Manual Do Empreendedorismo

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APRESENTAÇÃO

TÍTULO
Empreendedorismo
Manual do Aluno 12º Ano Prezad@ Alun@

AUTOR Este é o teu Manual de Empreendedorismo do 12º ano de escolaridade. Es-


Ministério de Educação de Cabo Verde tás na reta final de uma jornada que começou no 11º ano e agora é o momen-
to em que os teus sonhos e projetos começam a ganhar vida. Este Manual irá
ASSISTÊNCIA TÉCNICA
UNIDO - Nações Unidas para o Desenvolvimento Industrial preparar-te com conhecimentos e habilidades na planificação de pequenas
empresas e irá ajudar-te a identificar oportunidades a nível social, económico
CAPA & DESIGN GRÁFICO e cultural.
Edmilson Brito Rosa

REVISÃO E ADAPTAÇÃO
Concretizar um projeto não é fácil. Para além de tudo o que aprendeste no
Maria dos Reis Monteiro Gomes Manual de Empreendedorismo do 11º ano, é preciso ter conhecimentos técni-
cos e específicos relacionados com a gestão de empresas e o seu enquadra-
COORDENAÇÃO GERAL E TÉCNICA mento fiscal.
Luis Óscar Pino
Anilda Soares
O teu Manual do 12º ano será o teu grande aliado nesta nova jornada como
EDITOR jovem empreendedor(a).
Ministério da Educação Os conteúdos do Manual estão agrupados em três unidades temáticas, no-
meadamente:
IMPRESSÃO E ACABAMENTO:

Este livro respeita as regras do Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa. • Unidade 1. Gestão de Pequena Empresa
• Unidade 2. Educação Fiscal - Impostos
• Unidade 3. Plano Empreendedor

Cada unidade está estruturada em diversos temas e, no final de cada tema,


encontrarás algumas atividades para desenvolveres antes de avançares para
o tema seguinte.

No teu Manual encontrarás também estudos de caso, pensamentos de


grandes personalidades, exemplos de pessoas empreendedoras, e algumas
imagens ilustrativas que servirão como complemento para aprofundares os
conteúdos tratados em cada tema ou unidade.

Deves dedicar-te a cada tema, ouvindo a opinião de pessoas bem-sucedidas


e pondo em prática as sugestões feitas nas diferentes unidades temáticas.
Convém leres outros livros, artigos, leis, regulamentos e outras publicações,
de forma a complementares ou aprofundares as informações obtidas.

©2016.
Ministério da Educação
UNIDADE 1: GESTÃO DE PEQUENA EMPRESA UNIDADE 3: PLANO ENPREENDEDOR

I. INTRODUÇÃO À GESTÃO DE PEQUENA EMPRESA ………………………………………8 I. PLANO EMPRESARIAL OU DE NEGÓCIOS………………………………...........………..54


1. Conceito, Importância, Funções Básicas e Tarefas de Gestão ………………………8 1. Conceito, Importância, Elementos e Objetivos do Plano Empresarial ou
2. Papel do(a) Proprietário(a) de Pequena empresa e …………………………………15 de Negócios…….........................……………………………………………………………….57
Indicadores de Sucesso.
II. NOÇÕES DE MARKETING………………………………...................……………………….69
II. ORGANIZAÇÃO E GESTÃO DE PRODUÇÃO ………………………………………………18 1. Conceito de Marketing………………………………………............................………….69
1. Conceito e Etapas do Processo de Produção……………………………………………18 2. Importância de Marketing……………….........................…………………………….. 70
2. Organização e Dimensionamento de um Processo de Produção…….….…….22 3. Principais elementos de Marketing……………………….....................…………….70
3. Qualidade de produto e Indicadores de desempenho no 4. Atendimento de clientes…………………………………..........................……………..75
Processo de Produção.……...................................................................…….26
4. Higiene e Segurança no Trabalho………………………………………………………………33 III. NOÇÕES DE GESTÃO DE RECURSOS HUMANOS…………………….............……..79
1. Conceito de Gestão dos Recursos Humanos……………..................…………….79
2. Importância de Gestão dos Recursos Humanos…………................……………80
3. Organização para o Dimensionamento, Recrutamento, Seleção,
Organização e Motivação de Recursos Humanos…………………………………….80
4. Igualdade/Não discriminação no Local de Trabalho ou na sociedade….......82

IV. ORGANIZAÇÃO DO PROCESSO PRODUTIVO…….......................……………………..85


1.Dimensionamento do Negócio………………..................……………………………….85
UNIDADE 2: EDUCAÇÃO FISCAL - IMPOSTOS
2.Layout ou Arranjo Físico…………………………………….......................……………… 86
I. IMPOSTOS.......................................................................................................39 3.Processo Operacionais……………………………………......................…………………..87

II. ÉTICA EMPRESARIAL....................................................................................47 V. PLANIFICAÇÃO DOS RESULTADOS FINANCEIROS……………........................………91


1. Demonstração do Resultado Financeiro…………………...…………..........………..91
2. Cálculo do Lucro………………………………….………….........................……………….96
3. Necessidades de Investimento e Financiamento ……………….…........…………97

VI. PROJETOS E FEIRAS ESCOLARES………………………..........................……………….103


1. Projetos Escolares……………………..………………….......................…………………103
2. Feira Escolar……………………..……………………….........................…………………..106

VII. CONTABILIDADE……………………………………………….............................………….109
1. Conceito de Contabilidade……………...............................…………………………109
2. Registo de Transações………………...............................………………………………109
3. Registo de caixa………………...........................…………………………………………..110
4. Custos e Preços………………………..........................…………………………………...114
5. Transações a Pronto e a Crédito……………...................…………………………….122
6. Orçamento……………………............................…………………………………………...123

VIII. RISCOS E SEGUROS …………..........................……………………………………………126


1. Riscos……………………………...............................………………………………………...126
2. Seguros……………………….............................……………………………………………..129

BIBLIOGRAFIA………………………………………...........................……………………………..140
UNIDADE 1 - GESTÃO DE PEQUENA EMPRESA UNIDADE 1 - GESTÃO DE PEQUENA EMPRESA

OBJETIVOS

No final desta unidade o(a) aluno(a) deverá ser capaz de:

1.Explicar o conceito de gestão;


2. Reconhecer a importância da boa gestão;
3. Descrever as funções básicas e tarefas de gestão;
4. Descrever as formas de relação dentro das pequenas empresas: proprietários(as)
e trabalhadores(as);
5. Descrever os indicadores de sucesso de pequena empresa;
6. Aplicar as funções e tarefas de gestão no projeto escolar;
7. Explicar o conceito do processo de produção;
8. Descrever as etapas de um processo de produção específico;
9. Dimensionar processos de produção de pequena empresa e de projeto escolar;
10. Organizar o processo de produção de pequena empresa e do projeto escolar;
11. Descrever os fatores que determinam a qualidade de produto;
12. Descrever os indicadores de desempenho de produção de pequena empresa;
13. Reconhecer a importância da organização, higiene e segurança no trabalho.
UNIDADE 1 - GESTÃO DE PEQUENA EMPRESA UNIDADE 1 - GESTÃO DE PEQUENA EMPRESA

I. INTRODUÇÃO À GESTÃO DE PEQUENA EMPRESA Para que o teu projeto seja próspero e perdure por muitos anos, é preciso que,
para além de uma boa ideia, tenhas a capacidade de competir, de inovar e de
1. CONCEITO, IMPORTÂNCIA, FUNÇÕES BÁSICAS E TAREFAS DE GESTÃO criar. É preciso que sejas um(a) grande gestor(a).

Introdução 1.1. Conceito de gestão

Idealizar e concretizar um projeto ou um plano de negócios não é fácil. Se tens uma Ser gestor(a) significa saber enfrentar os desafios descritos na Introdução e ser
ideia clara e objetiva daquilo que queres, deves fazer as perguntas que se seguem: capaz de mobilizar um grupo de pessoas para trabalhar para o mesmo objetivo.
“Como fazer? Como fazer as coisas acontecerem? Como posso rentabilizar da
melhor maneira a minha ideia?”. Mas pode ser que ainda não tenhas nada defini- Gestão - proveniente do latim gestio, significando “ato de gerir, de
do. Pode ser que ainda não saibas em que projeto queres investir o teu tempo, o administrar”, gestão é uma área de conhecimento que implica a uti-
teu dinheiro e o teu esforço. Pode ser que a tua única certeza é a de quereres ser lização organizada e planeada dos recursos (humanos, financeiros e
um(a) jovem empreendedor(a), faltando-te ainda descobrir qual a tua vocação e/ materiais) existentes para alcançar determinados objetivos. Portanto,
ou paixão. Neste caso, terás de responder às seguintes perguntas “Que fazer? através da gestão faz-se a administração de uma empresa ou negócio,
O que é que me inspira e motiva?”. Muitas vezes dar esse pontapé de saída de forma a potencializar os recursos e atingir os objetivos.
pode ser frustrante, mas não desanimes! Mesmo os(as) empreendedores(as)
mais experientes têm muitas vezes dificuldades em tirar uma ideia brilhante da
cartola ou em concretizá-la! A gestão é considerada uma área de conhecimento multidisciplinar, uma vez
que implica o domínio de várias ciências e métodos, tais como, Contabilidade,
Normalmente, os projetos empreendedores são motivados por alguns fatores: Economia, Direito, Psicologia, Sociologia, etc.

- O sucesso garantido de um produto ou conceito; Gestão = obter sucesso com meios adequados
- A insatisfação dos(as) consumidores(as);
- A escassez de um determinado produto ou serviço.

Todas estas motivações são bastante válidas mas, como tudo, acarretam riscos.
Imagina que decides criar um site de partilha de vídeos. Esse conceito já existe
e o seu sucesso reflete-se no número de usuários do YouTube. Apesar da utili-
dade de um site de partilha de vídeos, o mercado mundial está dominado pelo
YouTube e, provavelmente, não conseguirás ter a rentabilidade suficiente para
manteres o teu projeto. A não ser que apresentes uma versão bastante melhora-
da e inovada daquilo que já existe!
1.2. Importância de gestão
A insatisfação dos(as) consumidores(as) e a escassez de um produto ou serviço
podem motivar-te a melhorar a qualidade dos produtos, a baixar os preços ou
Uma empresa (projeto) só terá sucesso, se for bem gerida. A boa gestão deve
a prestar serviços adicionais. Seja qual for a tua escolha para estar à altura
ser pautada por princípios organizacionais e integrar todos(as) os(as) empre-
dos(as) consumidores(as), a tua ideia pode ser facilmente copiada ou superada
gados(as) na conquista dos objetivos da empresa.
pela concorrência. É, por isso, de extrema importância que tenhas a capacidade
de seres constantemente inovador(a), que procures sempre novas formas de
“Não há ideia, por mais maravilhosa que seja, que resista à má execução.”
surpreender o mercado e o(a) consumidor(a) e que não tenhas medo de arriscar,
Esta frase anónima ajuda a entender a importância da boa gestão para o êxito
apresentando novos produtos ou conceitos.
de qualquer empresa ou projeto.

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UNIDADE 1 - GESTÃO DE PEQUENA EMPRESA UNIDADE 1 - GESTÃO DE PEQUENA EMPRESA

A gestão cobre todas as operações da empresa. Vários(as) empreendedores(as)


ficam anos e anos à procura de uma fórmula adequada para gestão dos seus Da leitura, podes notar que o Pedro é um gestor que procura que o trabalho seja
projectos. feito por todos, respeitando a função de cada um(a). Já o Carlos atua mais como
trabalhador do que como gestor.
Mas será que há? Ou a gestão é um estilo individual de operação? A resposta
para a primeira questão, é não. Mas há muitos estilos de gestão. O(A) bom/boa gestor(a) deve delegar as tarefas e aproveitar as habilidades e
potencialidades de cada empregado(a). O Carlos envolve-se de tal maneira nas
O exemplo que se segue relata dois empreendedores que têm estilos diferentes tarefas dos(as) seus/suas empregados(as) que acaba por atrapalhar e ser in-
de atuação: conveniente. Isto faz com que os(as) empregados(as) não se sintam à vontade
com o seu patrão e com o trabalho, fiquem desmotivados(a), e isso reflete-se
nas vendas.
O Pedro possui uma pequena loja de venda e reparação de televisores plas-
ma. A loja é bastante movimentada, pois há somente três lojas concorrentes
na mesma localidade. A loja do Pedro é a que tem melhor relação entre preço 1.3. Funções básicas e tarefas de gestão
e qualidade, pelo que é a mais popular. O Pedro tem quatro empregados(as)
• Funções básicas de gestão
na reparação, dois no atendimento às avarias e um nas vendas de novos
plasmas. Na qualidade de gestor(a) deverás gastar grande parte do teu tempo desenvol-
vendo as seguintes funções:
O Pedro, geralmente, permanece no escritório da loja em trabalhos adminis-
trativos ou a resolver as queixas dos clientes. Somente, quando necessário,
é que ele se desloca para o balcão para ajudar nas vendas. O Pedro prefere
• Planificar - Envolve definir metas, prever e preparar programas para que as
ficar fora da área de trabalho dos(as) seus/suas empregados(as) e deixá-
tarefas sejam executadas da melhor maneira possivel;
los(as) à vontade.
• Organizar - Refere-se à identificação das atividades que dêvem ser exe-
Os(As) empregados(as) apreciam o estilo do patrão, pois têm a chance de cutadas, agrupando-as em secções/departamentos e delegando-as aos(ás)
trabalhar e tomar decisões, sem uma vigilância constante. Nos últimos dois respetivos(as) trabalhadores(as);
anos, o Pedro não perdeu um(a) único(a) empregado(a). • Liderar - Envolve instruir, coordenar, motivar e guiar os(as) trabalhadores(as),
no que diz respeito aos procedimentos e métodos. Assim sendo, o(a)
Um dos concorrentes do Pedro é o Carlos, possui uma loja de venda e gestor(a) deve liderar através da comunicação aberta, o que implica que a
reparação de televisores plasma no mesmo bairro. A loja do Carlos existe há comunicação deve acontecer nos dois sentidos: do(a) gestor(a) para os(as)
sete anos e foi sempre a maior loja de reparação até à entrada do Pedro no trabalhadores(as) e dos(as) trabalhadores(as) para o(a) gestor(a);
mercado. • Controlar - São ações e medidas realizadas pelo(a) gestor(a) de maneira
a garantir que as atividades sejam executadas, de acordo com o que foi pre-
A estrutura da loja de Carlos é similar à do Pedro, mas a maneira de gestão é viamente planeado.
diferente. Carlos gosta de circular na loja o dia inteiro e de ter tudo sob contro-
lo. Ele gosta de vender os plasmas e orgulha-se de não deixar nenhum cliente
ir-se embora sem comprar alguma coisa. Alguns clientes parecem não gostar Nota: No exercício GERIR, notarás que as empresas, embora reúnam todos
desta forma chata de persuasão e os(as) empregados(as) sentem que ele os os recursos necessários, inicialmente não são capazes de alcançar a meta de
trata como crianças. Os(As) empregados(as) de Carlos, na sua maioria, são produzir lucro por deficiências de planificação, organização, liderança e controlo.
novos(as) pois não duram muito tempo a trabalhar com ele. Alguns/Algumas
foram trabalhar com o Pedro. Os(As) empregados(as) queixam-se de que o Com o andar do tempo, elas serão capazes de melhorar a aplicação destas
Carlos tem hábito de controlar tudo, desde quando a loja era pequena. funções, ao ponto de recuperarem os prejuízos acumulados.
Uma adaptação de S.B Sareen-EDI-Índia

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UNIDADE 1 - GESTÃO DE PEQUENA EMPRESA UNIDADE 1 - GESTÃO DE PEQUENA EMPRESA

• Tarefas de gestão
SAIBA MAIS
Numa pequena empresa, as tarefas de gestão estão divididas em quatro áreas “Gestão deveria ser entendida como as ações aplicadas em três áreas distintas:
principais, a saber: - A primeira está ligada as “pessoas”.
Um gestor Lidera pessoas.
- A segunda está ligada as “coisas”.
Um gestor Gerencia processos.
• Gestão de Produção - Está relacionada com o planeamento e o controlo - A terceira está ligada ao “tempo”.
das atividades de produção; Um gestor Planeja o futuro.
• Gestão de Marketing - Incide no marketing dos produtos, com a finalidade
de satisfazer as necessidades dos clientes, bem como de produzir lucros Dessa maneira fica simples entender que na Gestão das empresas podem existir excelentes
Gerentes e péssimos Líderes e vice-versa. Pode haver excelentes estrategistas e péssimos
para a empresa; Gerentes e vice-versa. Etc.
• Gestão de Recursos Humanos - Refere-se à gestão de todos(as) os(as)
trabalhadores(as) da empresa. Dos fatores que contribuem para o sucesso Um verdadeiro Gestor precisa ter três Habilidades:
de uma empresa, os recursos humanos são os mais importantes, pois são - Liderar pessoas com excelência;
- Gerenciar processos com grande eficácia;
os(as) trabalhadores(as) que têm a responsabilidade de realizar as atividades
- Planejar estratégias com forte visão de futuro.”
da empresa;
• Gestão Financeira - Refere-se às funções que são executadas dentro da Alfredo Martini Júnior
https://pensador.uol.com.br/citacoes_sobre_gestao_empresarial/ (outubro 2016)
empresa, visando garantir a organização, a captação e a utilização eficiente
dos recursos financeiros (fundos).

AGORA EU SEI QUE…

1. A gestão compreende todas as medidas ou ações realizadas dentro da empresa, com o ob-
jetivo de fazer o melhor uso possível dos recursos (humanos, financeiros, materiais e tempo),
visando alcançar os objetivos e as metas.
2. A gestão possui quatro funções básicas que são: planear, organizar, liderar e controlar.
3. A gestão é um desafio grande, mas é atraente. Para lidar com este desafio, as atividades de
gestão estão organizadas em quatro áreas, nomeadamente: Gestão de produção; Gestão de
Marketing; Gestão de Recursos Humanos; Gestão Financeira.

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UNIDADE 1 - GESTÃO DE PEQUENA EMPRESA UNIDADE 1 - GESTÃO DE PEQUENA EMPRESA

2. PAPEL DO(A) PROPRIETÁRIO(A) DE PEQUENA EMPRESA E INDICA-


ATIVIDADES DORES DE SUCESSO

1. Escolhe, assinalando com X, a resposta que te parece mais adequada: Introdução

O principal objetivo da gestão para uma pequena empresa é: Observa que numa pequena empresa o(a) proprietário(a) é quem geralmente
toma a posição de gestor(a).
Verificar e controlar tudo que acontece na empresa;
Usar bem os fundos da empresa para ela não entrar na falência; Lê o texto a seguir:
Usar bem todos os recursos para alcançar os objetivos;
Nenhuma das respostas anteriores.
Um(a) empreendedor(a) deve pôr vários chapéus!
2. Escolhe, assinalando com X, a resposta que te parece mais adequada:
Um(a) empreendedor(a) é um criador independente que executa ações e tem
autoconfiança para planear e alcançar os seus objetivos. O(a) empreende-
O(A) bom(boa) gestor(a) é aquele/aquela que:
dor(a) cresce, usando o seu próprio dinheiro, capacidade e inspiração. Ele/Ela
desenvolve e mantém boas relações com os(as) empregados(as), clientes,
Faz o maior número de vendas e tem a contabilidade em dia;
financiadores(as) e fornecedores(as). O(a) empreendedor(a), basicamente,
Comunica com os(as) empregados(as) e está sempre na loja;
confia em si mesmo(a) antes de iniciar um projeto, mas como não trabalha
É organizado(a) e esquematiza todas as atividades a realizar;
sozinho, depende também dos outros para alcançar os seus objetivos.
Nenhuma das respostas anteriores.

Justifica a tua escolha. 2.1. Papel do(a) proprietário(a) de pequena empresa

Na qualidade de empreendedor(a), terás que desempenhar dez papéis básicos.


Não se trata de seres perito em tudo, mas tens que ter conhecimento geral em
todas áreas e ser perito em muitas.

Os dez papéis básicos de um(a) empreendedor(a)

1. Comunicador(a) - Deves desenvolver a habilidade de comunicar de for-


ma eficaz dentro e fora da empresa e de manter os (as) teus/tuas empre-
gados(as) informados(as).
2. Planificador(a) e tomador(a) de decisões - Deves conhecer as técnicas
de planificação e ser capaz de avaliar opções e tomar decisões corretas.
3. Coordenador(a) - Precisas ter a capacidade de coordenar atividades de
indivíduos ou de grupos.
4. Desenhador(a) Organizacional - Deves ter conhecimento de métodos
para identificares as necessidades dos(as) consumidores(as) e desenhares
uma estrutura de funcionamento da tua empresa para a satisfação dessas
necessidades.
5. Solucionador(a) de problemas - Deves desenvolver a capacidade de
analisar e de solucionar problemas.
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UNIDADE 1 - GESTÃO DE PEQUENA EMPRESA UNIDADE 1 - GESTÃO DE PEQUENA EMPRESA

SAIBA MAIS
6. Instrutor(a) e Conselheiro(a) - Deves desenvolver a atitude de encorajar
e orientar o crescimento dos(as) empregados(as). Deves ajudar os(as) em- “O único capital insubstituível de uma organização é o conhecimento e a habi-
pregados(as) a ultrapassarem os problemas que afetam negativamente o seu lidade do seu pessoal. A produtividade desse capital depende do quão efetiva-
desempenho. mente as pessoas dividem sua competência com aqueles que podem usá-la.”
7. Professor(a) e aprendiz - Deves desenvolver habilidades de liderança e Publicado 3 anos atrás
procurar conhecer formas alternativas de gestão. http://www.administradores.com.br/frases/?page=2 (outubro 2016)

8. Advogado(a) - Deves conhecer o ambiente em que ocorre a negociação, Andrew Carnegie

aceitação e tomada de decisão. Deves também desenvolver a capacidade de


avaliar e melhorar as relações no grupo e entre grupos.
AGORA EU SEI QUE…
9. Inovador(a) - Deves desenvolver formas criativas para o melhor uso dos
recursos humanos, materiais, financeiros e o tempo. Implementar mudança 1.Na gestão de uma pequena empresa, o(a) empreendedor(a) tem dez papéis básicos que
para o melhor. deve desempenhar: Comunicador(a); Planificador(a) e tomador(a) de decisões; Coorde-
10. Modelo - Deves desenvolver um estilo de gestão que influencie o sucesso nador(a); Desenhador(a) organizacional; Solucionador(a) de problemas; Instrutor(a) e con-
selheiro(a); Professor(a) e aprendiz; Inovador(a); Advogado(a); Modelo.
da organização para que os outros apoiem e sigam o teu exemplo.
2.Para saber se a empresa ou organização está a ter sucesso ou não, devo verificar os
seguintes indicadores: aumento do património; aumento de lucros; expansão da empresa;
prestígio e reconhecimento da empresa na sociedade.
2.2. INDICADORES DE SUCESSO DE UMA PEQUENA EMPRESA

Os indicadores são sinais que permitem avaliar e medir se a empresa ou organi- ATIVIDADE
zação está a conseguir alcançar os objetivos traçados.
1. Indica, justificando a tua escolha, qual seria a caraterística que adicionarias à
Tu podes avaliar ou medir o sucesso verificando o seguinte: lista dos dez papéis básicos do(a) empreendedor(a)

Aumento do património - A tua empresa estará a ter sucesso se os bens ou


património estiverem a aumentar. Exemplo: Compras uma máquina para ajudar
a aumentar a produção requerida para satisfazer novas encomendas.

Aumento de lucros - Se os lucros aumentam progressivamente, é sinal de que


a empresa está a ser bem-sucedida.

Expansão da empresa - A empresa expande quando:

• Ganha maior relevância no mercado e/ou se alarga para outras zonas;


• Diversifica os tipos de produtos e serviços;
• Aumenta a capacidade de produção, conservação ou armazenagem;
• Melhora a qualidade dos produtos;
• Aumenta o número de empregados(as).

Prestígio ou reconhecimento - A empresa que tem o respeito e o reconheci-


mento dos clientes, dos(as) fornecedores(as), da comunidade, dos(as) outros(as)
empreendedores(as), das empresas e do Governo é uma empresa de sucesso.

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UNIDADE 1 - GESTÃO DE PEQUENA EMPRESA UNIDADE 1 - GESTÃO DE PEQUENA EMPRESA

II. ORGANIZAÇÃO E GESTÃO DE PRODUÇÃO 1.2. Etapas do processo de produção

Introdução Qualquer atividade de produção envolve os processos de Entrada - Transfor-


mação - Saída. Se ficares bem afastado(a) do edifício de uma fábrica, irás notar
São vários os aparelhos eletrónicos que utilizas todos os dias: microondas, tele- estas etapas. Por exemplo, uma fábrica de automóveis usa os(as) seus /suas
visão, Smartphone, leitor de música, computador, etc. Todos estes aparelhos empregados(as) e instalações para transformar aço, plástico, tecido, pneus e
são constituídos por vários tipos de materiais que, até chegarem ao consumidor, outros materiais em veículos, que finalmente, são vendidos aos(às) consumi-
sofrem várias transformações. Por exemplo, a bateria do teu telemóvel é com- dores(as).
posto por elementos metálicos como o níquel, lítio, cobalto, zinco, cádmio e co-
bre. Primeiramente é preciso extrair e recolher esses elementos e é nas fábricas Vê, a seguir, a representação, na forma de diagrama de fluxo, de um processo
especializadas que são transformados e processados. Só depois de todos estes de produção, ilustrando as principais etapas que o compõem:
processos é que estes elementos são incorporados nas baterias que, por sua,
vez irão integrar os telemóveis inteligentes que todos utilizamos. Diagrama de fluxo de processo de produção

Tudo isto é aquilo a que chamamos de processo de produção. Neste tema,


terás a oportunidade de compreender melhor o que é o conceito do processo RECURSOS
de produção, as suas principais etapas e como se organiza e se determina a PARA SEREM
sua dimensão. TRANSFORMADOS BENS

Igualmente, falaremos da qualidade de produto, dos indicadores de desem-


penho de processo de produção e da higiene e segurança no trabalho.
ENTRADA TRANSFORMAÇÃO SAÍDA
1. CONCEITO E ETAPAS DO PROCESSO DE PRODUÇÃO

1.1. Conceito do processo de produção


RECURSOS SERVIÇOS
A produção é um processo onde as matérias-primas DE
são transformadas em produtos finais, através de pro- TRANSFORMAÇÃO
cessos que podem ser manuais ou mecânicos. Os
processos de transformação estão, normalmente, in-
Adaptado de Slack N, Administração da produção
terligados e coordenados.
O processo de produção é composto por três etapas principais:

Processo de produção - é a sequência de etapas necessárias para a 1ª Etapa: Entrada - Consiste na aquisição da matéria-prima:
transformação das matérias-primas ou dos recursos em produto ou
serviço final. • As matérias-primas são produtos naturais ou semimanufaturados, podendo ter
origem animal, vegetal ou mineral;
• Quanto ao seu estado físico, as matérias-primas podem encontrar-se na forma
sólida, líquida, gasosa, em soluções ou suspensões.

2ª Etapa: Transformação - Consiste na modificação e o processamento dos


materiais adquiridos.

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UNIDADE 1 - GESTÃO DE PEQUENA EMPRESA UNIDADE 1 - GESTÃO DE PEQUENA EMPRESA

3ª Etapa: Saída - é a obtenção do produto final.


AGORA EU SEI QUE…

Vê, a seguir, exemplos de como ocorre o processo de produção em três áreas 1.O processo de produção é a sequência de operações ou etapas, desde a entrada das
de atividades diferentes: Comércio (loja), Indústria (Fábrica de alimentos conge- matérias-primas, a sua transformação, até a saída de produtos acabados (bens).
lados) e Serviços (linhas aéreas). 2. O processo de produção compreende três etapas importantes, nomeadamente, Entrada -
Saída - Transformação.

Exemplo de etapas de processos de produção

ATIVIDADE
SAIBA MAIS

1. Preenche o quadro seguinte com uma atividade de produção, descrevendo,


PROCESSO 1 de forma sucinta, cada etapa de produção:

Atividade:
Entradas Saídas Entrada Transformação Saída
Matéria-prima Resíduos
Água Efluentes
Energia PROCESSO 2 Emissões
Produtos auxiliares Perdas do processo

PRODUTO FINAL

Modelo de fluxograma do processo produtivo de embalagens do segmento de perfumaria

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UNIDADE 1 - GESTÃO DE PEQUENA EMPRESA UNIDADE 1 - GESTÃO DE PEQUENA EMPRESA

2. ORGANIZAÇÃO E DIMENSIONAMENTO DE UM PROCESSO DE PRODUÇÃO No planeamento da localização, deves considerar os seguintes requisitos:

Para responderes à procura do mercado, o teu processo de produção, deverá ter


• Matérias-primas devem estar perto das portas;
o tamanho adequado e estar organizado de uma certa maneira para que possas
• Máquinas e ferramentas devem estar numa área segura para evitar perdas;
produzir a quantidade necessária de produtos num determinado tempo.
• As operações perigosas devem estar sinalizadas e isoladas;
• O gabinete do gerente deve estar colocado num ponto que possibilita ver as
Ao procederes desta forma, estás a dimensionar e a organizar o teu processo
atividades produtivas;
de produção.
• As etapas de produção devem estar localizadas numa sequência contínua.
Por exemplo, etapa 3 depois da etapa 2, e assim sucessivamente;
Para isso, deves decidir sobre três aspetos principais:
• A distância entre as diferentes etapas deve ser a mínima possível;
• Deve haver sinalização de passadeiras, áreas restritas, materiais perigosos,
1º. Escolha da capacidade de produção - Definir a quantidade máxima de
etc.;
produtos que a tua empresa pode produzir num determinado intervalo de tempo.
• O armazém de produtos acabados deve estar no lado oposto da entrada
das matérias-primas.
2º. Escolha da tecnologia (técnicas de produção) - Normalmente, encon-
• Os(As) trabalhadores(as) devem estar instalados(as) em lugares con-
trarás diversas soluções ou opções técnicas para o processo de transformação
fortáveis, arejados e limpos.
das entradas em produtos finais. Podes trabalhar com pessoas, com o auxilio de
ferramentas manuais ou usar equipamentos eletrónicos ou máquinas.

3º. Disposição do espaço / Layout - Depois de escolheres a capacidade de pro-


dução e a tecnologia a utilizar, deves estudar como e onde estarão localizados
cada etapa do processo de produção e qual vai ser a sequência. É necessário
definir o layout (disposição do espaço) e, em geral, a organização de todo o pro-
cesso de produção.
Exemplo de organização de processo de produção (layout) de uma carpintaria:
O layout é uma técnica administrativa relacionada com a organização do espaço
de trabalho, determinando a localização física dos recursos de transformação.

Antes de traçares qualquer plano de layout deves observar e analisar o espaço


disponível. Segue-se a disposição de espaços de trabalho de forma a reduzir ao
máximo os transportes e as movimentações.

Um bom layout permite que os materiais, pessoas e equipamentos cir-


culem ou fluam com facilidade, aumentando a eficiência do processo de
produção, o conforto e a segurança.

Uma das vantagens de fazer um bom layout do espaço de trabalho é determinar


e facilitar a disposição das diferentes áreas de produção. Mas também facilita o
fluxo de materiais, de pessoas (trabalhadores(as), fornecedores(as) e clientes) Vê, a seguir, exemplos das etapas, equipamentos ou métodos utilizados e
e informações, aumenta a eficiência da mão de obra e dos equipamentos, reduz duração de um processo de produção de uma oficina metalúrgica que produz
o risco de acidentes para os(as) trabalhadores(as) e melhora o ambiente de panelas, formas de alumínio, etc.
trabalho.
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UNIDADE 1 - GESTÃO DE PEQUENA EMPRESA UNIDADE 1 - GESTÃO DE PEQUENA EMPRESA

Exemplo de etapas, equipamento ou métodos usados


AGORA EU SEI QUE…

Etapas ou operação Equipamento ou método usado Duração 1. Para dimensionar e organizar o processo de produção, devo proceder da seguinte forma:
Escolher a capacidade máxima de produção da empresa; Escolher a tecnologia (técnicas e equi-
1ª. Demarcação da
Compasso 30 min. por chapa pamentos) que se vai usar na produção; Escolher o layout, ou seja, a localização das diferentes
chapa de alumínio etapas do processo de produção.
2ª. Corte em peças Tesoura elétrica 15 min. por chapa
3ª. Aquecimento das
Fogão a carvão 5 min. por peça
peças
ATIVIDADE
4ª. Arrefecimento ao
Exposição ao ar livre 3 min. por peça
ar livre
5ª. Formação do pro- 1. As imagens que se seguem retratam erros relativamente à organização e ao
duto (panela, forma, Torno repuxador 5 min. por artigo dimensionamento em processo de produção. Identifica esses erros e justifica as
etc.) tuas escolhas.
6ª. Lavagem Manual com petróleo 2 min. por artigo
7ª. Polimento Manual com lixas 2 min. por artigo
8ª. Armazenagem

Com base no exemplo descrito acima, fazendo as contas e considerando oito


horas de trabalho por dia, a capacidade de produção da oficina metalúrgica
pode atingir os 22 artigos por dia. A partir da quantidade diária, poderás determi-
nar a capacidade mensal e anual.

SAIBA MAIS

• Arranjo Físico Posicional (Fixo)


• Arranjo Físico por Processo ou Funcional
• Arranjo Físico por Produto ou Linear
• Arranjo Físico Celular

http://www.producao.ufrgs.br/arquivos/disciplinas/385_layout_processo_trabalho.pdf
(owutubro 2016)

24 25
UNIDADE 1 - GESTÃO DE PEQUENA EMPRESA UNIDADE 1 - GESTÃO DE PEQUENA EMPRESA

3. QUALIDADE DE PRODUTO E INDICADORES DE DESEMPENHO DO compete ao Instituto de Gestão da Qualidade e da Propriedade Intelectual (IGQ-
PROCESSO DE PRODUÇÃO PI). Trata-se de um Instituto Público que prossegue as políticas públicas gover-
namentais dos setores do turismo, da indústria, do desenvolvimento empresarial
Introdução e da propriedade intelectual1.

No teu quotidiano, certamente que já discutiste com os(as) teus/tuas colegas Os padrões de qualidade de cada país são harmonizados com base na Orga-
sobre a qualidade de certos produtos, como as melhores marcas de telemóveis, nização Internacional de Normalização (ISO).
computadores sapatilhas, entre outros. Se realmente queres ter sucesso no
teu projeto, então deverás projetar e produzir produtos com qualidade, isto Com o processo de integração dos países, por exemplo a União Europeia (EU),
é, que satisfaçam as necessidades e expetativas dos(as) consumidores(as). com a criação da zona de comércio livre e com a internacionalização dos mer-
Mas, afinal, o que se entende por qualidade? cados, no âmbito da economia global, a verificação de padrões de qualidade
tornou-se um fator de competitividade entre as empresas.
3.1. Qualidade de produto Transcreve-se, a seguir, parte do discurso2 do atual Presidente do IGQPI, En-
genheiro Abraão Lopes, por ocasião da comemoração do Dia Mundial da Nor-
A qualidade pode ser descrita como a capacidade que as caraterísti- malização, a 14 de Outubro de 2016:
cas do produto têm de satisfazer as necessidades e expetativas dos(as) “Hoje em dia, a certificação e a melhoria contínua da quali-
consumidores(as). dade dos produtos e serviços não é um luxo, mas sim, um
imperativo. Quem não acompanhar a evolução tecnológi-
ca e não der garantias da qualidade do seu produto ou
Qualidade é a conformidade com os requisitos do(a) consumidor(a). Contu- do seu serviço, pela via da certificação, é relegado para
do, temos que estar cientes que as ideias dos(as) consumidores(as) mudam, um segundo plano ou pura e simplesmente é rejeitado, em
portanto, os requisitos também mudam. Assim senso, a qualidade (ou melhor, detrimento do empresário ou agente económico que se
a perceção de qualidade) muda constantemente. A qualidade é um conceito preocupa, sempre, em prestar um serviço ou disponibilizar
um produto de qualidade, certificado através de normas, sejam elas nacionais ou inter-
dinâmico e, portanto, um(a) empreendedor(a) deve tentar seguir sempre as
nacionais”.
mudanças a nível do(a) consumidor(a).
Desenho de produto
2015 2016
O desenho do produto diz respeito às formas, materiais, facilidade de uti-
lização, técnicas de acondicionamento e embalagem do produto. Esses de-
senhos técnicos definem aspetos construtivos e de estética. O tipo de desenho
que escolhes para o teu produto é de extrema importância e deve resultar da
combinação de estratégias de Marketing e funcionalidade.

Ao desenhares ou projetares o teu produto, não só deves ter em conta a satis-


Como jovem empreendedor(a) cabo-verdiano(a) deves investir cada vez mais fação das necessidades e expetativas dos(as) consumidores(as), mas também
na produção de qualidade e inovar constantemente. Só assim serás capaz de a capacidade de produzir lucros. Por isso, deves tomar em conta dois grupos
competir com os produtos importados e aproveitar as oportunidades decor- de fatores de qualidade:
rentes das novas estratégias de desenvolvimento de comércio livre, no âmbito 1
Criado em finais de 2014, fruto da fusão dos Institutos de Gestão da Qualidade e da Propriedade Intelectual de Cabo Verde,
do processo de integração económica. coordena dois sistemas fundamentais: o Sistema Nacional da Qualidade de Cabo Verde (SNQC) e o Sistema Nacional de
Proteção da Propriedade Intelectual (Ver o Decreto-Regulamentar nº 35/2014, de 5 de Dezembro, publicado no Boletim Oficial
da República de Cabo Verde, I SÉRIE-Nº75, de 5 de dezembro 2014).
O estabelecimento das normas (padrões de qualidade) dos produtos nacionais, 2
Fonte: http://www.asemana.publ.cv/spip.php/local/IMG/spip.php?article121444&ak=1
(novembro 2016)

26 27
UNIDADE 1 - GESTÃO DE PEQUENA EMPRESA UNIDADE 1 - GESTÃO DE PEQUENA EMPRESA

Embalar refere-se a embrulhar, acondicionar, encher ou comprimir os artigos


Elementos de um produto – Os fatores de qualidade relacionados com o próprio para evitar que fiquem estragados, partidos, tenham fugas, sejam roubados,
produto são: contaminados, etc. no processo de transporte, armazenagem e utilização.
• Desenvolver um produto em resposta ao que os(as) consumidores(as) querem; Embalar ajuda a tornar os artigos fáceis de manusear e também torna-os
• Usar a forma, cor, embalagem, quantidade e qualidade que os(as) consumi- mais atrativos para o cliente.
dores(as) desejam;
• Decidir se o teu produto será igual ou melhor do que é produzido pelos/pelas
teus/tuas concorrentes;
Importância da embalagem
• Determinar a disponibilidade de materiais para fabricar o produto a um preço
que os(as) consumidores(as) podem custear e, ao mesmo tempo, que permita A importância da embalagem compreende:
à empresa obter lucros.
• Proteção: Os bons materiais de embalagem são geralmente fortes e resis-
Relação com os produtos concorrentes - Antes de começares a fabricar um tentes para proteger o conteúdo;
produto, é essencial analisares a concorrência direta (de produtos semelhan- • Fácil de transportar: As mercadorias bem embaladas são fáceis de manu-
tes) e a concorrência indireta (de substitutos) no mercado. Desta forma, identi- sear e de transportar para o(a) consumidor(a);
ficas os(as) potenciais concorrentes e as suas estratégias. A partir daí, poderás • Preservação: Os produtos alimentares devem ser preservados dos germes
inserir o teu produto no mercado da maneira mais competitiva possível. atmosféricos e da contaminação;
• Promoção: Os artigos bem embalados e de forma atrativa criam uma boa
Controlo de qualidade no processo de produção imagem do produto;
• Proporção: Os produtos são geralmente embalados em tamanhos relativa-
Para que a qualidade de um produto possa ser verificada e confirmada por
mente pequenos. Isto facilita a sua venda aos retalhistas e pode levar a uma
diferentes entidades, são estabelecidos padrões ou especificações.
baixa do preço de venda do produto.
Assim, no controlo de qualidade dos teus produtos, deverás verificar regular- • Distribuição: Os artigos bem embalados podem ser facilmente entregues
mente, através de inspeções, o seguinte: aos clientes, por exemplo, através dos serviços de encomendas postais;
• Facilidade de vendas: Os produtos que forem bem acondicionados e tiverem
• A qualidade de todas as matérias-primas e outros fatores de produção, como uma embalagem resistente podem ser comercializados nas máquinas de venda
máquinas, equipamento e mão de obra; automática;
• Controlar regularmente os produtos antes de os enviar aos clientes; • Self-service: é possível oferecer serviços de self-service com produtos em-
• Procurar fazer alguns controlos pessoalmente. balados;
• Rótulos com instruções: Os rótulos em produtos embalados servem de guia
Para melhorar a qualidade dos teus produtos ou serviços, exige tanto a ti como para informar os clientes sobre o conteúdo e o seu correto uso.
aos (às) empregados (as) um total compromisso e envolvimento.
Tipos de embalagem
Embalagem
Os tipos mais comuns de embalagem são os seguintes:
Tal como falámos, a embalagem é um fator de qualidade que deves tomar em
consideração no desenho do produto. Na sociedade em que vivemos, a em- • Garrafas e latas de conserva
balagem faz parte do nosso dia a dia e carrega consigo um valor inestimável, • Sacos
daí a razão do seu estudo. • Contentores de plástico
• Fardos
O que significa embalar um produto? • Latas
• Caixas
28 29
UNIDADE 1 - GESTÃO DE PEQUENA EMPRESA UNIDADE 1 - GESTÃO DE PEQUENA EMPRESA

Os materiais mais comuns usados para embalagens compreendem: 3.2. Indicadores de desempenho do processo de produção

• Metais: Papel de alumínio, latas e folha-de-flandres; Tu podes avaliar o desempenho do processo de produção da tua empresa,
• Plástico: Boiões, garrafas, bolsas, pacotes, caixas etc.; verificando o seguinte:
• Madeira: Paletes, caixas, etc.;
• Grau de eficiência ou produtividade de equipamentos, dos(as) empre-
• Papel: Folha de papel, carvão, cartão canelado, caixas de cartão etc.;
gados(as) e mesmo das instalações, comparado com aquilo que se considera
• Vidro: Garrafas.
normal ou padrão.
• Grau de realização dos padrões de qualidade estabelecidos.
A natureza dos produtos determina o tipo de embalagem a utilizar. Por exemplo:
Por exemplo, quanto menor for o número reclamações de clientes, e devoluções
de produtos defeituosos, maior é o desempenho da empresa, sob ponto de vista
• Óleo, azeite vinho e outros líquidos são embalados em garrafas de plástico
da qualidade.
ou de vidro etc;
• Grau de desperdício produzido pela empresa. Neste caso, quanto menos for
• Produtos volumosos são comprimidos em fardos;
a produção de desperdício, melhor desempenho tem o processo de produção.
• Produtos frescos como frutas e vegetais são, normalmente, condicionados
em caixas de plástico.
SAIBA MAIS

“A única maneira de obtermos excelência e qualidade em nossos produtos e serviços é man-


tendo o foco e amando o que fazemos.”

”Qualidade significa oferecer a nossos clientes produtos inovadores que satisfação plenamente
as suas exigências.”

Inserida por flaviorluciano


https://pensador.uol.com.br/frases_qualidade_de_produtos/ (outubro 2016) Robert Collier

Fatores de embalagens
AGORA EU SEI QUE…
Ao escolheres o tipo de embalagem a ser usada para um produto, deves con-
siderar os seguintes fatores: 1. Para o sucesso de uma empresa, o(a) empreendedor(a) deve oferecer produtos de qualidade,
isto é, produtos que satisfaçam as necessidades e expetativas dos clientes. Os fatores que
determinam a qualidade de um produto têm a ver com as caraterísticas do próprio produto e a
• Disponibilidade dos materiais de embalagem nas quantidades necessidade de competir com produtos concorrentes ou substitutos.
necessárias; 2. Em Cabo Verde, o Instituto de Gestão da Qualidade e da Propriedade Intelectual é o organismo
• Custo da embalagem em relação ao valor da mercadoria a ser embala- responsável pela produção de padrões de qualidade, avaliação de conformidade e certificação
da; de produtos e serviços.
3. A imagem e a capacidade de obter lucros de uma empresa dependem, em larga medida, do
• Tipos de artigos a serem embalados, por exemplo, líquido, sólido ou desenho do produto ou serviço. Assim, ao desenhar o produto ou serviço, devo tomar em conta
gasoso; dois grupos de fatores de qualidade:
• Propósito da embalagem; - Elementos de um produto
• Meio de transporte a utilizar. - Relação com os produtos concorrentes
4. Embalar refere-se a embrulhar, acondicionar, encher ou comprimir os artigos para evitar que
sejam estragados, partidos, tenham fugas, sejam roubados, contaminados, etc. no processo de
transporte, armazenagem e utilização.
5. As funções de embalagem compreendem proteção, conservação, facilitar o manuseamento e
transporte e servir de veículo informativo.

30 31
UNIDADE 1 - GESTÃO DE PEQUENA EMPRESA UNIDADE 1 - GESTÃO DE PEQUENA EMPRESA

4. HIGIENE E SEGURANÇA NO TRABALHO


6. A avaliação do desempenho do processo de produção de uma empresa realiza-se, verificando
o seguinte:
- Grau de utilização da capacidade instalada, em termos de terreno, construções de edifícios,
4.1. Higiene no trabalho
equipamentos e a mão de obra empregue;
- Grau de eficiência ou produtividade de equipamentos, empregados(as) e mesmo as insta-
lações comparado com aquilo que se considera normal ou padrão; A higiene no trabalho é um conjunto de normas e procedimentos que
- Grau de realização de padrões de qualidade estabelecidos;
- Grau de desperdício produzido pela empresa.
visam a proteção da integridade física e mental do(a) trabalhador(a),
preservando-o(a) dos riscos de saúde inerentes às tarefas do cargo e
ao ambiente físico onde são executadas.
ATIVIDADE
A higiene no trabalho tem caráter preventivo, pois objetiva a saúde e o conforto
1. Em grupos de três ou quatro colegas, visita uma carpintaria ou padaria e do(a) trabalhador(a), evitando que adoeça e se ausente provisória ou definitiva-
observa o processo de produção. Façam um breve relatório, apresentando: mente do trabalho. Tem em vista a:

a) Capacidade diária de produção; • Eliminação das causas das doenças profissionais;


b) Sequência das etapas envolvidas no processo de produção; • Redução dos efeitos prejudiciais provocados pelo trabalho em pessoa doentes
c) Os métodos, ferramentas ou equipamentos empregues; ou com deficiência física;
d) O tempo total para a produção de um produto; • Prevenção do agravamento de doenças e lesões;
e) Os testes de qualidade efetuados. • Manutenção da saúde dos(as) trabalhadores(as) e aumento da produtividade
por meio do controlo do ambiente de trabalho.

Antes de iniciar qualquer atividade, a empresa deve tomar


as medida necessárias de higiene e segurança.

4.2. Segurança no trabalho

A segurança do trabalho é o conjunto de medidas técnicas, administra-


tivas, educacionais, médicas e psicológicas, empregadas para prevenir
acidentes, seja pela eliminação de condições inseguras de trabalho, ou
pela instrução das pessoas para a implementação de práticas preven-
tivas.

Os(As) trabalhadores(as) são obrigados(as) a usar equipa-


mentos de proteção individual, em conformidade com os
riscos associados ao trabalho que estiverem a realizar.

Em relação à higiene e segurança dos(as) trabalhadores(as) em Cabo Verde,


o Decreto-Legislativo 5/2007, de 16 de outubro, referente ao Código Laboral

32 33
UNIDADE 1 - GESTÃO DE PEQUENA EMPRESA UNIDADE 1 - GESTÃO DE PEQUENA EMPRESA

Cabo-Verdiano, publicado no Boletim Oficial, I SÉRIE – Nº37 SUP da mesma Para encerrar esta unidade, queremos dar-te a conhecer um projeto em-
data, estabelece na Secção II, o seguinte: preendedor, desenvolvido em Cabo Verde e que está a ganhar notorie-
dade no mercado cabo-verdiano.
• Artigo 136º - Medidas de higiene e segurança
• Artigo 137º- Capacitação para o cumprimento Samir da Graça é um jovem praiense que decidiu aventu-
• Artigo 138º - Exames médicos rar-se no mundo do empreendedorismo e dar vida a um pro-
• 139º - Regulamentação jeto inovador, cheio de simbolismos e afetos.
• 140º - Controle e fiscalização
A marca Kriolife transpira morabeza e, segundo o seu criador,
“a marca inspira-se na cultura cabo-verdiana e no sacrifício
SAIBA MAIS
dos cabo-verdianos(as) espalhados(as) pelo mundo fora, à
Fonte: Esoterikha.com procura de uma vida melhor e da realização dos seus sonhos.
(novembro 2016)

A marca apresenta um design arrojado e fresco, representando, através dos


logotipos criativos, a nossa “cabo-verdianidade”.

Tudo começou no início dos anos 2000, quando a marca era


apenas uma pequena companhia de design gráfico e pro-
dução de t-shirts. Encomendas, na sua maioria, de amigos.
Mas foi em 2013 que a Kriolife foi lançada como marca de
vestuário.
AGORA EU SEI QUE…

1. Higiene no trabalho é um conjunto de normas e procedimentos que visam a proteção da inte- Samir começou este desafio porque sentiu a necessidade do mercado ter uma
gridade física e mental do (a) trabalhador(a), preservando-o(a) dos riscos de saúde inerentes às marca inspirada em Cabo Verde e criado por cabo-verdianos(as).
tarefas do cargo e ao ambiente físico onde são executadas.
2. A segurança do trabalho é o conjunto de medidas técnicas, administrativas, educacionais,
Hoje, em 2016, a marca ganhou uma projeção nacional e é
médicas e psicológicas empregadas para prevenir acidentes, seja pela eliminação de condições
inseguras do ambiente, seja pela instrução ou pelo convencimento das pessoas para a imple- normal ver jovens, bebés, miúdos e graúdos a envergarem
mentação de práticas preventivas. a marca do sentimento kriol. A marca já saltou fronteiras e é
3. As empresas devem criar condições de higiene e segurança no trabalho para os seus tra- utilizada por muitos imigrantes e figuras de referência.
balhos. Esta obrigatoriedade está prevista no Código Laboral Cabo-Verdiano, publicado no Bo-
letim Oficial, I SÉRIE – Nº37 SUP da mesma data (Secção II,Artigos 136º a 140º).
Mas Samir quer mais, e espera que a marca continue a crescer.

Para ti, jovem empreendedor(a), que estás agora a dar os primeiros passos, o
ATIVIDADE Samir incentiva-te a apostares naquilo em que acreditas e a superares as difi-
culdades que vão surgindo. O criador da Kriolife termina deixando, o seguinte
1. Descreve, de forma sucinta, as medidas de higiene e segurança que apli- conselho: “…primeiro, conheçam-se a si próprios. Saibam quais são os vossos
carias nos seguintes tipos de negócio: Serralharia, doçaria, ateliê de costura. talentos e não tenham receio de começar ou falhar”.

Esta unidade não poderia terminar da melhor maneira! Descobre-te, aventu-


ra-te, esquece o medo e arrisca-te! E quem sabe, o(a) próximo(a) entrevis-
tado(a) serás tu!

34 35
UNIDADE
UNIDADE 12 -- GESTÃO
EDUCAÇÃO
DE PEQUENA
FISCAL - IMPOSTOS
EMPRESA UNIDADE 2 - EDUCAÇÃO FISCAL - IMPOSTOS

OBJETIVOS

No final desta Unidade o(a) aluno(a) deverá ser capaz de:

1. Explicar o conceito de imposto;


2. Descrever os principais tipos de impostos e taxas relacionadas com exercício da
atividade económica;
3. Reconhecer a importância socioeconómica de impostos e taxas;
4. Compreender a importância da cooperação dos(as) cidadãos(ãs) com as autori-
dades fiscais e outras entidades no pagamento dos impostos;
5. Explicar o conceito de ética empresarial;
7. Reconhecer a importância da ética empresarial para o sucesso nos negócios.

36 37
UNIDADE 2 - EDUCAÇÃO FISCAL - IMPOSTOS UNIDADE 2 - EDUCAÇÃO FISCAL - IMPOSTOS

Introdução I. IMPOSTOS

A Constituição da República de Cabo Verde estabelece no Artigo 95º o seguinte Introdução


sobre o Sistema Fiscal:
Todas as pessoas, singulares e coletivas, têm a obrigatoriedade de contribuir
para os cofres do Estado com uma determinada percentagem de qualquer tipo
1.O Sistema Fiscal é estruturado com vista a satisfazer as necessidades fi- de rendimentos que obtêm e das compras ou consumos que realizam.
nanceiras do Estado e demais entidades públicas, realizar os objectivos da
política económica e social do Estado e garantir uma justa repartição dos Trata-se de um dever do(a) cidadão(ã) que deve ser exercido de forma
rendimentos e da riqueza. responsável e com a clara consciência de que se está a contribuir para o
2. Os impostos são criados por lei, que determinará a incidência, a taxa, os desenvolvimento económico e social do país, em geral, e do bem-estar de
benefícios fiscais e as garantias dos contribuintes. cada pessoa, em particular.
3. Ninguém pode ser obrigado a pagar impostos que não tenham sido criados
nos termos da Constituição ou cuja liquidação e cobrança se não façam nos No entanto, é bom ressaltar que, conforme o estipulado no Artigo 63º do Código
termos da Lei. Geral Tributário (CGT), os contribuintes não têm apenas obrigações ou deveres,
4. No mesmo exercício financeiro não pode ser alargada a base de incidência têm também direitos, garantias e benefícios fiscais.
nem agravadas as taxas de impostos.
Como se referiu na introdução desta unidade temática, os tributos são constituí-
dos por três tipos de produtos fiscais: Os Impostos, as Taxas e as Contribuições
Como vês, em Cabo Verde, os impostos e taxas constituem a principal fonte Financeiras. O Estado e as Autarquias Locais são as entidades responsáveis
de receitas do Estado. Este serve-se dos impostos como base para financiar pela legislação e pela cobrança dos tributos.
a funcionalidade dos órgãos do Estado e realizar investimentos para o desen-
volvimento de infraestruturas sociais e económicas que contribuem para o Todos os produtos e bens, que utilizas no teu dia a dia, estão sujeitos à tribu-
bem-estar social, cultural e económico do país. tação fiscal. Desde o pão que comes todos os dias, passando pelo passe de
autocarro até ao telemóvel que utilizas.
Por exemplo, o dinheiro que os particulares e as empresas pagam em impos-
tos e taxas é utilizado na construção de estradas, escolas, centros de saúde, Portanto, é de extrema importância que estejas familiarizado(a) com esta uni-
praças e outras infraestruturas de serviço público. Sem esse rendimento, o dade temática e que compreendas bem os seus conteúdos, pois ser-te-á muito
Estado não é capaz de construir, desenvolver e de fazer progredir o país. útil, como cidadão(ã), e como futuro(a) empreendedor(a).
Nesta segunda unidade temática vais conhecer melhor o sistema fiscal ca-
bo-verdiano, nomeadamente os elementos constituintes dos tributos (impos-
tos, taxas e contribuições), o processo evolutivo do imposto em Cabo Verde, a
importância socioeconómica dos impostos e taxas na atualidade do país, bem
como as questões relacionadas com a ética empresarial.

O(A) bom/boa empreendedor(a) é responsável, cumpridor(a) e transparente!

Pelo que deve sempre respeitar os seus deveres fiscais e promover a cidada-
nia fiscal.

38 39
UNIDADE 2 - EDUCAÇÃO FISCAL - IMPOSTOS UNIDADE 2 - EDUCAÇÃO FISCAL - IMPOSTOS

1.1. Conceito do Imposto Criado e regulamentado pela Lei nº 33/VII/2008, de 8 de


dezembro, alterada pela Lei nº 48/VII/2009 e republicada
pela Lei nº 81/VIII/2015, de 8 de janeiro, que o regulamenta.
Imposto é todo o pagamento obrigatório e não reembolsável feito pelas pes- 4. Imposto de Selo
Incide sobre as operações financeiras, operações societárias
soas ao Estado, sejam elas singulares ou coletivas, para garantir a funciona- e atos jurídicos, com exceção das operações sujeitas ao IVA,
lidade de serviços públicos e coletivos. desde que não estejam isentas.
O imposto pode incidir sobre a renda (salários, lucros, ganho de capital) e
É de natureza indireta. Criado pela Lei nº 22/VI/2003, de 14
sobre o património (casas, terrenos, carros, etc.).
5. Imposto sobre Con- de Julho e alterado pela Lei nº 82/VIII/2015, de 7 de janeiro.
sumos Especiais - ICE Incide numa única fase, sobre determinados bens produzi-
dos, importados ou introduzidos no território nacional.
1.2. Tipos de Impostos em Cabo Verde
Fonte: Programa Nacional de Cidadania Fiscal, Caderno 3.

Antes da apresentação dos tipos de imposto, convém sublinhar que existem


duas classificações do Imposto: 1.3. Regime Especial Unificado de Impostos e Contribuições para a Segu-
rança Social
O Imposto Direto que incide sobre os rendimentos pessoais (salário), sobre
os rendimentos da empresa (lucro) e sobre o património (edifícios, fortunas e A Lei n.º 70/VIII/2014, de 26 de agosto, publicada no Boletim Oficial I Série, nº
aquisições imobiliárias); 51, de 26 de Agosto, aprova o regime jurídico especial (incluindo o fiscal) das
micro e pequenas empresas com o objetivo de promover a sua competitivi-
O Imposto Indireto que incide sobre o consumo de bens e serviços, e quem dade, produtividade, formalização e desenvolvimento.
os paga é o(a) consumidor(a) desses artigos ou serviços (comida, roupa, com-
bustível). Alguns aspetos do Capítulo IV do Regime Especial Unificado de Impostos e
Contribuições para a Segurança Social:
No atual sistema tributário nacional existem as seguintes categorias ou tipos
de impostos: • Ponto 1, do Artigo 24º - Estabelece que os impostos e as contribuições para
Regulamentado pela Lei nº 78/VIII/2014, de 31 de dezembro. a segurança social devidas pelas micro e pequenas empresas constam do Re-
Estão sujeitos ao IRPS, as pessoas singulares residentes gime Especial Unificado de Impostos e Contribuições para a Segurança Social;
1. Imposto sobre o em Cabo Verde, incidindo sobre a totalidade dos rendimen- • Ponto 3, do Artigo 24º - O TUE veio substituir, para todos os efeitos, o Imposto
Rendimento das Pe- tos, incluindo os obtidos fora do território nacional. Estão Único sobre o Rendimento; o Imposto sobre o Valor Acrescentado e o Imposto
ssoas Singulares igualmente sujeitos ao IRPS, as pessoas singulares que, de Incêndios, bem como a contribuição para a segurança social relativamente
- IRPS não residindo em Cabo Verde, obtenham aqui rendimen- à entidade patronal;
tos. Neste último caso, a tributação incide apenas sobre • Ponto 1, do Artigo 25º - As micro e pequenas empresas abrangidas pelo diplo-
os rendimentos aqui obtidos.
ma ficam sujeitas a um Tributo Especial Único (TUE) de 4% sobre o valor bruto
Regulamentado pela Lei nº 82/VIII/2014, de 8 de janeiro. das vendas do período a que respeita;
2. Imposto sobre o
Incide sobre os rendimentos dos sujeitos passivos, prove- • Ponto 2, do Artigo 25º - A microempresa com um volume de negócios não
Rendimento das Pe-
nientes de atos lícitos e ilícitos obtidos nos termos desta
ssoas Coletivas - IRPC superior a 1.000.000$00 (um milhão de escudos) paga um montante mínimo
lei, a qualquer título.
de 30.000$00 (trinta mil escudos) anuais.
Alteração substancial feita através da Lei nº 81/VIII/2014. É
um imposto indireto que se repercute sobre o(a) consumi-
Para obteres informações mais detalhadas sobre esta questão, recomenda-
3. Imposto sobre o Va- dor(a) final de um bem transacionável. Este imposto sobre
lor acrescentado - IVA as despesas permitiu modernizar o sistema tributário, con- mos a consulta não só desta Lei nº 70/VIII/2014, de 16 de agosto, mas também
tribuindo, assim, para o aumento das receitas desde a sua
entrada em vigor no ano 2004.

40 41
UNIDADE 2 - EDUCAÇÃO FISCAL - IMPOSTOS UNIDADE 2 - EDUCAÇÃO FISCAL - IMPOSTOS

do documento intitulado “A Tributação empresarial nos Países de Língua Por- 1.5. Tipos de Contribuições Financeiras em Cabo Verde
tuguesa”, disponíveis na internet em:
https://fiscocaboverde.files.wordpress.com2015/02/rempe-editado.pdf As contribuições financeiras são prestações pecuniárias e obrigatórias, exigi-
http://www.occ.pt/news/trabalhoscongv/pdf/77.pdf, respetivamente. das por uma entidade pública, em contrapartida de prestações administrativas
aproveitadas pelo sujeito passivo. São um misto de imposto e taxa ao mesmo
1.4. Tipos de Taxas em Cabo Verde tempo.

As taxas constituem uma receita pública que o Estado e os Municípios utilizam Exemplos de contribuições financeiras:
como “instrumento financeiro de grande flexibilidade, criando, abolindo e ade-
quando à satisfação das suas necessidades, o que não é possível fazer com • Contribuições para a Segurança Social
os impostos”. • Quotas para as Ordens Profissionais
• Taxas dos Organismos Reguladores
As taxas destinam-se, pois, a financiar o serviço público prestado ou a pagar o Repara:
benefício decorrente da utilização de um bem público ou do prejuízo causado a
um bem coletivo. Podem, igualmente, servir para limitar ou reduzir a procura de É descontado, mensalmente, a todos os funcionários públicos, uma pequena
determinados serviços públicos. Nos hospitais e centros de saúde utilizam-se percentagem do seu salário, destinada às contribuições para a Segurança So-
as taxas moderadoras como maneira de diminuir a afluência aos serviços de cial. Em contrapartida, o funcionário recebe uma comparticipação do Instituto
emergência, por parte de pacientes com casos não urgentes. Nacional de Previdência Social (INPS) na compra de medicamentos, em pro-
cedimentos médicos, entre outros benefícios.
Resumindo, as taxas constituem uma cobrança que o Estado e os Municípios
fazem, em troca de algum serviço. 1.6. Imposto Único sobre o Património (IUP)

Alguns tipos de taxas aplicadas em Cabo Verde: O Imposto Único sobre o Património foi criado pela Lei nº 79/V/98, de 7 de
dezembro e regulamentado através da Lei nº 18/99, de 26 de abril, e constitui
• Taxa Ecológica um dos quatro tributos municipais, designadamente, Imposto Único sobre o
• Propinas Escolares Património (IUP), Imposto Municipal sobre Veículos (IMV), Taxas e Derramas.
• Taxas Moderadoras a nível da Prestação dos Serviços de Saúde
• Taxa de Manutenção Rodoviária (TMR) O IUP veio revogar três antigos impostos municipais que incidiam sobre o patrimó-
• Taxa de Parqueamento de Automóveis nio dos munícipes: a contribuição predial autárquica, o imposto municipal de Sisa
• Taxa de Iluminação Pública e o imposto municipal sobre o património. A criação do IUP veio também facilitar a
• Taxa para a Recolha de Lixo cobrança e o pagamento deste tipo de impostos municipais. O IUP tem uma taxa
• Taxa para a Concessão de Licenças única de 3% sobre o valor do património.

1.7. Evasão Fiscal

Evasão é o ato de evadir-se, de fuga, de escapar a


algo ou alguém! A evasão fiscal não é nada mais do
que a fuga ao pagamento dos impostos previstos na
Lei e às obrigatoriedades fiscais. É um ato voluntário
e deliberado de quem o pratica e punível pela Lei, já
que se trata de um crime e/ou infração administrativa.

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UNIDADE 2 - EDUCAÇÃO FISCAL - IMPOSTOS UNIDADE 2 - EDUCAÇÃO FISCAL - IMPOSTOS

SAIBA MAIS
Com uma breve pesquisa na internet, poderás encontrar definições e
exemplos de evasão fiscal, também denominada de evasão tributária “As obras públicas não são construídas com o poder miraculoso de uma
ou evasão de impostos. Os PanamaPapers são o exemplo de um dos varinha mágica. São pagas com os fundos arrecadados dos cidadãos.”
maiores escândalos de fuga ao fisco, a nível mundial.
http://www.libertarianismo.org/index.php/blog/43-frases-impostos/ (novembro 2016)

A evasão fiscal pode ser cometida por: Winston Churchill


(1874-1965)

1) Quem pratica atividades legais, mas não declara ao fisco, através da omissão
de informações, de falsas declarações ou da produção de documentos com in-
AGORA EU SEI QUE…
formações falsas ou distorcidas;
2) Quem participa do mercado negro e obtém as suas riquezas, através da 1. Os tributos são constituídos por três tipos de produtos fiscais, a saber: Os Impostos, as Taxas
prática de atividades ilegais. e as Contribuições Financeiras.
2. O Estado e as Autarquias Locais são as entidades responsáveis pela legislação e pela co-
brança dos tributos.
1.8. Importância socioeconómica de impostos e taxas na atualidade do 3. O pagamento dos tributos é, por si só, um exercício de cidadania. Trata-se de um dever do(a)
país cidadão(ã) que deve ser exercido de forma responsável e com a consciência clara de que se
está a contribuir para o desenvolvimento económico e social do país, em geral, e do bem-estar
O pagamento dos tributos é, por si só, um exercício da cidadania! de cada pessoa, em particular.
4. O Artigo 63º do Código Geral Tributário (CGT) estabelece que os contribuintes não têm ape-
nas obrigações ou deveres, têm também direitos, garantias e benefícios fiscais.
Os tributos fiscais são a principal fonte de rendimento dos Estados e Mu- 5. O Imposto é todo o pagamento obrigatório e não reembolsável feito pelas pessoas ao Estado,
nicípios, pelo que se não cumprires com os teus deveres fiscais, não estarás a sejam elas singulares ou coletivas, para garantir a funcionalidade de serviços públicos e coleti-
contribuir para o desenvolvimento sócio-económico do nosso país. vos.
6. No atual sistema fiscal cabo-verdiano existem os seguintes tipos de impostos: Imposto so-
bre o Rendimento das Pessoas Singulares – IRPS; Imposto sobre o Rendimento das Pessoas
É através da cobrança de tributos que o Estado consegue reunir fundos para Coletivas - IRPC; Imposto sobre o Valor acrescentado – IVA; Imposto de Selo; Imposto sobre
financiar os mais variados serviços e programas de desenvolvimento. Consumos Especiais – ICE.
7. A Lei n.º 70/VIII/2014 de 26 de agosto, publicada no Boletim Oficial I Série, nº 51, que define o
A construção de escolas, a disponibilidade de bolsas de estudo, a manutenção regime jurídico especial (incluindo o fiscal) das micro e pequenas empresas, estabelece que os
impostos e as contribuições para a segurança social devidas pelas micro e pequenas empresas
dos programas de alimentação escolar, a manutenção dos centros de saúde e
constam do Regime Especial Unificado de Impostos e Contribuições para a Segurança Social.
hospitais, a formação de polícias e militares, o funcionamento dos tribunais, o 8. O Tributo Especial Único (TUE) substitui, para todos os efeitos:O Imposto Único sobre o Ren-
pagamento dos salários dos funcionários públicos, o pagamento das reformas dimento; A Taxa do Incêndio, O IVA e a Contribuição Social relativamente à Empresa.
e pensões sociais e a construção de estradas, são apenas alguns exemplos de 9. As taxas constituem uma importante e flexível fonte de receita pública para o Estado e para
como se pode aplicar o dinheiro público. os Municípios.
10. A evasão fiscal não é nada mais do que a fuga ao pagamento dos impostos previstos na Lei
e às obrigatoriedades fiscais.
Daí, a existência do termo contribuinte, que significa aquele que contribui
para algo. Neste caso, é o(a) cidadão(ã) cumpridor(a) que contribui para a
construção de um Cabo Verde melhor e mais desenvolvido!

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UNIDADE 2 - EDUCAÇÃO FISCAL - IMPOSTOS UNIDADE 2 - EDUCAÇÃO FISCAL - IMPOSTOS

II. ÉTICA EMPRESARIAL


ATIVIDADES
Introdução
1. Identifica três exemplos de utilização de impostos para o desenvolvimento
social e económico na tua localidade ou município. Qualquer empresa que queira ser referência no mer-
cado deve ser capaz de se relacionar bem com os seus
2. Marca com X, o impostos que deverás pagar como um(a) pequeno(a) em- clientes, com os(as) seus/suas fornecedores(as),
preendedor(a): com a sua sociedade e com as entidades governa-
mentais. E ainda, deve promover um ambiente de
IRPS trabalho saudável e estimulante para os(as) seus/suas trabalhadores(as).
IRPS e IVA
IRPC e TUE Neste tema, vamos abordar a ética empresarial como uma ferramenta essen-
TUE cial para atingir esses objetivos.

3. Em grupo de três ou quatro colegas, entrevista um(a) técnico(a) de uma 1.1. Ética empresarial: Conceito e importância
Repartição Fiscal, a nível do Município ou dos Serviços Centrais do Ministério
das Finanças e discute com ele/ela a importância socioeconómica dos impos- • Conceito de Ética Empresarial
tos na tua localidade.

Numa apresentação oral de 3 minutos, revela à turma os resultados da A ética empresarial é o ramo da ética dedicado às empresas. Compreende
conversa. um conjunto de valores morais e regras (conduta ética das empresas) que
determinam a forma como as empresas devem interagir com o meio envol-
vente.

É necessário realçar o caso dos profissionais da medicina e direito, em que a


ética empresarial é determinada pelo Código de Conduta Profissional inerente
a estas profissões.

É possível também que cada empresa desenvolva os seus próprios regula-


mentos e códigos de conduta.

• Importância de Ética Empresarial

Antes de descrever a importância da ética empresarial, é preciso conhecer as


partes envolvidas que são as seguintes:

• Os clientes da empresa que lidam com a empresa;


• Os(As) empregados(as) que trabalham na empresa;
• O Governo do país em que se desenvolvem as operações da empresa;
• As empresas concorrentes;
• A comunidade onde funciona a empresa.

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UNIDADE 2 - EDUCAÇÃO FISCAL - IMPOSTOS UNIDADE 2 - EDUCAÇÃO FISCAL - IMPOSTOS

A ética empresarial deve ser aplicada nas pequenas, médias e grandes em- • Justiça no estabelecimento do preço: É mais inteligente e ético colocar
presas. um preço justo por um produto e fazer vendas constantes, do que colocar um
preço exorbitante que retrai a grande maioria dos(as) consumidores(as).
As empresas que respeitam a conduta de ética empresarial têm boa reputação • Uma empresa que pratique preços considerados abusivos é, normalmente,
no mercado, são populares e são reconhecidas como empresas ou marcas de vista como uma empresa desonesta que explora os(as) consumidores(as).
confiança. O que tem um impacto positivo nos seus resultados: essas empre- • Responsabilidade nos compromissos assumidos: Quando, por qualquer
sas lucram mais e têm maior projeção do que aquelas que não se preocupam imprevisto, não for possível cumprir os compromissos ou prazos assumidos
em seguir as normas da ética empresarial. com o cliente, é muito importante que se tenha o cuidado de avisá-lo dessa
impossibilidade e, se for viável, apresentar as razões do atraso, demonstran-
“Uma empresa que cumpra determinados padrões éticos vai crescer, e vai fa- do semprenotando um grande respeito pelo cliente. E quando for possível, o
vorecer a sociedade, os seus fornecedores, clientes, trabalhadores, sócios e cliente pode ser recompensado com descontos, vales de compra ou outros
até mesmo o governo. A ética empresarial é uma prática essencial de uma em- benefícios.
presa, assim como a responsabilidade social e a responsabilidade sócio-am-
biental.” • Ética Empresarial para com os(as) Empregados(as)

Uma empresa consciente dos seus deveres sociais e ambientais é uma em- Deves tratar os(as) teus/tuas empregados(as) com ética e, para isso, deves
presa solidária, responsável e exemplar. É a ética empresarial que promove praticar o seguinte:
este tipo de postura por parte das empresas. E os clientes, e a comunidade
em geral, identificam-se com estas causas, são afetados de forma positiva por • Pagamento justo - O pagamento aos(às) empregados(as) deve ser justo,
estas iniciativas e preferem negociar com as empresas que assumam as suas tanto em termos do que a empresa pode pagar, como em relação ao valor
responsabilidades sociais e ambientais. do trabalho realizado ou em relação ao valor do rendimento que os(as) tra-
balhadores(as) trazem para a empresa. Também deve-se ter em conta a
1.2. Ética Empresarial para com os Clientes, Empregados(as), Sociedade antiguidade, a experiência, e as responsabilidade, atríbuidas aos(às) tra-
e Governo balhadore(as).
• Providenciar condições de trabalho justas - Todos(as) os(as) empre-
• Ética Empresarial para com os Clientes gadostrabalhadores(as) devem ter um contrato, quer seja a título permanente
ou temporário. O salário ou remuneração deve estar especificado bem como
No âmbito da ética empresarial e em relação ao(à) consumidor(a), as empre- os deveres e responsabilidades;
sas devem ser capazes de exercer as seguintes práticas: • Fornecer boas condições de trabalho - Os(As) empregados(as) passam a
maior parte do tempo útil no local de trabalho. O local de trabalho deve, portan-
• Capacidade de atender às necessidades do(a) consumidor(a): O(a) con- to, proporcionar-lhes uma vida saudável durante e depois de terem estado na
sumidor(a) busca um produto com determinadas caraterísticas e a empresa empresa. Os(As) trabalhadores(as) devem receber roupas de proteção, luvas
deve procurar não defraudar as suas expetativas, apresentando sempre pro- e óculos protetores. Devem ter mesas de trabalho e cadeiras adequadas, etc.
dutos de qualidade e que satisfaçam as necessidades do consumidor. Outros benefícios como transporte, alojamento, almoço, assistência médica
• Verdade na apresentação do produto: A experiência tem demonsmostrado podem também ser fornecidos ou, então, os(as) empregados(as) devem ter um
que o vendedor ganha a confiança do cliente quando é honesto em relação salário razoável que lhes permita custear as despesas;
à qualidade dos seus produtos. Não adianta promover caraterísticas que o • Segurança no emprego - Os(as) empregados(as) devem encarar o futuro
produto não tem, pois eventualmente os(as) consumidores(as) deixarão de ad- com segurança em relação ao seu emprego. Se tiverem um contrato, devem
quirir os produtos de uma marca que consideram “enganosa”. saber quais as possibilidades de renovação, para que possam planear o seu
futuro com mais certeza;
• Educação e Respeito - Todas as conversas e/ou interações com os(as) em-
Fonte: www.significados.com.br
pregados(as) devem ser pautadas pela educação e pelo respeito, independen-

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UNIDADE 2 - EDUCAÇÃO FISCAL - IMPOSTOS UNIDADE 2 - EDUCAÇÃO FISCAL - IMPOSTOS

temente das circunstâncias. Isto significa que, a educação e o respeito devem • O pagamento dos impostos, segundo a Lei;
estar sempre presentes em todos momentos, principalmente em momentos • O cumprimento dos padrões de produção, em termos de qualidade e de preço;
de conflito ou de chamadas de atenção. Por exemplo, não deves ralhar com • O cumprimento das regras de higiene ocupacional, regras ambientais, entre
os(as) empregados(as) publicamente. outras.
• As normas de ética devem ser respeitadas, ao lidares com os(as) teus/tuas
empregados(as). 1.3. Benefícios da Ética Empresarial para a Empresa

• Ética Empresarial para com a Sociedade • CLIENTES

A ética que se espera de uma empresa, ao lidar com a sociedade em que está Uma empresa que pratica a ética em relação aos seus clientes tem possibili-
inserida ou que representa o seu mercado ou fonte de matérias-primas, inclui dades de se expandir no mercado, mantendo os seus clientes e atraindo novos
o seguinte: clientes.

• Preservar o meio ambiente - Não emitir efluentes que poluam ou destruam • SOCIEDADE
o meio ambiente;
• Não pôr em perigoa saúde e a vida das pessoas com as suas operações, Uma empresa que segue a ética nos negócios em relação àsociedade tem a
como por exemplo, emitir gases tóxicos, e prejudiciais à saúde durante as suas possibilidade de aumentar o mercado para os seus produtos, conseguir tra-
operações; balhadores(as), conseguir proteçãodasociedade para as suas operações e
• Seguir rigorosamente as normas.Por exemplo, deves implementar um pro- para os seus bens, ter acesso fácil às matérias-primas, etc. A sua imagem irá
jeto que seja aceitável pela cultura ou pela religião da sociedade. Assim, não melhorar continuamente, bem como as suas operações e perspetivas futuras.
deves vender produtos proibidos (como carne de porco)numa comunidade
muçulmana, nem vender bebidas alcoólicas perto dos estabelecimentos de • GOVERNO
ensino;
• Participar e contribuir para a satisfação das necessidades da sociedade. Uma empresa que segue a ética empresarial esperada pelo seu Governo,
Por exemplo, contribuir para o desenvolvimento dos serviços de saúde e dos executa as suas atividades sem receio de ser processada ou fechada pelo
serviços da comunidade, como construção de estradas, pontes, manutenção Governo. As empresas honestas atraem o apoio do Governo e a simpatia,
de espaços verdes, requalificação de edifícios, entre outros; em períodos de necessidade. Por exemplo, ganhar alguns concursos públicos
• Ajudar a suprimir as necessidades da sociedade. Por exemplo, as insta- locais e estrangeiros, deduções nos impostos, ajuda em momentos difíceis,
lações das empresas devem estar a adaptadas para receber pessoas com entre outros.
qualquer tipo de deficiência física. As empresas podem também criar depar-
tamentos sociais, com o objetivo de ajudar as pessoas mais carenciadas e
vulneráreis;
• Criar mais oportunidades de emprego para os membros da comunidade;
• Ajudar a sociedade em situações de emergência, como erupções vulcâni-
cas, inundações, incêndios, entre outras.

• Ética Empresarial para com o Governo

As empresas funcionam num ambiente regulado pelo Governo Central e Local.


Por esta razão, deve haver um relacionamento harmonioso ente as duas par-
tes, visando garantir o bom funcionamento da empresa.
Vê, a seguir, o que o Governo considera como ética empresarial:
• O cumprimento das leis empresariais;
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UNIDADE 2 - EDUCAÇÃO FISCAL - IMPOSTOS UNIDADE 2 - EDUCAÇÃO FISCAL - IMPOSTOS

Para encerrar esta unidade, apresenta-se a seguinte mensagem da Coordenadora


SAIBA MAIS
do Programa Nacional Cidadania Fiscal, Odete Andrade
http://slideplayer.com.br/slide/7583710/
(novembro 2016) Caro(a) aluno(a)
Seja bem-vindo(a) à Unidade Temática: Educação Fiscal, para conheceres os impostos
e taxas existentes em Cabo Verde, bem como a sua importância na garantia dos direitos
dos cidadãos e na construção de uma nação cabo-verdiana mais desenvolvida, justa
e solidária.

A Constituição da República de Cabo Verde define Cabo Verde como um Estado de


Direito Democrático, cabendo-lhe assegurar e garantir, progressivamente, a todos(as)
os(as) cabo-verdianos(as), as condições para o exercício dos direitos sociais - direito à educação, à saúde, ao
trabalho, à segurança, à previdência social, entre outros.

Para desempenhar as suas várias funções, nomeadamente a realização de políticas públicas na área da
educação, saúde, transporte, habitação, bem como redistribuir a riqueza, diminuir as assimetrias regionais,
combater a pobreza e as desigualdades sociais, o Estado precisa de recursos.

AGORA EU SEI QUE… Mas, de onde vêm os recursos? São sobretudo os tributos (impostos, taxas e contribuições) pagos por to-
dos(as) os(as) cidadãos(ãs) que permitem ao Estado financiar a construção e a manutenção dos bens públicos
1.Ética empresarial é um conjunto de normas e regras que as empresas devem assumir em
(escolas, hospitais, estradas, aeroportos…) que disponibiliza à população para usufruir dos direitos consagra-
relação aos clientes, empregados (as), à sociedade, ao Governo e às outras empresas.
2. Uma empresa que pratica a ética empresarial, está a contribuir para o bom relacionamento dos na Constituição da República.
interno e entre ela e o meio envolvente.
3. A ética empresarial permite a expansão de mercado, atrai o apoio do Governo e a simpatia, Portanto, os impostos, as taxas e as contribuições (tributos) existentes em Cabo Verde são criados pela lei,
em períodos de necessidade, e goza de proteção da comunidade local. com a finalidade de realização do bem-estar da coletividade.

Os tributos pagos pelos(as) cidadãos(ãs), sobretudo os impostos, são transformados em hospitais, postos
de saúde, escolas, estradas, aeroportos, portos, entre outros. Igualmente, financiam os salários de todos os
funcionários públicos, nomeadamente professores, médicos, enfermeiros e polícias.
ATIVIDADE
O exercício da cidadania implica ter direito à saúde, à educação, segurança, liberdade de expressão, entre
outros, mas também exige cumprir os deveres, tais como zelar para a boa preservação dos bens públicos,
Dado o seguinte estudo de caso:
proteger o ambiente, cuidar da própria família, votar, pagar os impostos e acompanhar a sua aplicação em
beneficio do bem-estar de toda a população.
“Uma comunidade participou o caso de uma empresa que punha em perigo a
saúde e a vida das pessoas com as suas operações, não ajudava as camadas Assim, pagar os impostos é exercer a cidadania! A vida em sociedade tem custos que precisam ser partilhados
desfavorecidas, não criava oportunidades de emprego, e o proprietário da mes- pelos membros da coletividade. Ao pagar o imposto, cada cidadão(ã) estará a disponibilizar ao Estado uma
ma ralhava com os seus /suas empregados(as) e clientes”. parcela do seu dinheiro, que representa a sua contribuição responsável e solidária, em benefício de toda a
coletividade. Desta forma, contribuirá, solidariamente, para que toda a população, sobretudo os que estão em
a) Comenta o estudo de caso, à luz da ética empresarial. situação de pobreza, possa usufruir dos bens e serviços públicos.

Pagar os impostos, acompanhar a sua aplicação, exigir a fatura, cuidar dos bens públicos e proteger o ambi-
ente é exercer a cidadania fiscal!
Participe de forma ativa no exercício da Cidadania Fiscal!

Vamos todos contribuir para que Cabo Verde seja um país cada vez mais desenvolvido e reserve um futuro
promissor para todas as crianças, adolescentes e jovens!

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UNIDADE 33--PLANO
PLANOEMPREENDEDOR
EMPREENDEDOR UNIDADE 3 - PLANO
PLANO EMPREENDEDOR
EMPREENDEDOR

OBJETIVOS

No final desta unidade o(a) aluno(a) deverá ser capaz de:

1. Explicar o conceito do plano empresarial, o seu objetivo e a sua importância;


2. Descrever os elementos que compõem um plano empresarial e as prioridades num
plano empresarial;
3. Fazer a pesquisa de mercado;
4. Explicar o conceito de Marketing e descrever os seus elementos;
5. Reconhecer a importância do Marketing para o sucesso dos negócios;
6. Reconhecer a importância do bom atendimento aos(às) clientes;
7. Aplicar os princípios de Marketing no projeto e na feira escolar;
8. Explicar o conceito de recursos humanos e reconhecer a sua importância;
9. Indicar os princípios para recrutamento, seleção, organização e motivação dos re-
cursos humanos;
10. Indicar as formas de prevenção e luta contra a discriminação e desigualdade do
género no local de trabalho ou na sociedade;
11. Aplicar a gestão de recursos humanos no projeto escolar ou social;
12. Elaborar os planos de produção e financeiro;
13. Distinguir elementos do capital fixo do capital circulante;
14. Descrever o conceito e os tipos de riscos e de seguros;
15. Explicar a importância de seguros nos negócios.

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UNIDADE 3 - PLANO EMPREENDEDOR UNIDADE 3 - PLANO EMPREENDEDOR

Introdução I. PLANO EMPRESARIAL OU DE NEGÓCIOS

A Joana é uma jovem fotógrafa freelancer. Apesar de não estar associada a


nenhuma editora ou empresa de comunicação, a Joana consegue arrecadar
vários trabalhos, graças à sua excelente reputação e à constante procura de
novos clientes. Todos os dias, antes de dormir, a Joana escreve na sua agenda
uma lista de tarefas do dia seguinte: reuniões, sessões de fotografia, candidatu-
ras a trabalhos, encontros com possíveis clientes, trabalhos de campo…Enfim,
a Joana tem uma lista interminável de tarefas diárias e, para conseguir tirar o
máximo proveito do seu dia, ela organiza-as, de acordo com o horário e com a
sua prioridade. A Joana planifica o seu dia de trabalho!

Agora vamos imaginar que tu, na qualidade de futuro(a) empreendedor(a), que- 1. CONCEITO, IMPORTÂNCIA, ELEMENTOS E OBJETIVOS DO PLANO EM-
res concretizar o teu sonho e montar a tua própria Barbearia! Tal como a Joana PRESARIAL OU DE NEGÓCIOS
faz com os seus lavores diários, tu terás que estruturar, preparar e planificar o
teu projeto ou negócio, antes de tentares implementá-lo! INTRODUÇÃO

Sonhar e ambicionar algo é muito bom, mas não é suficiente! Uma excelente Fazer um plano implica pensar e estruturar um projeto, de forma a facilitar a sua
ideia não se transforma, automaticamente, numa oportunidade de negócio. Pri- implementação. O plano deve estar escrito, para evitar o esquecimento e servir
meiro, tens de organizar as tuas ideias, e a melhor forma de o fazer é escrever de guia de orientação, durante a execução do projeto.
e delinear um Plano.
Apesar de ser um grande desafio, elaborar um plano empresarial é um exercício
Por exemplo, num Plano Empresarial ou de Negócios será uma mera descrição fascinante que nos obriga, primeiramente, a organizar as nossas ideias e a ve-
das tuas ambições e dos teus objetivos? rificar se elas são viáveis ou não.
Certamente que não!
1.1. Conceito do Plano Empresarial ou de Negócios
No desenvolvimento deste tema, veremos com pormenor o conceito e a im-
portância do Plano Empresarial. Ainda veremos os elementos que compõem o
Plano Empresarial e destacaremos alguns conceitos, como custos fixos, cus-
tos variáveis, capital próprio e capital alheio, que são importantes para a de-
terminação do custo e investimento necessários para se iniciar um projeto de
negócios.

http://www.novonegocio.com.br/plano-de-negocios/como-elaborar-um-plano-de-negocio/

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UNIDADE 3 - PLANO EMPREENDEDOR UNIDADE 3 - PLANO EMPREENDEDOR

1.3.Elementos do Plano Empresarial ou de Negócios


O Plano Empresarial ou de Negócios é um documento escrito que descreve,
de forma detalhada, todos os objetivos, etapas, processos, estratégias, riscos, Antes de mais, seguem-se algumas considerações sobre a estrutura geral do
alternativas e orçamentos dum projeto que se quer implementar, e contém documento dum plano empresarial ou de negócios:
todas as informações necessárias para se iniciar e operar esse projeto com
sucesso. • O documento do plano deve ser composto por
uma capa, um sumário ou índice, seguidos do cor-
po do plano (composto pelos elementos do plano
1.2. Importância do Plano Empresarial ou de Negócios empresarial), anexos e referências bibliográficas;
• A capa deverá conter informações essenciais
Conhecer e estudar o mercado em que se insere o como: nome da empresa, o endereço, contactos,
negócio é crucial na elaboração de um plano empre- logotipo (opcional), mês e o ano em que o plano foi feito, bem como o nome
sarial! Desde a legislação em vigor, à concorrência do(a) autor(a) do plano;
até chegar aos tipos de consumidor(a)! A informação • No índice deverão estar todos os títulos presentes no plano, bem como as
é essencial para que não se cometam erros graves respetivas páginas;
que possam comprometer a prosperidade do projeto. Por exemplo, com as in- • Apesar de ser detalhado, o plano deverá ser de fácil leitura e compreensão e
formações da concorrência posso decidir melhor a minha estratégia de Market- não deverá ter muitas páginas. Claro está que o volume do plano duma grande
ing e satisfazer mellhor os clientes. organização será maior do que o plano duma pequena empresa.

O plano empresarial deve servir-te de “bússola” e orientar o teu projeto, Um Plano Empresarial ou de Negócios deve compreender os seguintes
indicando-te passos a dar para atingires os teus objetivos, bem como os pos- elementos1:
síveis riscos e problemas, mesmo antes de eles acontecerem.
Resumo executivo Conceito do negócio; Missão da empresa; Objetivos
Uma outra grande vantagem de elaborar um bom plano empresarial, é que ele Pesquisa de Mercado Clientes; Concorrência; Fornecedores; Ambiente geral de negócio.
te permite identificar os pontos fracos e fortes do teu projeto. Desta forma, Layout; Capacidade produtiva, comercial e de serviços;
poderás prevenir-te em relação aos pontos fracos e rentabilizar os teus pontos Plano de Operação Processos operacionais; Necessidade de Recursos Hu-
fortes. Poderás, também, utilizar essa informação para delineares estratégias manos; Responsabilidades Legais.
ou planos alternativos. Layout; Capacidade produtiva, comercial e de serviços;
Plano de Operação Processos operacionais; Necessidade de Recursos Hu-
Por fim, recursos! Todos os projetos têm um custo e todos os planos devem manos; Responsabilidades Legais.
contemplar um orçamento realista e rigoroso. Isto é importante para ti e, Investimento inicial; Previsão de vendas; Previsão de custos;
especialmente, se buscas financiadores ou sócios. Normalmente, os projetos Custos fixos; Custos de mão de obra; Amortização; Custo com
valem pelo conteúdo ou conceito que apresentam e pelo custo de implemen- o empréstimo ou capital alheio; Imposto sobre o rendimento
tação. Demonstração de Resultados Previstos: Custos e lucros
previstos.
Perante dois projetos semelhantes e igualmente bons, qualquer investidor(a) Existências ou Stock: Quantificação dos recursos
Plano Financeiro
preferirá aplicar o seu capital naquele que apresentar um orçamento mais baixo. necessários para o processo de produção e para o arma-
zenamento.
Fluxo de Caixa Previsional: Fluxo de caixa calculado para
um determinado período de tempo.
Balanço Patrimonial Previsional: Determinação dos ativos
da empresa.

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UNIDADE 3 - PLANO EMPREENDEDOR UNIDADE 3 - PLANO EMPREENDEDOR

Vamos passar a analisar cada um dos itens do Plano Empresarial. 1.3.2. PESQUISA DE MERCADO

1.3.1. RESUMO EXECUTIVO O conhecimento vale ouro! Conhecer bem o mercado que se quer explorar
é vital para qualquer empreendedor(a). A Análise de Mercado é tida como a
O Resumo Executivo é a primeira página a ser lida, mas é a última a ser es- etapa mais importante na elaboração dum Plano Empresarial ou de Negócios
crita, uma vez que a sua elaboração está dependente dos resultados das tuas e compreende três fatores: os(as) clientes, os(as) concorrentes e os(as) for-
pesquisas e estudos! necedores(as). É através do estudo e da análise profunda destes três fatores
que o(a) empreendedor(a) consegue ter uma boa perceção do ambiente de
Por ser a primeira página a ser lida, o Resumo Executivo deve ser explícito,
negócios em que está inserido, sendo que a regra básica da Análise de Merca-
apelativo e impactante. É o cartão de visita do teu plano pelo que não deverás
do é observar.
ocupar mais do que uma página.

Ao redigires o teu resumo executivo, tem em mente as pessoas de interesse “Um olhar apurado sobre o mercado atual traz mais chances de sucesso.”
que o vão ler: investidores(as), instituições financeiras e governamentais, po- http://precifica.com.br/2016/01/29/analise-de-mercado-a-importancia-de-compreender-seu-con-
tenciais sócios(as) e parceiros(as). sumidor-e-sua-concorrencia/

Conceito de Resumo Executivo Conceito

O Resumo Executivo é um sumário do Plano Empresarial, que descreve os Conjunto de informações e dados necessários para avaliar e compreender o
seus pontos principais e mais interessantes e permite fazer uma rápida ava- mercado de negócios em que se quer investir. Pode ser também definido como
liação da empresa e dos seus planos. um método de pesquisa que serve como ferramenta de orientação na elabo-
ração dum Plano Empresarial ou de Negócios.
Devem estar presentes os seguintes aspectos:

Resumo Executivo Descrição Seguem-se alguns exemplos da utilidade da Análise de Mercado:


• Definir em que consiste a empresa e definir os produtos e os
serviços a serem fornecidos;
• Dimensionar o mercado;
• Determinar a localização da empresa; • Identificar o setor mais lucrativo do mercado;
• Indicar o valor do capital social2 a ser investido; • Detetar as novas tendências de consumo;
Conceito do Negócio • Indicar os valores de facturação mensal e anual, bem como o • Avaliar a aceitação de novos produtos;
lucro esperado; • Estabelecer preços competitivos dos produtos.
• Definir o valor e o tempo esperado para o retorno do capital
investido; Mas para fazeres tudo isto é preciso, em primeiro lugar, analisares os(as) clien-
• Não deverá ultrapassar os dois parágrafos.. tes, os(as) concorrentes e os(as) fornecedores(as).
• Descrever, de forma sucinta, os propósitos e as respon-
Missão da empresa sabilidades da empresa: Porque é que a empresa existe?
O que a empresa faz? Para quem?
• Determinar objetivos práticos, realistas e mensuráveis;
Objetivos
• Listar entre 3 a 4 objetivos.

2
O capital social compreende o montante bruto necessário para iniciar as atividades de uma empresa. O conceito será esclare-
cido mais à frente, na temática sobre o Plano Financeiro.

60 61
UNIDADE 3 - PLANO EMPREENDEDOR UNIDADE 3 - PLANO EMPREENDEDOR

A. Clientes • O preço?
• A qualidade dos produtos ou serviços?
A satisfação dos(as) clientes deve ser a prin- Identificar o que motiva
• A marca?

3º Passo
os(as) clientes a com-
cipal preocupação do(a) empreendedor(a). E • O prazo de entrega?
prar
para satisfazê-los é preciso conhecê-los bem! • O prazo ou as formas de pagamento?
Saber quem são, o que fazem, quais os seus • O atendimento da empresa?
gostos, o que é que os motiva… Enfim, é cru- • Qual o tamanho do mercado em que vais atuar? É
cial conheceres o perfil dos(as) clientes que Identificar onde é que uma rua ou uma avenida?
se quer conquistar! Pois, sem clientes não há

4º Passo
estão os(as) teus/tuas • Queres abranger o teu bairro? A tua cidade? A tua
negócios! clientes ilha?
• O teu país e/ou outros países?
São várias a ferramentas e técnicas que podes utilizar para analisar (as) teus/
tuas clientes. Desde questionários, entrevistas, conversas informais, análise
dos dados estatísticos de consumo, observação dos(as) concorrentes, demons- Muitas vezes, apresentar um produto para um grupo de clientes específico é
trações gratuitas até à observação. mais rentável do que apresentar um produto generalista e que não desperte o
interesse especial de ninguém. Imagina que um/uma surfista de renome mundi-
Podes, também, fazer valer os teus dotes informáticos al visita Cabo Verde e pretende levar uma prancha como lembrança das aventu-
e realizar as tuas análises de mercado através de ferra- ras vividas nas nossas praias. Será que ele /ela prefere ir a uma loja que vende
mentas digitais grátis, como, por exemplo, o SurveyMon- todo o tipo de artigos desportivos ou será que ele/ela prefere ir a uma loja espe-
key, o BizStats, o CrunchBase, o PiniOn ou o Google cialidade e personalizada? Mas existem situações em que vender um produto
Trends. ou serviço generalista é o segredo do sucesso! É por isso que o estudo dos(as)
teus/tuas clientes é tão importante! Mas também, é importante conheceres a
concorrência!
Convém teres sempre presente que os(as) clientes, ao comprarem produtos,
estão, na realidade, a comprar soluções para algo que precisam ou desejam.
B. Concorrência
Daí, a importância de identificares quais são as soluções que os(as) clientes
procuram ou desejam. Para isso, deves seguir os seguintes passos:
Assim como fizeste com os(as) teus/tuas clientes,
deves também analisar os(as) teus/tuas concorrentes.
Perguntas
No entanto, com os objetivos diferentes: analisar para
• Qual a faixa etária? satisfazer os(as) clientes e analisar para superar os(as)
• Na sua maioria, são homens ou mulheres? Ou são só concorrentes!
homens ou só mulheres?
Identificar as caraterísti-
1º Passo

• Qual a sua religião, raça ou etnia?


cas gerais dos(as) clien-
• Qual o seu trabalho?
tes Todas as empresas que atuam no mesmo ramo de atividade e que comer-
• Quais são os seus passatempos?
• Quanto ganham? Quanto podem gastar? cializam o mesmo produto ou serviço são teus/tuas concorrentes.
• Qual o seu grau de escolaridade?
• Onde é que moram?
• Com que frequência é que compram esse produto Perceber as estratégias da concorrência e observar os seus
Identificar os intere- ou serviço? Em que quantidade? pontos fortes e fracos é essencial! Podes aprender muito se
sses e os comporta- • Onde costumam comprar? dedicares algum tempo a observar o que é que os(as) teus/tuas
2º Passo

mentos dos(as) clien- • Qual é o preço que pagam atualmente por esse pro- concorrentes fazem.
tes duto ou serviço?
• Quais são os benefícios procurados?

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UNIDADE 3 - PLANO EMPREENDEDOR UNIDADE 3 - PLANO EMPREENDEDOR

Primeiramente, deves identificar quem são os(as) teus/tuas principais con- analisar os(as) fornecedores(as) que existem no mercado e escolher aqueles/
correntes. Posteriormente, deves analisar aquilo que fazem bem ou mal e aquelas que te dão as garantias e a qualidade que procuras.
tirar notas.
Por exemplo, imagina que és dono(a) duma padaria. E, segundo o teu Plano
Como? Dirigindo-te às suas lojas, disfarçando-te de cliente, questionando os de Negócio, precisarás de um(a) fornecedor(a) que te abasteça 100 kilos de
(as) seus/suas clientes, recolhendo informações na internet, participando os farinha todas as semanas. Deverás, então, escolher um(a) fornecedor(a) que te
seus eventos e promoções. dê essas garantias de abastecimento, caso contrário, correrás o risco de falhar
com os compromissos feitos aos(às) teus/tuas clientes.
Mantém-te sempre informado sobre os seguintes aspectos: Deves levar em conta os seguintes aspectos, no momento de escolher
os(as) teus/tuas fornecedores (as):
A qualidade do próprio produto; A qualidade dos materiais empregues (cores,
tamanhos, embalagem, variedade, etc); Preço cobrado; As condições de pa- Garantia de qualidade e segurança dos produtos fornecidos; Consistência
gamento (prazos concedidos, descontos praticados, formas de pagamento, e frequência das entregas; Tempo médio de entrega; Cumprimento dos pra-
etc); Atendimento ao(à) cliente; Serviços disponibilizados (horário de funcio- zos de entrega; Custo de transporte; Localização do(a) fornecedor(a); Preço
namento, entrega ao domicílio, tele-atendimento, etc); Garantias oferecidas; do produto; Condições de pagamento; Confiabilidade; Flexibilidade; Capaci-
A localização da concorrência; A valorização dada aos(às) trabalhadores(as). dade de produção; Inovação tecnológica.

Feita a análise aos(às) teus/tuas concorrentes, terás de fazer a análise sobre Procura sempre por fornecedores(as) suplentes que
como é que te queres posicionar no mercado. possam desafrontar-te, em caso de emergência.

Quando possível, evita os(as) fornecedores(as) inter-


A tua empresa conseguirá competir diretamente com as que já existem? mediários(as). É mais barato comprares diretamente
Porque é que os(as) consumidores(as) vão preferir o teu produto ou serviço? nos(as) produtores(as) de ovos, por exemplo, do que
O mercado necessita dos produtos ou serviços que ofereces? Há espaço comprar nos(as) revendedores(as). Negociar com os(as) fornecedores(as)
para todos os empreendimentos? primários(as) aumenta a tua margem de lucro.

D. Ambiente Geral do Negócio


Posto isto, terás de delinear uma estratégia com base na análise da concor-
rência que fizeste. Após analisar e avaliar os(as) clientes, os(as) concorrentes e os(as) fornece-
dores(as) deves determinar se o mercado de negócio é-te favorável ou não!
C. Fornecedores(as)
Analisa a figura seguinte:
Os(as) fornecedores(as) são as pessoas ou as empresas que providenciam
todas as matérias-primas, equipamentos e recursos necessários para pro- Será que o comerciante da figura fez
duzir um bem ou serviço. uma boa análise de mercado? Será que
ele pôs em prática a regra básica da
A escolha dos(as) teus/tuas fornecedores(as) é de grande relevância! A eficiên- análise de mercado: observar?
cia e a qualidade dos(as) teus/tuas fornecedores(as) vão determinar a quali-
dade dos teus produtos e serviços. Evidentemente que não! Para ter algum
lucro, ele talvez deveria comercializar
Não te esqueças que estás a fazer a Análise do Mercado de Negócios, pelo garrafas de água, chapéus, lenços…
que, da mesma forma que analisaste clientes e concorrentes, deves também Enfim, tudo menos areia!

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UNIDADE 3 - PLANO EMPREENDEDOR UNIDADE 3 - PLANO EMPREENDEDOR

Objetivos Gerais - Consistem em resultados ou metas que devem ser alcança-


A avaliação do ambiente geral de mercado serve para determinares qual dos a longo prazo (3-5 anos).
é que vai ser a tua posição no mercado. Se vais continuar com a tua ideia
inicial, se precisas de fazer ajustes ou se deves, simplesmente, mudar de Exemplos: Tornar-se líder no mercado; Ganhar prestígio na comunidade, etc.
ideia! Objetivos Específicos - Consistem em resultados ou metas que devem ser
alcançados em pouco tempo, um ano ou menos.
1.4. FIXAÇÃO DE OBJETIVOS E PRIORIDADES NUM PLANO EMPRESARIAL Exemplos: Iniciar o projeto no final de seis meses; Aumentar o número de cli-
entes de 50 para 60; Reduzir os custos em 10%.
Uma das perguntas que muitas pessoas costumam fazer é, “como é que eu
alcanço todos os meus objetivos quando estou sozinho(a) e com poucos re- 1.4.2. Fixação de Prioridades
cursos?”. A resposta mais óbvia é “fixando objetivos e prioridades, segundo a
importância que têm para ti”. Prioridades são coisas que devem ser tratadas como sendo as mais impor-
tantes entre muitas outras. É prioritário tudo que contribui para o alcance dos
1.4.1. FIXAÇÃO DE OBJETIVOS objetivos.

Saber fixar objetivos irá ajudar-te a obter sucesso no teu projeto. Tal como vi- Nenhum(a) empreendedor(a) é capaz de conseguir tratar todos os pro-
mos, quando falamos de gestão de tempo, podes estar seguro (a) que estás a blemas que surgem no seu projeto e tu não será exceção. Para identifi-
fixar bem os objetivos, quando estes reúnem os cinco requisitos básicos dis- cares as prioridades é necessário que classifiques as atividades ou os objeti-
criminados no Quadro a seguir: vos, segundo a sua importância para o projeto.

Requisitos Básicos na Fixação de Objetivos A seguir, vê uma forma simples de classificar e ordenar as tuas atividades:

Aquilo que pretendes alcançar deve ter utilidade para o


1. Relevante projeto. Por exemplo, iniciar a produção dentro de seis Prioridade I - Esta inclui todas as atividades que “têm que ser feitas” ou ob-
meses. jetivos a alcançar. Isto significa que se não as fizeres, então não irás alcançar
os objetivos no teu projeto.
Deve haver clareza sobre o que pretende alcançar. Por exemplo,
2. Específico
reduzir o tempo de realização do trabalho em meia hora.
Exemplos: A compra de matérias-primas; A contratação de pessoal técnico;
Atividades de promoção de um novo produto.
Deve ser possível medir/quantificar. Por exemplo, verificar
3. Mensurável
se o trabalho dura menos de 1 hora.
Prioridade II - Estas são as atividades que apoiam e consolidam as atividades
Deve haver ou ser possível de criar as condições, por que estão na prioridade número um. Estas devem ser feitas, quando continuares
4. Alcançável exemplo, para iniciar a produção dentro dos seis meses a ter recursos depois de implementares as atividades da prioridade I.
previstos.
Deve ser possível tomar apontamento ou registo. Por Exemplos: Aumentar a publicidade dos produtos; Aumentar os salários dos(as)
5. Registável exemplo, a empresa iniciou as atividades no dia 20 de empregados(as).
Junho de 2016.
Prioridade III - Esta categoria engloba as atividades “boas para fazer”, mas
Categorias de Objetivos que pouco contribuem para a realização das atividades nas prioridades I e II.
Portanto, são resolvidas só quando houver tempo e dinheiro.
Ao formulares os objetivos no teu plano empresarial, deves considerar as duas
importantes categorias de objetivos: objetivos gerais e objetivos específicos. Exemplo; Dar bónus aos (às) empregados (as).

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II. NOÇÕES DE MARKETING


SAIBA MAIS

“Nós temos um planejamento estratégico. Ele se chama: fazer as coisas”, HerbKelleher, South Introdução
West.
“Explicação – essa frase faz alusão à dificuldade que alguns empresários têm em pôr em práti- Com a expansão dos mercados e com o crescimento da concorrência, apa-
ca o que se levou tempo planejando.
receu a necessidade de compreender o novo cenário de negócios, de vender
O planejamento é essencial para o sucesso da empresa, principalmente quando a organização
consegue realmente pôr em prática o plano de ação que foi planejado anteriormente; o que mais e atrair mais consumidores(as), isto na década 50 do século XX nos Esta-
adianta ter um planejamento que seja estratégico e gere sucesso a curto ou longo prazo, se a dos Unidos da América.
empresa é ineficiente em, pelo menos, começar o plano que foi traçado? Então mãos à obra!”

Fonte:http://www.novonegocio.com.br/empreendedorismo/10-frases-empreendedoras/
E, assim, surge o Marketing, estrangeirismo inglês proveniente da palavra Mar-
(novembro 2016) ket que significa mercado. O Marketing, por vezes, é entendido como pro-
moção, divulgação de um produto ou serviço, mas, o Marketing é mais
abrangente.
AGORA EU SEI QUE…

1.O Plano Empresarial ou de Negócios é um documento escrito que descreve, de forma de-
talhada, todos os objetivos, etapas, processos, estratégias, riscos, alternativas e orçamentos de
um projeto que se quer implementar, e contém todas as informações necessárias para se iniciar
e operar esse projeto com sucesso.
2. O Plano Empresarial obriga-me a pensar e a planificar o futuro da minha empresa ou do meu
negócio, antes de eu gastar ou aplicar algum dinheiro.
3. O Plano Empresarial compreende nove elementos, nomeadamente: Resumo Executivo;
Pesquisa de Mercado; Plano de Marketing; Plano de Operação; Plano Financeiro; Demonstração
de Resultados Previstos; Existências ou Stock; Fluxo de Caixa Previsional; Balanço Patrimonial
Previsional.
4. O Resumo Executivo é um sumário do Plano Empresarial, que descreve os seus pontos prin-
cipais e mais interessantes e permite fazer uma rápida avaliação da empresa e dos seus planos.
5. A Pesquisa de Mercado constitui a etapa mais importante na elaboração dum Plano Empre-
sarial ou de Negócios e compreende três fatores: os(as) clientes, os(as) concorrentes e os(as)
fornecedores(as).
6. Os requisitos básicos na fixação dos objetivos são: Relevante, Específico, Mensurável, Alcançável
e registável.
7. Na elaboração do plano empresarial devem- se formular dois tipos de objetivos; Objetivos 1. CONCEITO DE MARKETING
gerais e objetivos específicos.
8. É prioritário tudo que contribui para o alcance dos objetivos e metas da empresa.

Marketing é tudo aquilo que se faz para procurar saber quem são os(as)
ATIVIDADE teus/tuas clientes, quais são as suas necessidades e preferências, e como
atraí-los(as) e deixá-los(as) satisfeitos(as).
De forma individual ou em grupo, inicia a elaboração de um plano empre-
sarial para o projeto escolar.

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Ao fazeres Marketing para o teu produto ou serviço, deves incluir as seguintes PRODUTOS – PREÇO – PRAÇA- PROMOÇÃO
atividades:

Produtos
• Descobrir o que as pessoas ou os(as) consumidores(as) precisam ou querem;
e Preço
• Desenvolver/fornecer os bens ou serviços que satisfazem as necessidades
ou os desejos identificados nos(as) consumidores(as); serviços

• Fixar preços que os clientes podem pagar e estão dispostos a pagar e que
permitem obter lucros;
• Disponibilizar os produtos em lugares onde os(as) consumidores(as) têm Praça ou

acesso a eles; Promoção Ponto


• Promover os produtos, informando e atraindo os(as) clientes para os com- de
e
prar e, depois de terem começado a comprar, reter o seu interesse em com-
distribuição
prar na sua empresa. Comunicação

2. IMPORTÂNCIA DE MARKETING
Marketing-Mix consiste num esforço de procurar incorporar caraterísticas em
cada um dos quatro elementos de Marketing para que o produto ou serviço se
Com o Marketing, garantes que as necessi-
torne mais atrativo ou mais útil.
dades e os desejos do (a) consumidor(a) se-
jam satisfeitos ao mesmo tempo com os teus;
Desta forma, os(as) consumidores(as) sentem-se atraídos a adquirirem o pro-
Os(As) clientes satisfeitos(as) regressam e duto, ou a optarem por ele, em detrimento dos produtos oferecidos pelos(as)
compram na tua empresa; outros(as) concorrentes.

Os(As) clientes falam aos(às) amigos(as) e a outras pessoas sobre os produ- Vê a seguir, exemplos das caraterísticas ou subfatores dos 4Ps de Marketing:
tos que vendes e a tua empresa ganha mais clientes, obtendo, assim, maiores
lucros.
PRODUTO PRAÇA
3. PRINCIPAIS ELEMENTOS DO MARKETING
Qualidade, caraterísticas, estilo, Canais de distribuição, cobertura
As atividades de Marketing dividem-se em quatro elementos que compõem o marca, embalagem, garantias, geográfica, pontos de venda,
Marketing-Mix, que são fatores (internos) que te permitem controlar e atuar so- assistência técnica e outros quantidade de stock, transporte.
bre o mercado. Estes meios são designados por “ Os 4Ps de Marketing”: serviços.

PREÇO PROMOÇÃO

Nível de preço, descontos ou Vendedores (força de venda),


reduções, condições de publicidade, relações públicas,
pagamento. anúncios, cartazes.

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3.1. PRODUTOS E SERVIÇOS 3.2. PREÇO

Os(As) clientes compram os serviços e bens para satisfazerem as suas neces- Preço é o valor monetário de um produto. Um(a) empreendedor(a) deve vender
sidades e vontades. Por isso, os teus produtos devem ser únicos no desenho ou os seus produtos a preços que atraiam os(as) consumidores(as). Em geral, os
conceção, na qualidade, etc., para que os(as) clientes os prefiram em relação preços pelos quais os produtos são postos à venda devem ser suficientemente
aos da concorrência. baixos para levarem os clientes a comprar e suficientemente altos para que
o (a) empreendedor(a) obtenha lucro.

Ao fixares o preço do teu produto, deves ter em conta os seguintes fatores:

• O custo do produto;
• A quantidade que as pessoas compram e quanto estão dispostas a pagar;
• Os preços das empresas concorrentes que oferecem produtos semelhantes
ou produtos que podem substituir os teus;
Ao desenvolveres o teu produto, deves considerar os seguintes fatores:
• A necessidade de tornar os preços mais apelativos para os clientes, por exem-
plo, fazendo ofertas especiais e descontos;
• Desenvolver um produto em resposta às necessidades dos clientes; • A margem de lucro que queres;
• Decidir sobre a forma, a cor, a embalagem, o nome da marca, a quantidade e • Se o produto é sazonal ou não. Produtos sazonais como guarda-chuvas, ga-
a qualidade daquilo que os desejam; bardinas, cartões de Natal, postais para o Dia dos Namorados, Dia da Mãe, Dia
• Decidir se fazes um produto semelhante aos outros ou diferente e melhor do dos Pai são geralmente vendidos por preços mais altos do que produtos que
que os produtos dos(as) outros(as) concorrente; não são sazonais como o sal, o açúcar, o sabão, entre outros.
• Determinar a disponibilidade dos materiais para fazeres o produto, produzido
por ti ou comprando-o localmente ou importando-o; Para calculares o preço de venda de um produto, usa a seguinte fórmula:
• Produzir um produto que satisfaça as normas da política governamental.

Custo da Matéria-Prima + Custos Administrativos e Comerciais + Impostos e


Comissões + Lucro Desejado.

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3.3. PRAÇA OU PONTO DE DISTRIBUIÇÃO 3.4. PROMOÇÃO E COMUNICAÇÃO

A Praça tem a ver com os vários métodos de colocares os produtos à disposição A Promoção é toda ação que visa apresentar, informar, convencer ou lembrar
dos(as) clientes. Ter o produto certo, no lugar certo e na hora certa, implica os(as) clientes de comprar os teus produtos e não os dos(as) concorrentes.
transportar, fornecer e armazenar os produtos de modo que os mesmos este-
jam sempre à disposição do(a) cliente. Podes promover os teus produtos da seguinte forma:

Na escolha da praça e distribuição dos teus produtos, deves considerar os se-


guintes fatores: • Organizar uma sala de vendas ou exposição;
• Participar em feiras, eventos e exposições;
• Dar amostras grátis e prendas;
• Existência de transportes na região/zona – Para fácil distribuição dos pro- • Comunicar com os(as) clientes e compreender as suas necessidades;
dutos; • Contacto porta a porta;
• Armazéns - Lugar onde os produtos são guardados em segurança até serem • Brindes, sorteios e descontos (conforme os volumes comprados);
solicitados pelos clientes; • Carro de som e faixas;
• Segurança – O local onde os produtos são armazenados ou vendidos, deve • Usar muita publicidade, tais como, postes de sinalização, cartazes, anúncios,
ter garantia de segurança. Isto irá minimizar os riscos de perdas de stock, cartões da empresa, catálogos de produtos, rádio, televisão, revistas, jornais,
devido a roubos e arrombamentos; letreiros, internet, listas de preços, folhetos, fotografias, jornais.
• Local onde vender o produto – Para o comércio e serviços, devem estar lo-
calizados junto dos(as) clientes para lhes tornar fácil o acesso à loja ou posto
de serviços; 4. ATENDIMENTO DE CLIENTES
• Distribuição de produtos – refere-se à forma como os produtos chegam
aos(às)consumidores(as). Podes estabelecer canais de distribuição para os
teus produtos, usando os seguintes métodos de distribuição:
• Distribuição Direta – Vendes os teus produtos diretamente para as pessoas Um bom atendimento permite atrair
que vão consumir; clientes e aumentar as vendas.
• Distribuição a retalho - Vendes os teus produtos aos retalhistas, isto é, a
outros(as) empreendedores(as) que, por sua vez, os vendem aos(às) con-
Para atenderes bem os (as) teus/
sumidores(as) finais;
tuas clientes, deves agir da se-
• Distribuição a grosso – Vendes os produtos em grandes quantidades aos
guinte forma:
grossitas que, por sua vez, os vendem, em quantidades mais pequenas, aos
retalhistas que, finalmente, os vendem aos(às) consumidores(as) que são • Cumprimentar os(as) clientes e
os(as) utilizadores(as) finais do produto; sempre que possível, tratá-los pelo
• Agentes de Marketing e Venda – Estes são agentes que vendem produtos, seu nome;
em nome das empresas, e recebem uma comissão com base no valor das • Quando já estiveres a atender um(a) cliente e chegarem outros, cumprimenta
quantidades vendidas. os(as) clientes que estão à espera e diga-lhes que vais atendê-los a seguir;
• Sê educado(a) e amável. Isto faz com que os(as) clientes se sintam bem-vin-
dos(as) e gostem de visitar a empresa.
• Apresenta-te limpo(a), com bom aspeto e sorri;
• Escuta atentamente o que os(as) clientes dizem e faz perguntas para saberes
de que precisam;

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• Sê paciente, dá aos(às) clientes tempo para fazerem perguntas e decidirem


o que querem comprar; Quer que eu reserve um para si?
• Sê honesto(a) e digna de confiança; • Que cor prefere?
• Não discutas com os(as) clientes. Permite-lhes que digam não, se não quise- • Quer que façamos a entrega a domicílio ou vem buscar?
ram o produto e pergunta-lhes o que querem;
• Agradece aos(às) clientes por virem à tua empresa, mesmo se não comprarem
os teus produtos. Seguimento - Este é o apoio que dás ao(à) teu/tua cliente, depois de vender ou
comprar os teus bens ou serviços. Isto leva a clientela a fazer novas compras.
Pode ser feito por carta ou telefone para dizer “obrigado pela compra e, se pre-
- Venda Criativa cisar de mais, estamos à sua disposição”.
Podes alcançar a venda criativa agindo da seguinte maneira:

• Insistir num produto desde o começo da apresentação;


• Mencionar mais as vantagens do produto do que as suas caraterísticas,
por ex: estes sapatos são confortáveis e resistentes em vez de “são de
pele”;
• Dar toda a atenção ao(à) cliente(a) na conversa e não ficar a falar so-
zinho(a);
• Escutar o(a) comprador(a) para que ele se sinta importante e para com-
preender as suas necessidades;
• Lidar com objeções: As objeções surgem quando (a) comprador(a) diz
“não” ao preço ou a qualidade do produto. Este é o começo da venda e
significa que o(a) comprador (a) está interessado(a) no produto.

AGORA EU SEI QUE…

1. Marketing é tudo aquilo que se faz para procurar saber quem são os(as) teus(tuas clien-
Os métodos seguintes podem ser empregues para lidares com as obje- tes, quais são as suas necessidades e preferências, e como atraí-los(as) e deixá-los(as) satis-
ções: feitos(as).
2. O Marketing-Mix é composto por quatro elementos ou fatores que atuam sobre o mercado
Escutar o(a) cliente sem interrompê-lo(a); Usar um método “Sim, mas”. Se, por também designados de 4Ps de Marketing: Produtos e Serviços, Preço, Praça ou Ponto de Dis-
tribuição e Promoção e Comunicação.
exemplo, o(a) cliente disser “O seu preço é muito alto ou mais alto que o dos(as)
3. Os produtos devem ser únicos no desenho ou conceção, na qualidade, etc., para que os(as)
teus(tuas concorrentes”, diga “Sim, o custo inicial é um pouco mais elevado clientes os prefiram em relação aos da concorrência.
mas a longo prazo faz economias porque o nosso produto é mais resistente e 4. Os preços pelos quais os produtos são postos à venda devem ser suficientemente baixos
elegante”;Perguntar ao(à) cliente de que é que não gosta no produto e dar uma para levarem os clientes a comprar e suficientemente altos para que o (a) empreendedor(a)
alternativa para satisfazer a sua necessidade; Desviar a atenção do(a) compra- obtenha lucro.
5. A Praça ou Ponto de Distribuição tem a ver com os vários métodos de colocação dos produtos
dor (a) do aspeto negativo para outras vantagens mais atrativas. à disposição dos clientes. Ter o produto certo, no lugar certo e na hora certa, implica transportar,
fornecer e armazenar os produtos de modo que os mesmos estejam sempre à disposição do
Fechar o negócio – Significa encontrar uma maneira de fazer o(a) cliente agir cliente.
ou comprar o produto requer que faças perguntas tais como: 6. Eu posso fazer chegar os meus produtos aos (às) consumidores(as) finais, usando os se-
guintes métodos de distribuição: Distribuição direta, distribuição a retalho, distribuição a grosso
e agentes de Marketing.

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III. NOÇÕES DE GESTÃO DE RECURSOS HUMANOS


7. A Promoção e Comunicação englobam todos os meios que utilizo para influenciar as pessoas
para que possam comprar mais os meus produtos e serviços.
8. Um bom atendimento permite atrair clientes e aumentar as vendas.
Introdução

O sucesso de qualquer empresa, grande ou


pequena, depende, não só da forma como se
ATIVIDADES lidam e se tratam os (as) empregados(as), mas
também como os(as) empregados(as) satis-
1. Escolha a alternativa correta que diz respeito ao Marketing-Mix: fazem as necessidades dos clientes. A conduta
dos (as) empregados(as) reflete a imagem da
A. Produtos e Serviços, Preço, Praça ou Ponto de Distribuição e Promoção e empresa. O grupo de pessoas que participa e
Comunicação contribui para o funcionamento da empresa constitui aquilo a que chamamos
B. Produtos e Serviços, Praça, Pilares e Portões recursos humanos.
C. Respostas A e B
D. Nenhuma das anteriores Neste tema irás aprender a desempenhar as tarefas de gestão de recursos
humanos numa empresa.
2. Examina o ambiente local, identificando e enumerando as empresas que
utilizam: 1.CONCEITO DE GESTÃO DE RECURSOS HUMANOS

a) Distribuição direta Numa empresa, a gestão dos recursos humanos começa com a determinação
b) Distribuição a retalho do pessoal necessário, o recrutamento de pessoal qualificado e continua com
c) Distribuição a grosso a orientação do seu desempenho e o incentivo ao seu crescimento dentro da
d) Agentes de Venda ou de Marketing empresa.

3. Imagina que és o(a) proprietário(a) duma pequena empresa que fabrica


produtos naturais de beleza à base de Babosa. Faz um plano de Marke- Gestão de Recursos Humanos - Refere-se a um conjunto de atividades cujos
ting, tendo como objetivos atrair e ganhar a confiança dos (as) consumi- objetivos visam garantir a disponibilidade e melhor uso da mão de obra para o
dores(as). sucesso da empresa.

a) Dá um nome à marca e cria um logotipo que define a identidade dos teus


produtos; A gestão dos recursos humanos deve possibilitar o melhor uso das capacidades
b) Define as caraterísticas físicas, químicas e de qualidade que a tornam mais das pessoas. Podem ser vendedores/vendedeiras numa loja, empregados(as)
atrativa; de escritório, funcionários (as) de serviços públicos ou privados ou técnicos(as)
c) Fixa um preço, tendo em conta os preços das outras marcas e justifica a tua numa oficina.
decisão;
d) Defina a forma que vais usar para distribuir o produto, para facilitar o acesso
de potenciais clientes;
e) Desenha um letreiro, publicitando os teus produtos naturais de Babosa.

Apresenta e discute na turma o teu plano de Marketing.

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2. IMPORTÂNCIA DE GESTÃO DOS RECURSOS HUMANOS 3.2. Recrutamento de Recursos Humanos

Tal como falamos, o sucesso duma empresa está nas mãos dos recursos hu- Refere-se ao processo de localizar e fazer uma lista de candidatos(as) adequa-
manos, desde o(a) seu/sua chefe até ao (à) empregado(a) de limpeza. São os dos(as) para um posto de trabalho. Portanto, tens que explorar muitas possibi-
recursos humanos que pensam, planeiam e executam as atividades da empre- lidades, até encontrares o (a) candidato(a) adequado(a).
sa. São os recursos humanos que projetam o futuro da empresa, devem ter
visão sobre o futuro da empresa, interagem com os clientes e fecham contratos. 3.3. Seleção de Recursos Humanos

A gestão dos recursos humanos é essencial para o bem-estar e a sobrevivência Este é um processo que envolve uma série de medidas, desde formulários de
a longo prazo da empresa. Permite à empresa ou organização: candidatura até entrevistas, verificação das referências pessoais e exames físi-
cos para determinares de um (a) é apropriado(a) para este posto de trabalho.

- Recrutar pessoas com as qualificações necessárias para aumentar a produ- 3.4. Organização de Recursos Humanos
tividade;
- Minimizar os danos nas máquinas e equipamentos, usando pessoal tecnica- Após a seleção do(a) empregado(a) mais adequado(a),
mente competente; é importante que organizes um programa inicial ou de
- Ser eficiente e eficaz no alcance das metas; orientação. Através deste programa, o(a) empregado(a)
- Minimizar os custos na empresa causados por recursos e tempo desperdiça- irá encontrar-se e falar com os(as) outros(as) empre-
dos. gados(as) e ficar a conhecer o seu trabalho.

3.5. Motivação

3. PRINCÍPIOS PARA O DIMENSIONAMENTO, RECRUTAMENTO, SELEÇÃO,


ORGANIZAÇÃO E MOTIVAÇÃO DE RECURSOS HUMANOS • Melhores condições de trabalho;
• Aumento de salário ou remuneração com base no desempenho do(a) empre-
3.1.Dimensionamento de Recursos Humanos gado(a);
• Seguir uma carreira de progressão profissional dos (as) trabalhadores(as)
Dimensionar recursos humanos significa determinar o número de empre-
com melhoria de benefícios, à medida que vai subindo;
gados(as) e suas qualificações necessárias para atingir a capacidade de pro-
• Dar bónus, assistência médica, seguros, segurança social, transporte, entre
dução estabelecida pela empresa. Assim, ao determinar o número e tipo de em-
outros;
pregados(as) que precisas, deves tomar em consideração os seguintes fatores:
• Tratar os(as) empregados(as) com cortesia e humildade e ser amigo(a) e con-
• Tipos de qualificações e experiência selheiro(a) dos(as) teus/tuas empregados(as) e não agir emocionalmente e,
profissional, de acordo com o trabalho que caso de problemas;
vão realizar; • Avaliar periodicamente o desempenho de cada um(a), elogiar ou premiar
• Número de postos de trabalho existentes. as(as) que se distinguem.
Alguns postos vão precisar mais de um(a)
empregado(a);
• Família – se membro da família puder apoiar a empresa, então será preciso
recrutar menos empregados(as);
• Custos em salários e outros.

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UNIDADE 3 - PLANO EMPREENDEDOR UNIDADE 3 - PLANO EMPREENDEDOR

4. IGUALDADE/NÃO DISCRIMINAÇÃO NO LOCAL DE TRABALHO OU NA 4.2. Motivos de Discriminação no Trabalho


SOCIEDADE
São estes os principais motivos de discriminação no trabalho:
4.1.Conceito de Discriminação

Deficiência física; Género; Ideologia política; Nacionalidade; Orientação


A discriminação no trabalho ou na profissão consiste em tratar os funcionários sexual; Origem social; Raça; Religião.
de forma diferente e menos favorável, baseando-se em critérios que nada têm
a ver com o mérito ou com os requisitos do emprego. No entanto podem existir outros motivos para discriminação. E, normalmente,
essa discriminação reflete-se no salário desigual, nas más condições de tra-
balho ou, então, na não atribuição de tarefas ou competências relevantes den-
Analisa estes dois casos: tro da empresa.

Caso 1 O tratamento diferenciado só pode ser aceite quando os funcionários apre-


O Mário e a Joana são dois técnicos de informática sentam diferentes níveis de produtividade e mérito. O(A) funcionário(a) ou tra-
numa empresa de serviços multimédia. Eles foram re- balhador(a) que concretiza 100% das vendas não pode receber os mesmos
crutados, ao mesmo tempo, e desempenham a mes- prémios de produtividade do que aquele que concretiza apenas 30%.
ma função dentro da empresa. Ambos são funcionários
exemplares e qualificados. No entanto, o Mário ganha Mas mais importante do que saberes quais são as suas diversas formas, é sa-
35% mais do que a Joana. beres que a discriminação no trabalho é uma violação aos Direitos Humanos,
sendo, por isso, inaceitável em Cabo Verde ou em qualquer outro país do Mun-
Caso 2 do. Aliás, em Cabo Verde, o Código Laboral 3estabelece no ponto 1 do Artigo
O Marco trabalhava numa empresa de Marketing 15º que a igualdade no trabalho compreende, o seguinte:
e Publicidade. Infelizmente sofreu um acidente de
viação e ficou paraplégico. Passou a deslocar-se
em cadeiras de rodas, mas as suas capacidades in- a) O direito a não ser preterido, prejudicado ou de outro modo discrimi-
telectuais continuavam intactas. O edifício em que nado no acesso ao trabalho, na fixação das condições de trabalho, na re-
trabalhava não tinha acessibilidade para pessoas muneração do trabalho, na suspensão ou extinção da relação de trabalho
com deficiência motora e a empresa não estava dis- ou em qualquer outra situação jurídica laboral em razão do sexo, cor da
posta a custear as obras de adaptação. O Marco teve de procurar outro em- pele, origem social, religião, convicções políticas ou ideológicas, filiação
prego. sindical ou outro motivo discriminatório;
b) O direito a beneficiar das compensações, sejam normativas ou contra-
Os casos da Joana e do Marco são, infelizmente, exemplos clássicos de dis-
tuais, não atribuídas à generalidade dos trabalhadores e sejam justifica-
criminação laboral, baseada no género e na deficiência física. Apesar de viver-
das em razão da idade, do sexo, de deficiências congénitas ou adquiridas
mos num mundo globalizado e moderno, a discriminação e a desigualdade em
termos de oportunidades ainda existem. e outras doenças incapacitantes, do estado puerperal e bem assim em
razão do grau de produtividade das condições específicas do exercício da
actividade laboral;
c) O direito a não ser preterido em direitos e regalias, nem sofre quaisquer
discriminações por virtude de execução de trabalho a tempo parcial.

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A Organização Internacional do Trabalho (OIT) IV. ORGANIZAÇÃO DO PROCESSO PRODUTIVO


acrescenta que a discriminação no trabalho
“gera desigualdades socioeconómicas que mi- Introdução
nam a coesão social e a solidariedade e abran-
dam a redução da pobreza”, implicando sem- Para responder a procura de clientes, o teu processo de produção deve ter um
pre um desperdício de recursos humanos com certo tamanho e estar organizado de certa maneira que te permita produzir a
efeitos prejudiciais sobre a produtividade e o crescimento económico. quantidade necessária de produtos ou serviços numa certa unidade de tempo.
Quando procedes desta maneira, significa que estás a dimensionar e a orga-
3
Consultar Decreto – Legislativo 5/2007 de 16 de Outubro, publicado no Boletim Oficial, I SÉRIE- Nº 37 SUPLEMENTO, de
16 de Outubro de 2007 nizar o processo de produção. Para isso, precisas decidir sobre os seguintes
aspectos:
SAIBA MAIS
• Escolha da capacidade de produção - Definir a quantidade máxima de produ-
Fonte:http://www.contemporanearh.com.br/noti- tos ou serviços que a tua empresa ou o teu negócio pode produzir num deter-
cias/12-frases-para-motivar-quem-esta-desanima-
do-com-a-carreira (Novembro 2016) minado intervalo de tempo.

• Escolha da tecnologia (técnicas de produção) - Normalmente encontrarás di-


versas soluções técnicas para converteres as matérias-primas ou insumos em
produtos acabados. Podes trabalhar com pessoas auxiliadas com ferramentas
manuais ou usar equipamentos ou máquinas.

• Arrumação (“Layout) - estudar como e onde estarão localizadas cada etapa do


AGORA EU SEI QUE… processo de produção e qual vai ser a sequência.

1. O sucesso duma empresa ou organização está nas mãos das pessoas que nelas trabalham. 1. DIMENSIONAMENTO DO NEGÓCIO
São as pessoas que pensam, planificam e executam as atividades para o alcance dos objeti-
vos da empresa.
2. Numa empresa, a gestão dos recursos humanos começa com a determinação do pessoal É importante estimar a capacidade produtiva,
necessário, o recrutamento do pessoal qualificado e continua com a orientação do seu desem- comercial e de serviços da empresa, ou seja, o
penho e o incentivo ao seu crescimento dentro das empresas. quanto pode ser produzido e quantos clientes
3. A discriminação no trabalho ou na profissão consiste em tratar os funcionários de forma dife- podem ser atendidos com a estrutura existente.
rente e menos favorável baseando-se em critérios que nada têm a ver com o mérito ou com
os requisitos do emprego. Deves ser realista ao fazeres a previsão do vo-
4. O Código Laboral de Cabo Verde, de Outubro de 2007, estabelece no ponto 1, do Artigo 15º lume de produção, de vendas ou de serviços.
o direito dos(as) cidadãos( ãs) à igualdade no trabalho. Para isso, deves ter em conta o seguinte:

ATIVIDADE • Processo de produção - O tipo de processo de produção que vai ser empregue;
O tipo de produto ou serviço; A adequação do processo de produção ao produ-
Marca com X a resposta correta. to; Considerar os procedimentos de controlo da qualidade do produto; A capaci-
Gerir recursos humanos inclui: dade de produção semanal, com base na previsão da procura;
• Instalações e localização da empresa – Onde vai situar a tua empresa ou
A. Decidir quantos trabalhadores(as) vai empregar;
negócio? Causa da escolha desta localização. Vais construir ou arrendar um
B. Recrutar e selecionar empregados(as), de acordo com o trabalho que vão fazer;
edifício/oficina existente? Se for arrendado, quais são os termos e condições
C. Criar condições para os (as) empregados(as) se sentirem motivados(as);
do contrato de arrendamento? O layout da tua oficina facilita o processo de
D. Respostas A e B;
produção?
E. Nenhuma das anteriores
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• O Mercado - O tamanho do mercado; as oscilações do mercado (em função atividades produtivas;


daquilo que irás produzir ou revender, da época do ano, dos dias festivos etc.); • As etapas de produção devem estar localizadas numa sequência contínua.
• A disponibilidade financeira; Por exemplo etapa 3 depois da etapa 2, e assim sucessivamente;
• O fornecimento de matérias-primas e/ou mercadoria – quais são as matérias-pri- • Deve haver indicação de passadeiras e áreas restritas;
mas/inputs de que precisas para fabricar o produto ou prestar os teus serviços? • O armazém de produtos acabados deve estar no lado oposto da entrada das
Onde vais comprar as matérias-primas? Estão sempre disponíveis? Vais com- matérias- primas.
prá-las a pronto pagamento ou a crédito? Com que frequência fazes encomen-
das? Qual é o custo das matérias-primas e respetivo transporte? Que quanti- Um bom layout ou arranjo físico traz vários benefícios dos quais se desta-
dade de matéria-prima precisarias por ciclo de produção? cam:

Custos de Matéria-Prima (por semana/mês/ciclo)


• Aumento da produtividade;
Preço Unitário Custo Total • Diminuição de desperdício;
Tipo de Matéria-Prima Quantidade
(ESC) (ESC) • Maior facilidade na localização dos produtos pelos(as) clientes na área de
vendas;
• Melhoria na comunicação entre os setores e as pessoas.

2. LAYOUT OU ARRANJO FÍSICO 3. PROCESSOS OPERACIONAIS

O Layout ou Arranjo Físico abrange o pla-


neamento da localização das máquinas,
dos(as) empregados, das áreas de serviço
para clientes, armazéns, áreas e passadei-
ras para circulação de materiais, pes-
soas ou máquinas, das entradas e saídas
das instalações4.

Por meio do Layout ou Arranjo Físico, irás definir como será a distribuição das
diversas áreas da empresa, de alguns recursos (mercadorias, matérias-primas,
produtos acabados, estantes, vitrines, prateleiras, equipamentos, móveis, entre É o momento de registares como será o funcionamento da tua empresa ou do
outros), bem como das pessoas no espaço disponível. teu negócio. Deves ordenar como serão feitas as diversas atividades, descre-
vendo cada etapa, indicar como será a produção, bem como a venda dos pro-
No planeamento da localização, deves considerar os seguintes requisitos: dutos, a prestação dos serviços e também as rotinas administrativas.
Igualmente deves identificar os trabalhos que serão realizados, os respetivos
• Máquinas e ferramentas devem estar numa área segura para evitar perdas; responsáveis, bem como os materiais e equipamentos necessários.
• O gabinete do gerente deve estar colocado num ponto que possibilita ver as

3
Consultar Decreto – Legislativo 5/2007 de 16 de Outubro, publicado no Boletim Oficial, I SÉRIE- Nº 37 SUPLEMENTO, de
16 de Outubro de 2007

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4. IDENTIFICAÇÃO DA NECESSIDADE DE RECURSOS 4.3.Logística

É importante fazeres a previsão dos recursos necessários para o funcionamen- A empresa ou o negócio vai precisar de energia elétrica? Está disponível? Se
to da tua empresa ou do teu negócio, nomeadamente, equipamentos, recursos estiver, qual é o consumo de eletricidade previsto por mês?
humanos, logística, entre outros.
Precisas dum gerador para a tua empresa ou negócio? Quanto custa? Tem ca-
4.1. Equipamentos pacidade suficiente para fornecer energia aos equipamentos?

Que equipamentos serão necessários? Quais são as suas caraterísticas técni- A empresa ou negócio vai precisar de água? Está disponível?
cas? Vão ser importados? Qual é o preço, seguro, frete e IVA?
Quem são os(as) fornecedores(as) de equipamentos? São conhecidos(as) Vais precisar duma viatura para entrega de matérias-primas e transporte de pro-
Quem apresentou a melhor oferta? Quais são os termos e condições do(a) for- dutos acabados? Se não tiveres viatura própria, terá capacidade para alugar?
necedor(a) de equipamentos?
Há peças sobresselentes disponíveis localmente? Há algum apoio técnico para
os equipamentos? SAIBA MAIS
4.2.Recursos Humanos “À medida que implementa sua estratégia, a empresa precisa acompanhar os resul-
tados e monitorar os novos acontecimentos nos ambientes interno e externo”.
Deves fazer a previsão do pessoal necessário como sócios(as) e pessoas a
serem contratadas para o funcionamento sócios(as) e pessoas a serem con- Philip Kotler
tratadas. Fonte:http://www.administradores.com.br/frases/philip-kotle?page=1r/ (Abril
Convém verificares primeiro a disponibilidade de mão-de-obra qualificada na 2017)
tua zona. Caso contrário, terás que investir na formação da tua própria equipa.
É igualmente importante contactares os sindicatos de classe para obteres in-
formações sobre a legislação específica em vigor, acordos coletivos, salário,
horários, etc. AGORA EU SEI QUE…
Havendo possibilidades, oferece aos (às) trabalhadores(as) alguns incentivos
como assistência médica, almoço, transporte, entre outros. 1.Para dimensionar e a organizar o processo de produção, eu devo decidir sobre
os seguintes aspectos principais: Escolha da capacidade de produção; Escolha da
Podes elaborar o seguinte quadro sobre a necessidade de pessoal: tecnologia (técnicas de produção); Arrumação (“Layout ou arranjo Físico”).

2. Um bom layout ou arranjo físico traz vários benefícios, nomeadamente: Aumento


Salário Médio do Mer-
Cargo/Função Qualificações Necessárias de produtividade; diminuição de desperdícios; Maior facilidade na localização de
cado
produtos pelos(as) clientes na área de vendas; melhoria de comunicação entre os
setores e as pessoas.

3. Para garantir o bom funcionamento da minha empresa ou do meu negócio, eu


devo identificar as principais necessidades, em termos de equipamento, recursos
humanos e da logística.

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V. PLANIFICAÇÃO DOS RESULTADOS FINANCEIROS


ATIVIDADE

Introdução
Relativamente ao teu projeto de negócio ou projeto escolar, identifica as
necessidades em termos de equipamento, pessoas e logística. O Plano Financeiro apresenta o comportamento da empresa ao longo do tempo,
em termos financeiros, contempla o fluxo de caixa, a análise do investimento, a
demonstração dos resultados, as projeções de balanços e outros indicadores.

No plano financeiro apresentam-se, em números, todas as ações planificadas


para a empresa ou negócio, devendo o(a) empreendedor(a) procurar responder
as perguntas chave que se seguem:

Quanto será necessário para iniciar o negócio? De onde virão os recursos para
o crescimento do negócio? Qual o mínimo de vendas necessário para que o
negócio seja viável? O volume de vendas que a empresa espera atingir torna
o negócio atrativo? É atrativa a lucratividade que a empresa conseguirá obter?

1. DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO

1.1. DETERMINAÇÃO DAS RECEITAS

Com base no estudo de Marketing já efetuado, o(a) empreeendedor(a) esta-


belece a projeção das quantidades vendidas esperadas para o horizonte de
cinco anos. Com estes dados e mais a determinação do preço do teu produto
ou serviço, poderás visualizar as tuas vendas, em termos de valores, ou seja,
poderás elaborar o teu Plano de Vendas ou Receitas, tendo em conta os se-
guintes Passos e considerando que se estima que se trabalhará 20 dias por
mês e 12 meses por ano:

1º. Faz a estimativa das quantidades vendidas no menor período, que corres-
ponde ao ciclo normal de atividades de empreendimento (a maior parte dos
empreendimentos começa por estimar vendas diárias). A seguir, faz a estima-
tiva das vendas semanais e mensais correspondentes, conforme o número de
dias trabalhados; A quantidade estimada de acordo com o mercado analisado
e o dimensionamento feito no plano operacional.

2º. Faz a estimativa do preço de venda da mercadoria ou serviço fornecido, ou


seja, o preço definido no ponto sobre Marketing.

3º. Multiplica as quantidades mensais estimadas pelo preço de venda da mer-


cadoria e ache o valor de vendas mensais;

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4º. Multiplica o valor de vendas mensais estimado no ponto anterior pelo núme- 1.2. DETERMINAÇÃO DOS CUSTOS
ro de meses trabalhados durante o ano.
1.2.1. CUSTOS VARIÁVEIS

Custo variável é a soma dos fatores variáveis de produção. São custos que mudam de
Plano de Vendas ou Volume de Negócios acordo com a produção ou a quantidade de trabalho.
Exemplos: Matéria-prima, insumos diretos, embalagens, comissão de vendas, impos-
Quantidades Produzidas e tos diretos de venda (IVA – Impostos sobre o Valor Acrescentado) fretes de vendas.
Vendas
Vendidas Preço Vendas Anuais
Produto Mensais
(ESC) (ESC) Passos a seguir na elaboração da Previsão de Custos Variáveis
Diárias Mensais Anuais (ESC)
150. 1.800.000$00 1. Aliste todos insumos ou matérias- primas necessários para completar o produto ou
PÃO 500 10.000 120.000 10$00
000$00 serviço e que variam de acordo com as quantidades produzidas;

2. Faz a estimativa das quantidades necessárias para completar uma unidade de produto
ou serviço. Alternativamente, poderá estimar as quantidades necessárias ou consumidas
durante um dia;
Para fazer a estimativa dos anos seguintes, toma-se como base um crescimento cons-
tante ano após ano. A taxa variará conforme as previsões fornecidas pelas autoridades 3. Com base na informação recolhida no ponto Fornecedores (acima), alista os preços de
ou instituições económicas ou de acordo com a expetativa dos(as) proponentes do compra de cada insumo ou matéri -prima, para cada unidade;
empreendimento. Em geral, usam-se taxas que variam entre os 3% e os 10%. Mas
também para facilitar os cálculos, embora não sendo realista, podem-se considerar 4. Multiplica as quantidadse mensais estimadas pelo preço de compra de cada item, por
vendas constantes no período analisado, ou então os 3 primeiros anos e a variação a forma a determinares o Custo Mensal de cada insumo ou matéria-prima.
partir do 4º ano. 5. Multiplica o valor das compras mensais estimado pelo número de meses trabalhados
durante o ano (a maioria dos empreendimentos considera 12 meses de trabalho por ano).

Descrição Mensal Ano 1 Ano 2 Ano 2 Ano 4 Ano 5


Custos Variáveis
Volume de 1.500.000$ 1.800.000$ 1.890.000$ 1.984.500$ 2.083.725$ 2.187.911$
Negócios Quantidades Custos
Preço Custos Anu-
  Produtos Mensais
Aumento 5%       Diárias Mensais Unid. (ESC) ais (ESC)
(ESC)
Farinha de 50,00 1.000 Kg 50$00 50.000$00 600.000$00
Trigo
Fermento 10,00 300 Saco 20$00 6.000$00 72. 000$00
Água 25,00 400 Garrafa 20$00 320$00 3.840$00
25Litros
Sal 0,50 10 Kg 15$00 150$00 1.800$00
Carvão 3,00 150 Saco 3 Kg 250$00 12.500$00 150.000$00
Totais 68.970$00 827.640$00

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Deve-se fazer a estimativa dos custos anuais, atendendo ao aumento esperado nos custos. Custos Fixos

Custos Custos Mensais Custos Anuais


Descrição Mensal Ano 1 Ano 2 Ano 2 Ano 4 Ano 5 (ESC) (ESC)
Custos 68.970$ 827.640$ 869.022$ 912.473$10 958.096$75 1.006.001$58 Renda de aluguer da Padaria
Variáveis
Eletricidade
Aumento 5%         Aluguer de Transporte
Total

1.2.2. CUSTOS FIXOS


Deve-se fazer a estimativa dos custos anuais, conforme se fez nos pontos an-
Custos fixos são a soma de todos os fatores fixos de produção. Não depende teriores.
do nível de atividade da empresa, ou seja, produzindo-se ou vendendo-se em
qualquer quantidade, os custos fixos existirão e serão os mesmos. Eles diferem
dos custos variáveis que são aqueles que variam proporcionalmente às vendas Descrição Mensal Ano 1 Ano 2 Ano 2 Ano 4 Ano 5
realizadas ou nível de produção industrial.
Custos
É um termo polémico, porque este custo ocorrerá mesmo que não haja pro- Variáveis
dução. A partir dos custos fixos, aliado à margem de contribuição como objetivo
da empresa, determina-se o ponto de equilíbrio contável e económico. Aumento 5%        

São exemplos de custos fixos: salários, rendas, tarifas de água, telefones, ener-
gia elétrica, manutenção, seguros, entre outros.
A variação anual depende da conjuntura do país. Poderá ser 5% ou menos.
Para facilitar os cálculos, poderá até ser considerado constante, pois não terá
grandes efeitos na decisão de investimento.
Para fazeres a estimativa dos Custos Fixos, segue os mesmos passos usa-
dos para elaboração da Previsão de Custos Variáveis.

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2. CÁLCULO DO LUCRO 3.NECESSIDADES DE INVESTIMENTO E FINANCIAMENTO

O lucro é o prémio ou recompensa que a tua empresa ou negócio obtém como Introdução
resultado dos investimentos que realiza. Assim, o lucro é o principal objetivo da
empresa. Antes de abrires a tua empresa ou o teu negócio deves determinar o total de
investimentos que precisa fazer bem como a previsão das necessidades de
Podes querer saber se estás a ter lucro ou prejuízo no final duma semana, um financiamento.
mês, um trimestre, um ano ou mais, consoante seja mais conveniente. Para
Alguns negócios podem ser implementados com um baixo nível de investimen-
isso, deves reunir antes a seguinte informação do período em análise: tos, como uma empresa de consultadoria, enquanto outros requerem grandes
investimentos como é o caso de um ginásio ou restaurante.
• Valor total de vendas;
• Valor total dos custos diretos de materiais;
• Valor total dos custos diretos de mão de obra; 3.1. NECESSIDADES DE INVESTIMENTO
• Valor total dos custos totais indiretos sem incluir impostos;
• Valor dos impostos. 3.1.1.Conceito

Em seguida, deves apresentar a informação como no quadro seguinte, mas


tendo em conta que alguns exemplos não representam números reais: Investimento é a aplicação de algum tipo de recurso (dinheiro ou títulos)
com a expetativa de receber algum retorno futuro superior ao aplicado,
DESCRIÇÃO CASO A CASO B compensando inclusivamente a perda de uso desse recurso, durante o
período de aplicação (juros ou lucros, em geral a longo prazo)
Vendas Mensais 10. 800$00 13.500$00
Menos: Custos Diretos de Materiais 8.700$00 8. 700$00
Menos: Custos Diretos de Mão de Obra 900$00 900$00 3.1.2. Principais Tipos de Investimento
Lucro Bruto 1. 200$00 3. 900$00
Menos: Custos Indiretos 2.000$00 1.900$00 Investimentos em Instalações e Equipamentos: Aquisição de locais de insta-
Lucro Antes de Impostos 1.400$00 2.000$00 lação, prédios ou construções; Compra de equipamento, mobiliário, viaturas,
ferramentas e utensílios, entre outros.
Menos: Impostos pagos ao Governo
Outros Investimentos Pré-Operacionais – Publicidade, estudos, formação, li-
Lucro Líquido 1.100$00) 1.600$00 cenças, entre outros.
Fundo de Maneio Inicial – é o dinheiro necessário para o pagamento de diver-
No caso A, houve prejuízo de 1.100$00 assinalado entre parênteses. No caso sas despesas iniciais, nomeadamente:
B, a empresa obteve lucros. • Compra de um stock inicial de matérias-primas, insumos e mercadorias;
• Pagamento de determinadas despesas enquanto não houver dinheiro sufi-
ciente em caixa (legalização do empreendimento, salários do primeiro mês,
caução de renda de casa, etc.)
• Financiamento das vendas, ou seja, a cobertura do atraso de pagamento
dos(as) clientes, caso decidires vender a crédito no início do teu negócio.

Consultar: http://www.orsalescontabilidade.com.br/index.php?option=com_content&view=article&id=23:o-que-e-investimen-
to&catid=5:duvidas-frequentes&Itemid=12

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3.2. NECESSIDADES DE FINANCIAMENTO Vantagens e Desvantagens

Após o levantamento das necessidades de investimentos, deves alistar as fontes Vantagens Desvantagens
de financiamento do teu empreendimento, ou seja, de onde virão os fundos, pois O capital próprio torna o projeto Em caso de fracasso, não partilhas o
se não fores capaz de mobilizar fundos para os investimentos, o teu projeto, por menos arriscado. teu risco com ninguém. Todo o pre-
mais que esteja bem elaborado, permanecerá apenas como um documento que juízo recai sobre ti.
nunca será materializado. Em caso de sucesso, os lucros são Ficas privado de usar parte desse di-
todos teus. nheiro para outras aplicações.
Neste tema, encontrarás orientações básicas para escolheres um projeto tendo
em conta as possíveis fontes de financiamentos e as formas de sua mobilização.
Tens liberdade de planificar e usar Podes ficar acomodado por que é teu
Na decisão que vieres a tomar sobre o financiamento do projeto, quer seja com
o teu dinheiro sem interferência e ninguém exerce pressão sobre ti.
recurso a dinheiro próprio (capital próprio) ou a empréstimo (capital alheio),
externa.
deves considerar sempre as vantagens e desvantagens da tua decisão.
Não ficas pressionado por teres que Não terás apoios nem contribuições
pagar juros e dívidas em datas fixas de quem poderia ceder-te o crédito.
3.2.1. CAPITAL PRÓPRIO
Tens maior possibilidade de sucesso Pode não ser possível teres uma
Conceito no projeto porque estás a aplicar um avaliação sincera e independente da
dinheiro que resultou do teu esforço. viabilidade do projeto.
Considera-se capital próprio aquele dinheiro que resulta das tuas poupanças
pessoais ou da venda dos teus bens pessoais e também de contribuições dos
teus, familiares e amigos(as), em forma de terras, edifícios, mobiliário,
3.2.2. CAPITAL ALHEIO
máquinas, viaturas, prestação de serviços, dinheiro, entre outras.
Conceito

Considera capital alheio, aquele dinheiro que resulta de empréstimos con-


traídos junto às instituições bancárias ou pessoas.
Em qualquer projeto que pretenderes implementar, mesmo que não tenhas di-
nheiro suficiente, deves ser capaz de contribuir com capital próprio. Isto tem
sido uma exigência dos Bancos, como condição para teres acesso a crédito. Ao
aplicares fundos próprios no teu projeto, estás a provar que tens confiança no
sucesso do mesmo.

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Vantagens e Desvantagens
AGORA EU SEI QUE…
Vantagens Desvantagens
Tens à disposição um dinheiro que le- Tens que pagar a dívida com juros mes- 1.O Plano Financeiro apresenta o comportamento da empresa ao longo do tempo, em termos finan-
varias mais tempo para acumular, mo que não estejas a ter sucesso. ceiros, contempla o fluxo de caixa, a análise do investimento, a demonstração dos resultados, as pro-
jeções de balanços e outros indicadores.

Há partilha de riscos com quem te con- Sofres pressão por causa da dívida e dos 2. Com base no estudo de Marketing já efetuado, eu faço a projeção das quantidades vendidas espera-
cede o crédito, juros que têm que ser pagos em datas das para o horizonte de cinco anos. Com estes dados e mais a determinação do preço do meu produto
fixas. ou serviço, poderei visualizar as minhas vendas, em termos de valores, ou seja, poderei elaborar o meu
Plano de Vendas ou Receitas.
Vais ter apoio, avaliação realística e inde- Em caso de fracasso, perdes os bens de
pendente de quem te concede o crédito. garantia e ficas na falência. 3. Custo variável é a soma dos fatores variáveis de produção. São custos que mudam de acordo com a
produção ou a quantidade de trabalho.
Tens alguém a controlar aquilo que fazes.
_________________________ 4. Custos fixos são a soma de todos os fatores fixos de produção. Não dependem do nível de atividade
da empresa, ou seja, produzindo-se ou vendendo-se em qualquer quantidade, os custos fixos existirão
e serão os mesmos.
Tens que apresentar garantias que po-
_________________________ dem ser penhorados, se não conseguires 5. Eu posso calcular os lucros subtraindo as vendas pelos custos diretos e indiretos, refere- ntes a um
cumprir com os pagamentos. dado período.

6. Antes de abrires a minha empresa ou o meu negócio, eu devo determinar o total de investimentos
que preciso fazer, bem como a previsão das necessidades de financiamento.
O Capital próprio e o capital alheio podem ser necessários e estarem em si-
multâneo no projeto. É importante identificares projetos em que tens a possibi- 7. Investimento é a aplicação de algum tipo de recurso (dinheiro ou títulos) com a expectativa de re-
lidade de contribuir com capital próprio e não serem completamente financiados ceber algum retorno futuro superior ao aplicado compensando inclusivamente a perda de uso desse
recurso durante o período de aplicação (juros ou lucros, em geral ao longo prazo).
com capital alheio. Isto reduz o risco de fracasso e a pressão externa sobre ti.
8 Há três tipos principais de Investimentos: Investimentos em Instalações e Equipamentos; Outros
Investimentos Pré-Operacionais; Fundo de Maneio Inicial.

SAIBA MAIS 9. Após o levantamento das necessidades de investimentos, eu devo alistar as fontes de financiamento
do teu empreendimento, ou seja, de onde virão os fundos.
“Uma empresa que visa o lucro é, não apenas falsa, mas também irrelevante. O lucro não é
a causa da empresa, mas sua validação. Se quisermos saber o que é uma empresa, devemos 10. Para financiar o meu projeto, eu posso recorrer tanto a fundos próprios (capital próprio, como a
partir de sua finalidade, que será encontrada fora da própria empresa. E essa finalidade é empréstimos (capital alheio). É importante que, em qualquer projeto, eu seja capaz de contribuir com
criar um cliente.” algum fundo próprio, para reduzir o risco do projeto fracassado.

Peter Drucker 11. O empréstimo (capital alheio) tem a grande desvantagem de se pagar a dívida com juros, mesmo
Fonte: https://pensador.uol.com.br/lucro/ (Novembro 2016) que o projeto não tenha sucesso.

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VI. PROJETOS E FEIRAS ESCOLARES


ATIVIDADES

1. Preenche o Quadro sobre os Custos Fixos constante na página 95 deste 1. Projetos Escolares
Manual.
Em função da natureza do objeto de atividade, os projetos escolares podem
2. A partir do exercício de simulação de empresas, pratica a determinação de ser: agrícolas, industriais, comerciais ou então de prestação de serviços. Quan-
lucro. do devidamente elaborados e implementados, os benefícios dos projetos esco-
lares incluem:
3. Na tua localidade, ou município onde se situa a tua escola, pesquisa e elabo-
ra uma lista de instituições que oferecem crédito para pequenos projetos. Indica • Servir de viveiros de empresários do futuro;
também os requisitos e garantias exigidas. • Oferecer bens e serviços para satisfação das necessidades
das comunidades locais;
4. No plano empresarial que estás a elaborar, diz quais são as soluções que • Estimular o espírito criativo e empreendedor dos(as)
encontras para mobilizar fundos próprios para o teu projeto. alunos(as) e das comunidades.

5. Marca com X uma resposta correta apenas a partir das seguintes questões:

A confirmar que o teu projeto vai ser financiado com uma parte de empréstimo
significa que: Como criar Projetos Escolares?
Há garantia de sucesso do projeto;
Vais usar poupanças pessoais para financiar todo o projeto; Em associação com os(as) colegas da turma, da classe ou da escola, por ini-
Terás que pagar a dívida e os juros dos empréstimos; ciativa própria e com a supervisão dos(as) professores(as) e aprovação da
Nenhuma das respostas anteriores. Direcão da Escola, os(as) alunos(as) deverão associar ideias e recursos,
com o objetivo de materializar um projeto escolar.
6. Indica se são verdadeiras ou falsas as seguintes afirmações:
Assim, para implementares um projeto escolar, observa as etapas principais
As vantagens de fundos próprios são: abaixo discriminadas:
Reduzir o risco;
Aumentar as vendas;
1ª Etapa - Escol- Com os (as) teus/tuas colegas reúne e escolhe a ideia de pro-
Obter maior benefício nos lucros.
ha da Ideia jeto, avaliam as necessidades, fazem orçamento e discutem
com os(as) professores(as) e a Direção da Escola. Devem de-
cidir como vão usar ou partilhar os benefícios do projeto. O
projeto deve precisar de recursos que possam ser adquiridos
em associação com os(as) colegas.
2ª Etapa - Lider- Com os (as) teus/tuas colegas, escolhe o órgão diretivo
ança do projeto, encabeçado por um presidente que é eleito
por uma assembleia-geral constituída por todos (as)
alunos (as) envolvidos (as). Deve haver um conselho fis-
cal.

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3ª Etapa - Contribuições Grande parte das contribuições para o projeto deve 2. FEIRA ESCOLAR
para o Projeto resultar de poupanças tanto em dinheiro como em
outro tipo de recursos necessários. O dinheiro do
projeto é gerido pelos (as) associados (as) e deve
ser depositado num Banco ou noutro local seguro. A feira escolar é também um projeto escolar. Tu e todos
(as) os (as) teus/tuas colegas devem envolver-se na prepa-
4ª Etapa - Regime de O envolvimento no projeto escolar deve ser em ração e realização de feiras escolares, preparando diferentes
Trabalho momentos fora das horas normais de aulas. Podem tipos de produtos e serviços para serem expostos na feira escolar.
trabalhar no projeto num sistema de escala, se for
preciso. Para além da exposição de produtos, no momento da feira, podem ter
5ª Etapa - Implemen-
lugar atividades culturais, peças teatrais, concursos, música, e outros para
O arranque do projeto deve acontecer assim que
tação e Operação do animar o ambiente.
forem reunidas as condições. Se possível, deve
Projeto ser dentro do primeiro trimestre. Todos(as)os (as)
alunos(as) e a Direçãoda Escola devem assistir a A feira escolar pode ser realizada dentro ou fora do recinto escolar, tem que ser
inauguração do projeto escolar. O projeto ter- num espaço público para que a comunidade local possa visitar e fazer compras
mina em Outubro ou no período que antecede a na vossa feira.
preparação para os exames. No dia de encerra-
mento rea-liza-se uma assembleia-geral dos alunos Na feira escolar, compreenderás como se comportam os (as) consumidores
onde serão apresentados e discutidos os resulta- (as) na escolha de produtos e serviços. Tu irás praticar o Marketing para atrair
dos finais do projeto escolar. compradores (as). Poderás também ter contactos de futuros(as) clientes.
A feira escolar deve ser também da tua iniciativa, em associação com os teus/
tuas colegas.

Alguns exemplos de projetos escolares implementados por alunos(as) de algu- Vê, a seguir, alguns exemplos de atividades preparatórias, organização e pro-
mas escolas:
grama de feiras escolares realizadas por alunos (as) como tu, em algumas es-
colas do país.

• Lavagem de carros e venda de refrigerantes na praia durante fins-de-semana;


• Viveiro de plantas de ornamentação;
• Criação de galinhas e produção de ovos;
• Cultivo de hortícolas (couve, repolho, alface, cenoura, cebola, etc);
• Fabrico de materiais de construção, nomeadamente, blocos, grelha, tanques de
lavar, vasos para flores, etc;
• Organização da feira escolar onde os(as) alunos(as), de forma individual ou em
grupos, participam com os seus produtos e serviços numa exposição venda.

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Exemplo de Atividades Preparatórias e Prazos Exemplo de Programa do Dia da Feira

Horas Atividade Responsável


Atividades Prazo 6.30 Chegada de expositores Alunos (as) expositures(as)
Arrumação de exposições
1. Contacto com o município para autorizar o uso do espaço público para a
feira escolar 8.00 Inauguração Delegado(a) do Ministério da
2. Inscrição de alunos expositores de cada turma Educação ou Presidente da
Câmara Municipal
3. Contacto com a Polícia para segurança do local
9.30 Peça teatral Alunos(as)
4. Organização de peça teatral, atividades culturais
10.30 Concursos Comissão Organizadora
5. Preparação de traje para comissão organizadora
6. Propaganda: cartazes, TV, rádio, internet ou jornais 12.00 Lanche
7.Verificação da prontidão de expositores 12.30 Danças e Palestras Grupos de dança /Profes-
sores(as) /Palestrante
8.Mobilização de alunos(as) Permanente
9.Preparação de dísticos
14.30 Divulgação de resultados do
concurso:
10. Distribuição de convite para entidades locais
• Melhor exposição
11. Preparação de perguntas para o concurso • Produto mais vendido
12. Aparelhagem e som • Produto ou serviço mais
13. Limpeza do local e ornamentação rentável
Realização da feira 15.00 Encerramento Diretor da Escola

Exemplo de Composição de Comissão Organizadora

Nome Função Turma


Maria Helena Chefe da Comissão Organizadora 12ª B
Carlos António Adjunto Chefe da comissão 11ª A
Orlando Moderador 11ªC
Rosa Moderadora 12ª C
Odaír Protocolo 11ª B
Samira Protocolo 12ª A

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VII. NOÇÕES DE CONTABILIDADE


SAIBA MAIS
“Escolas que são asas não amam pássaros engaiolados. O que elas amam são pássaros em
voo. Existem para dar aos pássaros coragem para voar. Ensinr o voo, isso elas não podem Introdução
fazer, porque o voo já nasce dentro dos pássaros. O voo não pode ser ensinado. Só pode ser
encorajado” Os empreendimentos implicam uma série de atividades
e transações que resultam em entrada e saída de fluxos
Rubem Alves
Fonte: http://www.projetospedagogicosdinamicos.com/frases.html (Junho 2017)
de dinheiro.

Portanto, tens que acompanhar todas as operações que acontecem na tua em-
presa ou do teu negócio para poderes estar em condições de fazer uma boa
gestão. Para isso, é necessário que tenhas um sistema de registo de toda a in-
AGORA EU SEI QUE… formação gerada pela atividade da tua empresa ou do teu negócio.

1. A criação dum projeto escolar passa por cinco etapas, designadamente: Neste tema iremos dar principal enfoque aos registos básicos, cálculo de custo
Escolha da Ideia; Liderança; Contribuições para o Projeto; Regime de Tra- e preço dum produto, transações a pronto e a crédito, e o orçamento.
balho; Implementação e Operação do Projeto.
1. CONCEITO DE CONTABILIDADE
2. Na feira escolar, eu terei a oportunidade de observar e compreender
como se comportam os (as) consumidores (as) na escolha de produtos e Contabilidade é o registo das transações e operações da empresa. Isto si-
serviços. gnifica escrever, em termos monetários, todas as transações que foram
feitas numa empresa.

ATIVIDADE 2. REGISTO DE TRANSAÇÕES

O registo das transações faz-se em livros, nomeadamente:


Em associação com os (as) teus/tuas colegas de turma, ano ou escola, pratica o
empreendedorismo na escola, implementando uma feira escolar. Livro-Caixa, no qual se registam todas as transações da empresa, envolvendo a entra-
da e saída de dinheiro;

Livro de Venda, no qual se registam todas as vendas a dinheiro e a crédito da empresa;

Registo de Compras, no qual se registam todas as compras feitas pela empresa, pagan-
do a dinheiro ou a crédito;

Livro de Inventários – usa-se para o registo de todos os produtos comprados e arma-


zenados;

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Livro de Reembolsos - usa-se para o registo dos produtos devolvidos ao (à) fornece- Exemplo de Livro Registo de Caixa
dor(a);

Livros de Registo - podem ser usados para o registo de todos os débitos e créditos;
Data Descrição Ref. Entrada Saída Saldo
Livro Razão – são grupos de todas as contas de transações feitas numa empresa. Estas 02 Janeiro Dinheiro que havia (existência inicial) - - 500
podem ser de rendimentos, despesas, ativo, passivo, entre outros.
Compra de 10 matérias-primas no valor
03 Janeiro - 200 300
de 200
3. REGISTOS BÁSICOS 04 Janeiro Venda de 10 chapéus no valor de 400 400 - 700
05 Janeiro Depósito no Banco de 500 - 500 200
Por mais pequena que seja a tua empresa ou o teu negócio, tens que guardar registos. 10 Janeiro Balanço 400 700 200
Os registos irão ajudar-te no melhor controlo da empresa, o que significa saberes a
qualquer momento o que se passa na empresa.

Por exemplo: Quanto dinheiro ou património a empresa tinha, tem ou terá num dado
momento; Quanto dinheiro a empresa gastava e ganhava por dia, quanto gasta e ganha No Livro-Caixa pode-se ver o seguinte:
hoje, quanto gastará e ganhará amanhã; Qual foi a máquina, loja ou trabalhador(a)
que trouxe, traz e trará boa receita.
• Data: Indica a data em que a transação se realizou;
Toda a informação sobre materiais e equipamentos, dinheiro e pessoas tem que estar • Descrição: Mostra onde foi ganho e em que foi gasto o dinheiro;
registada para te ajudar na TOMADA DE DECISÃO. • Referência: Indica o documento de referência (fatura, recibo, entre outros);
• Entrada: Indica o valor de dinheiro que entrou na caixa;

Os Registos Básicos são os seguintes: Registo de Caixa; Registo de Custos; • Saída: Indica o valor de dinheiro que saiu da caixa;
Registo de Stock (Ficha de Cardex); Livro de controlo de Stocks. • Saldo: Indica o valor de dinheiro existente na caixa;
• Balanço: Por exemplo, no dia 10 de Janeiro, fazes o balanço para saberes o
total de dinheiro que entrou e saiu, bem como o saldo existente na caixa.
3.1. REGISTO DE CAIXA
Se o teu empreendimento recebe e faz pagamento também em cheques, trans-
O Registo de caixa contém as anotações diárias da entrada e saída de dinheiro ferências ou outras operações bancárias, o registo de caixa pode também ilus-
na caixa ou cofre da empresa. Permite saber quanto dinheiro entrou e saiu num trar o movimento de Banco.
dado momento, e donde veio ou para onde foi o dinheiro.

Por exemplo: Na venda de um bem, entra dinheiro. Na compra de um material,


sai dinheiro.

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Exemplo do Livro Registo de Caixa com Banco 3.3. REGISTO DE STOCK (FICHA DE CARDEX)

Um dos instrumentos mais usados no controlo de stocks é a ficha de cardex.


Data Descrição Caixa Banco
Na ficha de cardex regista-se a entrada e saída de produtos. Permite-te saber,
Entrada Saída Saldo Entrada Saída Saldo
por exemplo, quantos artigos entraram e saíram do armazém ou da loja, num
02 Janeiro Dinheiro que havia (existência - - 500 - - - dado momento. Permite-te também saber quem são os(as) maiores fornece-
inicial)
dores(as) ou clientes, quais são os artigos com maior movimento e com que
03 Janeiro Compra de 10 matérias-primas - 200 300 - - frequência podes fazer novas compras.
no valor de 200
04 Janeiro Venda de 10 chapéus no valor 400 - 700 - - -
de 400
Exemplo de Ficha de Controlo de Stock

05 Janeiro Depósito no Banco de 500 - 500 200 500 - 500


Nome do artigo: Chapéu
Preço de venda: 400$00 Ponto de encomenda: 10 unidades
10 Janeiro Balanço 400 700 200 500 - 500 Preço de compra: 200$00
Data Descrição Ref. Entrada Saída Existência

Tu podes observar neste registo que, na operação que o empreendimento faz, 1 Janeiro Compra na empresa 1 VD1 30 - 30
O1 Janeiro Compra na empresa 4 VD2 20 - 50
deposita em dinheiro no Banco. Há um registo de saída de 500 da caixa e outro
02 Janeiro Venda à Loja da Montanha Fatura1 - 15 35
registo de entrada de 500 no Banco, o que faz com que o saldo da caixa fique 03 Janeiro Venda aos Amigos da Natureza Fatura2 - 25 10
200 e do Banco 500.

O Registo de Caixa com Banco geralmente é utilizado nas grandes empresas.


Para as pequenas, separa-se o registo de caixa do de banco. Neste tipo de registo, cada artigo tem a sua própria ficha. O movimento de en-
trada, saída e das existências é similar ao de registo de caixa.
3.2. REGISTO DE CUSTOS
Por exemplo, na tua empresa, quando restarem no teu armazém 10 unidades
O registo de despesas contém anotações diárias dos pagamentos efetuados de um artigo, já podes fazer novas compras deste mesmo artigo. Este número
pela empresa, por categoria de despesas. Este tipo de registo permite saber o mínimo de unidades de cada artigo existente no armazém, constitui o teu pon-
dinheiro gasto num dado momento, por categoria de pessoas. to de encomenda para esse artigo.
Por exemplo, quanto gastaste na compra de matérias-primas, pagamento de
renda, salários, etc.
Exemplo de Registo de Simples de Custos
3.4. LIVRO DE CONTROLO DE STOCKS

Data M. Primas Renda Transporte Salários Telefone Neste tipo de registo faz-se o lançamento do valor monetário total da merca-
02 Janeiro 300 - 10 50 doria ou dos produtos que entram e saem do armazém ou da loja, bem como o
03 Janeiro 100 10 - - valor da mercadoria que lá permanecem num dado momento.
04 Janeiro 10 50
10 Janeiro 300 100 30 100

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Exemplo de Livro de Controlo de Stock 4.1.2. Tipos de Custos

Os Custos podem ser Diretos e Indiretos, como podes verificar no seguinte


Mês: quadro:
Data Descrição Valor de produtos que Valor de produtos Valor de produ-
entraram (Em escudos) que saíram (Em tos que estão no
escudos) armazém
02 Janeiro Inventário - - 1000 1.1.Custos Diretos de Materiais – O mon-
3 Janeiro Vendas - 500 500 tante que gastas em materiais que fazem
04 Janeiro Compras 200 - 700 1. CUSTOS DIRETOS parte do produto ou serviço que vendes.
05 Janeiro Vendas - 250 450 O montante que gastas em despesas Exemplo: O custo da madeira usada no fabri-
diretamente relacionados com o produto co duma cadeira.
ou serviço prestado. Os custos diretos são
palpáveis e fáceis de calcular.
Exemplos: O custo da madeira usada no 1.2. Custos Diretos de Mão de Obra - O mon-
fabrico duma cadeira; As tissagens usadas no tante que gastas no pagamento das pessoas
4. CUSTOS E PREÇOS cabeleireiro. que estão diretamente envolvidas no fabrico
do produto ou prestação de serviço.
4.1. CUSTOS Exemplo: O salário do carpinteiro que faz as
cadeiras.
No passado a contabilidade de custos era considerada uma técnica para veri-
ficação de custos de produtos ou serviços na base de dados históricos. Atual-
mente, a contabilidade de custos é considerada uma ferramenta muito impor- 2. CUSTOS INDIRETOS
2.1. Custos Indiretos de Mão de Obra
tante para controlo com o objetivo de reduzir os custos. O montante gasto em despesas que não es-
Referem-se ao montante que gastas no pa-
tão diretamente relacionados com o produto
gamento das pessoas que não estão direta-
ou serviço prestado. Estes custos não são
4.1.1. Conceito mente envolvidas no fabrico do produto ou
palpáveis no produto ou serviço prestado.
na prestação do serviço. Exemplos:
Exemplos:
Salários de guardas, serventes, secretárias,
Custos - constituem o montante de despesas, real ou nocional, incorrida ou Custos de renda, guardas, telefone, entre
gerentes, contabilistas, entre outros.
atribuível a uma coisa ou produto. São, pois, todos os gastos que se fazem outros.
no negócio para a produção e venda de produtos ou serviços.

Para o teu empreendimento, o custo do produto ou serviço será todo dinheiro que 4.1.3. Cálculo de Custo dum Produto ou Serviço
gastaste para comprar materiais e transportá-los, de fabricar e vender. Nesta gama de
despesas, fazem parte também no custo do produto ou serviço as despesas adminis-
O esquema que segue mostra que, para calculares o custo dum produto ou
trativas, tais como renda, salários, comunicação, energia, água, entre outras.
serviço, deves somar os teus custos diretos com os indiretos. Para obteres os
custos diretos deves somar os custos diretos de materiais com os custos diretos
de mão de obra. Por sua vez, para obteres os custos indireto, deves somar os
teus custos indiretos de mão de obra com as despesas gerais

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Esquema para o Cálculo de Custo dum Produto ou Serviço


Acompanha a seguir os passos de um exemplo de cálculo de custo de
revender chapéus, baseado no exercício de Metodologia GERIR
CUSTOS

1º Passo: Distingue os Custos Diretos dos Indiretos


CUSTOS DIRETOS + CUSTOS INDIRETOS
Tipos de Custos Despesa realizada Montante (UM)
Diretos Compra de 5 chapéus (5x40) 200
MATERIAIS + MAO DE OBRA MAO DE OBRA + DESPESAS
DIVERSAS
Compra mais de 5 chapéus
Compra mais de 10 chapéus
200
400
Indiretos Salários de trabalhadores 5
Renda 5
Aluguer de transporte 5
4.1.4. Cálculo de Custo dum Produto no Comércio Salário do(a) dono(a) 20
Imposto 50
Aqui é importante notar que no comércio se deve considerar o seguinte:
• Custo direto – dinheiro gasto na compra de mercadoria; 2º Passo: Calcula o custo de revender um único chapéu
• Custo indireto – dinheiro gasto noutras despesas, incluindo mão de obra, mas sem
contar com a compra de mercadoria;
• No comércio não há custo direto de mão de obra, pois não os comerciantes que fa- 1 Soma os custos totais na compra de mercadorias durante o mês (total 800
bricam os produtos que vendem. custos diretos)
2 Soma os custos totais nas outras despesas durante o mês (custos indiretos) 85

3 Divide: Custos indiretos do mês: Custos diretos do mês (Taxa de custo indi- 0,106
Cálculo de Custo dum Produto no Comércio reto)
4 Escolhe o produto que queres calcular o seu custo Chapéu
5 Anota o custo de compra desse produto (custo direto um) 40
CUSTOS 6 Multiplica: Custo de compra x taxa de custo indireto (custo indireto de um) 4,24
7 Soma: Custo direto de um + custo indireto de um (custo de um artigo) 44,24

CUSTOS DIRETOS TOTAIS + CUSTOS INDIRETOS TOTAIS As operações que acompanhaste no quadro acima equivalem à seguinte fór-
mula para cálculo de custo no comércio:

MATERIAIS MAO DE OBRA + DESPESAS


DIVERSAS
Custo de um Artigo = Custo de Compra + Custo de Compra x Taxa Custo indireto

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3º Passo: Calcula o custo para vários produtos 1º Passo: Distingue os Custos Diretos dos Indiretos

Ficha de Cálculo de Custos no Comércio


Taxa = 0,106 Tipo de custos Despesa realizada Montante
(UM)
Nome do artigo Custo de compra por Custo de compra x Custo total por
unidade taxa unidade Diretos Materiais Compra de 5 matérias-primas 100
Compra mais 5 matérias-primas 100
Chapéu 40 4,24 44,24 Compra mais 10 matérias-primas 200
Acúcar 12 1,27 13,27 Mão de Obra Salário do(a) operário(a) que dobra 2,5
Colgate 15 1,59 16,59 Salário do(a) operário(a) que agrafa 2,5
Indiretos Mão de obra Salário do(a) dono(a) (gerente) 20
Salário de guarda 2,5
Salário de tesoureiro 2,5
4.1.5. Cálculo de Custo dum Produto na Indústria e Serviços Despesas gerais Renda 5
Aluguer de transporte 5
Imposto 50
Na indústria e prestação de serviços considera:

• Custo Direto; Custo direto de materiais + Custo direto de mão de obra; 2º Passo: Calcula o custo direto de materiais para fabrico de um chapéu
• Custo Direto de Materiais; Custo dos materiais que fazem parte do produto ou
serviço;
Ficha de cálculo de custos de matérias-primas
• Custo Direto de Mão de Obra: Custo do(a) operário(a) que executo o produto ou
serviço. Matéria- prima Quantidade usada Custo de compra Custo total por
• Custo Indireto: Todos os outros custos necessários para o funcionamento da em- unidade
presa, excluindo os custos diretos, tais como renda, água, salário para o pessoal não Papel 1 20 20
diretamente ligado ao setor produtivo (guardas, gerente, contabilista, etc.) Agrafo 0,1 0,05 0,005
Custo direto total de material para um chapéu 20,005

Custos Totais Para Fabricante/prestação de Serviços Ficha de cálculo de número de horas que demora o fabrico de um chapéu
Etapa do processo de produção Tempo que demora
( em horas de mão de obra)

Custos Diretos Totais + Custos Indiretos Totais


Verificar a qualidade do papel e dobrar
Riscar
10 segundos
10 segundos
Enrolar 10 segundos

Materiais + Mão de Obra Mão de Obra + Despesas


Diversas
Verificar a qualidade e agrafar
Tempo total para fabricar um chapéu
10 segundos
40 segundos
(40/ 3 600 = 0,01 horas)

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Ficha de custos indiretos por mês 4.2. PREÇOS

Conceito do Preço
Nome da despesa geral ou diversa Total por mês
Renda do estabelecimento 5 O preço é o valor monetário dum produto ou serviço.

Aluguer de transporte 5 Deves vender os teus produtos a preços que atraiam os(as) consumidores(as).
Imposto 50
Salário do(a) dono(a) 20 No passado, era do mercado dos produtores, em que se compravam todos os produtos
fabricados, determinavam-se os preços somando o custo de produção com a margem
Salário do guarda 2,5
do lucro.
Salário do tesoureiro 2,5
Total de custos indiretos por mês 85 Preço = Custo do produto + Margem de lucro

A margem do lucro era fixada pelas autoridades governamentais, como percentagem


Custos indiretos totais por mês do custo de produção. Por exemplo:
• Custo de produção de uma unidade = 500 escudos
Custo indireto por hora = ----------------------------------------
• Margem de lucro de 20% = 100 escudos
Horas totais gastas na produção
• Preço de venda = 600 escudos

Atualmente, o mercado baseia-se na concorrência de vários (as) fornecedores(as) e


Logo, Custo indireto por hora = 85/0,66 = 129 escudos/hora
produtos, e o preço é aquele que o cliente aceita pagar.
Se o teu custo de produção for alto ou não, isso não é problema do(a) cliente. A mar-
3º Passo: Calcula o custo de fabricar e vender um chapéu gem de lucro determina-se da seguinte forma:

1 Soma todos os custos dos matérias que entram num chapéu. 25,005 Margem de lucro = Preço - Custo
(Custos diretos de materiais): 20+0,005
2 Multiplica: Nº horas que dura fazer um produto x Custo de operário(a) por 0,0757
Por exemplo, se numa certa localidade, o arroz é vendido a 100 escudos o quilo, e se
hora.
(Custo direto de mão de obra): 0,01 hora x 7, 578 MT hora
comprares do(a) teu/tuafornecedor(a) por 80 escudos o quilo, então a tua margem de
lucro será; 100 – 80= 20escudos.
3 Multiplica : Nº horas que dura fazer um produto x Custo indireto por hora, 1,288
(Custos indiretos): 0,01h x 127,788 escudos/h
Se quiseres ter uma margem de lucro de 30 escudos a quilo, então tens que procurar
4 Soma: Custos diretos de materiais + mão de obra + custos indiretos. 21, 368 comprar o arroz a 70 escudos o quilo. Se quiseres um lucro de 40 escudos por quilo,
(Custo fabrico de umproduto): 20,005 + 0,0757 + 1, 288
então, tens que reduzir o teu custo de compra para 60 escudos.

O preço do teu produto deve ser capaz Mas antes, deves verificar:
de:
• Cobrir os custos diretos • O preço dos(as) teus/tuas vizinhos(as) ou
• Cobrir os custos indiretos concorrentes;
• Deixar uma margem de lucro • O preço que os clientes aceitam pagar.

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6. ORÇAMENTO
NO MERCADO MODERNO O LEMA É: “MAIOR MARGEM DE LUCRO E NÃO ALTO
PREÇO”
Conceito

Orçamento - é um plano detalhado que mostra como se pretende utilizar o di-


nheiro e outros recursos, durante um dado período de tempo.
5. TRANSAÇÕES A PRONTO E A CRÉDITO
Como gerente, deves orçamentar as vendas, os materiais diretos, a mão de obra, as
Uma transacção envolve a troca de valores entre duas ou mais partes. Esta troca de despesas gerais de produção, etc.
valores pode ser feita a pronto e a crédito.
A seguir, vê um exemplo de um orçamento para uma empresa de aves domésticas
para o mês de Janeiro de 2018.
Vantagens Desvantagens
Exemplo de um Orçamento – Criação de Aves Domésticas
Transação a Pronto No caso de venda, obténs o No caso de compra, tens que
O pagamento efetua-se dinheiro imediatamente. ter dinheiro disponível para
no momento em que pagares imediatamente.
se recebem os bens ou Descrição Valores totais em escudos
serviços.
Não requer muita formali- No caso de venda, o teu Materiais de construção (madeira, chapa de zinco, 6.000
dade e documentação. preço é relativamente baixo. etc.)
Mão de obra 1.500
Transação a Crédito Os teus preços podem ser Crédito mal parado ou Pulverizador 340
Quem recebe os bens ou altos. demora de pagamento, por Iluminação 570
serviços promete pagar parte de alguns/algumas Calhas 350
mais tarde. clientes. Tabuleiro para ovos 745
Aumento do volume das O dinheiro nas mãos de cli- Pintos 2.100
vendas. entes faz falta ao empreen- Ração 9.000
dimento. Despesas de distribuição 2.400
Atrai os clientes e ajuda a Cobrar o crédito consome
TOTAL 31.606
vencer a concorrência. tempo e dinheiro

Se o cliente morrer, pode


------------------- não ser possível recuperares O orçamento permite melhor gestão e controlo da utilização do dinheiro
o dinheiro em dívida. da tesouraria para o cumprimento dos compromissos da empresa.
Durante a dívida, o dinheiro
------------------- pode perder o seu valor.

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UNIDADE 3 - PLANO EMPREENDEDOR UNIDADE 3 - PLANO EMPREENDEDOR

SAIBA MAIS ATIVIDADES

“Ao usar a contabilidade empresarial como aliada, o empresário pode ter uma pre-
visão dos lucros que sua companhia terá em determinado período do ano, poden- 1. A partir do exercício de simulação de empresas pratica:
do planejar gastos e até mesmo analisar se é hora de investir ou de apertar o cinto.

Muitos gestores tentam prever o lucro da empresa por pura adivinhação, sem se a) Registos de caixa, custos e stocks;
basear em dados concretos, correndo o risco de tomar decisões completamente b) Calculo de custo dum produto no comércio e na indústria;
erradas para aquele momento. c) Orçamentação;
d) Determinação de lucro ou prejuízo.
Ao analisar a contabilidade da empresa, no entanto, é possível saber, por meio de
dados estatísticos, exatamente quanto a empresa lucrou e, a partir daí, fazer uma
previsão muito mais precisa de quanto ela poderá lucrar no mesmo período. As-
sim, em vez de se basear em achismos, o empresário, com o uso da contabilidade, 2. Aplica o exercício da pergunta 1 no teu projeto escolar.
pode tomar uma decisão mais embasada.”

Fonte:
http://www.verscontabilidade.com.br/2015/03/02/entenda-a-importancia-da-conta-
3. Uma padaria trabalha com padeiros, trigo, guardas, vendedores, eletricidade
bilidade-para-a-tomada-de-decisoes-na-sua-empresa/ (Maio 2017) para as máquinas, eletricidade para iluminação, geral, telefones, contabilistas,
água, etc.

AGORA EU SEI QUE… a) Identifica os custos diretos


b) Identifica os custos indiretos.
1. A contabilidade é o registo das transacões e operações do empreendimento.
Estes registos são importantes porque permitem que controles e saibas a situação
da tua empresa em qualquer momento.
2. São registos básicos os de caixa, custos e stocks. 4. Visita um(a) empresário(a) e discute com ele/ela sobre as vantagens e des-
3. Os custos podem ser diretos e indiretos. Custos diretos são aqueles que estão vantagens de transacões a pronto e a crédito.
diretamente envolvidos no produto ou serviço. Custos indiretos são os outros cus-
tos necessários para o funcionamento da empresa, mas que não estão diretamente
envolvidos no produto ou serviço.
4. O cálculo de custo dum produto ou serviço consiste na soma de custos diretos
e indiretos.
5. Uma empresa pode realizar transações a pronto e a crédito.
6. Na atualidade, já não se determina o preço, calculando o custo do produto e
adicionando uma margem de lucro. Mas sim, se parte do preço que o cliente aceita
pagar e se subtraem os custos, tomando em conta também os preços dos concor-
rentes.
7. Um orçamento é um plano detalhado que mostra como pretendo utilizar o di-
nheiro e outros recursos durante um dado período de tempo.
8. Eu posso calcular os lucros ou prejuízos, subtraindo as vendas pelos custos dire-
tos e indiretos, referentes a um determinado período.

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UNIDADE 3 - PLANO EMPREENDEDOR UNIDADE 3 - PLANO EMPREENDEDOR

VIII. RISCOS E SEGUROS 1.2. TIPOS DE RISCOS

Introdução
Basicamente, existem três tipos de riscos que são classificados em pequenos,
Qualquer atividade seja ela económica ou não, tem riscos associados. Como em- médios ou moderados e elevados.
preendedor(a) deves tomar as precauções necessárias, proteger os investimentos e
recursos na tua organização ou empresa. 1.2.1. Riscos Pequenos
Todo o trabalho é um elemento de risco e uma das formas de gerir os riscos é trans-
São riscos mínimos que normalmente não produzem benefícios para ti. Exem-
feri-los para uma seguradora.
plo disso é decidires investir muito pouco recurso num projeto, devido ao medo
Neste último tema, irás aprender: Conceitos de Risco e Seguro; os diferentes tipos de de fracassares. Naturalmente colherás benefícios insignificantes.
de Riscos e Seguro; as formas de gestão de Riscos; a importância dos Seguros.
1.2.2. Riscos Moderados
Deverás aplicar estes conhecimentos no teu quotidiano e na tua vida laboral.
São riscos que, até certo ponto, podem ser previs-
tos, calculados e geridos por ti. Por outras palavras,
existem maiores possibilidades de gerires e assegu-
1. RISCOS rares que tais riscos não se concretizem nem afetem
o teu trabalho.
1.1. CONCEITO DE RISCOS
Constituem exemplos deste tipo de risco o incêndio, acidentes, roubos e ava-
Quando resolves assumir um risco, se saíres bem, obténs benefícios. Quando falhas, rias de máquinas que podem ser previstos e geridos, tomando-se as devidas
obténs danos ou prejuízos. precauções.

1.2.3. Riscos Elevados

Risco – Refere-se a uma situação em que a pessoa tem que fazer uma escolha en- São riscos cujas possibilidades de se concretizarem são bastante elevadas e,
tre duas ou mais alternativas que poderão resultar em recompensas, em caso de mesmo assim, tens pouco ou nenhum controlo sobre eles. Se por acaso o-
sucesso, ou penalidades, em caso de fracasso. correrem, o projeto poderá fracassar e as possibilidades de recuperação dos
recursos nele investidos são muito remotas. A probabilidade de êxito é menor
do que a de fracasso.
Toda a atividade, por mais simples que seja, tem
sempre um risco associado.
Tu deves ser capaz de assumir riscos.
A assunção de riscos é importante para os(as)
empreendedores(as), porque, na maioria das
vezes, eles/elas têm que fazer opções, como
por exemplo: Que projeto iniciar; Se deve in-
vestir na expansão da empresa ou não, etc.
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UNIDADE 3 - PLANO EMPREENDEDOR UNIDADE 3 - PLANO EMPREENDEDOR

Exemplos de tais riscos: Empreendimentos (es- 1.3.1. Minimizar os Riscos


planadas, lojas, discotecas e afins) à beira mar.
Se por lado beneficiam de uma localização privi- Para reduzir as possibilidades de ocorrência de riscos, o(a) empreendedor(a)
legiada, por outro lado correm elevados riscos pode tomar medidas preventivas que os minimizem.
de inundações, deslizamentos de terra e efeitos
erosivos Podes minimizar os riscos tomando as devidas precauções.
Contudo, o trabalho que envolve elevados riscos tende a produzir também
elevados benefícios, na eventualidade de serem bem sucedidos. Exemplos de Precauções:

• Sinalização o local de trabalho, minimiza o risco de acidentes de trabalho;


1.2.4. Riscos que podes encontrar nos Negócios:
• Admitir pessoal com experiência. Isto minimiza o problema de decisões
erradas acerca da utilização maquinaria, entre outras;
• Mudança de gosto de clientes, logo, riscos de perder mercado;

• Mudanças de tecnologia, implicando, assim, o risco de teres que fechar a empresa; • Manter serviços de guarda e segurança adequados e intensificar os dis-
positivos à prova de assaltante, a iluminação de segurança, etc., ajuda a
• Escassez de matérias-primas, energia, combustíveis, entre outros, implicando falhas na eliminar o risco de roubos.
produção;

• Má relação com os(as) empregados(as) que resultam em greves, despedimentos, etc.;


1.3.2. Substituir os Riscos
• Risco de fracassar a empresa;

• Decisões de gestão erradas quanto à utilização do capitale de outros recursos; Os encargos de ter que custear os riscos podem ser transferidos para as segu-
radoras, efetuando um seguro adequado contra incêndios, roubo, acidentes e
• Incêndio, roubo e outras calamidades naturais que possam beneficiar de um seguro. outros riscos seguráveis.

2. SEGUROS
1.3. FORMAS DE GESTÃO DE RISCO
2.1. Conceito de Seguro
Qualquer transação que fizeres, implica um elemento de risco. Por essa razão,
não deves recear tomar decisões mas, pelo contrário, deves avaliar e pesar o
O Seguro assenta-se no princípio da associação de riscos enfrentados por in-
tipo de risco envolvido e decidir assumi-lo ou não.
divíduos, empreendimentos, instituições, etc. Isto significa que cada pessoa
exposta a um risco, paga uma pequena quantia ou quotas, para fazer um se-
Podes recorrer às seguintes formas ou métodos para gerires os riscos de
guro contra todos os riscos. Todas as pequenas quotas são reunidas num único
negócios:
fundo. Aqueles que efetivamente sofrerem prejuízos, ou seja, se o risco se con-
cretizar, têm direito a uma indemnização retirada do fundo em questão.

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UNIDADE 3 - PLANO EMPREENDEDOR UNIDADE 3 - PLANO EMPREENDEDOR

2.2. Tipos de Seguros


Seguro – Refere-se à uma forma de substituir um risco, transferindo-o para
uma entidade, chamada seguradora, que se encarrega de reparar os pre- 2.2.1.Nem todos os riscos são legalmente seguráveis. Por isso, os riscos classifi-
juízos resultantes da materialização do risco. cam-se em: Riscos seguráveis, riscos não seguráveis.

Riscos Seguráveis - são riscos que podem ser legalmente segurados.


Deste modo, um contrato de seguro é feito entre o segurado e a seguradora.
O segurado é a pessoa que procura estar coberta contra todos os riscos ou pro-
Exemplos: Morte, incêndio, máquinas danificadas,
tegida no caso do risco segurado acontecer.
roubo, etc.
A seguradora é a companhia de seguros que aceita gerir o fundo e compensar
Até certo ponto, tu podes controlar estes riscos,
os segurados, no caso de perda ou desconcretização do risco.
(excepto a morte), tomando medidas apropriadas
dentro e fora da tua empresa.
Em Cabo Verde, até ao momento, temos as seguintes Companhias de Seguro:

Riscos Não Seguráveis – são riscos que não podem ser segurados legalmente, e
• IMPAR- Companhia Cabo-Verdiana de Seguros, SARL
se acontecerem, a Companhia de Seguros pode não ser legalmente obrigada a
compensar. Por mais cuidado que tenhas, podes não conseguir controlar estes
riscos.

Exemplos: Situações de guerra ou agitação política,


cheias e raios.

Os (as) empreendedores(as) dedicam-se a uma série de atividades que estão


• Garantia – Companhia de Seguros de Cabo Verde, S.A.
expostas a riscos diferentes. Como consequência, podem fazer diferentes ti-
pos de seguros para protegerem a si próprios(as) e as suas empresas contra os
riscos enfrentados, dos quais se destacam os seguintes:

Como vês, só poderás assegurar os riscos legalmente seguráveis.

Consultar: www.impar.cv
Consultar: www.garantia.cv
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2.2.2. Seguro Pessoal ou de Vida - Neste tipo de seguro, fazes um seguro de 2.2.5.Seguro de Automóvel – Podes fazer o seguro dos teus veículos contra
vida e pagas prémios mensais à companhia de seguros. todos os riscos. Este cobre os riscos de incêndio, roubo, acidentes, etc.

Como alternativa podes escolher um seguro de vida completo em que paga os


prémios e, em caso de morte, a companhia de seguros paga aos(às) teus/tuas
beneficiários(as) (Família e herdeiros, etc.), o montante combinado.

2.2.6.O Seguro Contra Terceiros (que é obrigatório em alguns países) beneficia


qualquer outra pessoa por danos causados pelos veículos segurados. Por exem-
plo, se a viatura da Sra. Rosa bater numa pessoa, será essa pessoa a beneficiar
do Seguro Contra Terceiros da Sra. Rosa

2.2.3. Seguro contra Incêndios - Podes também fazer um seguro para proteger 2.2.7.O Seguro Contra Todos os Riscos, apesar de ser mais dispendioso em
o teu empreendimento de prejuízos decorrentes de incêndios nas tuas insta- comparação com o Seguro Contra Terceiros (são pagos prémios mais elevados),
lações. é preferível para qualquer condutor(a),uma vez que oferece mais proteção e
mais possibilidades de compensação.

2.2.8.Seguro Contra Acidentes de Trabalho – Um(a) empreendedor(a) pode


efetuar um seguro contra os acidentes sofridos pelos(as) trabalhadores(as)
no local de trabalho.

2.2.4. Perda de Lucros– Podes fazer um seguro contra perdas de lucros. Se fi-
zeres este seguro, serás compensado(a) com uma percentagem combinada das
perdas sofridas.

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UNIDADE 3 - PLANO EMPREENDEDOR UNIDADE 3 - PLANO EMPREENDEDOR

2.2.9.Avarias de Máquinas e Prejuízos Indiretos - Podes fazer um seguro con- 2.3. IMPORTÂNCIA DE SEGUROS
tra os prejuízos resultantes de avarias de máquinas e prejuízos indiretos.
Imagina o que aconteceria se a tua fábrica, que demorou vários anos a ser
construída, ardesse totalmente num incêndio acidental? A consequência seria
a paralisação da atividade, a perda de clientes e o desemprego para os(as) tra-
balhadores(as). Ninguém pode desejar que isto aconteça contigo.

Se estiveres assegurado(a), a seguradora encarrega-se de repor a situação ini-


cial, tal como era antes de haver o sinistro. Tu recuperas o teu património e
voltas a desenvolver as tuas atividades normalmente, como se nada tivesse
2.2.10.Seguro Marítimo – Se estiveres envolvido(a)no transporte marítimo de acontecido.
mercadorias, deves constituir um seguro marítimo da carga. Este cobre as mer-
cadorias transportadas pelos navios. O seguro dá garantia da continuidade do teu empreendimento. Por Isso, podes
Imagem fazer planos de longo prazo, de crescimento e expansão do teu empreendimen-
to.

O seguro ajuda também que outros(as) assegurados(as) protejam os teus bens


sem o risco de, por exemplo, ficares sem cliente, porque correste riscos que te
levaram à falência.

SAIBA MAIS
Em Cabo Verde estão disponíveis os seguintes seguros:
“O grande risco é não assumir nenhum risco. Em um mundo que muda, de verdade,
Vida Individual; Vida Proteção Garantida; Plano Poupança Reforma; Escolar; rapidamente, a única estratégia com garantia de fracasso é não assumir riscos”.
Acidente Pessoal; Acidentes de Trabalho; Acidentes de trabalho facultativo; As- Mark Zuckerberg
sistência em Viagem; Automóvel; Condomínio Seguro; Escolar; Incêndio; Mer- Fonte: https://pensador.uol.com.br/frases_empreendedorismo/ (Maio
2017)
cadorias Transportadas, entre outros.

“O seguro empresarial é fundamental para manter o seu negócio a salvo. Em um


mercado tão competitivo como o de hoje, em que as empresas gastam muitos
milhões em investimento, não seria nada interessante para ela perder parte dos
seus ativos em um incêndio, não é mesmo? Por isso, ter um seguro se torna tão
importante.

Ter um seguro empresarial é garantir um futuro mais seguro para sua empresa. E a
dica que deixamos é para que você não espere acontecer o pior para contratar um
seguro empresarial, afinal, como diz o ditado popular: “o seguro morreu de velho”.
Gustavo Periard
Fonte: http://www.sobreadministracao.com/importancia-do-seguro-empre-
sarial/(Maio 2017)

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UNIDADE 3 - PLANO EMPREENDEDOR UNIDADE 3 - PLANO EMPREENDEDOR

ATIVIDADES
AGORA EU SEI QUE…

Em relação aos Riscos: 1. Com base no ambiente de trabalho na tua escola, identifica:

1.Um(a) empreendedor(a) deve aceitar correr riscos. Risco é uma situação a) Os riscos associados às atividades na escola.
que podes fazer uma escolha de entre duas ou mais alternativas, em que, b) As formas recomendáveis para a gestão desses riscos.
em caso de sucesso, obterá benefícios e, em caso de fracasso, obterá pena- c) Discute na turma com o(a) teu/tua professor(a) e colegas.
lidades.
2. Visita uma companhia de seguro e recolha mais informações sobre a nature-
2. Os riscos podem ser pequenos, médios e elevados. Eu devo correr riscos za de seguros. Faz um resumo da visita e discute na turma.
médios, porque podem ser geridos ou controlados por mim.
3. Identifica que tipo de seguros seria recomendável para o projeto escolar em
3. Dado que qualquer atividade é um elemento de risco, eu disponho de que estás envolvido(a)
dois métodos para gerir os riscos. Um consiste em minimizar os riscos, to-
mando as devidas precauções. Outro, consiste em substituir os riscos, trans-
ferindo-os para os serviços de seguros.

Em relação ao Seguro:

1. O Seguro assenta na teoria da associação de riscos enfrentados por in-


divíduos, empresa, instituições, etc.

2.Qualquer empreendedor(a) que sofra um prejuízo é compensado(a), a


partir do fundo comum. Isto significa que um(a) empreendedor(a) voltará a
posição inicial (que detinha antes de ocorrer o prejuízo).

3.Nem todos os riscos são seguráveis. As guerras, calamidades naturais,


cheias pertencem ao grupo de riscos não seguráveis.

4.Existem vários tipos de seguros tais como, seguro de vida, seguro de au-
tomóvel, seguro de incêndios, seguro de acidentes de trabalho, etc.

5. Eu devo contactar a seguradora mais próxima, para receber assistência


sobre o tipo de seguro mais adequado para o meu caso.

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UNIDADE 3 - PLANO EMPREENDEDOR UNIDADE 3 - PLANO EMPREENDEDOR

Encerra a unidade 3 com uma pequena entrevista sobre o percurso da Desde 2008/2009 que a empresa presta serviços não só na Praia como também em
empresária Neusa Silva São Vicente e Sal nas áreas de limpeza e higiene de escritório e particulares, cedência
de pessoal (eletricista, canalizador, mão de obra temporária etc), a área da formação,
Era ainda uma criança e Neusa já revelava ter “jeito área de segurança/vigilância e organização de eventos. A Guia de Serviços transfor-
para os negócios”. A empresária recorda os tempos em que mou-se numa empresa de referência em Cabo Verde.
brincava nas ruas de terra batida com as amigas, trocando Prémios e homenagens e diplomas recebidos ao longo da carreira:
bolos de lama por dinheiro enquanto as amigas trocam por
vidros: “Fazia bolos de lama e vendia-os por dinheiro e não - Nomeada Embaixadora da 5ª edição da semana global de empreendedorismo
por vidros.”. Mas é na universidade, no Brasil, que Neusa em 2014; prémio conferido por IEFP; Gabinete do Primeiro Ministro, AJEC, CPE, ADEI;
teve a grande oportunidade de pôr à prova as suas com-
petências como empreendedora. Com o pagamento da bol- - Eleição como Jovem Líder empresarial em 2014 pela CCISS;
sa de estudos em atraso, e estudando à noite, Neusa decide
trabalhar durante o dia e fazer render as suas habilidades - Prémio Jovem Empresária 2015 conferida pela CCISS/AJEC;
para o negócio. Conseguiu trabalhar como revendedora de
cosméticos e tornou-se numa verdadeira embaixadora dos - Reconhecimento de mérito parceria e colaboração em prol da comunicades e das
produtos, de tal forma que muita gente já perguntava pelos ações do rotary 2016, conferida pela RCMP.
“produtos da Neusa”. O espírito empreendedor estava ins-
talado! Entretanto Neusa enviava para Cabo Verde roupas, Mas Neusa já pensa no futuro: quer criar uma delegação da empresa em São Vi-
sandálias e lingeries para venda e antes de regressar à sua cente e expandir os seus serviços para as ilhas do Sal e da Boa Vista. E é com boa dis-
terra natal e de ingressar no mercado de trabalho, ela já tinha alguma poupança deriva- posição que a jovem empresária te deixa a seguinte mensagem: “Os segredos que me
do dos negócios feitos no Brasil! ajudaram a evoluir foram: força de vontade, humildade, respeitar as promessas feitas,
boa relação com as pessoas que ajudam e sejam de confiança e ser muito teimosa
Chegada do curso, Neusa começou logo a trabalhar e cedo apercebeu-se de que naquilo que quero! A pessoa tem de ser persistente, humilde e bem informada!Temos
queria fazer algo diferente. Queria criar novas oportunidades e experiências para os jo- de correr sempre atrás daquilo que queremos e ter sempre alguém que esteja dis-
vens cabo-verdianos, queria contribuir para uma sociedade me-lhor e mais capacitada! ponível a ajudar-nos. Não podemos desanimar!”
Com ajuda de uns amigos, Neusa passou das ideias aos atos e decidiu criar uma em-
presa em 2007! A empresária confessa que no início não foi fácil: instalações, capital,
burocracias foram alguns dos desafios iniciais! Para realizar o sonho de ter um negócio
próprio, Neusa teve de ir fazer um empréstimo ao Banco e, avaliando os riscos de um
pedido de crédito, deci- diu investir por risco próprio. Mas a jovem cabo-verdiana faz
questão de lembrar o apoio que sempre teve da família e dos amigos mais próximos.
Na verdade, foi com o contato dos irmãos que ela conseguiu alugar o seu primeiro es-
critório para a empresa na rampa subida de Achada Stº António, pagando, na altura,
cerca de 35 000$00 de renda mensal.

A empresa Guia de Serviços foi ganhando vida e forma com o passar dos anos. A
empresa passou de 2 trabalhadores em 2007 para 74 trabalhadores em 2017! A sede
da empresa foi acompanhando a evolução dos negócios, tendo passado pela Aveni-
da Cidade de Lisboa, agora regressa às origens na Achada Santo António num edifício
próprio de três pisos.

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Bibliografia

1. Ministério de Educação e Desporto de Cabo Verde, Manual do Aluno 10º ano, Base
de Trabaho para GTT, Planificação e Gestão de Uma Pequena Empresa.

2. Ministério de Educação e Desporto de Cabo Verde, Manual do Aluno 12º ano, Em-
preendedorismo.

3. ONUDI, Manual do Professor Para Leccionar Empreendedorismo no Ensino Se-


cundário Geral e Técnico Profissional Vocacional. Nampula, Moçambique, Fevereiro
2011.

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