domingo, outubro 31, 2004

Introdução à nobre arte de acordar os outros

Deu-se o caso de Maria Cachucha acordar hoje às 5 da manhã. Ora, como muita gente saberá, acordar cedo é, para Cachucha, sócia honorária do Clube dos Dormidores Profissionais por serviços prestados e ultrapassagem do recorde de 32h47 de dormidura seguida (Cachucha fixa o seu recorde pessoal em 33h54), um enorme tormento, causador de rabugice que durará todo o santo dia.

Acordada às 5 da matina, Cachucha dispõe-se a dar uma vista de olhos pelo "Nome da Rosa", de Umberto Eco, que tão simploriamente se dedica a ler neste momento. Uma hora volvida, já estava farta de ver os frades a ser mortos e de ler descrições da mulher, "o diabo encarnado", e coisa e tal, puta-que-pariu. Vai então de acordar o ser que dorme no quarto ao lado, que dizem ser meu irmão.

Há que começar com leveza - Liga-se a aparelhagem, acidentalmente, no máximo e começa a ouvir-se, vindos do quarto ao lado, urros de dor: "Caralho, desliga essa merda! Foda-se lá prá gaja!". Estalou a guerra. Segue-se um subtil "Oh moço, é domingo, são 6h30 da manhã, hoje é dia de missa!". Não me interessa nada o facto de o rapazinho ter ido à missa umas 4 vezitas nos 13 anos de vida que são a dele. Domingo é dia de missa, há que fazer notar isso num tom de voz que seria audível até num concerto do Marilyn Manson. Entretanto, e para júbilo desta que s'assina, começa a chover. É chegada a altura de proclamar "André-é! 'Tá a chover, veste o casaco!". Neste momento, há que parar por momentos, para o rapaz poder adormecer novamente. Cinco minutos depois, arranca o "Toca o sino na igrejinha e os meninos vão acordar...", alto e bom som, a voz melodiosa de Cachucha a soar por cima dos trovões e o moço "Caralho, foda-se! Vou dizer à mãe!". A mãe não está em casa, jovem, estás sob o meu comando, a dor será imensa. AHAHAHAHAHAHAHAH-AH!

Entretanto, comecei a ter pena do moço e decidi que o ia deixar dormir. Claro que não sem antes o deixar ficar num estado de torpor, chegar à beira dele e sussurrar ao ouvido "Estás a dormir, mano?", "Agora já não...", "E 'tás à espera de quê, caralho? É domingo, podes dormir até ao meio-dia!".

A vida é bela. Vou ver a Sic Comédia.

Sou quem sabeis, Maria Cachucha.

terça-feira, outubro 26, 2004

Composição: O Inverno

O Inverno vem antes da Primavera e chega depois do Outono. Ficando à frente de um gajo, deduz-se que é paneleiro. Ficando atrás de uma gaja, deduz-se que não é paneleiro, por isso o Inverno é uma estação confusa.

O Inverno tem frio por causa da camada do ozono e do aquecimento global e da saída do Marcelo da TVI. O Inverno em Portugal é menos frio que noutros países porque Portugal é um páis atrasado, se fôssemos muito adiantados até tínhamos direito a neve. Sendo a neve um sinal de desenvolvimento e só havendo neve na Serra da Estrela, a Serra da Estrela é o sítio mais desenvolvido de Portugal. É por causa das cabras e do queijo. Ah, e da neve também. Assim sendo, devíamos substituir a capital do país. Em vez de Lisboa, Seia. Em vez da Torre de Belém, a Torre da Serra da Estrela. Em vez do Santana, o senhor Manuel, pastor de cabras. Bem vistas as coisas, só há vantagens em Seia ser capital de Portugal. Só lhe falta estar à beira-mar, por causa lá daquilo da "ocidental praia lusitana", mas isso arranja-se, escava-se a costa até à beira de Seia.

Outra coisa do Inverno é a chuva. A chuva é uma forma de neve paneleira, por isso não interessa. Regra de quatro complicada: chuva está para Castelo Branco assim como neve está para Frota.

Ainda no Inverno, temos o Natal. O Natal é fixe, há prendas e há aqueles gajos do Bloco de Esquerda a dizer "Abaixo o Capitalismo!". Entretanto, ouve-se o telemóvel a mugir e eles param de tirar fotografias com as máquinas digitais com definição três mil milhões de megapixels para atender a mãe que lhes diz para ir para casa porque à noite vão jantar a casa da tia Mimi e eles ainda têm de vestir a camisa e calçar os sapatos de vela. Gosto do pessoal do Bloco de Esquerda. Acima de tudo, são gajos coerentes. Mas o Natal ainda é mais fixe, porque há muita cristandade no ar, por isso, deixa de haver gunas e fugas ao fisco e até os árbitros deixam de favorecer as outras equipas, só roubam para o Porto, porque nós temos uma equipa com gajos mais feios e líderes de claque (cheerleaders, em inglês) chamados "Macaco". E isso diz muita coisa.

É por isso que eu gosto muito do Inverno.

Sou quem sabeis, Maria Cachucha.

sábado, outubro 23, 2004

Cabrão do velho...

Ia começar a escrever sobre as coisas que mudam o Mundo e paneleirices afins. Mas depois pensei que nesta casa o que menos se faz é ligar a essas coisas. A clientela não vem cá à procura de longas dissertações acerca do estado da economia portuguesa e eu não tenho jeito para falar disso. E, provavelmente, também não ia ter capacidade, o mais provável era cair em cima do teclado.

Por isso, vou falar de coisas que realmente interessam. Como o assédio nos autocarros. Vou aqui expor um caso verídico e espero que alguém na TVI tome conhecimento disto e dê a devida atenção à questão. De preferência, abram uma Conta de Apoio à Vítima de Assédio no Autocarro, com tratamentos a ser ministrados nas Honduras.

Maria Cachucha* encontrava-se há dias no autocarro 78 com vista a rumar para a faculdade onde lhe iria ser leccionada mais uma profundamente aborrecida aula de não-sei-o-quê. Autocarro cheio de gente, Cachucha estava em pé entre dois velhotes, descansadinha da vida. Eis senão quando (belíssima expressão, esta) sente qualquer coisa a subir-lhe pela perna acima. "Ui, mas o que é isto?", pergunta-se Cachucha, na incredulidade inerente à sua característica pureza. Caga no assunto, às vezes nos autocarros acontecem mui estranha e variadas coisas, mas põe-se à coca. Dois minutos depois, sente de novo qualquer coisa a subir-lhe perna acima e, para seu espanto, verifica que é a mão de um dos velhos que a rodeavam. Cachucha pega na mochila, dá um encosto no velho e baza do autocarro, com o sangue a ferver-lhe nas veias, caralho lá pó cabrão do velho, havia de vir um tubarão paneleiro, era o que havia de vir.

Cachucha é, desde essa altura, uma rapariga traumatizada que sempre que está a conduzir e vê um velho a atravessar a passadeira tem uma vontade enorme de o atropelar. Acha que, a partir dos 35 anos, os homens deviam ser todos metidos em prisões onde fossem alimentados a pão e água até ao fim das suas vidas. Só se deixavam aqueles cotas jeitosos. E os trolhas, que a gente não tem jeito para acartar cimento. E os mecânicos, que o mulherio não sabe mudar pneus. Mas, mesmo esses, cosiam-se-lhes os lábios, e era para 'tarem quietinhos e ai de quem tocasse nas gajas. De resto, choldra com eles todos, chicoteados de manhã e à noite e quem resmungasse era punido com trabalhos forçados. Como ver a Teresa Guilherme a apresentar o "1,2,3", logo seguida do José Figueiras e da Não-sei-quantas no "Às duas por três". Para finalizar, Fátima Lopes com "Perdoa-me". E relatórios obrigatórios de todos os concorrentes que participassem em cada um dos programas e dos convidados e das músicas que tivessem cantado. Piava tudo baixinho, se eu mandasse neste país!

*nome fictício

Sou quem sabeis, Maria Cachucha.

terça-feira, outubro 05, 2004

No intuito de aparvalhar ainda mais o blog, Maria Cachucha inclui duas novidades: a bela da pollzinha e o belo do medidor de estado de espírito.

A pollzinha dá voz ao público leitor do Pruque Sim, não porque o opinião do público leitor interesse, mas para que o público leitor veja que Maria Cachucha sabe fazer uns truques de nível sensacional, bem como inventar umas respostas com piada.

O medidor de estados de espírito tem a única utilidade de ser altamente fashion e de dar a conhecer ao Mundo como Cachuha se sente todos os dias. Também é muito útil por as suas cores feiosas não combinarem minimamente com a cor do template (no qual sobressaem as cores favoritas de Cachucha: os vários tons de azul), tornando este blog estupidamente kitsch - uma palavra freak, alternativa, bem ao gosto da autora do blog.

Por estes pequenos acrescentos se vê qu este é um blog muitíssimo altruísta, onde a autora põe o bem-estar do público acima do seu.

Sou quem sabeis, Maria Cachucha.

segunda-feira, outubro 04, 2004

Título que era para ser cor-de-rosa, mas os senhores do Blogger não me deixam pôr cores no título

Começou ontem a Quinta das Celebridades. Como qualquer família que se preze, a minha, depois do Dr. Marcelo Ensina Muita Coisa a Portugal Continental e Ilhas, pespegou-se à frente da televisão para ver o dito programa. Eu, como convém, por alturas do intervalo-pré-Quinta-das-Celebridades já estava a ressonar como Deus manda, recostadinha so sofá da sala. Acho que tenho mais genes da minha avó do que se pensa, não é normal uma gaja da 18 anos às 21h30 estar a dormir no sofá da sala, que se lixe.

Quando acordei, lá para as 23h30, estava outra vez no intervalo - aqui se vê uma de duas coisas: ou eu tenho um relógio biológico maravilhoso que me acorda sempre nos intervalos da TVI, ou a TVI tem uns intervalos grandes como o caraças. Como não me apetecia deixar de dormir para ver o José Castelo Branco - sou muito susceptível e posso ter pesadelos, fui para a cama. Dois nanossegundos depois de cair na cama, adormeço, o que é bem saudável e mostra bem como eu sou uma gaja que tem pouco amor à sua vida acordada.

Acordei esta manhã com a minha mãe e o meu irmão a falar da Quinta das Celebridades. Seringada por esta confabulação, levanto-me, tomo banho, certifico-me que tenho a bochecha esquerda inchada como um balão graças aos mosquitos matadores que passeiam no meu quarto e bazo para a faculdade. Chego à faculdade, vejo que não havia aulas. Volto para casa com um CD de "música de pretos", como lhe chama a minha mãe, a tocar a alturas absolutamente invejáveis - vénia ao Homem-Águia por em ter equipado o carro com um sisterma de som bem bom, vivam os empréstimos automóveis.

Chego a casa, sou seringada outra vez pelo meu irmao com a Quinta das Celebridades, certifico-me que continuo com a bochecha esquerda inchada e venho para a frente do PC.

Está a ser uma manhã agradável. Preciso absolutamente de um cigarro.

Sou quem sabeis, Maria Cachucha.

sexta-feira, outubro 01, 2004

"I had a dream last night..."

- Não, Cachucha, por favor!
- Sua cabra, declinações, não é? Rosa, rosae e não sei quê, não é? Pois, olha... Temos pena.

Sou quem sabeis, Maria Cachucha.