RESUMO

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TÍTULO

Dano-evento e dano-prejuízo.

RESUMO

As mudanças sociais influenciaram no aumento da importância do dano.


Atualmente o elemento exerce o papel central na responsabilidade civil. Pode haver
responsabilidade sem culpa, mas não há responsabilidade sem dano.

A observância de que a noção jurídica de dano não coincide com a


comum favoreceu a compreensão de que o dano, mesmo sendo um fenômeno unitário,
tem dois aspectos relevantes. São os dois momentos de sua ocorrência: dano-evento e
dano-prejuízo. Tanto um como outro são resultados da conduta, mas suas características
são completamente diferentes.

O dano-evento consiste na lesão a um direito subjetivo ou a uma norma


protetora de interesses. Devido a essa característica, verificada a sua presença a
contrariedade ao direito estará presente mesmo nas hipóteses de responsabilidade
objetiva.

O dano-prejuízo é a conseqüência. Poderá ser patrimonial e não


patrimonial, individual e social.

Com esses conceitos claros, inúmeras questões são resolvidas, como a


prescrição, o dano social, o verdadeiro conceito de dano moral, a competência na ação
de reparação e a perda de oportunidade.

Quanto ao dano não patrimonial, verifica-se que é gênero, sendo o dano


moral uma de suas espécies.

O dano social é uma nova categoria que visa abarcar uma lacuna na
reparação civil.

Palavras-chave: responsabilidade, dano, dano-evento, dano-prejuízo, dano social


ABSTRACT

Social changes have influenced the increasing importance of the concept


of mischief. Nowadays this element represents the central role in the civil liability. It
can exists liability without fault, but there is no liability without mischief.

The observance that the legal notion of mischief does not coincide with
the common notion has favored the comprehension that the mischief, even being an unit
phenomenon, has two prominent aspects. The moments of its occurrence are two:
mischief-event and mischief-damage. These moments are results of the conduct, but its
characteristics are completely different.

The mischief-event consists in the aggression against a subjective right


or against a protective norm of interests. Due to that characteristic, once detected its
presence, the offence against law will be present even in the hypotheses of objective
liability.

The mischief-damage is the consequence. It can be patrimonial and no-


patrimonial, individual and social.

Having in mind those concepts, many problems can be resolved, as the


prescription, the social mischief, the true concept of moral mischief, the competence in
the action of repair and the loss of opportunity.

With regards to the no-patrimonial mischief, it can be verified that it is a


genus, being the moral mischief one of its species.

The social mischief is a new category that aims to fulfill a gap in the civil
reparation.

Keywords: responsibility, mischief, mischief-event, mischief-damage, social mischief


INTRODUÇÃO

A responsabilidade civil é o instrumento mais eficaz à proteção de novos


bens e interesses. Ela é o instituto jurídico que primeiro sofre o impacto das
modificações do sistema social. É justamente a partir do fenômeno social que se afirma
a importância crescente do dano para a responsabilidade civil1.

Pensar na idéia de fato típico, em se tratando de responsabilidade civil,


traz a tona três elementos básicos com as suas particularidades: a conduta ou atividade2
(responsabilidade objetiva), o nexo de causalidade e o dano.

Sem qualquer dos elementos de forma completa não se pode falar em


tipicidade e na possibilidade de indenização. Como se vê, o dano é um de seus
elementos essenciais e de particular relevância.

O advento de danos de dimensões inusitadas e catastróficas, juntamente


com a complexidade da sociedade pós-industrial, proporcionou o surgimento de
inúmeras responsabilidades especiais3. E neste ponto, Carlo Castronovo observa o
nascimento de responsabilidades sob o regime especial, por exemplo, nas atividades
nucleares e de proteção ambiental4, mas todas com o dano como foco principal.

A reparação é atualmente o objetivo central, essencial, da


responsabilidade civil. Com o declínio da importância da culpa, a reparação do dano,
que até o final do século XIX tinha caráter acessório, ocupa agora papel central5. A

* Na citação de juristas pátrios, far-se-á menção a seu prenome se assim forem mais conhecidos.
** Algumas obras terão a citação de mais de uma edição, pois foram consultadas em períodos diversos.
1
CASTRONOVO, Carlo. La nuova responsabilità civile. 2ª ed. Milano: Giuffrè, 1997,
pp. 80-83.
2
Segundo CAVALIERI FILHO, Sérgio. Comentários ao novo código civil. Das
preferências e privilégios creditórios, art. 927 a 965. 2ª ed.. vol. XIII. Rio de Janeiro: Forense, 2007, p.
148. Atividade pode ser definida como “conduta reiterada, habitualmente exercida, organizada de forma
profissional ou empresarial para realizar fins econômicos”.
3
ALPA, Guido. Trattato di diritto civile, la responsabilità civile. v. 4. Milano: Giuffré,
1999, pp. 601-602.
4
CASTRONOVO, Carlo. La nuova responsabilità civile. 2ª ed. Milano: Giuffrè, 1997,
pp. 523-526.
5
VINEY, Geneviève. Introdution à la responsabilité. In GUESTIN, Jacques (Coord.).
Traité de Droit Civil. v. I. 2. ed. Paris: LGDJ, 1995, p. 58-60 e Le déclin de la responsabilité individuelle.
Paris: LGDJ, 1965. pp. 4-8.
culpa faz parte do elemento subjetivo da conduta. A responsabilidade objetiva, em
regra, prescinde desse elemento subjetivo. Todos os demais elementos do fato típico da
responsabilidade civil devem estar presentes. Aí conclui-se, por óbvio, que o dano é
necessário para a caracterização do tipo responsabilidade civil.

Não existe responsabilidade sem dano. A afirmação é pacífica na lei,


doutrina e jurisprudência6. Já a responsabilidade sem culpa é possível. É justamente
essa idéia apresentada no início do primeiro capítulo.

O art. 186 do Código Civil (CC) brasileiro, o art. 2.043 do CC italiano e


o art. 1.382 do CC francês são exemplos do afirmado. O primeiro determina que
“aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito
e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito”. Tal
dispositivo precisa do complemento previsto no art. 927, caput, que estabelece o dever
de indenizar o ato ilícito se ele gerou dano7. Mais explícito é o segundo, que prevê que
“qualquer fato doloso ou culposo, que ocasiona a outros um dano injusto, obriga aquele
que cometeu o fato a ressarcir o dano8”. Da mesma forma, o terceiro prevê que “todo
fato, qualquer que seja, do homem, que causar a outrem um dano, obriga aquele por
culpa do qual ele adveio, a repará-lo”9.

A doutrina também é categórica em afirmar a necessidade do dano. José


de Aguiar Dias sustenta que o autor deve prová-lo. Não precisa provar o quantum, pois
este será objeto do momento da liquidação. Desta forma, não basta a existência de um
fato capaz de produzi-lo, é imprescindível a sua ocorrência concreta10. Guido Alpa

6
AZEVEDO, Antônio Junqueira de. O Direito como Sistema Complexo e de 2ª Ordem;
sua Autonomia, Ato nulo e Ato Ilícito, Diferença de Espírito entre Responsabilidade Civil e Penal,
Necessidade de Prejuízo para Haver Direito de Indenização na Responsabilidade Civil. In Antonio
Junqueira de Azevedo, Estudos e pareceres de direito privado. São Paulo: Saraiva, 2004, pp. 32-33.
7
O Código Civil de 2002, neste ponto, é mais técnico que o de 1916, pois deixa claro que
o ato ilícito é fonte de obrigação e demonstra claramente que o dever jurídico derivado de indenizar é
conteúdo de uma nova obrigação, que independe, em tese, do dever originário violado.
8
Art. 2.043 do CC italiano. Qualunque fatto dolosa o colposo, che cagiona ad altri um
danno ingiusto, obbliga colui che há comesso il fatto a risarcire il danno.
9
Art. 1.382 do CC francês. Tout fait quelconque de l’ homme, qui cause à autrui um
dommage, oblige celui par la faute duquel el est arrivé, à le reparer.
10
DIAS, José de Aguiar. Da Responsabilidade civil. v. I. 8. ed. Rio de Janeiro: Forense,
1987. p. 93. A necessidade do dano, no direito brasileiro, ainda é sustentada por, entre outros,
CARVALHO SANTOS, João Manuel de. Código Civil Brasileiro Interpretado. Rio de Janeiro: Freitas
Bastos, 1943. art. 159; CAVALIERI FILHO, Sérgio. Programa de Responsabilidade Civil. São Paulo:
Malheiros, 1997, p. 69; ANCONA LOPES, Teresa. O Dano Estético. 2ª ed. São Paulo: RT, 1999, pp. 19-
20; GONÇALVES, Carlos Roberto. Responsabilidade Civil. 5ª ed. São Paulo: Saraiva, 1994, pp. 27-28;
STOCO, Rui. Responsabilidade Civil e sua Interpretação Judicial. 3ª ed. São Paulo: RT, 1997, pp. 502-
505.
acrescenta que, ao contrário da culpa, o dano é requisito tanto da responsabilidade
subjetiva como da objetiva11.

A jurisprudência não é menos clara. Ele é pressuposto necessário e


imprescindível para o dever de indenizar12. Ela vai além ao afirmar que se faltar o dano
não há nem mesmo matéria para a indenização13.

A noção jurídica de dano deve ser individualizada em estrita conexão


com aquela do ressarcimento. Mas para isso, algumas distinções são imprescindíveis. A
primeira delas é a distinção entre a noção natural e a noção jurídica, estudada no
primeiro capítulo.

Com a noção jurídica, percebe-se o dano como fenômeno jurídico com


duas facetas: o dano-evento e dano-prejuízo.

Ocorre grande confusão entre os dois conceitos14. São os dois momentos


da ocorrência do dano. O primeiro é a lesão a algum bem, é um dano imediato. O
segundo é a conseqüência dessa lesão, é um dano mediato15.

O dano-evento pode ser à pessoa, ao patrimônio, à figura social da pessoa


ou a um terceiro, ou seja, trata-se de uma lesão ao direito ou ao interesse protegido16. O

11
ALPA, Guido. Responsabilità civile e danno. Bologna: Il Mulino, 1991, p. 477. Como
se vê, a doutrina estrangeira também considera o dano essencial à responsabilidade civil. Há vários outros
exemplos: VINEY, Geneviève. La responsabilité: effets. In GUESTIN, Jacques (Coord.). Traité de Droit
Civil. v. 3. 2. ed. Paris: LGDJ, 1988, p. 3; BAUDOUIN, Jean; DESLAURIERS, Patrice. La responsabilité
civile. 5ª ed. Quebec: Yvon Blais, 1998, p. 153; ZANNONI, Eduardo. El Daño en la Responsabilidade
Civil. 2ª ed.. Buenos Aires: Astrea, 1993, p.1; CASTRONOVO, Carlo, La nuova responsabilità civile. 2ª
ed. Milano: Giuffrè, 1997, p. 86; CALVÃO DA SILVA, João. Responsabilidade Civil do Produtor.
Coimbra: Almedina, 1999. p. 677.
12
RT 575/133.
13
RT 612/44.
14
SALVI, Cesare. Danno. In Digesto delle Discipline Privatistiche – Sezione Civile, v. 5.
(s.a.), p. 63.
15
JUNQUEIRA DE AZEVEDO, Antônio. Cadastros de Restrição ao Crédito. Conceito
de dano moral. In Antônio Junqueira de Azevedo. Estudos e Pareceres de Direito Privado. São Paulo:
Saraiva, 2004, p. 291.
16
SALVI, Cesare, Danno. In Digesto delle Discipline Privatistiche – Sezione Civile. . v. 5.
(s.a.), p. 64.
dano-prejuízo pode ser patrimonial ou não-patrimonial, tendo por base o indivíduo17, e
social, tendo por base a sociedade como um todo18.

Nenhum dos momentos deve ser descartado, pois ambos são essenciais
para uma completa compreensão. Um deles isoladamente não é capaz de ativar o
mecanismo do ressarcimento. O simples prejuízo, sem a lesão ao direito, faz parte
apenas dos fatos naturais sem conseqüências jurídicas. O lesado, para exigir o
ressarcimento, precisa demonstrar que existe um interesse violado ou agravado, que a
lesão afeta, em sua esfera própria, a satisfação ou gozo de bens jurídicos sobre os quais
exerça faculdade de agir19.O mesmo ocorre com o prejuízo, que por si só não indica a
necessidade de reparação20; é apenas um pressuposto21.

O principal problema decorre do fato de a natureza do dano-evento não


necessariamente corresponder a do dano-prejuízo. O dano-evento pode ser à pessoa e o
dano-prejuízo ser patrimonial. Isso é claro em uma lesão à integridade física de um
indivíduo que o leve a deixar de trabalhar22. Do mesmo modo, o dano-evento pode ser
no patrimônio e o prejuízo ser não patrimonial (moral). Assim ocorre na destruição de
um objeto com alto valor de afeição para o dono23.

A diferença de natureza muitas vezes não é notada pela doutrina. Para


isto, basta observar Manuel Antônio Domingues de Andrade, o qual afirma ser uma
obrigação de natureza não patrimonial incoercível. Para o autor, o inadimplemento de
uma prestação não suscetível de avaliação econômica não pode gerar danos materiais,
somente danos morais. Estes não são mensuráveis em dinheiro. Logo, o credor não
poderia exigir uma prestação pecuniária como equivalente à prestação pela própria

17
JUNQUEIRA DE AZEVEDO, Antônio. O Direito como Sistema Complexo e de 2ª
Ordem; sua Autonomia, Ato nulo e Ato Ilícito, Diferença de Espírito entre Responsabilidade Civil e
Penal, Necessidade de Prejuízo para Haver Direito de Indenização na Responsabilidade Civil. In
Antonio Junqueira de Azevedo, Estudos e pareceres de direito privado. São Paulo: Saraiva, 2004, p. 33.
18
JUNQUEIRA DE AZEVEDO, Antônio. Por uma Nova Categoria de Dano na
Responsabilidade Civil: o Dano Social. In RTDC. v. 9. 2004, p. 216. Segundo o autor, os danos sociais
são lesões à sociedade, no seu nível de vida ou no patrimônio moral.
19
ZANNONI, Eduardo. El Daño en la Responsabilidade Civil. 2ª ed.. Buenos Aires:
Astrea, 1993, pp.24-25.
20
SALVI, Cesare, Danno. In Digesto delle Discipline Privatistiche – Sezione Civile, v. 5.
(s.a.), p. 64.
21
TOURNEAU, Philippe le. La responsabilité civile. 2ª ed.. Paris: Dalloz, 1976. p.141.
22
MONATERI, Pier Giuseppe, Danno alla persona. In Digesto delle Discipline
Privatistiche – Sezione Civile. v. 5. (s.a.), pp. 76-77.
23
JUNQUEIRA DE AZEVEDO, Antônio. O Direito como Sistema Complexo e de 2ª
Ordem; sua Autonomia, Ato nulo e Ato Ilícito, Diferença de Espírito entre Responsabilidade Civil e
Penal, Necessidade de Prejuízo para Haver Direito de Indenização na Responsabilidade Civil. In
Antonio Junqueira de Azevedo, Estudos e pareceres de direito privado. São Paulo: Saraiva, 2004, p. 33.
impossibilidade de se avaliar esses danos. O “dinheiro e os danos morais são entidades
absolutamente heterogêneas, não podendo, pois, existir qualquer equivalência entre
elas”24.

Como se vê, o autor não diferencia nem mesmo se o dano moral refere-se
ao dano-evento ou ao dano-prejuízo. Daí a grande dificuldade em aceitar a sua
reparação.

Michele Giorgianni já percebe a distinção. O autor expressamente afirma


que o caráter econômico do ressarcimento do dano não significa que a prestação
também precisa ser suscetível de avaliação econômica. Ele acrescenta que é
perfeitamente possível haver danos patrimoniais originados por prestações de cunho não
econômico (por exemplo, danos derivados da ruptura da promessa de casamento, que a
lei italiana declara ser em parte reparáveis – art. 81 do Código Civil italiano). Como
também podem existir danos não patrimoniais que gerem prestações avaliáveis
economicamente25.

Analisa-se o conteúdo do dano-evento e do dano-prejuízo no segundo e


terceiro capítulos. Quanto ao dano-evento, trabalha-se a diferenciação entre a ilicitude
da conduta, a antijuridicidade do dano e do fato jurídico.

O dano-evento é o resultado da conduta ou atividade que afeta um direito


de outrem ou um interesse juridicamente relevante. Sendo resultado da conduta e
independente dela, não importa se ela será lícita ou ilícita. O resultado sempre será
antijurídico, pois ferirá um direito subjetivo ou contrariará uma norma protetora de
interesse.

Assim, é perfeitamente possível a presença de uma ação lícita que gere


um dano passível de reparação. A construção de uma piscina é um ato lícito. Se não se
observa o dever de cuidado será culposa e ilícita por esse fato, mas o dever de reparar o
dano somente surgirá se o resultado danoso também for ilícito. No exemplo, se afetar a

24
DOMINGUES DE ANDRADE, Manuel Antônio. Teoria Geral das Obrigações com a
Colaboração de Rui de Alarcão. 3ª ed.. Coimbra: Almedina, 1966. pp. 164-165. O autor está certo quanto
à impossibilidade de um dano não patrimonial ter indenização pelo equivalente. Não percebe, contudo,
que a indenização de um dano não patrimonial poderá ter caráter compensatório.
25
GIORGIANNI, Michele. L´obbligazione, La parte generale delle obbligazioni. v. I.
Catania: Vicenzo Muglia, 1945, pp. 33-34. Mas mesmo este autor, quando trata da patrimonialidade da
prestação, afirma que a natureza patrimonial pode advir de outros meios como, por exemplo, uma
cláusula penal, o que demonstra uma certa confusão entre a natureza do adimplemento ou não da
prestação (dano-evento), o prejuízo causado e a natureza da indenização.
estrutura do imóvel vizinho. A violação do direito de propriedade alheia é o resultado da
conduta e também é ilícito.

O dano-evento, resultado da conduta, sempre será antijurídico. O fato


jurídico responsabilidade civil também o será. Isso ocorre porque a responsabilidade
como fato é composta pela conduta, pelo nexo de causalidade e pelo dano. Tendo um
dos elementos contrários ao direito, o todo também o será. Como o dano-evento sempre
será antijurídico, a responsabilidade civil como fato jurídico sempre representará um
ilícito.

Posteriormente, adentra-se na discussão sobre o que vem a ser o direito


subjetivo. Para tanto, são listadas e apresentadas as principais teorias que o explicam.
Todavia, a explicação demonstra que algumas situações passíveis de gerar dano-evento
não são direito subjetivo, pelo menos na sua noção clássica.

Devido a isso, estuda-se o interesse juridicamente protegido, que pode


ser tanto o interesse legítimo, como um interesse simples, desde que protegido direta ou
indiretamente por uma norma. O interesse na relação obrigacional merece uma
particular atenção devido a sua peculiaridade.

No terceiro capítulo, o dano-prejuízo é observado com atenção para três


teorias. A primeira, teoria da diferença, representa uma espécie de cálculo matemático
sobre o patrimônio do sujeito, aqui entendido como entidade abstrata, considerando o
dano o resultado advindo da subtração26. A segunda, teoria objetiva do dano, estima o
dano patrimonial como o valor objetivo ou de mercado do bem que sofreu a lesão27.
Finalmente, a terceira, teoria da concepção subjetiva ou real-concreta, apenas admite o
dano a partir do interesse humano específico na reparação. Com essa idéia, não só os
danos patrimoniais, sejam eles danos emergentes ou lucros cessantes, estariam
abrangidos, mas também os danos não-patrimoniais28.

A relevância prática desse entendimento ainda precisa ser demonstrada.


Esse é um dos focos de todo o trabalho. São diversos os campos de aplicação da
distinção.

26
NAVEIRA ZARRA, Maita Maria. El resarcimiento del daño en la responsabilidad civil
extracontractual. Madrid: ER, 2006, p. 63.
27
CUPIS, Adriano de. Il danno, teoria generale della responsabilità civile. v. I. Milano:
Giuffrè, 1966, p. 346-348. O autor apenas afirma que ela era uma teoria desenvolvida na evolução
primitiva do direito, mas não a defende.
28
RAVAZZONI, Alberto. La riparazione del danno non patrimoniale. Milano: Giuffrè,
1962, p. 49.
Outro ponto é o dano social e sua relação com o art. 944, que limita a
indenização à extensão do dano. Este tipo de dano opõe-se aos individuais29. Deve ser
observado no âmbito do dano-prejuízo. Resta, contudo, saber como se fará a
indenização. A. Junqueira de Azevedo defende que a indenização deve ser entregue a
própria vítima, parte do processo, pois foi ela quem faticamente trabalhou. A vítima
agiria como um munus público, chamada no direito americano de private attorney
general, tendo em vista os punitive damages. Por ter atuado, a vítima mereceria uma
recompensa. O próprio autor, no entanto, percebe a dificuldade de aceitação do
argumento, o que revela a necessidade de um estudo mais aprofundado30.

Há ainda duas hipóteses para as quais a noção de dano-evento e a de


dano-prejuízo mostra-se de extrema valia.

A primeira delas relaciona-se à prescrição. O art. 206, do CC/2002,


determina a prescrição em três anos da pretensão de reparação civil, mas não esclarece
se o prazo deve ser contado da conduta ou do dano. É neste ponto que a idéia de dano
futuro é de extrema relevância. Não é destacado nem mesmo, caso a opção de contagem
de prazo seja a partir do dano, se a referência é o dano-evento ou o dano-prejuízo. Isso
ocorre porque o art. 189, do Código Civil, estabelece como termo inicial para a
prescrição a violação do direito. O grande problema na responsabilidade civil é que a
“violação do direito” pode acontecer em diversos momentos. Pode haver violação do
direito no elemento objetivo da conduta (ação ou omissão), no elemento subjetivo da
conduta, no caso de responsabilidade subjetiva (dolo e culpa) e no dano, seja o dano-
evento ou o dano-prejuízo. Deste modo, é essencial uma noção completa dos diversos
momentos em que é possível haver a “violação do direito” para saber se a pretensão de
reparação civil está prescrita ou não.

Na seara ambiental, a questão é ainda mais evidente. Um exemplo que


bem ilustra a confusão ocorre no chamado dano radioativo. Os efeitos biológicos da
radiação são diversos, abrangem tumores, leucemia, queda de cabelo, redução da
29
Esse argumento já está presente em BRAGA, Armando. A reparação do dano corporal
na responsabilidade civil extracontratual. Coimbra: Almedina, 2005, pp. 28 e ss. “O dano assume hoje,
em muitos casos e de forma crescente, uma configuração social, perdendo muito da sua natureza
individual que classicamente lhe estava associada. Além do mais, os interesses colectivos ou supra-
individuais conduzem a que sua lesão provoque danos colectivos ou difusos por uma generalidade de
pessoas ou mesmo por toda uma comunidade”. O autor continua e exemplifica com o dano ambiental: “a
própria consciência ecológica conduz a uma crescente atenção em face dos danos colectivos, mas também
face aos danos individuais provocados pelas várias fontes de poluição”.
30
JUNQUEIRA DE AZEVEDO, Antônio. Por uma Nova Categoria de Dano na
Responsabilidade Civil: o Dano Social. In RTDC. v. 9. 2004, pp. 216-217.
expectativa de vida, indução a mutações genéticas, entre outros31. Eles ocorrerão muito
tempo após o evento lesivo ou perdurarão por um tempo não determinado. Desta forma,
não se sabe em que momento ocorrerá a prescrição do direito e até quando o
responsável pelo dano manterá o dever de indenizar.

Tendo o fator tempo em vista, os danos ao meio ambiente podem ser


classificados como acumulados ou crônicos. A característica principal deste tipo de
dano é a não correspondência entre o momento em que ocorre a lesão e a produção de
efeitos. Eles podem ser divididos em danos permanentes ou continuados de um lado ou
danos progressivos de outro32. Os permanentes são aqueles atentados ao meio ambiente
que resultam de um foco de contaminação cuja atividade, única ou periódica, perdura
por um longo período de tempo, produzindo um dano cada vez maior. O depósito de
mercúrio em um rio é um exemplo deste tipo de dano. Os progressivos são aquelas
situações em que uma série de atos sucessivos provoca por si um progressivo prejuízo
maior que a simples soma dos repetitivos agravos33.

Apresentado o problema, resta saber quando o prejuízo deve ser auferido.


O sentido mais lógico leva a considerar somente o dano-prejuízo efetivo que pode
ocorrer depois de muito tempo. Mas não há unanimidade. Salvatore Patti, tratando do
dano futuro no âmbito ambiental, observa que somente a ciência é capaz de prever, com
razoável grau de certeza, os efeitos danosos de determinado ato ou atividade.
Acrescenta ainda que este tipo de dano constitui o objeto do ressarcimento. O autor
observa que alguns danos (dano-prejuízo) que não foram previstos de plano poderão
ocorrer algum tempo depois e deverão ser ressarcidos. O problema com a prescrição
ocorre pela possibilidade do decurso do lapso temporal excluir a possibilidade de se
intentar ação indenizatória34.

São três as possíveis soluções para a questão. A primeira simplesmente


aceita os efeitos do lapso temporal. A segunda, que tem como base a interpretação, no
direito italiano, do art. 2.935 do CC, afirma que o prazo prescricional só passa a correr

31
MARTINS DA SILVA, Américo Luís. Direito do Meio Ambiente e dos Recursos
Naturais. v. I São Paulo: RT, 2004, pp. 183-184.
32
CATALÁ, Lucia Gomes. Responsabilidad por daños al medio ambiente. Pamplona:
Aranzadi, 1998, pp. 90-91.
33
CATALÁ, Lucia Gomes. Responsabilidad por daños al medio ambiente. Pamplona:
Aranzadi, 1998, pp. 90-91.
34
PATTI, Salvatore. La tutela civile dell’ ambiente. Padova: CEDAM, 1979. pp. 84-88.
depois do dia em que o direito possa ser feito valer. A terceira admite a prescrição, mas
fala em retroatividade dos efeitos, é uma posição mais difícil de ser sustentada.

A segunda hipótese é de direito processual. O art. 100, V, a, do Código


Processual Civil (CPC), determina a competência do foro do lugar do ato ou fato para a
ação de reparação do dano. Em uma análise superficial, a regra se refere à conduta
quando diz ato ou fato. Contudo, pode-se argumentar que somente quando se diz ato
relaciona-se à conduta. Referindo-se ao fato, poder-se-ia alegar que a idéia deve ser de
fato jurídico que, no campo da responsabilidade civil, abrange tanto a conduta como o
nexo de causalidade e o dano35. Assim, se a conduta for realizada em um determinado
local, mas o dano for produzido em outro, haverá uma opção para a propositura da
demanda, que se resolverá pela prevenção36.

Todavia, a maior aplicação da teoria do dano-evento e do dano-prejuízo


ocorre para o dano moral. Justamente por isso, merece um tópico próprio, no terceiro
capítulo.

Ela é relevante para o próprio conceito de dano moral. Silmara Juny de


Abreu Chinelato e Almeida expõe que ele é uma decorrência da violação a direito da
personalidade, que embora possa ter reflexos patrimoniais é essencialmente não
patrimonial37. A autora define o dano moral tendo em conta apenas a violação ao
direito. Carlos Roberto Gonçalves é ainda mais explícito ao afirmar que se trata de lesão
de bem que integra os direitos da personalidade, como a honra, a dignidade, a
intimidade, a imagem, o bom nome, decorrentes dos art. 1º, III, e art. 5º, V e X, da
Constituição Federal38. Ele chega a afirmar que a conseqüência para a pessoa, própria

35
Aliás, cabe aqui salientar que a competência para a Ação Civil Pública é do local do
dano, como é possível observar pelo art. 2º, caput, da Lei 7.347/85: “As ações previstas nesta lei serão
propostas no foro do local onde ocorrer o dano, cujo juízo terá competência funcional para processar e
julgar a causa”.
36
DINAMARCO, Cândido Rangel. Instituições de Direito Processual Civil. v. I. 2ª ed.
São Paulo: Malheiros, 2002, pp. 526-528. Para o autor, o ato seria correspondente à noção de conduta e
fato seria sinônimo de acontecimento com relevância para o direito. Como se vê, nossa proposta é
diversa. Trata-se de ato como conduta e fato como fato jurídico, abrangendo a conduta, o nexo de
causalidade e o dano.
37
CHINELATO E ALMEIDA, Silmara Juny de Abreu. Responsabilidade Civil. In Novo
Código Civil Brasileiro, O que Muda na Vida do Cidadão. Brasília: Centro de Documentação e
Informação, 2003. pp. 143-152.
38
GONÇALVES, Carlos Roberto. Comentários ao Código Civil, parte especial, do
direito das obrigações, responsabilidade subjetiva, responsabilidade objetiva, responsabilidade por fato
de outrem, responsabilidade profissional, etc., preferências e privilégios creditórios (arts. 927 a 965).
São Paulo: Saraiva, 2003. O mesmo ocorre na doutrina estrangeira como, v.g., na argentina com
ZANNONI, Eduardo. El Daño en la Responsabilidade Civil. 2ª ed.. Buenos Aires: Astrea, 1993, pp. 234-
235.
do dano-prejuízo, não importa, o que é relevante é apenas a lesão ao bem jurídico.
Entretanto, uma definição de dano moral partindo do dano-evento pode não ser a mais
adequada.

Outra noção freqüentemente referida é a de dano moral como pretium


doloris, que por razões óbvias não poderia ser aceita. Sua adoção levaria à exclusão do
dano moral às pessoas jurídicas ou aos absolutamente incapazes39.

Não reparam estes autores que a distinção entre dano moral e dano
patrimonial não decorre da natureza do direito, bem ou interesse, mas da conseqüência e
repercussão sobre o lesado40.

Uma violação a um direito de personalidade pode também gerar danos


patrimoniais. Pelo mesmo raciocínio, o dano ao patrimônio pode ter conseqüências
patrimoniais ou não. É o que ocorre na seguinte situação: uma pessoa contrata outra
para organizar uma celebração festiva de casamento; como cláusula integrante do
contrato consta que os doces não poderão conter leite de origem animal, somente leite
de soja, sem especificar que isso decorre de um procedimento alérgico que se
desenvolve no filho do contratante por causa do consumo do produto de origem
animal41; a criança ingere o produto irregular perante o contrato precisando ser atendida
em um hospital, tendo de fazer inclusive tratamento psicológico, pois desenvolveu uma
espécie de “bloqueio psíquico” para consumir aquele tipo de doce; o fornecedor deverá
indenizar por dano não patrimonial, mesmo que o dano-evento tenha sido a violação ao
contrato, que, em princípio, teria apenas valor econômico. Reparem que os prejuízos à
saúde e à integridade física são conseqüências da violação do contrato.

Assim, o dano moral somente poderia ser definido por exclusão. Ele
corresponde a um prejuízo. Pode ser causado por quaisquer dos cinco tipos de dano-
evento: dano à pessoa, física ou bio-físico-química, lesão à figura social da pessoa, ao
patrimônio em sentido estrito ou até mesmo à terceira pessoa42.

39
JUNQUEIRA DE AZEVEDO, Antônio. Cadastros de Restrição ao Crédito. Conceito
de dano moral. In Antônio Junqueira de Azevedo. Estudos e Pareceres de Direito Privado. São Paulo:
Saraiva, 2004, p. 290.
40
DIAS, José de Aguiar. Da Responsabilidade civil. 6ª ed. Rio de Janeiro: Forense, 1979.
Título VII, item 226.
41
Sem a previsibilidade não há que se falar em culpa.
42
JUNQUEIRA DE AZEVEDO, Antônio. Cadastros de Restrição ao Crédito. Conceito
de dano moral. In Antônio Junqueira de Azevedo. Estudos e Pareceres de Direito Privado. São Paulo:
Saraiva, 2004, p. 292.
Portanto, quando se tem uma correta definição de dano patrimonial,
chega-se à definição do moral. O dano não patrimonial (moral) é todo aquele prejuízo
que não corresponde ao patrimonial.

A distinção entre dano-evento e dano-prejuízo também tem grande


relevância para o denominado dano ambiental. A ação sobre o ambiente é capaz de
gerar diferentes tipos de danos. Poderão ser ao indivíduo ou coletivos, ao patrimônio ou
ainda ecológicos43. Não estão claras também as conseqüências do dano ecológico puro,
se ele será patrimonial ou não e como seria realizado o ressarcimento, principalmente
quando do estudo do dano social44. Afinal, não se sabe ao certo as conseqüências da
extinção de uma espécie animal ou de um desmatamento excessivo45.

Quanto ao dano ambiental moral (não patrimonial), uma precisa


definição do termo é essencial para a sua aceitação ou não. Para os que consideram o
dano moral como violação a direito da personalidade46, parece ser inconcebível o dano
moral ecológico. Por outro lado, a definição de dano não patrimonial por exclusão torna
aceitável e plausível o fenômeno.

Isso ocorre, porque ao se considerar que o dano não patrimonial é


decorrência da violação de direito da personalidade não se pode admitir a indenização,
pois não há no meio ambiente nem mesmo personalidade. Caso o dano moral seja
definido por exclusão, relacionando-o ao dano prejuízo, não há impedimento para sua
existência.

A questão é controversa e tem enormes conseqüências práticas. A lei, a


doutrina e a jurisprudência exigem a presença do dano para a configuração da
responsabilidade civil. Não explicam, contudo, se se trata de dano-evento, dano-prejuízo
ou de ambos.

Essa breve análise dos problemas revela a importância do estudo acerca


da distinção entre o dano-evento e o dano-prejuízo, pois, dependendo do
posicionamento sobre o tema, as conseqüências são completamente opostas.

43
CRUZ, Branca Martins da. Responsabilidade Civil pelo Dano Ecológico: Alguns
Problemas. In Revista de Direito Ambiental. v. V. São Paulo: RT, 1997, p. 7.
44
JUNQUEIRA DE AZEVEDO, Antônio. Por uma Nova Categoria de Dano na
Responsabilidade Civil: o Dano Social. In RTDC. v. 9. 2004, pp. 211-218.
45
CRUZ, Branca Martins da. Responsabilidade Civil pelo Dano Ecológico: Alguns
Problemas. In Revista de Direito Ambiental. v. V. São Paulo: RT, 1997, p. 7.
46
TELES DA SILVA, Solange. Responsabilidade Civil Ambiental. pp. 449-450.
Analisando e comparando a doutrina, a jurisprudência e a legislação
estrangeira com a pátria, será possível conhecer as diversas posições e formular um
ponto de convergência entre elas.

A pesquisa, portanto, busca os seguintes objetivos:

1. Verificar a importância do dano para a configuração da responsabilidade civil.

2. Aprofundar o estudo relativo às controvérsias sobre o tema, principalmente a


distinção entre dano-evento e dano-prejuízo.

3. Estudar o conteúdo do dano-evento e do dano-prejuízo.

4. Aplicar a distinção para o direito brasileiro, principalmente no que tange ao


dano não-patrimonial.

A divisão em capítulos tem como escopo justamente esgotar os


supramencionados objetivos. No primeiro capítulo, são apresentadas as premissas da
dissertação. Conceitua-se o dano, a noção comum e jurídica.

No segundo capítulo, apresenta-se o conteúdo do dano-evento.

No terceiro, o dano-prejuízo.

Em toda a obra, utilizam-se as bases apresentadas para solucionar


diversos problemas práticos.

Finalmente, conclui-se o trabalho com as soluções encontradas.


CONCLUSÕES

Síntese das Conclusões do Capítulo I

1. O dano exerce o papel central na responsabilidade civil. Pode haver


responsabilidade sem culpa, mas não há responsabilidade sem dano. As mudanças
sociais são relevantes para essa configuração, pois, como o Direito é um sistema
complexo e de segunda ordem, sofre influencia do de primeira, o sistema social.

2. Para se entender o termo dano é preciso deixar claro que existe uma noção
comum que não equivale com a noção jurídica.

3. A noção comum preconiza que qualquer conseqüência prejudicial seria dano,


mesmo que gerado pela própria pessoa que o sofre ou até por um fenômeno natural,
independentemente de qualquer ação ou omissão humana. Não há limite também para o
bem que possa sofrer essa lesão. Poderia ser até mesmo um que não satisfaça à
necessidade humana.

4. A noção naturalística não coincide com a jurídica. A primeira diferença refere-se


ao caráter imprescindível de haver um sujeito que sofre o dano diverso daquele que o
causou.

5. Resta saber também se basta o prejuízo para haver ressarcimento. A idéia de


prejuízo, para a visão naturalística, diz respeito a uma modificação para pior da situação
do lesado. Essa noção depende claramente de um juízo de valor que diga respeito ao
lesado e uma alteração do mundo externo. A noção jurídica de dano parte de uma
intrínseca relação entre o objeto da modificação externa, que teve sua situação alterada
pelo fato causado por terceiro, e o lesado.

6. O dano, em sentido jurídico, seria também diretamente ligado ao conceito de


interesse juridicamente relevante. Isso é representado pela relação intercorrente entre
dois entes, sendo um deles o sujeito que tem uma necessidade legítima e o bem idôneo a
satisfazê-la.

7. Contudo, outra acepção do termo dano também tem relevância para o direito. O
dano pode ser encarado como conseqüência da lesão descrita acima que se refletirá no
objeto da indenização. Neste ponto, ele seria tudo aquilo que pode ser reparado.

8. O dano é o resultado dessa conduta e se expressa de duas formas: lesiona um


direito ou interesse juridicamente relevante e gera uma conseqüência que será objeto de
reparação. É neste ponto que a distinção entre o dano-evento e o dano-prejuízo mostra-
se relevante. Ela precisará os dois momentos da análise do dano e guiará o interprete na
compreensão e na aplicação de toda a responsabilidade civil.

9. O dano é o resultado da conduta para a responsabilidade civil e com ela não se


confunde. Um ato ou uma atividade podem ser lícitos ou ilícitos. O dano é o resultado
desse ato ou dessa atividade.

10. É nesse contexto que se insere a noção de dano-evento e de dano-prejuízo.


Dano-evento, portanto, é a lesão ao direito subjetivo ou ao interesse protegido por uma
norma. Já o dano-prejuízo é a conseqüência dessa lesão. Para a caracterização do
fenômeno jurídico do dano, pressuposto da responsabilidade civil, e do dever de
ressarcir, ambos precisam estar presentes.

11. A afirmação de dois momentos para o completo entendimento do fenômeno


denominado dano não necessariamente significa que entre o dano-evento e o dano-
prejuízo ocorrerá um lapso. É perfeitamente possível que a ocorrência de um e outro
seja simultânea.

12. A natureza do dano-evento pode não corresponder à do dano-prejuízo. Pode


existir lesão a um direito não patrimonial e as principais conseqüências serem
econômicas. O inverso também é verdadeiro.

13. A distinção é relevante não só para o perfeito entendimento do fenômeno do


dano, mas também para solucionar inúmeros problemas práticos. A prescrição na ação
de reparação, a competência, o conceito de dano moral, o dano social, o dano indireto e
a perda de oportunidade são exemplos de aplicações possíveis da distinção para a
solução de problemas.
14. O dano-evento e o dano-prejuízo são ligados por um nexo de correlação, um
liame diverso da causalidade. Esta última, baseada em uma relação de causa e efeito,
pressupõe a ligação de um resultado com um fato basilar. A relação entre os dois
momentos do fenômeno dano não tem essa característica, porque um não é fato para o
outro. Ambos são resultados da conduta. O ponto em comum é justamente esse: por
serem baseados em um mesmo fato, são correlatos.

Síntese das Conclusões do Capítulo II

1. O dano-evento é o primeiro momento da ocorrência do dano. É o dano imediato.


Ele está intimamente ligado com a ilicitude.

2. A ilicitude importa a contrariedade ao direito. Isso ocorre, porque é


consubstanciada na não-realização dos fins da ordem jurídica, implicando violação de
suas normas.

3. No campo dos fatos ilícitos, há basicamente dois elementos essenciais: a


contrariedade ao direito e a imputabilidade da conduta ao agente. O primeiro deles é
objetivo e expressa uma contrariedade a ordem jurídica. O segundo, por sua vez, é
subjetivo e expressa a capacidade de a pessoa praticar o ato previsto e de determinar a
sua conduta nesse sentido.

4. Na conduta, para a caracterização do ilícito, exige-se tanto a contrariedade ao


direito como a imputabilidade. No resultado (dano), basta o elemento objetivo.

5. No que se refere à ilicitude do dano, não se pode considerar o elemento


subjetivo. O resultado da conduta, seja ele o dano-evento seja o dano-prejuízo, é
essencialmente objetivo e para a sua ilicitude basta a contrariedade ao direito. O dano-
evento sempre será anti-normativo.
6. Um dos grandes problemas do Código Civil brasileiro e que a doutrina em geral
não se atenta é saber se o fato de o art. 186 se referir apenas à violação do direito
limitaria a proteção do direito apenas às hipóteses de direitos subjetivos.

7. O art. 1.382, do Código Civil francês, prevê que responde pelo dano aquele que
age com faute. O termo é o único pressuposto da imputação delitual para o direito
francês, mas, por ser ambíguo, abrange no seu funcionamento, a ilicitude, a culpa e o
nexo causal.

8. O art. 483, nº 1, primeira parte, do Código Civil português determina a ilicitude


quando da violação de um direito de outrem; já a segunda parte do art. 483, nº 1, por sua
vez, defende a ilicitude como violação de um dispositivo legal destinado a proteção de
interesses alheios. A solução é oposta à do direito francês.

9. O §823, do BGB, prescreve as espécies de direito e interesses que podem gerar


resposta em caso de violação.

10. O Código italiano desloca a ilicitude para o dano (dano injusto) e recebe muitas
críticas pela inovação.

11. Os debatedores não percebem que o legislador italiano com a previsão


demonstra haver duas espécies de contrariedade ao direito, a da conduta e a do dano,
sendo que somente a última deve estar presente em todas as hipóteses de
responsabilidade civil.

12. Superado o debate acerca da ilicitude e da possibilidade de se observar a


contrariedade ao direito no dano, resta saber quando ocorre o dano-evento direto.

13. Ele pode ocorrer por dois fatores: a lesão a um direito subjetivo ou a uma norma
que protege interesses alheios.

14. A razão é simples. A teoria clássica e usual sobre direito subjetivo não abrange
todas as hipóteses de interesses juridicamente relevantes. O principal exemplo são os
interesses difusos e coletivos que não podem ser enquadrados na tipologia por não
apresentarem apreensão individual e particular.

15. Não é, todavia, qualquer interesse que, violado, gerará um dano-evento. Apenas
aqueles protegidos por normas. A esses será atribuída uma qualificadora, serão
interesses juridicamente relevantes.
16. Essa interpretação tem mais um fundamento. Não há dúvidas que as violações a
direitos subjetivos possam gerar conseqüências jurídicas. Isso, aliás, está previsto
expressamente para a conduta no art. 186. Igual situação deve ocorrer com a violação de
normas protetoras de interesses e a resposta jurídica nesse caso não precisa sequer vir da
lei. A doutrina e a jurisprudência podem atuar neste caso tal qual ocorreu para a
conduta.

17. Isso fica claro ao se atentar à legislação estrangeira. Ainda quando da vigência
do Código de Seabra em Portugal, quando não se fazia remissão à proteção de
interesses, mas apenas de direitos, doutrina e jurisprudência se voltaram contra a regra e
estabeleceram respaldo jurídico a demandas judiciais.

Síntese das Conclusões do Capítulo III

1. Não basta o dano-evento, é imprescindível o dano-conseqüência, porque ele será


o objeto da pretensão ressarcitória.

2. O dano-prejuízo é o segundo momento da ocorrência do dano. Como é


conseqüência da lesão a um direito ou a uma norma que protege interesses, será
mediato.

3. Sem a conseqüência danosa pode haver até responsabilidade penal, a civil


jamais. Uma indenização sem dano importaria enriquecimento ilícito e não teria
fundamento.

4. Quatro teorias básicas tentam explicar o dano-prejuízo: teoria da diferença,


teoria objetiva, teoria subjetiva ou real-concreta e teoria subjetiva pós-moderna ou real-
concreta pós-moderna.

5. A teoria da diferença preconiza a realização de um cálculo matemático sobre o


patrimônio do sujeito, contemplando-o como entidade abstrata, no momento anterior ao
evento lesivo e o que supostamente teria sem a sua ocorrência.
6. A primeira crítica que se faz relaciona-se ao fato de a teoria tratar o patrimônio
como entidade abstrata, fazendo a operação, praticamente matemática, de subtração
entre os patrimônios hipotéticos, sendo que, em realidade, o prejuízo afetaria bens
concretos ou específicos.

7. A segunda crítica feita à teoria da diferença diz respeito à exclusiva abrangência


dos efeitos patrimoniais para a conseqüência danosa. Ao se referir à diferença de valor
existente entre patrimônios abstratos excluem-se efeitos não patrimoniais da
conseqüência do evento causador de dano-prejuízo.

8. A terceira relaciona-se a fatores que impedem a aplicação prática da teoria.


Trata-se da “relevância exoneradora das causas hipotéticas do dano” ou “causalidade
alternativa hipotética” e da compensatio lucri cum damno.

9. A quarta objeção à teoria da diferença diz respeito às formas de reparação do


dano. Ela é levantada, porque, à medida que o dano consiste em uma diminuição do
patrimônio, a indenização somente poderia ser a entrega de uma quantia em dinheiro
por parte do causador (pelo menos essa seria a regra).

10. O dano-prejuízo, para a teoria objetiva, será equivalente ao valor objetivo ou de


mercado que corresponda ao bem lesado.

11. Ela também sofre críticas. A primeira diz que o simples prejuízo ou destruição
de um bem não constitui por si só um dano, no sentido jurídico do termo, se não é
acompanhado de uma afetação a um interesse juridicamente protegido.

12. A concepção objetiva de dano, na sua forma pura, somente permite a admissão
de prejuízos patrimoniais, com exclusão, tal qual acontecia na teoria da diferença, dos
não patrimoniais.

13. Finalmente, ao se adotar a concepção objetiva, nem sempre se repara o prejuízo


efetivamente causado, porque o valor do prejuízo pode não corresponder ao valor
objetivo dos bens lesados ou destruídos. Ele pode ser superior ou inferior em função da
utilidade concreta para o individuo.

14. Para a teoria subjetiva, o dano ressarcível tem que levar em conta o interesse
humano lesionado. É a idéia de interesse humano que faz com que se considere as
circunstâncias concretas e pessoais ao redor da vítima. Salienta-se que o foco de análise
do interesse é diverso ao se examinar o dano-evento e o dano-prejuízo. Enquanto para o
dano-evento basta a violação objetiva do interesse violado, sem qualquer carga
valorativa, para o dano-prejuízo, a análise do interesse é um dos critérios de avaliação
do prejuízo causado. É uma espécie de critério quantitativo, uma baliza para a
pretensão ressarcitória. Ela demonstra que o valor comercial (concepção objetiva do
dano) é o preponderante, mas não o único critério.

15. Um conceito de dano (dano-prejuízo) que além de subjetivo, seja real-concreto


faz com que o dano seja um fato concreto da realidade. Ao se observar as circunstâncias
concretas, subjetivas, relacionadas à vítima, poder-se-á aproximar o dano-prejuízo do
montante ideal a ser ressarcido. Ele será mais real que os obtidos pelas teorias da
diferença e objetiva, pois leva em conta as situações específicas do sujeito que sofre o
dano. Nada impede que o dano apurado seja superior ou até mesmo inferior àquele
obtido com uma análise meramente objetiva do valor de mercado do bem lesado, pode
também coincidir com aquele. O que importa é saber que o valor real e o valor de
mercado são entidades distintas, pois os critérios para a sua aferição são distintos

16. A teoria subjetiva ou real-concreta, contudo, não é livre de críticas. A principal


delas é sua visão extremamente individualista do lesado e conseqüentemente do dano.
Atualmente, faz-se mister uma visão social da teoria. Essa é a visão pós-moderna.

17. As mudanças sociais e o surgimento de novas modalidades de danos que não


atingem somente o sujeito individual, mas também a coletividade e faz surgir uma
adaptação da teoria subjetiva.

18. A teoria subjetiva ou real-concreta é útil para a solução de alguns problemas


relativos à responsabilidade civil, principalmente, os que se referem à apuração de
danos que afetam um indivíduo isoladamente considerado. Todavia, em sua forma pura
não se incluem os danos que afetam a coletividade, os chamados danos sociais. Para
essas situações, a teoria subjetiva pura não é mais útil o que demonstra ser
imprescindível uma releitura pós-moderna.

19. A teoria subjetiva ou real-concreta pós-moderna significa que na análise do


dano-conseqüência com caráter coletivo a situação concreta a ser observada é a do
grupo ou coletividade. Somente com isso chegar-se-á a um valor real ou ideal para a
pretensão ressarcitória. Assim, o valor da indenização não será a simples soma dos
danos individuais, mas uma síntese das conseqüências geradas para o grupo ou
coletividade.
20. Passado o estudo das teorias sobre o dano prejuízo é preciso o aprofundamento
das suas espécies. Para isso, baseou-se a análise em dois critérios: o conteúdo do dano
prejuízo e a quem ele afeta.

21. Quanto ao conteúdo do prejuízo, o dano pode ser patrimonial ou não


patrimonial. O dano patrimonial é aquele que atinge os bens integrantes de um
patrimônio determinado. O termo patrimônio permite duas acepções, uma ampla e uma
restrita. A ampla significa o complexo de bens que representa duas entidades, a entidade
patrimonial ativa e a passiva. A restrita é também chamada de conceito econômico de
patrimônio. Para ela, patrimônio seria apenas o conjunto de bens econômicos. O dano
precisa ser certo e atual. Certo é o dano fundado em um fato preciso e não sobre
hipótese. Atual é o dano existente no momento da ação de responsabilidade.

22. O dano patrimonial pode ser dividido em dano emergente e lucro cessante. O
primeiro importa a efetiva diminuição do patrimônio da vítima em razão da conduta. É
o prejuízo causado nos “bens ou nos direitos já existentes na titularidade do lesado à
data da lesão”.

23. O lucro cessante é o reflexo futuro do ato ilícito no patrimônio da vítima.


Consiste na perda de um ganho esperável, ou seja, uma frustração de uma expectativa
concreta de ganho, diminuindo potencialmente o patrimônio da vítima. O art. 402, do
Código Civil, consagrou o princípio da razoabilidade, limite para a apuração.

24. Atualmente, fala-se muito na perda de oportunidade. É uma concepção que parte
da análise de casos concretos e abrange situações em que, por determinada conduta, o
agente priva outro de obter um ganho ou amenizar uma perda, ainda que este evento
futuro não constitua algo absolutamente certo e irrefutável. O causador do dano é
responsável não pelo prejuízo direto gerado à vítima, mas pelo fato de tê-la privado da
oportunidade de obtenção de um resultado útil ou evitado um prejuízo. Da mesma
forma que o lucro cessante, faz-se um juízo de probabilidade. É imprescindível,
portanto, que a oportunidade seja real e séria, com aplicação também do critério da
razoabilidade já exposto quando da análise do lucro cessante.

25. Uma das principais questões relacionadas à perda de oportunidade versa sobre a
sua natureza jurídica. Não há consenso se se trata de dano emergente, lucro cessante,
dano não patrimonial ou uma nova categoria avessa à dicotomia. O grande problema da
discussão está na imprecisão ao tratar do dano. Se se observar a distinção entre dano-
evento e dano-prejuízo, o problema é solucionado. A perda da chance é apenas um
estudo concreto de algumas situações específicas muito mais relacionadas ao dano-
evento. As conseqüências advindas dessa violação poderão ter a natureza patrimonial ou
não.

26. Atualmente não há dúvidas sobre a possibilidade de indenização por dano não
patrimonial. Se o direito à indenização por dano não patrimonial é inquestionável
atualmente, o mesmo não se pode dizer quanto ao conceito e amplitude do termo.
Grande parte da doutrina brasileira trata o dano não patrimonial como sinônimo do dano
moral, mas não concordam quanto ao conceito.

27. O dano não patrimonial é definido por exclusão, porque ele faz parte de uma
dicotomia. Não faz sentido defini-lo com base em outro critério que não seja o mesmo
utilizado para o seu contraposto dano patrimonial. Qualquer tentativa em contrário é um
equívoco. Ele faz parte de uma dicotomia. Assim, se ao conceituar o dano patrimonial,
resumidamente, fala-se em possibilidade de avaliação econômica do prejuízo, o dano
não patrimonial será aquele que não suscetível de avaliação.

28. Todavia, alguns autores tentam estabelecer um conceito baseado no direito ou


interesse violado. Se isso fosse tomado de forma absoluta, haveria um erro, porque
sendo um contraponto ao dano patrimonial é efeito da lesão ao direito e não a própria
lesão.

29. A única compatibilização possível, portanto, é tomar o dano não patrimonial


como gênero e o dano moral como espécie. O dano moral seria a conseqüência não
patrimonial decorrente da violação de direitos da personalidade. A utilidade de tal
conceito é que a prova do prejuízo não é dispensada, mas presumida. Nada impede
também que da violação do direito, advenham conseqüências patrimoniais. Contudo,
neste caso, a prova é imprescindível.

30. Superada a necessidade de indenização por dano não patrimonial, a constatação


de que o dano moral é apenas uma espécie desse dano, o conceito de dano moral como a
conseqüência não patrimonial correlata a uma violação de um direito da personalidade,
resta ainda saber como é fixada a indenização por dano não patrimonial.

31. A indenização na responsabilidade civil pode ter quatro funções: equivalência,


compensação, punição e valor de desestímulo. Somente as três últimas relacionam-se ao
dano não patrimonial.
32. O art. 944 (‘A indenização mede-se pela extensão do dano’), numa primeira
leitura, impede qualquer acréscimo na indenização. Acontece que somente a
indenização por dano patrimonial tem como finalidade a equivalência e pode ser
“medida” pela extensão do dano. O dano não patrimonial, pela sua própria natureza, não
tem esse limite. Não é possível quantificar a equivalência e a extensão do dano não
patrimonial. Logo, a indenização por essa modalidade de dano continua a ter como
função a compensação, a punição e o desestímulo.

33. O dano sempre foi a base da indenização tanto que o próprio art. 927 fala que o
dever de indenizar consiste na reparação do dano. Da mesma maneira, o Código de
1916 afirmava que quem causa dano a outrem fica obrigado a repará-lo. Daí a
desnecessidade do caput, do art. 944.

34. A única verdadeira inovação do art. 944 está no parágrafo único. Ela permite que
a indenização seja reduzida se houver “excessiva desproporção entre a gravidade da
culpa e o dano”. Nesse caso, só é permitida a redução, porque o parágrafo único é uma
exceção e tem que ser interpretado restritivamente. Cabe salientar também que o termo
culpa empregado no artigo é estrito, isto é, no caso de dolo não será possível a redução
da indenização. Acresce-se que mesmo na responsabilidade objetiva, que prescinde da
culpa para a sua caracterização, pode haver aplicação do dispositivo para reduzir o valor
indenizatório.

35. Não se respondeu ainda como se fixará a indenização em caso de


impossibilidade de tutela específica.

36. O Código Civil de 2002 determina a aplicação da lei processual civil, caso a
obrigação for indeterminada ou na lei ou contrato não tiver o modo como deverá ser
fixada, ou seja, liquidação por cálculo, arbitramento ou artigos.

37. Em relação a quem sofre a lesão, o dano-prejuízo pode ser individual e social. É
mais uma dicotomia basilar na análise das conseqüências lesivas representativas do
resultado da conduta.

38. As teorias clássicas a respeito do dano-prejuízo (teoria da diferença, objetiva e


subjetiva ou real-concreta) tratam do dano individual. Nada impede que o dano afete
mais de uma pessoa. O relevante é saber que o dano individual é o que permite uma
apuração particulariza em relação a quem sofre as conseqüências danosas, isto é,
possibilita a identificação singular dos prejuízos.
39. O dano social como nova categoria de dano-prejuízo surgiu com os estudos de
Antônio Junqueira de Azevedo. É mais uma espécie de dano-prejuízo que pode ser
coberta pela indenização.

40. O primeiro ponto levantado por Antônio Junqueira de Azevedo é o já comentado


art. 944, do Código Civil. Todavia, a limitação do artigo somente se aplica ao dano
patrimonial. Esse não pode ser o fundamento para o dano social.

41. A segunda constatação é a profunda insegurança por que passa o Brasil que leva
os cultores do direito, em todas as áreas, a refletir, sempre buscando resultados para se
evitar crimes, contravenções e ilícitos em geral, inclusive os de ordem civil. Não é
porque a função primordial do direito civil não seja aplicar penas como resposta ao
comportamento dos violadores da ordem jurídica que ela não possa ser aplicada para
situações específicas.

42. Da constatação de que a função punitiva é possível para o direito civil, verifica-
se que o agravamento da indenização traz consigo alguns problemas. Primeiro, a
punição somente seria possível nos casos de responsabilidade subjetiva, pois somente
nela levar-se-ia em conta o dolo e a culpa. Segundo, haveria um impedimento, de
acordo com Antônio Junqueira de Azevedo, por força do caput do art. 944.

43. O primeiro problema não é verdadeiro. Mesmo na responsabilidade objetiva, a


culpa e o dolo podem ser observados para a função punitiva e preventiva. A
responsabilidade objetiva não elimina a culpa e o dolo, elementos subjetivos da
conduta, apenas os dispensa para a indenização por equivalência ou compensatória.
Aliás, mesmo a função preventiva dispensa o dolo e a culpa.

44. Para Antonio Junqueira de Azevedo, o ponto central da discussão é o


impedimento gerado pelo art. 944 de se aplicar as funções de penalidade e de
desestímulo. Contudo, alguns acréscimos precisam ser feitos. Primeiro, o dano social
faz parte de uma nova dicotomia: danos individuais e danos sociais. O segundo
relaciona-se aos parâmetros para se fixar a dicotomia. O dano social diferencia-se do
individual em relação à pessoa que sofre a lesão, não quanto ao conteúdo ser
patrimonial ou não. Assim, um dano social pode ser patrimonial (no caso, por exemplo,
de uma lesão na bolsa de valores que gere perda de divisas da economia de um país)
como pode ser não patrimonial (no caso de uma conseqüência não patrimonial como é a
extinção de uma espécie) com as mesmas características já expostas só que agora a
análise partirá da teoria subjetiva pós-moderna.

45. O dano social pode ser patrimonial ou não patrimonial. Os fundamentos das duas
dicotomias (dano patrimonial e não patrimonial de um lado e individual e social de
outro) são diversos.

46. O terceiro aspecto a ser levantado é que o dano social é integrante do dano
prejuízo. Assim, não assiste razão aos que o identificam em relação à natureza da norma
protetora de interesses ou direito subjetivo lesado.

47. Resta ainda saber a quem incumbe a possibilidade de se pleitear a indenização,


quem poderá ser parte em um processo judicial. Nada impede que seja a vítima, atuando
como um múnus público.

48. Sobre este último tema, cabe ressaltar que o Anteprojeto de Código Processual
Coletivo prevê a legitimidade ampla para se pleitear conseqüências sociais, desde que o
agente tenha representatividade adequada (Adequacy of Representation) para estar em
juízo. Caso se sagrasse vencedor, teria um “prêmio” pelo trabalho apresentado em juízo.
O restante da indenização seria destinado a um fundo em decorrência do chamado fluid
recovery.

49. É recorrente a situação de um prejuízo causado a algumas pessoas que se reflete


em outras. Sustenta-se que os danos sofridos pelas últimas são danos “por ricochete”,
“reflexos” ou “indiretos”.

50. O dano reflexo é uma hipótese em que o dano-evento ocorre em determinada


pessoa e o dano-prejuízo recai sobre outra. Neste caso, não se trata de uma discussão
sobre o nexo de causalidade, pois tal liame liga a conduta ao resultado. Quando se fala
entre os momentos do dano, fala-se apenas do resultado. Não há uma relação de causa e
efeito. O que existe é uma ligação de correlação, o chamado nexo de correlação. O
dano-evento e o dano-prejuízo são correlatos porque estão baseados em uma mesma
conduta.
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