485 1227 2 PB
485 1227 2 PB
485 1227 2 PB
br/revista
Revista Inova Ao, Teresina, v. 1, n. 2, art. 4, p. 41-58, jul./dez. 2012
ISSN Impresso: 1809-6514 ISSN Eletrnico: 2357-9501
42
I. J. B. M. F. do Nascimento
RESUMO
Este trabalho resultado de uma pesquisa bibliogrfica sobre as dificuldades frequentemente
encontradas pelos pequenos e mdios empresrios em aplicar os conceitos e aes estratgicas
do marketing de servios em suas empresas visto que a maioria da literatura encontrada, seja
ela nacional ou internacional, trata enfaticamente do marketing para as grandes organizaes.
Heterogeneidade, simultaneidade e inseparabilidade so as principais caractersticas da
prestao de servios aqui tratadas e evidenciadas sob o ponto de vista da importncia do
relacionamento humano no atendimento como instrumento de fidelizao da clientela.
Objetivamos com este estudo apresentar alguns dos diferenciais estratgicos accessveis s
organizaes de menor porte, podendo elas fazer-se uso para comercializar seus servios de
forma mais efetiva.
Palavras-Chave: Marketing. Planejamento estratgico. Administrao de empresas.
Pequenas e mdias empresas.
ABSTRACT
This study presents a bibliographic search about the frequent marketing difficulties faced by
the middle and small business workers in order to apply some marketing concepts and
strategic actions. since it was registered that the most specialized reading as in national as in
the international context emphasize the marketing actions very suitable to the big
organizations. The heterogeneity, simultaneously and inseparability are the main
characteristics of the services purchase. This study also shows the evidences under the point
of view that the human relationship is very important as being a fidelity tool. The goal of this
research is to present some accessible strategic actions suitable to small business
organizations in order to get better services.
Keywords: Marketing. Strategic planning. Business management. Small and medium
business.
www4.fsanet.com.br/revista
43
1 INTRODUO
www4.fsanet.com.br/revista
44
I. J. B. M. F. do Nascimento
suas operaes que so sustentadas por recursos mais limitados (KOTLER, 1999;
MARCHESNAY, 1993; ROBINSON; PEARCE, 1984).
Constatamos que vrios conceitos e preceitos do marketing foram desenvolvidos no
contexto da grande empresa, fazendo com que dirigentes das pequenas e mdias encontrem
notria dificuldade e coloquem em dvida a adaptabilidade ou at mesmo a capacidade da
transferncia de conceitos, preceitos e modelos de marketing gesto das empresas de menor
porte). Nem mesmo a definio de marketing sugerida pela The American Marketing
Association seria facilmente contextualizada ao cotidiano das pequenas e mdias empresas,
visto que se concentra excessivamente nas atribuies do composto mercadolgico e, na
tentativa de abranger um universo maior de empresas, acaba pecando na generalizao do
termo:
Marketing o processo de planejar e executar estratgias referentes ao preo,
promoo, e distribuio de bens, idias, e servios para proporcionar situaes de
trocas que satisfaam tanto os objetivos individuais quanto os organizacionais.
(Traduo do autor)1.
Analisando uma viso europia dessa disciplina, tomada nesse artigo pelo conceito de
marketing criado por Christian Grnroos (1987), Carson (1985), Filion (1988), Bagozzi
(1975), Hunt (1976), Eiglier (1977), Filiatrault (1987), Filiatrault e Turner (1994), dentre
outros, conseguimos diretrizes que nos permitam melhor entender sua aplicabilidade nas
micro e pequenas empresas:
The process of planning and executing the pricing, promotion, and distribution of goods, ideas, and services
to create exchanges that satisfy individual and organizational goals.
2
Marketing is to establish, maintain and enhance long-term customer relationships at a profit, so that the
objectives of the parties involved are met. This is done by mutual exchange and fulfillment of promises.
Revista Inova Ao, Teresina, v. 1, n. 2, art. 4, p. 41-58, jul./dez. 2012
www4.fsanet.com.br/revista
45
www4.fsanet.com.br/revista
46
I. J. B. M. F. do Nascimento
3.1 A Intangibilidade
Para Eiglier e Langeard: O servio imaterial no sentido em que ele existe somente
medida que produzido e consumido (Traduo do autor)3.
A intangibilidade (BATESON, 1979; BERRY, 1980; FLIPO, 1989; LOVELOCK,
1981) a condio que torna um servio insensvel ao toque e vista. A intangibilidade se
traduz pela falta de percepo concreta que a empresa prestadora de servios promove sua
clientela. Um servio de domnio intangvel, formado por atividades imateriais, impalpveis
e dificilmente observveis por pessoas externas. O risco de compra , portanto, mais elevado
para o cliente por causa da incapacidade de examinar e avaliar inerente natureza desse tipo
Le service est immaterial en ce sens quil nexiste que dans la mesure o il est produit et
consomm.
Revista Inova Ao, Teresina, v. 1, n. 2, art. 4, p. 41-58, jul./dez. 2012
www4.fsanet.com.br/revista
47
de negcios. Resta para o cliente somente confiar em uma experincia anterior (sua ou de
outrem), o que nem sempre possvel.
O marketing envolve aspectos objetivos e subjetivos dos comportamentos e lida com a
dimenso emocional dos clientes, alm dos aspectos puramente racionais tais como a
avaliao da qualidade dos produtos ou dos servios.
As dificuldades em avaliar os servios e as sensaes sobre o tratamento que
receberam na ltima compra, continuam a influenciar o consumidor no momento da busca de
um outro fornecedor. Frequentemente o profissionalismo da empresa, sua acessibilidade e
capacidade de fornecer o servio demandado que se tornam importantes critrios de compra.
Nesse caso, os fatores subjetivos e emocionais compem o quadro subreptcio das
influncias ao comportamento do cliente. provvel que este, mesmo sem perceber, esteja
condicionado por suas sensaes e pelas lembranas das ltimas experincias com a empresa,
em que, a reputao profissional da empresa, o carinho, a ateno e a gratificao pessoal com
o tratamento recebido, so fundamentais sua deciso. Pode-se afirmar que, o resultado do
servio prestado, a imagem do prestador e a avaliao de sua capacidade de fornecimento e/ou
realizao do servio so primordiais ao xito de proporcionar satisfao ao consumidor
(BRENTANI, 1991).
3.2 A Heterogeneidade
Segundo Eiglier e Langeard, Servuction a organizao sistemtica e coerente de todos os elementos fsicos
e humanos entre o relacionamento empresa / cliente necessria realizao de uma prestao de servios cujas
caractersticas comerciais e o nvel de qualidade estejam determinados.
Revista Inova Ao, Teresina, v. 1, n. 2, art. 4, p. 41-58, jul./dez. 2012
www4.fsanet.com.br/revista
48
I. J. B. M. F. do Nascimento
3.3 A Simultaneidade
Para Lejeune Isso significa simplesmente que um servio fabricado ou produzido ao
mesmo tempo em que consumido (Traduo do autor)5.
A simultaneidade (BERRY, 1983; BITNER; ZEITHAML, 1987), representa a durao
de um servio. Como os servios no so bens transferveis, o consideramos perecveis. Outro
aspecto que devemos considerar da simultaneidade, que, diferentemente dos produtos
industrializados, os servios no podem ser estocados, dificultando assim sua administrao
em perodo de maior demanda.
Geralmente, no perodo de maior demanda de uma prestao de servios o gestor da
empresa v-se obrigado a contratar, mesmo que temporariamente, um determinado nmero de
funcionrios. Tal fato geralmente implica na perda de qualidade dos servios e na falta de
padro, pois o pessoal contratado necessitar de treinamentos e certo tempo de adaptao para
desenvolver a mesma destreza na prestao de servios que os funcionrios veteranos.
Cela signifie simplement quun service est fabriqu ou produit en mme temps quil est consomm.
www4.fsanet.com.br/revista
49
3.4 A Inseparabilidade
www4.fsanet.com.br/revista
50
I. J. B. M. F. do Nascimento
Personalized service refers to any behaviors occurring in the interaction intended to contribute to the
individuation of the customer. That is, the customer role is embellished in the encounter through specific
recognition of the customers uniqueness as an individual over and above his/her status as an anonymous
service recipient (P. 87).
Revista Inova Ao, Teresina, v. 1, n. 2, art. 4, p. 41-58, jul./dez. 2012
www4.fsanet.com.br/revista
51
www4.fsanet.com.br/revista
52
I. J. B. M. F. do Nascimento
www4.fsanet.com.br/revista
53
O modelo demonstra que uma fuso potencial entre o prestador de servios e o cliente
pode ir alm de uma simples troca, como acontece no caso de uma relao comercial.
Solomon, Surprenant e Al (1985), e Kelly, Donnelly e Skinner (1990) percebem o
atendimento como uma oportunidade para a organizao estabelecer um relacionamento
social, de lazer, de criar, desenvolver e manter uma forte implicao entre os dois
interventores (funcionrio e cliente) para maximizar as recompensas e minimizar os custos.
Reconhecendo os interesses fundamentais e naturais de cada interventor, Solomon e
Surprenant demonstram a importncia para a organizao de se dissociar de um atendimento
dissimulado dito social, efetuado no quadro de um atendimento comercial.
O abandono desses interesses predeterminados e independentes de um atendimento
banaliza a funo da troca entre empresa e cliente e elimina o essencial: a busca da satisfao
do cliente. No podemos desconsiderar que, numa perspectiva de marketing de
relacionamento, a rentabilidade de um cliente alcanada somente quando a organizao
consegue estabelecer com ele um relacionamento longo prazo (PERRIEN; FILIATRAULT;
RICARD, 1993). Essa relao se estabelece atravs da satisfao contnua com o cliente.
Quando a empresa possui funcionrios habilidosos em identificar os principais elementos que
compem a satisfao do cliente, conduzir o atendimento de tal forma que haja uma boa
interao entre as duas partes e fazer a negociao vantajosa para ambos os lados (CROSBY;
EVANS; COWLES, 1990) deixa ento de ter uma transao comercial para estabelecer uma
relao durvel. Faz-se ento imperativo que um prestador de servios conhea claramente
seu papel no atendimento, conhea o mecanismo da receptividade e da empatia entre ele e o
cliente. O servio, portanto, ser produzido pelas duas partes.
www4.fsanet.com.br/revista
54
I. J. B. M. F. do Nascimento
4 CONSIDERAES FINAIS
www4.fsanet.com.br/revista
55
REFERNCIAS
BAGOZZI, R. P. Marketing as Exchange, Journal of Marketing, v. 39, p. 32-39, Oct.
1975.
BATESON, J. E. G. Why We Need Service Marketing? FERREL, O. C.; BROWN, S.W.;
LAMB, C.W. (Ed.), Conceptual and Theretical Developments in Marketing, AMA, p.131146, 1979.
BERRY, L. L. Relationship Marketing. BERRY, L. L.; SHOSTACK, G. L.; UPAH, G. D.
(Ed.) Emerging Perspectives on Services Marketing, AMA, p.25-28, 1983.
BITNER, M. J.; BOOMS, B. H.; TETRAULT, S. M. The Service Encounter: Diagnosing
Favorable and Unfavorable Incidents. Journal of Marketing, v. 54, p. 71-84, Jan.1990.
BITNER, M. J. Evaluating Service Encounters: The Effects of Physical Surroundings and
Employee Responses. Journal of Marketing, p. 69-82, 1990.
BITNER, M. J. Servicescapes: The Impact of Physical Surroundings on Customers and
Employees. Journal of Marketing, p. 57-71, 1992.
BITNER, M. J.; ZEITHAML, V. A. Fundamentals in Serives Marketing. SURPRENANT,
C. (Ed.) Add Value to your Service, AMA, p.7-11, 1987.
BOAG D.; HUGH M. Analysis of Marketing Activities in High Technology
Manufacturing Companies. The Journal of Small Business and Entrepreneurship, v. 4, p
48-56, Fall 1986.
BRAVO, Juan. Marketing de Servicios. Universidad de Santiago de Chile (Trabalho no
publicado).
BROWN R. Marketing for the Small Firm. Holt, Reinard and Winston ltd. 1985. 184p.
COBRA, M. Administrao de Marketing. 2. ed. So Paulo: Atlas, 1992.
CROSBY L. A.; EVANS, K. R.; COWLES, D. Relationship Quality in Services Selling: An
Interpersonnal Influence Perspective. Journal of Marketing, p. 68-81, 1990.
DAVIDOW, W. H.; UTTAL, B. Service Companies: Focus or Falter. Havard Business
Review, p. 77-85, July/Aug. 1989.
Revista Inova Ao, Teresina, v. 1, n. 2, art. 4, p. 41-58, jul./dez. 2012
www4.fsanet.com.br/revista
56
I. J. B. M. F. do Nascimento
www4.fsanet.com.br/revista
57
www4.fsanet.com.br/revista
58
I. J. B. M. F. do Nascimento
www4.fsanet.com.br/revista