Diabetes e Adesão Ao Regime Terapeutico

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CURSO DE MESTRADO EM ENFERMAGEM

COMUNITÁRIA

O DIABÉTICO TIPO 2 E A ADESÃO AO REGIME


TERAPÊUTICO

Marisol dos Santos Castelo Branco Nunes Simões

Coimbra, dezembro de 2012


______________________________________________________________________

CURSO DE MESTRADO EM ENFERMAGEM

COMUNITÁRIA

O DIABÉTICO TIPO 2 E A ADESÃO AO REGIME


TERAPÊUTICO

Marisol dos Santos Castelo Branco Nunes Simões

Orientadora: Mestre, Professora Coordenadora Clarinda Maria dos Prazeres


Ferreira Silva da Rocha Cruzeiro,

Professora Coordenadora da Escola Superior de Enfermagem de Coimbra

Dissertação apresentada à Escola Superior de Enfermagem de Coimbra

para obtenção do grau de Mestre em

Enfermagem Comunitária

Coimbra, dezembro de 2012


D esanimar da vida nem pensar;

I sso seria o pior a acontecer;

A ntes do sofrer fulge a alegria;

B em antes da dor vem o prazer;

E ntão não há doença, há saúde e paz;

T ento por base o cuidado e o saber;

E nfermidades e mal que fere a vida;

S ó se não houver controlo no viver.


Anónimo - Pensamento de uma idosa com diabetes
AGRADECIMENTOS

Na elaboração desta Tese de Mestrado, contribuíram para o seu desenvolvimento


várias pessoas, sem as quais não teria sido possível a sua concretização, nas
condições e no tempo de que dispunha. A todos queria expressar a minha gratidão:

À Professora Coordenadora Clarinda Cruzeiro, por me ter dado o privilégio de ser


orientadora deste trabalho e pelo seu profissionalismo, dedicação, acompanhando,
ajudando e dando o estímulo necessário para esta etapa percorrida e alcançada;

Aos Diabéticos participantes deste estudo pela sua disponibilidade, porque sem a
colaboração destes, este trabalho não seria possível;

Aos Colegas e Amigos, que não necessito de nomeá-los, porque eles sabem que
desde o primeiro momento me apoiaram, ajudaram e incentivaram neste caminho;

À minha prima Jacky pela ajuda em todos os momentos essenciais deste trabalho;

Ao Beto, companheiro dos momentos bons e menos bons, por todo o apoio, carinho e
pelo incentivo permanente, mesmo naqueles momentos que ficávamos mais
vulneráveis;

À Katy e ao Jaimito que do fundo do coração peço perdão por vos ter privado de
alguns momentos que não foram realizados…, obrigada pelo vosso amor;

À minha família, sempre disponível para ajudar e colaborar nas tarefas que não pude
estar mais presente;

A Deus por continuar a dar um pouco de mim aos outros...

A todos, obrigada.
INDICE DE SIGLAS

ACES BM1 – Agrupamento de Centros de Saúde - Baixo Mondego 1


ADA – American Diabetes Association
ADO – Antidiabéticos Orais
ANA – American Nurses Association
APDP – Associação Protectora dos Diabéticos de Portugal
AVC – Acidente Vascular Cerebral
CAD – Cetoacidose Diabética
CED – Consulta de Enfermagem de Diabetes
CHUC – Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra
Cm² - Centímetro Quadrado
CS – Centro de Saúde
CSNM – Centro de Saúde Norton de Matos
DG – Diabetes Gestacional
DGS – Direção Geral de Saúde
DM – Diabetes Mellitus
DM1 – Diabetes Mellitus tipo 1
DM2 – Diabetes Mellitus tipo 2
EPE – Entidade Pública Empresarial
FID – Federação Internacional de Diabetes
Fig. - Figura
H/h - Hora
GICFUL – Grupo de Investigação em Cuidados Farmacêuticos da Universidade
Lusófona
HbA1c – Hemoglobina Glicosilada
HUC – Hospitais da Universidade de Coimbra
ICN – International Council of Nurses
IGIF – Instituto de Gestão Informática e Financeira
IMC – Índice de Massa Corporal
INR – Tempo de Protrombina
INS – Inquérito Nacional de Saúde
IP – Instituto Público
IPSS – Instituições Particulares de Solidariedade Social
Kg – Kilogramas
m² - Metro ao Quadrado
MAT – Medida Psicométrica de Adesão aos Tratamentos - Medida de Adesão aos
Tratamento
mgr/dl – Miligramas por decilitro
mmHg – Medida Internacional para milímetros de mercúrio
OE – Ordem dos Enfermeiros
OMS - Organização Mundial de Saúde
OPSS – Observatório Português dos Sistemas de Saúde
P/p – Página
Pág. Páginas
PA – Perímetro Abdominal
PH Sérico – Nível de Potássio Sérico
PND – Plano Nacional da Diabetes
PNPCD – Programa Nacional de Prevenção e Controlo da Diabetes
PNS – Plano Nacional de Saúde
PTGO – Prova de Tolerância à Glicose
RAOND – Relatório Anual do Observatório Nacional da Diabetes
REPE – Regulamento do Exercício Profissional do Enfermeiro
SAM® - Sistema de Apoio ao Médico
SAPE® - Sistema de Apoio à Prática de Enfermagem
SDSCA - Summary of Diabetes Self-Care Activities – Atividades de Autocuidado com a
Diabetes
SINUS® - Sistema de Informação para Unidades de Saúde
SHNC – Síndrome Hiperosmolar não Cetósico
SNS – Sistema Nacional de Saúde
SPEDM – Sociedade Portuguesa de Endocrinologia, Diabetes e Metabolismo
TA – Tensão Arterial
UCC – Unidade de Cuidados na Comunidade
UCCNM – Unidade de Cuidados na Comunidade Norton de Matos
UCSP – Unidade de Cuidados de Saúde Personalizados
UCSPNM – Unidade de Cuidados de Saúde Personalizados Norton de Matos
UE – União Europeia
UFS – Unidade Funcional de Saúde
USDHHS – United States Departamento f Health and Human Services
USF – Unidade de Saúde Familiar
WHO – World Health Organization
RESUMO

A diabetes mellitus (DM) é uma doença metabólica e crónica que afeta um elevado
número de pessoas. A morbilidade elevada implica um grande investimento em
cuidados de saúde e mudanças profundas nos estilos de vida (Grilo, Sousa e
Mclntyre,2008).

O seu tratamento exige a adoção de comportamentos de alguma complexidade que


têm que ser integrados na rotina diária. A cronicidade, associada às características do
regime terapêutico e às responsabilidades do utente, contribui atualmente para a baixa
adesão ao regime terapêutico.
O principal objetivo desta dissertação é avaliar a adesão ao regime terapêutico por
parte dos utentes diabéticos tipo 2, na Extensão de Saúde de Ceira do Centro de
Saúde Norton de Matos do ACES BM1, visando a melhoria das suas condições de
vida.
Procedeu-se à aplicação de um questionário com o intuito de efetuar a caraterização
demográfica da população alvo deste estudo e a aplicação das escalas SDSCA –
“Atividades de Autocuidado com a Diabetes” e MAT – “ Medida Psicométrica de
Adesão aos Tratamentos”. Os dados foram tratados informaticamente, recorrendo ao
programa estatístico IBM-S.P.S.S. versão 19.0.
Dos 131 participantes, verificou-se que o tempo de diagnóstico é de mais de 10 anos
em 54 participantes (41,2%). O tratamento instituído é com antidiabéticos orais, na
grande maioria dos participantes (77,1%) e é de salientar que 22,2% fazem tratamento
com insulina. As comorbidades mais frequentes são: hipertensão arterial, obesidade e
dislipidémias, sendo as complicações tardias os problemas de circulação, as
neuropatias, as retinopatias, as nefropatias e as amputações dos membros inferiores.
Verificou-se também que a dimensão terapêutica farmacológica (“medicamentos”)
é a componente do regime terapêutico com melhor nível de adesão (4,74±1,69), sendo
que a “monitorização da glicemia capilar” apresenta uma média de adesão de
4,64±1,41. Em terceiro lugar surge, os “cuidados com os pés” com uma média de
adesão de 4,09±1,07. A “alimentação específica” tem uma média de adesão
(3,8±1,01) superior à “alimentação geral” (2,63±1,05). A “atividade física” é a
componente com menor nível de adesão, sendo o score obtido, em média, de
1,50±1,51 dias da semana.
Torna-se fulcral a definição de estratégias ao nível da consulta de enfermagem, que
englobem o envolvimento integrado do utente, família e rede de apoio social,
promovendo a adesão ao regime terapêutico.

Palavras-chaves: Diabetes Mellitus/Diabetes tipo 2; Adesão ao Regime Terapêutico;


Autocuidado; Enfermagem/Cuidados de Saúde; Educação para a Saúde.
ABSTRACT

Diabetes mellitus (DM) is a chronic metabolic disease that affects a large number of
people. High morbidity requires a large investment in healthcare and profound changes
in lifestyles (Grilo, Sousa and Mclntyre .2008).
Their treatment requires the adoption of behaviors of some complexity that must be
integrated into the daily routine. The chronicity, associated to the characteristics of the
therapeutic regimen and the responsibilities of the patient, currently contributes to the
low adhesion of the treatment regimen.
The main objective of this thesis is to evaluate the adherence to the treatment regimen
of type 2 diabetic patients of the Health Center’s Norton de Matos of ACES BM1,
aiming at the improvement of their living conditions.
We did a questionnaire with the objective of characterizing the demographic target
population of this study and we also implemented scales SDSCA – "Activities of Self-
Care with Diabetes" and MAT – "Psychometric of Adherence to Treatment". The data
was treated electronically, using the statistical program IBM-S.P.S.S. 19.0 version.
Of the 131 participants, it was found that the diagnosis time is more than 10 years in 54
participants (41.2%). The treatment of the vast majority (77.1%) is made through oral
antidiabetic drugs and it should be noted that 22.2% are treated with insulin. The most
frequent comorbidities are: hypertension, obesity and dyslipidemias, and the late
complications are circulation problems, neuropathies, retinopathy, nephropathy and the
amputation of the lower limbs.
It was also noted that drug therapy (“medicine”) is the best adhering component of
the treatment regimen (4.74 ±1.69), whereas “blood glucose monitoring” presents
an average accession of 4.64 ± 1.41. In third place comes up the “foot care” with an
average accession 4.09 ± 1.07. “Specific nutrition” has a higher adherence (3.8 ±
1.01) than “general nutrition” (2.63 ± 1.05). “Physical activity” is the component
with the lowest level of adherence, obtaining a score of, on average, 1.50 ± 1.51
weekdays.
The development of strategies at the nursing consultation stage becomes essential,
covering the integrated involvement of the patient, family and social support network,
thereby promoting the adherence to the treatment regimen.

Keywords: Diabetes Mellitus /Diabetes type 2; Adherence to Treatment Regimen; Self-


Care; Nursing/Healthcare; Education for Health.
INDICE DE FIGURAS Pág.

Figura 1 – Educação / Tríade Terapêutica ……………………………..…………… 30

Figura 2 – Pirâmide Etária dos Diabéticos da Extensão de Saúde de Ceira 70


2011……………………………………………………………………………………….
INDICE DE QUADROS Pág.

Quadro 1 – Valores de Glicemia em Jejum na primeira Consulta de Vigilância 27


Pré-Natal …………………………………………………...…………………………..

Quadro 2 - Valores PTGO em 75 gr de Glicose às 24-28 semanas de 27


Gestação………………………………………………………………………………..

Quadro 3 – Principais caraterísticas dos Antidiabéticos Orais (ADO)…………. 34

Quadro 4 – Perfis de Insulina disponíveis em Portugal………………..…………. 35

Quadro 5 – População Diabética inscrita na Extensão de Saúde de Ceira por 69


Grupo Etário e Sexo……………………………………………………………...……

Quadro 6 – Escala - SDSCA - “Atividades de Autocuidado com a Diabetes” / 75


Dimensões e Itens………………………………………………………….……..…...

Quadro7 – Escala- MAT - “Medida Psicométrica de Adesão aos Tratamentos”/ 75


Itens.………………………………………...………………………..…………………

Quadro 8 - Resultados da consistência interna total, das duas escalas por 77


dimensão - Escala de Autocuidado com a Diabetes - SDSCA e da Escala de
Medida de Adesão aos Tratamentos - MAT…………………………..……………

Quadro 9 - Resultados do teste de Kolmogorov-Smirnov ao Autocuidado com 80


a Diabetes - SDSCA e a Medida de Adesão aos Tratamentos - MAT ………….

Quadro10 – Distribuição da amostra segundo o Grupo Etário………....……… 81

Quadro11– Estatística Descritiva da amostra segundo a Idade ………...……… 81

Quadro 12 – Distribuição da amostra segundo o Sexo…….……..……………… 81

Quadro 13 – Distribuição da amostra segundo o Estado Civil…….……….……. 82

Quadro 14 – Distribuição da amostra segundo a Escolaridade…….…....……… 82

Quadro 15 - Distribuição da amostra segundo a Situação Profissional………… 82

Quadro 16 – Distribuição da amostra segundo o Agregado Familiar………....… 83

Quadro 17 – Estatística Descritiva da Altura e Peso…………….………………... 83

Quadro 18 – Distribuição da amostra segundo o IMC...………………..………… 83

Quadro19 – Distribuição da amostra segundo os valores de Glicemia 84


Capilar…………………………………………………………………………………..
Quadro 20 – Estatística Descritiva do risco dos valores de Glicemia 84
Capilar…………………………………………………………………….…………….

Quadro 21 – Distribuição da amostra segundo os valores de Tensão Arterial… 84

Quadro 22 – Estatística Descritiva dos valores da Tensão Arterial …………..… 85

Quadro 23 - Distribuição da amostra segundo o Perímetro Abdominal e o 85


Sexo …………………………………………………………………………………….

Quadro 24 – Distribuição da amostra do controlo da diabetes segundo 85


valores de Hemoglobina Glicosilada ………………..……..………………………..

Quadro 25 – Estatística Descritiva dos valores de Hemoglobina Glicosilada….. 86

Quadro 26 – Distribuição da amostra segundo “há quanto tempo é diabético”... 86

Quadro 27 – Distribuição da amostra da Diabetes Mellitus na família…….……. 86

Quadro 28 – Distribuição da amostra com familiares diabéticos segundo o 87


grau de parentesco…….….……………………………..…..……..…………………

Quadro 29 – Distribuição da amostra segundo o tipo de tratamento para a 87


diabetes………………………………………………………………………..…...…..

Quadro 30 – Distribuição da amostra segundo “o profissional de saúde que os 88


informou” do diagnóstico da diabetes tipo 2…...….………….…….………………

Quadro 31 – Distribuição da amostra segundo o profissional de saúde que 88


realizou os ensinos sobre a diabetes………………………………………………..

Quadro 32 – Distribuição da amostra segundo a confiança/ segurança da 88


informação ministrada…………………………………………….………………...…

Quadro 33 – Distribuição da amostra segundo a frequência das consultas de 89


diabetes…………………………………………………….……...……….…..………

Quadro 34 – Distribuição da amostra segundo a informação dada das 89


complicações da não adesão ao regime terapêutico………………………….…

Quadro 35 – Ordenação das principais complicações de saúde que surgiram 89


com a diabetes…………….…………………………………..…………………….…

Quadro 36 – Ordenação das complicações resultantes da diabetes……………. 90

Quadro 37 – Distribuição da amostra segundo a toma de outra medicação 90


contínua para outras doenças…………………………………………….…….……

Quadro 38 – Distribuição da amostra segundo os internamentos por 90


problemas decorrentes da diabetes……………………………………..………..…
Quadro 39 – Estatística Descritiva do número de internamentos da amostra 91
por complicações da diabetes………………………………………………………..

Quadro 40 – Distribuição da amostra segundo “a capacidade de saber fazer” o 91


controlo da diabetes…………………………………………………………………...

Quadro 41 – Distribuição da amostra – Avaliação da monitorização da 91


glicemia segundo a frequência do controlo da diabetes…………………………..

Quadro 42 – Distribuição da amostra segundo a autonomia do controlo da 91


monitorização da glicemia………………...……….…………………………………

Quadro 43 – Distribuição da amostra segundo “quem ajuda” no controlo da 92


diabetes……………………………………………………………….……………...…

Quadro 44 – Distribuição da amostra segundo a autonomia da toma da 92


medicação…………………..………………………………………………..…………

Quadro 45 – Distribuição da amostra segundo “quem ajuda” na toma da 92


medicação………………………………………………………………………………

Quadro 46 – Distribuição da amostra segundo “a apreciação” do controlo da 93


diabetes……………………………..………………………………………….....……

Quadro 47 – Distribuição da amostra segundo “a forma como considera” o 93


controlo da doença.…………..………………………………..…………………...…

Quadro 48 – Distribuição da amostra segundo a motivação para aderir ao 93


regime terapêutico………….………………………………………………………..

Quadro 49 – Distribuição da amostra segundo a perceção da motivação da 93


família/amigos para a adesão ao regime terapêutico………..………………...…

Quadro 50 – Distribuição da amostra segundo “o interesse na participação” 94


de um grupo educativo……………………...……………………………………..….

Quadro 51– Distribuição da amostra segundo a Adesão aos Tratamentos........ 94

Quadro 52 – Estatística Descritiva do Autocuidado com a Diabetes – SDSCA . 95

Quadro 53 – Distribuição da amostra segundo os hábitos tabágicos “nos 95


últimos sete dias”………………………………………………………..………..……

Quadro 54 – Estatística Descritiva do número de cigarros que a amostra 95


referiu que fuma por dia…………….…………………………………………………

Quadro 55 – Distribuição da amostra segundo a questão “quando fumou o 96


seu último cigarro”……………………………………………………………………..
Quadro 56 - Resultado da aplicação do teste t de Student, relativamente ao 96
Sexo e ao Autocuidado com a Diabetes………………………..……………….…

Quadro 57 – Resultados Estatísticos relativos à aplicação do Coeficiente de 97


Correlação de Pearson, à Idade e ao Autocuidado com a Diabetes………….…

Quadro 58 - Resultado da aplicação do teste de análise de variância (Anova) 98


relativamente ao Estado Civil e ao Autocuidado com a Diabetes …..……….….

Quadro 59 - Resultado da aplicação do teste de análise de variância (Anova) 99


relativamente à Escolaridade e ao Autocuidado com a Diabetes ……...…….….

Quadro 60 - Resultado da aplicação do teste t de Student, relativamente à 100


Situação Laboral e ao Autocuidado com a Diabetes...………………………….…

Quadro 61 - Resultado da aplicação do teste de análise de variância (Anova) 101


relativamente à Situação de Coabitação e ao Autocuidado com a Diabetes…...

Quadro 62 – Resultados estatísticos relativos à aplicação do Coeficiente de 102


Correlação de Pearson, ao valor da Glicemia em Jejum e ao Autocuidado com
a Diabetes………………………………………………………………………………

Quadro 63 - Resultado da aplicação do teste t de Student, relativamente aos 103


valores de Tensão Arterial e ao Autocuidado com a Diabetes…………………...

Quadro 64 - Resultado da aplicação do teste de análise de variância (Anova) 103


relativamente ao IMC e ao Autocuidado com a Diabetes .. …….……………..…

Quadro 65 - Resultado da aplicação do teste de análise de variância (Anova) 104


relativamente ao Perímetro Abdominal e ao Autocuidado com a Diabetes……..

Quadro 66 - Resultado da aplicação do teste t de Student, relativamente aos 105


valores de Hemoglobina Glicosilada e ao Autocuidado com a Diabetes………..

Quadro 67 - Resultado da aplicação do teste t de Student, relativamente à 106


Adesão ao Tratamento Farmacológico e ao Autocuidado com a Diabetes.……
SUMÁRIO Pág.

INTRODUÇÃO ………………………………………………………………………...
15
I PARTE – ENQUADRAMENTO TEÓRICO

1 – A DIABETES MELLITUS COMO UMA DOENÇA CRÓNICA …………..….. 21


1.1 - RESENHA HISTÓRICA ………………………………...……………………… 21
1.2 – EPIDEMIOLOGIA DA DIABETES ……………………………………………. 22
1.3 – CASSIFICAÇÃO DA DIABETES ……………………………………………... 24
1.4 – DIAGNÓSTICO DA DIABETES ……….……………………………………... 26
1.5 – COMPLICAÇÕES DA DIABETES …………………………….……………... 28
1.6 – TRATAMENTO DA DIABETES …………..…………………………………... 29

2 – ADESÃO DO DIABÉTICO TIPO 2 AO REGIME TERAPÊUTICO …..…….. 37


2.1 – A INTERAÇÃO DOS FATORES NA ADESÃO AO REGIME
41
TERAPÊUTICO……………………….. ……………………………………………...
2.2 – MODELOS E TEORIAS DA ADESÃO TERAPÊUTICA…………………….
45
3 – EDUCAÇÃO PARA A SAÚDE E A QUALIDADE DE VIDA DO
DIABÉTICO …………………………………………………………………………… 54

4 – INTERVENÇÃO DO ENFERMEIRO ESPECIALISTA EM ENFERMAGEM


COMUNITÁRIA AO UTENTE DIABÉTICO ……………………………………….. 60

II PARTE – ESTUDO EMPIRICO

5 – METODOLOGIA …………………………………………………………………. 69
5.1 – TIPO DE ESTUDO……………………………………………………………… 70
5.2 – HIPÓTESES DO ESTUDO…….……………………………………………… 71
5.3 – VARIÁVEIS DO ESTUDO E SUAS DIMENSÕES………..………………… 71
5.4 – INSTRUMENTO DE RECOLHA DE DADOS………………...……………… 73
5.4.1 – Análise da consistência interna das escalas utilizadas …………….. 76
5.4.2 – Pré-teste ……………………………………………………………………… 77
5.5 – POPULAÇÃO ALVO E AMOSTRA DO ESTUDO…………………………... 78
5.6 – PROCEDIMENTOS DA COLHEITA DE DADOS…………………………… 78
5.7 – QUESTÕES ÉTICAS…………………………………………………………… 79
5.8 – TRATAMENTO E ANÁLISE DOS DADOS………………………...…………
79
6 – RESULTADOS DO ESTUDO …………………………………………………... 81
6.1 – CARATERIZAÇÃO SÓCIODEMOGRAFICA DA AMOSTRA …………...… 81
6.2 – CARATERIZAÇÃO DAS VARIÁVEIS CLÍNICAS DA AMOSTRA ………... 83
6.3 – ESTATISTICA INFERENCIAL ………………………………………………...
96
7 – DISCUSSÃO DOS RESULTADOS ………………………….………………… 107
7.1 – LIMITAÇÕES DO ESTUDO …………………………………………………...
116
CONCLUSÃO ………………………………………………………………………… 117
BIBLIOGRAFIA ………………………………………………………………………. 121
ANEXOS

ANEXO I – Utentes inscritos no SAM/SAPE/SINUS


ANEXO II – Questionário aferido, validado e aplicado aos Diabéticos Tipo 2 da
Extensão de Saúde de Ceira do CSNM, ACES BM1- Coimbra

ANEXO III – Autorização dos autores das escalas validadas


SDSCA – “Atividades de Autocuidado com a Diabetes”
(Dr.ª Fernanda Bastos) e
MAT – “Escala de Adesão aos Tratamentos”
(Dr. Delgado A.B.)

ANEXO IV – Pedido de autorização ao ACES BM1 para a realização do estudo e


Autorização do ACES BM1 para a realização do estudo

ANEXO V – Documento do Consentimento Informado dos participantes


INTRODUÇÃO

A diabetes é uma doença crónica que exige o constante autocontrolo, autovigilância e


formação dos diabéticos, para dessa forma evitar complicações agudas e reduzir o
risco de complicações tardias. Pela sua morbilidade elevada implica um grande
investimento em cuidados de saúde e mudanças profundas nos estilos de vida (Grilo,
Sousa e Mclntyre, 2008).
De entre os diversos problemas de saúde pública, a diabetes assume-se como um dos
mais preocupantes quer pela sua incidência, quer pela sua prevalência,
nomeadamente no grupo etário acima dos 45 anos e também pela taxa de mortalidade
e morbilidade que apresenta. Em 2010, a taxa de prevalência da diabetes
diagnosticada situava-se entre 6,3% e 7,3% da população portuguesa, como nos
refere o Relatório Anual do Observatório Nacional da Diabetes (2011, p.9).
As problemáticas associadas à doença exigem o desenvolvimento de competências
que deverão resultar do processo de formação e que integrem todos os intervenientes
no processo de cuidar, pois só assim se conseguirão prestar cuidados de excelência.
Estes cuidados não deverão ser ministrados unicamente no gabinete de enfermagem,
mas sim integrados na comunidade, como nos refere Abreu, “(…), não uma
assistência balizada pela estrutura do centro de saúde e limitada aos gabinetes ou às
salas de tratamentos, mas sim uma assistência articulada com e na comunidade”
(2001, p.211).
A aquisição de melhores conhecimentos acerca da doença não é suficiente. É
imprescindível a autorresponsabilização e a motivação do diabético e dos seus
familiares na vigilância e controlo da patologia, tendo em mente a recuperação
/promoção da saúde.
Na consulta de vigilância do diabético, são notórias as dificuldades do utente diabético
em gerir toda a situação intrínseca à doença, desde a alteração do estilo de vida à
obtenção e manutenção do controlo metabólico, que esta patologia exige. A
experiência inerente ao trabalho de campo revela que a disponibilidade, em muitas
situações incondicional, de um profissional de saúde, enfermeiro, pode fazer a
diferença na aprendizagem e consequente adesão ao regime terapêutico dos
diabéticos.

Marisol Castelo Branco Simões 15


A enfermagem, enquanto profissão, tem um reconhecido papel nos cuidados
prestados à doença crónica, na implementação de políticas de saúde e no
envolvimento com a comunidade, pois “(…), os enfermeiros têm estado na linha da
frente da prática em termos de: facultar informações e educação ao doente;
estabelecer relações com os doentes, cuidadores e comunidade; disponibilizar
continuidade de cuidados; utilizar tecnologia para fazer avançar a prestação dos
cuidados; apoiar a adesão terapêutica a longo prazo; e promover a prática
colaborativa” (International Council of Nurses, 2010, p. 41).
A consulta de enfermagem é uma atividade autónoma, com base na metodologia
científica, que permite ao enfermeiro formular um diagnóstico baseado na identificação
dos problemas de saúde em geral e de enfermagem em particular, elaborar e realizar
planos de cuidados de acordo com os graus de dependência dos utentes, bem como a
avaliação dos cuidados prestados e respetiva reformulação das intervenções de
enfermagem. Logo, a consulta de enfermagem constitui um espaço privilegiado para o
desenvolvimento de uma relação terapêutica com o utente diabético e seus familiares.
Para Sousa, et al., (2008), a consulta de enfermagem a utentes diabéticos representa
um potencial para o desenvolvimento da relação terapêutica em parceria
enfermeiro/utente/família, facilitando o processo de adesão terapêutica com recurso a
planos de cuidados adaptados à pessoa com identificação de áreas de dificuldade de
adesão comportamental, para que possam ser ultrapassados e haja, assim, efetivos
ganhos em saúde.
A adesão ao regime terapêutico é um dos principais problemas que se coloca ao
utente com diabetes pelas características da terapêutica diária ao longo de toda a
vida, pela sua complexidade, exigência e responsabilidade que lhe estão associadas
(Bastos, 2004). A terapêutica, mais ou menos intensiva, estabelece uma disfunção que
provoca perdas de níveis de realização pessoal. No entanto, a vida destas pessoas
pode ser tão normal quanto possível, desde que adquiram estilos de vida saudáveis.
Assim, o tratamento inclui a educação terapêutica, com vista à compreensão e
corresponsabilidade do diabético no seu tratamento, no que diz respeito à alimentação
equilibrada e fracionada, ao exercício físico e à terapêutica farmacológica. Todo este
processo passa pela educação, na perspetiva de Freire, “(…), que leve o homem a ser
pessoa, dono, do seu projeto pessoal, e não do projeto de outrem” (1975, p. 16).
O interesse pelas questões relacionadas com a diabetes remonta ao ano de 2001,
altura em que a integrámos nos Cuidados de Saúde Primários, Unidade de Cuidados
de Saúde Personalizados do Centro de Saúde Norton de Matos (UCSPNM). A elevada
prevalência da diabetes acarreta morbilidade, mortalidade, custos sociais e

16 Marisol Castelo Branco Simões


económicos elevados. Como tal, torna-se, então, premente avaliar a gestão desta
doença crónica, nos cuidados primários de saúde, uma vez que a maior parte da
vigilância dos diabéticos tipo 2 é aí efetuada.
A sua íntima relação com o meio ambiente coloca-a como uma relevante doença
social, transferindo para toda a comunidade a resolução de inúmeros problemas.
Dados epidemiológicos recentes demonstram um aumento desta patologia em todos
os países, falando-se mesmo em pandemia (Associação Protetora dos Diabéticos de
Portugal, 2001, apud Sousa, et al., 2008).
A complexidade das questões que envolvem a diabetes implica uma ação direcionada
para a vertente da prevenção, com o intuito de evitar o agravamento da doença e a
deterioração geral do diabético. Como nos indica um estudo, realizado pelas entidades
ligadas à diabetes a nível nacional, aprovado pela Direção Geral de Saúde (2009), ao
abrigo do Programa de Apoio às Politicas Sociais – Dec. Lei 186/2006 – (Portaria
418/2007), a prevalência em Portugal da diabetes é de 11,7%, sendo a maior parte do
sexo masculino (14,2%) e 9,5% do sexo feminino. Em relação ao grupo etário, a idade
com maior prevalência é a coorte de 60 a 79 anos (26,3%). O mesmo estudo mostrou
também que uma grande percentagem da população é diabética, embora não esteja a
mesma ainda diagnosticada.
O presente estudo, intitulado “O diabético tipo 2 e a adesão ao regime
terapêutico”, pretende ser um contributo, no âmbito do trabalho de Mestrado em
Enfermagem Comunitária. Os resultados deste servirão para planear futuras
estratégias de prevenção, no âmbito da promoção de saúde dos diabéticos e a
formação de um grupo de apoio aos diabéticos e seus familiares. Deste modo,
formulou-se a seguinte questão de investigação: Quais os fatores de (não) adesão
ao regime terapêutico do utente diabético tipo 2?
Os objetivos definidos para este estudo são:
 Caraterizar o utente diabético tipo 2 na Extensão de Saúde de Ceira;
 Conhecer os hábitos de autocontrolo/vigilância de saúde dos diabéticos;
 Avaliar a adesão às atividades de autocuidado do diabético tipo 2;
 Avaliar a (não) adesão ao regime terapêutico prescrito.

Para uma melhor concretização dos objetivos deste estudo, este trabalho está
estruturado em duas partes fundamentais. A primeira parte é constituída por quatro
capítulos. No primeiro capítulo, intitulado Diabetes Mellitus, aborda-se a Diabetes
como uma doença crónica, fala-se da resenha histórica, da epidemiologia da diabetes,
da sua classificação, diagnóstico, tratamento e suas complicações. No segundo

Marisol Castelo Branco Simões 17


capítulo, será desenvolvida a adesão do diabético tipo 2 ao regime terapêutico,
referindo a interação dos fatores e também os modelos e teorias da adesão
terapêutica. No terceiro capítulo, será abordada a educação para a saúde e a
qualidade de vida do diabético, ponto fulcral para a adesão ao regime terapêutico. No
quarto capítulo, será apresentado o papel da intervenção do enfermeiro especialista
em Enfermagem Comunitária nos utentes com diabetes, dando ênfase à promoção da
saúde do diabético tipo 2.
A segunda parte é constituída pela metodologia do estudo, referenciando as questões
de ordem ética, a apresentação dos resultados do estudo, bem como a discussão dos
resultados, as limitações do estudo e, por fim, a conclusão que abrange as
considerações finais e perspetivas futuras e, por último, a bibliografia.

18 Marisol Castelo Branco Simões


I PARTE – ENQUADRAMENTO TEÓRICO

Marisol Castelo Branco Simões 19


20 Marisol Castelo Branco Simões
1 – A DIABETES MELLITUS COMO UMA DOENÇA CRÓNICA

A Diabetes Mellitus (DM) é uma doença crónica cada vez mais frequente na nossa
sociedade e a sua prevalência tem um aumento significativo com a idade, atingindo
ambos os sexos, de acordo com o Relatório Anual do Observatório Nacional da
Diabetes (2011, p.6).

1.1 – RESENHA HISTÓRICA

A palavra “diabetes”, em grego diabeinen, significa “passar através de”. Foi usada pela
primeira vez no século II depois de Cristo, por Aretaeus de Cappadocia, descrevendo
esta enfermidade como “invulgar e intrigante”. Este importante médico grego
identificou em alguns indivíduos uma rara doença, caracterizada essencialmente por
perda de peso, polidipsia e poliúria, sugerindo que “algo passava através do corpo” e
associando a origem da doença ao rim (Carvalheiro, 2011, p.327). No entanto, sabe-
se, hoje, que, muitos séculos antes (séc. XV a.C.), a sua existência era já mencionada,
como nos descreve o papiro de Ebens, descoberto em 1550 pelo egiptólogo George
Ebens, em Tebas. Este documento faz referência a uma situação clínica, com
sintomas poliúricos, que se assemelha à diabetes mellitus.
Avicena (980 – 1037), médico árabe, atribuiu pela primeira vez o conceito de doença
sistémica à diabetes e Paracelso debruçou-se na procura de um marcador bioquímico
urinário. Até esta altura, a doença continuava a ser pouco frequente, sendo escassas
as referências médicas relativas a esta enfermidade. No séc. XVIII, confirmou-se a
existência de glicose na urina, por Thomas Willis, mas apenas no séc. XIX se
identificou a hiperglicémia elevada através de Claude Bernard. Pouco tempo depois,
Langerhans (1813 – 1878) descreveu os ilhéus pancreáticos e a sua associação à
patogénese da diabetes foi posteriormente confirmada por Minkowski. Em 1922, deu-
se a descoberta da insulina, por Banting, Best e Macleod, dando início à “era
moderna” da diabetes (Carvalheiro, 2011, p.328).
De uma doença rara, como foi descrita por Aretaeus, a diabetes assume-se, hoje,
como uma doença crónica em franca expansão, atingindo caraterísticas de uma
pandemia (Carvalheiro, 2011, p.327), associada a elevadas taxas de morbilidade e de
mortalidade. Atualmente, sabe-se que a diabetes mellitus, mais conhecida por

Marisol Castelo Branco Simões 21


diabetes, é uma doença que resulta da deficiência, absoluta ou relativa, de insulina,
consequente à ineficiência da sua ação a nível dos tecidos, da deficiência da sua
secreção, ou de ambas, resultando perturbação do metabolismo dos hidratos de
carbono, lípidos e proteínas, sendo a consequência mais evidente a hiperglicemia
(Sociedade Portuguesa de Endocrinologia, Diabetes e Metabolismo, 2011, p.11). É
esta exposição crónica à hiperglicémia que origina complicações para o organismo.
O Estado Português tem mantido um papel ativo na luta contra a diabetes, formalizado
por programas de intervenção, desde a década de 70. Em 1989, assinou, em conjunto
com os Países da Europa, a Declaração de Saint Vicent, assumindo o compromisso
de implementar medidas para a redução das complicações da doença. Atualmente, o
combate à diabetes mantém-se como prioridade política, expressa no programa do
XVIII Governo Constitucional, onde é reafirmada a necessidade de um programa
específico (OMS, 2009).

1.2 – EPIDEMIOLOGIA DA DIABETES

Segundo um comunicado da Organização Mundial da Saúde (2012), a prevalência


média de diabetes no mundo atinge 10% da população, embora em muitas regiões,
como as ilhas do Pacífico, esse valor chegue a 33%. Mais de 220 milhões de pessoas
são portadoras da doença, causando cerca de 5% de todas as mortes no mundo em
cada ano. A diabetes é a mais comum das doenças não transmissíveis e afeta,
segundo as estimativas, mais de 32 milhões de cidadãos da União Europeia (10% da
população total da UE) e um número equivalente de pessoas sofre de intolerância à
glicose. No entanto, estima-se que esta percentagem possa subir para 16,6% até
2030, em resultado da epidemia de obesidade, do envelhecimento da população
europeia e de outros fatores que ainda não são totalmente conhecidos. Na maioria dos
Estados-Membros, a diabetes é responsável por mais de 10% das despesas de
saúde, um valor que chega a atingir os 18,5%. Os custos globais com a saúde de um
cidadão da UE com a diabetes são, em média, de 2 100 euros por ano, segundo a
Resolução do Parlamento Europeu sobre Diabetes (2012, p.3).
Associada aos hábitos de vida, é uma doença crónica em franca expansão
considerada “…um problema global com impacto humano, social e económico
devastador. Hoje, mais de 250 milhões de pessoas no mundo vivem com diabetes e
em 2025, esse total deverá aumentar para mais de 380 milhões de pessoas. Cada ano
mais 7 milhões de pessoas desenvolvem diabetes” (Organização Mundial de Saúde,
apud Relatório Anual do Observatório Nacional da Diabetes, 2009, p.7).

22 Marisol Castelo Branco Simões


A Direção Geral de Saúde refere que “Em 2010, a prevalência da diabetes em
Portugal atingiu 12,4% da população com idades compreendidas entre os 20 e os 70
anos (991.000 indivíduos). Em 7% dos indivíduos estava já diagnosticada e em 5,4%
não estava diagnosticada” (2012, p.2).
Observou-se também a existência de uma correlação direta entre o aumento da
prevalência da diabetes e o envelhecimento, sendo que um quarto da população
portuguesa no escalão etário dos 60 - 79 anos tem diabetes. Constatou-se, ainda, a
relação inversa entre o nível educação e a prevalência da diabetes, ou seja, quanto
mais elevado o nível educacional menor é a prevalência da diabetes (Ibidem).
Ao analisar a hiperglicemia intermédia ou pré-diabetes (representa situações de risco
aumentado para a diabetes, correspondendo a fases diferentes da alteração do
metabolismo da glicose) em Portugal, em 2010, para a mesma população, verifica-se
que esta atinge já 26 % da população portuguesa. Em suma, cerca de 38,4% da
população portuguesa tem diabetes ou pré-diabetes, o que são números alarmantes
para o nosso país (Ibidem).
A Direção Geral de Saúde refere também que “A diabetes assumiu um papel
significativo nas causas de morte, sendo a 4ª causa de morte, após as doenças
cardiovasculares, oncológicas e respiratórias, tendo a sua importância vindo a crescer
na última década: de 3% em 2000, para 4,5% em 2010, apesar de uma subnotificação
reconhecida”. (2012, p.2).
A última atualização do Programa Nacional de Prevenção e Controlo da Diabetes
(2008) relata que, num contexto de aumento da prevalência e a par do peso que a
diabetes representa no total dos custos diretos do SNS, os encargos com a doença
em 2010 foram de 7% do total da despesa de saúde, correspondendo à maior fatia,
isto é, cerca de 55% das hospitalizações. A Organização Nacional da Diabetes teve
como objetivos gerais: “a gestão integrada da doença; a redução da prevalência da
diabetes; a redução e atraso de complicações relacionadas e redução da morbilidade
e mortalidade pela doença” (2008, p.8).
O sucesso do programa do XVIII Governo Constitucional, para além da vontade
política, passa obrigatoriamente pelo envolvimento das estruturas de prestação de
cuidados, dos profissionais de saúde e dos utentes, numa outra lógica de cuidados,
centralizados no cidadão.

Marisol Castelo Branco Simões 23


1.3 – CLASSIFICAÇÃO DA DIABETES

Os primeiros sintomas da diabetes relacionam-se com os efeitos diretos da alta


concentração de glicose no sangue. Quando este valor está acima dos 160 a 180
mg/dl, a glicose passa para a urina e, se este valor é ainda mais alto, os rins segregam
uma quantidade adicional de água para diluir as grandes quantidades de glicose. Ao
produzirem urina em excesso, eliminam grandes volumes de urina (poliúria) e, por
conseguinte, aparece uma sensação anormal de sede (polidipsia). Também se
perdem calorias e, consequentemente, perda de peso. Como compensação, a pessoa
sente fome exagerada (polifagia). Outros sintomas como visão turva, sonolência,
náuseas e diminuição da resistência durante o exercício podem ser relatados por
diabéticos, (Fajans, 2000).
Quando a diabetes não está bem controlada, os utentes são mais vulneráveis a várias
infeções generalizadas.
A fisiopatologia da diabetes é muito complexa, uma vez que envolve fatores genéticos
e ambientais, e difere consoante o tipo de diabetes. Neste sentido, a classificação da
diabetes estabelece a existência de quatro tipos clínicos, etiologicamente distintos:
 Diabetes tipo 1 (DM1);
 Diabetes tipo 2 (DM2);
 Diabetes gestacional (DG);
 Outros tipos específicos de diabetes.

DIABETES TIPO 1
Resulta da destruição das células ß com consequente falência absoluta da secreção
da insulina, sendo, por isso, indispensável a insulinoterapia. Ocorre em qualquer
idade, mas com mais frequência na infância e adolescência, e corresponde a 5-10%
dos casos de diabetes.
Quando a destruição da célula ß é súbita, a cetoacidose é muitas vezes a primeira
manifestação da diabetes tipo 1. Este tipo de diabetes pode classificar-se como
autoimune (na maioria dos casos, a destruição das células ß dá-se por um mecanismo
autoimune) ou idiopática (assim denominada nos casos em que não se consegue
documentar a existência do processo imune).

DIABETES TIPO 2
É a forma mais comum de diabetes, correspondendo a cerca de 90% de todos os
casos de diabetes. Está na maioria das vezes associada a obesidade, hipertensão
arterial e dislipidémia. É caracterizada pela perturbação da ação e também da

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secreção da insulina, donde resulta a existência de uma insulinopenia relativa, com
maior ou menor grau de insulinorresistência. Habitualmente, estas pessoas têm
história familiar de diabetes, evolução lenta do quadro para a hiperglicemia, estilo de
vida sedentário, hipertensão arterial, dislipidémia e obesidade. Nestes indivíduos, o
risco cardiovascular está enormemente aumentado, sendo, assim, vital que, além da
correção da glicemia, sejam controlados também outros fatores de risco de
comorbilidade.
A grande maioria dos diabéticos adultos, após os 35 anos, apresenta DM2. No adulto,
é habitual a diabetes não dar sintomas no seu início e, por isso, pode passar
despercebida durante anos. Os sintomas só aparecem quando existe hiperglicemia
constante e, habitualmente, no adulto e no idoso, ocorre de modo mais lento que na
criança ou jovem. Contudo, a hiperglicémia provoca lesões mesmo sem se dar por
isso. É essa a razão pela qual, às vezes, aquando do diagnóstico, já possam existir
complicações.

DIABETES GESTACIONAL
A diabetes gestacional corresponde a qualquer grau de anomalia do metabolismo da
glicose documentado, pela primeira vez, durante a gravidez. Segundo a Associação
Protetora dos Diabéticos de Portugal (2002), a diabetes gestacional ocorre em cerca
de 1 em cada 20 grávidas e, se não for detetada através de análises e a hiperglicemia
corrigida com dieta e/ou com insulina, a gravidez pode complicar-se para a mãe e para
a criança. Nestes casos, são vulgares os bebés com mais de 4 kg à nascença e a
necessidade de cesariana na altura do parto. Podem, ainda, ocorrer abortos
espontâneos.

OUTROS TIPOS ESPECÍFICOS


Neste tipo, enquadram-se todas as situações em que a diabetes é consequência de
um processo etiopatogénico identificado, de que são exemplo:
 defeitos genéticos da célula ß;
 defeitos genéticos na ação da insulina;
 doenças do pâncreas exócrino;
 endocrinopatias diversas;
 diabetes induzida por químicos ou fármacos.

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1.4 – DIAGNÓSTICO DA DIABETES

O diagnóstico é feito através da observação dos sintomas que a pessoa manifesta e é


confirmado com análises de sangue. Outras vezes podem não existir sintomas e o
diagnóstico é feito na sequência de exames realizados por outra causa. Os sintomas
relacionados com o excesso de glicose no sangue aparecem, na diabetes tipo 2, de
forma gradual e quase sempre lentamente. Por isso, o início da diabetes tipo 2 é
muitas vezes difícil de precisar. O diagnóstico pode ser presumido em indivíduos que
apresentem os sintomas e sinais clássicos da doença, já mencionados anteriormente.
Assim, dado que há um grande número de pessoas que não chega a apresentar esses
sintomas, durante um longo período de tempo, e já apresentam a doença, recomenda-
se um diagnóstico precoce.
Relativamente à hiperglicemia intermédia, consideram-se, atualmente, dois estádios
intermédios de alteração de homeostase da glucose: a anomalia da glicemia de jejum
e a tolerância diminuída à glicose, após sobrecarga oral com 75 g de glicose. A
identificação do estádio em que a pessoa com alterações do metabolismo da glicose
se encontra permite implementar as medidas de intervenção e monitorização mais
adequadas.
Segundo uma circular da Direção Geral de Saúde, o diagnóstico de Diabetes Mellitus
é feito com base nos seguintes parâmetros e valores para plasma venoso na
população em geral:
 Glicemia de jejum ≥ 126 mg/dl (ou ≥ 7,0 mmol/l); ou
 Sintomas clássicos + glicemia ocasional ≥ 200 mg/dl (ou ≥ 11,1 mmol/l); ou
 Glicemia ≥ 200 mg/dl (ou ≥ 11,1 mmol/l) às 2 horas, na prova de tolerância à
glicose oral (PTGO) com 75g de glicose; ou
 Hemoglobina glicosilada/glicada A1c (HbA1c) ≥ 6,5% (Norma Nº 002/2011,p.1).
A mesma circular refere ainda que, quando não existem sintomas, o diagnóstico não
deve ser realizado na base de um único valor anormal de glicemia de jejum ou de
hemoglobina glicosilada – (HbA1c), sendo necessária confirmação numa segunda
análise, cerca de 1 a 2 semanas depois. Caso haja avaliação simultânea de glicemia
de jejum e de HbA1c, se ambos forem valores de diagnóstico, o mesmo fica
confirmado; em caso de discordância, torna-se necessária a repetição do valor
anormal.
No que respeita à diabetes gestacional, os critérios de diagnóstico são baseados nos
resultados do estudo Hyperglycemia and Adverse Pregnancy Outcome, sendo que a
norma constituída pela Direção Geral de Saúde estabelece que “o diagnóstico da

26 Marisol Castelo Branco Simões


Diabetes Gestacional envolve duas fases temporais distintas: glicemia em jejum na
primeira consulta de vigilância pré-natal e prova de tolerância à glicose oral - (PTGO)
às 24 - 28 semanas de gestação” (Norma Nº 007/2011, p.1).
Relativamente à glicemia em jejum, na primeira consulta de vigilância pré-natal, os
valores de glicemia de referência em mg/dl, para diagnóstico, são os que constam do
Quadro 1 abaixo referenciados.

Quadro 1 – Valores de Glicemia em Jejum na primeira Consulta de Vigilância


Pré- Natal

Glicemia plasmática em jejum

<92 mg/dl Normal


Diabetes Gestacional
≥92 mg/dl (5,1 mmol/L) <126 mg/dl

≥126 mg/dl

>200 mg/dl ocasional Tratar como provável Diabetes prévia

HbA1c ≥6,5%
Fonte: Norma Nº 007/2011 da DGS, 2011

Para a prova de tolerância à glicose – PTGO, com 75 g de glicose às 24-28


semanas de gestação, segundo a mesma circular, o diagnóstico de DG faz-se quando
um ou mais valores, em mg/dl, forem iguais ou superiores aos valores de referência
descritos no Quadro 2.

Quadro 2 – Valores PTGO com 75 g de Glicose às 24-28 semanas de Gestação


Hora Glicémia plasmática

0
≥92 mg/dl
1
≥180 mg/dl
2
≥153 mg/dl
Fonte: Norma Nº 007/2011 da DGS, 2011

Estes critérios de diagnóstico da diabetes gestacional são baseados nos resultados do


estudo Hyperglycemia and Adverse Pregnancy Outcome que demonstrou a existência
de uma relação linear entre os valores da glicemia materna e a morbilidade materna,
fetal e neonatal.

Marisol Castelo Branco Simões 27


O diagnóstico da hiperglicemia intermédia, ou identificação de categorias de risco
aumentado para diabetes, faz-se com base nos seguintes parâmetros, como nos
refere a Direção Geral de Saúde:
 Anomalia da Glicemia de Jejum (AGJ): glicemia de jejum ≥ 110 e < 126 mg/dl
 Tolerância Diminuída à Glicose (TDG): glicemia às 2 horas na PTGO ≥ 140 e
< 200 mg/dl (Norma Nº 002/2011, p.1).

1.5. – COMPLICAÇÕES DA DIABETES

De uma forma geral, as complicações da diabetes podem ser classificadas em agudas


e crónicas. As primeiras incluem a hipoglicémia, a cetoacidose diabética (CAD) e o
síndrome hiperosmolar não cetósico (SHNC).
Com o passar dos anos, as pessoas com diabetes podem vir a desenvolver uma série
de complicações em vários órgãos do seu organismo. Aproximadamente 40% das
pessoas com diabetes vêm a ter complicações tardias da sua doença. Estas
complicações evoluem de uma forma silenciosa e, muitas vezes, já estão instaladas
há algum tempo, quando se detetam. As complicações crónicas da diabetes incluem
as complicações microvasculares (a nível dos pequenos vasos, como a retinopatia,
nefropatia e neuropatia diabéticas) e as macrovasculares (a nível dos médios e
grandes vasos, do cérebro, do coração e dos pés).
As complicações a longo prazo, pelas quais a diabetes é considerada como um
problema de saúde major, aparecem na sequência do mau controlo da doença. A
exposição prolongada a valores elevados de glicose no sangue conduz a alterações
fisiológicas que podem predispor o diabético para certas doenças: retinopatia,
neuropatia, nefropatia, doença coronária e disfunção eréctil, no homem. Atualmente, é
possível reduzir os danos causados pela diabetes, através de um controlo rigoroso da
glicemia, da tensão arterial e dos lípidos, bem como de uma vigilância periódica dos
órgãos mais sensíveis (fundo do olho - retina, rim, coração, consulta do pé diabético,
etc.). Estes sintomas têm tendência para um agravamento progressivo e podem levar
a complicações severas, que são a cetoacidose diabética (DM1) e o coma
hiperosmolar (DM2). Normalmente, todo o diabético na sua medicação compreende,
pelo menos, a terapêutica antihiperglicemia, antihipertensiva e antidislipidemia, isto
tudo para permitir uma diminuição significativa das complicações vasculares e das
taxas de mortalidade.
Como nos diz a Direção Geral de Saúde, “ (…) noutras situações de doença, os
objetivos terapêuticos têm que ser individualizados e adaptados às caraterísticas

28 Marisol Castelo Branco Simões


individuais da pessoa com diabetes, incluindo idade, tempo de evolução de doença,
existência de complicações tardias associadas a diabetes, perceção e tratamento de
hipoglicemias e existência de outras comorbilidades” (nos termos da alínea c) do nº 2
do artigo nº 2 do Decreto Regulamentar Nº 66/2007, de 29 de maio,2011, p. 4).

1.6. – TRATAMENTO DA DIABETES

Evitar o surgimento de complicações, quer agudas, quer crónicas, é conseguir que o


indivíduo com diabetes se mantenha controlado pelo maior tempo possível, sendo
para isso fundamental que se criem condições que permitam ao diabético ter
oportunidade de gerir a sua doença. A aplicação de um plano terapêutico adequado,
individualizado, bem como a motivação da própria pessoa para o cumprir são as
armas essenciais.
Sendo uma doença crónica, a diabetes implica cuidados de saúde constantes e um
elevado nível educacional. Estes dois aspetos são fundamentais para uma boa
compensação e, consequentemente, para a gestão da doença e prevenção das
complicações agudas e tardias. O tratamento da diabetes consiste numa alimentação
fracionada e equilibrada, exercício físico, autovigilância/ autocuidado, adesão ao
regime terapêutico, terapêutica oral e/ou insulinoterapia.
O primeiro objetivo no tratamento do diabético, segundo Correia, apud Associação
Protetora dos Diabéticos de Portugal, é baixar a glicemia a níveis normais ou próximos
dos normais, de forma a:
 Evitar situações de descompensação aguda (cetoacidose, hiperosmolaridade,
hipoglicémia, etc.), cuja presença é acompanhada de uma elevada
morbilidade;
 Permitir um bom estado geral sem sintomas inerentes à má compensação;
 Reduzir ou anular o risco de complicações tardias;
 Diminuir o risco aterogénico;
 Melhorar a qualidade de vida (2003, p.24).
A educação terapêutica da pessoa com diabetes preconiza a interligação dos
elementos da tríade terapêutica, permitindo a adaptação de um ou dois elementos
pela variação de outro (Figura 1).
Em suma, controlar a diabetes passa por estabelecer um regime alimentar equilibrado,
com menos calorias, alimentos de menor índice glicémico, fracionando as refeições e
praticando exercício físico regularmente, concomitantemente com a administração de
antidiabéticos orais ou insulina.

Marisol Castelo Branco Simões 29


A compensação da diabetes (bom equilíbrio glicémico), o rigoroso controlo da tensão
arterial e dos lípidos reduzem significativamente as complicações microvasculares, os
acidentes vasculares cerebrais, a cardiopatia isquémica e o enfarte de miocárdio e, em
geral, toda a mortalidade relacionada com a diabetes.

Figura 1 - Educação / Tríade Terapêutica


DIETA

EDUCAÇÃO

MEDICAÇÃO EXERCÍCIO
ooO
Fonte: CALDEIRA, Jorge – Educação. Revista Pathos. Ano XVII; Nº8; setembro de 2002a, p. 19 - 21

A alimentação é a base de qualquer programa terapêutico da diabetes e a única


constante da tríade terapêutica, sendo possível atingir resultados admiráveis do
controlo da glicemia apenas realizando uma alimentação adequada e equilibrada
(Caldeira, 2002b).
No contexto atual da saúde, a “alimentação dita para diabéticos” é aquela que se
defende e considera ideal para todos os indivíduos, sendo atualmente uma
alimentação saudável, fazendo parte da prevenção primária de muitas das doenças
que derivam de um estilo de vida nocivo para a saúde (Duarte, 2002a). Atualmente,
observa-se que há dificuldade na adaptação ao regime alimentar não só por parte dos
diabéticos, mas dos próprios profissionais de saúde que têm também dificuldade em
aceitar e em lidar com a crescente permissão que devem dar aos diabéticos para
gerirem o seu plano alimentar (Lima Reis, 2006).
O exercício físico é outro componente da tríade terapêutica, juntamente com a dieta
e a medicação, tendo um papel fundamental no tratamento da diabetes. A vida
sedentária, aliada a uma alimentação inadequada, é um dos fatores desencadeantes
de obesidade, de doenças características das sociedades industrializadas, como as
doenças cardiovasculares e a diabetes tipo 2. O exercício físico contribui para a
prevenção primária da diabetes tipo 2, mas também tem um efeito de salutar que é a
sensação de bem-estar físico, psíquico e social e que vai combater outro fator de risco
cardiovascular que é o stress. Tem também a capacidade de melhorar o controlo
metabólico do diabético (Caldeira e Duarte, 2002).

30 Marisol Castelo Branco Simões


Segundo World Health Organization (2003), o autocuidado / autovigilância assume
um papel central no tratamento da diabetes, faz parte da tríade terapêutica na fração
da educação, considerada como a pedra basilar do controlo da diabetes, sendo
fundamental a responsabilização da pessoa com diabetes e uma participação ativa na
sua autovigilância, contribuindo para o sucesso do plano terapêutico.
Tudo isto implica que a pessoa com diabetes vigie e responda ativamente aos fatores
ambientais e fisiológicos, tendo a capacidade de efetuar os ajustes necessários a um
bom controlo metabólico e, assim, evitar o aparecimento de complicações futuras. Os
cuidados que esta patologia exige são, em 98%, da responsabilidade do próprio
diabético (Anderson e Funnell, 2002).
A terapêutica farmacológica vai reduzir a frequente hiperglicémia crónica, garantir o
bem-estar e integração familiar para assim prevenir as múltiplas complicações da
doença - agudas e tardias. Gallego (2005a) refere que em vários estudos realizados,
incluindo um estudo prospetivo UKPDS, verificou-se que, dos diabéticos que
controlavam a diabetes apenas com dieta e exercício, apenas 25% foram capazes de
manter um bom controlo da HbA1c (<7%), ao fim de nove anos de evolução da
doença.
A indicação de terapêutica farmacológica torna-se imprescindível, pois a maior parte
dos diabéticos irá necessitar de terapêutica associada com dois fármacos, podendo
mesmo, numa fase posterior, necessitar de insulinoterapia de substituição, de acordo
com o grau de perda da função da célula beta ß pancreática.
As biguanidas diminuem a neoglicogénese e aumentam a sensibilidade das células à
insulina. Pignatelli e Carvalho (2006) afirmam que as biguanidas desempenham ainda
e sempre um papel importante no tratamento do doente não insulinotratado obeso,
estando contraindicadas em algumas situações como nos refere o quadro 3, baseadas
no risco da Acidose láctica, nos doentes com insuficiência renal aguda ou crónica,
insuficiência hepática (cirrose), insuficiência cardíaca, alcoolismo, idade superior a 65
anos, desnutrição, gravidez e insuficiência respiratória grave. As biguanidas são a
metformina que foi considerada pelo European NIDDM Policy Group como a única
biguanida indicada no tratamento da DM2, tendo eficácia comprovada na redução da
morbilidade e mortalidade nos diabéticos. Também a Direção Geral de Saúde (nos
termos da alínea c) do nº 2 do artigo nº 2 do Decreto Regulamentar nº 66/2007, de 29
de maio) emitiu uma norma que refere que o tratamento farmacológico da diabetes
tipo 2 é a metformina, o fármaco de eleição e de primeira linha, sendo aplicado à
maioria dos utentes diabéticos, tendo como dose inicial de 500 a 1000 mg, uma a duas
vezes por dia. A dose máxima habitual é de 2 g/ dia dividida em duas ou três tomas

Marisol Castelo Branco Simões 31


diárias. Como nos refere a Sociedade Portuguesa de Endocrinologia, Diabetes e
Metabolismo (2011), a metformina é um potente antidiabético oral (ADO), reduzindo,
assim, as concentrações de glicémias em jejum, pós-prandiais e os valores de HbA1c,
devido à sua eficácia, segurança, benefícios cardiovasculares e metabólicos. Pode
associar-se a metformina a outro antidiabético oral, como, por exemplo, a uma
sulfonilureia, podendo ser ponderada se o controlo da glicemia continuar inadequado
ou se o controlo metabólico se deteriorar. A associação tripla de antidiabéticos orais é
de considerar se o controlo da glicemia persistir inadequado, devendo, no entanto, ser
equacionado o início de insulinoterapia.
As sulfonilureias ocupam o segundo lugar no algoritmo de tratamento de DM e
podem ser utilizadas em terapêutica combinada com todas as classes de
antidiabéticos orais, desde que respeitadas as suas indicações e contraindicações
(Sociedade Portuguesa de Endocrinologia, Diabetes e Metabolismo, 2011). Elas
aumentam, assim, a sensibilidade das células ß, estimulando a secreção de insulina e
inibem a secreção de glucagon. Podem causar hipoglicémia (que se pode tornar
grave), raramente causam fotossensibilidade e intolerância digestiva com náuseas e
diarreia. Estão contraindicadas na DM1, cetose, gravidez, cirurgia, intercorrência grave
e insuficiência renal. Pignatelli e Carvalho (2006) afirmam que as sulfonilureias atuam
fundamentalmente por estimulação da secreção da insulina, proporcionando a
restauração do efeito insulinosecretor da glicose, mas aumentam também o número
de recetores celulares para a insulina, potenciando, além disso, o efeito da insulina
sobre eles. As sulfonilureias obtêm uma resposta mais satisfatória em alguns casos,
com doentes com idade superior a 40 anos, menos de 10 anos de duração da DM,
peso entre 110 Kg e 160 Kg do ideal, glicemias inferiores a 250 mg/dl, entre outros.
As Meglitinidas são as nateglinidas, antidiabético oral que atua sobre as células beta
ß pancreática, estimulando a secreção de insulina. A sua ação é rápida (+/- 30
minutos) e de curta duração; a insulina alcança o valor máximo às 2 horas e normaliza
às 4 horas. O seu mecanismo de ação é similar ao das sulfonilureias, sendo sensível à
glucose. Pode associar-se à metformina e está indicado para ser administrado cerca
de 30 minutos antes das refeições. São fármacos excelentes para serem associados a
outros, como já foi referido, porque diminuem a insulinorresistência, permitindo o
controlo dos níveis de glicémia em jejum.
As tiazolidinedionas são os fármacos pertencentes a este grupo que melhoram o
controlo glicémico por aumento da sensibilidade à insulina nos tecidos sensíveis, tais
como no tecido adiposo, muscular e fígado. Estes antidiabéticos orais (ADO) têm de
ser usados com muita precaução devido aos doentes com insuficiência cardíaca, pois

32 Marisol Castelo Branco Simões


podem provocar retenção de líquidos. Este fármaco tem vindo a ser contraindicado às
mulheres, devido a perda de massa óssea, levando facilmente a fraturas frequentes.
Os inibidores das alfa-glucosidases são a acarbose, antidiabético oral indicado para
o tratamento da DM2 e, em alguns países como Portugal, são indicados também para
o tratamento da pré-diabetes. Inibem, reversivelmente, as dissacaridases, atrasando a
digestão dos dissacarídeos e a sua transformação em monossacarídeos absorvíveis.
Podem causar distensão abdominal e diarreia. O modo de ação não sistémico da
acarbose faz com que seja um fármaco com ótimo perfil de segurança e tem
demonstrado ser uma terapêutica eficaz no controlo glicémico a longo prazo, em
monoterapia e em associação com insulina ou outros antidiabéticos orais (ADO).
Os Moduladores da Incretina (potencializadores da insulina) são os inibidores da
dipeptidil-peptidase 4 (DPP- 4) – a sitagliptina/vildagliptina é um antidiabético oral
inibidor da dipeptidil-peptidase 4, enzima que é responsável pela inativação das
incretinas fisiológicas. Assim, este fármaco aumenta a quantidade de incretinas, que
atuam sobre as células beta ß pancreática, ampliando a secreção de insulina e
diminuindo os níveis de glucagon. Este fármaco está indicado em doentes com DM2
para melhorar o controlo da glicémia, em associação com a metformina. São também
moduladores da incretina os Miméticos do Peptídeo- 1, similar ao glucagon, que é
o exenatide em forma sintética. Este fármaco encontra-se indicado no tratamento da
DM2, em combinação com a metformina e/ou as sulfonilureias, em doentes que não
atingiram um controlo adequado da glicémia nas doses máximas toleradas destas
terapêuticas orais. A sua administração é sob a forma de injeção (como nos indica o
Quadro 3), subcutânea duas vezes por dia, em doses de 5 a 10 ug, mas ainda não se
encontra disponível em Portugal (Grupo de Investigação em Cuidados Farmacêuticos
da Universidade Lusófona, 2011).

Marisol Castelo Branco Simões 33


Quadro 3 – Principais caraterísticas dos Antidiabéticos Orais (ADO)
Redução
Antidiabéticos de Vantagens Desvantagens
Modo de Ação
Orais (ADO) HbA1c
(%)
Biguanidas Diminui a Efeito neutro no Efeitos
produção hepática peso e custo gastrointestinais;
1,5
de glicose acessível Acidose lática
(muito rara)
Sulfonilureias Estimulam a Aumento de peso;
1,5 secreção de Baixo custo Hipoglicemias
insulina
Glitazonas Melhoram a Melhoram o Retenção de
sensibilidade à perfil lipídico e fluidos;
0,5 - 1,5 insulina podem reduzir o Preço elevado
risco de enfarte
do miocárdio
Meglitinidas Estimulam a Duração da Deve ser tomada
secreção de ação curta; no horário das
1- 1,5
insulina Menor risco de refeições;
hipoglicemias Preço elevado
Inibidores Atrasam a Efeitos
α glucosidases 0,5 - 0,8
absorção Efeito neutro no gastrointestinais;
intestinal da peso Múltiplas doses;
glicose Preço elevado
Moduladores da Estimulam a Baixo risco de Experiencias
0,5 -1,0 secreção de hipoglicemias; limitadas;
Icretina: - Inibidores da
dipeptidil-peptidase4 insulina Efeito neutro no Preço elevado
(DPP- 4): peso
 Sitagliptina
 Vildagliptina

- Miméticos do Estimulam a Necessidade de


Peptídeo-1 similar ao secreção de injeções;
insulina e suprime Efeitos
glucagon:
0,5 - 0,8 a glicagina; Atrasa Perda de peso gastrointestinais;
 Exenatide o esvaziamento Experiencia
gástrico e reduz a limitadas;
ingestão calórica Preço elevado
Fonte: Revista Portuguesa de Diabetes. Adaptado SPD. 2007. Vol. 2, nº 4, p.5-18 - (Grupo de Investigação em
Cuidados Farmacêuticos da Universidade Lusófona, 2011)

A insulina é fundamental para a sobrevivência. Sem ela, os alimentos não são


metabolizados para a produção de energia essencial para a vida. O deficiente controlo
metabólico, embora não provoque a morte a curto prazo, tem, a médio e longo prazo,
atuações muito prejudiciais que podem colocar em risco funções importantes, como a
visão, a função renal e até a própria vida. A descoberta do tratamento insulínico
determinou um avanço decisivo no tratamento da diabetes insulino-tratada,
contribuindo para manter a vida de milhões e milhões de pessoas. De acordo com o
artigo publicado na revista Diabetes, Viver em equilíbrio, intitulado “Dia Mundial da
Diabetes 1996- Insulina para a vida” por Ruas (1996), a sua descoberta ocorreu em
1921. Embora Frederick Banting (cirurgião) e Charles Best (bioquímico), na
Universidade de Toronto, Canadá, sejam os dois nomes mais citados, vários cientistas
estiveram direta ou indiretamente envolvidos nesta descoberta, desde Macleod

34 Marisol Castelo Branco Simões


(professor universitário) que reuniu as condições necessárias para esta pesquisa
(estruturas físicas e conhecimentos científicos) a Collip (bioquímico) que,
posteriormente, se juntou à equipa. A pesquisa iniciou-se com o estrato pancreático de
poder hipoglicemiante, a “pancreína” de Paulesco, passando à “isletin” de Banting,
chegando à insulina dos nossos dias.
Os objetivos da terapêutica insulínica têm por finalidade a normalização do
metabolismo alterado pela sua carência. Existem muitos tipos de insulina e esquemas
insulínicos possíveis como nos refere o Quadro 4, dependendo do diabético e dos
objetivos individualmente propostos. De acordo com as características
farmacocinéticas, ou seja, dependendo do início de ação, da duração de ação e do
tempo necessário para atingir a sua concentração máxima, as insulinas classificam-se
em: Análogos de ação curta (insulina Lispro; Aspart; Glulisina); Humana de ação curta
(Regular); Humana de ação intermédia (NPH ou Isofânica); Análogos da ação
prolongada (Glargina e Detemir). As misturas fixas podem-se dividir em: Pré-misturas
de insulinas contendo 30% (25%) insulina ação curta + (75%) de NPH e Pré-misturas
de análogos, contendo 30% ou (25%) ou 50% de Análogo de ação curta + 70% ou
75% insulinas de ação mais prolongada, como nos ilustra o Quadro 4.
Quadro 4 – Perfis de Insulina disponíveis em Portugal
Insulinas Nome Comercial Início Ação Pico Ação Duração Ação

Análogos de Ação Curta


 Lispro Humalog 5 -15 min ~45-75 min 2 - 4 horas
 Aspart NovoRapid
 Glulisina Apidra
Humana de Ação Curta Actrapid 30 min 2 - 4 horas 5 - 8 horas
 Regular Humulin Regular
Insuman Rapid
Humana de Ação Intermédia Insuman Basal 2 horas 6 - 10 horas 18 - 28 horas
 NPH ou Insulatard
 Isofânica Humulin NPH
Análogos de Ação Prolongada 2 horas
Lantus Sem pico 20 -> 24 horas
 Glargina
 Detemir 2 horas Sem pico 6 - 24 horas
Levemir
Misturas Fixas:
Humulin M3
 Pré-Misturas de
Mixtard 30
Insulina (30% (25%)Insulina Ação
Insuman comb 25
Curta + (75%) de NPH) De acordo com os perfis das Insulinas das
misturas
Novomix 30
 Pré-Misturas de Análogos Humalog mix 25
(30% ou (25%) ou 50%de Análogo Humalog mix 50
de Ação Curta + 70% ou 75%)
Fonte: Revista Portuguesa de Diabetes. SPD. 2007. Vol. 2, nº 4, p.5-18

Os dispositivos de administração de insulina também são diversos e variados, mas,


em relação à terapêutica infusora subcutânea contínua, é uma inovação recente no

Marisol Castelo Branco Simões 35


nosso país (2007). Noutros países, como a França, começou a ser utilizada na década
de 90. A bomba infusora é constituída por um pequeno computador que é programado
para injetar a respetiva insulina ao longo do dia, de acordo com o perfil de cada utente.
Além de se ter de mudar o cateter de 3 em 3 dias, o utente não necessita de realizar
mais nenhuma picada, pois a bomba injeta a insulina basal e outra dose adaptada às
refeições, que tem de ser o utente a programar os bólus a administrar, consoante o
valor da glicemia capilar e a contagem dos hidratos de carbono a ingerir por refeição.
A Direção Geral de Saúde distribuiu pelos centros de tratamento dispositivos de
perfusão subcutânea de insulina, em grupos de tratamentos específicos e que estão
descritos nesta norma (Circular do Programa Nacional para a Diabetes Nº 002/2012,
p.1).
Todos os elementos da tríade terapêutica são importantes e essenciais no controlo da
diabetes. Conjuntamente há que efetuar a vigilância oftalmológica, a autovigilância da
glicemia, os cuidados aos pés, a higiene cuidada da pele e dos dentes, assim como do
calçado e das roupas adequadas. É igualmente fundamental ajustar o consumo da
alimentos, especialmente os hidratos de carbono, para satisfazer as necessidades
diárias, ajustar o consumo de medicamentos e efetuar corretamente a sua toma,
praticar atividade física regular e fazer vigilância de saúde, como está prevista no
Sistema Nacional de Saúde - SNS (4/4 meses), pelo menos três consultas por ano.
Todas estas medidas de modificação de estilos de vida, de controlo ponderal e de
atividade física são estruturantes e centrais na prevenção e tratamento da diabetes
tipo 2, reconhecendo que a intervenção farmacológica é um dos pontos fulcrais do
controlo glicémico.
Como profissionais de saúde, temos o importante papel de educadores, ajudando ou
levando a que a pessoa diabética encontre a melhor forma de ultrapassar as barreiras
e alcance o plano terapêutico que melhor se adapta às necessidades de cada um,
permitindo o autocuidado e um autocontrolo eficaz (Duarte, 2002b).
Sabemos que há inúmeras exigências na diabetes requeridas ao utente, seus
familiares ou cuidadores, implicando, assim, um grande esforço e dedicação por parte
destes. Por esta razão, o sucesso deve resultar de uma grande partilha e de um
trabalho individualizado com responsabilidade, entre o utente diabético, família e
profissionais de saúde. A adesão terapêutica é um fator determinante para o êxito do
controlo da diabetes e das suas complicações. Tudo isto deve ser transmitido ao
utente e familiares, de uma forma clara e acessível, de modo informado e consciente,
para que este tenha uma maior envolvência e responsabilidade no seu próprio
tratamento.

36 Marisol Castelo Branco Simões


2 – ADESÃO DO DIABÉTICO TIPO 2 AO REGIME TERAPÊUTICO

Nos estudos consultados a nível internacional sobre a adesão ao regime terapêutico,


deparamo-nos frequentemente com dois termos distintos de adesão, compliance e
adherence, há maior parte das vezes utilizados indiferentemente, no entanto o
primeiro tem uma conotação negativa, na medida em que incute passividade e
submissão do utente às prescrições, atribuindo todo o poder a quem prescreve,
enquanto, que o segundo sugere uma participação mais ativa da pessoa no processo
de decisão tendo presente os conceitos de concordância, cooperação e parceria entre
o utente e o prestador de cuidados de saúde (Midence e Myers, 1998 e Vermeire et
al., 2001).
Adesão é então definida pela Ordem dos Enfermeiros, como, “A medida em que o
comportamento de uma pessoa – tomar a medicação, seguir uma dieta e/ou executar
alterações ao estilo de vida, corresponde às recomendações acordadas de um
prestador de cuidados de saúde” (2009, p.33).
De acordo com Vermeire et al., (2001) todas as definições de adesão assumem que o
tratamento prescrito pelos profissionais de saúde é o mais apropriado para o diabético,
por isso o comportamento racionalmente mais adequado é seguir as recomendações
dos profissionais de saúde que acompanham o utente.
O tratamento do utente diabético normalmente exige mudanças drásticas e, por vezes,
complexas nos comportamentos diários e na adesão terapêutica que obriga a regimes
rigorosos (Polonsky, 1993). Por tudo aquilo que foi dito em relação à diabetes, quer a
nível do tratamento, quer a nível da sua autovigilância/autocontrolo, que a própria
patologia exige, não será de estranhar a dificuldade que as pessoas com diabetes
terão em lidar com a sua situação clínica e aderir ao tratamento proposto.
Na diabetes, a adesão ao regime terapêutico é da máxima importância, uma vez que
os resultados desta patologia são determinados, numa larga extensão, pela eficácia do
tratamento prescrito e pelo nível de adesão do utente à medicação e à mudança de
estilos de vida.
A definição da gestão e da adesão ao regime terapêutico, de acordo com o Conselho
Internacional de Enfermeiras, e a versão beta 2 da Classificação Internacional para a
Prática de Enfermagem, a International Council of Nurses (2002), referem que gerir o
regime terapêutico deve traduzir-se, para os diabéticos, num comportamento de

Marisol Castelo Branco Simões 37


adesão com caraterísticas específicas, o que implica cumprir um programa de
tratamento desta patologia e das suas complicações, executar atividades que devem
ser satisfatórias para atingir os objetivos de saúde, tratamento ou prevenção da
doença na vida diária. Por outro lado, Ley (1987) e Sousa (2003) referem que a não
adesão ao regime terapêutico pode ser definida como o não seguimento, por parte do
utente, dos conselhos dados pelos profissionais de saúde, podendo ser a não adesão
não intencional – relacionada com o indivíduo ter problemas e incapacidade para
perceber o regime terapêutico e a não adesão intencional, que estão na base outros
problemas, tais como, problemas motivacionais, psicológicos, culturais, económicos,
sociais e outros que vão influenciar o processo da adesão terapêutica. Joyce-Moniz e
Barros (2005) falam ainda da não adesão criativa, que corresponde às situações em
que o utente modifica ou “sabota” o tratamento prescrito, especialmente a nível dos
medicamentos, alterando, assim, a quantidade, a frequência e a duração do próprio
tratamento e, por vezes, sentem-se melhor em relação à doença e deixam de fazer a
medicação.
Todo este processo de aceitação pode ser difícil e condicionar a adesão terapêutica,
que, assim, pode passar por muitas fases que todos aqueles que se deparam com
uma doença crónica passam, a saber: as fases de choque, negação, adaptação e
reorganização. Sendo a fase de adaptação aquela que mais efeitos prolongados
acarretam e com maior dificuldade para estes utentes e familiares. Por esta
circunstância tão evidente, há autores que referem que “(…), a adaptação à doença
crónica é um processo contínuo e dinâmico com fases de maior equilíbrio e maior
aceitação e outras de maior ansiedade, revolta ou depressão que segue padrões
individuais dificilmente generalizáveis” (Barros apud por Couto e Camarneiro, 2002,
p.74).
A adesão dos diabéticos ao regime terapêutico tem sido um assunto de crescente
investigação e interesse para a saúde pública. É universalmente reconhecida a baixa
adesão aos regimes terapêuticos, especialmente no caso das doenças crónicas. Nos
países desenvolvidos, a adesão ao tratamento nas doenças crónicas é em média
somente de 50%. Esta baixa adesão aos tratamentos constitui um sério problema de
saúde pública, por reduzir os benefícios do tratamento e conduzir a desnecessárias
prescrições de aumentos das dosagens ou de fármacos mais potentes.
Simultaneamente, conduz também a um aumento de consumo de cuidados de saúde,
como já foi referido anteriormente, e a uma eventual diminuição da qualidade de vida
dos utentes, motivada pelo insucesso e a não adesão aos tratamentos (Relatório
Anual do Observatório Nacional da Diabetes, 2011).

38 Marisol Castelo Branco Simões


O regime terapêutico da diabetes é extremamente exigente, complexo e requer da
pessoa uma grande corresponsabilidade para toda a vida, a partir do momento em que
é feito o diagnóstico. Pretende-se que o indivíduo com diabetes se envolva no
tratamento e adquira competências para assumir um papel ativo na gestão da sua
nova situação, que tome decisões complexas relacionadas com as tarefas
comportamentais do seu dia a dia e que consiga o equilíbrio entre uma multiplicidade
de comportamentos de autocuidados quotidianos. Tendo em conta o papel relevante
do utente nos resultados do tratamento, pelas escolhas e decisões que toma
diariamente, a adesão ao regime terapêutico é extraordinariamente importante para
manter o perfil glicémico o mais próximo possível do normal. No entanto, esta adesão
é complexa, pois abrange diversos componentes, que também já foram desenvolvidos
anteriormente, nomeadamente, a alimentação, o exercício físico, a medicação e a
autovigilância. Deste modo, no estudo da adesão ao tratamento da diabetes, é
sugerido por alguns investigadores a avaliação da adesão a cada componente do
tratamento de forma independente, uma vez que a adesão a uma componente
terapêutica não se correlaciona de modo significativo com a adesão a outras
componentes. As análises de diferentes estudos, tanto nacionais como internacionais,
realizados nesta área, indicam que a adesão dos utentes com diabetes ao regime
terapêutico é baixa (Morisky, et al., 1986; Bastos, 2004 e Dias et al.,2011). Estas
pessoas parecem aderir mais facilmente a algumas dimensões do tratamentos do que
a outras, verificando-se uma maior adesão aos aspetos médicos, como a medicação,
e menor adesão aos aspetos comportamentais - alimentação fracionada/ equilibrada,
exercício físico, etc. Perante a elevada prevalência de comportamentos de baixa
adesão, surgiram vários estudos, tais como nos referem Bastos (2004), Correia (2007)
e Dias et al., (2011), com o objetivo de identificar os fatores associados à adesão e os
fatores internos e externos que inibem os comportamentos de adesão, designados por
barreiras à adesão.
Na análise da adesão ao regime terapêutico da diabetes, Glasgow (1991) faz
referência ao "ciclo terapêutico" que reúne as interações entre o prestador e o utente,
as suas repercussões no processo de adesão às recomendações terapêuticas e o
resultado em termos de saúde – controlo metabólico. Este ciclo é influenciado por
outros aspetos, como as variáveis biológicas, psicológicas - crenças em relação à
diabetes, autoeficácia, sociodemográficas – classe social, nível educativo, relações
familiares e rede de apoio social. Estes fatores são considerados barreiras à adesão,
quando concorrem com o empenho de seguir o regime terapêutico. No estudo do autor
supra citado, é privilegiada a análise na perspetiva do utente. No entanto, apesar da

Marisol Castelo Branco Simões 39


adequada avaliação da adesão aos comportamentos ser relevante para um eficiente e
efetivo planeamento do tratamento, esta é considerada uma tarefa complexa, por
englobar uma amplitude de comportamentos relacionados com a
multidimensionalidade do constructo de adesão ao tratamento. Estudos a nível
mundial referem níveis elevados de não adesão – 80% dos diabéticos
insulinodependentes não administram regularmente a sua insulina, 35% a 75% não
seguem corretamente a dieta aconselhada e 43% não monitorizam regularmente a
glicemia (Kurtz apud por Polonsky, 1993). Enquanto, McLaughlin et al., (2005) apud
Henriques (2006) referem que com uma abordagem multidisciplinar, recorrendo a
intervenções combinadas entre educacionais e comportamentais e os registos
informáticos, constataram que a taxa de adesão foi de 70 a 90%, para a adesão ao
regime terapêutico.
Numa abrangência global, as conclusões dos trabalhos realizados nesta área
constatam que existe uma grande percentagem de não adesão e que esta varia no
caso de diabetes mellitus tipo 1 (DM1) e a diabetes mellitus tipo 2 (DM2). Os utentes
de DM1 não monitorizam a glicose no sangue com frequência adequada, para além de
a efetuarem com erros. A alimentação não equilibrada também é um problema
detetado frequentemente, nos dois tipos de diabetes. Os diabéticos tipo 2 são também
mais desleixados em relação ao seu autocontrolo / autovigilância (Relatório Anual do
Observatório Nacional da Diabetes, 2009).
São numerosos os estudos realizados na área da adesão ao tratamento na diabetes,
desde há muito tempo (Morisky, et al., 1986; Delgado, et al., 2001; Sousa, 2003;
Bastos, 2004; Correia, 2007; Faria, 2007; Sousa, et al., 2008; Dias et al.,2011 e
Simões, 2011), mas são igualmente inúmeras as dificuldades metodológicas com que
os investigadores se têm confrontado, nomeadamente a inexistência de instrumentos
estandardizados para avaliar a adesão ao regime terapêutico, a ausência de índices
fiáveis e válidos para avaliarem o autocuidado / autovigilância nos diabéticos, a
complexidade do tratamento da diabetes, a dificuldade em avaliar a extensão em que
o utente segue as recomendações médicas e os diferentes conteúdos das próprias
recomendações. Apesar de todas estas dificuldades encontradas nos estudos
realizados (Bastos, 2004; Correia, 2007; Faria, 2007; Sousa, et al., 2008; Dias et
al.,2011 e Simões, 2011), é seguro afirmar que só através da perceção dos fatores
que capacitam o diabético a aderir ao seu regime de tratamento será possível delinear
intervenções bem-sucedidas e com orientações certas, para a qualidade de vida do
utente diabético e seus familiares.

40 Marisol Castelo Branco Simões


2.1. - A INTERAÇÃO DOS FATORES NA ADESÃO AO REGIME TERAPÊUTICO

A não adesão ao regime terapêutico ou a ineficácia da gestão do regime terapêutico


tem uma origem multifatorial. Como nos refere Leite e Vasconcellos (2003),
frequentemente atribui-se a culpa da não adesão ao regime terapêutico ao utente e
mesmo ao desconhecimento dos seus familiares sobre a importância que têm em
respeitar os ensinamentos que se ministram a estes utentes/ famílias. Considera-se
também a baixa escolaridade (que é o que acontece com os utentes da nossa
amostra), o desleixo e a não obediência aos ensinamentos ministrados, tanto pelos
médicos, como pela equipa de enfermagem, como fatores que contribuem para a não
adesão ao regime terapêutico.

A World Health Organization (2003) reconheceu cinco grupos de fatores:


1. Fatores sociais, económicos, culturais;
2. Fatores ambientais;
3. Fatores genéticos;
4. Fatores relacionados com caraterísticas da doença de base e comorbilidade;
5. Fatores relacionados com terapêutica prescrita.
Em relação aos fatores sociais, económicos e culturais que influenciam a gestão
do regime terapêutico, Bugalho e Carneiro (2004) salientam que se deve ter em linha
de conta aspetos como a pobreza, o status socioeconómico, o analfabetismo, o
desemprego, a instabilidade habitacional, o suporte social, o alto custo dos
transportes, a medicação, a distância dos centros de tratamento ou consultas e as
crenças e costumes dos utentes.
Estes utentes podem estabelecer prioridades em relação a tudo o que foi dito, mas
não podem descorar a adesão ao regime terapêutico.
O autocuidado exigido ao diabético é contínuo na sua vida diária. Desde o início do
diagnóstico, há sempre mudanças que se têm de ter em conta, sujeitando o diabético
a diferentes exigências e prioridades. Estas mudanças obrigam a ajustes frequentes
no seu comportamento e no seu dia a dia.
Por outro lado, o isolamento social pode também dificultar a adesão ao regime
terapêutico. É frequente verificar que os indivíduos, especialmente os idosos e do
género masculino, que vivem sozinhos, alimentam-se pior e cometem erros de
medicação com mais frequência (Ownby, 2006). O suporte social assume aqui um
papel preponderante, sendo a vertente familiar aquela que se reflete na gestão da
doença.

Marisol Castelo Branco Simões 41


Wilson et al., (1986) e Correia (2007) já analisavam estudos e estudavam o apoio
social e as crenças de saúde. Descobriram, então, que estes eram preditores mais
fortes e consistentes dos componentes de autocuidado nos diferentes tipos de regimes
da diabetes. Outra descoberta importante e curiosa é que o nível de perceção e de
utilização do apoio social interagiam consideravelmente um com o outro, o que sugere
ainda hoje em dia que a interação entre estes dois fatores resulta de um controlo
eficiente por parte dos diabéticos.
Indiretamente, as crenças podem também influir nas intenções de adesão,
funcionando a satisfação do utente como uma variável intermédia. As caraterísticas do
próprio utente, do médico ou mesmo do enfermeiro afetam, em cada um deles, os
seus desejos e crenças; isto significa que nem sempre os interesses do utente e dos
profissionais de saúde são comuns e partilhados. Iremos desenvolver este aspeto nos
modelos e teorias da adesão terapêutica.
Bugalho e Carneiro (2004) referem que os sistemas de saúde são deficientes nesta
área, devido à insuficiente distribuição de medicação, ausência de conhecimento dos
próprios profissionais para a educação em relação a patologias crónicas específicas,
escasso tempo despendido nas consultas, pouca disponibilidade para o seguimento
destes utentes, incapacidade para avaliar o grau de adesão e a repercussão nos
indicadores de saúde. Todas estas condicionantes assumem uma importância
considerável e interferem com a adesão ao tratamento. De acordo com Anderson
(2006) a maioria das vezes, o problema da não adesão não está relacionado com o
utente ou com o profissional de saúde, mas sim com o próprio sistema de saúde.
Logo, a equidade dos serviços é muito importante, como já referimos no capítulo
anterior. Outro dos aspetos que tem grande importância neste grupo de fatores é a
qualidade da relação estabelecida entre o profissional e o utente, nomeadamente no
que diz respeito à comunicação e à satisfação face aos cuidados prestados.
Estabelecer uma relação empática nos cuidados prestados é a forma mais eficaz para
um bom entendimento, tanto do profissional de saúde, como do utente/família, para
uma melhor adesão ao regime terapêutico.
Os fatores ambientais são também uma base importante na adesão ao regime
terapêutico, no que diz respeito ao plano alimentar, uma vez que de acordo com
Schlundt et al., (1994) apud World Health Organization (2003), muitas vezes, existe
pressão exterior principalmente social para os excessos alimentares e os diabéticos
referem dificuldades em integrar o plano alimentar na sua rotina diária. Aspetos como
comer fora, compromissos sociais, resistir à tentação, pressão cronológica e muitos
mais, são fatores muitas vezes difíceis de gerir. A mudança de ambientes, como, por

42 Marisol Castelo Branco Simões


exemplo, os estudos em população migratória do seu meio natural onde viviam para a
transição de ambiente e centros de civilização industrializados tem de ser tido em
conta. Estes estudos revelaram uma prevalência mais elevada de doenças crónicas
nesses mesmos grupos étnicos. Os fatores associados a estas diferenças têm a ver
com alterações nos estilos de vida e de alimentação que se registam na transferência
de um modo de vida rural para um industrializado. Estas alterações nutricionais, como
o aumento de gorduras, açúcares, redução de fibras e de hidratos de carbono, o
sedentarismo e o stress psicossocial, levam ao aumento da obesidade do tipo
abdominal e ao aparecimento de alterações metabólicas muito prejudiciais para o
nosso organismo, conduzindo, assim, ao aumento de doenças crónicas, tais como a
diabetes.
O ambiente intrauterino tem sido apontado também como desencadeador de posterior
desenvolvimento de diabetes mellitus não insulinodependentes e da síndrome
plurimetabólica (Duarte, 1997; Duarte 2002). Havendo uma privação alimentar durante
a gestação, esta pode conduzir ao aparecimento da insulina/resistência mais tarde, na
idade adulta.
Os fatores genéticos são uma forte componente no desenvolvimento da diabetes. A
hereditariedade é uma dessas componentes que maior peso tem neste tipo de doença
crónica. Assim, a taxa de concordância em gémeos homozigóticos ronda os 90% a
100%, o que é uma taxa bastante elevada e sendo habitual existirem vários casos na
mesma família. A cultura ocidental com os seus erros alimentares e o sedentarismo
que lhe são próprios desempenham um papel patogénico. Estas situações são
evidenciadas em vários estudos epidemiológicos entre emigrantes dessas culturas –
Judeus, Ismenitas em Israel, Indianos na África do Sul, Japoneses no Hawai, Índios
Pima. Existem grupos étnicos com prevalência de cerca de 50% acima dos 30 anos de
idade. Estudos referem também que, perante o mesmo meio ambiente, grupos étnicos
diferentes têm prevalências de diabetes mellitus não insulinodependentes diferentes.
Segundo Zimmet (1986) apud Zurro (1994), a existência de antecedentes familiares de
diabetes ocorre em 12,7% dos diabéticos, enquanto só ocorre em 2% da população
não diabética e em relação à idade / peso é 2 a 3 vezes maior se um dos pais é
diabético e 3 a 9 quando ambos são diabéticos.
Os adultos com mais de 50 anos de idade têm com frequência várias doenças
crónicas ao mesmo tempo, levando a tomar muitas medicações para o controlo das
mesmas, isto a maior parte das vezes faz com que eles não cumpram com o regime
terapêutico (Murray et al., 2004). Os mesmos autores referem que relacionados com a
idade e com a adesão terapêutica estão fatores como a visão, a audição, a memória, o

Marisol Castelo Branco Simões 43


apoio social e os aspetos económicos. Nos idosos verifica-se frequentemente que a
não adesão não é intencional, resultando sim de fatores como a falta de apoio, o
analfabetismo, a confusão mental, as caraterísticas da doença de base e a co
morbilidade, como vamos desenvolver a seguir.
Os fatores relacionados com caraterísticas da doença de base e comorbilidade
são também importantes para a adesão ao regime terapêutico. Alguns fatores como a
gravidade dos sintomas, a progressão da doença, a deficiência
/incapacidade/desvantagem geradas, a disponibilidade de terapêuticas eficazes e a
existência de patologias concomitantes com a doença base podem afetar a adesão ao
regime terapêutico.
Há pessoas que andam anos sem ser diagnosticado a diabetes, isto é, já têm diabetes
tipo 2 instalada, mas assintomática. Ao ser diagnosticada a doença, fazem medicação,
têm uma dieta alimentar mais adequada e equilibrada, realizam exercício físico,
mantendo-se, assim, controlados, fazendo crer ao próprio que a doença, afinal, não
tem assim tanta gravidade e que até pode ser condição passageira. Este aspeto pode
ser bastante representativo para a pessoa diabética, como nos diz Ruas (1993),
fazendo com que o diabético abandone o tratamento e agravando o avanço das
complicações decorrentes da diabetes.
Lo (1999) identificou num estudo vários fatores que afetam o sucesso da adesão à
terapêutica em diabéticos insulinodependentes e verificou que o stress é um dos
fatores principais para essa não adesão. Este fator está associado à vivência da
diabetes, enquanto patologia crónica. Os diabéticos sofrem frequentemente de
perturbações emocionais e, de acordo com Amaral, estas iniciam-se normalmente no
momento do diagnóstico e podem prolongar-se, podendo mesmo levar a estados
depressivos (1997, p.106). Lidar com a doença é muito complexo, podendo levar a
estados emocionais diferentes em cada pessoa, o que vai depender muito da vivência
da própria “doença” e do “ser doente”, (Couto e Carneiro, 2002).
Entender as representações individuais de doença é fundamental, uma vez que são
estas representações que vão determinar o comportamento e as respostas do
indivíduo em relação à procura de cuidados de saúde, mas não só. A relação que é
estabelecida com os profissionais, a sua adesão aos tratamentos propostos e a
própria execução de tarefas de autocuidado, tudo isto é fundamental para entender os
fatores relacionados com a terapêutica prescrita.
Os fatores relacionados com terapêutica prescrita prendem-se também com as
ideias anteriormente referidas e ainda com a complexidade do regime terapêutico, a
sua duração, os insucessos prévios de obtenção de benefícios, as alterações

44 Marisol Castelo Branco Simões


frequentes no esquema terapêutico, a ausência imediata de melhoria clínica e os
efeitos secundários à medicação, contribuindo para uma baixa da taxa na adesão
terapêutica, (Bugalho e Carneiro, 2004).
Vários estudos indicam que, quanto mais simples é o esquema terapêutico, mais
elevada é a adesão ao regime terapêutico. Brooks (2005) refere um estudo efetuado a
12000 diabéticos tipo 2 que divulgou que a adesão ao tratamento com antidiabéticos
orais aumentou, à medida que as doses diárias de tratamento diminuíram. A dose
única diária foi associada a um grau mais elevado de adesão e a um melhor controlo
metabólico do que as dosagens de duas ou três tomas diárias.
Os efeitos secundários, relativamente à toma de medicação antidiabética, também
podem condicionar a adesão ao regime terapêutico, porque, como já foi referido, pode
causar hipoglicémias, aumento de peso, mal-estar gastrointestinal, etc., levando,
assim, o utente a não aderir à medicação ou mesmo alterar o tratamento proposto
(Duarte 2002b; Caldeira, 2002a e Gallego, 2005b).
É fundamental que os profissionais de saúde saibam reconhecer todos estes fatores
referidos e implicados no processo de adesão ao regime terapêutico, para que possam
intervir de forma planeada, tendo em conta cada utente e família.
Iremos agora abordar os modelos e teorias que fazem parte do nosso dia a dia, para
interiorizarmos, assim, as nossas práticas em relação aos comportamentos de saúde,
mas também relativamente às crenças de saúde.

2.2. – MODELOS E TEORIAS DA ADESÃO TERAPÊUTICA

A constatação da importância do comportamento na saúde e na doença deu, por sua


vez, origem ao aparecimento de domínios epistemológicos, com denominações atuais
tais como, por exemplo, a epidemiologia comportamental, a imunologia
comportamental, levando, assim, até aos modelos de crenças e comportamentos na
saúde.
Os comportamentos de saúde são geralmente encarados como comportamentos
relacionados com o estado de saúde do indivíduo e, nos nossos dias, estes
comportamentos ganham ainda mais importância, na medida em que, ao adotarmos
hábitos prejudiciais para a saúde ou comportamentos de proteção de saúde, podemos
determinar grandemente a nossa própria saúde e principalmente a nossa vida do dia a
dia.
Desde muito cedo, as investigações feitas, no sentido de poderem prenunciar os
comportamentos de saúde, deram sempre grande ênfase às crenças de saúde, pois

Marisol Castelo Branco Simões 45


acreditava-se que estas poderiam desempenhar um importante papel na determinação
do comportamento dos indivíduos e, consequentemente, também, na sua previsão
(Ogden,1999).

Agentes Determinantes dos Comportamentos de Saúde


As abordagens feitas às crenças de saúde incluem a teoria da atribuição, o locus de
controlo da saúde, o otimismo irrealista e o modelo transteórico de mudança dos
comportamentos (Ogden,1999).
A teoria da atribuição foi desenvolvida com base no pressuposto de que os indivíduos
estão motivados para ver o mundo social como previsível e controlável, isto é, os
indivíduos têm necessidade de perceber a causalidade dos acontecimentos que os
atingem e dos fenómenos que eles observam.
Desde o princípio, a teoria da atribuição tem vindo a sofrer uma grande alteração e
desenvolvimento, tendo sido feita a distinção entre autoatribuições, como sendo
atribuições sobre o comportamento do próprio, e outras atribuições, sendo estas
atribuições sobre o comportamento dos outros. Além disso, as dimensões da
atribuição voltaram a ser definidas do seguinte modo:
 Internas versus externas - se atribuo a causalidade de um comportamento às
minhas capacidades ou a outros fatores externos à minha pessoa;
 Estável versus instável - se considera que um comportamento se manterá
sempre o mesmo ou se irá mudar ou longo do tempo;
 Global versus específica - se considera que um mesmo comportamento se
manterá em todas as situações ou se será específico de determinadas
situações;
 Controlável versus incontrolável - se um comportamento é considerado
controlável ou não pelo indivíduo.
Segundo Ogden (1999), a teoria da atribuição tem sido aplicada, nestes últimos anos,
ao estudo da saúde e dos comportamentos ligados à saúde.
As crenças relativas ao locus de controlo refletem até que ponto um indivíduo acredita
que as suas ações podem ter os resultados pretendidos, sendo este um conceito
bastante semelhante ao de autoeficácia. O locus de controlo da saúde pode ser
considerado pelo indivíduo como sendo interno, se as pessoas acreditarem poder
controlar os acontecimentos, ou externo, se as pessoas acreditarem que os
acontecimentos não se relacionam com as suas ações, pelo que estão fora do seu
controlo.
Wallston et al., (1978), apud Bennett e Murphy (1999) identificaram ainda três
dimensões independentes do controlo percebido: interior, acaso e autoridades

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externas. Este modelo sugere que os indivíduos que possuem pontuações elevadas
na dimensão interna encaram a sua saúde como algo que podem controlar, pelo que é
provável que desenvolvam comportamentos de manutenção de saúde. Inversamente,
os que têm pontuações elevadas na dimensão acaso encaram a sua saúde como algo
que é relativamente independente do seu comportamento, sendo mais prováveis que
levem a cabo comportamentos prejudiciais para a sua saúde. As implicações de uma
crença em autoridades externas que podem influenciar a saúde são, segundo esta
perspetiva, mais difíceis de prever, na medida em que estas crenças podem levar a
que, por um lado, os indivíduos estejam mais atentos às campanhas de prevenção e
as cumpram rigorosamente, mas, por outro lado, podem também levar a que os
indivíduos acreditem tanto nas capacidades curativas da equipe médica que têm
frequentemente comportamentos prejudiciais à sua saúde. Os mesmos autores
defendem ainda que as pessoas com maior probabilidade de adotar comportamentos
que melhorem a sua saúde são as que atribuem um valor elevado à sua saúde e que
têm valores mais elevados na avaliação do locus de controlo interno. Apesar da teoria
do locus de controlo ter sido uma das mais influentes em psicologia da saúde, tendo
dado origem a muitas investigações nesta área, a associação entre escalas do locus
de controlo e os comportamentos relacionados com a saúde tem sido
surpreendentemente recatada.
Weinstein apud Ogden (1999) defende que uma das razões pelas quais as pessoas
continuam a ter comportamentos prejudiciais para a saúde se deve a erradas
perceções do risco e da sua própria suscetibilidade, ou seja, devido ao seu otimismo
irrealista. Segundo este autor, a maioria dos sujeitos acredita ter menos probabilidades
de sofrer de um determinado problema de saúde do que as outras pessoas, pelo que
designou este fenómeno de otimismo irrealista, afirmando que ninguém tem menos
probabilidades de contrair uma doença do que as restantes pessoas.
O mesmo autor descreveu quatro fatores cognitivos:
 A falta de experiência pessoal do problema;
 A crença de que o problema é facilmente prevenido pela ação individual;
 A crença de que, se o problema ainda não apareceu, não irá aparecer no
futuro;
 A crença de que o problema é pouco frequente.
Estes fatores sugerem que a perceção de risco próprio não é um processo racional.
Segundo Bennett e Murphy (1999), a perceção da vulnerabilidade pessoal é um
indicador importante dos comportamentos preventivos; por isso, muitos programas de
promoção de saúde tentaram aumentar a consciência dos riscos para a saúde

Marisol Castelo Branco Simões 47


associados a certos comportamentos. Quando confrontado com essa informação, o
indivíduo é colocado perante a tarefa de decidir a magnitude e relevância que os
riscos têm para ele.
De acordo com Weinstein (1987), apud Ogden (1999) e Bennett e Murphy (1999), é a
atenção seletiva dos indivíduos que pode explicar o facto de sermos irrealmente
otimistas. Assim, este autor afirma que os indivíduos ignoram o comportamento que
aumenta o seu risco, focando, em primeiro lugar, os seus próprios comportamentos,
acreditando, assim, que com estes comportamentos já reduzem os riscos. Diz-nos
também que tal pode ser egocentrismo, dado que os indivíduos tendem a ignorar os
comportamentos que diminuem os riscos para a saúde praticados pelos outros. Este
otimismo exagerado pode afastar os indivíduos da prática de comportamentos
adequados de proteção da saúde, precisando, por isso, provavelmente de ser
confrontado, com qualquer iniciativa de promoção da saúde.

Modelo Transteórico de Mudança do Comportamento


Este modelo é o mais utilizado na abordagem do indivíduo com diabetes. Foi
originalmente desenvolvido por Prochaska e DiClemente (1982), como síntese de
dezoito terapias que descreviam o processo através do qual se induzia a mudança de
comportamentos e a sua manutenção posterior. Estes autores analisaram estas
diferentes abordagens terapêuticas relativamente aos processos comuns e sugeriram
a criação de um novo modelo de mudança do comportamento, baseado nos seguintes
estádios:
 Pré-contemplação: não pretender fazer qualquer mudança;
 Contemplação: considerar a possibilidade de mudança;
 Decisão ou Preparação: realizar pequenas mudanças;
 Ação: empenhar-se ativamente num novo comportamento;
 Manutenção ou Consolidação: manter a mudança ao longo do tempo (só se
considera que o indivíduo atingiu esta fase dois meses após o início da ação).
Após estas fases/estádios, poderá haver a fase do retrocesso ou recaída, tendo-se,
nesse caso, então, de recomeçar tudo de novo.
Estes estádios não ocorrem sempre de forma contínua e linear e o modelo descreve a
mudança de comportamentos como dinâmica e não como um processo de “tudo ou
nada” (Ogden,1999). Segundo Bennett e Murphy (1999), muitas vezes os indivíduos
que atingem a fase da ação não conseguem manter as mudanças efetuadas e recuam
para uma das fases anteriores. O modelo é cíclico e bidirecional. Os indivíduos
envolvidos em mudanças de comportamentos podem começar em qualquer ponto do

48 Marisol Castelo Branco Simões


processo e progredir ou recuar para uma fase anterior em qualquer altura, sendo que
este modelo se debruça sobre os processos que explicam estas transições. O modelo
também analisa o modo como o indivíduo pesa os custos e os benefícios de um
comportamento específico. Em relação ao diabético, os conhecimentos sobre a
diabetes são muito importantes para conseguir ultrapassar todas estas fases deste
modelo, de uma forma contínua e linear, mas o reforço das atitudes adequadas e um
continuado processo de motivação são fundamentais para mudança efetiva de hábitos
e comportamentos estabelecidos.
Os autores Prochaska e DiClemente (1982) afirmam que indivíduos situados em
diferentes estádios de mudança se irão centrar, ora nos custos de um comportamento,
ora nos seus benefícios (Ogden,1999).
Em resumo, a teoria da atribuição e do locus de controlo da saúde sublinham a
importância das atribuições de causalidade e controlo; o otimismo irrealista focaliza as
perceções de suscetibilidade e risco; e o modelo transteórico da mudança de
comportamentos põe em relevo a natureza dinâmica das crenças, do tempo, dos
custos e benefícios. Estes diferentes aspetos das crenças de saúde foram integrados
em modelos estruturados de crenças e comportamentos de saúde (Ogden, 1999).
Faremos uma breve abordagem a estes modelos, que estarão divididos em Modelos
Cognitivos e Modelos de Cognição Social.

Modelos Cognitivos em Saúde


Os modelos cognitivos descrevem o comportamento como o resultado de um
processamento de informação racional, pondo em relevo as cognições individuais e
não o contexto social de tais cognições. Estes modelos analisaram os fatores
preditivos e precursores dos comportamentos de saúde e derivam da teoria da
utilidade esperada subjetiva, que sugeriu que os comportamentos resultavam de uma
ponderação racional dos potenciais custos e benefícios de um dado comportamento.
Dentro deste modelo, encontram-se o modelo de crenças de saúde e a Teoria da
Motivação para a proteção (Ogden, 1999).

Modelo de Crenças de Saúde


O modelo de crenças de saúde foi inicialmente desenvolvido por Rosenstock (1966) e,
posteriormente, por Becker e col., ao longo dos anos 70 e 80. Estes autores tentavam
predizer os comportamentos de prevenção ligados à saúde, assim, como a resposta
comportamental ao tratamento dos doentes agudos e crónicos (Ogden,1999).
De acordo com Ogden (1999), este modelo prediz que o comportamento resulta de um
conjunto de crenças centrais que têm vindo a ser redefinidas ao longo dos anos, mas

Marisol Castelo Branco Simões 49


as crenças básicas iniciais são as perceções individuais sobre a suscetibilidade à
doença; a gravidade da doença; os custos envolvidos na realização de um
comportamento; os benefícios envolvidos na realização de um comportamento e as
pistas para a ação que podem ser internas ou externas, sendo que estas crenças
centrais devem ser utilizadas para predizer a probabilidade de um determinado
comportamento vir a ocorrer.
Ao longo do tempo, este modelo enfrentou algumas críticas, nomeadamente por
apresentar alguns resultados contraditórios e algumas insuficiências. Estas críticas
incluíam a focalização do modelo no processamento racional da informação,
verificando-se a ausência de um papel atribuído aos fatores emocionais como o medo
ou a negação; a ênfase colocada no individual; a inter-relação entre as diferentes
crenças centrais não é explicada, sendo feita uma abordagem estática às crenças de
saúde, pelo facto destas serem descritas simultaneamente sem lugar para a mudança,
desenvolvimento ou processo. Por sua vez, estas críticas referem que os
comportamentos de saúde se devem mais à perceção dos sintomas do que aos
fatores individuais (Ogden,1999).
Em resposta a estas críticas, Becker e Rosenstock (1987) fizeram uma revisão do
modelo, descrevendo um novo modelo baseado nos seguintes fatores: existência de
uma suficiente motivação para tornar as questões da saúde salientes ou relevantes,
crença de ser suscetível ou vulnerável a um problema de saúde sério e a crença de
que a mudança resultante das recomendações médicas irá ser benéfica para o
indivíduo e terá um custo aceitável.
Dos diversos modelos utilizados na área específica dos comportamentos e
direcionados à saúde, o que tem mais ênfase e importância em relação às questões
da diabetes é este modelo, porque pode auxiliar na compreensão da exposição ao
risco de contrair complicações futuras que possam prejudicar as suas atividades de
vida diária. Este modelo postula que um comportamento de saúde de uma pessoa, em
relação a uma ameaça à saúde, é dependente de quatro variáveis e que as decisões,
quanto à relação de risco, são mediadas pelo equilíbrio organizado entre essas
variáveis que são, então:
 Suscetibilidade à ameaça para a saúde que é percebida pelo indivíduo;
 Intensidade de ameaça para a saúde;
 Benefícios entendidos nas opções de auxílio, operando no contexto das crenças
sobre a disponibilidade e a eficiência dessas opções;
 Barreira percebida na adoção de ações que reduzam a ameaça para a respetiva
saúde.

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Este modelo de crenças em saúde cumpre a finalidade de explicar o comportamento
de uma pessoa, no que diz respeito à prevenção de doenças e da utilização correta de
cuidados de saúde. A própria base do modelo foi desenvolvida para entender a busca
de mecanismos de prevenção de doença.

Modelo de Empowerment
Este modelo é atual, como nos refere Carvalho (2006), agregando também as
premissas do modelo de crenças em saúde. Tem como objetivo promover a autonomia
o empoderamento, criar consciência crítica em relação a fatores chaves da vida e
desenvolver competências para a capacitação individual ou comunitária para liderarem
o próprio projeto de saúde. Segundo este autor, para além de informação relevante, o
modelo pretende clarificar valores, crenças e estimular a avaliação crítica dos
indivíduos para desenvolverem competências de autodecisão, para uma verdadeira
escolha voluntária. Este método é o ideal para aplicar na educação terapêutica em
grupo.

Teoria da Motivação para a Proteção


A teoria da motivação para a proteção foi desenvolvida por Rogers (1975, 1983 e
1985), a partir do modelo de crenças de saúde, dotando-o de fatores adicionais.
Segundo Ogden (1999), a teoria da motivação para a proteção original defendia que
os comportamentos relacionados com a saúde são o produto de quatro componentes:
a autoeficácia; a eficácia da resposta; a gravidade e a vulnerabilidade, sendo que
estas componentes permitem predizer as intenções de comportamentos relacionados
com a saúde. Mais recentemente, Rogers (1985) sugeriu a existência de um quinto
componente, o medo.
A teoria da motivação defende que a gravidade, a vulnerabilidade e o medo estão
relacionados com a avaliação da ameaça (isto é, a estimativa das ameaças externas)
e que a eficácia da resposta e a autoeficácia estão relacionadas com a avaliação do
coping (isto é, a avaliação das suas próprias capacidades para lidar com a doença).
Esta teoria defende que existem essencialmente duas fontes de informação, uma
ambiental e uma intrapessoal, sendo que estas informações influenciam as cinco
componentes da teoria que, por sua vez, suscitam uma resposta adaptativa de coping
(intenção comportamental) ou uma resposta não-adaptativa de coping (evitamento,
negação). Também algumas críticas foram levantadas a esta teoria, nomeadamente o
facto de os indivíduos serem considerados como processadores racionais de
informação, apesar de incluir um elemento de irracionalidade, o medo (Ogden, 1999).

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Modelos de Cognição Social
Este modelo analisa os fatores que predizem os comportamentos e/ou as intenções
comportamentais e analisa a razão pela qual os indivíduos falham na manutenção de
um comportamento que se comprometeram a ter. Foi desenvolvido por Bandura (1977
e 1986) e sugere que o comportamento seja governado por expetativas, incentivos e
cognições sociais. As expetativas podem ser em relação aos resultados da situação,
ou seja, as expectativas de que um determinado comportamento pode ser perigoso,
ou a expetativa de que um comportamento pode reduzir os malefícios para o estado
de saúde e pode ser em relação à autoeficácia, ou ainda a expetativa que um
indivíduo é capaz de manter o comportamento desejado. O conceito de incentivos
sugere que o comportamento é determinado pelas suas consequências. As cognições
sociais são uma componente central nos modelos de cognição social e, embora estes
modelos encarem os indivíduos como processadores de informação, eles distinguem-
se dos modelos cognitivos, na medida em que incluem medidas das representações
individuais do respetivo mundo social. Assim, os modelos de cognição social tentam
colocar o indivíduo no contexto das outras pessoas do mundo social mais alargado,
sendo isto medido em termos das suas crenças normativas, ou seja, estes modelos
englobam sempre uma componente de avaliação das crenças sobre as atitudes das
pessoas que são mais significativas para o indivíduo, relativamente ao comportamento
que este irá levar a cabo (Ogden,1999).
Este modelo contempla a teoria do comportamento planeado e a abordagem do
processo de ação para a saúde, que se vai abordar de seguida.

Teoria do Comportamento Planeado


A teoria do comportamento planeado foi desenvolvida por Ajzen et al., (1988), apud
Ogden (1999), tendo representado uma evolução em relação à teoria da ação
planeada. A teoria da ação planeada enfatizava o papel fundamental das cognições
sociais, sob a forma de normas subjetivas e incluíam tanto as crenças como a
avaliação dessas crenças, tendo, assim, um importante papel ao nível da psicologia
social, pois colocava o indivíduo no seu contexto social e sugeria um papel importante
para os valores, contrastando, deste modo, com a abordagem mais tradicional e
racional dos comportamentos.
Segundo Ajzen et al., (1988) apud Ogden (1999), esta teoria defende que as intenções
deveriam ser concetualizadas como planos de ação para atingir objetivos
comportamentais e que estas resultariam das crenças de cada indivíduo.

52 Marisol Castelo Branco Simões


Também a esta teoria foram levantadas algumas críticas, nomeadamente por
Schwarzer (1992), apud Ogden (1999) que critica a teoria da ação planeada pela não
referência do elemento temporal e argumenta que os autores desta teoria não
descrevem a ordem das diferentes crenças, nem a direção da causalidade.
No entanto, ao contrário dos modelos que vimos até este ponto, este já inclui um nível
de irracionalidade, sob a forma de avaliações e tenta colocar o problema dos fatores
sociais e ambientais, sob as formas das crenças normativas, incluindo também um
papel para o comportamento passado, através da medição do controlo
comportamental percecionado.

Abordagem do Processo de Ação para a Saúde


A abordagem do processo de ação para a saúde foi desenvolvida por Schwarzer
(1992), depois de considerar essencial que qualquer modelo que tentasse explicar os
comportamentos de saúde deveria incluir um elemento temporal na compreensão das
crenças e dos comportamentos.
As componentes da abordagem do processo de ação para a saúde são a fase da
motivação e a fase da ação. Desta forma, este modelo junta um fator temporal e
processual aos outros elementos para compreender a relação entre as crenças e os
comportamentos, sugerindo que os indivíduos decidem desde início se vão ou não
efetuar um determinado comportamento - fase da motivação, fazendo posteriormente
planos para o iniciar e manter - fase da ação (Schwarzer, 1992 apud Ogden, 1999).
De acordo com este modelo, a fase da motivação é constituída por cinco fases:
autoeficácia; expetativas relativamente aos resultados; um subconjunto de expetativas
de resultados sociais; avaliação da ameaça, composta por crenças da gravidade de
uma doença e pelas perceções da vulnerabilidade do indivíduo, tendo como resultado
final a intenção de agir. A fase da ação é composta por fatores cognitivos (volitivos),
situacionais e comportamentais. O fator cognitivo é constituído pelos planos de ação e
pelo controlo da ação, sendo que estes dois fatores cognitivos determinam a
orientação da vontade do indivíduo. O fator situacional consiste no apoio social e na
ausência de barreiras situacionais. Neste sentido, verificamos que, para a explicação
dos comportamentos em saúde, encontramos vários modelos explicativos. No entanto,
poucos conseguem por si só dar-nos uma explicação que abranja toda a
complexidade do comportamento humano, principalmente em relação ao diabético e a
toda a situação inerente a esta fase da vida tão ambígua e a esta doença que é
considerada ainda uma epidemia contínua e a crescer de forma bastante preocupante.

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3 – EDUCAÇÃO PARA A SAÚDE E A QUALIDADE DE VIDA DO DIABÉTICO

A educação para a saúde é a base da enfermagem. A American Nurses Association


(2001) refere que os enfermeiros estão numa posição chave para desenvolver a
educação para a saúde, porque perspetivam os utentes como detentores de diversas
necessidades e capacidades, numa variedade de contextos, nas diversas fases do
ciclo vital.
A educação do diabético é um ponto fundamental no seu tratamento. Esta é
preponderante para o controlo da doença, pois a pessoa precisa de aprender a lidar
com ela, já que é necessário existir um controlo rigoroso das suas atividades,
conseguindo, assim, uma prevenção atempada das complicações que possam surgir.
Este é um processo que requer algum tempo, pois não é fácil mudar os hábitos de
alguém repentinamente. Daí que se deva facultar a informação de forma progressiva e
assertiva, certificando-se que a pessoa compreendeu e cumpre os ensinos
ministrados. Desta forma, o indivíduo vai-se adaptando gradualmente à sua situação
presente e, aderindo ao regime terapêutico, vai contribuir para que não haja tantas
complicações futuras.
Na primeira consulta, é fundamental conhecer a pessoa a quem se vai transmitir a
informação, para, assim, se poder planear qual o melhor método da recolha de dados
mais gerais, como nome, idade, hábitos alimentares, profissão, conhecimento prévio,
motivação, possível ajuda (se já tiver idade avançada), entender as suas queixas, não
as ignorando, mas sim usar as experiências do utente como forma de aprendizagem
(PNS, 2011-2016).
A vivência de uma educação responsável por parte dos profissionais de saúde deve
ser entendida como uma prioridade, quando se fala de saúde preventiva, dado que
tem de haver partilha de responsabilidade, integrando aspetos como autonomia,
liberdade de escolha e informação adequada. A diabetes, como doença crónica, tem
uma importância fundamental na estruturação de atitudes e comportamentos
responsáveis, sendo entendida também como fonte potencial de vida, de
comunicação, de mudança de atitudes, de comportamentos e de qualidade de vida
(Ibidem).
A falta de informação pode levar os diabéticos a adotar comportamentos de risco e a
forma de os evitar é não os ignorar, tendo uma atitude de abordagem da doença sem

54 Marisol Castelo Branco Simões


qualquer tabu ou preconceitos. Os profissionais de saúde e os próprios familiares têm
um papel fundamental na educação destes utentes. No entanto, quer os familiares por
enraizamentos culturais ou religiosos, quer os profissionais de saúde por referirem
sentir dificuldades na abordagem destes temas, demitem-se deste papel tão
importante e fundamental para a educação dos utentes.
Todo o profissional de saúde tem de ajudar o utente a procurar as suas estratégias
para evitar episódios de recaídas e a não adesão ao regime terapêutico.
Vários estudos (Correia, 2007; Faria, 2007; Sousa, et al., 2008; Dias et al.,2011;
Simões, 2011 e DGS, 2011) e as próprias diretrizes da DGS indicam que a educação
e o trabalho em grupo de uma equipa multidisciplinar podem induzir, ao longo do
tempo, à modificação de comportamentos em cerca de 50% dos utentes diabéticos.
O Plano Nacional de Saúde refere que “(…), nesta fase do ciclo de vida, incluem: a
família, capacitando-a para a prestação de cuidados informais; os lares de idosos,
capacitando-os na manutenção da funcionalidade, autonomia e independência; os
centros de saúde e hospitais, promovendo a identificação de critérios de fragilidade e
de cuidados antecipatórios; as unidades de cuidados continuados, promovendo a
prestação de cuidados curativos, paliativos, de reabilitação e de recuperação globais
em internamento, em ambulatório e no domicílio”. (2004-2010, Vol.2, p.35). Assim
sendo, compete aos serviços de saúde a implementação de programas efetivos de
prevenção primária, uma vez que aqueles programas, até agora desenvolvidos, têm
sido realizados de forma pontual, não regular e a maioria das vezes sem qualquer tipo
de avaliação.
Sabe-se, hoje, que uma grande parte dos problemas de saúde que atingem a nossa
sociedade está relacionada com os estilos de vida que se adotam. Os
comportamentos nocivos à saúde, como o consumo de tabaco, os erros alimentares, a
obesidade, o consumo excessivo de álcool, o sedentarismo, a má gestão do stress e o
sexo desprotegido, constituem um elo comum na etiologia da maioria desses
problemas (DGS, 2004).
Já na década de 70, Dias et al., (2004) a propósito do que se apelidou de Segunda
Revolução da Saúde, concetualizavam o comportamento como a grande epidemia do
séc. XX, devendo a prevenção centrar-se em dois conceitos específicos: a promoção
da saúde e os estilos de vida. Os comportamentos podem ser influenciados por
atitudes, como já foi referido no capítulo anterior, hábitos, crenças, sentimentos e
modas, que definem o estilo de vida de cada um, sendo este responsável pelo
sentimento do seu bem-estar biopsicossocial. Para estes autores supra citados, a
prevenção da doença, inicialmente associada a um progresso da medicina e da saúde

Marisol Castelo Branco Simões 55


pública tradicionais, baseada na interpretação dos sinais e sintomas da mesma, tem-
se revelado insuficiente, em virtude do conceito atual de saúde ultrapassar a mera
ausência de doença. Concluem, então, que a prevenção é um conceito relacionado
com a doença e a promoção é um conceito relacionado com a saúde.
Nesta perspetiva, as estratégias de promoção da saúde junto da comunidade devem
ser capazes de potenciar uma mudança de atitudes, ao nível individual e coletivo,
fomentando a adesão, as medidas de segurança e a adoção de comportamentos
saudáveis, não esquecendo que o binómio saúde/doença contém significantes
biológicos, ambientais, culturais e sociais. Os estilos de vida dependem, assim, de
toda uma estrutura sociocultural que condiciona as escolhas individuais ao mesmo
tempo que incluem o conceito de autorresponsabilização.
A Organização Mundial da Saúde, apud Dias et al., considera a educação para a
saúde uma estratégia excelente, afirmando, ainda, ser esta um componente básico da
promoção da saúde, e definindo-a como “(…), uma ação exercida sobre os indivíduos
no sentido de modificar os seus comportamentos, a fim de adquirirem e conservarem
hábitos de saúde saudáveis, aprenderem a usar judiciosamente os serviços de saúde
que têm à sua disposição e estarem capacitados para tomar, individual ou
coletivamente, as decisões que implicam a melhoria do seu estado de saúde e o
saneamento do meio em que vivem”(2004, p. 465).
Brito (2008) acrescenta, ainda, que a educação para a saúde deve ser mais do que
uma ação exercida sobre os indivíduos ou grupos comunitários, pois entende que,
para se modificarem de forma efetiva os comportamentos, essas ações têm de ser
desenvolvidas com os indivíduos ou grupos comunitários, garantindo que, se eles
participarem no processo de aprendizagem, há uma melhor adaptação e uma maior
adesão ao regime terapêutico.
Também Igoe e Speer referem que “(…), a promoção da saúde é uma atividade mais
alargada e a educação para a saúde, uma técnica para a alcançar”, estando esta
relacionada com os valores e crenças dos indivíduos (1999, p. 980).
Tendo, igualmente, por base as questões dos valores e das crenças, Brito encara a
educação para a saúde como “(…), um processo de educação de indivíduos que
possuem um conjunto de valores, experiências e crenças relacionadas com a saúde e
a doença, baseadas em construções sociais e culturais prévias, assim como na
estrutura da personalidade de cada um” e que tem como objetivos: “prevenir a doença
através da capacitação do indivíduo/grupo para diminuir a exposição aos fatores de
risco, aumentar os fatores de proteção, detetar precocemente a doença e aderir ao
tratamento para recuperar a saúde ou evitar recaídas”, isto é, “capacitar o

56 Marisol Castelo Branco Simões


indivíduo/grupo para manter e aumentar a sua saúde, potenciando os recursos
individuais e comunitários” (2008, p. 92).
Com a educação para a saúde pretende-se, então, na opinião da mesma autora,
incrementar a saúde positiva e prevenir ou diminuir a doença nos indivíduos e grupos,
através da influência nas crenças, atitudes e comportamentos dos que têm o poder ou
da comunidade em geral. Lembra, ainda, que as crenças são convicções que se
traduzem em opiniões, que condicionam as atitudes, que, por sua vez, são a base dos
comportamentos. Já a atitude, significa uma intenção ou o sentido de um propósito,
representando um esquema mental que efetua a mediação entre o pensamento e o
comportamento, não podendo ser observável, considerando, ainda, a existência de um
efeito contextual nas atitudes, ou seja, a maneira de agir do indivíduo depende do
contexto em que este está inserido. Na mesma linha de análise, os comportamentos,
não existindo de forma isolada, dependem também “dum contexto, da história de vida,
do processo de socialização e da dimensão afetiva”, sendo um “conjunto de ações
mais ou menos organizadas, mais ou menos complexas e coerentes e mais ou menos
estáveis e duradouras (…) fortemente impregnadas pelo meio/cultura em que o
indivíduo vive” (Idem).
Para a construção das crenças, Brito considera a informação e o conhecimento como
elementos básicos da educação para a saúde, não sendo, no entanto, suficientes para
modificar as opiniões e, por consequência, as atitudes ou os comportamentos, já que
“(…), a maior influência no processo de construção das crenças e aquisição de
conhecimento vem da própria pessoa, do seu trajeto de vida, do grupo a que pertence
e do seu contexto em que nasceu e vive” (2008, p. 94).
Para mudar ou influenciar esses comportamentos, há que ter em conta, segundo a
mesma autora, os fatores predisponentes, que são aqueles que fornecem a
racionalidade e a motivação para o comportamento; os fatores facilitadores, como o
contexto sociocultural da comunidade; e os fatores de reforço, referentes aos grupos
de referência e de pertença e que desempenham um papel importante no reforço,
manutenção ou abandono da mudança de comportamentos.
Dever-se-á reconhecer também a educação para a saúde como uma estratégia em
que os serviços de saúde devem apostar para atingir os seus objetivos. Neste
contexto, os serviços de saúde comunitária e os enfermeiros em particular têm uma
responsabilidade acrescida de colocar no terreno projetos de intervenção educativa
que, a longo prazo, proporcionem a resolução dos problemas de saúde, mas que, no
imediato, consigam informar, educar, aconselhar e, principalmente, responsabilizar os
utentes a assumir uma mudança de atitudes necessária à alteração dos

Marisol Castelo Branco Simões 57


comportamentos. Estas intervenções tenderão a ser tão mais efetivas quanto mais
precoces, isto é, obter-se-ão melhores resultados se forem direcionadas aos
diabéticos jovens que ainda estão a “moldar” as suas atitudes e comportamentos, pelo
que o Centro de Saúde com a sua equipa multidisciplinar deverá ser o campo
privilegiado.
A pessoa que educa deve saber conquistar a atenção e a colaboração do diabético, de
modo a que ele se torne uma parceria e um aliado da equipa de saúde no controlo da
sua patologia. Para se conseguir essa colaboração, é necessário, por um lado, que a
equipa abra mão de parte do seu poder e negocie com o utente um compromisso para
o seu autocontrole e autovigilância. A vigilância do controlo metabólico é crucial para a
prevenção da saúde do diabético e para uma melhor qualidade de vida.
Kaplan (1985) refere que, cada vez mais, se tornou generalizado o consenso de que
as metas dos serviços de saúde devem ser duas: não só a de prolongar a vida, mas
também a de melhorar a sua qualidade.
Neste sentido, hoje em dia, a qualidade de vida e a adesão ao regime terapêutico têm
sido largamente estudadas em todas as doenças crónicas, justificando-se, assim, o
seu estudo na diabetes mellitus, uma vez que é, na realidade, uma doença
concomitantemente acompanhada de outras doenças, marcada por longa duração,
podendo daí resultar um leque de complicações extremamente graves e suscetíveis
de alterar profundamente o nível de qualidade de vida do utente e dos seus familiares.
O conceito de adesão ao regime terapêutico e de qualidade de vida é variável. Para
uma pessoa com diabetes, a qualidade de vida afetada deriva de não ter tido uma
adesão adequada ao regime terapêutico, o que se traduz, por exemplo, em sofrer de
complicações na doença, com limitações diversas, como perda de visão, perda de um
membro inferior por amputação ou mesmo ser sujeito a hemodiálise, por falência renal
crónica, ou ainda com doença cardíaca incapacitante. Terá uma melhor qualidade de
vida o diabético que não apresenta nenhuma destas complicações, tendo, assim,
também uma adesão mais eficaz ao regime terapêutico.
Rui Duarte refere que “(…), se qualidade de vida é, acima de tudo, ter-se saúde, talvez
o conceito “comum” de qualidade de vida tenha que passar a incluir a adesão ao
regime terapêutico, tendo uma alimentação saudável, com menos gorduras e
açúcares, a prática regular de exercício físico e atividades que aliviem o stress. Assim,
se podem evitar as doenças mais frequentes da nossa civilização ocidental” (2002, p.
76).
A gestão correta do comportamento dos diabéticos tem como objetivo primordial
estabilizar a doença, sobretudo através do autocontrolo. A não colaboração, o não

58 Marisol Castelo Branco Simões


envolvimento e a não responsabilidade do utente diabético leva a que eles não façam
a adesão ao regime terapêutico, alterando, assim, as suas vidas e, em consequência,
a sua qualidade de vida.
A educação terapêutica do diabético é portanto uma parte essencial, seja a nível
hospitalar ou no centro de saúde. É uma estratégia que pretende contrariar a visão
antiga do tratamento do diabético, em que o médico prescrevia, o enfermeiro
colaborava e o ónus de responsabilidade estava do lado dos profissionais. Neste
momento, o utente começa a ter a perceção de que tem um papel preponderante para
conseguir atingir bons resultados e ter uma melhor qualidade de vida. Mas cabe-nos a
nós, equipa multidisciplinar de saúde, promover a otimização da qualidade de vida do
utente diabético, através da única “arma” que é considerada válida no momento - a
educação – como nos refere a Direção Geral de Saúde (Norma Nº 14, 12/2000), não
havendo, assim, lugar a desculpas, como condições socioeconómicas, idade,
habilitações literárias, culturas, etc., mas contornando a cada momento esses
obstáculos, de modo a proporcionar ao utente a sua autovigilância/ autocontrolo/
autosuficiência e, consequentemente, a otimização da sua qualidade de vida.

Marisol Castelo Branco Simões 59


4 – INTERVENÇÃO DO ENFERMEIRO ESPECIALISTA EM ENFERMAGEM
COMUNITÁRIA AO UTENTE DIABÉTICO

O diagnóstico é sempre um momento de ansiedade, quer para o utente, quer para a


família. Este momento exige dos enfermeiros uma relação terapêutica adequada.
Estabelecido o diagnóstico de diabetes, a principal responsabilidade da enfermagem,
para além de colaborar na recuperação do equilíbrio, consiste em educar o utente/
família, no sentido de estes se sentirem capazes de viver com a diabetes, sem se
sentirem propriamente doentes.
O indivíduo com diabetes mellitus deve participar ativamente no tratamento da sua
patologia. A sua educação tem de ser ampliada, reforçada e atualizada
continuamente, uma vez que se trata de uma doença crónica. A individualização da
educação é uma componente essencial dos programas de educação e o estar sempre
disponível e atento é essencial para atingir essa individualização. O diabético
desempenha o papel central no seu autocontrolo diário, obviamente com o suporte dos
profissionais de saúde, da família e dos amigos. Juntos devem adquirir
conhecimentos, aptidões e atitudes para terem sucesso numa autovigilância/
autocontrolo diário, eficaz e, assim, adquirirem uma adesão adequada ao regime
terapêutico.
As metas de enfermagem, na relação terapêutica com o utente diabético, incluem:
capacitar o utente/família através da transmissão de conhecimentos sobre a diabetes;
clarificar os meios de avaliação e de tratamento, para que este apresente o mínimo de
complicações da diabetes; desenvolva uma autoimagem positiva; obtenha apoio e
vigilância adequada (Correia, 2007, p. 74).
Os profissionais de saúde assumem um papel primordial na educação do diabético,
como vimos no capítulo anterior, tendo em mente a promoção da saúde. A promoção
de hábitos e de estilos de vida saudáveis na população em geral e nos indivíduos que
apresentam fatores de risco, diabéticos em particular, englobam um conjunto de
medidas que visam aumentar a longevidade dos indivíduos, famílias e comunidades,
melhorando concomitantemente a qualidade de vida dos mesmos. Coloca-se então,
em prática um conjunto de atividades, visando sempre a capacitação dos indivíduos
diabéticos para a aquisição de estilos de vida saudáveis, nomeadamente no que
concerne à alimentação saudável e equilibrada, ao exercício físico regular, à ocupação

60 Marisol Castelo Branco Simões


dos tempos livres, à abstenção de fumar, à identificação de fatores para a não adesão
ao regime terapêutico.
A educação dirigida ao diabético, individualmente ou em grupo, deverá ser realizada
por etapas e adaptada às necessidades individuais da cada um ou do grupo. Os
conteúdos programáticos devem ser baseados na sua prática diária.
O diabético tem uma grande responsabilidade, no que diz respeito a um maior
envolvimento no seu plano terapêutico. Terá, assim, de começar a sentir uma forte
motivação para aprender mais e para ser mais exigente com os profissionais de
saúde, no sentido de tornar a sua aprendizagem tão completa quanto possível.
A intervenção na comunidade, tendo como alvo o diabético, a sua família, os colegas
de trabalho, os seus amigos e a própria comunidade, é um papel reservado
essencialmente aos profissionais de saúde, principalmente ao enfermeiro especialista.
Esta intervenção visa a aquisição de conhecimentos e a adoção de comportamentos
adequados melhorando, assim, a qualidade de vida do utente, que Churchman apud
Ribeiro define como “(…), sendo uma avaliação subjetiva do indivíduo sobre o grau em
que estão satisfeitas as suas necessidades nos vários domínios da vida. Domínios,
esses que incluem o grau de autorrealização, a saúde, a vida familiar e social,
situação de trabalho, a segurança pessoal e habitacional, entre outros” (1994, p. 16).
Na abordagem ao indivíduo com diabetes, o objetivo do enfermeiro é minimizar as
consequências futuras que esta patologia provoca e o sofrimento, realizando, assim,
ensinos contínuos e promovendo estilos de vida saudável. Para o conseguir, é
essencial ouvir o que o utente pensa, ajudando-o a decidir os cuidados a providenciar,
adaptando-os frequentemente às mudanças nele efetuadas, como nos refere Almada,
tendo presente na sua “praxis”, através das ações que implementa, que “este indivíduo
é único, indissociável do seu meio, e que só ele possui todo o potencial específico
para aprender a viver da forma, que para ele, é a mais satisfatória” (1992, p.39).
A função do enfermeiro especialista é realizar, aplicar e avaliar programas e projetos a
todos os níveis, na comunidade na qual se presta serviço. Nesta área, é imperioso
sensibilizar o utente para o benefício de adoção de estilos de vida que deverão
tendencialmente ter como objetivo uma vida livre de complicações que a diabetes
acarreta. No entanto, ao prestar cuidados tem de se ter sempre presente que o
diabético é ambivalente em relação ao tratamento, como vimos anteriormente. Se, por
um lado, quer tratar-se e não ter problemas futuros em relação à doença, por outro,
não atende aos fatores da adesão ao regime terapêutico e começa a ter problemas
graves e irreversíveis.

Marisol Castelo Branco Simões 61


Espera-se do enfermeiro que este tenha conhecimentos sobre esta problemática,
complicações futuras mais frequentes, variáveis suscetíveis de influenciar a perceção
e expressão dos comportamentos dos indivíduos com diabetes e uma gama razoável
de terapêuticas farmacológicas e não farmacológicas, bem como disponibilidade e
ensinos atuais e frequentes. Mas do enfermeiro especialista espera-se ainda mais do
que já foi referido, ou seja, uma abordagem mais ambivalente em relação a toda esta
problemática, sabendo realizar, aplicar e avaliar projetos e programas adequados a
todas as situações.
Na continuidade das diretrizes da DGS, do atual PNS e dos projetos já desenvolvidos
nesta área, o enfermeiro deverá estabelecer metas e planear cuidados
individualizados e globais ao indivíduo, segundo as suas necessidades.
A abordagem na globalidade (aspetos físicos, psíquicos, sociais e espirituais) deve
incluir a atenção e atuação às necessidades específicas de cada pessoa, procurando
conhecer as suas expetativas, os seus desejos, a sua história, de forma a adequar os
cuidados prestados, obtendo uma maior eficácia nas ações desenvolvidas (Pimentel,
2001).
O ensinar os cuidados à pessoa diabética reveste-se, assim, de uma enorme
complexidade, requerendo, por vezes, da equipa um desempenho que ultrapassa a
esfera técnico-científica com implicações em múltiplos aspetos do seu funcionamento,
dado o seu esforço para viabilizar um cuidado ético. Assim, precisa de se investir em
estratégias que permitam encarar o cansaço a que a equipa é submetida, articulando-
se em espaços onde a partilha e a avaliação das práticas têm como finalidade a
melhoria contínua, desde o início do diagnóstico até ao controlo da doença – adesão
terapêutica eficaz, não descurando as situações de comorbilidade psiquiátrica ou o
tratamento de doenças infeciosas.
O tratamento farmacológico visa atenuar ou eliminar as hiperglicemias, isto é,
melhorar o controlo metabólico, favorecendo melhor qualidade de vida e conforto do
utente. Esta é uma atividade realizada em interdependência com os médicos de
família. Logo, a sua prescrição deve ser cumprida para se produzir o máximo efeito
terapêutico. A intervenção farmacológica implica que o enfermeiro se responsabilize
por todo um conjunto de atitudes e procedimentos relacionados com a forma de
atuação e pelos ensinos transmitidos para a obtenção do melhor autocuidado e
autovigilância, em relação à própria toma da medicação e aos efeitos secundários e
efeitos adversos que poderão ocorrer. É fundamental procurar que o utente
compreenda a necessidade de uma administração contínua dos medicamentos e de
uma frequente avaliação do seu autocuidado / autovigilância. Complementarmente

62 Marisol Castelo Branco Simões


devem ser tomadas medidas não farmacológicas, sendo neste âmbito que o
enfermeiro assume um papel primordial, proporcionando uma relação de ajuda, que
vise o máximo conforto físico e psíquico (Cardoso, 1999).
O enfermeiro deve promover no outro o reaprender de comportamentos adaptativos,
traduzindo-se numa maior autonomia, funcionalidade e bem-estar, reforçando que os
pensamentos, as atitudes, as expetativas, as crenças, entre outros, que podem afetar
os processos psicológicos, influenciar o humor, determinar condutas e ter
consequências sociais. Os próprios pensamentos são influenciados pela emoção, pelo
ambiente social e pelos comportamentos, como já vimos anteriormente. Torna-se,
então, fundamental a aprendizagem de novas estratégias comportamentais para
enfrentar este flagelo, através de técnicas de aprendizagem, de relaxamento e
distração, bem como despertar estes indivíduos para a importância de uma vida com
atitudes saudáveis, proporcionando um caminho em direção à autonomia, na
verdadeira dimensão da palavra. Alguns utentes com doença crónica, frequentemente,
apresentam pensamentos catastróficos, pondo ênfase nos aspetos negativos e
generalizantes. É importante ajudar estes utentes e a família a reconhecer as
dificuldades de comunicação que se vão estabelecendo, criando uma relação aberta
em que cada membro seja estimulado a expressar as suas emoções, a reforçar
positivamente e a evitar a todo o custo a amónia relacional.
O enfermeiro deverá incentivar a figura de referência desta pessoa a acompanhar o
processo, minorando o sofrimento emocional e físico, como nos refere Cardoso (1999)
combatendo os medos antecipados, que são aqueles que ocorrem antes e como
expetativa de um qualquer estímulo em direção à não adesão ao regime terapêutico.
O papel da enfermagem é também de suporte, ajudando o diabético a reconhecer as
suas dificuldades em controlar a doença, as dificuldades com a evolução da patologia
e apoiá-lo na procura de modos mais adaptativos de pensar, de se comportar e de
aderir ao regime terapêutico mais adequado. Visa sobretudo, consciencializá-lo do
processo de compreensão de uma vida que continua, apesar dos percalços e das
complicações que vão surgindo. Convém lembrar que a qualidade da relação
enfermeiro/utente diabético pode ser tão importante ou mais que os tratamentos de
suporte farmacológicos. A relação deve ser caracterizada por calor humano, empatia e
respeito. Deve, nas consultas de vigilância dos diabéticos, proporcionar-se um
ambiente calmo e confortável para o utente e família, sem grande movimento de
pessoas, para que se estabeleça uma relação de confiança e de empatia, deixando
tempo para a verbalização dos seus receios e medos e tempo para reforçar ensinos. É
importante utilizar técnicas de ensino mais adequadas a cada indivíduo (expressões e

Marisol Castelo Branco Simões 63


palavras mais explícitas para uma melhor compreensão) que minimizem a ansiedade,
o medo e os receios em relação às complicações futuras que advêm desta patologia.
Assim, poderá ser útil utilizar estratégias de adaptação à nova situação, procurando
meios que motivem este indivíduo, cujo único interesse, principalmente os diabéticos
tipo 2, idosos, durante toda a vida, foi preocupar-se com o trabalho e a família, nunca
pensando que a diabetes ou outra doença lhe poderia “bater “ à porta.
Os enfermeiros especialistas devem estar atentos ao programa de promoção da saúde
do diabético, como nos fala a DGS, o PNS (2011-2016) e as Metas de Saúde XXI,
desenvolvendo projetos específicos que foquem essencialmente, como já foi referido,
os temas – alimentação fracionada / equilibrada, exercício físico, cuidados com os pés,
autocontrolo e autovigilância, novidades no tratamento e diagnóstico, direitos do
diabético, associações e centros de apoio, bem como o diabético em viagem. Devem
também, estar atentos à família, amigos e trabalhar com a comunidade onde estes
diabéticos estão inseridos.
A meta 15, das Metas para a Saúde XXI, refere que “no centro deve estar uma
enfermeira de saúde familiar (…)”, o que por conseguinte dá relevo a esta categoria
profissional (OMS, 2002, p.23). De facto, o enfermeiro é um elemento sempre
presente e primordial, nos cuidados de saúde primários, e é aquele que está sempre
presente no atendimento e acompanhamento dos indivíduos e da comunidade,
assumindo um papel único na promoção da saúde e na prevenção da doença,
especificamente no contexto do PNPCD (2008), na promoção de estilos de vida
saudáveis e prevenção de complicações agudas e tardias, assim como na
identificação de grupos de risco. Cabe ao enfermeiro especialista em enfermagem
comunitária desempenhar um papel mais responsável na concretização de muitas das
estratégias contempladas no mesmo programa.
Segundo o Regulamento do Exercício de Enfermagem do Enfermeiro (Decreto- Lei nº
161/96, de 4 de setembro), o enfermeiro especialista é aquele que está:
“ (…), habilitado com um curso de especialização em enfermagem ou com
um curso de estudos superiores especializados em enfermagem, a quem foi
atribuído um título profissional que lhe reconhece competências científicas,
técnicas e humanas para prestar, para além de cuidados de enfermagem
gerais, cuidados de enfermagem especializados na área da sua
especialidade.(…).” (DEC-LEI 104/98, Art.4).

Segundo o mesmo regulamento, outra competência da profissão é a constante análise


de custo/beneficio na prestação de serviços, bem como a constante evolução em

64 Marisol Castelo Branco Simões


termos de conhecimentos científicos, fulcral para a melhoria contínua dos cuidados de
enfermagem.
Particularmente, ao enfermeiro especialista em enfermagem comunitária cabe:
participar com a equipa multidisciplinar no desenvolvimento do planeamento em saúde
através da definição dos principais problemas de saúde entendidos como situação de
doença/acontecimento e medidos em termos de morbimortalidade (elaboração do
diagnóstico); selecionar os problemas que poderão ser resolvidos (definição de
prioridades); selecionar os indicadores, os problemas prioritários e os prazos para
atingir os objetivos; e tradução dos objetivos em objetivos operacionais (fixação de
objetivos); determinar as técnicas específicas utilizadas (seleção de estratégias);
planificar as ações desenvolvidas a seguir (elaboração de programas e projetos);
executar as atividades e projetos e avaliar o processo e percurso (Simões, 2011).
Em consonância com o supracitado, a Ordem dos Enfermeiros (2009) refere que é
função do enfermeiro especialista em enfermagem de saúde comunitária estabelecer,
com base na metodologia do Planeamento em Saúde, a avaliação do estado de saúde
de uma comunidade; contribuir para o processo de capacitação de grupos e
comunidades; integrar a coordenação dos programas de saúde no âmbito comunitário
e na consecução dos objetivos do PNS (2011-2016); realizar e cooperar na vigilância
epidemiológica de âmbito geodemográfico; atualizar o manual de boas práticas com
normas e critérios de enfermagem dirigida a doentes diabéticos; formar, participar e
coordenar a consulta de enfermagem da diabetes; criar redes de apoio local capazes
de assegurar as necessidades dos diabéticos; participar e orientar estudos científicos
sobre diabetes; “Definir e utilizar indicadores de saúde na área da diabetes que
permitam avaliar sistematicamente as mudanças verificadas na evolução da diabetes
do utente, agindo de modo a melhorar os mesmos, obtendo ganhos em saúde”
(Regulamento Competências Específicas do Enfermeiro Especialista em Enfermagem
Comunitária e de Saúde Pública, 2011, p.8667).
Cabe, assim, ao enfermeiro especialista estar sempre envolvido e dinamizar a
implementação das estratégias do PNPCD (2008), para um maior sucesso deste.
Além disso, o Conselho de Enfermagem da Ordem dos Enfermeiros (2004) corrobora
esta ideia, afirmando que a consulta de enfermagem realizada pelo enfermeiro
especialista permite uma forma diferente de abordar e visualizar a situação, mais
específica na sua área de especialidade. Como nos diz a Ordem dos Enfermeiros, o
Enfermeiro Especialista em Enfermagem Comunitária tem, no âmbito da sua prática,
esta “visão globalizante”, nomeadamente “…um entendimento profundo sobre as
respostas humanas aos processos de vida e aos problemas de saúde e uma elevada

Marisol Castelo Branco Simões 65


capacidade para responder de forma adequada às necessidades dos diferentes
clientes (pessoas, grupos ou comunidade) (…) [evidenciando-se] as características de
educação para a saúde, manutenção, restabelecimento, coordenação, gestão e
avaliação dos cuidados prestados aos indivíduos, famílias e grupos que constituem
uma dada comunidade” (2011, p.8669).
Assim sendo, o enfermeiro especialista, na consulta de enfermagem ao utente
diabético, visualiza eficazmente um projeto de cuidados, exequíveis, em termos de
recursos e meios, com aceitação por parte da comunidade, sendo este espaço
privilegiado para empatia e resolução de problemas do utente, família / enfermeiro,
promovendo, assim, a capacitação em saúde, em consonância com os objetivos e
estratégias delineados pela política de saúde para a problemática da diabetes.

66 Marisol Castelo Branco Simões


II PARTE – ESTUDO EMPÍRICO

Marisol Castelo Branco Simões 67


68 Marisol Castelo Branco Simões
5 – METODOLOGIA

Através da consulta de ficheiros, na Extensão de Saúde de Ceira no programa


Sistema de Informação para Unidades de Saúde (SINUS), foi possível identificar todos
os diabéticos inscritos e seguidos na consulta de vigilância que têm lugar às quintas-
feiras das 9h às 13h (Quadro 5 e Figura 2).

Quadro 5 – População Diabética inscrita na Extensão de Saúde de Ceira por


Grupo Etário e Sexo
Grupo Etário Sexo Masculino Sexo Feminino Total

<1ano 0 0 0
1 a 4 anos 0 0 0
5 a 9 anos 0 0 0
10 a 14 anos 1 0 1
15 a 19 anos 0 0 0
20 a 24 anos 1 0 1
25 a 29 anos 1 0 1
30 a 34 anos 0 0 0
35 a 39 anos 3 0 3
40 a 44 anos 4 1 5
45 a 49 anos 8 3 11
50 a 54 anos 13 6 19
55 a 59 anos 15 9 24
60 a 64 anos 22 16 38
65 a 69 anos 27 25 52
70 a 74 anos 29 20 49
75 a 79 anos 15 22 37
80 a 84 anos 12 20 32
85 a 89 anos 7 5 12
≥ 90 1 2 3
Total 159 129 288
Fonte: SINUS consulta Plano de Ação UCCNM 15/11/10

Pela análise do Quadro 5 e a Figura 2, verificou-se que há mais diabéticos do sexo


masculino - 159, (55,2%) em relação ao sexo feminino - 129 (44,8%) sendo o grupo
etário compreendido entre os 65 a 69 anos o que registou maior percentagem de
diabéticos em ambos os sexos - 52 (19%). Há a realçar o grupo etário dos 70 a 74
anos com mais diabéticos do sexo masculino - 29 (18,2%) e do sexo feminino é o

Marisol Castelo Branco Simões 69


grupo etário dos 65 a 69 anos - 25 (19,4%). Em anexo, encontra-se a distribuição dos
utentes, obtida no Sistema de Apoio à Prática de Enfermagem (SAPE) e no Sistema
de Apoio ao Médico (SAM), que fazem vigilância no Programa de Saúde da Diabetes
na Extensão de Saúde de Ceira do CSNM (Anexo I).

Figura 2 – Pirâmide Etária dos Diabéticos da Extensão de Saúde de Ceira

Fonte: SINUS consulta Plano de Ação UCCNM 15/11/10

Os questionários foram recolhidos até ao final de dezembro de 2011. Dos 145


participantes que integraram o estudo, 14 foram anulados, devido a preenchimentos
incorretos, ficando, assim 131 questionários válidos e em estudo. Os restantes utentes
inscritos nesta unidade de saúde como diabéticos, no programa de diabetes da
Extensão de Saúde de Ceira, que não participaram na recolha de dados foram: vinte
utentes que estão como diabéticos mas que estão na pré-diabetes/vigilância;
cinquenta utentes que estão a ser seguidos na consulta de diabetes no hospital; vinte
utentes inscritos são emigrantes (estes utentes não foram inseridos no estudo, porque
fazem a vigilância nos dois países). Vinte e cinco utentes são diabéticos tipo I e os
restantes faltaram à consulta, por vários motivos: internamentos (6), trabalho (4),
outros no domicílio junto de familiares fora da área de abrangência do Centro de
Saúde (3), outros ainda encontram-se na Rede de Cuidados Continuados (5) e
finalmente, outros (10) recusaram participar no estudo. Em suma, foram, então,
excluídos do estudo 143 utentes, sendo a amostra constituída por 131 utentes
diabéticos tipo 2.

5.1 – TIPO DE ESTUDO

A problemática que foi desenvolvida ao longo do estudo, a questão de partida e os


objetivos traçados apontam para um estudo de caráter descritivo, transversal e

70 Marisol Castelo Branco Simões


correlacional - Nível II, pois tem como objetivo, não só descrever e examinar as
variáveis, como também analisar relações entre as variáveis, visando o conhecimento
e relação de algumas das dimensões das atividades do autocuidado com a diabetes e
da adesão ao regime terapêutico do utente diabético tipo 2. Os métodos do estudo de
análise quantitativa pretendem garantir a precisão dos resultados, evitar distorções de
análise e interpretação (Polit e Hungler, 2004).

5.2 – HIPÓTESES DO ESTUDO

A partir da questão de estudo e dos objetivos traçados, na I parte deste trabalho,


procurou-se encontrar respostas que ajudem a compreender melhor toda esta
problemática, elaborando, assim, as seguintes hipóteses de estudo:
 H1 – As características sociodemográficas (sexo; idade; estado civil;
escolaridade; situação laboral e agregado familiar) do diabético tipo 2
influenciam o seu autocuidado com a doença;
 H2 – Há relação entre os parâmetros clínicos (glicemia capilar; tensão arterial;
IMC; PA; hemoglobina glicosilada) do diabético tipo 2 e o seu autocuidado com
a doença;
 H3 – A adesão ao regime terapêutico por parte do diabético tipo 2, influencia o
seu autocuidado com a doença.
As hipóteses de estudo pretendem investigar a influência das variáveis
sociodemográficas e clínicas, nomeadamente o que o utente sabe sobre a diabetes,
as suas complicações e a adesão terapêutica de autocuidado da diabetes.

5.3 - VARIÁVEIS DO ESTUDO E SUAS DIMENSÕES

Para a realização deste estudo, considerou-se um conjunto de variáveis necessárias e


fundamentais, tendo como base a revisão teórica efetuada, procurando desta maneira
compreender e relacionar algumas dimensões do autocuidado e a adesão ao regime
terapêutico do utente diabético tipo 2.
- Variáveis Sociodemográficas:
 Idade - é entendida como o tempo de vida expresso em anos. Sendo de fácil
operacionalização, limitámo-nos a enumerá-la. No instrumento de colheita de
dados, apresenta-se como uma questão aberta, de modo a mensurar a variável
- (Questão nº1).
 Sexo - variável dicotómica (masculino e feminino), é o atributo que distingue o
homem da mulher e depois do nascimento é iniciado um processo (diferente

Marisol Castelo Branco Simões 71


para cada) no que diz respeito à socialização, à prática de comportamentos e
às vivências. No questionário, esta variável é apresentada como uma questão
fechada - (Questão nº2).
 Estado Civil - operacionalizada através de pergunta fechada, com quatro
opções: solteiro(a); casado(a); viúvo(a) e divorciado(a) - (Questão nº3).
 Ano de Escolaridade – define-se ano escolar como o nível de ensino que o
indivíduo concluiu. No nosso estudo, esta variável foi avaliada através de
pergunta fechada, com sete opções de resposta: não sabe ler, nem escrever;
nunca estudou, mas sabe ler e escrever; 1º Ciclo (até ao 4º ano ou 4ª classe);
2º Ciclo (até ao 6º ano ou ciclo preparatório); 3º Ciclo (até ao 9º ano ou 5º
liceal); Secundário (até ao 12º ano ou 7ºliceal/ano propedêutico) e Curso
Superior / Licenciatura - (Questão nº4).
 Situação Laboral - operacionalizada através de pergunta fechada, com três
opções de resposta: reformado/a; desempregado/a e trabalhador/a ativo/a -
(Questão nº5).
 Agregado Familiar – esta questão tinha como objetivo conhecer as pessoas
com quem o utente vive e foi avaliada através de uma questão fechada:
sozinho; sozinho, mas, durante o dia, está no Centro de Dia;
esposa/acompanhante, filhos e outros familiares, aqui é pedido que identifique
“Com quem vive” - (Questão nº6).
- Variáveis Clínicas (Peso; Estatura; Perímetro Abdominal; IMC; Tensão
Arterial, Glicémia em Jejum; HbA1c): estas variáveis foram avaliadas na consulta de
enfermagem/médica de diabetes, sendo os dados de monitorização obtidos através
das seguintes técnicas - (Questão nº7):
 Peso – utilização de uma balança digital de marca SECA, calibrada com escala
em Kg, em que o participante se colocou no centro da plataforma em posição
ortostática, foi pesado na balança descalço ou de meias e com o mínimo
possível de peso extra.
 Estatura – Estadiómetro em Cm, com os participantes em pé descalços e com
os calcanhares unidos e encostados ao aparelho, sendo a avaliação efectuada
em centímetros.
 Glicémia em Jejum - foi realizada pelo participante em casa no dia da consulta
em jejum, com aparelho fornecido pelo C.S., para esse efeito, consideram-se
valores em mgr/dl.

72 Marisol Castelo Branco Simões


 Tensão Arterial – avaliada com esfigmomanómetro manual, com o participante
sentado e após um período de repouso de 10 minutos, com o membro superior
(habitualmente é o esquerdo) colocado em cima da secretária com um apoio
almofadado, estando ao nível do coração. Os valores de referência para os
diabéticos e estabelecidos pela DGS (2004) são < 130/80mmHg.
 IMC – o cálculo é feito pelo valor do peso e da altura, através da formula IMC=
Peso (Kg)/Altura(m)². Ao registarmos estes valores no SAPE e ao colocarmos
a pesquisa de IMC, o próprio sistema já nos refere o valor. De acordo com a
ADA (2005), considera-se que o indivíduo tem excesso de peso, quando o IMC
está entre o 25 e 29,9Kg/m² e é obeso em três graus diferentes, a partir de
30,0 Kg/m², grau I – é de 30 a 35 Kg/m²; grau II – 35 a 40 Kg/m²; grau III – 40 a
45 Kg/m².
 Hemoglobina Glicada - HbA1c – analisam-se os valores das análises feitas
em laboratório que o participante trazia para a consulta. Essas análises são
realizadas, em média, duas a três vezes por ano, registando-se, então, no
questionário, os valores laboratoriais mais recentes que o participante realizou.
Os valores de referência da HbA1c já foram referidos na I parte do trabalho,
sendo eles, como refere a American Diabetes Association (2009/2010), entre
4% a 6%: valores normais, pessoas não diabéticas; 5,7% a 6,4%: pré-diabetes;
6,5% a 7%: diabetes bem controlada; > a 7%: diabetes não controlada.
 Perímetro Abdominal – Avaliado com uma fita métrica específica para a
medição de perímetros com escalas de 0,1cm. A medição é feita sobre a pele,
2 cm acima das cristas ilíacas. Após a primeira medida, o processo será
repetido, sendo utilizada a média das duas medidas para análise.

- Autocuidado com a Diabetes- Esta variável foi avaliada através da escala


“Atividades de Autocuidado com a Diabetes - SDSCA” (Escala I).

- Adesão ao Tratamento – Esta variável foi avaliada através da “Escala de Adesão


aos Tratamentos – MAT” (Escala II).

5.4 – INSTRUMENTOS DE RECOLHA DE DADOS

Para obter a informação sobre as variáveis em estudo, foi aplicado um questionário


com três partes. Em cada parte, foram medidas as variáveis, designadamente, em
relação aos objetivos propostos (Anexo II):

Marisol Castelo Branco Simões 73


 A I parte do questionário é composta por sete perguntas fechadas, contendo a
caracterização sociodemográfica do utente, tendo a última questão desta parte,
a número sete, a caracterização clínica do utente - monitorizados na consulta
de enfermagem/médica do diabético - caraterização da amostra.
 A II parte do questionário, composta por vinte perguntas fechadas e abertas,
questiona sobre a doença, tratamento, complicações e motivação do utente e
da família perante a doença – conhecer os hábitos de auto
controlo/vigilância de saúde e identificar as patologias associadas à
diabetes na mesma amostra de utentes.
 Por último, a III parte contém as duas escalas traduzidas e validadas, com
perguntas fechadas - reconhecer o nível de adesão às atividades de
autocuidado e avaliar a adesão ao regime terapêutico do utente diabético
tipo 2. As escalas aplicadas foram:

- SDSCA - “Atividades de Autocuidado com a Diabetes”. A escolha desta escala


deve-se ao facto de ser um instrumento de medida mais utilizado na avaliação das
atividades de autocuidado com diabéticos adultos, em que a adesão é medida
indiretamente através dos níveis de autocuidado. Há vários estudos que referem
que esta escala é uma das mais precisas para as medidas multidimensionais de
autogestão da diabetes e que suporta uma adequada fiabilidade teste-reteste e
evidência da validade e sensibilidade à mudança (Toobert apud Bastos, 2004 e
Correia, 2007).
A mesma autora, Bastos (2004, p.88), refere que “(…) a versão final da escala
traduzida e adaptada culturalmente, obtida pela análise dos componentes principais,
explica 70% do fenómeno de adesão e apresentou uma consistência interna aceitável
com α=0.59”.
Esta escala é composta por sete dimensões no questionário original, na escala
traduzida e adaptada são utilizadas seis dimensões, porque as autoras associaram a
“alimentação geral e específica”. Estando dividida esta escala nas seguintes
dimensões: Dimensão 1 – “Alimentação Geral e Específica”; Dimensão 2 – “Atividade
Física”; Dimensão 3 – “Cuidado com os Pés”; Dimensão 4 – “Medicamentos”
(Terapêutica Farmacológica); Dimensão 5 – “Monitorização da Glicemia Capilar”;
Dimensão 6 – “Hábitos Tabágicos”.
A avaliação é parametrizada em dias da semana, numa escala de 0 a 7,
correspondendo aos comportamentos adotados nos últimos sete dias, sendo o zero a
situação menos desejável e o sete a mais favorável. As questões 2.2 a 2.8 na

74 Marisol Castelo Branco Simões


dimensão da alimentação devem ser recodificadas, invertendo a sua pontuação
(1=6;2=5;3=4;4=3;5=2;6=1;7=0).
A dimensão da monitorização da glicemia, nas questões de autovigilância da glicemia
a avaliação foi efetuada pela questão que se colocou aos participantes sobre quantos
dias por semana efetuam a autovigilância da glicemia e quantos dias/semana lhe tinha
sido recomendado que o fizesse.
A dimensão dos hábitos tabágicos foi considerada separadamente das restantes
variáveis por estar codificada para efeitos de análise o número de fumadores e o
número de cigarros consumidos por dia.
Quadro 6 – Escala - SDSCA - “Atividades de Autocuidado com a Diabetes”/
Dimensões e Itens
Dimensões Itens
D1- Alimentação Geral e -Alimentação saudável (nos últimos sete dias);
Específica -Alimentação recomendada (durante o último mês, quantos dias por
semana);
-Consumo de fruta e vegetais, incluindo sopa (nos últimos sete dias);
-Consumo de carnes vermelhas (nos últimos sete dias);
-Consumo de pão às refeições (nos últimos sete dias);
-Misturas de hidratos de carbono às refeições (nos últimos sete dias);
-Consumo de álcool às principais refeições (nos últimos sete dias);
-Consumo de álcool fora das refeições (nos últimos sete dias);
-Consumo de alimentos doces (nos últimos sete dias);
-Consumo do uso de açúcar nas bebidas (nos últimos sete dias).
D2- Atividade Física -Atividade contínua (nos últimos sete dias);
-Exercício físico específico contínuo (nos últimos sete dias).

D3- Cuidados com os Pés -Examinar os pés (nos últimos sete dias);
-Inspecionar o interior dos sapatos (nos últimos sete dias);
-Lavou os pés (nos últimos sete dias);
-Secar os espaços entre os dedos do pé depois de os lavar (nos
últimos sete dias).
D4- Medicamentos -Tomar conforme indicado os medicamentos da diabetes/ insulina
(nos últimos sete dias).
D5-Monitorização da -Avaliação da glicemia (quantas vezes por semana);
Glicemia Capilar -Monitorização recomendada (quantas vezes na última semana).
D6- Hábitos Tabágicos -Fumar um cigarro/ passa (nos últimos sete dias);
-Se “sim” na alínea anterior – Nº de cigarros num dia;
-Último cigarro/ deixar de fumar.

As dimensões foram avaliadas separadamente. Os itens a sombreado no Quadro 6


são os que apresentam alterações na sua avaliação paramétrica, devido às
modificações da escala realizadas pela autora. Uma vez que a adesão ao tratamento
da diabetes é multidimensional e bastante complexa, envolvendo uma vasta área de
dimensões tão distintas e tão específicas como estão descritas na escala e no Quadro

Marisol Castelo Branco Simões 75


6, faz com que, o utente com diabetes possa aderir totalmente a uma das
recomendações/dimensão/itens e aderir parcialmente ou não aderir nada a outra
dimensão e seus itens. Logo, avaliou-se, assim, cada especificidade da dimensão e
seus itens.
- MAT – “Medida Psicométrica de Adesão aos Tratamentos”. Esta escala foi
traduzida e adaptada por Delgado A.B.; Lima M.L. (2001). É uma escala composta por
sete itens que avaliam o comportamento do indivíduo em relação ao uso diário dos
medicamentos. Os itens 1,2,3 e 4 foram adaptados de Morisky et al., (1986), os itens 5
e 6 foram adaptados de Ramalhinho (1994), o item 7 foi adaptado de SHEA et al.,
(1992). Os valores obtidos com as respostas aos sete itens são somados e divididos
pelo número de itens, ou seja, variam de 1 a 6. Posteriormente, os valores 5 e 6 são
calculados como “um” (o que na escala original corresponde a aderente) e os demais
são calculados como “zero” (não aderentes na escala original) resultando num
resultado dicotómico (aderente/não aderente).

Quadro7-Escala-MAT – “Medida Psicométrica de Adesão aos Tratamentos”/Itens


Itens da Escala MAT
-Se alguma vez esqueceu de tomar os medicamentos para a sua doença;
-Descuidado com as horas da toma dos medicamentos;
-Deixou de tomar os medicamentos para a sua doença por se ter sentido melhor;
-Deixou de tomar os medicamentos por sua iniciativa por se ter sentido pior;
-Tomou comprimidos, para a sua doença por sua iniciativa, após se ter sentido pior;
-Interrompeu a terapêutica para a sua doença por ter deixado acabar os medicamentos;
-Deixou de tomar os medicamentos para a sua doença por alguma outra razão que não seja a
indicação do médico.

5.4.1 – Análise da consistência interna das escalas utilizadas

Procedeu-se ao estudo de homogeneidade dos itens que constituem as duas escalas


aplicadas: escala SDSCA - “Atividades de Autocuidado com a Diabetes” e escala
MAT- “Medida Psicométrica de Adesão aos Tratamentos”, através do cálculo do
coeficiente Alfa de Cronbach. Esta é a técnica mais corretamente utilizada para
estimar a consistência interna de um instrumento de medida, quando existem várias
escolhas para o estabelecimento dos scores (Pestana e Gageiro, 2008).
No seu conjunto, os índices de consistência interna obtidos para o global da escala
SDSCA podem ser considerados bons (α=0,772), superiores aos verificados na versão
portuguesa (α=0,47), bem como superiores ao obtido na versão original da SDSCA

76 Marisol Castelo Branco Simões


(α=0,44). Os valores oscilaram entre os 0,832 (dimensão cuidado com os pés) e os
0,207 (dimensão monitorização da glicemia capilar). Estes valores podem ser
considerados aceitáveis, se tivermos em consideração o número de itens de cada
dimensão.
A consistência interna da escala MAT neste estudo foi muito boa (α=0,910) e superior
ao verificado pelos autores da versão portuguesa (α=0,60), bem como à obtida na
versão original do MAT (α=0,74).
Pela análise do Quadro 8, estes resultados revelam uma boa consistência interna das
duas escalas, neste estudo.
Quadro 8 - Resultados da consistência interna total das duas escalas por
dimensão - Escala de Autocuidado com a Diabetes - SDSCA e da Escala de
Medida de Adesão aos Tratamentos – MAT

Escalas Nº itens  Cronbach


Alimentação Geral 3 0,488
Autocuidado com a
Diabetes - SDSCA

Alimentação Específica 7 0,648


Atividade Física 2 0,562
Cuidados com os Pés 4 0,832
Medicamentos 2 0,909
Monitorização da Glicemia Capilar 2 0,207
SDSCA (GLOBAL) 20 0,772
Medida de Adesão aos Tratamentos - MAT 7 0,910

5.4.2 - Pré-teste

O pré-teste foi aplicado para identificar, assim, as dificuldades que poderiam surgir na
aplicação dos instrumentos, quer na compreensão das perguntas formuladas, quer no
encadeamento das várias questões, quer na aplicação das próprias escalas já
validadas e aplicadas em outros estudos científicos.
O pré-teste foi realizado, no Centro de Saúde Norton de Matos, a vinte utentes
diabéticos tipo 2, utentes com caraterísticas idênticas aos da amostra selecionada
para o estudo.
A sua aplicação teve uma duração de aproximadamente 20 minutos por utente. Foi
efetuada no mês de março de 2011 e, após algumas dúvidas levantadas pelos
utentes, procedeu-se a pequenas alterações, nomeadamente a pergunta nº 7 –
Parâmetros clínicos essenciais do estudo, colocada a “bold”, para que o participante
que não respondesse, porque não sabia esses valores ou o significado das siglas ou

Marisol Castelo Branco Simões 77


mesmo aqueles que não sabem ler e escrever, pudesse ser ajudado por um familiar a
preencher o questionário ou fosse a investigadora a esclarecer esses mesmos
resultados, durante a consulta de diabetes.
Na segunda parte do questionário, foram introduzidas as perguntas nº 14 e 15 como
perguntas abertas, porque havia muitos diabéticos que referiam não fazer sozinhos a
monitorização da glicemia e a toma dos medicamentos, por vários motivos: “uns
porque não conseguem realizar essas atividades sozinhos” e outros “porque não
sabem ler nem escrever”. Foi também subdividida a pergunta nº18, sobre a motivação,
em três perguntas nº18;19;20, porque, como pergunta única e geral, gerou alguma
confusão aos utentes participantes no pré-teste.

5.5 – POPULAÇÃO ALVO E AMOSTRA DO ESTUDO

A população alvo deste estudo foram os utentes diabéticos tipo 2, da Extensão de


Saúde de Ceira do Centro de Saúde Norton de Matos – ACES BM1 - Coimbra, que
frequentam a consulta clínica e de enfermagem nesta unidade. A escolha desta
unidade de saúde prendeu-se com o facto de estarmos a trabalhar com estes utentes
e possuirmos um ficheiro informático no SINUS, no SAPE e no SAM que possibilita um
melhor acesso ao agendamento das consultas de diabetes.

Os critérios de inclusão da amostra foram:


 Utente ser portador de diabetes tipo 2;
 Diagnosticada há um ano ou mais;
 Fazer a vigilância na Consulta de Diabetes da Extensão de Saúde de Ceira;
 Fazer autovigilância da glicemia;
 Fazer terapêutica farmacológica;
 Mostrar-se disponível para participar no estudo.
Nos critérios de exclusão, foram considerados todos aqueles utentes que não reuniam
os critérios de inclusão mencionados.
Os dados são representativos da população donde provém a amostra, sendo na
totalidade 288 utentes diabéticos, como já foi referido no Quadro 5.

5.6 – PROCEDIMENTOS DA COLHEITA DE DADOS

Foi solicitado as autorizações aos autores das escalas que foram aplicadas, dos quais
se obteve a resposta de autorização (Anexo III). Foi enviado, também por escrito

78 Marisol Castelo Branco Simões


(Anexo IV), em dezembro de 2010, à Gestora do Agrupamento ACES BM1 e à
Coordenadora de Enfermagem do mesmo agrupamento, bem como à Diretora e
Enfermeira responsável do CSNM, o pedido para a realização do estudo na Extensão
de Saúde de Ceira aos utentes diabéticos tipo 2, onde posteriormente se realizou a
colheita de dados. Foi igualmente efetuado o pedido de consentimento informado aos
utentes diabéticos participantes.
Deste modo, o trabalho de campo, bem como o consentimento informado de cada
participante, teve início em abril de 2011 e términus em dezembro de 2011. O
recrutamento dos participantes foi efetuado através de contato direto na consulta de
enfermagem de diabetes, às quintas-feiras das 09 horas às 13 horas, pela
investigadora que faz parte da equipa de enfermagem.
O preenchimento do questionário foi realizado no fim da consulta de enfermagem,
enquanto os utentes estavam à espera da consulta clínica. Foi utilizado um gabinete
de consulta disponível, com ambiente calmo e com privacidade. O tempo médio que
os participantes necessitaram para preencher o questionário foi igual ao do pré-teste.

5.7 – QUESTÕES ÉTICAS

Os utentes identificados como diabéticos tipo 2, na Unidade de Saúde já referida,


foram apurados os que preenchiam os critérios de inclusão do estudo e foi realizada a
proposta de participação no estudo, após explicação do teor e interesse do mesmo,
salvaguardando a confidencialidade. Relativamente aos utentes que responderam ao
questionário, antes de iniciar o preenchimento, foi-lhes pedido o consentimento
informado, realçando a possibilidade de recusarem ou desistirem da participação, bem
como a garantia do anonimato e a confidencialidade dos dados (Anexo V).
A cada questionário preenchido foi atribuído um número, sendo que a identificação do
mesmo foi do conhecimento exclusivo da investigadora do estudo.

5.8 - TRATAMENTO E ANÁLISE DOS DADOS

O tratamento dos dados foi realizado através do programa estatístico IBM-SPSS,


versão 19.0. Para a consistência interna das duas escalas, foi utilizado o coeficiente
“alpha de Cronbach”, como nos indica o Quadro 9.

Marisol Castelo Branco Simões 79


A decisão dos testes estatísticos (paramétricos ou não paramétricos) a utilizar para o
tratamento e análise de dados, adequaram-se em função dos seguintes critérios: o
valor de simetria, obtido através do quociente entre o valor estatístico da Skewness
pelo erro padrão da medida; o valor de achatamento, obtido através do quociente
entre o valor estatístico da Kurtosis pelo seu valor do erro padrão; a avaliação da
aderência à normalidade, através da utilização do teste estatístico de Kolmogorov-
Smirnov (quando p>0,05 as variáveis em estudo possuem uma distribuição normal).
A leitura dos coeficientes de simetria e achatamento (curtose) permitiu constatar que
as distribuições são simétricas e mesocúrticas. Esta análise, e mediante os valores
encontrados no teste de Kolmogorov-Smirnov com a correcção de Lilliefors (Quadro 9)
permitiram concluir que a amostra segue uma distribuição normal, associado à
dimensão da amostra, elegendo para o nosso estudo a utilização de testes estatísticos
paramétricos.
Como medidas descritivas, utilizaram-se frequências (absolutas e relativas), medidas
de tendência central (média, moda de mediana), medidas de dispersão (desvio
padrão, coeficiente de variação, mínimo e máximo).
Para a estatística inferencial, foi utilizado o teste t de Student para diferença de médias
com grupos independentes (variável nominal dicotómica/variável ordinal), análise de
variância Anova (variável nominal + 2 classes/variável ordinal) e correlação de
Pearson (variáveis numéricas). A interpretação dos testes estatísticos foi realizada
com base no nível de significância de p<0,05 (intervalo de confiança de 95%),
rejeitando-se a hipótese nula, sempre que a probabilidade do erro tipo I fosse inferior a
este valor.
Verificou-se que os dados encontrados nesta amostra (n=131) apontam para boas
caraterísticas de fidelidade e de validade das escalas aplicadas.

Quadro 9 - Resultados do teste de Kolmogorov-Smirnov ao Autocuidado com a


Diabetes - SDSCA e a Medida de Adesão aos Tratamentos - MAT

Kolmogorov Nível de
Escalas -Smirnova Significância
Autocuidado com

Alimentação Geral 0,092 0,200


a Diabetes -

Alimentação Específica 0,054 0,200


SDSCA

Atividade Física 0,080 0,200


Cuidados com os Pés 0,064 0,200
Medicamentos 0,036 0,200
Monitorização da Glicemia Capilar 0,054 0,200

Medida de Adesão aos Tratamentos - MAT 0, 017 0,200


a
Lilliefors Significance Correction

80 Marisol Castelo Branco Simões


6 – RESULTADOS DO ESTUDO

6.1 - CARATERIZAÇÃO SÓCIODEMOGRÁFICA DA AMOSTRA

A amostra do estudo foi constituída por 131 utentes diabéticos tipo 2, do Centro de
Saúde Norton de Matos – Extensão de Saúde de Ceira, do ACES Baixo Mondego 1,
com idades compreendidas entre os 45 e os 92 anos.
A maioria da amostra (75.5%) tem idade igual ou superior a 65 anos, seguindo-se
16.1% com idades compreendidas entre os 55 e os 64 anos. De referir que o grupo
etário de indivíduos mais jovens (45-54 anos) é o menos representativo (8,4%).

Quadro 10 – Distribuição da amostra segundo o Grupo Etário

Idade Nº %
45-54 anos 11 8.4
55-64 anos 21 16.1
65-74 anos 32 24.4
75-84 anos 34 25.9
85-94 anos 33 25.2
Total 131 100.0

No Quadro 11 segundo a idade, apresenta-se a média calculada e é de 68,2 (±9,36)


anos, sendo a moda de 65 e a mediana de 68 anos.

Quadro 11 – Estatística Descritiva da amostra segundo a Idade 1

 DP Md Mo Mín Max

Idade 68,20 9,36 68 65 45 92

Relativamente ao sexo (Quadro 12) a distribuição dos diabéticos tipo 2 da amostra é


homogénea, 51,9% são homens e 48,1% mulheres.

Quadro 12 – Distribuição da amostra segundo o Sexo

Sexo Nº %
Masculino 68 51.9
Feminino 63 48.1
Total 131 100.0

1
Uma vez que os dados apresentados nos quadros são todos eles retirados da mesma amostra omite-se essa
designação.

Marisol Castelo Branco Simões 81


Quanto à distribuição da amostra segundo o seu estado civil (Quadro 13) pode
constatar-se que a maioria (68,7%) é casada ou vive em união de facto. De referir que
21,4% são viúvos, 5,3% são solteiros e 4,6% divorciados/separados.

Quadro 13 – Distribuição da amostra segundo o Estado Civil

Estado Civil Nº %
Solteiro 7 5.3
Casado/União de facto 90 68.7
Divorciado/Separado 6 4.6
Viúvo 28 21.4
Total 131 100.0

No que concerne à escolaridade dos diabéticos tipo 2 da amostra (Quadro 14),


constatou-se que a maioria (56,5%) possui apenas o 1º Ciclo, seguindo-se 16,0% que
não sabe ler ou escrever (analfabetos). De referir que 12,2% dos participantes nunca
frequentou a escola, mas sabe ler e escrever, sendo que apenas 2,3% possuem
formação Curso Superior/Licenciatura.

Quadro 14 – Distribuição da amostra segundo a Escolaridade

Escolaridade Nº %
Não sabe ler, nem escrever 21 16.0
Nunca estudou, mas sabe ler e escrever 16 12.2
1º Ciclo 74 56.5
2º Ciclo 11 8.4
3º Ciclo 6 4.6
Curso Superior/Licenciatura 3 2.3
Total 131 100.0

No que respeita à situação laboral dos diabéticos tipo 2 da amostra (Quadro 15)
verificou-se que a grande maioria (76,3%) são reformados, somente 22,9% estão
numa situação ativa e “um” encontra-se desempregado.

Quadro 15 - Distribuição da amostra segundo a Situação Profissional

Situação Profissional Nº %
Reformado/a 100 76.3
Desempregado/a 1 0.8
Trabalhador/a Activo/a 30 22.9
Total 131 100.0

82 Marisol Castelo Branco Simões


Relativamente ao agregado familiar da amostra (com quem vivem) verifica-se que a
maioria (66,4%) vive com o cônjuge, sendo que 19,1% vive sozinho e 10,7% vivem
com os filhos.

Quadro 16 – Distribuição da amostra segundo o Agregado Familiar


Agregado Familiar Nº %
Vive sozinho em casa 25 19.1
Vive com cônjuge/acompanhante 87 66.4
Vive com os filhos 14 10.7
Vive com outros familiares 4 3.1
Irmãos 1 0.8
Total 131 100.0

6. 2 - CARATERIZAÇÃO DAS VARIÁVEIS CLÍNICAS DA AMOSTRA

A análise do Quadro 17, referente às caraterísticas antropométricas dos diabéticos tipo


2 da amostra, permitiu verificar que, em relação ao peso, este oscilou entre um mínimo
de 48 Kg e um máximo de 127 Kg, sendo a média de 81,71 Kg, com um desvio padrão
de 15,28. Quanto à altura dos participantes do estudo, esta oscilou entre um mínimo
de 144 cm e um máximo de 180 cm, sendo a média de 162,02 cm, com um desvio
padrão de 8,29.

Quadro 17 – Estatística Descritiva da Altura e Peso

 DP Md Mo Mín Max
Altura 162,02 8,29 162 158 144 180

Peso 81,71 15,28 80 84 48 127

A conjugação do peso com a altura dos diabéticos tipo 2 da amostra permitiu calcular
o índice de massa corporal (IMC) e a sua categorização (Quadro 18). Assim, a maioria
(55%) eram obesos e 38,9% tinha excesso de peso. De referir que apenas 6,1% eram
normoponderais.
Quadro 18 – Distribuição da amostra segundo o IMC

IMC Nº %
Normoponderais < 25 8 6.1
Excesso de peso 25 - 30 51 38.9
Obesidade > 30 72 55.0
Total 131 100.0

Marisol Castelo Branco Simões 83


Em relação à distribuição dos diabéticos tipo 2 da amostra, segundo os valores de
glicemia capilar (Quadro 19) a maioria (51,1%) tinha valores considerado normais,
sendo que 48,1% tinham valores de hiperglicémia (≥ 126 mg/dl) e apenas 0,8%
apresentava valores de hipoglicémia (<80 mg/dl).

Quadro 19 – Distribuição da amostra segundo os valores de Glicemia Capilar

Glicemia Nº %
Hipoglicémia < 80 mg/dl 1 0.8

Normal 80 - 125 mg/dl 67 51.1

Hiperglicémia ≥126 mg/dl 63 48.1


Total 131 100.0

No Quadro 20, em relação aos valores de glicemia capilar dos diabéticos tipo 2 da
amostra, a média foi de 140,92 mg/dl com um desvio padrão de 50,89, sendo o valor
mínimo de 78 e o máximo de 381 mg/dl.

Quadro 20 – Estatística Descritiva dos valores de Glicemia Capilar

 DP Md Mo Mín Max
Glicemia 140,92 50,89 125 105 78 381

A leitura e a análise dos Quadros 21 e 22 permite constatar que a maioria dos


diabéticos tipo 2 da amostra (54,3%) são hipertensos, sendo que apenas 45,8% têm
valores de tensão arterial dentro dos parâmetros normais (sistólica ≤ 139mmHg e
diastólica ≤ 89mmHg).

Quadro 21 – Distribuição da amostra segundo os valores de Tensão Arterial

Tensão Arterial Nº %
Normal 60 45.8
HTA Ligeira (Grau I) 45 34.4
HTA Moderada (Grau II) 22 16.8
HTA Grave (Grau III) 4 3.1
Total 131 100.0

Relativamente às variáveis clínicas (tensão arterial: sistólica e diastólica), o Quadro 22


apresenta a média da tensão sistólica que foi de 138,08 mmHg (DP=18,88), tendo
oscilado os valores entre um mínimo de 84 e um máximo de 180 mmHg. Já em
relação à diastólica, os valores oscilaram entre um mínimo de 60 e um máximo de 110
mmHg, sendo a média de 80,69 (DP=10,79).

84 Marisol Castelo Branco Simões


Quadro 22 – Estatística Descritiva dos valores da Tensão Arterial

 DP Md Mo Mín Max
TA Sistólica 138,08 18,88 136 130 84 180
TA Diastólica 80,69 10,79 80 80 60 110

O perímetro abdominal é a medida antropométrica que melhor avalia à quantidade de


tecido adiposo visceral dos participantes. O Quadro 23 permite constatar que a maioria
(67,2%) dos diabéticos tipo 2 da amostra tinham um perímetro de cintura elevado (>
102 cm nos homens e > 88cm nas mulheres). Contudo, esse valor era de 85,7% nas
mulheres e apenas 50,0% nos homens. De referir que 17,6% dos homens tinha um
perímetro de cintura inferior a 94 cm (baixo risco), sendo esse valor nas mulheres de
apenas 6,3% (< 80cm).

Quadro 23 - Distribuição da amostra segundo o Perímetro Abdominal e o Sexo

Sexo Feminino Masculino Total


Perímetro
Abdominal Nº % Nº % Nº %
Baixo Risco
4 6.3 12 17.6 16 12.2
♂< 94cm; ♀< 80 cm
Risco Moderado
5 7.9 22 32.4 27 20.6
♂94-102cm; ♀80-88 cm
Risco Elevado
54 85.7 34 50.0 88 67.2
♂> 102cm; ♀> 88 cm
Total 68 100.0 63 100.0 131 100.0

Os valores de hemoglobina glicosilada (HbA1c) permite identificar a concentração


média de glicose no sangue, durante períodos longos de tempo, nos diabéticos tipo 2
da amostra. No Quadro 24 em que temos a distribuição da amostra, segundo se tem a
diabetes controlada em relação aos valores de hemoglobina glicosilada, responderam
sim a maioria 63,4% dos participantes, sendo que 36,6% refere que a diabetes não
está controlada.

Quadro 24 – Distribuição da amostra do controlo da diabetes segundo valores


de Hemoglobina Glicosilada
HbA1c Nº %
Diabetes controlada 83 63.4
Diabetes não controlada 48 36.6
Total 131 100.0

Marisol Castelo Branco Simões 85


Assim, e da análise do Quadro 25, pode constatar-se que a maioria dos participantes
tinha a diabetes controlada (HbA1c≤ 7%). O valor médio observado foi de 7,15 (±4,72),
sendo a moda de 6.1 e a mediana de 6,7, tendo os valores oscilado entre um mínimo
de 4,8 e um máximo de 14,7.

Quadro 25 – Estatística Descritiva dos valores de Hemoglobina Glicosilada


 DP Md Mo Mín Max
HbA1c 7.15 1.59 6.7 6.1 4.8 14.7

A análise do Quadro 26 permitiu constatar que a maior parte (41,2%) dos participantes
da amostra é diabético há mais de 10 anos e 32,9% há cinco ou menos anos.

Quadro 26 – Distribuição da amostra segundo “há quanto tempo é diabético”

Tempo que é diabético? Nº %


1 Ano 11 8.4
2 Anos 9 6.9
3 Anos 8 6.1
4 Anos 9 6.9
5 Anos 6 4.6
>5 e < 10 Anos 21 16.0
10 Anos 13 9.9
> 10 Anos 54 41.2
Total 131 100.0

A grande maioria dos participantes da amostra (78,6%) responderam afirmativamente,


quando questionados “se tem família com Diabetes Mellitus” (Quadro 27).

Quadro 27 – Distribuição da amostra da Diabetes Mellitus na família

Família com Diabetes Mellitus? Nº %


Sim 103 78.6
Não 28 21.4
Total 131 100.0

A análise do Quadro 28 permitiu constatar que dos diabéticos tipo 2 da amostra, que
tinham familiares diabéticos, a maior parte (23,3%) referiu ser o pai e a mãe, seguindo-
-se 22,3% que referiram só o pai e 20,4% os irmãos. De salientar que apenas 9,7%
dos participantes referiram a mãe isoladamente.

86 Marisol Castelo Branco Simões


Quadro 28 – Distribuição da amostra com familiares diabéticos segundo o grau
de parentesco
Grau de Parentesco Nº %
Pai 23 22.3
Mãe 10 9.7
Tios 14 13.6
Primos 3 2.9
Irmãos 21 20.4
Pai, mãe e irmãos 8 7.8
Pai e Mãe 24 23.3
Total 103 100.0

Em relação ao tratamento instituído para a diabetes nos participantes da amostra


(Quadro 29) pode verificar-se que a grande maioria (77,1%) toma apenas
antidiabéticos orais, sendo que destes 17,6% fazem dieta e 31,3% associam também
o exercício físico. De salientar que 22,2% dos participantes fazem tratamento com
insulina.

Quadro 29 – Distribuição da amostra segundo o tipo de tratamento para a


diabetes

Tratamento Nº %
Somente antidiabético oral 37 28.2
Somente insulina 9 6.9
Dieta e antidiabético oral 23 17.6
Dieta e insulina 2 1.5
Exercício e antidiabético oral 1 0.8
Dieta, antidiabético oral e exercício 41 31.3
Dieta, insulina e exercício 8 6.1
Antidiabético oral e insulina 7 5.3
Antidiabético oral, insulina e dieta 1 0.8
Antidiabético oral, insulina e exercício 1 0.8
Antidiabético oral, insulina, dieta e exercícios 1 0.8
Total 131 100.0

Quando questionados os participantes da amostra, sobre “qual foi o profissional de


saúde que os informou” do diagnóstico da diabetes tipo 2 (Quadro 30) a grande
maioria (90,1%) respondeu que foi o médico e 8,4% que foi o enfermeiro.

Marisol Castelo Branco Simões 87


Quadro 30 – Distribuição da amostra segundo o profissional de saúde que os
informou do diagnóstico da diabetes tipo 2

Profissional de saúde que informou da diabetes Nº %


Médico/a 118 90.1
Enfermeiro/a 11 8.4
Hospital/Equipa multidisciplinar 2 1.5
Total 131 100.0

Em relação ao profissional de saúde que fez os ensinos (medicação; alimentação;


exercício físico; monitorização da glicemia; cuidados com os pés; etc. …) sobre a
diabetes (Quadro 31) pode constatar-se que quase a totalidade dos participantes
(96,9%) referiu o enfermeiro e apenas 2,3% o médico.

Quadro 31 – Distribuição da amostra segundo o profissional de saúde que


realizou os ensinos sobre a diabetes

Profissional de saúde que realizou os ensinos Nº %


Médico/a 3 2.3
Enfermeiro/a 127 96.9
Hospital/Equipa multidisciplinar 1 0.8
Total 131 100.0

Quanto à perceção dos diabéticos tipo 2 da amostra, em relação à confiança/


segurança nas informações que lhe foram dadas nos ensinos (Quadro 32) a grande
maioria (91,6%) dos participantes referiu sentir confiança/segurança nos ensinos que
lhe foram ministrados e apenas um (0,8%) referiu não sentir confiança/segurança
nesses ensinos.

Quadro 32 – Distribuição da amostra segundo a confiança/ segurança da


informação ministrada

Confiança/ segurança nas informações que foram dadas Nº %


Sim 120 91.6
Não 1 0.8
Não sabe 10 7.6
Total 131 100.0

A maioria dos diabéticos tipo 2 da amostra (84,7%) refere que as frequências das
consultas de diabetes de 4/4 meses são suficientes, sendo que 12,2% não sabem e
3,1% consideram insuficiente esse número de consultas.

88 Marisol Castelo Branco Simões


Quadro 33 – Distribuição da amostra segundo a frequência das consultas de
diabetes
Consultas de diabetes de 4/4 meses são suficientes? Nº %
Sim 111 84.7
Não 4 3.1
Não sabe 16 12.2
Total 131 100.0

Quando questionados os participantes da amostra, “se foi informado das complicações


que pode ter se não obedecer à adesão ao regime terapêutico” (Quadro 34) a grande
maioria (90,1%) respondeu afirmativamente e 9,9% que não sabem.

Quadro 34 – Distribuição da amostra segundo a informação dada das


complicações da não adesão ao regime terapêutico
Complicações da não adesão ao regime terapêutico Nº %
Sim 118 90.1
Não sabe 13 9.9
Total 131 100.0

O Quadro 35 permitiu verificar quais as principais complicações de saúde, referidas


pelos diabéticos tipo 2 da amostra, decorrentes da diabetes. Assim, os problemas de
circulação foram referidos por 94 diabéticos, sendo a principal os hipocoagulados,
seguindo-se as neuropatias (86 participantes) e apenas um especificou
(mononeuropatia dismielinizante), em 3º lugar surge a retinopatia com 82 participantes
sendo as principais patologias o glaucoma e a diminuição da visão/cegueira, com igual
número surge a patologia cardíaca, sendo as patologias mais referidas os Acidentes
Vasculares Cerebrais – AVC, as arritmias e o enfarte do miocárdio. As nefropatias
foram referidas por 48 participantes (nefropatia diabética, diálise e insuficiência renal)
e o pé diabético por 12 participantes (4 amputados).
Nas outras patologias, as mais referidas foram as dores ósseas/lombares (38), a
depressão (34), as respiratórias (9) e as dislipidémias (9) com 18 participantes.
Quadro 35 – Ordenação das principais complicações de saúde que surgiram
com a diabetes
Complicações de Saúde Nº % Quais/ Mais referidas
Circulação 94 71.8 Hipocoagulados; Anemia ferropénica; Flebites; Varizes
Neuropatia 86 65.6 Mononeuropatia dismielinizante
Glaucoma; Diminuição Visão/Cegueira; Cataratas;
Retinopatia 82 62.6 Descolamento retina; Exoftalmia
AVC; Arritmias; Enfarte miocárdio; Insuficiência Cardíaca;
Coração 82 62.6 Cardiomegália
Nefropatia diabética; Diálise; Insuficiência Renal; Cálculos
Nefropatia 48 36.6 renais; Nefrectomia
Pé diabético 12 9.2 Amputação; Necrose; Úlceras
Ósseas/Lombares; Depressão; Respiratórias; Dislipidémias;
Outras 98 74,8 Tumores Oncológicos; Alcoolismo; Hérnia hiato; Psoríase

Marisol Castelo Branco Simões 89


Os diabéticos tipo 2 da amostra quando questionados, “se tem outras complicações
resultantes da diabetes” (Quadro 36) a complicação mais referida foi o colesterol alto
com 126 participantes, seguindo-se a hipertensão arterial (121) e, em terceiro lugar, os
problemas da circulação (84). A obesidade foi referida por 67 participantes da amostra.

Quadro 36 – Ordenação das complicações resultantes da diabetes

Complicações da Diabetes Nº %
Colesterol alto 126 96.2
HTA 121 92.4
Circulação 84 64.1
Obesidade 67 51.1

Quando questionados “se toma medicação contínua para outra doença além da
diabetes” (Quadro 37), a quase totalidade (98,5%) responderam afirmativamente.

Quadro 37 – Distribuição da amostra segundo a toma de outra medicação


contínua para outras doenças
Medicação para outra doença? Nº %
Sim 129 98.5
Não 2 1.5
Total 131 100.0

No que concerne aos internamentos decorrentes de complicações da diabetes nos


diabéticos tipo 2 da amostra (Quadro 38) apenas 19,8% dos participantes os referiram,
sendo para 16,8% derivados a hiperglicemias. De salientar que 80,2% dos
participantes da amostra nunca foram internados por problemas relacionados com a
diabetes.

Quadro 38 – Distribuição da amostra segundo os internamentos por problemas


decorrentes da diabetes

Internamento devido há diabetes? Nº %


Sem internamento 105 80.2
Hipoglicémia 1 0.8
Hiperglicemias 22 16.8
AVC 1 0.8
Nefrectomia 1 0.8
Problemas Circulação 1 0.8
Total 131 100.0

90 Marisol Castelo Branco Simões


O Quadro 39 permitiu constatar que os participantes da amostra, que tiveram
internamentos decorrentes da diabetes, tiveram em média 5,36 (±2,92) internamentos,
tendo estes oscilado entre um mínimo de “um” e um máximo de “dez”.

Quadro 39 – Estatística Descritiva do número de internamentos da amostra que


tiveram internamentos por complicações da diabetes

 DP Md Mo Mín Max
Nº Internamentos
5,36 2,92 5 3 1 10
devido à Diabetes

Ao questionar os diabéticos tipo 2 da amostra, “sabe fazer o controlo da diabetes -


monitorização da glicemia”, a grande maioria (80,9%) respondeu afirmativamente;
contudo, 19,1% responderam que não.

Quadro 40 – Distribuição da amostra segundo “a capacidade de saber fazer" o


controlo da diabetes
Sabe fazer o controlo da diabetes? Nº %
Sim 106 80.9
Não 25 19.1
Total 131 100.0

Dos diabéticos tipo 2 da amostra que “dizem saber fazer” a monitorização da glicemia,
a grande maioria (84,9%) faz o controlo em jejum, seguindo-se 12,3% que fazem
também ao jantar, sendo que apenas 2,8% o fazem quatro vezes ao dia (jejum,
almoço, jantar e deitar).

Quadro 41 – Distribuição da amostra - Avaliação da monitorização da glicemia


segundo a frequência do controlo da diabetes
Como faz o controlo da diabetes? Nº %
Jejum 90 84.9
Jejum e antes jantar 13 12.3
Jejum, almoço, jantar e deitar 3 2.8
Total 106 100.0

No que se refere ao autocontrolo da diabetes (Quadro 42) pode verificar-se que 79,4%
dos participantes são autónomos. Apenas 20,6% têm ajuda de terceiros.

Quadro 42 – Distribuição da amostra segundo a autonomia do controlo da


monitorização da glicemia

Faz sozinho o controlo da diabetes? Nº %


Sim 104 79.4
Não 27 20.6
Total 131 100.0

Marisol Castelo Branco Simões 91


Em relação aos 27 participantes da amostra, que necessitam de ajuda no controlo da
diabetes, a maioria (63%) tem ajuda dos filhos, seguindo-se 22,2% em que essa ajuda
é do cônjuge. De referir que 7,4% referiram ter ajuda de um vizinho.

Quadro 43 – Distribuição da amostra segundo “quem ajuda” no controlo da


diabetes
Quem o ajuda? Nº %
Cônjuge 6 22.2
Filhos 17 63.0
Irmã 1 3.7
Centro dia 1 3.7
Vizinho 2 7.4
Total 27 100.0

Os diabéticos tipo 2 da amostra, quando questionados, “se toma a medicação


sozinho”, a grande maioria (80,2%) responderam afirmativamente.

Quadro 44 – Distribuição da amostra segundo a autonomia da toma da


medicação
Toma a medicação sozinho? Nº %
Sim 105 80.2
Não 26 19.8
Total 131 100.0

Quando questionados os diabéticos tipo 2 da amostra “quem o ajuda a tomar a


medicação”, a maioria (65,4%) referiu que são os filhos, seguindo-se 23,1% que tem
ajuda do cônjuge e 7,7% de vizinhos.

Quadro 45 – Distribuição da amostra segundo “quem ajuda” na toma da


medicação

Quem o ajuda na toma da medicação? Nº %


Cônjuge 6 23.1
Filhos 17 65.4
Centro dia 1 3.8
Vizinho 2 7.7
Total 26 100.0

Quando questionados, “se na sua opinião os seus diabetes estão controlados”, a


maioria (65,6%) respondeu afirmativamente; contudo, 26,8% desconhece/não sabe e
7,6% referiram não ter a sua diabetes controlada.

92 Marisol Castelo Branco Simões


Quadro 46 – Distribuição da amostra segundo “a apreciação” do controlo da
diabetes
Diabetes estão controlados? Nº %
Sim 86 65.6
Não 10 7.6
Não sabe 35 26.8
Total 131 100.0

A análise do Quadro 47 permite constatar que a maioria (70,2%) dos diabéticos tipo 2
da amostra, considera que tem um controlo aceitável da doença, sendo que para
19,1% é mau e apenas para 10,7% bom.

Quadro 47 – Distribuição da amostra segundo “a forma como considera” o


controlo da doença
Como considera o seu controlo da doença? Nº %
Bom 14 10.7
Aceitável 92 70.2
Mau 25 19.1
Total 131 100.0

No que se refere a motivação para aderir ao regime terapêutico (Quadro 48) a grande
maioria (75,6%) dos participantes refere estar motivado, 21,4% não sabem e apenas
3,1% manifestaram não estar motivados para adesão ao regime terapêutico.

Quadro 48 – Distribuição da amostra segundo a motivação para aderir ao regime


terapêutico

Motivação para Aderir ao Regime Terapêutico Nº %


Sim 99 75.6
Não 4 3.1
Não sabe 28 21.4
Total 131 100.0

Em relação à perceção dos diabéticos tipo 2 da amostra, acerca da motivação da


família/amigos para aderir ao regime terapêutico, a maioria (65,6%) considera que a
família/amigos estão motivados, 20,6% não sabem e 13,7% referem não sentir essa
motivação da família/amigos.
Quadro 49 – Distribuição da amostra segundo a perceção da motivação da
família/amigos para a adesão ao regime terapêutico

Motivação Família/Amigos para Aderir ao Regime Terapêutico Nº %


Sim 86 65.6
Não 18 13.7
Não sabe 27 20.6
Total 131 100.0

Marisol Castelo Branco Simões 93


Os participantes da amostra quando questionados, “se houvesse um grupo educativo
de ajuda em diabetes, participava”, a maior parte (43,5%) referiu que sim, seguindo-se
29,8% que referiram que não e 26,7% não sabem.

Quadro 50 – Distribuição da amostra segundo “o interesse na participação” de


um grupo educativo
Participava num grupo educativo de ajuda em diabetes Nº %
Sim 57 43.5
Não 39 29.8
Não sabe 35 26.7
Total 131 100.0

A adesão dos diabéticos tipo 2 da amostra à medicação para tratamento da sua


diabetes, avaliada através da escala “MAT”, como “escala dicotómica convertida” (sim
e não) permitiu concluir que a grande maioria dos participantes aderem à terapêutica
(69,5%). Contudo, 30,5% dos participantes podem ser considerados como não aderem
aos tratamentos medicamentosos para a sua doença (diabetes).

Quadro 51 – Distribuição da amostra segundo a Adesão aos Tratamentos

Adesão aos Tratamentos Nº %


Não Aderente 40 30.5
Aderente 91 69.5
Total 131 100.0

No que diz respeito à análise descritiva do instrumento de autocuidado com a diabetes


nos participantes da amostra (avaliado pela escala de Atividades de Autocuidado com
a Diabetes - SDSCA) neste estudo, considerou-se que, quanto mais elevada fosse a
pontuação obtida, maior o comportamento adotado, nos últimos sete dias, de
autocuidado com a diabetes, sendo o “zero” a situação menos desejável e “sete” a
mais favorável.
Assim, pela análise do Quadro 52, e dos valores médios, verificou-se, em cada
dimensão, que a dimensão terapêutica farmacológica (“medicamentos”) é a
componente do regime terapêutico com melhor nível de adesão 4,74 (±1,69) dias por
semana, sendo que a “monitorização da glicemia capilar” apresenta uma média de
adesão de 4,64 (±1,41) dias por semana. Em terceiro lugar, surgem os “cuidados
com os pés” com uma média de adesão de 4,09 (±1,07). A “alimentação específica”
tem uma média de adesão (3,8±1,01) superior à “alimentação geral” (2,63±1,05). A

94 Marisol Castelo Branco Simões


“atividade física” é a componente com menor nível de adesão, sendo o score obtido,
em média, de 1,50 (±1,51) dias da semana.

Quadro 52 – Estatística Descritiva do Autocuidado com a Diabetes - SDSCA


Mínimo Máximo
Autocuidado com a Diabetes  DP Mediana
Observado Observado

Alimentação Geral 2,63 1,05 2.5 0 7

Alimentação Específica 3,80 1,01 3.75 1.25 6.13

Atividade Física 1,50 1,51 1 0 7

Cuidados com os Pés 4,09 1,07 4.5 0 5.25


Medicamentos 4,74 1,69 5 1 7
Monitorização da Glicemia
4,64 1,41 5 0 7
Capilar

Nesta escala foi efetuado um tratamento diferenciado para a questão dos hábitos
tabágicos. Assim da análise do Quadro 53, pode constatar-se que apenas 6,9% dos
participantes da amostra fumou na última semana.

Quadro 53 – Distribuição da amostra segundo os hábitos tabágicos “nos últimos


sete dias”

Fumou últimos sete dias Nº %


Não 122 93.1
Sim 9 6.9
Total 131 100.0

Quando questionados os diabéticos tipo 2 da amostra que referiram fumar nos últimos
sete dias, à questão “quantos cigarros fuma, habitualmente, num dia” (Quadro 54) a
média é de 14,14 cigarros, sendo a moda de 20 e a mediana de 8, sendo o mínimo
referido de 2 e o máximo de 40/cigarros dia.

Quadro 54 – Estatística Descritiva do número de cigarros que a amostra referiu


que fuma por dia

 DP Md Mo Mín Max
Nº cigarros/dia 14,14 13,59 8 20 2 40

Os diabéticos tipo 2 da amostra, quando questionados, “quando fumou o seu último


cigarro”, a maioria (51,9%) referiu que nunca fumou, seguindo-se 33,6% que referiram
que foi a mais de dois anos atrás e apenas 5,3% que foi hoje.

Marisol Castelo Branco Simões 95


Quadro 55 – Distribuição da amostra segundo a questão “quando fumou o
último cigarro”
Quando foi que fumou o último cigarro Nº %
Nunca fumou 68 51.9
Há mais de dois anos atrás 44 33.6
Um a dois anos atrás 11 8.4
No último mês 1 0.8
Hoje 7 5.3
Total 131 100.0

6.3 – ESTATÍSTICA INFERENCIAL

De forma a testar a relação entre as variáveis, procedeu-se ao teste de cada uma das
hipóteses. Os resultados são apresentados em quadros antecedidos da respetiva
análise. Como já referido anteriormente, foi utilizado um nível de significância de 0,05.

H1 - As caraterísticas sociodemográficas (sexo; idade; estado civil;


escolaridade; situação laboral e agregado familiar) do diabético tipo 2
influenciam o seu autocuidado com a diabetes.

Relação entre o sexo e o autocuidado com a diabetes


por parte dos participantes com diabetes tipo 2

Pela leitura e análise do Quadro 56, que compara o autocuidado com a diabetes nos
participantes com diabetes tipo 2 e a sua relação com o sexo, verificou-se que os
homens apresentavam um valor médio mais baixo para a maioria das dimensões
(exceção na “atividade física” e “medicamentos”). Para verificar se existe ou não
diferença significativa entre os sexos, utilizou-se o teste t de Student para diferença de
médias, com grupos independentes, e identificou-se a existência de diferença
altamente significativa (p<0,001) em relação à “alimentação específica”, o que nos
permitiu concluir que existe relação entre o sexo feminino e o autocuidado com a
doença, nomeadamente na dimensão “alimentação específica”.

96 Marisol Castelo Branco Simões


Quadro 56 - Resultado da aplicação do teste t de Student, relativamente ao Sexo
e ao Autocuidado com a Diabetes

Sexo Masculino Feminino


n = 68 n = 63
Autocuidado com a t p
Diabetes  DP  DP
Alimentação Geral 2.47 1.03 2.81 1.05 -1,856 0,066
Alimentação Específica 3.43 0.90 4.20 0.97 -4,470 0,000
Atividade Física 1.51 1.47 1.48 1.56 0,115 0,909
Cuidados com os Pés 4.04 1.16 4.16 0.97 -0,649 0,518
Medicamentos 6.99 0.12 6.87 0.45 1,951 0,053
Monitorização da
4.55 1.47 4.73 1.35 -0,722 0,471
Glicemia Capilar

Relação entre a idade e o autocuidado com a diabetes


por parte dos participantes com diabetes tipo 2

Ao comparar a forma como a idade dos participantes se relaciona com o autocuidado


com a diabetes, (correlação de Pearson) em termos globais, observou-se uma
tendência para a idade se correlacionar negativamente com todas as dimensões do
autocuidado, com a exceção da dimensão “alimentação específica”. A correlação é
estatisticamente significativa na maioria das dimensões: “alimentação geral”(r= -0,181;
p=0,039); “atividade física” (r=-0,182; p=0,038); “cuidado com os pés” (r= -0,345;
p=0,000) e “monitorização da glicemia capilar” (r= -0,344; p=0,000). Mediante estes
resultados pode afirmar-se que, consoante aumenta a idade dos participantes
diabéticos tipo 2, estes tendem a evidenciar uma relação menos significativa no
autocuidado com a sua doença, nomeadamente nas dimensões “alimentação geral”,
“atividade física”, “cuidados com os pés” e “monitorização da glicemia capilar”.

Quadro 57 – Resultados Estatísticos relativos à aplicação do Coeficiente de


Correlação de Pearson, à Idade e ao Autocuidado com a Diabetes

IDADE r p
Alimentação Geral -0,181 0,039
Alimentação Específica 0,092 0,296
Atividade Física -0,182 0,038
Cuidados com os Pés -0,345 0,000
Medicamentos -0,124 0,159
Monitorização da Glicemia Capilar -0,344 0,000

Marisol Castelo Branco Simões 97


Relação entre o estado civil e o autocuidado com a diabetes
por parte dos participantes com diabetes tipo 2

Cruzando a informação referente ao estado civil dos participantes diabéticos e o seu


autocuidado com a diabetes (Quadro 58) verificou-se que estes, os casados, são
aqueles que apresentam valores médios mais elevados nas dimensões “atividade
física”, “cuidados com os pés” e “monitorização da glicemia”. Pode ainda constatar-se
que os participantes que são viúvos são aqueles que têm os valores médios mais
baixos para as dimensões “medicamentos” e “monitorização da glicemia capilar”; por
sua vez, os divorciados apresentam também valores mais baixos nas dimensões
“alimentação geral” e “atividade física”.
Para testar se essas diferenças são estatisticamente significativas, utilizou-se o teste
de análise de variância Anova, determinou-se um valor de “p” inferior ao nível de
significância fixado (α=0,05) para os “cuidados com os pés” (p=0,030) e “monitorização
da glicemia capilar” (p=0,049). O teste Post-Hoc de Tukey identifica as diferenças
entre os grupos: solteiro/divorciado/viúvo e casado. Assim, pode afirmar-se que o
estado civil, nomeadamente o ser casado, tem uma relação muito significativa no
autocuidado na diabetes, no que concerne às dimensões do “cuidado com os pés” e
“monitorização da glicemia capilar”.

Quadro 58 - Resultado da aplicação do teste de análise de variância (Anova)


relativamente ao Estado Civil e ao Autocuidado com a Diabetes

Estado Civil Solteiro Casado Viúvo Div.


(n=7) (n=90) (n=28) (n=6)
F p
Autocuidado
 / DP  / DP  / DP  / DP
com a Diabetes
Alimentação Geral 2,57/±1,13 2,77/±1,13 2,30/±0,71 2,17/±0,75 1,872 0,138

Alimentação Específica 3,09/±0,96 3,81/±1,05 3,91/±0,87 3,83/±1,01 1,301 0,277

Atividade Física 1,28/±1,18 1,65/±1,62 1,14/±1,27 1,08/±0,80 1,037 0,379

Cuidados com os Pés 3,61/±0,86 4,29/±1,08 3,68/±1,01 3,83/±0,86 3,090 0,030

Medicamentos 7,00/±0,00 6,95/±0,25 6,82/±0,56 7,00/±0,00 1,375 0,254


Monitorização da
4,21/±1,34 4,87/±1,40 4,09/±1,39 4,25/±1,11 2,688 0,049
Glicemia Capilar

98 Marisol Castelo Branco Simões


Relação entre a escolaridade e o autocuidado com a diabetes
por parte dos participantes com diabetes tipo 2

Pela análise do Quadro 59, que relaciona a escolaridade dos participantes com o seu
autocuidado da diabetes, pode constatar-se que estes, com maior escolaridade (≥ 3º
Ciclo), são aqueles que têm um melhor autocuidado em relação à diabetes, em todas
as dimensões do autocuidado. Contudo, os resultados do teste Anova permitiram
observar sempre um valor de “p” altamente significativo, para todas as dimensões (à
exceção da “alimentação específica”). O teste Post-Hoc de Tukey identifica as
diferenças entre analfabeto/≤1º Ciclo e ≥ 3º Ciclo. Logo, pode afirmar-se que a
escolaridade do diabético tipo 2 desta amostra influencia o seu autocuidado com a
doença.

Quadro 59 - Resultado da aplicação do teste de análise de variância (Anova)


relativamente à Escolaridade e ao Autocuidado com a Diabetes
Escolaridade Analfabeto ≤ 1º Ciclo 2º Ciclo ≥3º Ciclo
(n=21) (n=90) (n=11) (n=9)
F p
Autocuidado
 / DP  / DP  / DP  / DP
com a Diabetes
Alimentação Geral 2,26/±1,69 2,58/±1,01 2,77/±0,95 3,88/±1,16 5,866 0,001
Alimentação Específica 3,73/±0,98 3,78/±0,99 3,87/±1,19 4,07/±1,08 0,271 0,846
Atividade Física 0,57/±0,85 1,47/±1,42 1,95/±1,37 3,44/±1,91 9,496 0,000
Cuidados com os Pés 3,29/±0,88 4,13/±1,09 4,91/±0,35 4,69/±0,55 8,206 0,000
Medicamentos 6,67/±0,65 6,97/±0,21 7/±0,00 7/±0,00 5,901 0,001
Monitorização da
3,44/±1,04 4,67/±1,37 5,88/±0,77 5,61/±1,02 11,590 0,000
Glicemia Capilar

Relação entre a situação laboral e o autocuidado com a diabetes


por parte dos participantes com diabetes tipo 2

Ao avaliarmos a diferença na situação laboral dos participantes com diabetes tipo 2,


tendo em conta o autocuidado que têm com a sua doença (Quadro 60) verificou-se
que os participantes que se encontram em situação ativa apresentam valores médios
mais elevados para a maioria das dimensões (exceto “alimentação específica”) que os
participantes reformados. Logo, estes participantes que se encontram em situação
ativa tem um melhor autocuidado com a doença do que aqueles que são reformados.
O teste estatístico utilizado (teste t de Student de diferença de médias para amostras
independentes) permitiu constatar que a diferença entre os dois grupos é altamente
significativa (p<0,001) em relação ao autocuidado, nas dimensões “cuidados com os

Marisol Castelo Branco Simões 99


pés” e “monitorização da glicemia capilar”. Assim, há relação significativa nas
dimensões “cuidado com os pés” e “monitorização da glicemia capilar”, consoante a
situação laboral do diabetes tipo 2 desta amostra.
Quadro 60 - Resultado da aplicação do teste t de Student, relativamente à
Situação Laboral e ao Autocuidado com a Diabetes

Situação Laboral Reformado Trabalhador


Ativo
Autocuidado n = 100 n = 31
com a Diabetes  DP  DP t p
Alimentação Geral 2.60 1.05 2.76 1.04 -0.736 0.436
Alimentação Específica 3.82 0.99 3.80 1.03 0.076 0.940
Atividade Física 1.38 1.55 1.93 1.31 -1.768 0.079
Cuidados com os Pés 3.93 1.15 4.70 0.34 -3.649 0.000
Medicamentos 6.93 0.32 6.93 0.36 -0.048 0.962
Monitorização da Glicemia
4.41 1.48 5.45 0.66 -3.686 0.000
Capilar

Relação entre a situação de coabitação e o autocuidado com a diabetes


por parte dos participantes com diabetes tipo 2

Comparando o autocuidado com a diabetes nos participantes da amostra e a relação


com a sua situação de coabitação (Quadro 61) os valores médios observados para
cada um dos grupos em estudo permitiram concluir que este valor é mais elevado nos
participantes que vivem com o cônjuge em todas as dimensões do autocuidado, à
exceção da dimensão “medicamentos”. Por outro lado, os participantes que vivem
sozinhos são aqueles que têm um menor autocuidado com sua diabetes (valores
médios mais baixos para a maioria das dimensões do autocuidado). A aplicação do
teste estatístico (Anova) evidencia uma associação significativa (p<0,05) entre os
grupos nas dimensões de “cuidados com os pés” e “monitorização da glicemia capilar”.
O teste Post-Hoc de Tukey identifica as diferenças entre sozinho, filhos e cônjuge.
Logo, pode afirmar-se que a situação de coabitação, nomeadamente o viver com o
cônjuge, tem relação, sobre o autocuidado na diabetes, no que refere às dimensões
“cuidado com os pés” e “monitorização da glicemia capilar”.

100 Marisol Castelo Branco Simões


Quadro 61 - Resultado da aplicação do teste de análise de variância (Anova)
relativamente à Situação de Coabitação e ao Autocuidado com a Diabetes
Situação de Sozinho Cônjuge Outros
Filhos (n=14)
Coabitação (n=25) (n=87) (n=5)
F p
Autocuidado  / DP  / DP  / DP  / DP
com a Diabetes
Alimentação
2,36/±0,82 2,78/±1,15 2,36/±0,77 1,10/±0,41 1,970 0,122
Geral
Alimentação
3,77/±0,74 3,84/±1,08 3,81/±0,98 3,80/±1,01 0,486 0,693
Específica
Atividade Física 1,36/±1,38 1,61/±1,52 1,00/±1,54 1,60/±1,98 0,752 0,523
Cuidados com os
3,65/±1,01 4,28/±1,08 3,84/±0,92 3,90/±1,14 2,725 0,047
Pés
Medicamentos 6,80/±0,55 6,96/±0,23 6,93/±0,27 7/±0,0 1,704 0,169
Monitorização da
4,05/±1,38 4,88/±1,40 4,27/±1,19 4,55/±1,77 2,692 0,049
Glicemia Capilar

H2 – Há relação entre os parâmetros clínicos (glicemia capilar; tensão arterial;


IMC; PA; hemoglobina glicosilada) do diabético tipo 2 e o seu autocuidado com
a doença.

Relação entre a glicemia capilar e o autocuidado com a diabetes


por parte dos participantes com diabetes tipo 2

Ao relacionar os valores de glicemia em jejum dos participantes da amostra com o seu


autocuidado com a diabetes (correlação de Pearson) conclui-se que existe correlação
negativa em todas as dimensões e significativa (p<0,05), à exceção da dimensão
“alimentação específica” (p=0,221), sendo essa correlação altamente significativa
(p<0,0001) em relação às dimensões “medicamentos” e “monitorização da glicémia
capilar”. Isto permite-nos afirmar que os participantes com valores mais elevados de
glicemia capilar em jejum tendem a evidenciar uma relação menos significativa no
autocuidado com a doença (diabetes), sendo, assim, válido afirmar que o autocuidado
com a diabetes nos participantes com diabetes tipo 2 é influenciado pelo valor da
glicemia em jejum.

Marisol Castelo Branco Simões 101


Quadro 62 – Resultados estatísticos relativos à aplicação do Coeficiente de
Correlação de Pearson, ao valor de Glicemia em Jejum e ao Autocuidado com a
Diabetes
Glicémia Capilar em Jejum r p

Alimentação Geral -0,222 0,011

Alimentação Específica -0,108 0,221


Atividade Física -0,205 0,019
Cuidados com os Pés -0,251 0,004
Medicamentos -0,387 0,000
Monitorização da Glicemia
-0,301 0,000
Capilar

Relação entre os valores de tensão arterial e o autocuidado com a diabetes


por parte dos participantes com diabetes tipo 2

O estudo conjunto da informação referente aos valores de tensão arterial


(normotenso/hipertensão) e do autocuidado com a diabetes, bem como a aplicação do
teste t de Student para diferença de médias, para dois grupos de casos
independentes, permitiu constatar que os participantes que tem a sua tensão arterial
controlada (valores de sistólica e diastólica dentro parâmetros normais) apresentam
um valor médio mais elevado, para todas as dimensões do autocuidado, que os
participantes que são hipertensos. Contudo, a aplicação do teste t de Student para
diferença de médias, para dois grupos de casos independentes, permite verificar que
essas diferenças são estatisticamente significativas (p<0,05) no autocuidado, nas
dimensões da “alimentação específica”, da “atividade física” e da “monitorização de
glicemia capilar”, o que possibilita afirmar que os valores de tensão arterial dentro dos
parâmetros normais têm uma relação significativa, sobre o autocuidado com a
diabetes, nas referidas dimensões: “alimentação específica”, “atividade física” e
“monitorização da glicemia capilar”.

102 Marisol Castelo Branco Simões


Quadro 63 - Resultado da aplicação do teste t de Student, relativamente aos
valores de Tensão Arterial da amostra e ao Autocuidado com a Diabetes
Tensão Arterial Normotenso Hipertensão
n = 60 n = 71
Autocuidado t p
com a Diabetes  DP  DP

Alimentação Geral 2.75 0.95 2.52 1.12 1.248 0,214


Alimentação Específica 4.04 1.08 3.60 0.91 2.514 0,013
Atividade Física 1.82 1.68 1.23 1.31 2.297 0.023
Cuidados com os pés 4.28 1.03 3.94 1.09 1.818 0.071
Medicamentos 6.97 0.25 6.90 0.38 1.120 0.265
Monitorização da
4.92 1.40 4.40 1.39 2.108 0.037
glicemia capilar

Relação entre os valores de IMC e o autocuidado com a diabetes


por parte dos participantes com diabetes tipo 2

Com a finalidade de verificar se existem diferenças estatisticamente significativas entre


o IMC dos participantes e o seu autocuidado com a diabetes (Quadro 64), foi aplicado
o teste de Anova. Assim, encontrando um valor de “p” superior ao nível significância
fixado (α=0,05), considera-se que não existe diferença significativa entre os dois
grupos, sendo válido concluir que o IMC dos diabéticos da amostra, não influencia o
seu autocuidado com a diabetes. Contudo, pode verificar-se que os participantes
normoponderais são aqueles onde se verifica relação significativa na maioria das
dimensões do autocuidado com a diabetes.

Quadro 64 - Resultado da aplicação do teste de análise de variância (Anova)


relativamente ao IMC e ao Autocuidado com a Diabetes
Excesso de
IMC Normoponderais Obesidade
peso
Autocuidado (n=11) (n=68)
(n=51)
com a Diabetes x DP x DP x DP F p
Alimentação Geral 3.22 2.09 2.67 0.81 2.50 0.96 2.366 0.098
Alimentação Específica 4.20 1.16 3.87 0.89 3.66 1.05 1.672 0.192
Atividade Física 1.63 1.91 1.77 1.60 1.27 1.36 1.660 0.194
Cuidados com os Pés 4.09 1.17 4.20 1.09 4.02 1.06 0.366 0.694
Medicamentos 7.00 0.00 6.92 0.31 6.92 0.31 0.259 0.773
Monitorização da
4.70 1.67 4.73 1.40 4.56 1.40 0.225 0.799
Glicemia Capilar

Marisol Castelo Branco Simões 103


Relação entre o perímetro abdominal e o autocuidado com a diabetes por parte
dos participantes com diabetes tipo 2

O resultado da análise do Quadro 65 e dos valores do teste Anova demonstra a não


existência de diferença estatisticamente significativa entre a maioria das dimensões do
autocuidado com a diabetes, com exceção da dimensão “atividade física” (p=0,032).
Contudo, a análise detalhada do quadro permitiu constatar que o fator preditor de um
melhor autocuidado é o perímetro abdominal de baixo risco cardiovascular (homens <
94cm; mulheres < 80 cm) uma vez que é onde se verificam os valores médios mais
elevados para todas as dimensões do autocuidado. O teste Post-Hoc de Tukey
identifica as diferenças entre moderado/elevado e baixo. No entanto, o perímetro
abdominal baixo, moderado e elevado só tem relação no autocuidado da diabetes, na
dimensão “atividade física”.
Quadro 65 - Resultado da aplicação do teste de análise de variância (Anova)
relativamente ao Perímetro Abdominal e ao Autocuidado com a Diabetes
Perímetro Abdominal Baixo Moderado Elevado
(Risco) (n=16) (n=27) (n=88)
Autocuidado F p
x DP x DP x DP
com a Diabetes
Alimentação Geral 2.84 1.32 2.64 0.99 2.59 1.02 0.389 0.678

Alimentação Específica 4.04 1.07 3.78 0.98 3.76 1.01 0.541 0.584

Atividade Física 2.37 2.29 1.59 1.27 1.31 1.35 3.536 0.032

Cuidados com os Pés 4.12 1.15 4.00 1.20 4.12 1.02 0.118 0.889

Medicamentos 7.00 0.00 6.96 0.19 6.90 0.39 0.656 0.520


Monitorização da
4.68 1.64 4.48 1.45 4.68 1.37 0.214 0.807
Glicemia Capilar

Relação entre os valores de hemoglobina glicosilada e o autocuidado com a


diabetes por parte dos participantes com diabetes tipo 2

Cruzando a informação referente à hemoglobina glicosilada (diabetes controlada) e ao


autocuidado com a diabetes (Quadro 66) pode verificar-se que os participantes que
têm a sua diabetes controlada (HbA1c≤ 7%) apresentam valores médios mais
elevados em todas as dimensões do autocuidado do que aqueles que têm a diabetes
descompensada.

104 Marisol Castelo Branco Simões


O teste estatístico utilizado (teste t de Student de diferença de médias para amostras
independentes) permitiu constatar que a associação entre as duas variáveis é
estatisticamente significativa (p=0,043), apenas em relação à dimensão
“medicamentos”. Logo, demonstra-se que os valores de hemoglobina glicosilada
(HbA1c≤ 7%) têm relação significativa com o autocuidado, dimensão “medicamentos”.

Quadro 66 - Resultado da aplicação do teste t de Student, relativamente aos


valores de Hemoglobina Glicosilada da amostra e ao Autocuidado com a
Diabetes
Hemoglobina Sim Não
Glicosilada n = 83 n = 48
Autocuidado t p
com a Diabetes  DP  DP

Alimentação Geral 2.71 1.03 2.50 1.09 1.104 0.272

Alimentação Específica 3.80 1.02 3.79 1.01 0.054 0.957

Atividade Física 1.57 1.48 1.38 1.58 0.658 0.512

Cuidados com os Pés 4.20 1.07 3.92 1.07 1.399 0.164

Medicamentos 6.97 0.22 6.85 0.46 2.043 0.043


Monitorização da
4.76 1.37 4.42 1.48 1.322 0.189
Glicemia Capilar

H3 – A adesão ao tratamento farmacológico por parte do diabético tipo 2


influencia o seu autocuidado com a doença.

Ao efetuar a associação entre a adesão ao tratamento farmacológico (avaliado pela


escala de Medição de Adesão aos Tratamentos – MAT) por parte do diabético e o seu
autocuidado com a doença (diabetes) constatou-se, que os participantes que aderem
ao tratamento farmacológico apresentam sempre valores médios mais elevados para
todas as dimensões do autocuidado do que os participantes que não aderem ao
tratamento farmacológico. Logo, têm um maior autocuidado com a sua doença.
Para avaliar se essas diferenças são estatisticamente significativas, foi aplicado o
teste t de Student de diferença de médias para amostras independentes. Assim,
determinaram-se valores de “p” sempre inferiores ao nível significância fixado(α=0,05)
para todas as dimensões do autocuidado com a diabetes, sendo essa diferença
altamente significativa em relação às dimensões “alimentação específica”, “cuidados
com os pés” e “monitorização da glicemia capilar”, sendo válido concluir que confirma-
se estatisticamente a terceira hipótese de investigação, a adesão ao tratamento
farmacológico por parte do diabético tipo 2 da amostra influencia o seu autocuidado
com a doença.

Marisol Castelo Branco Simões 105


Quadro 67 - Resultado da aplicação do teste t de Student, relativamente à
Adesão ao Tratamento Farmacológico e ao Autocuidado com a Diabetes

Adesão ao Não Aderente Aderente


Tratamento n = 40 n = 91
Autocuidado t p
com a Diabetes  DP  DP

Alimentação Geral 2.16 0.91 2.84 1.04 -3.539 0.001

Alimentação Específica 3.21 0.91 4.05 .948 -4.706 0.000

Atividade Física 1.06 1.41 1.69 1.52 -2.228 0.028

Cuidados com os Pés 3.48 1.22 4.37 0.87 -4.704 0.000

Medicamentos 6.80 0.56 6.98 0.10 -2.104 0.042


Monitorização da
3.66 1.38 5.07 1.20 -5.894 0.000
Glicemia Capilar

106 Marisol Castelo Branco Simões


7 - DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

Após a apresentação dos resultados, passaremos à sua discussão e apreciação


crítica, tendo como referência a fundamentação teórica desenvolvida no início deste
estudo. Por questões de organização, iremos discutir os resultados de acordo com a
estrutura usada no capítulo anterior, começando pela caraterização deste grupo de
diabéticos tipo 2, seguida da discussão das hipóteses.

A adesão ao regime terapêutico é difícil de medir, pois é um processo bastante


complexo, dado que a maior ambivalência reside em não ser um comportamento
avaliado diretamente e de uma só forma, mas sim através de várias escalas, com
várias dimensões e itens que medem e que nos levam por vezes à conclusão de que o
utente diabético cumpre ou não a adesão ao regime terapêutico.
Dos 131 participantes deste estudo, a maioria possui idade igual ou superior a 65
anos, sendo a média de 68,2 e o desvio padrão de 9,36. A distribuição em relação ao
sexo dos participantes em estudo é homogénea, sendo 51,9% homens e 48,1%
mulheres. Esta homogeneidade deve-se ao número de utentes diabéticos na Extensão
de Saúde de Ceira, como refere o Quadro 5, em que há uma pequena percentagem
mais elevada do sexo masculino que se refletiu também nos participantes deste
estudo. Em relação ao estado civil dos participantes, 68,7% são casados e, em
relação à escolaridade, 56,5% possui apenas o 1º Ciclo, havendo uma percentagem
elevada de analfabetos (16,0%). A maioria são reformados (76,3%), vivendo com o
seu cônjuge (66,4%). Quanto à caraterização das variáveis clínicas da amostra, em
relação à conjugação do peso e da altura – IMC, a maioria dos participantes são
obesos com 55% e 38,9% estão na escala do excesso de peso; apenas 6,1% são
normoponderais. Em relação aos valores de glicemia em jejum, 51,1% têm valores
considerados normais, sendo que 48,1% têm valores de hiperglicemia (≥ 126 mg/dl) e
apenas 0,8% apresentam valores de hipoglicemia (<80 mg/dl). A maioria dos
participantes no estudo também são hipertensos (54,2%), têm o perímetro abdominal
elevado (67,2%), sendo o sexo feminino o que apresenta valores mais elevados
(85,7%). Em relação à hemoglobina glicosilada, constatou-se que a maioria apresenta
a diabetes controlada, através da HbA1c≤ 7%.O valor médio observado foi de 7,15
(±4,72), sendo a moda de 6.1 e a mediana de 6,7, tendo os valores oscilado entre um
mínimo de 4,8 e um máximo de 14,7. Estes valores de hemoglobina glicosilada

Marisol Castelo Branco Simões 107


HbA1c≤ 6,5% são valores que a DGS (2011) preconiza como objetivo principal do
controlo da hiperglicemia, estando os participantes deste estudo numa média muito
próxima da convencionada pela DGS (norma nº 033/2011 de 30/09/2011).
Vários estudos, como Bastos (2004), Correia (2007) e Sousa et al., (2008) referem os
mesmos resultados na caraterização sociodemográfica com amostras semelhantes,
isto é, em Centros de Saúde com a população semi-rural/semi-urbana.
O presente estudo permite também constatar que a maior parte (41,2%) dos
participantes é diabético há mais de 10 anos e 32,9% há cinco ou menos anos, tendo
um ou mais familiares com diabetes. A grande maioria (78,6%) respondeu
afirmativamente, sendo o pai e a mãe com maior percentagem (23,3%), seguindo-se
22,3% que referiram só o pai e 20,4% os irmãos. De salientar que apenas 9,7%
referiram a mãe isoladamente.
Estudos científicos indicam também que a maioria da percentagem dos indivíduos com
diabetes tem também familiares com diabetes (Bastos, 2004 e Sousa et al., 2008).
Em relação ao tratamento instituído para a diabetes nos participantes, pode verificar-
-se que a grande maioria (77,1%) toma apenas antidiabéticos orais, sendo que destes
17,6% fazem dieta e 31,3% associam também o exercício físico. De salientar que
22,2% dos utentes fazem tratamento só com insulina, e com a associação de
antidiabéticos orais apenas 5,3%.
Quando questionados acerca de qual foi o profissional de saúde que os informou do
diagnóstico da diabetes tipo 2, a grande maioria dos participantes (90,1%) respondeu
que foi o médico e 8,4% diz que foi o enfermeiro. Já em relação aos ensinos
ministrados sobre a diabetes (medicação; alimentação; exercício físico; monitorização
da glicemia capilar; cuidados com os pés; etc.) pode constatar-se que quase a
totalidade dos participantes (96,9%) referiu o enfermeiro e apenas 2,3% o médico.
Esta percentagem assim elevada verifica-se também em estudos realizados e
publicados, que abordam a questão da adesão ao regime terapêutico, como nos
referem os estudos, (Bastos, 2004 e Dias et al., 2011).
Quanto à perceção dos diabéticos tipo 2 da amostra, em relação à confiança/
segurança nas informações que lhe foram dadas nos ensinos, a grande maioria
(91,6%) dos participantes referiu sentir confiança/segurança nos ensinos que lhe
foram ministrados e apenas um (0,8%) referiu não sentir confiança/segurança nesses
ensinos. A maioria dos participantes (84,7%) referiu que a frequência das consultas de
diabetes de 4/4 meses é suficiente, sendo que 12,2% não sabem e 3,1% consideram
insuficiente esse número de consultas.

108 Marisol Castelo Branco Simões


As orientações técnicas da DGS são muito explícitas em relação à vigilância do utente
diabético e à sua avaliação que também prevê que, os diabéticos tipo 2 têm de ser
avaliados com essa frequência nos cuidados de saúde primários, isto é, a
periodicidade recomendada é de 4/4 meses (num total de 3 consultas de vigilância por
ano). Porém, é variável de acordo com o controlo glicémico do utente e todas as suas
complicações.
Quando questionados os participantes sobre se foram informados acerca das
complicações que podem ter se não aderirem ao regime terapêutico, a grande maioria
(90,1%) respondeu afirmativamente e 9,9% referem que não têm conhecimento. Isto
permitiu verificar também quais as principais complicações de saúde decorrentes da
diabetes que estes participantes mais assinalaram: os problemas de circulação foram
referidos por 94 participantes, sendo o principal os hipocoagulados; seguindo-se as
neuropatias (86), sendo que apenas um especificou (mononeuropatia dismielinizante);
em 3º lugar, surge a retinopatia com 82 participantes, sendo as principais patologias o
glaucoma e a diminuição da visão/cegueira; com igual número surge a patologia
cardíaca, sendo as patologias mais referidas os acidentes vasculares cerebrais, as
arritmias e o enfarte do miocárdio. As nefropatias foram referidas por 48 participantes
(nefropatia diabética, diálise e insuficiência renal) e o pé diabético por 12 (4
amputados). Nas outras patologias, as mais referidas foram as dores ósseas/lombares
(38), a depressão (34), as respiratórias (9) e as dislipidémias (9) com 18 participantes.
Quanto às complicações mais referidas, concomitantemente com a diabetes, cujos
utentes também fazem habitualmente medicação contínua foram: o colesterol alto com
126 participantes, seguindo-se a hipertensão arterial (121) e, em terceiro lugar, os
problemas da circulação (84); a obesidade foi referida por apenas 67 participantes.
Resultados semelhantes foram referidos pelos estudos de Bastos (2004) e Dias et al.,
(2011). Logo, este conjunto de complicações majores e minores permitiu verificar que
a diabetes e a não adesão ao regime terapêutico leva a um aumento de morbilidade e
mortalidade, assim como grandes gastos em saúde, como nos refere o Relatório Anual
do Observatório Nacional da Diabetes (2011, p.52). No que concerne aos
internamentos decorrentes de complicações da diabetes, apenas 19,8% dos
participantes referiram tal situação, sendo 16,8% devido a hiperglicemias. De salientar
que 80,2% dos diabéticos tipo 2 em estudo nunca foram internados por problemas
relacionados com a diabetes. Os internamentos decorrentes da diabetes tiveram em
média 5,35 (±2,92), tendo estes oscilado entre um mínimo de “um” e um máximo de
“dez”. Estas percentagens estão em consonância com o Relatório Anual do
Observatório Nacional da Diabetes que refere que “Ao nível da globalidade de doentes

Marisol Castelo Branco Simões 109


diabéticos saídos dos internamentos, regista-se a redução de 35% da importância do
grupo de doenças das Glândulas Endócrinas, nos últimos 10 anos” (2011, p.19).
Em relação à monitorização da diabetes, quando questionados se sabem fazer o
controlo da diabetes, a grande maioria (80,9%) respondeu afirmativamente; contudo,
19,1% responderam que não, tendo ajuda dos familiares; 63% destes referem ajuda
dos filhos e 22% do cônjuge, sendo que 7,4% referem a ajuda de um vizinho, como
salienta também o estudo de Bastos (2004, p.77). No que se refere ao autocontrolo da
diabetes, pode verificar-se que 79,4% dos participantes são autónomos e apenas
20,6% têm ajuda de terceiros. A mesma situação se passa em relação à medicação.
Neste estudo, avaliou-se também a opinião dos participantes sobre, se os seus
diabetes estão controlados. A maioria (65,6%) respondeu afirmativamente; no entanto,
26,8% desconhece e 7,6% referiram não ter a diabetes controlada. Constata-se que a
maioria (70,2%) dos participantes considera que tem um controlo aceitável da doença,
sendo que para 19,1% é mau e apenas para 10,7% bom.
No que se refere à motivação para aderir ao regime terapêutico, a grande maioria
(75,6%) dos utentes referiu estar motivado, 21,4% não sabem e apenas 3,1%
manifestaram não estar motivados para adesão ao regime terapêutico. Em relação à
perceção dos participantes, segundo a motivação que a família /amigos proporcionam
para a adesão ao regime terapêutico, a maioria (65,6%) considerou que estes estão
motivados para ajudar. No estudo de Bastos (2004), refere que a motivação da pessoa
que acompanha o diabético é o “ponto fulcral” para a melhor motivação e adesão ao
regime terapêutico do utente diabético.
Sobre a adesão da amostra à medicação para o tratamento da sua diabetes, avaliada
pela escala MAT, concluiu-se que a grande maioria aderem à terapêutica (69,5%);
contudo, 30,5% são aqueles que não aderiram aos tratamentos medicamentosos para
a diabetes. Estes resultados são contraditórios face ao estudo de Sousa (2003), em
que a sua amostra refere que são preditores significativos da adesão ao regime
terapêutico a monitorização da glicemia e não são aderentes à terapêutica prescrita.
No que diz respeito à análise descritiva do instrumento de autocuidado com a diabetes
nos participantes com a escala SDSCA, tendo em conta os valores médios apurados
em cada dimensão, verificou-se que a dimensão terapêutica farmacológica
(“medicamentos”) é a componente do regime terapêutico com melhor nível de
adesão 4,74 (±1,69), sendo que a “monitorização da glicemia capilar” apresenta
uma média de adesão de 4,64 (±1,41). Em terceiro lugar, surgem “os cuidados com
os pés” com uma média de adesão de 4,09 (±1,07). A “alimentação específica” tem
uma média de adesão (3,8±1,01) superior à “alimentação geral” (2,63±1,05). A

110 Marisol Castelo Branco Simões


“atividade física” é a componente com menor nível de adesão, sendo o score obtido,
em média, de 1,50 (±1,51) dias da semana. Estes resultados vão ao encontro de
outros estudos, tais como Marín-Reyes, Rodrigues-Morán (2001), Bastos (2004) e
Sousa et al., (2008). Enquanto, que, no estudo de Sousa (2003) se deu ênfase à
importância do controlo da monitorização, e, à complexidade do tratamento da
diabetes, levando a sentimentos de frustração com menos adesão ao regime
terapêutico, resultados que contrariam o que este estudo evidência.
O nível comportamental e educacional, atendendo aos estilos de vida mais
sedentários e à elevada faixa etária da amostra em estudo, contribui para o não
sucesso da adesão ao regime terapêutico. Encontrou-se também uma correlação
negativa no que toca à “alimentação específica” e à “atividade física”, tendo por base a
idade avançada dos participantes. Segundo Carvalheiro, “Portugal é o país da Europa
em que a população menos adere à prática de exercício físico” (2003, p.7). Estes
resultados são divergentes, relativamente a certos estudos, em que os utentes mais
velhos têm mais sentimentos de vulnerabilidade e optam por bons comportamentos de
saúde e uma maior adesão ao regime terapêutico. São testemunho os seguintes
estudos, Brannon e Feist (1997), Leventhal e Crouch (1997), Serafino (2002), Sousa
(2003) e Dias, et al., (2011). Mas, em relação à “actividade física”, os resultados deste
estudo têm menor nível de adesão com o score de média 1,5 dias da semana nesta
dimensão. É compreensível que este grupo da amostra com idade avançada e
doenças concomitantes tenha dificuldade em realizar a “atividade física” e mudar
estilos de vida. De referir que os participantes da amostra, além de aderirem menos à
“actividade física”, aderem também menos à “alimentação específica”, isto tudo porque
não aderem a nenhum plano alimentar específico, já que têm hábitos alimentares e de
vida difíceis de alterar, devido às condições socioeconómicas e sociodemográficas
onde estes utentes estão inseridos (Warren e Hixenbaugh 1998, Horne 2000,
McDonald et al., 2002, Dunbar-Jacob et al., 2003).
Os resultados do estudo são indicativos de uma boa satisfação, em todas as
dimensões estudadas, face aos cuidados de enfermagem prestados ao utente
diabético, tal como o indicam as percentagens elevadas no domínio dos
conhecimentos e dos ensinos sobre a diabetes (medicação; alimentação; exercício
físico; monitorização da glicemia capilar; cuidados com os pés; etc.), pois 96,9%
mencionaram o enfermeiro.
Embora uma elevada percentagem de utentes tenha respondido qual foi o profissional
de saúde que os informou do diagnóstico da diabetes tipo 2, a grande maioria (90,1%)
respondeu que foi o médico e 8,4% afirmou que foi o enfermeiro. O baixo valor da

Marisol Castelo Branco Simões 111


percentagem atribuída ao enfermeiro foi tido como variável preditora no
comportamento da adesão. Esta questão remete para o facto de, perante as várias
dimensões e determinantes da adesão estudada, é improvável que qualquer um deles
atue de forma isolada ou autónoma, interagindo nas diferentes dimensões da adesão
ao regime terapêutico (Silva et al., 2006).
Em relação à dimensão terapêutica farmacológica (“medicamentos”), esta é a
componente do regime terapêutico com melhor nível de adesão - 4,74 (±1,69), sendo
ainda assim inferior às percentagens de adesão encontradas noutros estudos
referenciados por Toobert et al., (2000), Chan (1999); Bastos (2004), Silva et al.,
(2006), Correia (2007) e Sousa (2008). Estes referem que a dimensão da medicação é
a que tem valores mais elevados de adesão. Este fenómeno, que se encontra nos
estudos acima referenciados, está certamente relacionado com a crença de que a
medicação tem, na adesão ao regime terapêutico do diabético, um papel mais
preponderante do que a própria alimentação e o exercício físico. Culturalmente, a
pessoa diabética aceita melhor uma prescrição de medicação do que uma mudança
do seu estilo de vida, exigindo também uma maior disponibilidade e conhecimento da
equipa de saúde para motivar, informar e ensinar o utente e a família a gerir a adesão
correta ao regime terapêutico.
A “monitorização da glicemia capilar” apresenta uma média de adesão de 4,64
(±1,41) e os “cuidados com os pés” com uma média de adesão de 4,09 (±1,07).
Estes são valores com um nível elevado de adesão, como no estudo de Bastos (2004,
p.84). Estes resultados reflectem, no nosso entender, a acessibilidade à consulta do
pé diabético no CSNM na qual a frequência destes utentes é elevada.
Pela leitura e análise do teste de hipóteses, em relação à H1 que compara o
autocuidado com a diabetes dos participantes com diabetes tipo 2 e a sua relação com
as caraterísticas sociodemográficas, tais como o sexo, verificou-se que os homens
apresentavam um valor médio mais baixo para a maioria das dimensões, à exceção
da “atividade física” e dos “medicamentos”; logo, temos uma menor relação do
comportamento adotado de autocuidado com a sua diabetes. Em relação à
“alimentação específica”, o presente estudo permitiu concluir que existe relação entre
o sexo e o autocuidado com a doença. As alterações mudam de resultados em relação
ao sexo e à eficácia do autocuidado e da maior adesão, como também se verifica em
estudos publicados, tais como Sousa (2003), Bastos (2004), Sousa (2005); e Silva et
al., (2006).
Ao verificarmos a forma como a idade dos participantes se relaciona com o seu
autocuidado na diabetes, em termos globais, observa-se uma tendência para a idade

112 Marisol Castelo Branco Simões


se correlacionar negativamente com todas as dimensões do autocuidado, com
exceção para a “alimentação específica”. Mediante estes resultados, pode afirmar-se
que, consoante aumenta a idade dos utentes diabéticos tipo 2, estes tendem a
evidenciar um menor autocuidado com a sua doença, nomeadamente no que se refere
ao autocuidado nas dimensões da “alimentação geral”, “atividade física”, “cuidados
com os pés” e “monitorização da glicemia capilar”.
Cruzando a informação referente ao estado civil dos diabéticos tipo 2 da amostra e o
autocuidado com a diabetes, verificou-se que os participantes que são casados são
aqueles que apresentam valores médios mais elevados nas dimensões “atividade
física”, “cuidados com os pés” e “monitorização da glicemia capilar”. Pode ainda
constatar-se que os participantes que são viúvos são aqueles que têm os valores
médios mais baixos para as dimensões “medicamentos” e “monitorização da glicemia
capilar”; e os divorciados nas dimensões “alimentação geral” e “atividade física”.
Assim, constatou-se que o estado civil, nomeadamente o ser casado, tem uma relação
significativa com o autocuidado na diabetes, no que concerne ao “cuidado com os pés”
e “monitorização da glicemia capilar”. Alguns estudos, também referem a mesma
relação (Sousa, 2003, Bastos, 2004 e Dias et al., 2011).
Relativamente à relação da escolaridade dos diabéticos tipo 2 da amostra com o seu
autocuidado com a diabetes, pode constatar-se que os participantes com maior
escolaridade (≥ 3º Ciclo) são aqueles que têm um melhor autocuidado em relação à
sua diabetes, em todas as dimensões do autocuidado, como nos diz Sousa (2003),
Bastos (2004) e Dias et al., (2011). Logo, pode afirmar-se que a escolaridade do
utente diabético tipo 2 influencia o seu autocuidado com a doença.
Ao avaliar a diferença na situação laboral dos diabéticos tipo 2 da amostra, tendo em
conta o autocuidado que têm com a sua doença, verificou-se que os participantes que
se encontram em situação ativa apresentam valores médios mais elevados para a
maioria das dimensões, com exceção da “alimentação específica”, do que os utentes
reformados. Logo, os utentes que se encontram em situação ativa tem um melhor
autocuidado com a doença do que aqueles que são reformados. Assim, há diferença
no autocuidado na dimensão “cuidado com os pés” e “monitorização da glicemia
capilar”, consoante a situação laboral do participante com diabetes tipo 2.
Comparando o autocuidado com a diabetes e a relação com a sua situação de
coabitação, os valores médios observados para cada um dos grupos em estudo
permitiu concluir que este valor é mais elevado nos diabéticos que vivem com o
cônjuge, em todas as dimensões do autocuidado, à exceção da dimensão
“medicamentos”. Por outro lado, os diabéticos tipo 2 da amostra que vivem sozinhos

Marisol Castelo Branco Simões 113


são aqueles que têm um pior autocuidado com sua diabetes (valores médios mais
baixos para a maioria das dimensões do autocuidado). Logo, podemos afirmar que a
situação de coabitação, nomeadamente o viver com o cônjuge, tem relação, sobre o
autocuidado com a diabetes, no que refere às dimensões “cuidado com os pés” e da
“monitorização da glicémia capilar”. Outros estudos também nos referem que vivendo
com o cônjuge ajuda a diminuir o empowerment, isto é, diminuir a autoridade, a
organização e a própria motivação, principalmente na dimensão “medicamentos”
(Madhu, 2003). Bastos também refere que, “O facto das esposas estarem presentes e
serem muitas vezes elas que se encarregam de lembrar ou providenciar a medicação
e a alimentação dos maridos explica o porquê deste grupo apresentar uma evolução
mais favorável, tendo níveis de adesão superiores (…)”(2004, p.78).
Quanto à H2, se há relação entre os parâmetros clínicos do utente diabético e o seu
autocuidado com a doença (por exemplo, ao relacionarmos os valores de glicémia em
jejum dos participantes com o seu autocuidado com a diabetes), conclui-se que existe
correlação negativa em todas as dimensões, com exceção da dimensão “alimentação
específica” em relação ao autocuidado, “medicamentos” e “monitorização da glicemia
capilar”. Tal permite-nos afirmar que os diabéticos tipo 2 da amostra com valores mais
elevados de glicemia capilar em jejum tendem a evidenciar um menor autocuidado
com a doença (diabetes). É igualmente válido afirmar que o autocuidado com a
diabetes nos participantes com diabetes tipo 2 é influenciado pelo valor da glicemia em
jejum. Valores semelhantes foram encontrados nos estudos, Gomes (2011), Dias, et
al., (2011) e Simões (2011).
Os diabéticos tipo 2 da amostra que tem a sua tensão arterial controlada (valores de
sistólica e diastólica dentro parâmetros normais) apresentam um valor superior, para
todas as dimensões do autocuidado, do que os participantes que são hipertensos.
Logo, podemos afirmar que os valores de tensão arterial dentro dos parâmetros
normais têm uma relação significativa sobre o autocuidado com a diabetes,
nomeadamente nas dimensões “alimentação específica”, “atividade física” e
“monitorização da glicemia capilar”.
Com a finalidade de verificar se existem diferenças estatisticamente significativas entre
o IMC dos diabéticos tipo 2 da amostra e o seu autocuidado com a diabetes, conclui-
se que os participantes normoponderais do IMC são aqueles que apresentam os
valores superiores, na maioria das dimensões do autocuidado com a diabetes.
O fator preditor de um melhor autocuidado é o perímetro abdominal de baixo risco
cardiovascular (homens < 94cm; mulheres < 80 cm), uma vez que é onde se verificam
os valores elevados para todas as dimensões do autocuidado. Porém, o perímetro

114 Marisol Castelo Branco Simões


abdominal, baixo, moderado e elevado, tem relação significativa no autocuidado com a
diabetes na dimensão “atividade física”.
Cruzando a informação referente à hemoglobina glicosilada e ao autocuidado com a
diabetes, pode verificar-se que os participantes da amostra, que têm a sua diabetes
controlada (HbA1c≤ 7%), apresentam valores médios mais elevados em todas as
dimensões do autocuidado do que aqueles que têm a diabetes descompensada. Logo,
os valores de hemoglobina glicosilada (HbA1c≤ 7%) têm relação significativa no que
concerne à dimensão “medicamentos”, tal como nos refere o documento publicado
pela DGS (2011), em que se afirma que, a medicação tem de estar a ser vigiada para
atingir valores normais de hemoglobina glicosilada (HbA1c≤ 6,5%).
Ao efetuar a associação entre a adesão ao tratamento farmacológico (avaliado pela
escala de Medição de Adesão aos Tratamentos – MAT) por parte do utente diabético e
o seu autocuidado com a doença (diabetes), constatou-se que os diabéticos tipo 2 da
amostra que aderem ao tratamento farmacológico apresentam sempre valores médios
mais elevados para todas as dimensões do autocuidado do que aqueles que não
aderem ao tratamento farmacológico. Logo, há um maior autocuidado com a sua
doença (diabetes), sendo válido concluir que se confirma estatisticamente a terceira
hipótese de investigação, H3 - a adesão ao tratamento farmacológico por parte do
utente diabético influencia o seu autocuidado com a doença, nos estudos de Bastos
(2004) e Dias et al., (2011), também se confirma esta situação. Dias et al., referem que
“Os doentes devem envolver-se ativamente no seu tratamento farmacológico, através
da autoadministração da terapêutica, permitindo a monitorização e o controlo da sua
doença” (2011, p.213).
Todo o diabético, família e comunidade em geral que pertençam a grupos de risco que
possam desenvolver doenças crónicas como a diabetes, têm o direito de ser
informados, educados e motivados para a adoção de comportamentos e estilos de
vida saudáveis, tendo como perspetiva diminuir a incidência desta patologia que é
considerada atualmente um problema de saúde pública bastante grave. Diminuindo
também outras patologias associadas e suas complicações, e tendo como principal
objetivo diminuir o impacto da doença na sociedade, na comunidade, famílias e na
própria pessoa diabética, consegue-se melhorar a qualidade de vida e uma melhor
adesão ao regime terapêutico.

Marisol Castelo Branco Simões 115


7.1 – LIMITAÇÕES DO ESTUDO

A grande limitação deste estudo foi não conseguir aplicar o questionário a todos os
utentes diabéticos da Extensão de Saúde de Ceira, devido a inúmeras situações que
já foram apresentadas na metodologia deste estudo.
Apesar desta limitação, o estudo apresenta alguns aspetos positivos do ponto de vista
metodológico, o que o engrandece. A elaboração de um questionário com duas
escalas validadas e adaptadas à realidade da população portuguesa, permitiu
caraterizar a população e avaliar a (não) adesão ao regime terapêutico do diabético
tipo 2. Estes resultados podem assim, dar continuidade e ser utilizados em estudos
futuros. Este trabalho utiliza ainda indicadores objetivos, como as caraterísticas
sociodemográficas e clínicas da diabetes, tais como a hemoglobina glicosilada e a
adesão ao regime terapêutico, colmatando uma das críticas mais comuns a este tipo
de estudos.
Seria muito importante aprofundar a relação utente/profissional de saúde,
especialmente nas dimensões do autocuidado e da adesão ao regime terapêutico,
através das consultas de enfermagem e do grupo que futuramente se pretende criar,
para uma eficaz adesão ao regime terapêutico e para uma melhor qualidade de vida
dos utentes diabéticos e seus familiares.

116 Marisol Castelo Branco Simões


CONCLUSÃO

Face aos resultados, apresentados, podemos aferir que os objetivos da investigação


inicialmente delineados foram atingidos, contribuindo para uma melhoria nos cuidados
prestados, ressalvando-se a necessidade de novos estudos sobre esta problemática.
O facto de este estudo ser uma “janela aberta”, no que respeita ao autocuidado e à
adesão ao regime terapêutico do diabético tipo 2 e ao modo de atuação dos
profissionais de saúde perante estes utentes e seus familiares, prespetiva-se como
uma oportunidade singular de formação dirigida aos interesses e expetativas
individuais, numa dinâmica de interação entre a teoria e a realidade das práticas.
O percurso refletido pela metodologia do planeamento em saúde, adquirido na
especialidade, permitiu desenvolver competências do domínio específico na área da
Especialização em Enfermagem Comunitária. Estes saberes foram aplicados e
desenvolvidos também na elaboração deste trabalho.
Para a operacionalização dos objetivos e da questão de investigação, foi necessário
aplicar um instrumento de recolha de dados, um questionário com a caraterização
sociodemográfica e clínica e a aplicação de duas escalas validadas para avaliar as
dimensões do autocuidado e a adesão ao regime terapêutico dos utentes diabéticos
tipo 2 da Extensão de Saúde de Ceira. Com a elaboração deste estudo, adquirimos
conhecimento fundamentado e cientificamente validado sobre a caraterização desta
população, os hábitos de autocontrolo/vigilância de saúde e a avaliação sobre o
autocuidado e a adesão ao regime terapêutico dos utentes.
Relativamente às questões de caraterização das variáveis sociodemográficas,
verificamos que o sexo, a idade, o estado civil, a escolaridade, a situação laboral e a
situação de coabitação têm uma relação significativa com a adesão ao regime
terapêutico, conforme as dimensões do autocuidado com a diabetes. Assim como, na
caraterização clínica da amostra, a glicemia capilar, a tensão arterial, o IMC e a
hemoglobina glicosilada têm igualmente uma relação significativa com a adesão ao
regime terapêutico, conforme as dimensões do autocuidado com a diabetes.
Na adesão ao tratamento farmacológico, os participantes que aderem apresentam
sempre valores mais elevados para todas as dimensões do autocuidado com a
diabetes do que os participantes que não aderem ao tratamento farmacológico. Logo,
têm relação significativa no autocuidado com a doença.

Marisol Castelo Branco Simões 117


Divulgar estes resultados e realizar uma educação terapêutica, tendo por base o bem-
estar do utente diabético, os ganhos em saúde, a prevenção de comportamentos de
risco em relação à diabetes e a adesão ao regime terapêutico, tudo isto se efetivará no
apoio ao planeamento, na execução e avaliação de futuras intervenções, no âmbito da
promoção da saúde dos utentes.
Perspetivas Futuras
A curto prazo, pretende-se a criação de um grupo de ajuda para o utente diabético e
seus familiares, com um plano eficaz de educação terapêutica contínua, como nos
perspetiva a DGS (na Circular Normativa Nº 14/DGCG 12/ 2000), mas que ainda se
aplica nas normas atuais, em que refere: “A educação terapêutica na diabetes,
processo essencialmente ativo, tem como grande objetivo a habilidade progressiva do
diabético e da sua família na tomada quotidiana de decisões em relação à sua doença,
tornando-os o mais independente possível dos serviços e dos profissionais de saúde,
os quais passam, progressivamente, a desempenhar um papel de consultores” (2000,
p.3).
A educação como processo de natureza multidimensional, como já foi referido na I
parte do estudo, consiste na transmissão de informação científica e intervém na
cultura dos indivíduos, interferindo nos conhecimentos, nos valores e nos
comportamentos das pessoas. Tal requer, certamente, o envolvimento de todos nos
programas de educação para a saúde. Só assim teremos pessoas/diabéticos mais
informados, de forma a adquirirem competências para uma adesão responsável ao
regime terapêutico.
Dar, também, continuidade às normas e diretrizes da DGS, contribuindo para a
dinamização da unidade e da qualidade dos cuidados de enfermagem, de forma mais
apta, mediante a aquisição de competências especializadas nesta área de
especialização comunitária, foi igualmente uma mais valia deste estudo.
O sistema de saúde atual tem que ser repensado e redirecionado para o modelo
centrado na pessoa, em todos os níveis de saúde: primário, secundário e terciário,
encorajando a pessoa a tomar consciência de si como ator principal no controlo e
prevenção do seu estado de saúde, em todas as doenças crónicas, principalmente a
diabetes. “Todo o profissional de saúde, simultaneamente educador e educando,
deverá ter presente que, em última instância, é sempre a pessoa com diabetes que
tem de viver com a doença e decidir sobre a sua doença…”, como nos refere Sousa
(2003, p.150).
Torna-se premente avaliar a gestão desta doença nos cuidados de saúde primários,
uma vez que é aqui que é feito o acompanhamento de grande parte dos diabéticos,

118 Marisol Castelo Branco Simões


dando, assim, cumprimento aos objetivos terapêuticos estipulados pela DGS e pelo
PNS, 2011-2016, e contribuindo para a aplicação das guidelines, também propostas.
Com a realização deste estudo, pretendemos que os ganhos em saúde, para os
utentes diabéticos, sejam traduzidos em conhecer melhor a realidade da consulta de
enfermagem e adquirir melhores hábitos de vida para uma adequada adesão ao
regime terapêutico. Para os profissionais/equipa de saúde é vital as práticas e as
estratégias de intervenção com vista à obtenção de mais ganhos em saúde.
Pode concluir-se, nesta fase do atual estudo, que a adesão está estreitamente
articulada à relação dos profissionais de saúde com o utente diabético e seus
familiares. Assim, quanto melhor funcionar esta articulação, melhor será a avaliação
dos resultados de adesão ao regime terapêutico. Deste modo, é de extrema
importância a avaliação contínua e frequente do processo de adesão, na consulta de
enfermagem do utente diabético, para se obter ótimos resultados, numa área em que
ainda há muito para fazer.
A realização deste estudo foi uma oportunidade única de aprendizagem e uma forte
motivação para o desenvolvimento do trabalho do dia a dia, junto do utente, família e
comunidade, tendo sempre presente que melhorar a qualidade de vida destes utentes,
proporcionando meios para uma melhor adesão ao regime terapêutico.
Em suma, esta é a meta que qualquer profissional de saúde quer atingir.

Marisol Castelo Branco Simões 119


120 Marisol Castelo Branco Simões
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