Diabetes e Adesão Ao Regime Terapeutico
Diabetes e Adesão Ao Regime Terapeutico
Diabetes e Adesão Ao Regime Terapeutico
COMUNITÁRIA
COMUNITÁRIA
Enfermagem Comunitária
Aos Diabéticos participantes deste estudo pela sua disponibilidade, porque sem a
colaboração destes, este trabalho não seria possível;
Aos Colegas e Amigos, que não necessito de nomeá-los, porque eles sabem que
desde o primeiro momento me apoiaram, ajudaram e incentivaram neste caminho;
À minha prima Jacky pela ajuda em todos os momentos essenciais deste trabalho;
Ao Beto, companheiro dos momentos bons e menos bons, por todo o apoio, carinho e
pelo incentivo permanente, mesmo naqueles momentos que ficávamos mais
vulneráveis;
À Katy e ao Jaimito que do fundo do coração peço perdão por vos ter privado de
alguns momentos que não foram realizados…, obrigada pelo vosso amor;
À minha família, sempre disponível para ajudar e colaborar nas tarefas que não pude
estar mais presente;
A todos, obrigada.
INDICE DE SIGLAS
A diabetes mellitus (DM) é uma doença metabólica e crónica que afeta um elevado
número de pessoas. A morbilidade elevada implica um grande investimento em
cuidados de saúde e mudanças profundas nos estilos de vida (Grilo, Sousa e
Mclntyre,2008).
Diabetes mellitus (DM) is a chronic metabolic disease that affects a large number of
people. High morbidity requires a large investment in healthcare and profound changes
in lifestyles (Grilo, Sousa and Mclntyre .2008).
Their treatment requires the adoption of behaviors of some complexity that must be
integrated into the daily routine. The chronicity, associated to the characteristics of the
therapeutic regimen and the responsibilities of the patient, currently contributes to the
low adhesion of the treatment regimen.
The main objective of this thesis is to evaluate the adherence to the treatment regimen
of type 2 diabetic patients of the Health Center’s Norton de Matos of ACES BM1,
aiming at the improvement of their living conditions.
We did a questionnaire with the objective of characterizing the demographic target
population of this study and we also implemented scales SDSCA – "Activities of Self-
Care with Diabetes" and MAT – "Psychometric of Adherence to Treatment". The data
was treated electronically, using the statistical program IBM-S.P.S.S. 19.0 version.
Of the 131 participants, it was found that the diagnosis time is more than 10 years in 54
participants (41.2%). The treatment of the vast majority (77.1%) is made through oral
antidiabetic drugs and it should be noted that 22.2% are treated with insulin. The most
frequent comorbidities are: hypertension, obesity and dyslipidemias, and the late
complications are circulation problems, neuropathies, retinopathy, nephropathy and the
amputation of the lower limbs.
It was also noted that drug therapy (“medicine”) is the best adhering component of
the treatment regimen (4.74 ±1.69), whereas “blood glucose monitoring” presents
an average accession of 4.64 ± 1.41. In third place comes up the “foot care” with an
average accession 4.09 ± 1.07. “Specific nutrition” has a higher adherence (3.8 ±
1.01) than “general nutrition” (2.63 ± 1.05). “Physical activity” is the component
with the lowest level of adherence, obtaining a score of, on average, 1.50 ± 1.51
weekdays.
The development of strategies at the nursing consultation stage becomes essential,
covering the integrated involvement of the patient, family and social support network,
thereby promoting the adherence to the treatment regimen.
INTRODUÇÃO ………………………………………………………………………...
15
I PARTE – ENQUADRAMENTO TEÓRICO
5 – METODOLOGIA …………………………………………………………………. 69
5.1 – TIPO DE ESTUDO……………………………………………………………… 70
5.2 – HIPÓTESES DO ESTUDO…….……………………………………………… 71
5.3 – VARIÁVEIS DO ESTUDO E SUAS DIMENSÕES………..………………… 71
5.4 – INSTRUMENTO DE RECOLHA DE DADOS………………...……………… 73
5.4.1 – Análise da consistência interna das escalas utilizadas …………….. 76
5.4.2 – Pré-teste ……………………………………………………………………… 77
5.5 – POPULAÇÃO ALVO E AMOSTRA DO ESTUDO…………………………... 78
5.6 – PROCEDIMENTOS DA COLHEITA DE DADOS…………………………… 78
5.7 – QUESTÕES ÉTICAS…………………………………………………………… 79
5.8 – TRATAMENTO E ANÁLISE DOS DADOS………………………...…………
79
6 – RESULTADOS DO ESTUDO …………………………………………………... 81
6.1 – CARATERIZAÇÃO SÓCIODEMOGRAFICA DA AMOSTRA …………...… 81
6.2 – CARATERIZAÇÃO DAS VARIÁVEIS CLÍNICAS DA AMOSTRA ………... 83
6.3 – ESTATISTICA INFERENCIAL ………………………………………………...
96
7 – DISCUSSÃO DOS RESULTADOS ………………………….………………… 107
7.1 – LIMITAÇÕES DO ESTUDO …………………………………………………...
116
CONCLUSÃO ………………………………………………………………………… 117
BIBLIOGRAFIA ………………………………………………………………………. 121
ANEXOS
Para uma melhor concretização dos objetivos deste estudo, este trabalho está
estruturado em duas partes fundamentais. A primeira parte é constituída por quatro
capítulos. No primeiro capítulo, intitulado Diabetes Mellitus, aborda-se a Diabetes
como uma doença crónica, fala-se da resenha histórica, da epidemiologia da diabetes,
da sua classificação, diagnóstico, tratamento e suas complicações. No segundo
A Diabetes Mellitus (DM) é uma doença crónica cada vez mais frequente na nossa
sociedade e a sua prevalência tem um aumento significativo com a idade, atingindo
ambos os sexos, de acordo com o Relatório Anual do Observatório Nacional da
Diabetes (2011, p.6).
A palavra “diabetes”, em grego diabeinen, significa “passar através de”. Foi usada pela
primeira vez no século II depois de Cristo, por Aretaeus de Cappadocia, descrevendo
esta enfermidade como “invulgar e intrigante”. Este importante médico grego
identificou em alguns indivíduos uma rara doença, caracterizada essencialmente por
perda de peso, polidipsia e poliúria, sugerindo que “algo passava através do corpo” e
associando a origem da doença ao rim (Carvalheiro, 2011, p.327). No entanto, sabe-
se, hoje, que, muitos séculos antes (séc. XV a.C.), a sua existência era já mencionada,
como nos descreve o papiro de Ebens, descoberto em 1550 pelo egiptólogo George
Ebens, em Tebas. Este documento faz referência a uma situação clínica, com
sintomas poliúricos, que se assemelha à diabetes mellitus.
Avicena (980 – 1037), médico árabe, atribuiu pela primeira vez o conceito de doença
sistémica à diabetes e Paracelso debruçou-se na procura de um marcador bioquímico
urinário. Até esta altura, a doença continuava a ser pouco frequente, sendo escassas
as referências médicas relativas a esta enfermidade. No séc. XVIII, confirmou-se a
existência de glicose na urina, por Thomas Willis, mas apenas no séc. XIX se
identificou a hiperglicémia elevada através de Claude Bernard. Pouco tempo depois,
Langerhans (1813 – 1878) descreveu os ilhéus pancreáticos e a sua associação à
patogénese da diabetes foi posteriormente confirmada por Minkowski. Em 1922, deu-
se a descoberta da insulina, por Banting, Best e Macleod, dando início à “era
moderna” da diabetes (Carvalheiro, 2011, p.328).
De uma doença rara, como foi descrita por Aretaeus, a diabetes assume-se, hoje,
como uma doença crónica em franca expansão, atingindo caraterísticas de uma
pandemia (Carvalheiro, 2011, p.327), associada a elevadas taxas de morbilidade e de
mortalidade. Atualmente, sabe-se que a diabetes mellitus, mais conhecida por
DIABETES TIPO 1
Resulta da destruição das células ß com consequente falência absoluta da secreção
da insulina, sendo, por isso, indispensável a insulinoterapia. Ocorre em qualquer
idade, mas com mais frequência na infância e adolescência, e corresponde a 5-10%
dos casos de diabetes.
Quando a destruição da célula ß é súbita, a cetoacidose é muitas vezes a primeira
manifestação da diabetes tipo 1. Este tipo de diabetes pode classificar-se como
autoimune (na maioria dos casos, a destruição das células ß dá-se por um mecanismo
autoimune) ou idiopática (assim denominada nos casos em que não se consegue
documentar a existência do processo imune).
DIABETES TIPO 2
É a forma mais comum de diabetes, correspondendo a cerca de 90% de todos os
casos de diabetes. Está na maioria das vezes associada a obesidade, hipertensão
arterial e dislipidémia. É caracterizada pela perturbação da ação e também da
DIABETES GESTACIONAL
A diabetes gestacional corresponde a qualquer grau de anomalia do metabolismo da
glicose documentado, pela primeira vez, durante a gravidez. Segundo a Associação
Protetora dos Diabéticos de Portugal (2002), a diabetes gestacional ocorre em cerca
de 1 em cada 20 grávidas e, se não for detetada através de análises e a hiperglicemia
corrigida com dieta e/ou com insulina, a gravidez pode complicar-se para a mãe e para
a criança. Nestes casos, são vulgares os bebés com mais de 4 kg à nascença e a
necessidade de cesariana na altura do parto. Podem, ainda, ocorrer abortos
espontâneos.
≥126 mg/dl
HbA1c ≥6,5%
Fonte: Norma Nº 007/2011 da DGS, 2011
0
≥92 mg/dl
1
≥180 mg/dl
2
≥153 mg/dl
Fonte: Norma Nº 007/2011 da DGS, 2011
EDUCAÇÃO
MEDICAÇÃO EXERCÍCIO
ooO
Fonte: CALDEIRA, Jorge – Educação. Revista Pathos. Ano XVII; Nº8; setembro de 2002a, p. 19 - 21
Modelo de Empowerment
Este modelo é atual, como nos refere Carvalho (2006), agregando também as
premissas do modelo de crenças em saúde. Tem como objetivo promover a autonomia
o empoderamento, criar consciência crítica em relação a fatores chaves da vida e
desenvolver competências para a capacitação individual ou comunitária para liderarem
o próprio projeto de saúde. Segundo este autor, para além de informação relevante, o
modelo pretende clarificar valores, crenças e estimular a avaliação crítica dos
indivíduos para desenvolverem competências de autodecisão, para uma verdadeira
escolha voluntária. Este método é o ideal para aplicar na educação terapêutica em
grupo.
<1ano 0 0 0
1 a 4 anos 0 0 0
5 a 9 anos 0 0 0
10 a 14 anos 1 0 1
15 a 19 anos 0 0 0
20 a 24 anos 1 0 1
25 a 29 anos 1 0 1
30 a 34 anos 0 0 0
35 a 39 anos 3 0 3
40 a 44 anos 4 1 5
45 a 49 anos 8 3 11
50 a 54 anos 13 6 19
55 a 59 anos 15 9 24
60 a 64 anos 22 16 38
65 a 69 anos 27 25 52
70 a 74 anos 29 20 49
75 a 79 anos 15 22 37
80 a 84 anos 12 20 32
85 a 89 anos 7 5 12
≥ 90 1 2 3
Total 159 129 288
Fonte: SINUS consulta Plano de Ação UCCNM 15/11/10
D3- Cuidados com os Pés -Examinar os pés (nos últimos sete dias);
-Inspecionar o interior dos sapatos (nos últimos sete dias);
-Lavou os pés (nos últimos sete dias);
-Secar os espaços entre os dedos do pé depois de os lavar (nos
últimos sete dias).
D4- Medicamentos -Tomar conforme indicado os medicamentos da diabetes/ insulina
(nos últimos sete dias).
D5-Monitorização da -Avaliação da glicemia (quantas vezes por semana);
Glicemia Capilar -Monitorização recomendada (quantas vezes na última semana).
D6- Hábitos Tabágicos -Fumar um cigarro/ passa (nos últimos sete dias);
-Se “sim” na alínea anterior – Nº de cigarros num dia;
-Último cigarro/ deixar de fumar.
5.4.2 - Pré-teste
O pré-teste foi aplicado para identificar, assim, as dificuldades que poderiam surgir na
aplicação dos instrumentos, quer na compreensão das perguntas formuladas, quer no
encadeamento das várias questões, quer na aplicação das próprias escalas já
validadas e aplicadas em outros estudos científicos.
O pré-teste foi realizado, no Centro de Saúde Norton de Matos, a vinte utentes
diabéticos tipo 2, utentes com caraterísticas idênticas aos da amostra selecionada
para o estudo.
A sua aplicação teve uma duração de aproximadamente 20 minutos por utente. Foi
efetuada no mês de março de 2011 e, após algumas dúvidas levantadas pelos
utentes, procedeu-se a pequenas alterações, nomeadamente a pergunta nº 7 –
Parâmetros clínicos essenciais do estudo, colocada a “bold”, para que o participante
que não respondesse, porque não sabia esses valores ou o significado das siglas ou
Foi solicitado as autorizações aos autores das escalas que foram aplicadas, dos quais
se obteve a resposta de autorização (Anexo III). Foi enviado, também por escrito
Kolmogorov Nível de
Escalas -Smirnova Significância
Autocuidado com
A amostra do estudo foi constituída por 131 utentes diabéticos tipo 2, do Centro de
Saúde Norton de Matos – Extensão de Saúde de Ceira, do ACES Baixo Mondego 1,
com idades compreendidas entre os 45 e os 92 anos.
A maioria da amostra (75.5%) tem idade igual ou superior a 65 anos, seguindo-se
16.1% com idades compreendidas entre os 55 e os 64 anos. De referir que o grupo
etário de indivíduos mais jovens (45-54 anos) é o menos representativo (8,4%).
Idade Nº %
45-54 anos 11 8.4
55-64 anos 21 16.1
65-74 anos 32 24.4
75-84 anos 34 25.9
85-94 anos 33 25.2
Total 131 100.0
DP Md Mo Mín Max
Sexo Nº %
Masculino 68 51.9
Feminino 63 48.1
Total 131 100.0
1
Uma vez que os dados apresentados nos quadros são todos eles retirados da mesma amostra omite-se essa
designação.
Estado Civil Nº %
Solteiro 7 5.3
Casado/União de facto 90 68.7
Divorciado/Separado 6 4.6
Viúvo 28 21.4
Total 131 100.0
Escolaridade Nº %
Não sabe ler, nem escrever 21 16.0
Nunca estudou, mas sabe ler e escrever 16 12.2
1º Ciclo 74 56.5
2º Ciclo 11 8.4
3º Ciclo 6 4.6
Curso Superior/Licenciatura 3 2.3
Total 131 100.0
No que respeita à situação laboral dos diabéticos tipo 2 da amostra (Quadro 15)
verificou-se que a grande maioria (76,3%) são reformados, somente 22,9% estão
numa situação ativa e “um” encontra-se desempregado.
Situação Profissional Nº %
Reformado/a 100 76.3
Desempregado/a 1 0.8
Trabalhador/a Activo/a 30 22.9
Total 131 100.0
DP Md Mo Mín Max
Altura 162,02 8,29 162 158 144 180
A conjugação do peso com a altura dos diabéticos tipo 2 da amostra permitiu calcular
o índice de massa corporal (IMC) e a sua categorização (Quadro 18). Assim, a maioria
(55%) eram obesos e 38,9% tinha excesso de peso. De referir que apenas 6,1% eram
normoponderais.
Quadro 18 – Distribuição da amostra segundo o IMC
IMC Nº %
Normoponderais < 25 8 6.1
Excesso de peso 25 - 30 51 38.9
Obesidade > 30 72 55.0
Total 131 100.0
Glicemia Nº %
Hipoglicémia < 80 mg/dl 1 0.8
No Quadro 20, em relação aos valores de glicemia capilar dos diabéticos tipo 2 da
amostra, a média foi de 140,92 mg/dl com um desvio padrão de 50,89, sendo o valor
mínimo de 78 e o máximo de 381 mg/dl.
DP Md Mo Mín Max
Glicemia 140,92 50,89 125 105 78 381
Tensão Arterial Nº %
Normal 60 45.8
HTA Ligeira (Grau I) 45 34.4
HTA Moderada (Grau II) 22 16.8
HTA Grave (Grau III) 4 3.1
Total 131 100.0
DP Md Mo Mín Max
TA Sistólica 138,08 18,88 136 130 84 180
TA Diastólica 80,69 10,79 80 80 60 110
A análise do Quadro 26 permitiu constatar que a maior parte (41,2%) dos participantes
da amostra é diabético há mais de 10 anos e 32,9% há cinco ou menos anos.
A análise do Quadro 28 permitiu constatar que dos diabéticos tipo 2 da amostra, que
tinham familiares diabéticos, a maior parte (23,3%) referiu ser o pai e a mãe, seguindo-
-se 22,3% que referiram só o pai e 20,4% os irmãos. De salientar que apenas 9,7%
dos participantes referiram a mãe isoladamente.
Tratamento Nº %
Somente antidiabético oral 37 28.2
Somente insulina 9 6.9
Dieta e antidiabético oral 23 17.6
Dieta e insulina 2 1.5
Exercício e antidiabético oral 1 0.8
Dieta, antidiabético oral e exercício 41 31.3
Dieta, insulina e exercício 8 6.1
Antidiabético oral e insulina 7 5.3
Antidiabético oral, insulina e dieta 1 0.8
Antidiabético oral, insulina e exercício 1 0.8
Antidiabético oral, insulina, dieta e exercícios 1 0.8
Total 131 100.0
A maioria dos diabéticos tipo 2 da amostra (84,7%) refere que as frequências das
consultas de diabetes de 4/4 meses são suficientes, sendo que 12,2% não sabem e
3,1% consideram insuficiente esse número de consultas.
Complicações da Diabetes Nº %
Colesterol alto 126 96.2
HTA 121 92.4
Circulação 84 64.1
Obesidade 67 51.1
Quando questionados “se toma medicação contínua para outra doença além da
diabetes” (Quadro 37), a quase totalidade (98,5%) responderam afirmativamente.
DP Md Mo Mín Max
Nº Internamentos
5,36 2,92 5 3 1 10
devido à Diabetes
Dos diabéticos tipo 2 da amostra que “dizem saber fazer” a monitorização da glicemia,
a grande maioria (84,9%) faz o controlo em jejum, seguindo-se 12,3% que fazem
também ao jantar, sendo que apenas 2,8% o fazem quatro vezes ao dia (jejum,
almoço, jantar e deitar).
No que se refere ao autocontrolo da diabetes (Quadro 42) pode verificar-se que 79,4%
dos participantes são autónomos. Apenas 20,6% têm ajuda de terceiros.
A análise do Quadro 47 permite constatar que a maioria (70,2%) dos diabéticos tipo 2
da amostra, considera que tem um controlo aceitável da doença, sendo que para
19,1% é mau e apenas para 10,7% bom.
No que se refere a motivação para aderir ao regime terapêutico (Quadro 48) a grande
maioria (75,6%) dos participantes refere estar motivado, 21,4% não sabem e apenas
3,1% manifestaram não estar motivados para adesão ao regime terapêutico.
Nesta escala foi efetuado um tratamento diferenciado para a questão dos hábitos
tabágicos. Assim da análise do Quadro 53, pode constatar-se que apenas 6,9% dos
participantes da amostra fumou na última semana.
Quando questionados os diabéticos tipo 2 da amostra que referiram fumar nos últimos
sete dias, à questão “quantos cigarros fuma, habitualmente, num dia” (Quadro 54) a
média é de 14,14 cigarros, sendo a moda de 20 e a mediana de 8, sendo o mínimo
referido de 2 e o máximo de 40/cigarros dia.
DP Md Mo Mín Max
Nº cigarros/dia 14,14 13,59 8 20 2 40
De forma a testar a relação entre as variáveis, procedeu-se ao teste de cada uma das
hipóteses. Os resultados são apresentados em quadros antecedidos da respetiva
análise. Como já referido anteriormente, foi utilizado um nível de significância de 0,05.
Pela leitura e análise do Quadro 56, que compara o autocuidado com a diabetes nos
participantes com diabetes tipo 2 e a sua relação com o sexo, verificou-se que os
homens apresentavam um valor médio mais baixo para a maioria das dimensões
(exceção na “atividade física” e “medicamentos”). Para verificar se existe ou não
diferença significativa entre os sexos, utilizou-se o teste t de Student para diferença de
médias, com grupos independentes, e identificou-se a existência de diferença
altamente significativa (p<0,001) em relação à “alimentação específica”, o que nos
permitiu concluir que existe relação entre o sexo feminino e o autocuidado com a
doença, nomeadamente na dimensão “alimentação específica”.
IDADE r p
Alimentação Geral -0,181 0,039
Alimentação Específica 0,092 0,296
Atividade Física -0,182 0,038
Cuidados com os Pés -0,345 0,000
Medicamentos -0,124 0,159
Monitorização da Glicemia Capilar -0,344 0,000
Pela análise do Quadro 59, que relaciona a escolaridade dos participantes com o seu
autocuidado da diabetes, pode constatar-se que estes, com maior escolaridade (≥ 3º
Ciclo), são aqueles que têm um melhor autocuidado em relação à diabetes, em todas
as dimensões do autocuidado. Contudo, os resultados do teste Anova permitiram
observar sempre um valor de “p” altamente significativo, para todas as dimensões (à
exceção da “alimentação específica”). O teste Post-Hoc de Tukey identifica as
diferenças entre analfabeto/≤1º Ciclo e ≥ 3º Ciclo. Logo, pode afirmar-se que a
escolaridade do diabético tipo 2 desta amostra influencia o seu autocuidado com a
doença.
Alimentação Específica 4.04 1.07 3.78 0.98 3.76 1.01 0.541 0.584
Atividade Física 2.37 2.29 1.59 1.27 1.31 1.35 3.536 0.032
Cuidados com os Pés 4.12 1.15 4.00 1.20 4.12 1.02 0.118 0.889
A grande limitação deste estudo foi não conseguir aplicar o questionário a todos os
utentes diabéticos da Extensão de Saúde de Ceira, devido a inúmeras situações que
já foram apresentadas na metodologia deste estudo.
Apesar desta limitação, o estudo apresenta alguns aspetos positivos do ponto de vista
metodológico, o que o engrandece. A elaboração de um questionário com duas
escalas validadas e adaptadas à realidade da população portuguesa, permitiu
caraterizar a população e avaliar a (não) adesão ao regime terapêutico do diabético
tipo 2. Estes resultados podem assim, dar continuidade e ser utilizados em estudos
futuros. Este trabalho utiliza ainda indicadores objetivos, como as caraterísticas
sociodemográficas e clínicas da diabetes, tais como a hemoglobina glicosilada e a
adesão ao regime terapêutico, colmatando uma das críticas mais comuns a este tipo
de estudos.
Seria muito importante aprofundar a relação utente/profissional de saúde,
especialmente nas dimensões do autocuidado e da adesão ao regime terapêutico,
através das consultas de enfermagem e do grupo que futuramente se pretende criar,
para uma eficaz adesão ao regime terapêutico e para uma melhor qualidade de vida
dos utentes diabéticos e seus familiares.
ALMADA, Joana Reis – Intervenção do enfermeiro perante o doente com dor. In:
Enfermagem em Foco. Lisboa. Ano II. Nº 8 (ago.- out. 1992). p. 39- 44.
ALMEIDA, Helcia, [et al]. – Adesão ao tratamento entre idosos. In: Comunicação em
Ciências da Saúde. Nº 18 (jan.- mar. 2007), p. 57-67.
BECKER, M.; ROSENSTOCK, I. – The health belief model and HIV risk behavior
Change. In: DICLEMENTE, R. J.; PERTENSON, J. L., (ed.) (1987) - Preventing
AIDS: theoris and methods of behavioural intervention. New York: Plenum Press.
p. 5-24.
BRAUNWALD, Eugene, [et al.] (2002) – Harrison medicina interna. 15ª ed. Rio de
Janeiro: McGraw-Hill. ISBN 85 86804 26 6.
BRITO, I., [et al.] – Antes que te queimes: educação pelos pares em contexto
recreativo. In: Revista de psicologia. Vol. 4. Nº 1 (2008), p. 90-92.
DIAS, A. M., [et al.] – Adesão ao regime terapêutico na doença crónica. In: Millenium.
N.º 40 (2011), p.1-219.
DIAS, M. R., DIAS, A. M., [et al.] – Adesão ao regime terapêutico na doença crónica -
Promoção da saúde: o renascimento de uma ideologia. Análise Psicológica. [online].
[Consult. 16 jan. 2011]. Vol. 22. Nº3 (set. 2004), p.463-473. Disponível em: WWW:
<URL: http://www.
<scielo.oces.mctes.pt/scielo.php?Script=sci_arttext&pid=S087082312004000300004&l
ng=pt&nrm=isso>. ISSN 0870-8231.
DUARTE, R.; Zeller, P. – Alterações oculares na diabetes. In: Duarte, Rui (2002) -
Diabetologia clínica. 3ª ed. Lisboa: Lidel. p. 263-276.
DUNBAR, R., [et. al] - Adherence in chronic disease. In: Annual Review of Nursing
Research. Nº 18 ( 2003), p. 124.
FOSTER, Daniel W. – Diabetes Mellitus. In: Harrison medicina interna. 13ª ed. [S.l.]:
Editora Interamericana, 1995. Vol. 2. ISBN 968 25 2337 0.
GAGEIRO, João Nunes; PESTANA, Maria Helena (1998) – Análise de dados para
ciências sociais: a complementaridade do SPSS. 1ª ed, Lisboa: Edições Sílabo.
GRAÇA, António Silva – Página do presidente: diabetes e estilo de vida. In: Revista
Diabetes Viver em Equilíbrio. ISSN 0873 450 X. Nº 16 (jul. - set. 2000), p. 4-5.
HARRISON MEDICINA INTERNA. 13ª ed. México: Editora Interamericana, 1995. Vol.
2. ISBN 0 07 032370 4.
HEALTHY PEOPLE [em linha]. 2011. [Consult. set. 2011]. Disponível em: WWW:
<URL: http://evolve.elsevier.com/stanhope>.
HELMAN, C. G. (2003) – Cultura, saúde & doença. 4ª ed. Porto Alegre: Artmed.
HOWELL, C. David. – Statistical methods for psychology. 6th ed. [S.l.]: Thomson,
[s.d.]. ISBN 0 495 01287 4.
IGOE, J. B.; SPEER, S. - O enfermeiro comunitário nas escolas. In: STANHOPE, M.;
LANCASTER, J. (1999) – Enfermagem comunitária: promoção da saúde de
KAPLAN, S. H., [et. al] - Fair [overweight] and forty: the relationship of body image to
functional status for men and women with Gallbladder disease. In: J Gen Int. Med. N. º
11 (1985), 76p.
KELLY, P., [et. al] – Sexually transmitted diseases, sexual behavior, and cocaine use
in inner- city Woman. In: Am J. Epidemiol.Nº 140 (1967-1972), p.1125-34.
MANUAL MERCK: SAÚDE PARA A FAMÍLIA. New Jersey: Editora Oceano, 2000.
ISBN 972-8528-64-7.
MORÁN, A.; PHILLIPS, J.; MILLA, C. – Insulin and glucose excursion following
premeal lispro or repaglinide in cystic fibrosis related diabetes. Diabetes Care. Nº. 24
(2001), p. 1706-1710.
MURRAY, M., [et. al] – A conceptual framework to study medication adherence in older
adults. In: The American Journal of Geriatric Pharmacotherapy. Vol. 2. Nº 1 (2004),
p. 11-14.
OGDEN, J. (1999) – Psicologia da saúde. Lisboa: Climepsi Editores. ISBN 972 8449
16 X.
OGDEN, M.; Halmilton, C. - The proactive sexual health history. In: American Family
Physician. Vol. 66. Nº 9 (1999), p. 1715-1713.
PORTAL DA SAÚDE. [em linha]. 2011. [Consult. 18 dez. 2011]. Disponível em WWW:
<URL:http:www.min-saude.pt/portal/conteudos/enciclopedia/diabetes>.
PORTUGAL. Saúde para todos. [em linha]. 2009. p. 68-79. [Consult. 12 mar. 2012].
Disponível em WWW: <URL: http:www.portugal.gov.pt/pt GC18/documentos/
programa GC18.pdf>.
RODGERS, R. – A protection motivation theory of fear appeals and attitude change. In:
Journal of psychology. Nº 91(1975), p. 93-114.
RUAS, Almeida – Dia mundial da diabetes. In: Revista diabetes. Lisboa. ISSN 0873
450 X. Nº 3 (out.- dez. 1996), p. 14 -15.
VAZ SERRA, A., [et al.] (1991) – Psiquiatria clínica: reacções emocionais à doença
grave. Coimbra.
WARREN, L.; HIXENBAUGH, P. – Adherence and diabetes. In: Myers, l.; Midence K.,
eds. (1998) - Adherence to treatment in medical conditions. Amsterdam: Harwood
Academic Publishers. p. 423-453.
ZURRO, A., [et al.] (1991) – Manual de cuidados de saúde primários. Lisboa:
Laboratórios Azevedo. Vol.1.