, içada no edifício da chancelaria, em
de honra, no di^er do Alnwrante Doem-tz l
cujía defesa, no seu posto seu ^u-
cessar no governo alemão, Hitler entregou a •a.liuia ao diabo.
Berlim caíra e só então o povo alemão pôde compreender quão efê-
meras foram as promessas de Hitler ao lhe prometer o. mundo por cm?-
quista. Mas a queda da orgulhosa Berlim não se reveste daquele sim-
pies característico de uma cidade tomada no decorrer de uma guerra.
Sua conquista transcende no cenário político e social da Alemanha, que se
tornou arogante. desde que o prussianismo começou a impemr comu
casta dominante.. Para o alemão, Berlim era.intangível, porque Hitler
e„.;seus asseclas lhes haviani dito que jamais baquearia diante do inimigo.
Entretanto, tal afirmação foi desmentida pelo desenrolar dos acoitteci-
mentos e assim, o "super-homein'1 alemão, pela primeira vez., e somente*
quando o íim já estava à vista, descreu das próieeias de Hitler, profeta
de fancaria, transforma^ em Deus.
Rui ram todas as grandes promessas do "grande Fuehrer alemão".
Êle havi'a profetizado, eme, nesta guerra, a Alemanha não lutaria em duas
ri O

frentes, mas teve que lutar em três- Logo a.]jós a queda da França, cuja
façanha o fêz dar uns pulinhos cie dança brejeira, êle profetizou que a
Inglaterra seria conquistada, mas o que se verificou foi o contrário, gr;i~
ças aos heróis da R.A. F., dos quais disse Churchill que "nunca tantos
"tão
deveram a poucos". Numa outra profecia, disse ao povo alemão que
falaria ao universo do alto do Krenilhn e não falou. Afirmou que Stalin-
grado seria tomada, mas. ao revés dessa promessa, foi Stalingrado quê
aprisionou e .estrangulou todo um exército alemão.
Disse muitas xèzç* em ,^eus discursos arrogantes que a Alemanha não
conheceria v,m novo 11 de novembro de 1918. De -fato nao conheceu,
Hitler acertou uma das suas profecias. Desta vez nào houve um urnns-
íício leito de potência para potência. Mas conheceu o 7 de maio de 1945,
o dia cia vitória das forças do Bem contra o Mai, cm que a Alemanha
conheceu % mais humilhante rendição incondicional como jamais coube- '
ceii qualquer outra nação em qualquer outra época da História".
A queda de Berlim marcou o início da gigantesca derrocada da Ale*
manha hitlensta, que dias após havia de submeter-se as justas imposições
dos aliados. Sua queda significou para os alemães, mais do que a der-':
roía, nioírou-lhes que os seus desígnios de conquistarem o mundo falha-.
. ram e que, agora, terão, de eles próprios, de ftizer ressurgir das ruínas
um pais mais humano, onde há de imperar a justiça dos vitoriosos.

c i R r o.

'
-¦¦.¦'¦A
nwniPMF-AVMpnp? fW I

SUMARIO

Págs.

Um balanço de quinze anos de


governo - (discurso) - Ge-
túlio Vargas ...... 1
Enrico Gaspar Dutra - Inteligência e ação ao serviço
da
Pátria - Pedro Vergara g
Atividades do Instituto Nacional de Ciência Política
90

Presidencialismo e Democracia na Constituição de 10


de no-
vembro - Dr. ./. Leonel, de Resende Alvim
29
A função do D. A. S. P. no
-,¦.¦¦¦¦¦¦'¦
plano de governo do Presidente
Vargas - Dr. Eduardo Santos Maia
35
O Presidente Vargas, sua obra e as razões da candidatura
do
General Dutra - Dr. Aristòbuh Cabral Costa
39
Brasil, detentor da continuidade
política no Continente Ame-
ricano - Bohdan A. Meleniewski
46
O momento político nacional - Washington Luís de
Campos 59
A capacidade de organização do Sr. Ministro* da Guerra -
Romão Belo 6g-
O Estado Nacional e a Educação Física - Prof. Sebastião
J.
F. Nascimento gg
Notas e Comentários 6q
¦¦'.;, v..i.

',
i«%«\*

' ¦ '['¦
%\v
m

'
:.';yv^'vv.'i:..Y !
'.'¦
j';,V^.i'
"f
.

c
"":'?y!"^*.; ¦.-
-,y.

NCIA POLÍTICA
DIRETOR RESPONSÁVEL — PEDRO VERGARA

RUA MÉXICO, 90 TELEFONE-22-8074


3.° and ar-Sal a 303 RIO DE JANEIRO

COLABORADORES

tvt Paulo Filho Hahnemann Guimarães


Nelson Hungria Paulo Hasslocher
J. Pires do Rio Onofre Muniz Comes de Uma
Menotti Del Picohia
Edmundo Miranda Jordão
Abner Mourão
Richard Lewinsohn
Cofredo da Silva Teles
J. A. Pires e Albuquerque
Viriato Vargas
Danton Jobim
Benjamin Vieira
Alfredo Pessoa
Vargas Neto
La-Fayette Cortes
Pedro Calmon
Adriano Pinto
Artur Si lio Portela
Lima Figueiredo
Álvaro Berford
Henrique Orciuoli
Jorge Abreu '
A. Saboia Lima José de Albuquerque ;/
Carlos Gomes de Oliveira
Souza Doca
Leonel de Rezende Alvlm
Lutero Vargas
Américo Ferreira Lopes
Attilio Vivaqua
Beni Carvalho Ayrton Lobo

Luiz Edmundo lldefonso Màscarenhas da Silva


Hélio Gomes Dioclecio Duarte
Leôncio Corrêa Lúcio Marques de Souza

Cláudio de Souza Renato Travassos


j*."

Goulart de Oliveira Carlosyfvleul


.YVv :
v. $m&; y

vr* •¦ ¦.**«; ^WWMMMM


;•'..; > ri, í!fr 5>?:.-!,*í
M V
YI
* .,*
.«K ,
«,
¦¦0 •
• /¦ í •
§0
'V>
<";! ,«i
Y m-.M : '\>>V$m#*$.

Ü 5
mSffRWÊt
|,:-ri«''' ,

Você também pode gostar