Malária

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Malária

Definição: É uma doença infecciosa febril aguda, causada


por protozoários do gênero Plasmodium transmitidos pela picada da
fêmea infectada do mosquito do gênero Anopheles.
Também é conhecida como impaludismo, paludismo,
febre palustre, febre intermitente, febre terçã benigna, febre terçã
maligna, além de nomes populares como maleita, sezão, tremedeira,
batedeira ou febre.
A doença pode ser causada pelas 4 principais espécies
de Plasmodium, inseridas a seguir, por ordem de letalidade:
1- Plasmodium falciparum – Responsável pela maioria
dos casos fatais;
2- Plasmodium vivax– A espécie mais frequente no
Brasil;
3- Plasmodium ovale – Não há relatos de casos
autóctones no Brasil;
4- Plasmodium malarie (malariae).

Morfologia:
É bastante variada, tendo em vista a grande diversidade
de formas evolutivas e de localidades que podem habitar, seja no
hospedeiro vertebrado seja no hospedeiro invertebrado:
a) Esporozoito: Forma inoculada para o mosquito,
infectante para o hospedeiro vertebrado.
b) Trofozoíto (jovem e maduro): Possuem o núcleo em
divisão, variando apenas quanto a quantidade de citoplasma.
c) Esquizonte: Possui o núcleo dividido, com o citoplasma
ainda espalhado.
d) Merócito ou Rosácea: Possui núcleos e citoplasma já
organizados.
e) Gametócito: É a forma infectante para o hospedeiro
invertebrado (definitivo).
f) Macro e microgametas: São as formas reprodutivas nos
mosquitos.
g) Oocineto: É o ovo ou zigoto, móvel, formado após a
reprodução sexuada.
h) Oocisto: Origina os esporozítos.

Observação: o Plasmodium possui a média de 1-2


micrómetros de diâmetro (enquanto as hemácias, cerca de 7
micrómetros).

Epidemiologia
No Brasil, a grande extensão geográfica da área
endêmica e as condições climáticas favorecem o desenvolvimento
dos transmissores e agentes causais da malária pelas espécies de
P. vivax, P. falciparum e P. malariae. Especialmente na Amazônia
Legal, a transmissão é instável e geralmente focal, alcançando picos
principalmente após o período chuvoso do ano. A partir das
informações sobre a ocorrência de malária em determinada área e
tempo, é possível, de acordo com o perfil epidemiológico de
transmissão, classificar a região em área hiperendêmica,
mesoendêmica ou hipoendêmica. Há ainda as áreas holoendêmicas,
onde a transmissão é perene e o grau de imunidade da população é
alto, permitindo a existência de portadores assintomáticos.
Não existindo mecanismos de prevenção completamente
eficientes (como a vacinação), qualquer pessoa torna-se sujeita a
contrair a malária, especialmente nas regiões endêmicas citadas
anteriormente, onde há grande concentração de vetores e de
pessoas infectadas.

Transmissão da doença:
O período de transmissibilidade natural da malária está
ligado à existência de portadores de gametócitos (reservatórios
humanos) e de vetores. Existem centenas de espécies de anofelinos
com potencial de transmitir a malária. No Brasil, cerca de cinco
espécies são importantes: Anopheles (N) darlingi, A. (N) aquasalis,
A. (N) albitarsis, A. (K) cruzi e A. (K) bellator. Costumeiramente,
esses insetos evoluem em águas limpas e sombreadas de remansos
de rios, córregos, igarapés, lagoas, represas, açudes, valetas de
irrigação, alagados e pântanos. Por sua vez, a subespécie Kertesia
se desenvolve em águas acumuladas pelas bromeliáceas,
conhecidas no Sul pelo nome de gravatás.
A malária pode também ser transmitida acidentalmente
por transfusão de sangue (sangue contaminado com plasmódio),
pelo compartilhamento de seringas (em usuários de drogas ilícitas) e
por acidente com agulhas e/ou lancetas contaminadas.
Ciclo biológico do parasito no mosquito
A reprodução sexuada (esporogônica) do parasito da
malária ocorre no estômago do mosquito, após a diferenciação dos
gametócitos em gametas e a sua fusão, com formação do ovo
(zigoto). Este se transforma em uma forma móvel (oocineto) que
migra até a parede do intestino médio do inseto, formando o oocisto,
no interior do qual se desenvolverão os esporozoítos. O tempo
requerido para que se complete o ciclo esporogônico nos insetos
varia com a espécie de Plasmodium e com a temperatura,
situando-se geralmente em torno de 10 a 12 dias. Os esporozoítos
produzidos nos oocistos são liberados na hemolinfa do inseto e
migram até as glândulas salivares, de onde são transferidos para o
sangue do hospedeiro humano durante o repasto sanguíneo.

Ciclo biológico do parasito no homem


O ciclo assexuado do plasmódio, denominado
esquizogônico, inicia-se após a picada do mosquito, com a
inoculação de esporozoítos infectantes no homem. Em seguida, os
esporozoítos circulam na corrente sanguínea durante alguns
minutos e rapidamente penetram nas células do fígado
(hepatócitos), dando início ao ciclo pré-eritrocítico ou esquizogonia
tecidual, que dura 6 dias para a espécie P. falciparum, 8 dias para a
P. vivax e 12 a 15 dias para a P. malariae.
Durante esta fase, o P. vivax e o P. ovale apresentam
desenvolvimento lento de alguns dos seus esporozoítos, formando
os hipnozoítos, formas latentes (dormentes) do parasito
responsáveis pelas recaídas da doença meses ou anos após. Ao
final do ciclo tecidual, os esquizontes rompem o hepatócito,
liberando milhares de elementos-filhos na corrente sanguínea,
chamados merozoítos. Ressalte-se que cada hepatócito rompido
libera cerca de 2.000 merozoítos quando a infecção é devida ao P.
malariae; 10.000, quando devida ao P. vivax e 40.000, quando
devida ao P. falciparum. Os merozoítos irão invadir as hemácias,
dando início ao segundo ciclo de reprodução assexuada dos
plasmódios: o ciclo sanguíneo ou eritrocítico. O P. malariae só
invade hemácias velhas (0,1% do total), o P. vivax invade
preferencialmente as hemácias jovens e o P. falciparum, hemácias
em qualquer fase evolutiva. Durante um período que varia de 48 a
72 horas, o parasito se desenvolve no interior da hemácia até
provocar a sua ruptura, liberando novos merozoítos que irão invadir
novas hemácias. A ruptura e consequente liberação de parasitos no
sangue, traduz-se clinicamente pelo início do paroxismo malárico,
que se repetirá com o término do novo ciclo (em dois dias, quando a
infecção for devida ao P. falciparum ou P. vivax e em três dias,
quando devida ao P. malariae).
Inicialmente, no ciclo sanguíneo, o parasito sofre uma
série de transformações morfológicas – sem divisão celular – até
chegar à fase de esquizonte, quando se divide e origina novos
merozoítos que serão lançados na corrente sanguínea depois da
ruptura do eritrócito. Após um período de replicação assexuada,
alguns merozoítos se diferenciam em gametócitos machos e
fêmeas, que amadurecem sem divisão celular e tornam-se
infectantes aos mosquitos. A função desses gametócitos é
reprodutiva, ou seja, garante a perpetuação da espécie. Eles podem
ser de dois tipos, diferenciados microscopicamente nos esfregaços
sanguíneos: os microgametócitos (masculinos) e os
macrogametócitos (femininos).

Transmissão:
A malária é transmitida de forma natural através da picada
da fêmea do mosquito do gênero Anopheles infectada por uma ou
mais espécies de protozoário do gênero Plasmodium. Estes
mosquitos são mais abundantes ao entardecer e ao amanhecer.
Os locais preferenciais escolhidos pelos mosquitos
transmissores da malária para colocar seus ovos (criadouros) são
coleções de água limpa, sombreada e de baixo fluxo, muito
frequentes na Amazônia Brasileira. O ciclo se inicia quando o
mosquito pica um indivíduo com malária sugando o sangue com
parasitos (plasmódios). No mosquito, os plasmódios se
desenvolvem e se multiplicam. O ciclo se completa quando estes
mosquitos infectados picam um novo indivíduo, infectando a pessoa
com os parasitos.
Desta forma, o ciclo de transmissão envolve: o plasmódio
(parasito), o anofelino (mosquito vetor) e humanos.
O período de incubação, ou seja, o intervalo entre a
aquisição do parasito pela picada da fêmea do mosquito até o
surgimento dos primeiros sintomas, varia de acordo com a espécie
de plasmódio. Para Plamodium falciparum, mínimo de 7 dias; P.
vivax, de 10 a 30 dias e P. malariae, 18 a 30 dias. Não há
transmissão direta da doença de pessoa a pessoa. Outras formas de
transmissão também podem ocorrer em casos mais raros por:
transfusão sanguínea, uso de seringas contaminadas, acidentes de
laboratório e transmissão congênita.
Sintomas comuns da doença:
febre alta;
calafrios;
tremores;
sudorese;
prostração;
alteração da consciência;
dispneia ou hiperventilação;
convulsões;
hipotensão arterial ou choque;
hemorragias;

O diagnóstico correto da infecção malárica só é possível


pela demonstração do parasito, ou de antígenos relacionados, no
sangue periférico do paciente, pelos seguintes métodos diagnósticos
especificados:
1- Gota espessa: diagnóstico laboratorial rotineiro da
doença, realizado por meio da microscopia óptica com a introdução
de corantes biológicos que permitem a identificação da espécie,
estádio de desenvolvimento, viabilidade e quantificação dos
parasitos.
2- Esfregaço delgado.
3- Testes de diagnóstico rápido (TDRs).
4- Técnicas moleculares.
5- Diagnóstico diferencial da malária.
6- Notificação.
7- Centros para diagnóstico e tratamento.

Tratamento
Após a confirmação da malária, o paciente recebe o
tratamento em regime ambulatorial, com comprimidos que são
fornecidos gratuitamente em unidades do Sistema Único de Saúde
(SUS). Somente os casos graves deverão ser hospitalizados de
imediato. O tratamento indicado depende de alguns fatores, como a
espécie do protozoário infectante; a idade e o peso do paciente;
condições associadas, tais como gravidez e outros problemas de
saúde; além da gravidade da doença.
Importante: Quando realizado de maneira correta e em
tempo oportuno, o tratamento garante a cura da doença.
O diagnóstico oportuno seguido, imediatamente, de
tratamento correto são os meios mais efetivos para interromper a
cadeia de transmissão e reduzir a gravidade e a letalidade por
malária. O tratamento da malária visa atingir ao parasito em
pontos-chave de seu ciclo evolutivo, que podem ser didaticamente
resumidos em:
1) interrupção da esquizogonia sanguínea, responsável
pela patogenia e manifestações clínicas da infecção;
2) destruição de formas latentes do parasito no ciclo
tecidual (hipnozoítos) das espécies P. vivax e P. ovale, evitando
assim as recaídas;
3) interrupção da transmissão do parasito, pelo uso de
medicamentos que impedem o desenvolvimento de formas
sexuadas dos parasitos (gametócitos).

Não existe ainda vacina contra a doença no Brasil.


Porém, estudos estão sendo realizados para que uma vacina possa
ser desenvolvida, inclusive com a participação de grupos de
pesquisa da Fiocruz.

Métodos de prevenção:
(Individual):
Uso de mosquiteiros;
Roupas que protejam pernas e braços;
Telas em portas e janelas;
Uso de repelentes.
(Coletiva):
Borrifação residual intradomiciliar;
Uso de mosquiteiros impregnados com inseticida de longa
duração;
Drenagem e aterro de criadouros;
Pequenas obras de saneamento para eliminação de
criadouros do vetor;
Limpeza das margens dos criadouros;
Modificação do fluxo da água;
Controle da vegetação aquática;
Melhoramento da moradia e das condições de trabalho;
Uso racional da terra.

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